Jornal da Arquidiocese de Florianópolis Março de 2014

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Major fala do trabalho que a Polícia Militar desenvolve com os desaparecidos

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Florianópolis, Março de 2014 Nº 188 - Ano XVIII

Tráfico Humano é o tema da CF A Campanha da Fraternidade de 2014 busca refletir, conscientizar e denunciar situações que envolvem o tráfico humano Celebração Eucarística realizada na noite do dia 05 de março, na Catedral, marcou a abertura da Campanha da Faternidade, que este ano reflete sobre o Tráfico Humano. Na missa, foi realizada a imposição das cinzas aos fiéis. Presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, em sua homilia ele falou das situações que envolvem o tráfico humano. Também levantou pro-

postas de ações para combater o problema. No mesmo dia, pela manhã, Dom Wilson recebeu a imprensa para uma entrevista coletiva. Conheça duas instituições que realizam trabalho com as famílias e amigos dos desaparecidos, e que também se envolvem na Campanha da Fraternidade. PÁGINA 03

Tema do Mês Celebração Eucarística realizada na Catedral, com a imposição das cinzas, marcou o lançamento da CF-2014

Congregação inicia trabalho na Arquidiocese Nove irmãs começam a realizar atendimento a pessoas em vulnerabilidade social As Irmãs da Fraternidade “O Caminho” estão em Florianópolis há cinco meses. Elas estão em fase de conhecer a realidade, mas já iniciaram a visitação aos presos. O trabalho iniciou em São Pau-

lo há apenas 12 anos, e já conta com 59 casas em 15 estados do Brasil e outros três países. Florianópolis é a primeira dio-cese do Estado a recebê-las.

Catedral celebra o dia de N.Sra. do Desterro

51 vocacionados nos nossos quatro seminários

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Participe do Jornal da Arquidiocese

TRÁFICO HUMANO As pessoas traficadas são tratadas como meros objetos, com os quais os traficantes pretendem obter lucro. Nas mãos dos criminosos, os traficados tornam-se coisa, mercadoria. É um crime entre os mais lucrativos, junto com o tráfico de drogas e de armas. O tráfico de pessoas é feito com diversos objetivos. Os mais comuns são: trabalho escravo, exploração sexual, remoção de órgãos e adoção

de crianças. Numa sociedade em que se endeusa o dinheiro, a promessa de enriquecimento fácil é o primeiro argumento usado pelos aliciadores. A ilusão das vítimas, no entanto, não justifica a perversidade dos criminosos. Convertidos a Cristo, a verdade que liberta (Jo 8,32), não podemos calar diante desse crime. PÁGINA 04

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Florianópolis recebe exposição do Santo Sudário PÁGINA 08

Artigo reflete sobre a Copa do Mundo PÁGINA 12

Apóstolo do Brasil, José Anchieta, será canonizado PÁGINA 15

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Opinião

Março 2014

Palavra do Bispo Tráfico humano é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. É um daqueles temas que não podem ser ignorados, e que certamente nos dizem respeito. É uma chaga, presente em nossa sociedade. A Igreja nos convida a enfrentar este problema com atitude evangélica. O tráfico de pessoas consiste no seu uso como mercadoria, só para se conseguir lucro fácil. Transformase o ser humano num bem de consumo. A dignidade humana não é respeitada quando as condições de trabalho equiparam-se à escravidão, quando se usa o ser humano para comercializar os seus órgãos, quando se aliciam mulheres para a prostituição, quando se pratica a venda de crianças e adolescentes. Não há muitos dados estatísticos, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o tráfico humano produza uma renda aproximada de 32 bilhões de dólares por ano. Isto coloca-o entre os crimes organizados mais rentáveis, ao lado do tráfico de drogas e de armas. Segundo a Organização Internacional

Dom Wilson TTadeu adeu Jönck

Palavra do Papa

Francisco

os que não apresentam condições dignas. Nem sempre são respeitados os direitos do trabalhador. Também na área rural, recrutam-se trabalhadores sem assinar carteira de trabalho, não se oferecem alojamentos adequados, não se leva em conta a higiene, as condições de saúde e a segurança no trabalho. Também o recrutamento de mulheres para a prostituição é prática infelizmente disseminada. Há ainda um grande número de jovens que são envolvidos no tráfico de drogas. É assustador o número de pessoas desaparecidas, para indizível tristeza e angústia de suas famílias. O que fazer? Em primeiro lugar, tomar consciência de que este problema existe e que pode estar acontecendo bem perto de nós. O passo seguinte é não conformar-se com esta situação. É possível promover momentos de estudo e reflexão sobre os direitos do trabalhador. Outra atividade é a divulgação do as-

Opinião

Confiança na Providência No centro da liturgia deste domingo, encontramos uma das verdades mais reconfortantes: a Divina Providência. O profeta Isaías a apresenta com a imagem do amor materno cheio de ternura: “Por acaso pode a mãe esquecer-se do seu filho? Ainda que ela se esquecesse, eu de ti não me esquecerei” (49,15). Como isto é belo! Deus não se esquece de nós! De nenhum de nós! De nenhum de nós! Com nome e sobrenome. Ele nos ama e não se esquece. Que lindo pensamento! Este convite à confiança em Deus encontra um paralelo na página do Evangelho de Mateus: “Olhai as aves do céu”, diz Jesus. “Elas não semeiam, nem colhem, nem armazenam em celeiros; e o vosso Pai celestial as alimenta...” (Mt 6,26). Pensando em tanta gente que vive em condições de precariedade, ou mesmo na miséria que ofende a sua dignidade, estas palavras de Jesus poderiam parecer abstratas, quando não ilusórias. Mas, na realidade, elas são mais atuais do que nunca! Elas nos lembram que não podemos servir a dois senhores: Deus e o Dinheiro. Enquanto cada um procurar acumular para si, jamais haverá justiça. Temos que ouvir bem isto: enquanto cada um procurar acumular para si, jamais haverá justiça. Mas se, confiando

Arcebispo de Florianópolis

CF-2014 - TRÁFICO HUMANO do Trabalho (OIT), em 2012, o número de vítimas do trabalho forçado e da exploração sexual chegou a 20,9 milhões de pessoas. O recrutamento das vítimas costuma seguir um rito em que alguns passos se repetem. Primeiro se aproveita da situação de vulnerabilidade econômica e social. Muitas vezes isto acontece quando as pessoas migram. Alguém com grande poder de convencimento promete que elas poderão superar a situação de pobreza através de um trabalho rentável. Em seguida são levadas para um lugar distante. Os documentos pessoais são retidos, as condições de trabalho são humilhantes e tornam impossível o retorno para o lugar de onde partiram. No início há sempre uma ilusão de liberdade e um sonho de vida melhor. Também em Santa Catarina são encontrados esses problemas. Existem vários trabalhos temporári-

na providência de Deus, procurarmos juntos o seu Reino, então ninguém ficará sem o necessário para viver dignamente [...]. O caminho que Jesus indica pode parecer pouco realista diante da mentalidade comum e dos problemas da crise econômica. Mas, se pensarmos bem, é ele que nos leva à escala justa de valores. Ele diz: “Não vale mais a vida do que o alimento e o corpo mais do que as vestes?” (Mt 6, 25). Para que ninguém fique sem pão, sem água, sem vestes, sem casa, sem trabalho, sem saúde, é necessário que todos nos reconheçamos filhos do Pai que está no céu e, portanto, irmãos entre nós, e nos comportemos em coerência. Eu recordei, na Mensagem da Paz do dia 1º de janeiro: o caminho para a paz é a fraternidade. Caminhar juntos, compartilhar as coisas. À luz da Palavra deste domingo, invoquemos Maria como Mãe da Divina Providência. A ela confiemos a nossa existência, o caminho da Igreja e da humanidade. E todos nos esforcemos para viver com um estilo simples e sóbrio, com o olhar atento às necessidades dos irmãos mais necessitados.

Creio que o meu primeiro papel é viver intensamente o signi-

O que fazer? Tomar consciência de que este problema existe e que pode estar acontecendo bem perto de nós. Não conformar-se com esta situação”.

Priscila Lopes, Paróquia São João Evangelista, Biguaçu

ficado do Batismo que recebi na Igreja Católica. Por ele somos chamados a ser Profetas, Sacerdotes e Reis. Profetas para anunciar a mensagem que liberta e salva. Sacerdotes para trazer a bênção de Deus ao coração das pessoas que são oprimidas e violadas; e Reis, para apontar direção e organizar a sociedade segundo a vontade de Deus.”

É preciso conhecer e ter consciência da triste realidade sobre o tráfico humano entre nós. Particularmente quanto à exploração sexual, a extração de órgãos e o tráfico de crianças e adolescentes. Como cristã, quero ser voz profética nesta situação grave de atentado à dignidade e à vida do ser humano. Nós cremos no Deus da vida, no Deus que nos libertou de toda forma de escravidão. Ele nos resgatou da escravidão para sermos livres e para termos vida em abundância. Katya Souza Souza, Paróquia São José, em São José

Romeu Gomes Mendes Mendes, Paróquia Santo Antônio, Campinas, São José

Caso queira compartilhar conosco algo que deseje ser refletido nesse espaço, envie sua sugestão para jornal@ar q uifln.org.br uipe. jornal@arq uifln.org.br.. As sugestões serão analisadas pela eq equipe.

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sunto e colocá-lo em pauta em todos os espaços possíveis. Além disso, é preciso desenvolver atitude de acolhimento e cuidado com essas vítimas, uma vez identificadas. Somos convidados a ser uma presença que consola, mas devemos poder apresentar condições para superar uma possível situação desumana. É desejável que se apóiem políticas públicas e iniciativas em favor da dignidade humana. Em nossa Arquidiocese temos bom número de migrantes, gente que vem para cá tentar uma vida melhor. Podemos acolhê-los e acompanhá-los quando chegam em nossa comunidade. Podemos tornar mais leves seus primeiros dias entre nós. Merecem uma atenção especial os haitianos e, agora, até os sírios, chegando em nossas cidades. O tráfico humano, apresentado pela CF-14, é mais um daqueles assuntos que desafiam a nossa fé. É uma realidade que pode ser mudada, com a participação e o envolvimento de todos. É tempo de fraternidade.

Como cristão/ã, qual o seu papel diante do apelo da CF-2014?

Este ano, a Campanha da Fraternidade nos lembra o dom fundamental de Jesus: “Ele nos chamou para a liberdade”. Vejo que nosso papel, enquanto cristãos, é ser profetas e denunciar toda forma de dominação e exploração. Devemos valorizar e ter como prioridade a dignidade e os direitos de cada ser humano, seja ele mulher, homem, jovem, criança, idoso, criminoso, migrante, refugiado, como fez Jesus.

Roma, 02 de março - Angelus

Jornal da Arquidiocese

Dire orial: Dom Wilson Tadeu Jönck, Pe. Leandro Rech, Dirett or: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Edit Editorial: Pe. Revelino Seidler, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Leda Cassol Vendrúscolo, Maria Antônia Carsten, Maria Glória da Silva Luz, Carlos Martendal, João Augusto de Farias Jornalista R esponsáv el: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - (48) 8405-6578 - Coor Responsáv esponsável: Coor.. de Publicidade: Pe. Pedro José Koehler - Revisão: Pe. Ney Brasil Pereira - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão: Diário Catarinense


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Tráfico Humano é o tema da CF-2014 Celebração Eucarística e coletiva para a imprensa marcou a abertura do evento na Arquidiocese grantes, que muitas vezes são aliciados para trabalhos rentáveis, são levados para locais distantes, explorados em serviços temporários, os documentos pessoais são retidos, as condições de trabalho são humilhantes e tornam impossível o retorno para o lugar de onde partiram. “São situações bem próximas de nós. Merecem uma atenção especial os haitianos e, agora, até os sírios, chegando em nossas cidades”, acrescentou. A Campanha tem como objetivo geral identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-las como violação da dignidade e da liberdade humanas, mobilizando cristãos e pessoas de boa vontade para erradicar este mal com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus.

Imprensa

No mesmo dia, às 10h, Dom Wilson concedeu entrevista coletiva à imprensa no auditório da Cúria Metropolitana. Também concedeu entrevista ao vivo e por tele-

Foto JA

“Fraternidade e Tráfico Humano” é o tema da Campanha da Fraternidade de 2014, que tem como lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1). Para marcar o lançamento do evento na Arquidiocese, nosso arcebispo Dom Wilson TTadeu adeu Jönck realizou no dia 05 de março, às 18h15min, uma Celebração Eucarística na Catedral de Florianópolis. Durante a solenidade, houve o inicio da quaresma, a imposição das cinzas e também o lançamento da CF. Em sua homilia, Dom Wilson falou sobre as situações que envolvem o tráfico humano. Lembrou que está entre os crimes organizados mais rentáveis do mundo. Também sugeriu formas de combatermos as situações que envolvem a CF-2014. “Em primeiro lugar, tomar consciência de que o problema existe e está próximo de nós. Outra atividade é a divulgação do assunto e colocá-lo em pauta em todos os espaços possíveis”, informou. Dom Wilson lembrou os mi-

Dom Wilson concedeu entrevista à imprensa pelo lançamento da CF fone para programas de TV, Rádio e jornais. Durante a entrevista coletiva, Dom Wilson apresentou dados estatísticos da CF-2014 e falou das ações que serão realizadas na Arquidiocese para que a Campanha seja divulgada. Uma delas é o livreto dos Grupos Bíblicos em Família, que na Quaresma e Páscoa reflete sobre o tema.

Associação mobiliza famílias de desaparecidos Foto JA

“Grupo de Apoio aos Familiares dos Desaparecidos – GAFAD”, esse é o nome da entidade criada recentemente para prestar apoio, acolher e encaminhar os familiares e amigos dos desaparecidos. É o primeiro grupo organizado no Estado para realizar esse tipo de serviço. O Grupo ainda está em processo de formação. Trabalham agora na definição do estatuto. Os membros se reúnem todas as terças-feiras em uma sala cedida pelo INCON – Instituto Comunitário da Grande-Florianópolis, mas ocupou um espaço na Catedral por mais de um ano. “Paramos de utilizá-lo porque o acesso ao local era por meio de escadas, e muitos

Familiares dos desaparecidos participam de programa de TV às terças-feiras dos nossos membros são idosos e tinham dificuldades de chegar”, disse Elenilda Alves da Silva Silva.

Informações pelo fone (48) 9845-4555 ou pelo e-mail gafad@ gmail.com gmail.com, Gafad no Facebook.

Sessão Especial

Uma sessão especial na Assembleia Legislativa - ALESC ALESC, em Florianópolis, no dia 17 de março, segunda-feira, às 19h, celebrará a CF-2014. O evento é uma parceria da equipe de coordenação da CF com a ALESC. Será realizada no Plenário da Assembleia e todos são convidados a participar.

Curso à distância sobre a CF 2014 O Curso à distância sobre a CF-2014 está com inscrições abertas para novas turmas. O curso é uma novidade e conta com a supervisão da equipe executiva da CF da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Os participantes terão acesso às informações das práticas de tráfico humano em suas várias formas, bem como reflexão bíblico-teológica, indicações sobre o enfrentamento, e canais de denúncia de situações de tráfico. O objetivo do curso é oferecer uma nova modalidade de capacitação sobre os conteúdos da Campanha e, assim, contribuir com a formação que ocorre nos regionais e em várias dioceses do Brasil. As inscrições podem ser feitas pelo site: www.solar consultoria.com consultoria.com; Informações pelo fone (61) 3364-2097.

Programa da Polícia busca encontrar desaparecidos No Brasil são mais de 200 mil pessoas desaparecidas anualmente. Dessas, 40 mil são crianças e adolescentes. Em Santa Catarina, temos aproximadamente três mil registros de desaparecidos. Preocupada com essa situação, a Polícia Militar lançou em 24 de outubro de 2013 o Programa S.O.S Desaparecidos parecidos. É um trabalho realizado por apenas três obstinados policiais que focam seu trabalho em missões de atendimento e resposta ao desaparecimento, priorizando as crianças e adolescentes. Os resultados já apareceram. Nesses pouco mais de ano e qua-

tro meses de atuação, foram 98 pessoas encontradas e mais de 2,6 mil solicitações de auxílio foram atendidas pelos policiais. “Neste nosso trabalho, contamos com o auxílio de voluntários, mas precisamos de mais gente que possa nos ajudar”, convida Major Marcus Roberto Claudino Claudino, coordenador do programa. Mais informações sobre o trabalho, pelo fone (48) 3229-6375, ou .pm.sc.go pelo site www www.pm.sc.go .pm.sc.govv.br/desaparecidos saparecidos, ou pelo Facebook sosdesaparecidospmfsc sosdesaparecidospmfsc; ou ainda pelo e-mail desaparecidos@ pmf.sc.go pmf.sc.govv.br .br..


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Tema do Mês

TRÁFICO HUMANO Nas vítimas do tráfico humano somos interpelados a ver o rosto atual de Cristo sofredor Divulgação/JA

O crime do tráfico humano atenta contra a humanidade e é um desafio à civilização do novo milênio. A Igreja dá sua contribuição para erradicar esse mal, trazendoo à tela de nosso conhecimento, analisando-o à luz da fé cristã e apontando pistas de ação. O papa Francisco tem-se manifestado diversas vezes sobre o assunto. Em maio passado, falando ao Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, denunciou “a praga do tráfico de seres humanos”, uma “atividade desprezível, uma vergonha para sociedades que se dizem civilizadas”, que admitem e fomentam “formas modernas de perseguição, opressão e escravatura”. Voltando ao assunto no início deste ano, no discurso ao corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé, denunciou a utilização de crianças “como soldados, estupradas ou mortas nos conflitos armados, ou então feitas objeto de mercado naquela tremenda forma de escravidão moderna que é o tráfico dos seres humanos, que é um crime contra a humanidade”. A Campanha da Fraternidade deste ano escolheu o tema do tráfico humano porque é uma prática criminosa que clama por uma resposta não só da razão humana, mas também da fé cristã. Se cremos que cada ser humano é criado à imagem de Deus, foi redimido na morte de Cristo e será ressuscitado na força do Espírito Santo, não podemos, como cristãos, calar diante desse crime.

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curso programático, na sinagoga de Nazaré, citando o profeta Isaías, ele diz que veio anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos presos, trazer a visão aos cegos, dar liberdade aos oprimidos. Seus gestos de compaixão e misericórdia em favor dos pobres e pecadores, mulheres e crianças, doentes e estrangeiros, foram percebidos como sinais de liberdade. Seu Evangelho é boa notícia que traz e realiza a libertação dos oprimidos. Convertendo-se a Cristo, São Paulo resume todo o Evangelho na frase: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).

CONTRA A IDOLATRIA DO DINHEIRO

FINALIDADES DO TRÁFICO HUMANO

As pessoas traficadas são tratadas como meros objetos, com os quais os traficantes pretendem obter lucro. Nas mãos dos criminosos, os traficados tornam-se coisa, mercadoria. É um crime entre os mais lucrativos, junto com o tráfico de drogas e de armas. O tráfico de pessoas é feito com diversos objetivos. Os mais comuns são: trabalho escravo, exploração sexual, remoção de órgãos e adoção de crianças. Numa sociedade em que se endeusa o dinheiro, a promessa de enriquecimento fácil é o primeiro argumento usado pelos aliciadores. A ilusão das vítimas, no entanto, não justifica a perversidade dos criminosos. Há no mundo perto de 15 milhões de pessoas na situação de escravidão no trabalho. São trabalhadores sujeitos a contratos ilegais, mantidos em alojamentos sem condições de higiene e de segurança, sem a garantia de seus direitos mínimos, sem remuneração ade-

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quada, constrangidos a um regime de dívidas contraídas com seus patrões. No Brasil, foram registrados, entre 2003 e 2012, mais de 60 mil casos de trabalho escravo. Muitas adolescentes e mulheres, mas também rapazes, são traficados para exploração sexual: a prostituição, a pornografia, o turismo sexual, a indústria do entretenimento. O Brasil é um dos alvos preferidos desta modalidade. O tráfico para a remoção de órgãos vem crescendo nos últimos tempos. Atinge pessoas em situação financeira difícil que podem dispor de determinado órgão, um rim por exemplo. Um mercado cruel que explora o desespero de ambos os lados: o doente que pode pagar por um órgão imprescindível para viver e a pessoa sadia que se dispõe a vendê-lo.

O tráfico para adoção envolveu quase 20 mil crianças brasileiras que, na década de 1980, foram enviadas ao exterior. Além da finalidade da adoção, o tráfico de crianças e adolescentes serve também à exploração sexual e ao trabalho doméstico.

O PLANO DE DEUS

Deus criou o ser humano à sua imagem, conferindo-lhe uma dignidade incomparável e fazendo dele o ponto mais alto da criação. Qualquer agressão a qualquer ser humano é uma agressão contra o próprio Deus, que é Pai de todos, que enviou o seu Filho Jesus para salvar a todos e que, pelo seu Espírito Santo, habita em todos. A história do povo de Israel mostra o comprometimento de Deus com a liberdade dos seres

humanos. Escolheu um povo para mostrar, de modo pedagógico e progressivo, o seu amor por todos os povos e todas as pessoas. Acompanhou esse povo na época da escravidão no Egito (cerca de 1.200 anos antes de Cristo) e do exílio na Babilônia (580-530 antes de Cristo). Esteve sempre do lado dos pobres, das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros. Através dos patriarcas, dos profetas e dos sábios, foi educando o povo na busca da liberdade e no regime da igualdade. Roubar alguém para lucrar com sua venda é uma ofensa à aliança com Deus. A lei é clara: “Quem sequestrar uma pessoa, quer a tenha vendido ou ainda a tenha em seu poder, será punido de morte” (Ex 21,16). A síntese do ministério de Jesus Cristo é a liberdade. No dis-

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Quando se analisa o tráfico humano à luz da fé, percebe-se a dimensão mais profunda desse crime. O que há por atrás de tudo é uma prática idolátrica de culto ao deus Dinheiro. Quando o dinheiro se converte em critério supremo de nossas atitudes, passamos a negar a Deus e a desprezar o próximo. A absolutização da riqueza é o maior obstáculo para a verdadeira liberdade. Diz o texto-base da Campanha da Fraternidade: “A exploração, compra e venda de pessoas não é apenas mais um dano colateral do sistema econômico atual. Seus mecanismos perversos escondem verdadeiras formas de idolatria: dinheiro, ideologia e tecnologia. O pecado do tráfico humano é uma consequência da idolatria do dinheiro” (n. 160). A erradicação desse mal, portanto, passa pela conversão ao Deus vivo e verdadeiro, ao reconhecimento de que ele, o Criador de todos, é a fonte da dignidade humana e da igualdade de todos os seres humanos. O tráfico humano é uma agressão a Cristo que em sua encarnação uniu-se a todo ser humano, e em sua morte e ressurreição salvou-nos a todos. Nas vítimas do tráfico humano somos interpelados a ver o rosto atual de Cristo sofredor. No tempo santo da Quaresma somos convidados a voltar-nos para Cristo e a suplicar-lhe a graça de sermos discípulos e agentes da libertação. Nossa fé no Pai criador, no Cristo salvador e no Espírito ressuscitador nos leva à promoção e defesa da vida e da dignidade de todos, sobretudo dos mais fracos. Pe. Vitor Galdino Feller Vigário Geral da Arq., Prof. de Teologia e Diretor da FACASC/ITESC Email: vigariogeral@arquifln.org.br


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N.Sra. do Desterro é celebrada na Catedral Celebração da Padroeira da cidade contribuiu para resgate e avivamento da religiosidade de Florianópolis Foto JA

Uma Celebração Eucarística realizada às 18h30min do dia 17 de fevereiro marcou o dia de Nossa Senhora do Desterro, padroeira da Catedral e da Arquidiocese. A missa foi presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck e foi solenizada pelo Coral Santa Cecília da Catedral. Em sua homilia, Dom Wilson refletiu sobre tantas situações de desterrados em nossa sociedade. Lembrou, como exemplo, os dependentes químicos, que vivem à margem da sociedade e têm o direito receber Jesus. “Pensemos também nos idosos, nos doentes, que também esperam a presença de Jesus. São pessoas desterradas, necessitadas do que é o comum da vida. N.Sra. do Desterro é aquela que leva Jesus a esta realidade. A seu exemplo, devemos tornar Jesus presente a todas essas pessoas”, disse. A igreja estava lotada de fiéis que participaram da celebração. Pela primeira vez, depois de muitos anos, a festa foi precedida de uma novena que iniciou no dia 08 de fevereiro. Todas as noites, nas celebrações das 18h30min, até o dia 17, seguiu-se um ritual próprio, com cantos e leituras alusi-

Encontro para vocacionados

Celebração presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson encerrou novena de preparação, com presença de grande número de fiéis vas à Fuga para o Egito, com a presença de mordomos e festeiros “Muitas festas, em outras paróquias, são precedidas de novenas. O que fizemos foi resgatar essa tradição, que prepara para a festa”, disse Pe. David Antônio Coelho lho, pároco da Catedral. “O resultado foi esse momento bonito que a festa demonstrou, com grande participação”. Pe. David informou que a novena faz parte de um projeto maior, da Catedral, de avivar a religiosidade do povo. O projeto começou com a “Semana Natali-

na”, de 16 a 20-12, e continuou no dia 06 de janeiro, com o encontro dos Ternos de Reis de todas as paróquias da Ilha. Segundo ele, isso também será realizado na Quaresma, Pentecostes, Cerco de Jericó, festa de Santa Catarina etc. “Os momentos fortes de religiosidade do povo serão trabalhados para que sejam resgatadas e reavivadas as tradições que foram perdidas. Se reavivarmos esses momentos fortes, tudo em volta será prestigiado”, acrescentou.

Formação para Casais em Segunda União O setor Casos Especiais da Pastoral Familiar promove, nos dias 12 e 13 de abril, na Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré, em Palhoça, formação para casais em segunda união. Neste ano, a formação será conjunta com a equipe de Itajaí. Isso por conta da Copa do Mundo. Mais uma vez, o evento contará com a assessoria do Pe. Roberto Aripe (Padre Chiru), da Diocese de São

Vai acontecer...

Leopoldo, RS, e sua equipe. Ele é o criador da metodologia “O Senhor é o meu Pastor”, que orienta os casais em segunda união. A formação tem como objetivo acolher os casais nessa situação e trazê-los para a Igreja, para que se sintam membros da comunidade como todo cristão. Todos os casais da Arquidiocese são convidados a participar. Os filhos,

independente da idade, também podem ir. Os participantes de outras cidades serão acolhidos para pernoitar em casas de família. Os interessados devem entrar em contato com Neuzeli ou Vicente, pelos fones (48) 3242-7629, 9962-4751 ou 9971-4927, ou ainda pelo e-mail neuzelimbw@ hotmail.com hotmail.com.

A Pastoral Vocacional da Arquidiocese promove no dia 29 de março os encontros dos Grupos de Orientação Vocacional João Paulo II (masculino) e Madre Teresa (feminino). Mais uma vez, os encontros serão realizados em dois locais: no sul, na Paróquia Santa Cruz, em Barreiros, São José; e no norte, na Paróquia Divino Espírito Santo, em Camboriú. O Grupo de Orientação Vocacional tem a finalidade de proporcionar uma experiência de

aprofundamento da relação com Jesus Cristo e conhecimento das diversas vocações presentes na vida da Igreja. É destinado a jovens e adolescentes, de no mínimo 12 anos, que buscam fazer um caminho de discernimento vocacional. Os que desejarem participar do encontro devem entrar em contato com seus párocos, com as equipes vocacionais de sua paróquia ou com Pe. Vânio da Silva Silva, pelo fone (48) 9916-3808 ou pelo e-mail pe.v anio@ig.com.br pe.vanio@ig.com.br anio@ig.com.br.

Retiro Feminino do Emaús Entre os dias 27 a 30 de março será realizado na Casa de Encontros Vila Fátima, no Morro das Pedras, em Florianópolis, o “94º Emaús Feminino” do Movimento de Emaús. Tratase de um curso de valores humanos e cristãos para jovens solteiras a partir dos 18 anos de idade, que têm a oportunidade de realizar uma experiência de fé e de vida, estimuladas a se tornarem mais participativas na sua comunidade, trabalho, faculdade e, especialmente, na sua

própria família. Para participar, as jovens devem preencher a ficha de inscriwww. ção no site do Emaús (www. emaus.org.br/florianopolis emaus.org.br/florianopolis) ou no Centro Arquidiocesano de Pastoral (CAP), localizado no Largo São Sebastião, na Beira-Mar, em Florianópolis nas seguintes datas: 11/03 das 19h30 às 21h30, dia 15/03 das 10h às 12h30 e dia 18/03 das 19h30 às 21h30. Mais informações no site ou pelo e-mail preemaus floripa@gmail.com floripa@gmail.com.

Formação da PPI A Pastoral da Pessoa Idosa convida para um encontro no dia 22 de março, sábado, às 14h, com as coordenações paroquiais, na Paróquia da Santíssima Trindade, em Florianópolis. Durante o evento será realizado o repas-

se de material, informações diversas e as datas das atividades, previstas para este ano. Mais informações com Marinês Schmidt Schmidt, coordenadora arquidiocesana da PPI, pelo e-mail marines. schmidt@gmail.com schmidt@gmail.com.


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Bíblia

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Conhecendo o livro dos Salmos (68)

Salmos 92 e 93 (91 e 92) Divulgação/JA

SALMO 92(91): BOM É LOUVAR! Este é o único salmo que começa com o adjetivo “bom”, qualificando assim a ação de louvar a Deus: ação excelente, prazerosa, portadora de felicidade. Realmente, seu autor consegue demonstrá-lo. Não há quem, ao rezar este salmo, não sinta que “é bom louvar!” Algo semelhante encontramos no início do Sl 147, mas depois do convite inicial: “Louvai o Senhor, pois é bom – é bom! - cantar ao nosso Deus!” Relativamente breve, neste salmo 92 o orante fala em primeira pessoa, e, concentrado em si mesmo, não convida ninguém a associar-se a ele (cf v. 5 e vv. 11-12). Podem distinguir-se, no texto, quatro momentos: introdução (vv. 2-5), conflito (vv. 6-10), o orante (vv. 11-12), conclusão (13-16).

Louvar, cantar, anunciar

2. Bom é louvar o Senhor / e cantar salmos ao teu nome, ó Altíssimo, 3. anunciar de manhã tua misericórdia /e tua fidelidade durante a noite, 4. na lira de dez cordas e na cítara, / com cânticos na harpa. 5. Porque me alegras, Senhor, com tuas maravilhas, / exulto com as obras de tuas mãos. A introdução, em tom jubiloso, afirma que é bom louvar, ou seja, agradecer, dar graças ao Senhor... Por que “é bom”? O prefácio da Missa multiplica os predicados des-

SALMO 93(92): O SENHOR É REI! Como o Sl 47, este é um dos salmos que celebra a realeza, ou reinado, de Deus. A proclamação inicial, “o Senhor é Rei”, ou “o Senhor reina”, encontra-se igualmente nos salmos 96,10; 97,1; 99,1. Esta é a proclamação também do “evangelista”, o mensageiro que vem trazer a boa notícia a Sião, enfim libertada, após o Exílio: “Teu Deus começou a reinar!” Este, enfim, é o anúncio central da pregação de Jesus: “Está próximo, está aí, o reino de Deus!” (cf Mc 1,15). No Apocalipse, no capítulo 11,15, “ao som da sétima trombeta”, temos o anúncio solene: “Agora, o reinado sobre o mundo pertence ao nosso Deus e ao seu Ungido, e ele reinará para sempre!”... Na sua origem, tais salmos provavelmente nasceram de festas populares, nas quais se celebrava a realeza do Senhor na cidade de Jerusalém. Quanto a este salmo, muito breve, podemos

sa ação: é “digno e justo, razoável e salutar”, porque, diante do Criador, não há atitude mais bela, por parte da criatura, que a da gratidão, do louvor. E é isso que empolga o salmista, que não se contenta em cantar com a sua voz, mas recorre aos instrumentos musicais: à “lira de dez cordas”, à cítara, e à harpa. Mais ainda, ele propõe-se fazê-lo ininterruptamente: de manhã, e durante a noite, anunciando, ou seja, proclamando aos quatro ventos, os atributos fundamentais do Deus da Aliança: a sua misericórdia e sua fidelidade. No v. 5, aparece a motivação concreta do louvor: o salmista se alegra com as maravilhas de Deus, e exulta com as obras de suas mãos. Ele não as especifica: quais “maravilhas” e quais “obras”, se as da criação e/ou as da história. Provavelmente, tudo o que acontece, tudo o que ele vê, o empolga. E a cada dia, a cada momento, a cada detalhe, a cada con-

junto, sente-se impelido a dizer: Eu te louvo, Senhor, e te agradeço por tanta alegria!

estruturá-lo em três partes: a proclamação (vv.1-2), um enfrentamento (v.3-4), a confirmação (v.5)

elevam os rios sua voz, / elevam os rios seu fragor. 4. Mais poderoso que o rumor de águas caudalosas, / mais poderoso que as ondas do mar, / poderoso é o Senhor nas alturas. Contrastando com a estabilidade proclamada nos vv. 1 e 2, a imaginação poética do salmista descreve a rebeldia dos elementos na voz e no fragor dos rios. Essa voz e fragor se levantam e tentam desestabilizar o cosmo, mas o Senhor nas alturas é mais poderoso! Mais poderoso que o rumor de águas caudalosas, mais poderoso que as ondas do mar, como já se expressavam os mitos babilônicos. Trazendo a linguagem mítica para a realidade histórica, que representariam os rios e o mar senão povos inimigos, ameaçando o povo de Deus? Algo semelhante, em outro contexto, foi o que os discípulos de Jesus experimentaram, concretamente, na tempestade acalmada: “Quem é este, a quem até os ventos e o

Esplendor e trono do Rei

1.O Senhor é Rei, de esplendor se veste! / O Senhor se reveste e se cinge de poder; / está firme o mundo, jamais será abalado. 2. Firme é o teu trono desde o princípio, / tu existes desde sempre. A proclamação destaca a veste e o trono do Rei, em dimensão cósmica mais do que histórica. A veste é marcada pelo “esplendor” estelar, e o cinto real se caracteriza pelo “poder”. O trono do Rei está firme desde o princípio, como está firme o mundo, o orbe da terra, inabalável em suas colunas sobre o abismo. Essa estabilidade “desde o princípio” participa da eternidade do próprio Deus, que existe desde sempre.

Acima das águas caudalosas

3. Elevam os rios, Senhor,

O insensato, os pecadores, os inimigos

6. Como são grandiosas tuas obras, Senhor, / quão profundos os teus desígnios! 7. O insensato não compreende isto, / o imbecil não entende. 8. Se os pecadores brotam como erva / e florescem todos os malfeitores, / aguarda-os uma ruína eterna. 9. Mas tu és excelso para sempre, ó Senhor! 10. Porque teus inimigos, Senhor, teus inimigos perecerão, / serão dispersos todos os malfeitores. Confirmando o que acabara de dizer, o salmista reitera o seu assombro ante a grandiosidade das obras de Deus e a profundidade dos

seus desígnios, que não cabem na inteligência humana. Entretanto, é preciso humildade e sabedoria para captá-los. Mas essa humildade falta ao insensato, que “não compreende”; ao imbecil, que “não entende”. Infelizmente, é a atitude de tantos, que presumem de “sábios” e “inteligentes”, e por isso mesmo não se deixam instruir, recusam aprender, como tantas vezes denuncia o profeta Isaías (cf Is 5,21). Esses são também os pecadores, que aparentemente brotam, verdejantes, e os malfeitores, que, bem sucedidos, florescem... mas aguarda-os uma ruína eterna (v.8). A seguir, continuando a expressar sua fé inabalável, o salmista proclama que só Deus é excelso para sempre, enquanto seus inimigos, novamente qualificados de malfeitores (v.8 e v.10), isto é, praticantes da maldade, perecerão, dispersos, como palha ao vento.

O orante, vitorioso

11. Quanto a mim, dás-me a força de um búfalo, / me unges com óleo novo. 12. Triunfante, fito com o olhar meus inimigos, / vitorioso, ouço a voz dos que se levantaram contra mim. Num contraste inesperado, após aquela introdução tão jubilosa (vv. 2-5), o salmista alude a um perigo, aparentemente grave, do qual o Senhor o livrou. Ele nada pede, mas proclama que o Senhor o fortaleceu, como a um búfalo, e o ungiu com óleo novo, revigorador, como ao orante do Sl 23,5 (“com mar obedecem?” (Mt 8,27)

Por dias sem fim

5. Dignos de fé são teus testemunhos; / a santidade convém à tua Casa / por dias sem fim, ó Senhor! Passada a cena conflitiva dos elementos rebeldes, mas dominados (vv. 3-4), o salmista retoma a proclamação inicial da realeza do Senhor, cujos testemunhos, no cosmo e na história, são verdadeiros, a saber, dignos de fé. Agora, porém, não mais na dimensão cósmica, mas situando-a no Templo de Jerusalém, na “Casa” repleta da santidade divina. E isso, por dias sem fim!

Venha o teu Reino!

No Pai-nosso, pedimos, segundo o ensinamento do Senhor Jesus, que venha a nós o Reino de Deus (Mt 6,10). Este salmo nos ajuda a entender, de certa maneira, o que isso significa. Diante dos conflitos sociais que nosso povo enfrenta, às vezes avassaladores

óleo unges-me a cabeça”). E menciona agora os “seus” inimigos, talvez os mesmos que no v. 10 foram identificados como inimigos “do Senhor”. O salmista, vitorioso, pode encará-los, enquanto ouve a voz, já suplicante, dos que se haviam levantado contra ele.

O justo, como a palmeira

13. Quanto ao justo, crescerá como a palmeira, / como o cedro do Líbano se elevará; 14. plantados na casa do Senhor, / crescerão nos átrios do nosso Deus. 15. Mesmo na velhice darão frutos, / serão cheios de seiva e verdejantes. 16. E anunciarão quão reto é o Senhor: / meu rochedo, nele não há injustiça! O salmo, que até aqui é muito pessoal (vv. 5 e 11-12), volta-se agora para “o justo”, com o qual talvez o orante se identifique. O justo, no singular (v.13), comparado à palmeira e ao cedro do Líbano, árvores cheias de vitalidade, torna-se logo plural (vv.14-16), e dele(s) se diz que sua missão é anunciar quão reto é o Senhor... “Plantados na casa do Senhor” (esperar-se-ia “à beira de um riacho”, cf Sl 1,3!), “nos átrios do nosso Deus, mesmo na velhice darão frutos!” A última afirmação do salmo, novamente pessoal, é apologética, defendendo a justiça de Deus: nele, o meu rochedo, “não há injustiça!” Quem poderá acusá-lo, por exemplo, de parcialidade? como o mar agitado, temos a certeza de que Deus, o Senhor do universo e da história, está acima deles e é mais poderoso do que eles. Pe. Ney Brasil Pereira Professor de Exegese Bíblica na Faculdade de Teologia de SC - FACASC email: ney.brasil@itesc.org.br

Para refletir: 1) Por que “é bom” louvar o Senhor? 2) Por que o insensato não compreende, o imbecil não entende? 3) Que significa reconhecer que “não há injustiça” em Deus? 4) Que significa a proclamação do Sl 93: “O Senhor é Rei”? 5) Como o Sl 93 nos ajuda a entender o pedido: “Venha o teu Reino”?


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Arquidiocese inicia ano com 51 seminaristas Atividades iniciaram em fevereiro, uma semana antes das aulas, para maior entrosamento entre os seminaristas Foto JA

Os quatro seminários da Arquidiocese iniciam o ano com 51 seminaristas. Desses, 22 ingressaram no seminário neste ano: 16 no Menor e 06 no Propedêutico. Todos os seminários iniciaram as atividades em fevereiro. O Seminário Teológico Convívio Emaús iniciou o ano com 11 seminaristas da Arquidiocese; quatro são novos; um no segundo ano; três no terceiro e três no quarto. As atividades iniciaram no dia 10 de fevereiro, uma semana antes das aulas. Nesse período, eles estudaram as diretrizes para a formação, realizaram o planejamento para o ano, atividades de integração e exercícios espirituais. O Seminário Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes, em Azambuja, Brusque, iniciou com 34 seminaristas: 16 no Menor; e 18 na Filosofia. As atividades também iniciaram no dia 10 de fevereiro, uma semana antes das aulas. Os dias de antecedência foram aproveitados realizar um encontro de confraternização entre as duas comunidades e organização da casa.

Celebração abre ano letivo na FACASC

Faculdade inicia o ano com 26 alunos novos: 18 seminaristas; seis leigos e dois religiosos

Seminarista de Teologia da Arquidiocese com o bispo e os formadores Já o Seminário Propedêutico começou o ano com seis seminaristas, que iniciaram as atividades no dia 24 de fevereiro. Segundo Pe. Wellington Cristiano da Silva Silva, responsável pelo Seminário, neste ano a formação deles sofrerá alterações seguindo o documento 93 da CNBB (Diretrizes para a Formação dos Presbíteros na Igreja no Brasil). “Contamos com o apoio de vários padres da Arquidiocese para ministrar as disciplinas”, disse.

Tubarão

Neste ano, dois seminários da Arquidiocese estarão acolhendo os seminaristas da Diocese de Tubarão. Por conta do reduzido número de vocações, os seminaristas de Filosofia de Azambuja receberão a companhia de três seminaristas de Tubarão. Também o Convívio Emaús, dos seminaristas de Teologia, terão como colegas de residência dois seminaristas dessa diocese. Divulgação/JA

Divulgação/JA

Azambuja começa 2014 com 34 vocacionados

Aula inaugural e Celebração Eucarística, realizadas na manhã do dia 17 de fevereiro, marcaram o início do ano letivo na Faculdade Católica de Santa Catarina FACASC. Evento reuniu alunos, professores, formadores e funcionários da instituição. A aula inaugural foi proferida pelo Pe. José Artulino Besen Besen, pesquisador da instituição, com o tema “As interpelações do Papa Francisco para a Igreja de hoje”. Em sua apresentação, ele destacou a Exortação Apostólica do Papa, Evangelii Gaudium, lançada em novembro, marcando a conclusão do Ano da Fé. Apontou também os impactos, mudanças e esperanças deste início de pontificado, após a surpreendente renúncia de Bento XVI em 11/02 do ano passado. Pe. José também respondeu aos questionamentos ou contribuições dos participantes. Após a aula inaugural e uma confraternização com salgadinhos no refeitório, foi realizada a Celebração Eucarística presidida pelo

anosso arcebispo Dom Wilson TTaJönck, que também é presideu Jönck dente da CNBB - Regional Sul VI (SC). A missa foi em sufrágio do ex-aluno seminarista Luiz Gustavo Eccel Eccel, falecido em acidente rodoviário no dia 13 de janeiro, e que agora estaria no segundo ano de Teologia. Pe. Leandro José Rech, padrinho vocacional, foi convidado a falar da história e das circunstâncias do falecimento do seminarista. Durante a celebração, Dom Wilson lembrou que aquele era o dia de Nossa Senhora do Desterro, padroeira da cidade e da Arquidiocese.

26 novos alunos

A FACASC iniciou o ano com 26 alunos novos: 18 seminaristas; seis leigos, um religioso e uma religiosa. Todos foram aprovados no processo seletivo realizado no dia 01 de dezembro. Ainda não se tem a informação exata de quantos alunos a instituição terá este ano. Isso porque os alunos têm até o dia 26 de fevereiro para fazer o ajuste de matrícula. Foto JA

Propedêutico inicia o ano com seis seminaristas

Retiro para casais, padres e religiosas/os O Movimento Encontro Matrimonial realizará nos dias 14 a 16 de março um retiro voltado para casais, sacerdotes e religiosas/os. Será na Casa de Retiros Rosa Mística, em Florianópolis. Durante o encontro, os par-

ticipantes vão aprender técnicas de comunicação profunda: casais entre os dois, sacerdotes e religiosas/os com seu povo e família. O encontro será assessorado pelo Pe. Nivaldo Oliveira Souza Souza, de Joinville, e três casais

do movimento. O custo é de R$ 200,00 por casal para o fim de semana. Mais informações com o casal Vânio e Marcia Marcia, pelo fone (48) 3242-3959 ou 96023979, ou pelo e-mail v aniomar cia@y ahoo.com.br cia@yahoo.com.br ahoo.com.br. aniomarcia@y

26 alunos iniciaram o curso de Teologia em 2014; 18 são seminaristas


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PJ promove retiro para as suas lideranças Evento reuniu 28 lideranças jovens e iniciou a comemoração dos 40 anos da PJ na Arquidiocese Divulgação/JA

“Tira as sandálias dos pés, pois este é um lugar sagrado” (Ex 3,5). Com este convite, 28 jovens de grupos de jovens da Arquidiocese de Florianópolis, estiveram reunidos na Casa de Retiro Santa Isabel, em Águas Mornas, entre os dias 31/01 e 02/ 02, para participar do Retiro Arquidiocesano de Coordenadores e Lideranças Jovens. Promovido pela Pastoral da Juventude, durante o evento os jovens refletiram sobre a ordem de Deus a Moisés diante da sarça ardente, sobre as “desculpas de Moisés” que assumimos diante dos compromissos do grupo, da paróquia, do dia a dia e, principalmente, sobre o “lugar sagrado do jovem”: o grupo de jovens. O retiro foi conduzido por Gislene Saad Henriques Henriques, assessora da PJ, que conduziu os trabalhos por meio de Leituras Orantes da Bíblia, buscando a cada passo aprofundar mais a reflexão e o diálogo com a passagem bíblica que iluminou o final de semana: Êxodo 3, 1-10. Além de momentos de oração por meio do Ofício Divino da

Procissão do Senhor Jesus dos Passos Com 248 anos, evento é a maior e mais tradicional manifestação religiosa do Estado

Durante encontro, jovens refletiram sobre a ordem de Deus a Moisés Juventude, os jovens tiveram vários momentos de lazer, nos quais puderam se conhecer, se divertir e trocar experiências. Gabriela, jovem do Bairro Los Angeles, em São José, participou pela primeira vez. “Gostei muito do jeito PJ de ser. Todos alegres, em sintonia com Deus e com os irmãos ali presentes. O texto da Bíblia mexeu comigo de tal maneira que senti o Senhor ali mesmo, com todos nós. Foi um fim de semana muito significante pra mim e creio que

tenha sido para todos os que estavam lá”, disse.

40 anos O retiro abriu o ano Celebrativo dos 40 anos de articulação da Pastoral da Juventude na Arquidiocese. Ao longo de todo este ano, eles rezarão e estarão “tirando as sandálias” para ir ao encontro dos grupos e valorizando e afirmando a importância, sempre mais, dos grupos de jovens - nosso “lugar sagrado”.

Nos dias 05 e 06 de abril, Florianópolis mais uma vez vai viver a maior e mais tradicional manifestação religiosa do Estado, em honra do Senhor Jesus dos Passos. Promovidas pela Irmandade de mesmo nome, as festividades iniciam no dia 30 de março, com a investidura dos novos irmãos e irmãs, e seguem com eventos todos os dias, até o dia 06 de abril, 5º domingo da quaresma. Os dois pontos altos da festividades são: a procissão de transladação da Imagem do Senhor dos Passos, seguida da imagem de Nossa Senhora das Dores, para a Catedral, no dia 05, sábado, a partir das 20h; e no dia

17, domingo, às 16h, será realizada a procissão do Encontro Encontro, em que as imagens circulam pelas principais ruas de Florianópolis e se encontram em frente à Catedral. Nesse momento, de grande emoção, será proferido o “Sermão do Encontro”, para os milhares de fiéis que lotam a frente da Catedral. Depois, as imagens, carregadas pelos Irmãos, retornam para a Capela do Menino Deus, junto ao Hospital de Caridade. A Irmandade do Senhor dos Passos conta atualmente com cerca de 900 irmãos que, através do pagamento de anuidade, contribuem para a manutenção do Imperial Hospital de Caridade. Arquivo/JA

Florianópolis recebe exposição do Sudário Entre os dias 14 de março e 21 de abril, o Floripa Shopping traz para Florianópolis a ExpoQuem é sição Internacional “Quem o Homem do Sudário? Sudário?”. É um evento cultural e religioso que apresenta os estudos científicos realizados em torno do Santo Sudário, o tecido no qual, segundo a tradição, Cristo foi envolto após a morte e que guarda suas marcas. Dentro de uma gruta que remete à antiga Jerusalém, os visitantes conhecerão, por meio de painéis, os detalhes que conferem autenticidade ao Sudário, um dos objetos mais estudados da história da humanidade. Além de réplicas de elementos datados da antiguidade como a coroa de espinhos e as moedas colocadas so-

bre os olhos do “Homem do Sudário”, há também uma tumba

com escultura em bronze em tamanho natural e um holograma em 3D, feito pelo cientista holandês Petrus Soons e produzido em laser. Em Florianópolis, a exposição conta com a parceria do Emaús, que disponibilizará monitores capacitados para as visitas guiadas. Ela estará aberta para visitação gratuita durante o horário de funcionamento do shopping: de segunda a sábado das 10h às 22h e aos domingos das 11h às 21h. É possível realizar visitas guiadas para grupos, mediante agendamento prévio com o seguinte contato: (48) 33317000. Mais informações no site www.floripashopping.com.br a partir do dia 10 de março.

A cada ano mais fiéis participam da Procissão do Senhor dos Passos

248 anos de história

A devoção ao Senhor Jesus dos Passos começou aqui a partir da chegada da imagem, talhada em madeira por Francisco Chagas, escultor baiano. Os registros dizem que, em 1764, uma embarcação levava a imagem para o Rio Grande, RS. Após três tentativas frustradas de atravessar a Barra do Rio Grande, por causa das fortes tempestades, a nave atracou definitivamente na então Desterro. O povo interpretou a dificuldade de a imagem chegar ao seu destino inicial como um sinal do céu. E assim o capitão do barco e os mo-

radores acertaram as despesas da confecção da imagem e seu transporte. A partir de então, a imagem foi colocada na Capela Menino Deus, construída pela beata Joana de Gusmão, e ali foi criada a Irmandade do Senhor Jesus dos Passos. As procissões iniciaram dois anos após a chegada da imagem.

Mais informações com Rita Peruchi, pelo fone (48) 3221-7588 ou pelo email rita@hospital decaridade.com.br decaridade.com.br, ou no site www .hospitaldecaridade.com.br www.hospitaldecaridade.com.br .hospitaldecaridade.com.br, clicar em “Irmandade”.


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Frei carmelita é ordenado presbítero Natural de Florianópolis, Frei Gilberto encontrou nos Freis Carmelitas a sua vocação religiosa Foto JA

Uma Celebração Eucarística realizada às 19h do dia primeiro de março, marcou a ordenação presbiteral do Frei Gilberto Alexandre da Luz Luz, da Ordem dos Carmelitas Descalços. Realizada na igreja Santo Antônio, pertencente a Paróquia São José, no município de São José, a celebração foi presidida pelo nosadeu so arcebispo Dom Wilson TTadeu Jö nck Jön ck. A ordenação contou com a presença de padres, diáconos, familiares e amigos do ordenando. O lema da ordenação foi “Como barro nas mãos do oleiro” (Jr 18,6). Durante o rito de ordenação, Frei Ari Souza pediu a ordenação e deu o testemunho de que ele foi considerado digno. Em sua homilia, Dom Wilson disse que, depois de muito refletir, Frei Gilberto decidiu deixarse modelar por Deus, consagrandose a Ele como carmelita. “O sacerdote é aquele que apresenta a Igreja de Deus aos irmãos e é isso que Frei Gilberto pede para ser: um especialista nas coisas de Deus e anunciar a sua Palavra”, disse Dom Wilson. Em seguida, o eleito manifestou o seu propósito, e foi cantada a ladainha de todos os santos. Enfim, pela imposição das mãos de nosso Arcebispo e

Seminário de Liturgia

Pela imposição das mãos de Dom Wilson, Frei Gilberto foi ordenado presbítero pela Ordem dos Carmelitas Descalços dos padres presentes, Frei Gilberto foi ordenado presbítero. Nascido em Florianópolis, em 05 de março de 1975, Frei Gilberto passou sua infância e adolescência em Tijuquinhas, Biguaçu. Filho de Otacílio José da Luz e Amélia Ferreira Andrade, tem outros cinco irmãos. Após, a crisma, realizada em 1993, passou a ficar inquieto com as coisas de Deus, e sentia o desejo de evangelizar, de ser missionário. Com uma vivência forte de liderança leiga na Paróquia São

João Evangelista, em Biguaçu, aos poucos foi amadurecendo a sua vocação. Com a ajuda das Monjas Carmelitas de Picadas do Sul, em São José, foi encontrando o caminho a ser seguido. Em novembro de 2004, Frei Gilberto foi convidado pelo animador vocacional dos Freis Carmelitas a fazer uma visita ao Seminário de Passo Fundo, RS. Ingressou no Seminário no ano seguinte, fez toda a formação na Ordem dos Carmelitas Descalços e agora foi ordenado presbítero.

10 Anos do Shalom na Arquidiocese Em março, a Comunidade Católica Shalom comemora os 10 anos de evangelização na Arquidiocese de Florianópolis. As festividades acontecerão nos dias 27, 29 e 30 de março. Vários eventos estão sendo programados pela Comunidade, entre eles, a Missa de Ação de Graças, no dia 17/03, segundafeira, às 20h, na Catedral; exposição dos 10 anos da Missão na Arquidiocese, no Centro Católico de Evangelização Evangelização, na rua Santos Dumont, 124 , Centro de Florianópolis; Teatro Musical “Oferta” e Show Acústico com Missionário Shalom,

Vai acontecer...

no dia 29, sábado, às 20h, Teatro do Colégio Menino Jesus; e Encontro da Obra – Especial 10 anos, no dia 30, domingo, às 9h. A Comunidade Católica Shalom foi fundada em 9 de julho de ysés 1982, após seu fundador, Mo Moysés Louro de Azevedo Filho Filho, ter ofertado a vida e a juventude para levar Jesus Cristo e Sua Igreja àqueles que estivessem afastados, especialmente os jovens. Formada por sacerdotes e leigos consagrados, casados e celibatários, a Comunidade está presente em quase 20 países, contanto com mais

de 4 mil missionários. A missão de Florianópolis foi fundada no dia 27 de março de 2004, quando chegaram os cinco primeiros missionários. Aqui a Comunidade de Vida conta com 13 missionários e a Comunidade de Aliança 40 missionários. Além disso, hoje está presente em Florianópolis a Escola de Evangelização, com 12 jovens em missão. Mais informações pelo site www .comshalom.org.br www.comshalom.org.br .comshalom.org.br, ou pelo fone (48) 3223-7801 ou ainda pelo e-mail florianopolis@ comshalom.org comshalom.org.

O Setor de Pastoral Litúrgica promove, no dia 30 de março, domingo, na Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista, na Ponte do Imaruim, em Palhoça, o Seminário Arquidiocesano de Liturgia Liturgia. O evento é voltado aos agentes da Pastoral Litúrgica das paróquias e comunidades, e está sendo realizado considerando-se que está prevista, em nosso 13º Plano Arquidiocesano de Pastoral, a necessidade de dar um novo impulso à vida litúrgica em nossa Arquidiocese. Para isso, muito contribuirá a for-

mação permanente dos agentes de pastoral litúrgica. A formação terá início às 8h e término previsto para às 17h, com a Celebração Eucarística. Para participar, os interessados devem se inscrever até o dia 26 de março, por meio do site da Arwww.arquifln. quidiocese (www.arquifln. org.br org.br). O Seminário tem um custo individual de R$ 30,00 (já com o almoço e lanches), a ser pago no dia do evento. Mais informações pelo fone (48) 9943-9366 ou pelo e-mail santkarla@ hotmail.com hotmail.com.

Pastoral da Saúde

A Pastoral da Saúde promove no dia 17 de março, segunda-feira, um encontro com todas as coordenações ou representações da Pastoral nas paróquias e comunidades. O evento será realizado no auditório da Cúria, no Centro, em Florianópolis, das 9h às 16h. No encontro, haverá troca de informações sobre o que está sendo realizado nas comunidades, definição de estratégias e diretrizes gerais para o ano, e participação na CF-2014. Dar-se-á

continuidade à participação no Projeto Verde da Faculdade Estácio de Sá, em Barreiros; e haverá momentos de integração e trocas de experiências entre os agentes que integram o bem-estar social e a saúde na sua Paróquia e ou comunidade. Mais informações com Jaci Helena Perottoni Perottoni, coordenadora arquidiocesana da Pastoral da Saúde, pelos fones (48) 32255032 ou 9991-0753 ou ainda pelo e-mail jacihp@uol.com.br.

Formação para os diáconos

A Coordenação Arquidiocesana do Diaconato Permanente, CADIP, promove em março a Formação Permanente para os Diáconos. O evento será realizado em dois locais: dos dias 07 a 09, na Casa de Encontros e Retiros Divina Providência, em Florianópolis; e dos dias 21 a 23 na Casa Padre Dehon, em Brusque. As formações serão assessoadeu LLuuradas pelo Pe. Hélio TTadeu

ciano ciano, Assessor Eclesiástico da Comissão Arquidiocesana para a Vida e a Família – CAVF, que refletirá sobre a família e os desafios pastorais em uma pastoral familiar, incitando os diáconos a assumirem juntos este desafio. Para participar, os diáconos devem se inscrever com o coordenador comarcal dos diáconos. Mais informações pelo e-mail ideraldobth@hotmail.com ideraldobth@hotmail.com.


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Ação Social

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Coleta da Solidariedade viabiliza Projetos Sociais na Arquidiocese Em 2013 foram apoiados 24 projetos sociais, tendo 3.860 pessoas envolvidas e 94 mil reais investidos O Fundo Arquidiocesano de Solidariedade - FAS é constituído pela Coleta da Solidariedade que anualmente é realizada no Domingo de Ramos. No ano de 2013 foram arrecadados R$ 243.846,82 (duzentos e quarenta e três mil, oitocentos e quarenta e seis reais e oitenta e dois centavos), sendo

que 60% deste valor compõem o Fundo Arquidiocesano de Solidariedade (FAS) e 40% o Fundo Nacional de Solidariedade – FNS. Através do FAS, no ano de 2013, foram apoiados 24 projetos no âmbito da Arquidiocese, beneficiando de forma direta 3.870 pessoas por meio de projetos que vi-

Nº Projeto 01 Pós JMJ – construção e articulação nas bases. 02 Formação, articulação e mobilização da Comissão Guarani Nhemongueta. 03 Capacitação no SICONV – Fortal. a sustentabilidade 04 Inclusão Digital e Cidadania. 05 Música para a Juventude 06 Adequar e Equipar a Cozinha. 07 Fortalecendo o processo de Participação e Controle Social na Arquidiocese. 08 AFAGO: Mulheres trabalhando pelo desenvolvimento sustentável. 09 Revitalização da quadra de Esportes da Casa de Madre Teresa de Calcutá. 10 Transformando o ambiente das refeições. 11 Inclusão digital – Modernização Parcial do Laboratório de informática. 12 Fortalecimento do Coral Guarani Tava-í. 13 Tanhanhota Esporte e Lazer.

sam o fortalecimento da promoção da solidariedade, organização comunitária e projetos que buscam a organização de grupos, associações ou cooperativas que atuam na perspectiva de Economia Popular Solidária. Abaixo segue a relação dos projetos apoiados em 2013:

Proponente Pastoral da Juventude da Arqu. Fpolis Comissão Nhemongueta e CIMI - Equipe de Florianópolis. Ação Social Arquidiocesana. Ação Social São João Evangelista Fundação Fé e Alegria do Brasil - SC Fazenda da Esperança. Ação Social Arquidiocesana.

Valor R$ 6.760,00 R$ 4.486,00

EPAGRI de Biguaçu e Ação Social São João Evangelista. Ação Social Paroquial de Ingleses.

R$ 4.933,35

Associação Casa São José. Ação Social de Campinas

R$ 6.490,00 R$ 6.780,00

Associação dos Moradores YynnMoroti Wherá / Epagri de Biguaçu. Associação Cultural Social e Desportiva Capicuys. Pastoral Universitária Pastoral da Criança da Arquid. Fpolis Ação Social São Francisco de Assis. Ação Social São Franc. Assis – Palhoça Ação Social Par. São José - Botuverá Associação Beneficente São Dimas AdeiaTeko-áVy’a.

R$ 4.245,00

Oficinas de Lideranças Univer. p/ Controle Social. Criando Oportunidades – continuidade Projeto de 2010. “Louvor e Arte”: Ação Social São Francisco de Assis. “Nossa Rádio – Equipar e qualificar”. Solicitação de Equipamento para NUDEC. Oportunizar. Nhandema’etyjmbaraete’a (Fortalecimento de nossa plantação). 21 Projeto Aprendiz. Ação Social e Cultural de Paulo Lopes. 22 Ressignificando o Projeto Motivar. Ação Social Salto do Maroím. 23 Curso de Violão – Itajaí e Monte Alegre/ Camboriú Ação Social Monte Alegre e Irmãs Catequistas Franciscanas 24 Fortalecimento do Empreendimento de Economia Ação Social Neotrentina Solidária Mulheres em Ação pela Superação. 14 15 16 17 18 19 20

To tal de R ecur sos Aplicados em 20 13 Recur ecursos 201

R$ 2.700,00 R$ 1.100,00 R$ 5.000,00 R$ 3.390,00 R$ 1.580,00

R$ 4.276,50

R$ 2.000,00 R$ 1.200,00 R$ 4.000,00 R$ 3.216,00 R$ 6.487,00 R$ 729,40 R$ 6.000,00 R$ 2.815,88 R$ 4.448,00 R$ 3.350,00 R$ 6.575,00 R$ 1.487,45

R$ 94.049,58

Um dos projetos apoiados com os recursos do FAS em 2013 foi o da “Banda Musical Fé e Alegria” gria”. O projeto existe há seis anos

e é desenvolvido pela Fundação Fé e Alegria (uma obra dos Padres Jesuítas). Por meio do projeto, a instituição busca ensinar a 120 crianDivulgação/JA

Participantes do projeto fazem apresentação musical com o uniforme novo

ças e adolescentes de 08 a 16 anos, dos bairros Barra do Aririú e Rio Grande, atividades de educação musical. Muitas delas estavam em situação de vulnerabilidade social. Com os R$ 5 mil que recebeu do FAS, foram adquiridos uniformes para que eles realizassem as apresentações a que são convidados constantemente. “Os uniformes criaram uma identidade visual da banda. A partir dele, passaram a se apresentar melhor, aumentou a auto estima, houve uma maior valorização do trabalho e isso se refletiu no comportamento, no desempenho e no aprendizado”, disse Ana Paula Luna Marques de Melo, uma das responsáveis pelo projeto.

Participação, Controle Social e integração entre as políticas foram objetos de debate Aconteceram no mês de fevereiro as Conferências Municipais e Intermunicipais de Proteção e Defesa Civil. A ASA esteve presente na Conferência Municipal em Florianópolis e na Intermunicipal da região da Associação dos Municípios do Médio Vale de Itajaí, área em que os municípios de Guabiruba, Brusque e Botuverá estão presentes. Com o objetivo de promover a participação, o controle social e a integração das políticas de Defesa Civil, tendo em vista novos paradigmas para a Proteção e Defesa Civil, a Conferência organizouse metodologicamente através de 04 Eixos de Trabalho que possibilitaram uma melhor apropriação do tema e debate, sendo eles: Gestão Integrada de Riscos e Respostas a Desastres; Integração de Políticas Públicas relacionadas à Proteção e à Defesa Civil; Gestão do Conhecimento em Proteção e Defesa Civil; e Mobilização e Promoção de uma resposta de Proteção e Defesa Civil na busca de cidades resilientes. Para dinamizar o debate foram trazidos temas orientadores, como as Mudan-

ças Climáticas, que geram um grande número de eventos adversos nas comunidades, necessitando de um maior preparo da sociedade e dos governos para responderem a essa nova realidade. A representação da sociedade civil presente pode discutir estratégias para a participação da comunidade, mecanismos de transparência e controle social e a integração entre as políticas públicas (assistência, saúde, planejamento urbano, entre outras), trazendo propostas de atuação e articulação do governo e sociedade civil em gestão de risco e desastres. As Conferências Municipais, Intermunicipais e Regionais acontecerão até o início de março, sendo que nos dias 26 e 27 de março na cidade de Lages todos os delegados eleitos participam da Conferência Estadual de Proteção e Defesa Civil. A finalização desse processo de debate acontece em Brasília nos dias 27 a 30/05/2014. Para mais informações, www.asa acesse o site da ASA (www.asa floripa.org.br floripa.org.br) e Ministério da www. Integração Nacional (www. int egracao.go integracao.go egracao.govv.br .br). Divulgação/JA

Música para a Juventude

ASA participa de Conferências de Proteção e Defesa Civil

Participantes da Conferência Intermunicipal de Brusque debatendo diretrizes e princípios para o aprimoramento da Política de Proteção e Defesa Civil


Jornal da Arquidiocese

GBF 11

Março 2014

CEBs/GBF – um novo ardor evangelizador Este tempo é propício para fazermos uma profunda reflexão sobre o nosso estilo de vida e atitudes Divulgação/JA

Neste tempo quaresmal, as CEBs e os GBF renovam sua missão de evangelizar a serviço da vida, ir ao encontro das pessoas, anunciar o amor libertador de Jesus Cristo e denunciar toda forma de injustiça que impede acontecer o projeto de vida do Senhor: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundancia” (Jo 10,10). É hora de partir para a missão. Jesus nos envia dois a dois, formando grupos na comunidade, para que o tornemos presente na vida das pessoas, contribuindo com o plano de salvação do Pai. Este tempo é propício para fazermos uma profunda reflexão sobre o nosso estilo de vida e as nossas atitudes, tendo em vista o Reino de Deus. Precisamos nos converter: “É para liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Conversão é comprometer-se com a vida, é denunciar a cobiça do poder que gera a miséria, o tráfico humano, a violência, a desvalorização da vida, numa socieda-

de onde a dignidade humana é ferida, falta moradia, trabalho digno, escola, saúde, segurança... Vivenciar a caminhada de Jesus Cristo no tempo quaresmal e pascal é reconhecer a sua bondade, mansidão, misericórdia e compaixão, é assumir as dores de nossos irmãos e irmãs vítimas do tráfico humano e os sofrimentos de seus familiares. O livreto dos GBF/CEBs é um instrumento nas mãos das pessoas que ajudará a vivenciar fé e vida na comunidade sendo fiéis ao projeto do Pai e assumindo o compromisso de evangelizar a serviço da vida: nas casas, condomínios e em todos os lugares.

“Os textos, no livreto sobre a CF 2014, nos ajudam a entender e nos posicionar diante desta realidade do tráfico humano. À luz da Palavra de Deus, queremos aprender a ler e acolher o mundo que nos cerca. Os Grupos Bíblicos em Família são instrumento privilegiado na comunidade para ajudarem a refletir sobre essa situação. Que a meditação da Palavra de Deus possa suscitar atitudes que levem a superar as situações denunciadas por esta Campanha da Fraternidade”, Dom Wilson T. Jönck, Arcebispo. Maria Glória da Silva

Renovemos nossa esperança no ardor evangelizador dos GBF/CEBs, a “Igreja nas casas” no chão das comunidades, construindo a “cultura do encontro” em prol do Reino de Deus e assim promovendo uma sociedade mais justa, solidária e fraterna. Divulgação/JA

Justiça e profecia a serviço da vida A Igreja de Santa Catarina, do Regional Sul4, foi bem repre-sentada no 13º Intereclesial, com 160 missionários/as das 09 dioceses. Agradeço a Deus pelo grandioso encontro e pelo empe-nho e esforço de todos os participantes, em especial a presença dos Bispos D. Manuel e D. Severino Severino, que participaram. Foi fundamental o apoio e incentivo dos Bispos, Padres, Coordenações Diocesanas de Pastoral e demais lideranças da nossa Igreja, para a nossa participação no 13º Intereclesial. Destaco dois depoimentos, dos muitos outros que foram relatados na reunião da equipe das Comunidades Eclesiais de Base da nossa Arquidiocese. Primeiro depoimento, o de Maria Aparecida, do Monte Serrat: “Tivemos uma verdadeira experiência missionária, desde a saída de SC até a chegada em Fortaleza. E lá, já no aeroporto, estava gente das comunidades nos esperando cantando com alegria e entusiasmo. Seguimos em roma-

ria com 03 ônibus, viagem longa e cansativa, mas agradável. A acolhida na primeira Paróquia, Nossa Senhora da Conceição, em Farias Brito, como também na chegada Norte na paróem Juazeiro do Norte, quia de São José do Limoeiro, foi uma acolhida maravilhosa, um povo acolhedor com lanches preparados, música, uma alegria sem fim, as pessoas e famílias nos recebiam com abraços chamandonos de irmão/ã sem nos conhecer, além da partilha do pão material, também a partilha do pão espiritual nos momentos de oração. Um povo caloroso, de alegria contagiante e de fé popular fervorosa, uma representação viva do amor de Cristo, assim foi a acolhida e os momentos com aquele povo nos dias que lá passamos. CEBs é isso, é o rosto amigo do povo, é essa acolhida, esse encontro com o irmão/ã. O rosto das CEBs é o rosto de Deus, e nós, enquanto filhos/as, temos que seguir seu exemplo com o próximo buscando sempre a justiça para nos-

sos irmãos menos favorecidos e acolher todos/as com alegria”. Segundo depoimento, de Pe. Josemar: “Justiça e profecia a serviço da vida. Sob a luz deste tema, milhares de pessoas, vindas de comunidades, igrejas e religiões diferentes, encontraram-se como romeiras do Reino no campo e da cidade, para celebrar a fé no Deus da vida, durante o 13º Intereclesial de CEBs em Juazeiro do Norte, terras do Pe. Cícero. Foi uma graça de Deus poder participar deste belíssimo encontro, um verdadeiro Pentecostes, pois aconteceu ali uma grande comunhão em torno da fé e da esperança firmada naquele que é o Mestre da justiça, o Príncipe da paz, o Deus forte. Esta foi a grande marca deste Intereclesial. Pudemos aprender que somos povo em romaria, seguidores e seguidoras do Cristo Jesus, que, mesmo diante de um mundo desigual, não desistimos de apontar para os sinais do Reino que brotam em nossas comuni-

Lideranças do Regional Sul IV participam de momento de reflexão durante o 13º Intereclesial das CEBs com Dom Severino Clasen, bispo de Caçador dades. Ficou claro que nossa missão é colocar-nos a caminho, não nos deixando vencer pela tentação de achar que não há mais saída. O testemunho dos mártires da caminhada nos ajuda a vencer o medo e a lançar um forte grito pela vida. Cada momento, celebrações, estudos, partilhas, a convivência com os participantes e com as famílias que nos acolheram, deixou claro que CEBs é vida vivida no dia-a-dia. Vida esta que se

expressa no engajamento de jovens, de homens e mulheres comprometidos com a justiça e contra toda forma de exclusão. Fortalecidos pelo Espírito de Jesus, somos convidados a permanecer firmes, pois: “Podem roubar nossos frutos, quebrar nossos galhos, cortar nossos troncos, mas não vão conseguir arrancar nossas raízes” (frase dita por um irmão índio)”. Maria Glória da Silva


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Geral

Março 2014

Biguaçu: três realidades numa mesma paróquia

Artigo

Copa para que e para quem?

Realidade urbana, rural e periferias desafiam a ação pastoral Foto JA

O inchaço populacional que caracteriza o município de Florianópolis alcança os municípios vizinhos. Um deles é o de Biguaçu. Com uma população de 58.238 habitantes, segundo o senso de 2010, é um dos que mais cresceu nos últimos dez anos, com um aumento de 21%. Cerca de 10% dos moradores vivem na zona rural. Frente a essa realidade está a Paróquia São João Evangelista ta. Ela conta com 27 comunidades. Muitas delas na área urbana, em comunidades empobrecidas, e 11 comunidades que vivem da agricultura. Algumas delas distantes até 30 km da Matriz. Para atender a essa demanda, a paróquia conta com o apoio de cinco padres. Na área urbana, a paróquia começa a lidar com a verticalização. Constantemente surge novos empreendimentos e a construção de prédios tem sido constante, o que torna difícil o acesso às pessoas. “Percebemos que as construções estão aumentando, mas não vem acompanhadas de planejamento e estrutura. Faltam creches, escolas, postos de saúde e saneamento. Há o incentivo às construções, mas não os benefícios à comunidade”, preocupa-se Pe. José Luiz de Sousa Sousa, o pároco. Também por conta do crescimento do município, surgiram favelas. São quatro: Jardim Saveiro, Morro do Ivo, Jardim Carolina e Bom Viver. São comunidades que convivem com a violência e vulnerabilidade social. Há ainda a população rural. São

Com cerca de 140 anos, a sede da paróquia está no centro do município 11 comunidades que sobrevivem de engenhos, do cultivo de arroz, farinha e hortaliças. Por conta do êxodo, algumas comunidades até deixaram de receber o atendimento dos padres, por causa da redução do número de habitantes.

Enfrentando a situação

O enfrentamento a essas situações não é fácil para qualquer paróquia, mas São João Evangelista busca alternativas. São ações pontuais, aprovadas na Assembleia Paroquial de Pastoral do ano passado, que definiu a criação de trabalhos pastorais, atendimento especializado e geração de trabalho e renda. “Não possuímos um Plano Paroquial de Pastoral. Na Assembleia, foi aprovada a criação de projetos pastorais de enfrentamento às realidades presentes na Paróquia”, disse Pe. José Luiz. Por conta do frio intenso do Foto JA

Crescimento do município provoca a criação de bolsões de pobreza e a ocupação desordenada e irregular dos morros próximos ao centro

Jornal da Arquidiocese

último inverno, a Paróquia abrigou moradores de rua. O trabalho despertou o interesse das lideranças, que agora trabalham na criação da Pastoral do Povo de Rua. Antes, o trabalho da Ação Social era mais voltado ao assistencialismo. Com a contratação de uma Assistente Social, e o auxílio de voluntárias, as famílias passaram a ser acompanhadas. Continuam as doações de cestas básicas, mas o trabalho vai além. Um dos trabalhos fortes está na geração de trabalho e renda. Por meio do Fundo Arquidiocesano de Solidariedade – FAS, a paróquia criou dois projetos em comunidades empobrecidas: Comunidade São Marcos e Fazenda de Dentro. Na primeira, foram adquiridos equipamentos para que as famílias extraíssem a polpa do açaí. Sete famílias são beneficiadas com o projeto. Elas plantam, colhem, extraem e vendem a polpa, garantindo uma renda extra. Na Fazenda de Dentro, foi criada a Associação das Fazendeiras, Amigas, Guerreiras e Otimistas - AF AGO AFA GO. São pessoas que trabalham com a reciclagem de papel e confeccionam agendas, blocos de anotações, papel cartão, bolsas e sacolas personalizadas. Ainda nas comunidades empobrecidas, a paróquia pretende reativar a Pastoral da Criança e a Infância Missionária. Nessa linha, ainda pretende realizar missões nas comunidades novas para marcar a presença da Igreja com vistas à criação de novas comunidades.

O Brasil é mundialmente conhecido como o país do futebol. Que melhor país para se realizar uma Copa do Mundo se não a própria nação do futebol? Este ano, para hospedar o evento, o Brasil está investindo cerca de R$ 27 bilhões de reais, através dos governos municipais, estaduais, federal e da iniciativa privada. A previsão é que o megaevento injete R$ 112 bilhões na economia brasileira, entre capital direto e efeitos indiretos e induzidos. Em outros tempos, o Brasil estaria todo colorido de verde e amarelo, aguardando ansiosamente a chegada dos dias do evento. Provavelmente nosso país pararia para ver os jogos. No entanto, o que vemos hoje, é uma situação bem diferente. As cores pintadas nas casas e ruas deram lugar às cores mais escuras e densas, como o preto dos Black Blocs. Olhando pra todo esse movimento da Copa, parece que o Brasil não tem mais nenhum problema. O “padrão FIFA” foi feito para inglês ver, pois na prática a realidade é outra. Para o cidadão, o “padrão” foge à regra, pois o cidadão pobre não se encaixa nesse “padrão”. Fica complicado acreditar na Copa do Mundo e no “padrão FIFA de qualidade”, quando a maioria das crianças, que sonham em ser jogadores de futebol, não têm acesso a bens para suprir suas necessidades, como saneamento básico, saúde e educação. A maioria sequer tem uma chuteira: jogam descalços, no barro, no asfalto, ao lado do esgoto a céu aberto e usando suas sandálias pra fazer de trave. Provavelmente a comissão que averigua o padrão de qualidade da FIFA não aprovaria esse “estádio”. As carências do Brasil vão muito além de “pão e circo”, ou de bola e estádio. Enquanto são investidos bilhões neste megaevento, outras necessidades vão ficando patentes: a cada centavo gasto num estádio, o seu Zé se dá conta de que não tem transporte publico de qualidade para seus filhos irem à aula;

a cada real gasto em publicidade, a dona Maria se vê deitada num corredor de hospital, esperando por atendimento médico. Claro que sabemos que com Hospital não se faz Copa. E é justamente isso que queremos dizer: “Não queremos Copa, queremos hospitais”. Realmente “O gigante acordou”, e acordou como um urso depois de um longo período de inverno, com muita fome, e fome de justiça. Desde as manifestações de junho, o país vive uma onda de protestos, e o povo se questiona: pra quem é isso? pra quem é essa Copa? Enquanto bilhões de reais são investidos em obras para a Copa, milhões de brasileiros ainda vivem na miséria, são pobres, excluídos, e à margem de qualquer “padrão FIFA de qualidade”. A realidade que vivemos no Brasil, não é tão bela como a apresentada em algumas propagandas de refrigerante. Para

Desde as manifestações de junho, o país vive uma onda de protestos, e o povo se questiona: pra quem é isso? pra quem é essa Copa?”.

os pobres, os que sofrem nas filas dos hospitais, os que sofrem com um transporte público caro e de má qualidade, para as crianças sem escola, para os jovens vítimas do extermínio, os milhares sem saneamento básico e todos os que sentem fome de justiça, permanecem as perguntas: Onde Jesus sentaria: na cadeira numerada do Maracanã padrão FIFA, ou nas comunidades dos despejados para a ampliação dos estádios? Esta Copa é para quem e para quê? Felipe Candin Candin, Assessor de comunicação da Cáritas Brasileira Regional Santa Catarina


Jornal da Arquidiocese

Geral 13

Março 2014

Irmãs renovam e fazem primeiros votos Duas irmãs fizeram primeiros votos, três renovaram e uma deu o seu sim definitivo ao chamado de Deus Divulgação/JA

As Irmãs Franciscanas de São José celebraram nos dias 25 e 26 de janeiro a Renovação dos Votos de três irmãs, e a Primeira Profissão de duas Irmãs. A celebraar císio ção, presidida pelo Pe. TTar arcísio Pedro Vieira, Vieira foi realizada em Angelina, na Capela do Convento, com a presença dos familiares, pessoas da comunidade, amigos, benfeitores e Irmãs da Congregação. O lema das irmãs que fizeram a Primeira Profissão Religiosa foi “Eu sei em quem coloquei minha confiança!” (2 Tm 1,12). No dia seguinte, Irmã Juliana Martins fez seus Votos Perpétuos, em Cerimonia presidida por Dom João Francisco Salm, Salm bispo de Tubarão. As cerimônias foram realizadas durante o Capítulo Provincial, que reúne todos os membros da congregação para avaliação e planejamento das atividades pastorais. Irmã Michele Costa é natural da Paróquia de São José, na Arquidiocese. Aos 16 anos sentiu-se tocada pelo chamado do Senhor. Entre curiosidade e inquietações, iniciou o acompanhamento vocacional. Seus sonhos de jovem menina foram aos poucos ganhando outro rumo e em fevereiro de 2007 iniciou sua caminhada de formação para a Vida Consagrada. Hoje

Durante Celebração, três irmãs fizeram a reunovação dos seus votos serve ao Senhor junto a seus pequeninos, no Centro Educacional Menino Jesus, no Bairro Santa Mônica, Florianópolis. Já Irmã Carine Fontes Ribeiro veio de longe, Heliópolis, na Bahia. Desde criança, um desejo diferente mexia com o seu coração. Aos poucos foi sentindo fortemente o chamado vocacional e a atração pelo seguimento de Jesus Cristo. Por mediação das Irmãs que realizaram uma Missão na sua comunidade, iniciou o acompanhamento vocacional. Ingressou em na Família Religiosa das Irmãs Franciscanas de São José, passando pelas etapas iniciais de formação. Ela

serve ao Senhor no ministério pastoral da Paróquia de São Joaquim, Diocese de Lages, SC. Na mesma celebração, as Irmãs Irmã Léa Dart Santos Ferreira, Marlene Brand e Adriana Santos Silva renovaram seus Votos. Irmã Bruna Matias da Luz, do mesmo grupo, renovou seus votos na comunidade de Jacaleapa, Honduras, onde serve ao Senhor como missionária. Irmã Léa exerce sua missão desde 2012 em Angola. Irmã Marlene está na Comunidade de Moreninha, em Campo Grande, MS. Já Irmã Adriana integrará a Fraternidade do Provincialado e servirá ao Senhor, em Barreiros, São José.

Mons. Affonso Emmendoerfer - in memoriam No dia 11 de dezembro, aos 80 anos de idade, faleceu Monse Monse-nhor Af Afffonso Emmendoer Emmendoerffer er. Desde dezembro de 1994, era vigário paroquial da Paróquia São Sebastião, em Tijucas, mas nos últimos anos vivia no Lar Santa Maria da Paz, em Tijucas, sob os cuidados das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados, onde recebia a visita constante dos amigos e parentes. Nascido em Itajaí, aos 11 de junho de 1933, filho de Aloys e Alvina, estudou nos seminários de São Ludgero e Azambuja (em Brusque), e também em São Leopoldo e Viamão, no Rio Grande do Sul. Recebeu sua ordenação presbiteral em 1º de dezembro de 1957, na cidade de Itajaí, pelas mãos de Dom Joaquim Domingues de Oliveira e desde então dedicou sua vida a Deus e ao próximo. A sua história de vida, se confunde com a

própria história da Arquidiocese, por conta dos eventos que protagonizou em sua trajetória de 56 anos dedicados ao Ministério Presbiteral, 27 dos quais dedicados aos trabalhos na Cúria, de 1966 a 1994, no tempo do Arcebispo Dom Afonso Niehues. Na Cúria, dirigiu o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, atuou na Fundação Dom Jaime de Barros Câmara, criou e dirigiu a Revista “Pastoral de Conjunto”, que

funcionou por 32 anos e deu origem ao Jornal da Arquidiocese. Palavras de Mons. Affonso em entrevista ao Jornal da Arquidiocese por ocasião de seu Jubileu de Ouro de Ordenação Sacerdotal em 2007: “Olhando para trás, sinto-me feliz e realizado como Padre. Combati o bom combate e guardei com fidelidade o meu Sacerdócio, graças a Deus, à proteção de Maria, à amizade, à colaboração e compreensão de muitíssimas pessoas que conheci e que muito me ajudaram”. O corpo foi velado na tarde do mesmo dia do falecimento na Igreja Matriz da paróquia de Tijucas. A missa de corpo presente foi celebrada no dia seguinte, às 8h30, no mesmo local, presidida pelo nosso adeu Arcebispo Dom Wilson TTadeu Jönck Jönck, sendo o corpo sepultado no jazigo da família no cemitério da Fazenda, em Itajaí, sua terra natal.

C onhecendo as Forças Vivas da Arquidiocese

Pastoral do Migrante Entre as “Forças Vivas da Arquidiocese” encontramos também a Pastoral do Migrante. Aliás, nem poderíamos imaginar uma Arquidiocese com tão altas cifras de Mobilidade Humana sem alguém que mantenha viva a consciência da Igreja,peregrina por natureza, sobre o fenômeno migratório. Esta atividade foi exercida, durante 2 anos, na Catedral, pelos padres Scalabrinianos Scalabrinianos. A propósito, a acolhida dos colegas Padres, dos Servidores e do povo da Catedral, foi um belo exemplo de como devemos acolher o Migrante. A partir de 02 de junho de 2013, dando posse aos padres Dirceu e Joaquim na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, na Prainha, o sr. Arcebispo a definiu como sede da Missão Scalabriniana para coordenar a Pastoral do Migrante. Não se poderia pensar melhor Padroeira que Santa Teresinha, para um trabalho missionário. A mística da Pastoral do Migrante tem como base a Palavra de Jesus: “Eu era forasteiro e tu me acolheste” (Mt 25, 35). Isso, trocado em miúdo, significa: Acolher Jesus presente na pessoa de cada irmão/ã migrante. O 13º Plano de Pastoral da nossa Arquidiocese, especialmente na parte do “Ver o rosto da nossa Arquidiocese”, nos apresenta uma bela visão sociológica, onde se ressalta com dados científicos a presença do Migrante no território da nossa Igreja: “A Arquidiocese de Florianópolis é fortemente afetada pelo processo da ‘litoralização’ uma vez que se situa no litoral central do Estado, estando seus municípios entre os que mais recebem novos moradores, também dos países do Cone Sul”. A Pastoral do Migrante dá atenção especial ao estrangeiro ou seja ao Imigrante. Nossa atividade específica se desenvolve em 3 dimensões: social, cultural e espiritual. No que respeita ao social, temos a acolhida, a orientação Jurídica sobre documentação conforme o Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815 de

1980), o encaminhamento aos diversos órgãos públicos correspondentes, o apoio econômico para a busca de documentos e pagamento das devidas taxas para conseguir a cidadania, os contatos com as famílias no país de origem, o aprendizado do idioma nacional, o socorro nas mais diversas emergências... A dimensão cultural compreende o cuidado de oferecer as condições possíveis para que o Imigrante vá, progressivamente, integrando-se em nosso meio, preservando, porém, os preciosos valores culturais de seu país de origem, evitando assim uma “assimilação” que, aliás, o tornaria despersonalizado. A dimensão espiritual é conduzida num cuidadoso espírito ecumênico. Naturalmente que nossa proposta é “cristã católica”, mas sempre com o máximo respeito pelas mais diversas denominações, tendo presente antes de tudo a Pessoa Humana. Para que possamos dinamizar convenientemente esta Pastoral em nossa Arquidiocese, solicitamos a colaboração de todos pedindo que nos encaminhem esses “Hermanos” de todos os povos e nações, a fim de que lhes demos a atenção que estiver ao nosso alcance. Para isso oferecemos os contatos com a Pastoral do Migrante Migrante: Missão Scalabriniana “Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus” Rua 13 de maio, 62 – CEP 88.020230 - Prainha, Florianópolis – Fone: (48) 3225-7043 – E-mail: migran tesfloripa@gmail.com esfloripa@gmail.com; Tel: Pe. Dirceu: (48) 9927-4314 – Pe. Joaquim: (48) 9930-5266.


Geral S.O.S. Desaparecidos

Março 2014

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Foto JA

Major Marcus fala do programa da Polícia Militar que está intimamente ligado à CF-2014 A Polícia Militar de Santa Catarina, desde 12 de outubro de 2012, mantém o programa S.O.S Desaparecidos, que tem muito a ver com a CF-2014. “Nem todo desaparecido foi traficado, mas quase todo traficado, em algum momento do tráfico, torna-se um desaparecido”, explica o Major Marcus Roberto Claudino Claudino, coordenador do programa. Nesta entrevista, ele fala do trabalho realizado, das circunstâncias em que ocorrem os desaparecimentos, apresenta números sobre os desaparecimentos em Santa Catarina, fala um pouco sobre o livro que publicou recentemente sobre o tema, sobre a entidade que está sendo criada pelas famílias dos desaparecidos e, também, sobre os benefícios de a Igreja devotar esta Campanha da Fraternidade ao problema. Jornal da Arquidiocese - O senhor é o responsável pelo SOS Desaparecidos. Fale-nos sobre esse trabalho. Major Marcus - Diante do problema do desaparecimento que assola uma família cada 11 minutos no Brasil, a Polícia Militar lançou no dia 12 de outubro de 2012 o Programa S.O.S Desaparecidos, desenvolvendo missões de aten-dimento e resposta ao problema, priorizando os casos que envolvem crianças e adolescentes. O Programa ainda criou a coordenadoria de pessoas

desaparecidas da PMSC, onde sou coordenador e comando uma equipe com disponibilidade e exclusividade de dedicação na busca, divulgação, armazenamento de dados de desaparecidos e encaminhamento psicossocial das famílias vitimadas. Neste período, 92 pessoas já foram diretamente encontradas pela nossa equipe e mais 2600 solicitações de ajuda já foram atendidas. JA - Em que circunstâncias acontece a maioria dos desaparecimentos? Major Marcus - São várias as circunstâncias, sendo mais preocupantes os casos envolvendo criança e adolescente. A Secretária Nacional da Promoção do Direito da Criança e do Adolescente afirmou que a maior causa de desaparecimento de crianças e adolescentes é a fuga, que representa 40% do total de casos. Na seqüência: a subtração da criança por um dos pais (15% dos casos); o rapto consensual, comum no caso de namoro entre adolescentes que fogem juntos (10%); e o desaparecimento relacionado ao tráfico de droga e exploração sexual (5%). JA - Essa questão parece distante de quem nunca teve um ente querido desaparecido. Que números o senhor tem sobre isso? Major Marcus - Atualmente

Major Marcus diante do quadro com alguns dos desaparecidos do Estado

Refletir, adotar estratégias de combate e discutir nas comunidades sobre o tema, trará resultados únicos no combate ao tráfico humano”.

no Brasil são 200 mil desaparecimentos por ano, sendo 40 mil de crianças e adolescentes. Em Santa Catarina, temos aproximadamente 3 mil registros de desaparecidos no mesmo período. O desaparecimento acontece em todas as classes sociais, sendo que uma pesquisa recente, realizada por nossa equipe, concluiu que 80% das crianças desaparecidas estavam na escola e tinham casa própria. Concluímos que a pobreza é um fator relevante do desaparecimento, mas não preponderante. Isto é, pode acontecer com qualquer família. Infelizmente não temos sistemas integrados em todo o Brasil para a rápida disseminação de um informe de desaparecimento.

Retalhos do Cotidiano Deixemo-nos modelar como argila nas mãos do Oleiro. Docilidade, abandono: características da argila; embelezamento de acordo com o molde: sinal do Oleiro!

Bondade A bondade revigora, dá-nos asas como as de águia. E a águia só pode desejar ter um amante: as alturas!

JA - Há um grupo de familiares pretendendo criar uma entidade para os desaparecidos. O que o senhor pensa disso e qual a participação da Polícia? Major Marcus - Estamos auxiliando as famílias na organização e criação do GAFAD - Grupo de Apoio aos Familiares de Desaparecidos, compostos por familiares de desaparecidos e alguns voluntários. A ideia é dar independência às ações e estrutura para encaminhamento psicossocial dos familiares vitimados pelo desaparecimento. Nosso maior aliado é o amor das mães, e nosso maior inimigo, a indiferença da sociedade. JA – De que forma a ado ado-ção do tema “Fraternidade e Tráf ico Humano”, pela CFráfico 2014, vai contribuir para a causa dos desaparecidos? Major Marcus - Uma coisa tem que ficar bem clara aos leitores: nem todo desaparecido foi traficado, mas quase todo traficado, em algum momento do tráfico, torna-se um desaparecido. A reflexão sobre o tema deste ano poderá trazer ações importantes para combater o tráfico humano, bem como o desaparecimento. O tráfico humano é uma realidade também em nosso Estado e conhecemos centenas de casos recentes desse crime. Refletir, adotar estratégias de combate e discutir nas comunidades sobre o tema, pode trazer resultados únicos e significativos no combate ao tráfico humano.

Velhice

Progresso

Quem está com Cristo, mesmo sendo dos antigos, sempre é novo; e quem não está com Ele, mesmo sendo novo, é velho!

Progredir juntos, no casamento: como é belo! Progredir juntos: um vive para o outro e, com o Outro, amam e servem os outros!

Pedras

Oleiro 2 Muitas vezes a argila está dura, o coração empedrado, e não deixamos o Senhor nos modelar. Mas, se Ele nos dá uma contrariedade, é porque ali na frente nos reservou uma alegria; outras vezes, Ele nos oferece uma alegria porque logo virá uma dificuldade. Que Ele faça como quiser, porque Sua vontade é sempre o melhor para nós!

para o GAFAD- Grupo de Apoio aos Familiares de Desaparecidos.

Carlos Martendal

Divulgação/JA

Oleiro

JA - Recentemente o senhor publicou o livro “Mortos sem sepultura”. Qual o assunto? Major Marcus - Meu livro aborda o problema do desaparecimento e o calvário que as famílias enfrentam na luta por uma real atenção do Estado brasileiro para a resolução do problema. Trata, ainda, das causas do desaparecimento, perfil dos envolvidos, protocolos de atuação policial, tecnologias que auxiliam a busca e principalmente propostas de otimização do empenho policial e soluções práticas para tratar o tema, sob a ótica das famílias, da polícia e do Estado. O lançamento será no dia 18 de março na ALESC e toda a renda será destinada diretamente

Jornal da Arquidiocese

As pedras são mudas, mas falam... Montes de pedras podem significar uma multidão de pecados, mas também podem representar pecadores que, reconhe-

Biruta Uns peixinhos de madeira estão pendurados na parede e balançam pra lá e pra cá, conforme o vento. Se forem deixados assim por algum tempo, e se o vento forte igualmente continuar, aquele cordão que os

sustenta poderá romper-se e eles cairão. Assim devemos ser nós: ‘birutas’ de Deus. Deixemo-nos conduzir pelo seu sopro, o Espírito Santo. Quando o fio da vida quiser se romper, Ele nos segurará!

cendo os próprios pecados, vão deixando suas ‘pedrinhas de estimação’ umas juntas das outras e se retiram, porque não podem condenar...

Elogio

Necessidade

Como faz falta o elogio que se espera de quem mais se ama e não se ouve!

Todo aquele que sente necessidade de Deus não é autossufi-ciente. A esse, Deus socorre!

Subida Penso que o casal todos os dias sobe os morros da vida e a escada da santidade, na medida em que sabe se ajoelhar.

Quanto mais sobe e quanto mais se ajoelha, mais consegue descortinar os belos panoramas que o aguardam!


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Papa canonizará Padre Anchieta em abril Jesuita veio para o Brasil aos 19 anos e ajudou na evangelização dos primeiros colonizadores e dos índios Apóstolo do Brasil, o Beato José de Anchieta será declarado Santo pelo Papa Francisco no início do próximo mês de abril. A informação foi passada pelo Arcebispo de Aparecida e Presidente da CNBB, Dom Raymundo Damasceno. “José de Anchieta deixou marcas profundas no início da colonização do Brasil, como também na sua evangelização. Eu creio que ele merece ser cultuado por toda a Igreja”, disse. Dom Raymundo esteve com o Papa para falar sobre o beato José de Anchieta. Segundo ele, a canonização será feita em uma cerimônia mais simples, menos solene, que consiste na assinatura de um decreto pelo próprio Papa Francisco, o qual declarará Santo o beato. A escolha de uma cerimônia mais simples em vez de uma grande cerimônia na Praça São Pedro foi uma decisão do próprio Papa. “Ele quis uma cerimônia mais simples, discreta, mas tem o mesmo valor, evidentemente, que quando a canonização é feita de modo mais solene”. A canonização será comemorada com uma Missa celebrada pelo Papa Francisco e com a presença de bispos e representantes do povo canadense e do Brasil. Isso porque, segundo Dom Damasceno, a canonização de padre José de Anchieta será feita junto com outros dois beatos ca-

Vai acontecer...

Pós-Graduação em Doutrina Social da Igreja

Pe. Anchieta realizou importante trabalho de evangelização. Também através da escrita, catecismo, gramática, poemas, peças de teatro sacro nadenses, importantes para a história da Igreja no Canadá.

Apóstolo do Brasil Nascido em São Cristóvão, Tenerife, uma das ilhas do Arquipélago das Canárias, a 19 de março de 1534, Pe. Anchieta chegou ao porto da Bahia em 1553. Tinha apenas 19 anos e vinha com as melhores disposições espirituais possíveis para exercer sua missão. O jovem José encantou-se com a Terra de Santa Cruz. Fez da conversão da gente da terra a sua meta. Embora tão moço e não tendo ainda sido ordenado sacerdote, Irmão José era dos primeiros missionários jesuítas que se estabele-

ciam na nova terra. Sua meta era conquistar almas para Cristo. Da Terra de dimensões continentais em que aportou nunca mais saiu. Sua missão no Brasil era catequizar colonos e nativos. Nesse trabalho, aprendeu com perfeição a língua tupi a ponto de escrever uma gramática da língua. Seus conhecimentos contribuíram para que Portugal vencesse refregas contra os franceses, que tentavam dominar regiões da colônia. Era conhecido por escrever poemas e peças teatrais na areia da praia. Morreu aos 63 anos no povoado de Iritiba (atual Anchieta), no Espírito Santo, comunidade que ele mesmo ajudou a fundar. Foi beatificado por João Paulo II em 1980.

Renúncia de Bento XVI completa um ano Há um ano, o então Papa Bento XVI fez um anúncio que deixou Igreja e o mundo perplexos: declarou que iria renunciar ao papado ainda naquele mês. Foi uma decisão histórica, pois a última vez que um papa havia tomado tal medida foi na Idade Média, 598 anos antes. Em 11 de fevereiro de 2013, aos 85 anos, o pontífice alegou que a saúde frágil era razão de sua renúncia. Leigos e religiosos ficaram surpresos e abalados, pois a expectativa era que Bento XVI fizesse como o antecessor, Beato João Paulo II, e seguisse no cargo até o fim da vida, mesmo doente e debilitado. Hoje o teólogo alemão, que des-

de 2005 ocupava o cargo máximo da Igreja Católica, desceu do presbitério, tirou o anel de pescador e a mitra, saiu dos holofotes e conquistou uma vida de silêncio e de oração no anonimato. Só não escapou de se tornar o principal conselheiro do papa Francisco, seu sucessor. Embora aos olhos do mundo haja uma ruptura clara entre os dois pontificados, Francisco encara sua missão como continuidade do antecessor. “A base das reformas em andamento foi feita por Bento XVI. Francisco recebeu um tesouro doutrinal e arregaçou as mangas”, sublinha dom José Aparecido, ex-subsecretário do

Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, atualmente bispo auxiliar de Brasília. Os dois papas beberam da mesma fonte da espiritualidade, bastante centrada na obra do sacerdote ítalo-alemão Romano Guardini, falecido em 1968. Francisco considera Bento XVI um dos maiores intelectuais do século. Não à toa, iniciou a primeira exortação apostólica, a Evangelii Gaudium, com ensinamentos dele, além de ter contado com o apoio integral do alemão na primeira encíclica, Lumen Fidei. “O ‘Viejo’ foi quem escreveu. Dei apenas alguns retoques”, brinca Francisco, internamente.

Já estão abertas as inscrições para o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Doutrina Social da Igreja na Realidade Brasileira Brasileira. Promovido pela Faculdade Católica de Santa Catarina – FACASC/ITESC, as inscrições vão até o dia 30 de junho. O curso é destinado a coordenadores(as) de pastorais sociais; agentes de pastoral; assessores e multiplicadores; padres, diáconos, seminaristas e religiosas/ os; lideranças comunitárias; militantes sociais etc. São 60 vagas. Os interessados devem apresentar comprovante de gradua-

ção reconhecido pelo MEC. O curso é dividido em três etapas, com aulas um fim de semana por mês, preferencialmente às sextas e sábados, com alguns também no domingo. As disciplinas serão ministradas por professores da FACASC e professores convidados. A inscrição custa R$ 150,00 e a mensalidade será de 20 parcelas de R$ 120,00. Mais informações no site www .f acasc.edu.br www.f .facasc.edu.br acasc.edu.br, ou pelo e-mail secretaria@facasc. edu.br ou ainda pelo fone (48) 3234-0400.

Teologia para leigos Já estão abertas as inscrições para os Cursos de Extensão da Faculdade Católica de Santa Catarina – FACASC de 2014. Os cursos oferecidos são: Teologia Sistemática; Bíblia - Segundo Testamento; Teologia Bíblica Pastoral; Teologia Litúrgica Fundamental; Teologia Catequética – Pastoral; e Canto e Música Litúrgica. As inscrições podem ser realizadas até o dia 10 de março. Os cursos serão realizados sempre às segundas-feiras segundas-feiras, das 19h30 às 22h, na sede da instituição, na rua Deputado Antônio Edu Vieira, 1524, no

Pantanal, em Florianópolis. As aulas terão início na noite do dia 10 de março e serão ministradas por professores da instituição, por professores convidados e por alunos (monitorados) das últimas fases do Curso de Bacharelado em Teologia. A aula inaugural será ministrada pelas Irmãs Maria Aroni Rauen e Teresa Nascimento, sobre a Campanha da Fraternidade de 2014. As inscrições podem ser feitas no local, das 08h às 16h, pelo telefone (48) 3234-0400, ou pelo email: extensao@facasc. edu.br edu.br. Mais informações no site www.facasc.edu.br

Formação para lideranças A Pastoral de Coroinhas da Arquidiocese promove nos dias 15 e 16 de março, sábado e domingo, o Retiro Arquidiocesano para coordenadores e coordenadoras de coroinhas. Será no Provincialado das Irmãs da Divina Providência, em Florianópolis, e se destina às coordenações paroquiais e de comunidades, não importando a idade. O Retiro terá início às 07h, do dia 15, e terminará às 17h do dia

16/03. A assessoria ficará por conta do Pe. Alcides Albony Amaral Amaral, formador no Seminário de Azambuja. As inscrições podem ser feitas com a coordenação comarcal, ou diretamente com a Irmã Clea Fuck Fuck, coordenadora arquidiocesana da Pastoral dos Coroinhas, pelos fones: (48) 3263-0979 ou 99863339 (TIM), ou pelo e-mail ir.clea@gmail.com. O custo é de R$ 140,00, a pagar na chegada.


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Jornal da Arquidiocese

Nova congregação religiosa na Arquidiocese Fraternidade “O Caminho” está há cinco meses e trabalha com os pessoas em vulnerabilidade social

Pascom promove formação nas comarcas Esta será a primeira do ano e se destina às comarcas da Ilha e do Estreito

Algumas das irmãs que estão em Florianópolis e já iniciaram seus trabalhos outras pessoas”, acrescentou. A Fraternidade é formada por padres, religiosos(as), leigos e leigas consagrados de aliança. Ela surgiu há 12 anos, em São Paulo, por inspiração do Pe. Gilson Sobreiro, que realizava atendimento aos jovens dependentes químicos. O trabalho começou a ganhar volume e surgiu a inspiração de criar uma fraternidade para acolher esses jovens, dando a eles a oportunidade de mudarem de vida, de recomeçar de novo. Com o auxílio da leiga Sônia (hoje, irmã Serva), surgiu a Fraternidade “O Caminho” minho”. Essa obra vive totalmente da providência divina, que age por meio das pessoas que as ajudam com doações. No início, o trabalho era destinado a atender somente os dependentes químicos. Como conse-

quência, foi criada uma casa para acolhê-los. A partir daí, os braços foram se alongando para o atendimento às situações em que eles estavam envolvidos: encarcerados, moradores de rua, pessoas em situação de prostituição... Atualmente a Fraternidade conta com 59 casas, está presente em 15 estados do Brasil, e em outros três países (Bolívia, Paraguai e Estados Unidos). Florianópolis é a primeira diocese do Estado. Todas as irmãs são bastante jovens, alegres e disponíveis. A Irmã Serva está aqui apenas por uns meses, para o período de fixação da Fraternidade. Mais informações pelo site www.ocaminho.org.br www.ocaminho.org.br; ou pelo santajoanadarc@ e-mail ocaminho.org.br ocaminho.org.br; ou ainda pelo fone (48) 3241-2461.

Hino celebra a Anunciação do Senhor A Catedral Metropolitana de Florianópolis, juntamente com o Coral Santa Cecília, realizará no dia 25 de março março, terça-feira terça-feira, às 20h, a tradicional Celebração Mariana da Solenidade da Anunciação do Senhor, com o hino “AKÁTHISTOS”, em

Foto JA

Foto JA

Há cinco meses a Arquidiocese de Florianópolis conta com o trabalho das irmãs da Fraternidade dos Pobres de Jesus Cristo Cristo, mais conhecida como Fraternidade “O Caminho”. São nove irmãs que desde outubro de 2013 estão ocupando um espaço da capela Nossa Senhora Aparecida e São Geraldo na Paróquia Santo Antônio e Santa Maria Goretti, na Coloninha, em Florianópolis. Com o carisma “Jesus todo, todos de Jesus”, as irmãs, na vivência do seu carisma, pretendem trabalhar com os pobres mais marginalizados, os “excluidos da sociedade” entre eles: dependentes químicos, mulheres em situação de prostituição, moradores de rua, anciãos e encarcerados. “Em cada local onde realizamos nosso trabalho vemos qual a maior carência. Vamos para onde o Espírito Santo nos conduz. Por enquanto, estamos começando a visitação aos presos do presídio de Florianópolis”, disse Irmã Serva Serva, a co-fundadora da Fraternidade. Segundo ela, agora estão em fase de conhecer a realidade e se tornarem conhecidas. Ainda pretendem conseguir um local maior para morarem, pois em seu trabalho costumam também acolher pessoas na sua própria casa (dependendo da sua situação). Em caso mais graves, encaminham para suas casas de acolhida. “O espaço onde estamos é pequeno e não permite receber

honra da Mãe de Deus. A celebração será presidida por nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck. “AKÁTHISTOS”, palavra grega que significa “não sentado”, indica a forma como o Hino deve ser cantado: de pé. Ele salienta

o momento em que Maria recebeu o anúncio de que fora escolhida para gerar o Salvador, permanecendo Virgem. A celebração é realizada no dia 25 de março, que ocorre exatamente nove meses antes do Natal.

A Pastoral da Comunicação da Arquidiocese promove, no dia 16 de março, uma formação para as lideranças das comarcas da Ilha e do Estreito. O evento, no Santuário de Fátima, em Florianópolis, é destinado às lideranças das 21 paróquias das duas comarcas que já atuam com os meios de comunicação ou tenham interesse em iniciar esse trabalho. Pessoas de outras paróquias também podem participar. Com início às 8h30, o encontro contará com apresentação de experiências em comunicação nas paróquias, levantamento das atividades de comunicação realizadas, proposta de criação da Rede de Comunicação Arquidiocesana e oficinas de Blog, Fotografia e Texto jornalístico. Esta será a primeira atividade da Pascom para 2014. No decor-

rer do ano, a formação alcançará as outras comarcas da Arquidiocese: 13/04 - Comarcas de São José e Santo Amaro; maio na Comarca de Biguaçu (data a confirmar); 15/06 - Comarca de Tijucas; 17/08 - Comarca de Itajaí; 14/09 - Comarca de Brusque. As inscrições podem ser feitas pelo site da Arquidiocese ( www.arquifln.org.br ). Inforwww.arquifln.org.br). mações pelo e-mail jornal@ arquifln.org.br ou pelo fone (48) 8405-6578.

Escola Catequética Continuam abertas, e vão até o dia 13 de março, as inscrições para a Escola Catequética para Multiplicadores. Em sua 16ª edição, mais uma vez a Escola será realizada na Paróquia Santa Inês Inês, em Balneário Camboriú Camboriú, com sete etapas, de março a setembro. Promovida pela Coordenação

Arquidiocesana de Catequese, este é o segundo ano em que a Escola é realizada em Balneário Camboriú. Para participar, os interessados devem entrar em contato com a coordenação de catequese de sua paróquia ou comunidade, e preencher o folder de inscrição. Mais informações pelo fone (48) 3224-4799.


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