Baderna - espaços à vontade

Page 1

Baderna - espaços à vontade por Sheila Ribeiro O espectador entra no espaço. Ele chegou pra assistir Baderna. Ele olha pra frente, pra cima, pros lados. Ele tropeça e olha de atravessado. Tem muitos bancos - Barderna estava esperando por ele ou ela ou el@. A espectadora procura por um lugar, o seu lugar. Ela perambula um pouco, vai pra frente e vai pra tras, vai pro lado. Olha pra outras pessoas. Ela nao sabe se acertou ou se errou e escolhe. Ela senta. Ela olha de novo. @ espectado@ esta imerso em uma situaçao carinhosa e solene multivetorial. Tantas peles estao ali: pele de tambor, pele de branco, pele de negro, pele das aspas da historia e da antropologia dessas terminologias que passam pelo “branco” e pelo “negro”, pele de orixa, pele de artista contemporaneo, pele de homem, pele de mulher, pele cultural, pele de pixel, pele de politica, pele de evento. Um espaço feito de peles porosas e descentralizadas. Todo mundo espera. A espera é coletiva e conectiva. Luis Ferron fala. Ele da as boas-vindas e abre um espaço. Ele propoe um espaço. A voz dele é distorcida por um efeito que abre outro espaço: “Gente…” – diz ele. Ele, que traz na voz distorcida todas as peles citadas no paragrafo anterior. Pele que nao é mestiça, ja que todos esses vetores se conflituam e criam, à vontade, uma gama de sentidos interdependentes sem se misturarem por complete, sem virarem uma vitamina de frutas. As entidades montam sobre seus cavalos, passam por entre os poros dessas peles. Cada pele tem seu tipo de poro: mais fechado, mais rustic, mais deslizante, completamente arido, poros medianos, poros de tapa, poros de dedada, poros de soco, poros de chuto, poros televisivos e eletronicos.


A Pina Bausch veio. Todo mundo na Barderna é entidade. Entidade é amigo e potencia misteriosa. Baderna é encruzilhada cruzada. Sheila Ribeiro é sheilaribeiro.net


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.