Edição N.º 1661

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SEXTA-FEIRA, 21 FEVEREIRO 2014 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXXII, N.o 1661 (II Série) | Preço: € 0,90

EEspécie que “frequentava” Porto Covo e Milfontes extinta há mais de 30 mil anos

Descobertas pegadas de “elefante” nas praias do litoral alentejano págs. 16/17

D. Manuel do Cenáculo Primeiro bispo de Beja morreu há 200 anos págs. 12 e 13

David Simas. É este o nome de um dos homens fortes de Barack Obama. Responsável pela campanha que reelegeu o atual presidente dos Estados Unidos, Simas tem raízes profundas no Alentejo. A mãe é natural de Abela, Santiago do Cacém, localidade onde reside ainda boa parte da família Pereira Matos, do monte do Arraial. “O nosso David está na Casa Branca”, repetem com orgulho. págs. 4/5 PUB

Bombeiros de Odemira sem dinheiro para pagar ordenados

Rotura de stock na farmácia do hospital gera inquérito

pág. 9

pág. 7

O amigo “alentejano” de Obama Reportagem em Abela, Santiago do Cacém, terra natal da mãe de David Simas


Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

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Editorial Sonhar

Vice-versa Sendo certo que a composição do Conselho de Administração está legalmente definida (…) havendo entre os seus membros, obrigatoriamente, dois médicos (…) e que os diretores clínicos, são figuras obrigatórias, (…) pergunto: a legalidade do CA da Ulsba e a regularidade das suas deliberações, encontram-se asseguradas com a atual formulação? Pergunta ao Governo de Luís Pita Ameixa, deputado do PS, 11 de setembro de 2013

Paulo Barriga

A legalidade da composição do conselho de administração [da Ulsba] e a regularidade das suas deliberações encontram-se asseguradas.

S

ão eles que guardam o maior tesouro da humanidade: O poder de sonhar. Quem tem crianças em casa sabe bem do que falo. Uma caixa de cartão pode transformar-se numa nave espacial a uma velocidade muito superior à da luz. À incomensurável velocidade da imaginação. Um cão de companhia pode ser agora um temível dragão e logo depois um urso polar ou uma mera almofada fofinha, no instante seguinte. Uma bola de futebol numa leira de coentros não é mais do que a representação precisa, exata, do maior estádio do mundo repleto de adeptos ululantes com o resultado inimaginável da equipa do seu coração. Nenhum microfone do mundo ganhou tantos festivais da canção, deu tantos concertos ou participou em tantos festivais de música do que o pisa alhos lá de casa. E o mais improvável é que estes cantores, estes ponta-de-lança, estes domadores de feras, estes astronautas conseguem sê-lo no intervalo das suas reais profissões: Bombeiros, médicos de família, cozinheiros, tratoristas, repositores de produtos nas prateleiras dos supermercados. Ofícios e artes que desempenham em diferentes e muitas vezes irreconhecíveis idiomas. E debaixo de superpoderes que podem transformar em estátua, dizer palavras ao contrário, andar de gatas ou de arrecuas ou até fazer desaparecer coisas e pessoas. Que é o que normalmente acontece quando chega o adulto e nada criativo prato de sopa à mesa do jantar. Nesta edição do “Diário do Alentejo” falamos do sonho. Do sonho de um menino que queria ser advogado e, já agora, presidente dos Estados Unidos da América. Este menino chama-se David Simas. O pai é açoriano e a mãe alentejana, de Abela, Santiago do Cacém. Os progenitores conheceram-se em Moçambique e decidiram emigrar pouco depois para o Massachusetts. Foi lá que nasceu o David. Há 44 anos. Quando foi para escola mal falava a língua inglesa. Sonhava em Português o sonho de vir a ser advogado e… Hoje é advogado e cientista político. Foi um dos obreiros, se não o verdadeiro obreiro, da última eleição de Barack Obama. Atualmente é um dos homens fortes da Casa Branca. E, pelos vistos, o sonho ainda não acabou por aqui. Sonhar é o maior tesouro da humanidade mas dá uma trabalheira imensa. Que o diga David Simas. Ou que o digam as minhas filhas Maria e Matilde na altura de arrumar os destroços de um dia de sonho.

Resposta de Paulo Macedo, ministro da Saúde, 10 de fevereiro de 2014

Fotonotícia

Monarcas carnavalescos Já é conhecido o resultado da votação para o trono da maior celebração carnavalesca do Alentejo. Victor Cardoso e Patrícia Moiteiro são os reis do Carnaval de Sines 2014, festejos que decorrem naquela cidade do litoral entre 15 de fevereiro e 5 de março. Merche Romero e José Figueiras são os embaixadores oficiais. Entretanto, a Câmara de Sines anunciou que aprovou a atribuição de um apoio financeiro de 45 mil euros à Siga a Festa – Associação de Carnaval para a realização do evento. A decisão foi tomada por unanimidade. Com este apoio, informa a Câmara de Sines, “a autarquia assume-se como parceira na concretização de um dos eventos de maior interesse para Sines, fator de coesão da população local, projeção da imagem do concelho e atração de visitantes”. Foto de Arilio Santos

Voz do povo O que pensa da possível venda dos quadros de Joan Miró?

Inquérito de José Serrano

António Inverno 69 anos, pintor

Francisco Serafim 47 anos, professor

Florival Monteiro 63 anos, historiador de arte

É uma vigarice. Existe com certeza um negócio por detrás de tudo isto. É lamentável que o próprio Governo faça contrabando. Porque o que fez é ilícito. Enviou para fora do País, para vender, quadros que são património de Portugal. Comprados com o dinheiro do povo. É um roubo. Não têm o direito de fazer tal coisa. Para este Governo a cultura não existe. São analfabetos.

Considero que não houve debate ou análise suficientes para saber o que se pode e deve fazer com estes quadros. Não houve o cuidado de verificar as várias possibilidades que a posse deste espólio permitiria. Para que se pudesse chegar a uma conclusão. Inclusive a da venda. Dá-me ideia que a decisão tomada foi planeada às escondidas.

Estas pinturas são parte integrante do património artístico português. Para elas deveria ser feito um projecto de musealização. Estes quadros devem estar expostos ao público. A importância das obras constitui seguramente uma fonte de atração turística. Bem como valiosos instrumentos pedagógicos para as escolas de arte. Mas este Governo a única cultura que vê é a da batata.

José Campos 61 anos, engenheiro técnico agrário

O Governo devia dar prioridade a que estes quadros ficassem no nosso País. São parte do nosso espólio cultural. Que com esta venda não está a ser devidamente defendido. Se os venderem é património que desaparece. Que não volta mais. Tenho a ideia de que a cultura está a ser transferida para um plano inferior. Que não está a ser equacionada com a exigência que lhe é devida.


Rede social DR

Semana passada QUINTA-FEIRA, DIA 13 ALCÁCER DO SAL PJ DETEVE SUSPEITO DE FURTO DE ARTE SACRA

A Câmara de Moura deu início ao projeto “Avestruz Mariluz”, que visa “a dinamização da Ludoteca Municipal de Amareleja e da Biblioteca Municipal Urbano Tavares Rodrigues – Pólo de Amareleja”. De acordo com a autarquia, o projeto está direcionado para as crianças do pré-escolar e 1.º ciclo do ensino básico da Escola Básica Integrada de Amareleja e consiste numa hora do conto no espaço da biblioteca seguida de jogos temáticos relacionados com o conto na Ludoteca. Numa primeira fase do projeto, que decorre até ao próximo dia 26, serão abrangidas 71 crianças de três salas de pré-escolar e 113 alunos de cinco salas de 1.º ciclo, num total de 184 crianças da Escola Básica Integrada de Amareleja. O projeto decorre em horário letivo e será posteriormente apresentado na Feira do Livro de Moura para o público em geral. Numa segunda fase, a partir de 3 de maio, serão abrangidas as crianças de Póvoa de São Miguel, Safara e Santo Aleixo da Restauração.

ALENTEJO LITORAL APRESENTADO PLANO DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE O Plano de Promoção da Acessibilidade do Alentejo Litoral, promovido pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (Cimal), foi apresentado em Santiago do Cacém, na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. O plano, com incidência nas sedes de concelho dos municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines foi elaborado no âmbito do projeto Rampa – Regime de Apoio aos Municípios para a Acessibilidade. A concretização do plano pretende favorecer não só os cidadãos portadores de deficiência ou mobilidade reduzida – como invisuais, deficientes motores, crianças, idosos, grávidas, pessoas com carrinhos de bebé e pessoas temporariamente incapacitadas – bem como contribuir para a melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos que utilizam o espaço público.

A nova direção, eleita para o próximo triénio, apresenta-se mais dinâmica e participativa na vida cultural e artística da cidade, daí a apresentação de um plano da atividades que pode ser lido em diversas vertentes. No caso da animação cultural da cidade escolhemos a reanimação da Festa das Maias, uma tradição que se mantém há cerca de 2 000 anos, com o seu simbolismo marcado pelo fim do inverno e a elegia da primavera. Continuamos com a parceria que temos com a câmara no Festival Internacional de BD e As Palavras Andarilhas, propondo animar o centro histórico com muitas novidades para o projetar junto dos habitantes e visitantes. Nesta linha queremos ainda descobrir a história das figuras de Beja e vários acontecimentos marcantes, com várias conferências, a iniciar em março, com a divulgação das conclusões de escavações arqueológicas. Queremos ainda propor duas rotas turísticas importantes para a permanência de turistas na cidade e região, candidatar o projeto da Arte Azulejar de Beja e Beja com Sabores do Tempo. Pensamos ainda criar uma publicação periódica de divulgação. Este é um plano de atividades muito ambicioso. Vamos ver no que vai dar, dependendo das vontades e verbas de apoio.

Músicos de Portugal, Espanha e Marrocos reuniram-se no Pax Julia num concerto musical de homenagem em torno da poesia do poeta árabe bejense Al-Mu’tamid, um dos mais importantes do Al-Andalus. Um concerto que contou com a participação especial de Janita Salomé. DR

Foi reeleito presidente da Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja. Quais são as prioridades para este novo mandato?

Beja homenageia Al-Mu’tamid

II Festival de Sopas supera expetativas Mais de 2 100 sopas foram servidas em Santiago do Cacém, no decorrer do II Festival de Sopas. Evento organizado pela paróquia local e pelo Agrupamento 722 do CN de Escutas e que juntou cerca de um milhar de pessoas de todas as idades, o dobro do ano passado. DR

MOURA CÂMARA PROMOVE PROJETO “AVESTRUZ MARILUZ”

Presidente da direção da Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja

Crianças em projeto de arte comunitária As crianças do 1.º ciclo de Entradas e Castro Verde já iniciaram os trabalhos comunitários no âmbito do Festival Entrudanças. “Liberdade à volta da cabeça” é o projeto que a BAAL 17 está a desenvolver, explorando o conceito da liberdade através do teatro ou da roda. DR

SEGUNDA-FEIRA, DIA 17

3 perguntas a Florival Baiôa Monteiro

Tendo em consideração o atual contexto socioeconómico, que dificuldades têm sentido na gestão da associação?

Como me dizia um amigo hoje de manhã, neste domingo de sol, Beja é pior que uma aldeia. Em parte, ou no todo, estou de acordo, porque uma cidade precisa de gente e o coração de Beja está deserto, precisa com urgência de uma nova dinâmica, onde os jovens artistas e empreendedores tenham lugar. Esta é a verdadeira crise, a inércia e falta de participação dos cidadãos na vida e desenvolvimento do concelho. A crise tem obrigado muitas associações a encerrar, porque ninguém é obrigado a trabalhar voluntariamente e muitas instituições ainda não compreenderam que elas são vitais para a vida democrática do País.

Vinte novos confrades efetivos e cinco de honra Vila Nova de São Bento recebeu o III Capítulo de Entronização da Confraria Gastronómica dos Enchidos, que contou com mais de 200 convidados. Durante o encontro foram entronizados 20 novos confrades efetivos e cinco confrades de honra. DR

A Polícia Judiciária de Setúbal deteve um homem suspeito de furto de arte sacra do século XVII e do século XVIII, em duas igrejas de Alcácer do Sal, em julho e agosto do ano passado. O arguido, de 36 anos, que está indiciado por furto qualificado de diversas peças de arte sacra, devidamente classificadas e catalogadas, terá praticado os crimes com a ajuda de outro indivíduo que ainda não foi localizado pelas autoridades, refere, em comunicado, a Judiciária de Setúbal. A operação policial, que culminou com a detenção do primeiro arguido, na sequência de duas buscas domiciliárias, contou com a colaboração da GNR de Grândola. O arguido foi presente a tribunal para primeiro interrogatório judicial, tendolhe sido aplicada a medida de coação mais gravosa, de prisão preventiva. A Polícia Judiciária de Setúbal vai prosseguir as investigações para tentar localizar o outro suspeito e identificar os recetadores de grande parte dos objetos de arte sacra furtados de duas igrejas de Alcácer do Sal.

QUARTA-FEIRA, DIA 19 FERREIRA DO ALENTEJO SESSÕES DE ESCLARECIMENTO SOBRE RESÍDUOS A Câmara de Ferreira do Alentejo, através do Centro de Educação Ambiental dos Gasparões, promoveu esta semana três sessões de esclarecimento no concelho sobre o que fazer com resíduos produzidos em casa. A primeira sessão realizou-se na quarta-feira, em Alfundão, a segunda, na quinta-feira, em Peroguarda, e a terceira terá lugar hoje, sexta-feira, em Figueira dos Cavaleiros.

Que comentário lhe merece a situação atual do Museu Regional de Beja?

O museu é, talvez conjuntamente com o abandono do centro histórico, o nosso maior problema patrimonial. Desde há muito que vimos alertando para a necessidade de um verdadeiro projeto museológico, que inclua a sua ampliação, condicionamento do acervo, inventariação, exposições periódicas e linha de merchandising. O museu deve passar para a tutela da câmara ou servir corretamente toda a região com apoio técnico e científico. Nélia Pedrosa

Carpe Diem assinala 10 anos de existência A Associação de Jovens Carpe Diem assinalou, no último sábado, o seu décimo aniversário. Em palco, na Casa do Povo de Cabeça Gorda, estiveram o contador de histórias Jorge Serafim e o grupo Virgem Suta. A noite terminou ao som do Dj PT.

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“O meu filho, o David, veio acompanhar o presidente Obama a Portugal. Na cimeira da NATO. Estavam muitos jornalistas a abordá-lo e o presidente parou e perguntou: ‘Onde está o Simas?’ O meu filho aproximou-se e ele disse: ‘A família de David está a ver. Este é o meu amigo Simas’. Todos me chamaram para ver orgulhosos, e, eu, claro, mais orgulhosa fiquei. Tive a certeza que tínhamos feito o melhor”. Deolinda Matos

Há um luso-descendente, filho de

PETE SOUZA

Tema de capa Deolinda Pereira Matos, natural de Abela, no concelho de Santiago do Cacém, que está na Casa Branca. Sim, junto a Barack Obama, que o apelidou de amigo. David Simas, o amigo do presidente dos Estados Unidos da América, é também seu conselheiro e lidera ainda o seu Gabinete de Estratégia Política e Contactos. David Simas, o rapaz que sonhou ser advogado e presidente dos Estados Unidos da América, e que explanou essa vontade em Abela, no concelho de Santiago do Cacém, é sobrinho e primo de alentejanos. E os Pereira Matos, em Abela, rendem-se ao orgulho. “Sim, o David Simas é nosso sobrinho. O nosso David está na Casa Branca”. Era uma vez na América… Texto Bruna Soares Fotos José Serrano

David Simas, filho, sobrinho e primo de alentejanos, lidera gabinete de Obama

D

Era uma vez na América...

estino: Abela, no concelho de Santiago do Cacém. Uma pequena freguesia com 890 habitantes, segundo o Censos 2011. Alguns deles, alguns destes habitantes, são conhecidos como os do “Arraial”. Herdaram, popularmente, o nome do monte que os viu crescer, que agora se confunde com a aldeia, porque de monte pouco ou nada já tem, está ladeado por casas. A terra cresceu. Junto à antiga casa da família avista-se um bairro, onde estão construídas moradias modernas, pintadas a branco e com barras de cores várias, consoante o gosto de quem as habita. As do monte, do monte do “Arraial”, permanecem, porém, azuis, lembrando as origens, as raízes e tempos antigos. Imaculado, pincelado a cal. Os do “Arraial” são, afinal, os Pereira Matos. Uma família alentejana de Abela, como tantas outras. Grande, composta por muitos irmãos, por muitos primos, uns mais

chegados outros mais distantes. Que têm então de invulgar os Pereira Matos? Nada, a não ser o facto de serem os tios e os primos alentejanos de David Simas, conselheiro de Barak Obama. David Simas é filho de Deolinda Pereira Matos, nada e criada também em Abela. O miúdo que se fez homem, o filho de Deolinda, lidera, nada mais, nada menos, que o gabinete político do presidente americano. Um dos do “Arraial”, o tal nome pelo qual a família é conhecida, que herdou o nome do monte dos seus avós maternos, é um dos braços direitos de Obama, que o nomeou ainda para liderar o Office of Political Strategy and Outreach. Traduzido à letra: Gabinete de Estratégia Política e Contactos. “É fantástico não é?”. A frase para começo de conversa é de José Pereira, primo de Deolinda Matos, primo de David Simas. O homem, alto e corpulento, de 66 anos, ajeita

o boné de quadrados miudinhos que traz na cabeça, de onde sobressaem alguns cabelos brancos. “Eu e a mãe do David [pronunciado à portuguesa] fomos sempre criados juntos. Ainda hoje continuamos a manter a lidação. Andei à escola com ela”, recorda o homem, que se encosta ao tronco de uma laranjeira que cresceu na freguesia, carregada de fruto. Deolinda está em Tauton, Massachusetts. Foi para lá que emigrou e foi já na terra de todas as oportunidades que nasceu David Simas, em 1970. Casou-se, antes, com António Simas, o pai açoriano do assessor de Obama. Mas antes do sonho americano, estiveram em África, em Moçambique, onde a história a dois começou. “A Deolinda saiu da Abela em busca de uma vida melhor e conseguiu isso. Para ela e também para a sua família”, recorda o seu primo. Na verdade, os pais de Deolinda morreram e a única rapariga, de nove irmãos, foi ter com

um dos que estava emigrado, Henrique, em Lourenço Marques. Foi em Moçambique que conheceu o pai de David Simas, na altura sargento da Força Aérea. David haveria depois, como não poderia deixar de ser, de ir ao torrão natal de sua mãe. Para passar férias, para visitar a família, para rever ou conhecer primos e primas. José Matos, tio de David, alto, magro, 80 anos feitos, e muita vontade ainda de trabalhar a terra, a avaliar pelos tratores que repousam no seu quintal, e pela quantidade de terreno que se avista, tendo como pano de fundo uma ribeira, que tem vezes que chega à oliveira mais perto da casa, recorda o sobrinho em criança. “Vinha cá com os pais, de férias, e gostava de andar aí com os primos, correndo de um lado para o outro. Eu tinha uma égua e os miúdos eram doidos por ela, o David também”. São já distantes esses tempos. David visita agora Abela, segundo José, “quando passa


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férias com os pais”. “É um rapazão que deu para a política. O Obama gostou do nosso David. E, graças a Deus, é um orgulho para todos nós. Nunca pensei de ter um sobrinho que fosse tão próximo de um presidente da América, um sobrinho que tem a sua família aqui na Abela. Não deixa de ser engraçado”, completa José, enquanto afaga o pelo do seu cão, o Tejo. Mas na memória das gentes de Abela há algo que lhes ficou cravejado. “Quando o David era pequenino, com cinco anos, perguntaram-lhe aqui em Abela o que ele queria ser quando fosse grande e ele respondeu: advogado e presidente dos Estados Unidos da América”, atira um dos tios, esboçando um sorriso, junto à travessa do monte do Arraial, onde cresceu com os irmãos. É António Matos, 83 anos, o irmão mais velho de Deolinda, que pega na conversa. Este discurso, porém, por muitos é conhecido em Abela e está bem presente na memória de todos. E salta de boca em boca. “Não está muito longe de concretizar o sonho que tinha em criança”, atira um dos moradores. Mas como é que David Simas chegou onde está? “Primeiro, interessou-se por política desde muito cedo”, garante o tio António Matos. “Venceu a sua primeira eleição com apenas 18 anos, quando se candidatou para o Comité de Educação de Tauton, onde residia com os pais e, por sinal, onde reside uma grande comunidade portuguesa”, completa. O pai torceu, durante muitos anos, pelos republicanos, mas David haveria de ser democrata. David Simas licenciou-se em Ciência Política na Universidade de Stonehill, mas ingressou ainda na Escola de Direito de Boston. Recorda-se do primeiro sonho do miúdo que ainda hoje ecoa na memória das gentes de Abela? O de advogado? Concretizado. Mais tarde foi contratado para o Congresso de Massachusetts, sendo depois nomeado para o gabinete do governador Deval Patrick. Acontece que o homem que inventou o slogan “Yes we can”, David Axelrod, diretor de campanha de Obama, convidou David Simas, sobrinho de António Matos, como conta o tio, para “a Casa Branca”. O luso-descendente tornou-se conselheiro político de Axelrod. “Em 2010 começou-se a preparar uma nova campanha para a reeleição de Obama e o David aceitou o desafio”, acrescenta António. Durante ano e meio foi diretor de sondagens de Barack Obama. Uma campanha feita a partir de dados estatísticos. Uma campanha revolucionária, que mediu tudo ao pormenor. David estava no topo do departamento dos números. “Depois da eleição foi convidado para ser assistente e conselheiro do presidente em comunicações e estratégia”, adianta António Matos. Lidera o gabinete de estratégia política e contactos. Assumiu ainda a defesa do plano de saúde do presidente: “Obama Care”. Tarefa, essa, controversa. Para José Pereira, o primo a residir em Abela, todo este percurso é muito fácil de resumir. Pois, o que realmente interessa, em sua

António Matos O tio mais velho da família materna

José Matos O tio que recorda David Simas na Abela em criança

José Pereira Primo de Deolinda Matos, a mãe alentejana de David Simas

“É um rapazão que deu para a política. O Obama gostou do nosso David. E, graças a Deus, é um orgulho para todos nós. Nunca pensei de ter um sobrinho que fosse tão próximo de um presidente da América, um sobrinho que tem a sua família aqui na Abela. Não deixa de ser engraçado”. José Matos

opinião, é que “o rapaz foi sempre seguindo o seu caminho. Sempre entusiasmado com a política”. “Arranjou o seu emprego e aí começaram a ver que ele tinha qualidades para a política e foram puxando por ele. O Obama tem confiança nele e é um dos seus assessores. E cada vez vai mais além, ocupando um e outro cargo”. É assim que se abrevia o percurso. O futuro logo se verá. Será que um dia poderá chegar a presidente, o outro sonho de criança de David? “Não nos espantaria. Já está onde está”, comenta António, esboçando novamente um sorriso largo que lhe ilumina toda a face, que se rosa da expressão, mas também do sol que incide de frente. À distância de um telefonema para os Estados Unidos da América está Deolinda Matos. Do outro lado da linha responde em inglês. Ouve falar em português e rapidamente retorque na sua língua materna. “Calculo que seja pelo meu filho, pelo meu

querido David”. Acerta em cheio. Mas rapidamente acrescenta, porque o coração de uma mãe sempre se reparte. “Sabe, a minha filha, a Melissa, também é jornalista. É jornalista da NECN. Uma rica menina, um orgulho”. Mas é mesmo por David Simas que a ligação é estabelecida e Deolinda não hesita em responder. A mãe de David Simas, natural de Abela, nunca teve dúvidas que emigrar foi o melhor, para si, para o seu marido e para os seus filhos. Mas houve um dia em que teve ainda mais certeza da sua partida. “O meu filho, o David, veio acompanhar o presidente Obama a Portugal. Na cimeira da NATO. Estavam muitos jornalistas a abordá-lo e o presidente parou e perguntou: ‘Onde está o Simas?’ O meu filho aproximou-se e ele disse: ‘A família de David está a ver. Este é o meu amigo Simas’. Todos me chamaram para ver orgulhosos, e, eu, claro, mais orgulhosa fiquei. Tive a certeza que tínhamos feito o melhor, mais uma vez. O presidente fez isso, porque sabia a importância que tinha para o meu filho, para nós, pais e irmã; mas também para os tios, tias e primos que estavam a ver o David”. E Deolinda ainda hoje agradece por esse momento, uma e outra vez. “Estamos cá para ver o que o futuro reservará para o meu filho. Nunca se sabe onde pode chegar. Mas já ninguém lhe tirará o facto de ser um rapaz trabalhador, amigo do seu amigo, amigo da família, humilde e nada vaidoso. O que pode uma mãe ou um pai desejar mais? A família está orgulhosa, todos estamos. Sai a nós, somos assim”. Deolinda não tem dúvidas que viveu e continua a viver o seu sonho americano. “Gosto muito de Portugal. Choro pela minha Abela, mas gosto muito da América”. A tal terra de todas as oportunidades. “Viemos atrás da nossa sorte. Nunca parámos de a procurar, e sempre disse isso aos meus filhos, que a procurassem, que fizessem para que acontecesse e eles fizeram e aconteceu”. Deolinda não esquece as origens e não é assim de estranhar que David Simas ainda hoje fale em português com os pais. “Ele já nasceu cá, mas até ir para a escola pouco inglês falava. Sempre falámos português em casa. Eu, neste momento, misturo o meu sotaque alentejano com o dos Açores, porque a família do meu marido está cá em maior número, mas é uma felicidade quando oiço a pronúncia alentejana, a minha pronúncia. O meu filho ainda esta semana leu, durante uma cerimónia, por motivos menos bons, infelizmente, um texto em português. E leu corretamente. Não nos esquecemos de onde somos, embora agradeçamos todos os dias à terra que tão bem nos acolheu”. A conversa regressa ao centro de Abela e o mais velho da dinastia Pereira Matos, António, volta a brotar um sorriso e enche-se novamente de orgulho para falar do sobrinho. “Foi conhecido e acreditado pelo presidente Obama. Continua muito satisfeito da vida, com a sua família, tem duas meninas muito bonitas. Está na Casa Branca. O meu sobrinho, o nosso David [pronunciado novamente à portuguesa], está na Casa Branca ao lado de Obama”. Ponto final.


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Ninho de Empresas de Ferreira do Alentejo acolhe mais duas empresas

Foram aprovadas, em reunião de câmara realizada no final da semana passada, mais duas empresas a instalar no Ninho de Empresas de Ferreira do Alentejo, a Quimiteste, Engenharia S.A. e a Find Ferreira do Alentejo With Us, anunciou a autarquia. O ninho de empresas, a funcionar desde 20 de novembro de 2012 no Parque de Empresas em Ferreira do Alentejo, conta atualmente com 11 empresas instaladas.

Moura e Santo Amador coloca auxiliares nas escolas A União de Freguesias de Moura e Santo Amador, no sentido “de minimizar as dificuldades que as escolas básicas do 1.º ciclo estão a atravessar em termos de pessoal auxiliar”, está a colocar, através de um programa do Instituto do Emprego e Formação Profissional, quatro auxiliares de ação educativa nas escolas do Sete e Meio, Bombeiros Voluntários, Porta-Nova e Fojo. Segundo a autarquia, a colocação de pessoal é válida até ao final do presente ano letivo e será retomada no período escolar de 2014/2015.

Atual DR

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Poiares Maduro “aposta” nos territórios de baixa densidade

93 por cento de fundos europeus para o interior O ministro-adjunto e do D e s e n v ol v i m e n t o R e gio nal , Miguel Poiares Maduro, destacou na segunda-feira a importância que o Governo vai atribuir aos territórios de baixa densidade, no próximo ciclo de fundos europeus, destinando-lhes 93 por cento das verbas.

“Q

uero destacar a importância que nós atribuímos aos territórios de baixa densidade”, em que “93 por cento dos fundos vão para as regiões menos desenvolvidas”, afirmou o governante, em declarações aos jornalistas. Poiares Maduro, acompanhado

pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro Almeida, falava à entrada para uma reunião com os membros do Conselho Regional do Alentejo, órgão consultivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), em Évora, onde foi recebido por uma manifestação de cerca de uma centena de pessoas. Ainda quanto ao próximo ciclo de fundos europeus, o ministro reiterou que haverá uma maior descentralização e que “o Alentejo vai ter mais capacidade para definir de que forma é que quer utilizar os fundos e potenciar a sua competitividade económica, mas ser também mais responsabilizado”. “O apoio vai vinculado a resultados

e não apenas à realização de projetos e passa a depender de determinados índices económicos e sociais”, disse. À chegada à CCDR do Alentejo, os membros do Governo foram recebidos com assobios e palavras de ordem contra as políticas do executivo por cerca de uma centena de manifestantes, onde se incluíam alguns dirigentes da União dos Sindicatos do Distrito de Évora (USDE), afeta à CGTP. “Abril de novo, com a força do povo” e “é preciso, é urgente correr com esta gente” foram algumas das frases entoadas pelos manifestantes. “Não valorizo”, respondeu o ministro, quando questionado sobre os protestos.

Sindicato dos professores faz “avaliação negativa”

Escola pública de má qualidade

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direção central do Sindicato de Professores da Zona Sul (SPZS),em reunião realizada em Beja no final da semana passada, fez “uma avaliação extremamente negativa da situação que se vive na escola pública, em resultado das políticas impostas pelo atual governo, em especial as praticadas pela equipa do ministro Nuno Crato”. Os dirigentes sindicais denunciam, “veementemente, entre outros aspetos, o crescente desemprego de docentes (aumentou 256 por cento entre 2010 e 2013),

o agravamento das condições de trabalho e de vida dos profissionais do setor, os cortes violentíssimos no orçamento de Estado destinado à educação e ciência com vista à degradação da escola pública” e ainda “uma deliberada desvalorização do ensino superior público e os acentuados cortes no financiamento da investigação científica”. Em discussão na reunião realizada em Beja estiveram temas como “o cumprimento da diretiva comunitária e da legislação nacional que obriga à remoção do amianto dos edifícios públicos, incluindo

escolas; o cumprimento da diretiva comunitária sobre vinculação e salários, que deverá aplicar-se a todos os docentes, incluindo os do ensino superior e das escolas de ensino artístico especializado, bem como a realização de um concurso geral intercalar em 2014; a urgência de se iniciar o debate das normas de organização do próximo ano letivo, para que não se repitam muitas das situações que marcaram negativamente o início do atual; e as designadas ‘meias licenciaturas’ a conferir pelos institutos politécnicos”.


A Câmara de Aljustrel vai atribuir bolsas de estudo a 14 alunos do concelho que frequentam o ensino superior neste ano letivo, num investimento de 10 400 euros. Segundo o município, a atribuição de bolsas de estudo visa apoiar estudantes com “dificuldades” em prosseguirem os estudos devido à sua situação socioeconómica. “A atribuição de bolsas de estudo é um modo de estimular a frequência em cursos superiores, melhorando as qualificações da população do concelho e contribuindo, assim, para um maior e mais equilibrado desenvolvimento social, económico e cultural”, considera a autarquia.

Alvito melhora estrada A Câmara Municipal de Alvito está a proceder às obras de beneficiação na EN 257. O objetivo é “melhorar a circulação e a acessibilidades a um conjunto de habitações, procurando oferecer aos utentes uma melhoria ao nível da qualidade e segurança da circulação, quer a automobilistas quer a peões”. “Com a conclusão desta obra pretende-se dar continuidade ao projeto desenvolvido, na

Utente sem acesso a antirretroviral em Beja

Inquérito a falta de medicamento Uma utente do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, não conseguiu ter acesso à terapêutica antirretroviral, que regularmente lhe é facultada, por rotura no stock da farmácia do ambulatório. Este episódio ocorreu “por disfuncionalidade” dos serviços, mas o medicamento foi enviado por correio para a paciente em tempo útil, garantiu ao “Diário do Alentejo” o conselho de administração (CA) da Ulsba, que abriu “um processo de inquérito para apurar eventuais responsabilidades pelo ocorrido”.

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o passado dia 4 de fevereiro, uma doente do hospital de Beja que é seguida na consulta de doenças infeciosas, e que atualmente reside e trabalha no Algarve, não conseguiu ter acesso ao medicamento antirretroviral que faz parte da sua terapêutica. Contactado pelo “Diário do Alentejo” o CA da Ulsba confirma a ocorrência, mas garante que o medicamento em causa lhe foi enviado “no dia 6

de janeiro, por correio, para o local onde reside”. O CA da Ulsba esclarece ainda que “em momento algum” qualquer um dos 121 doentes a quem é “disponibilizado a título gratuito” este tipo de fármaco “deixou de o ter”, e afirma que “a doente em causa não esteve qualquer dia sem tomar a respetiva medicamentação”. Na resposta que nos fez chegar por email, a presidente do conselho de administração da Ulsba, Margarida Rebelo da Silveira, lamenta “o incómodo causado à doente” e revela que na sequência do acontecido deliberou “abrir um processo de inquérito para apurar eventual responsabilidade pelo ocorrido”, mas garante que “não existiu nenhum impedimento de natureza financeira ou sequer gestionária na entrega desta medicamentação”. De acordo com fontes contatadas pelo “DA” a interrupção deste tipo de terapêutica, para além de causar danos ao doente, tem também um custo económico acrescido para a instituição, já que os tratamentos de recuperação têm custos muito mais elevados. AF

Legalidade do CA da Ulsba questionada

Ministro (não) responde a Pita Ameixa

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inco meses depois de Luís Pita Ameixa ter endereçado através da Assembleia da República uma pergunta ao Ministério da Saúde acerca da “legalidade da composição do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba)”, o ministro da Saúde respondeu, mas o deputado do PS acusa Paula Macedo de ter fugido à questão. A 11 de setembro de 2013, Pita Ameixa pretendeu ser esclarecido pelo Ministério da Saúde sobre “o enquadramento legal e o estatuto dos membros do CA da Ulsba”. Argumentava o deputado do PS que no site da instituição a médica Emília Duro, atual diretora clínica, era referenciada como “assessora da Área Médica Hospitalar”, quando a legislação aplicável, nomeadamente o Decreto-Lei n.º 183/208, de 4 de setembro, exigia que essa função fosse desempenhada por um membro médico do conselho de administração (CA). Lembre-se que a médica Emília Duro foi nomeada para o CA da Ulsba, por despacho conjunto dos ministros de Estado e das Finanças e da Saúde, publicado no “Diário da República” de 30 de janeiro de 2012, mas a 13 de julho do mesmo ano, e também em “Diário da República”, era publicado o aviso n.º 9893 em que a presidente

do CA da Ulsba, Margarida Rebelo da Silveira, anunciava a “renúncia ao cargo” por parte da médica Emília Duro e a nomeava “assessora para a área médica/direção clínica/área hospitalar” até “à nomeação do novo diretor clínico”. Perante este quadro, o deputado Pita Ameixa levantava dúvidas quanto à “legalidade da composição do CA da Ulsba e a regularidade das suas deliberações”, mas o ministro Paulo Macedo, na resposta agora enviada, assegura que esses pressupostos se encontram “assegurados”. O primeiro ponto da carta, assinada pelo chefe de gabinete de Paulo Macedo, cita o despacho 1293/2012, em que Emília Duro é nomeada para o CA da Ulsba, mas não faz qualquer referência à sua posterior renúncia ao cargo. O deputado do PS, em declarações ao “Diário do Alentejo”, considera-se “perplexo” com a resposta obtida e diz que “ou quiseram fugir à questão” ou existe “ignorância e desconhecimento por parte do ministro” parecendo até que “o Ministério da Saúde anda um bocadinho desordenado”. Pita Ameixa equaciona agora voltar a endereçar as mesmas perguntas ao ministro Paulo Macedo. AF

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promoção de uma estratégia de atuação integrada, com vista à melhoria da acessibilidade interna e externa ao concelho, minimizando futuros problemas nas deslocações e assegurando uma maior mobilidade da população, representando esta aposta um importante contributo no sentido da sua qualificação e afirmação no contexto local e regional”, explica a autarquia.

07 Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

Câmara de Aljustrel atribui bolsas a 14 alunos


08 Diรกrio do Alentejo 21 fevereiro 2014 PUB


Ferreira do Alentejo promove I Semana da Proteção Civil A Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo, através do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) e em parceria com a Associação de Bombeiros Voluntários de Ferreira do Alentejo (Abvfa), leva a cabo, entre os dias 24 e 28, a I Semana

09 A Câmara Municipal de Mértola e a Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa promovem entre hoje, sexta-feira, e domingo, 23, um rastreio de doenças cardiovasculares em várias localidades do concelho. A iniciativa, que conta com o apoio das instituições locais, é composta por três ações. Para a população em geral, os alunos de medicina irão realizar rastreios de doenças cardiovasculares e fazer aconselhamento personalizado a cada munícipe. Destinado aos jovens do concelho terá lugar uma ação de informação, sensibilização, divulgação e consciencialização para flagelo da infeção pelo vírus da imunodeficiência Humana (VIH), bem como para os malefícios do álcool e do tabaco. Realiza-se também um mini hospital dos pequeninos, para que as crianças possam ter um contato lúdico com os profissionais de saúde.

Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

Rastreio de doenças cardiovasculares em Mértola

da Proteção Civil, no âmbito da comemoração do Dia Internacional da Proteção Civil, que se assinala a 1 de março. O programa inclui uma visita dos alunos do 1.º ciclo do concelho ao quartel da Abvfa (dia 24), exercícios de simulação na Escola Básica do 1.º Ciclo e Jardim de Infância e na Escola Básica e Secundária José Gomes

Ferreira, em Ferreira do Alentejo (dias 24 e 26), o I seminário “A Proteção Civil e a Sociedade” (dia 25) e o curso prático “Como utilizar um extintor”, aberto a estabelecimentos de ensino, instituições particulares de solidariedade social e outras entidades públicas e privadas do concelho (dias 27 e 28).

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Dívidas rondam os 350 mil euros

Bombeiros de Odemira sem dinheiro para salários Os Bombeiros de Odemira estão sem dinheiro para pagar a totalidade dos salários mensais aos funcionários, só conseguindo pagar metade, devido a atrasos no pagamento de clientes e à obrigação de regularizar uma dívida à Segurança Social. A corporação atravessa uma situação financeira “difícil”, com as dívidas a funcionários, a fornecedores, à Segurança Social e à banca a rondar os 350 mil euros, disse à Lusa o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Odemira (Ahbvo), Augusto Inácio.

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a origem deste problema, indicou o dirigente, está a redução em cerca de 40 por cento dos serviços de transporte não urgente de do-

entes nos dois últimos anos e a acumulação de dívidas de entidades estatais, na ordem dos 40 mil euros. O Centro Hospitalar de Setúbal deve mais de 20 mil euros à instituição e o Ministério Público de Odemira tem em dívida cerca de 13 mil euros, com faturas vencidas há mais de quatro anos. A situação agravou-se recentemente, com a obrigação de liquidar uma dívida de aproximadamente 80 mil euros à Segurança Social, que implicou hipotecar o quartel da corporação como garantia do cumprimento do plano de pagamentos. Augusto Inácio não se conforma e afirma ter dificuldade em compreender a medida, que considera “uma farsa” e “sem justificação”. Como consequência de todos os constrangimentos, a Ahbvo está sem capacidade financeira para pagar a totalidade

dos salários aos mais de 40 trabalhadores, tendo já os de janeiro sido pagos apenas pela metade. O presidente da instituição não acredita que “o problema possa ser resolvido a curto prazo” e despedir trabalhadores está fora de questão. “Não, porque isso era diminuir a capacidade instalada. Isso punha em causa a assistência, o socorro às pessoas”, frisou. Augusto Inácio apela, por isso, a que “haja uma ajuda” à corporação de Odemira, que, para encontrar o equilíbrio financeiro, precisa de, “pelo menos, mais 15 mil euros mensais”. Apesar de a corporação tencionar organizar alguns eventos e abrir uma conta bancária “solidária” para angariar fundos, o dirigente considera que se tratam de medidas “temporárias” e que é “essencial ter a garantia da sustentabilidade”.

Bombeiros de Alcácer do Sal mudam para novas instalações

Novo quartel na primavera

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s Bombeiros de Alcácer do Sal esperam, durante a próxima primavera, deixar o atual quartel e mudar para novas instalações, que estão concluídas mas precisam de ser equipadas, resolvendo o problema das inundações do espaço cada vez mais frequentes. O presidente da Associação dos Bombeiros Mistos de Alcácer do Sal (Abmas), António Balona, disse que o estado do atual quartel, ocupado pela corporação há quase 80 anos, é “incompatível” com o trabalho desenvolvido. O

novo edifício, construído num terreno da associação, na zona alta da cidade, está concluído, mas ainda não pode ser ocupado por falta de energia elétrica, mobiliário e equipamentos, revelou António Balona. A instituição está com “dificuldades financeiras para adquirir” o material necessário, reconheceu o dirigente, situação que terá de ser ultrapassada com recursos a empréstimos bancários. Esta foi também a forma encontrada pela Abmas para financiar a construção do novo quartel, cujo custo, inicialmente

avaliado em 1,6 milhões de euros, deverá cifrar-se “próximo dos dois milhões de euros”. A obra conta com uma comparticipação de fundos comunitários de cerca de 500 mil euros, tendo a Câmara de Alcácer do Sal contribuído com uma verba superior a 300 mil euros. Recentemente, o município atribuiu mais 150 mil euros à associação, para ajudar a pagar dívidas ao empreiteiro, e assumiu a realização dos acessos viários à infraestrutura dos bombeiros, que estão concluídos.


Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

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Olivicultores criam associação para defender setor no sul de Portugal

Congresso Nacional de Rega e Drenagem Termina na próxima terça-feira, 25, o prazo de entrega de resumos no âmbito do V Congresso Nacional de Rega e Drenagem, que decorrerá em Elvas nos dias 25 e 26 de junho, anunciou o

Olivicultores do sul de Portugal criaram uma associação para defender os interesses do setor olivícola na região, onde tem uma dinâmica “bastante significativa” e peso económico e já ocupa mais de 60 000 hectares. A Olivum – Associação de Olivicultores do Sul, apresentada na quarta-feira, em Beja, foi criada para “defender os interesses comuns dos olivicultores e do setor olivícola” na região, explicou o presidente da assembleia geral da associação, Armando Sevinate Pinto. A olivicultura tem “uma dinâmica bastante significativa e peso económico” no sul de Portugal, “mas isso não quer dizer que não existam problemas”, os quais “exigem que haja uma união entre os olivicultores para os resolver”, frisou.

Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), que integra o comité organizador. Com a realização do V congresso, pretende-se “dar continuidade aos fóruns de apresentação e discussão dos problemas relacionados com a rega e a drenagem

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que possibilite, a médio e longo prazo, melhorar o uso e gestão da água de rega e, assim, aumentar a disponibilidade de água para mais área de regadio, aumentar a produtividade da água e diminuir o potencial impacto ambiental associado à rega”.

Relatório sobre investimentos prioritários

Socialistas juntam-se às críticas A concelhia de Beja do Partido Socialista criticou na semana passada, à semelhança de outras entidades locais, o relatório final do grupo de trabalho para as infraestruturas a considerar prioritárias em termos nacionais até 2020, apresentado, no final de janeiro, ao Governo.

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s socialistas de Beja, que esperam que “o Governo altere algumas das opções sugeridas pelo grupo de trabalho”, referem, em comunicado, que no relatório final “são definidas 30 infraestruturas de carácter prioritário, com um custo total estimado de mais de cinco mil milhões de euros, sem que o Baixo Alentejo tenha qualquer relevo ou destaque em nenhum dos projetos estruturantes considerados prioritários” e que “não é considerada qualquer valorização

Paulo Arsénio Líder do PS Beja

da infraestrutura aeroportuária de Beja, nem a eletrificação da ferrovia entre Casa Branca e Beja, nem a conclusão das obras do IP8/A26”.

“Face às conclusões do relatório agora divulgadas, o PS de Beja aguarda com natural expectativa a decisão final do Governo sobre tão relevante matéria para a coesão do território e para o desenvolvimento económico do País”, adianta a concelhia, recordando “os compromissos que o PSD assumiu com a população do Baixo Alentejano nas últimas eleições legislativas e que não faziam prever a total paragem dum profundo trabalho de articulação das várias infraestruturas da região, no sentido de a tornarem mais competitiva e a dotarem de uma maior centralidade”. O PS considera “um erro grave que não se concluam rapidamente as obras do IP8/A26, e acessórias, que estavam em fase adiantada de trabalhos e que foram suspensas, com as graves consequências visíveis por todos, pelo governo de coligação PSD/CDS”.

Socialistas denunciam o fecho de 300 explorações

Porco alentejano sem regulamentação

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PS acusou esta semana o Governo de faltar com a regulamentação do comércio de porco alentejano, cujo setor atravessa uma “grave” situação devido à invasão do mercado por produtos ditos de porco preto que não são da raça. Em comunicado de imprensa, o deputado do PS eleito por Beja, Luís Pita Ameixa, refere que “o mercado tem sido invadido por produtos ditos de porco preto”, designação pela qual é vulgarmente conhecido o porco de raça alentejana, “mas que não são oriundos da raça”.

Em consequência, “tem vindo a perder-se a produção de porco alentejano, diminuindo o efetivo pecuário para níveis críticos e privando o mercado de um produto verdadeiro e de qualidade”. “Tudo porque o Governo está em falta na produção de regulamentação que discipline as condições de produção e a rotulagem diferenciadora dos produtos genuínos” de porco de raça alentejana, acusa, reclamando “com urgência” a aprovação da “necessária” regulamentação. Luís Pita Ameixa e outros 13

deputados do PS já questionaram o Governo, através de uma pergunta dirigida à ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, sobre a aprovação da regulamentação, que consideram de “extrema importância”. Lembrando que o secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar anunciou, em 2013, em Beja, que a aprovação da regulamentação “estaria para breve”, os deputados perguntam “quando será o breve”, porque “passou quase um ano e até agora nada”.

Deputados socialistas questionam ministra das Finanças

PS contra fecho das Finanças de Serpa

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s deputados socialistas Pita Ameixa e Paulo Pisco questionaram, na final da semana passada, a ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, sobre o eventual encerramento da repartição de finanças de Serpa. No documento entregue na Assembleia da República, os dois deputados perguntam ainda se “a situação económica, a deficiente rede de transportes,

o isolamento das populações, o envelhecimento populacional, a fraca penetração da Internet nos lares do concelho e os níveis de produtividade da repartição de Finanças de Serpa serão critérios a levar em consideração” e se o Governo “está consciente da fragilidade acrescida para o território do concelho de Serpa que representa” esta medida. Pita Ameixa e Paulo Pisco querem saber ainda como é que o Governo “encara

as dificuldades acrescidas” que as populações do concelho de Serpa “terão para resolver os problemas tributários” no caso de a repartição encerrar e, se tal se vier a concretizar, “o que acontecerá aos trabalhadores atuais”. No mesmo documento, os deputados sublinham que a repartição de finanças de Serpa, “logo a seguir a Beja e a Odemira, é o terceiro serviço em termos de volume de atendimento e de cobranças”.


Lombinhos de porco com trio de migas, feijão com cardos e carne de porco, feijoada com carne de porco, cozido de grão com cabeça de porco e grelhados mistos com migas de espargos são algumas das propostas do restaurante Ribafreixo, adega Arte do Vinho e café restaurante Charrua, do concelho de Vidigueira, no âmbito da Semana Gastronómica do Porco. A iniciativa, promovida pela Turismo do Alentejo e Ribatejo, terá lugar entre os dias 24 de fevereiro a 3 de março.

Campanha Coastwatch em Odemira O litoral odemirense vai receber a 24.ª Campanha Coastwatch. A ação de formação “Litoral: um futuro” terá lugar amanhã, dia 22, em Vila Nova de Milfontes, em resultado de uma parceria entre a Câmara

de Odemira e o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (Geota), organização não-governamental que coordena o projeto Coastwatch a nível nacional. Segundo a autarquia, o Coastwatch é um projeto de âmbito europeu que promove a

Grupo revelou-se no programa “Factor X”

Os Aurora gravam primeiro single

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oi o programa “Factor X”, da SIC, que deu a conhecer o talento musical dos jovens bejenses Eduardo Monteiro e João Carrasqueira e também de David Silva, natural de Santa Maria da Feira, e de Tiago Araújo, natural de Barcelos. Juntos no projeto musical Os Aurora, pelo seu mentor Paulo Ventura, foi na nona gala que a prestação dos jovens terminou. Porém, não tardou até que fosse divulgada a continuidade do projeto com o total apoio do gestor de carreiras, o que aconteceu em direto, no programa das manhãs da SIC no dia após a expulPUB

são do último grupo do talent show da estação de Carnaxide. O grupo já está a preparar o seu primeiro single, cujas gravações decorreram no Porto, e sobre o qual serão lançadas novidades em breve, prometem os jovens no seu twitter oficial. Entretanto, os jovens bejenses terão uma participação especial, amanhã, sábado, pelas 22 horas, na “Madness Party”, no Parque de Feiras e Exposições de Beja. Subirão também ao palco desta festa os Rapazes da Música, o projeto musical de Eduardo Monteiro. GF

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Vidigueira adere à Semana Gastronómica do Porco

cidadania ativa e consiste na monitorização e caracterização ambiental do litoral. O projeto conta com a participação de milhares de voluntários europeus, constituindo um importante instrumento de educação para a cidadania ambiental.

Mértola comemora Dia da Mulher com peça de teatro No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a Câmara Municipal de Mértola promove no dia 9 de março um passeio a Lisboa, que inclui uma ida ao Teatro Tivoli para assistir à peça “Lar Doce Lar”. A viagem, segundo a autarquia, “destina-se exclusivamente a mulheres maiores de 18 anos, recenseadas no concelho de Mértola”. As inscrições estão abertas até hoje, sexta-feira, no gabinete de atendimento da câmara municipal e nas juntas de freguesia.

Distúrbios Culturais arrancam no dia 24 Arranca na próxima segunda-feira, dia 24, a XIX Edição dos Distúrbios Culturais, uma iniciativa organizada pela Associação de

Estudantes da Escola Superior de Educação de Beja que se prolongará até ao dia 27, no campus do Instituto Politécnico de Beja, com variadíssimas iniciativas. Os Distúrbios Culturais têm como objetivo “fornecer aos alunos novas formas de conhecimento, abordando a cultura como engrenagem do seu funcionamento”. No plano musical, destaque para as atuações das tunas académicas e Dj Sunlize (dia 24), Los Cuatro Vientos e Dj Battle, Garfield vs Nardo e Mello (dia 25), Tokyfoge, Gustavovera, Ninja Kore e Bass Bastards (dia 26) e Duo Sensações, Ruben Baião, Frederico Barata e Dupla Mete Ca Sets.

Fados na Capricho Bejense O salão da Sociedade Filarmónica da Capricho Bejense recebe esta noite, pelas 21 e 30 horas, os fadistas Ana Tareco e Carlos Filipe (Em Tom de Fado) e Ana Rato.


Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

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Bilhetes para o FMM Sines 2014 já estão à venda

Os bilhetes para o FMM Sines – Festival Músicas do Mundo 2014 (concertos noturnos no castelo) já estão à venda na plataforma BilheteiraOnline.pt. O FMM Sines decorre de 18 a 26 de julho em Sines e Porto Covo. Para além destes concertos pagos, o FMM Sines oferece, como sempre, concertos gratuitos em vários períodos e palcos do festival. O FMM Sines é um festival de música realizado no concelho de Sines desde 1999.

Cultura JOSÉ FERROLHO

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Falcão antecipa festival na altura de abandonar Diocese de Beja

Terras Sem Sombra presta homenagem ao primeiro bispo de Beja José António Falcão é o novo presidente do conselho de administração do Organismo de Produção Artística (Opart), que gere a Companhia Nacional de Bailado e o Teatro de São Carlos. Nomeação sobre a qual considera ainda prematuro falar. No entanto, na hora de sair do Departamento Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHA), o historiador de arte fala da importância do património religioso na diocese mais pobre do País e lança a temática do próximo Festival Terras Sem Sombra que andará em torno da vida e obra do primeiro bispo de Beja, Frei Manuel do Cenáculo, por ocasião dos 200 anos da sua morte. Texto Paulo Barriga

A saída de José António Falcão para o Opart pode, de alguma forma, comprometer o normal funcionamento do DPHA, que até agora dirigia?

O Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, fundado em 1984, vai cumprir 30 anos de trabalho ininterrupto. Possui uma equipa estável, formada essencialmente por voluntários, que se caracteriza pela flexibilidade e pela generosidade. A Diocese de Beja é a mais pobre de Portugal e, desde os primórdios, teve que orientar os poucos meios existentes para prioridades muito concretas, entre as quais o apoio a comunidades e famílias que se deparam com situações difíceis. O DPHA assenta numa estrutura de voluntariado, que representa uma das suas principais mais-valias. O trabalho de preservação e salvaguarda do património religioso da diocese de Beja é reconhecido a nível nacional e internacional. Esta imagem, este bom desempenho, continua garantido?

Acredito que sim. O DPHA está habituado a partilhar os problemas e as soluções, é uma estrutura amadurecida. Hoje, ao contrário do que sucedia quando começámos esta caminhada, a preocupação com a salvaguarda do património religioso tornou-se um fenómeno transversal na nossa região. Alcançou-se um dos objetivos definidos pelo bispo D. Manuel Franco Falcão, uma figura marcante da vida cultural e social portuguesa da segunda metade do século XX, quando fundou esse serviço diocesano. E há uma rede de parcerias muito ativa no terreno, em que marcam presença os municípios.

José António Falcão é o novo presidente do Opart

Quais são as próximas ações e atividades do DPHA?

De março a julho vai decorrer a 10.ª edição do Festival Terras Sem Sombra, sob a direção artística do maestro Paolo Pinamonti. Esta edição conta com um programa notável e é assinalada, entre outras novidades, pelo regresso a Moura, uma cidade de grandes tradições musicais. Retomamos igualmente a colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian. O departamento vai dar também uma grande atenção às comemorações do 200.º aniversário da morte do primeiro bispo de Beja, D. Frei Manuel do Cenáculo, promovendo, em parceria, várias iniciativas de peso. Continuam outros projetos significativos para a região, como a valorização do Caminho de Santiago e a requalificação de igrejas e museus. Uma das ações de maior visibilidade do DPHA é, sem dúvida, o Festival Terras Sem Sombra. A edição deste ano vai decorrer com normalidade?

Está tudo a postos, graças à colaboração com as paróquias, as autarquias, as misericórdias e algumas empresas dos concelhos que irão ser visitados. Anteveem-se também passos importantes no sentido da internacionalização. Quais os pontos altos desta edição?

O Festival Terras Sem Sombra é consagrado, em 2014, a uma temática que assinala o papel desempenhado por Cenáculo na cultura do seu tempo, o diálogo entre a religião, a arte e a natureza. Esta edição intitula-se “Metáforas do Infinito: A Espiritualidade nas Polifonias dos Séculos XI-XX”.

historiador de arte José António Falcão é o novo presidente do conselho de administração do Organismo de Produção Artística (Opart), que gere a Companhia Nacional de Bailado e o Teatro Nacional de São Carlos. O anúncio foi feito pelo Governo, na quinta-feira da semana passada. Para vogais foram nomeados João Pedro Consolado e Adriano Jordão. A nomeação do conselho de administração foi aprovada em Conselho de Ministros e teve o aval da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública. Do Opart sai João Villa-Lobos, até agora administrador para a área financeira. José António Falcão dirige o Festival Terras sem Sombra de Música Sacra, que se realiza no Alentejo, e está há 30 anos à frente do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja. Foi assessor de direção do Museu Calouste Gulbenkian e diretor da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça. Quanto aos vogais do conselho de administração do Opart, um deles será João Pedro Consolado, que deverá ficar com o pelouro financeiro, dado o currículo profissional ligado à atividade de consultoria em gestão orçamental e direção financeira, em particular no Grupo TÜV Rheinland Portugal, multinacional de origem alemã, para a prestação de serviços de inspeções e certificações. O outro vogal é o pianista Adriano Jordão, que já tinha sido indicado para o cargo em agosto passado, em substituição do maestro César Viana. O Opart é uma entidade pública empresarial do Estado criada em 2007 para gerir a Companhia Nacional de Bailado e o Teatro Nacional de São Carlos, ambos em Lisboa. A sua extinção esteve prevista na reorganização orgânica da Secretaria de Estado da Cultura, aprovada em junho de 2012, mas foi suspensa em 2013, após a tomada de posse do atual secretário de Estado, Jorge Barreto Xavier. O mandato dos membros do conselho de administração tem a duração de três anos, sendo renovável por iguais períodos, permanecendo em funções até substituição.


Memórias do último caldeireiro do concelho de Castro Verde

Câmara de Moura candidata reabilitação da antiga Fábrica de Moagem de Amareleja A Câmara de Moura vai candidatar a fundos comunitários a reabilitação da antiga Fábrica de Moagem, em Amareleja, no âmbito de um acordo de cooperação estabelecido com a junta de freguesia local. A câmara apresentou à Junta de

Amareleja uma proposta de desenvolvimento de um programa de ocupação de espaços para o local, tendo por base a instalação de um centro equestre, um cinema ao ar livre e uma zona verde. Poderão ainda ser considerados outros equipamentos, dentro do limite de capacidade de uso daquele espaço, esclarece a câmara. A autarquia manifestou

Cénaculo morreu há 200 anos D. Fr. Manuel do Cenáculo Villas-Boas, o primeiro bispo da Diocese de Beja, mas também erudito, morreu há 200 anos. A Diocese de Beja, que já realizou uma primeira iniciativa de homenagem, em Sines, está a preparar diversos momentos para recordar Cenáculo ao longo deste ano. Texto Bruna Soares

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como investigar e como colecionador, que está repartida por numerosas entidades e localidades”, adianta o conhecedor da obra de Cenáculo. A nível nacional, de salientar a Biblioteca Nacional, a Biblioteca Pública de Évora e a Academia das Ciências de Lisboa, que são referências fundamentais neste percurso. Na região, contudo, destaque para o seminário, para o museu regional e algumas igrejas, como a de Nossa Senhora dos Prazeres. Para José Falcão, porém, “o seu maior contributo permanece vivo nas comunidades cristãs do Alentejo. Elas são depositárias e herdeiras de um património artístico, cultural e espiritual muito significativo, ainda insuficientemente estudado e conhecido”. Recorde-se que o primeiro bispo de Beja chegou à região “na sequência da reorganização, promovida pelo governo do marquês de Pombal, do mapa diocesano do País”, explica o diretor do DPHA. “Algumas dioceses eram, na altura, demasiado extensas, o que dificultava a sua administração. Isto tinha também reflexos políticos, uma vez que não existia separação entre a Igreja e o Estado”. “Beja e a sua região solicitavam, desde o século XVI, a refundação de uma diocese. No tempo de D. José I surgiu, finalmente, a conjuntura adequada para o efeito. O arcebispo de Évora, D. João Cosme da Cunha, cardeal

Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

ainda disponibilidade para desenvolver internamente, no âmbito de um acordo de execução a estabelecer com a junta, os programas de arquitetura e estabilidade, e propôs à junta a gestão conjunta da antiga fábrica, no quadro de um acordo que poderá incluir o pavilhão solar, a construir nas Cancelinas.

Diocese de Beja homenageia figura da Igreja pacense

ssinala-se este ano o 200.º aniversário da morte de D. Fr. Manuel do Cenáculo Villas-Boas, o primeiro bispo da Diocese de Beja. Uma figura principal da Igreja pacense. Mas como chega este erudito a Beja? Foi em 1770 que se tornou bispo da recém-fundada Diocese de Beja. Mas antes é preciso recuar na história. “Nasceu em Lisboa, em 1724. Ingressou jovem na Ordem Terceira de São Francisco, onde alcançaria posição de destaque. Doutorado em Teologia, exerceu a docência na Universidade de Coimbra e teve papel importante dentro da estratégia do governo de Sebastião José de Carvalho e Mello, conde de Oeiras, futuro marquês de Pombal, para a reforma do ensino”, começa por explicar ao “Diário do Alentejo” José Falcão, diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHA) e também grande conhecedor da obra de D. Fr. Manuel do Cenáculo. Ao serviço deste poderoso ministro exerceu ainda cargos com grande visibilidade pública, segundo José Falcão “prenúncios de uma estratégia cultural do Estado contemporâneo: presidente da Junta de Providência Literária, da Real Mesa Censória, da Junta de Subsídio Literário”. Afastado, porém, do poder quando D. Maria I subiu ao trono, e pôs de lado os colaboradores do marquês, pôde estabelecer-se finalmente em Beja. E o diretor do DPHA não tem dúvidas: “Foi um bispo notável. Na nossa cidade criou o primeiro museu público do País e uma academia, mas a sua ação estendeu-se a toda a região”. E a obra de D. Fr. Manuel do Cenáculo ainda hoje se encontra patente em vários locais. “Deixou uma vasta obra, como escritor,

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Objetos e memórias do último caldeireiro de Castro Verde, Carlos Lobo, poderão ser apreciados, até 4 de janeiro de 2015, numa exposição no Museu da Ruralidade, na vila de Entradas. Segundo a Câmara de Castro Verde, a exposição intitula-se “A propósito de Carlos Lobo: Objetos de uma Profissão Desaparecida – O caldeireiro” e pretende “reavivar” a memória do último caldeireiro do concelho.

em 1770, deu passos indispensáveis nesse sentido, aproveitados pelo governo para reclamar, junto da Santa Sé, através de complexas negociações diplomáticas, a criação da Diocese de Beja, que podemos dizer ter sido talhada à medida de Cenáculo”, recorda o estudioso. Uma opção, em sua opinião, “bem-sucedida”, em grande medida “graças ao talento pastoral demonstrado, por este, nas décadas seguintes. Soube lançar raízes que não feneceram”. Segundo José António Falcão, “era uma figura deveras respeitada no seu tempo, não só pelas evidentes qualidades intelectuais, mas também como homem de Igreja, primeiro como religioso de uma Ordem com intensas ligações à vida cultural e científica, depois como bispo e arcebispo”. E, durante este ano, D. Fr. Manuel do Cenáculo Villas-Boas vai ser recordado pela Diocese de Beja. “Trata-se de uma figura de envergadura nacional e internacional, mas é estrito dever do Alentejo lembrá-lo com toda a dignidade e, principalmente, com a maior irradiação possível”, adianta o diretor do departamento. Estão, assim, em preparação uma exposição, um colóquio e várias iniciativas pedagógicas, sempre em colaboração com outras instituições. A 10.ª edição do Festival Terras sem Sombra também lhe é dedicada. “Mas não podemos esquecer que a melhor maneira de lembrar Cenáculo consiste na dinamização de uma rede de parcerias, de que ele foi lídimo pioneiro. Temos consciência, no Departamento do Património da Diocese de Beja, de que somos herdeiros e continuadores do trabalho por ele iniciado. D. Fr. Manuel é, sem dúvida, o nosso patrono científico”, afirma José Falcão. O DPHA não esconde, assim, que gostaria que, como fez Évora, fosse dado o nome de Cenáculo a artérias das principais povoações da Diocese de Beja que estiveram ligadas à sua atividade. E a proposta, essa, vai seguir para os municípios. Até porque, para o diretor do departamento da Diocese de Beja, “Cenáculo soube captar a estima dos seus diocesanos. Não foi um pastor distante dos problemas reais das comunidades e ajudou frequentemente a resolvê-los, através de palavras e obras”.

Encontro em Serpa debate abutre preto e o lince ibérico O Centro de Investigação e Intervenção Social do Instituto Universitário de Lisboa organiza hoje, sexta-feira, entre as 14 e as 18 horas, na Escola Profissional de Desenvolvimento de Serpa, um encontro relativo ao Projeto LIFE – Promoção do Habitat do Lince Ibérico e do Abutre Preto. O evento, subordinado ao tema “Memórias locais sobre a natureza e situação atual” e que se destina a todos os moradores de Moura/Mértola, tem como objetivo “contribuir para um maior conhecimento e entendimento mútuo sobre as diferentes formas de encarar espécies como o abutre preto e o lince ibérico para a zona de Moura/Mértola e sobre as mudanças que têm ocorrido ao longo do tempo na relação entre as pessoas da zona e a natureza”.

PS promove em Beja conferência sobre educação e desenvolvimento A Federação do Baixo Alentejo do Partido Socialista promove hoje, sexta-feira, pelas 21 horas, no Beja Parque Hotel, uma conferência denominada “Políticas de Educação e Desenvolvimento”, realizada no âmbito das iniciativas nacionais do movimento Novo Rumo Para Portugal. A iniciativa, aberta à participação dos agentes educativos e dos cidadãos em geral, pretende “fomentar o debate de ideias e recolher contributos de todos, reconhecendo que a educação e o conhecimento são a chave para o desenvolvimento de Portugal”. A conferência, moderada por Pedro do Carmo, presidente da Federação do Baixo Alentejo, deverá contar com as intervenções de Vito Carioca, presidente do Instituto Politécnico de Beja, João Leal, professor do ensino superior e perito avaliador das equipas de avaliação externa das instituições de ensino não superior, e Gustavo Cardoso, professor do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa e coordenador do LIPP. Com a dinamização do movimento Novo Rumo Para Portugal, o Partido Socialista pretende “construir com os cidadãos e agentes dos diversos setores da sociedade uma alternativa de governação fortalecida que sirva melhor os interesses dos portugueses e do País”.


14 Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

O pacto de agressão assinado por PS, PSD e CDS foi um verdadeiro plano de destruição de emprego no País e no distrito de Beja. Se juntarmos os ocupados em programas de emprego e formação, incluindo os contratos emprego-inserção, o número de desempregados no distrito atingiria números muito superiores. A precaridade cresce. A maioria esmagadora das ofertas de emprego são para contratação a prazo com salários baixíssimos. Empobrece-se a trabalhar. Gabriel Ramos, “A Planície”, 15 de fevereiro de 2014

PEDRO EMANUEL SANTOS

Opinião

A alegoria da adulação Ana Paula Figueira Docente do ensino superior

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ieter Brueghel the Younger assinou “The Flatterers” em 1592. Trata-se de uma fantástica ilustração representativa da adulação e dos aduladores. Na inscrição pode ler-se: “Because so much money passes through my purse, therefore I am always surrounded by flatterers” (Porque passa tanto dinheiro no meu bolso, estou sempre rodeado de aduladores). Mas quem são os adulados e quem são os aduladores? Os primeiros são certamente aqueles que têm ou que se lhes reconhece qualquer espécie de poder, aquilo que põe verdadeiramente à prova o caráter dos homens; os segundos são os que estão dispostos a “pagar” pelo (máximo) conforto, mesmo que isso signifique sacrificar a “sua” liberdade. Junger, na tentativa de explicar que a tirania e a liberdade “andam de mãos dadas” mesmo quando se alternam no tempo, afirma que “a tirania suprime e aniquila a liberdade – mas, por outro lado, uma tirania só pode ser possível quando a liberdade se domestica e se volatiliza…”. Curiosamente, o processo agiliza-se quando a indiferença se instala no povo, na massa, nos governados (em qualquer situação e/ou em qualquer circunstância) e passa a ser permitido que “a bandeira da sua fé” dê lugar à amorfia, à abjeção e à ignomínia. Entristece-me deparar com muitos, e muitos, que cada vez mais parecem (re)agir desta forma… Albert Einstein afirmou que “é reduzido o número daqueles que veem com os seus próprios olhos e sentem com o próprio coração” se bem que, esperançosamente, também dizia que “não podemos desesperar dos homens, pois nós próprios somos homens”. Fé e Esperança. Nos homens. Na (s) política (s) criadas e definidas pelos homens. Na (s) política (s) legitimada (s) pelos homens. Protagonizada (s) por alguns dos homens. E os outros? E depois? Bom…diria que, a todos os homens… mais ou menos interventivos, mais ou menos ganhadores, mais ou menos perdedores, resta sempre o poder da maior crítica: a gargalhada. Aquela que, segundo Eça, não é um raciocínio, não é um sentimento, não cria nem responde por nada. Apenas destrói. Por isso, no limite, resta aos não aduladores a seguinte máxima: “Política querida, sê o que quiseres, toma todas as atitudes, pensa, ensina, discute, oprime – nós riremos. A tua atmosfera é de chalaça”.

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2014 é ano de festa na Base Aérea n.º 11. Faz a 21 de outubro precisamente 50 anos que o governo português, por portaria, inaugurou em Beja esta estrutura militar, ao abrigo dos acordos bilaterais entre Portugal e a República Federal da Alemanha. Primeiramente para treinos operacionais dos pilotos germânicos. Por estes dias também se comemoram os 30 anos da passagem dos aviões ALPHA JET para a Força Aérea Portuguesa. PB

É desesperante ver as nossas vilas e aldeias perderem, a cada dia que passa, os poucos jovens que aí tencionavam criar filhos e raízes. O que me anima é saber que os regimes que assim agem, apodrecem a uma velocidade que nem se dão conta! Napoleão Mira, “Correio Alentejo”, 14 de fevereiro de 2014

A economia do estado político

Alberto Trigueiros Sampaio

Jaime da Silva Lopes Investigador em Ciência Política

Luís Covas Lima Bancário

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uando pensamos na nossa democracia consolidada – com essa faculdade primária de substituirmos o poder, sem violência nem mudanças de regime –, vemos com naturalidade o partidarismo competitivo e o acesso das elites ao aparelho do Estado. Mas, na verdade, constata-se a dessincronização entre os planos, político e socioeconómico, com tempos diferentes, na compreensão e na reação, através das respostas desajustadas que recebemos. O que é próprio de uma partidarização cerceada, cercada na lógica eleitoral e de sobrevivência, e que institucionaliza, por exemplo, anomalias como os arcos da governação, que diferencia os partidos, nivela os eleitores, e que se satisfaz com uma abstenção maioritária. Ora, a resposta tardia é, em política, mais um problema. E a consequência da política estagnada é o progressivo distanciamento das elites, que procuram outros lados para a projeção e ambição, outros espaços com oferta de respostas às perguntas existenciais e materiais da sociedade. Como sem elites não há força económica, a exploração de outros lugares leva sempre consigo o mérito. Parece, então, que apenas uma cultura de corrupção sobrevive sem a meritocracia. Desta forma, deparamo-nos com uma política de necessidade, que esquece a estratégia e outros tempos do futuro. Esta incapacidade de lidar com vários tempos afasta-nos da política que temos que ter, porque, em grande medida, não sabemos o perfil dos destinatários na sociedade desestruturada pela economia da incerteza e experimentação, que favorece quem pode comprar este tempo, e faz perder tempo a quem não pode a mais. Uns e outros, corroboram na alienação sobre valores da sociedade, mingando o estado político. A razão-desculpa que o consenso nos dá mostra-nos as contas públicas com poucas contas políticas. Mas será uma falácia: a democracia é determinante para a situação pública (o contexto de cada indivíduo). E a democracia de boas contas, com exercícios de escolha, escrutínio, eleição, mobilização, participação na construção de deveres (com os direitos recíprocos) e acessibilidade do poder, é uma fonte de riqueza política para uma sociedade: através da reciprocidade institucional e responsável (o que exige adaptação permanente) produz mais condições de liberdade e distribui mais poder. O que significa menos dependência política, e menos corrupção latente. Só há mais corrupção, e cresce o nível despótico possível, com menos política na sociedade. O custo do debate, da argumentação, da análise e produção de valores e informação, compensa sempre o modelo da tirania. Assim, o crescimento económico (aumento do investimento tecnológico, de capital, e político, sobre, pelo menos, o mesmo rendimento per capita – uma boa fórmula para o leitor avaliar o estado atual da nossa situação) pode depender em grande medida das exigências políticas na cidadania, e da educação necessária para este efeito.

título desta crónica poderia ser “O Homem e o Médico”. Preferi destacar o seu nome, pelo contributo que deu à medicina deste País. Nasceu em Beja, a 3 de maio de 1935. Estudou no Liceu de Beja e cursou na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Médico, especialista em Ginecologia e Obstetrícia, defendeu sempre com dignidade e abnegação os seus doentes. Nunca se desligou da sua terra. Nos tempos de estudante em Lisboa era frequente deslocar-se a Beja. Seguia muitas vezes para Mértola, onde também namorou à janela. Fins de semana que funcionavam como um tónico suplementar para as noites perdidas em Lisboa, muito por força das obrigações e deveres do estudo e também pelo prazer enorme que tinha em estar com os seus amigos. A sua relação de amizades era extensa. O “Canas” e a “Severa”, os locais de convívio. Cumpriu o serviço militar em Angola. As localidades de Maria Fernanda e Luanda foram suas companheiras e atenuaram-lhe os sacrifícios que o teatro de guerra lhe impunha a espaços. Nunca foi homem para guerras, foi sempre um homem de consensos que considera os outros e por isso considerado. Um amigo grande que a todos ajuda, sempre de forma desinteressada. A sua vida profissional foi intensa. O internato médico foi feito nos Hospitais Civis de Lisboa. O internato geral em cirurgia no Hospital Curry Cabral. Medicina interna no Hospital dos Capuchos. De novo, no Hospital Curry Cabral em infetocontagioso. Os inúmeros bancos de urgência, nos Hospitais de São José e D. Estefânia. O internato da especialidade realizou nas maternidades Santa Bárbara e Magalhães Coutinho. Provas públicas nos muitos concursos realizados, sempre com distinção. Ao longo da sua vida, a aptidão para a carreira hospitalar, sempre meritória, realizou o Homem e o Médico. Quando se aposentou em maio de 2001, foi-lhe concedido pelo Ministério da Saúde um Louvor pela sua dedicação à Maternidade Magalhães Coutinho e ao Hospital de D. Estefânia. O seu contributo para a melhoria permanente da qualidade assistencial e para a humanização de cuidados de saúde foi devidamente reconhecido. A sua vocação para a formação foi enaltecida pela especialização de dezenas de médicos. Para além da sua atividade profissional, foi distinguido ainda, pelo seu desempenho no exercício de tarefas de administração com particular destaque para os cargos de Diretor Clínico e de Presidente do Conselho de Administração do Hospital de D. Estefânia. Um ato de inteira justiça, que confirmou a sua dimensão maior e uma personalidade de exceção. A amizade e o reconhecimento que sempre prestou à minha família consagro-os no meu coração. Sempre que o encontro, falamos de vidas, da vida, a que passou e o que nos resta dela. Das alegrias e das tristezas. Do Sporting, que ambos idolatramos. De política, nem pensar, porque não gostamos nem nos atrai. Beja deve orgulhar-se de mais um dos seus filhos, que tanto a projetou e que não a esquece.


O pai é açoriano. A mãe é alentejana, de Abela, Santiago do Cacém. DAVID SIMAS foi um dos obreiros e um dos grandes responsáveis pela reeleição de Barack Obama. Foi ele que coordenou a campanha eleitoral mais cara da história e aquela que se baseou exclusivamente na estatística. O presidente americano não ficou indiferente ao esforço de Simas e convidou para a Casa Branca. Hoje é um dos homens de confiança do presidente. PB

Há 50 anos Substantivos, lixo com rosas e o costume da pancadaria

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ranscrito do “Ecos de Belém”, de Lisboa, publicava o “Diário do Alentejo”, numa das suas edições de meados de fevereiro de 1964, um “recorte” intitulado “Colonial ou … do Ultramar?”. Isto, recorde-se, numa época em que o fascismo enfrentava já uma guerra colonial em duas frentes (em Angola e na Guiné – o conflito armado em Moçambique seria desencadeado meses depois) e em que a imprensa era severamente controlada pela censura salazarista. Era assim a transcrição: “Por ordem do Governo da Nação, foi eliminada a palavra ‘Colonial’ – referente a colónia ou colónias, proveniente de colónias. Impressos, rótulos, títulos e tudo o mais foi inutilizado e transformado para dar lugar ao substantivo masculino ‘Ultramar’ – região ou regiões que estão além-mar, territórios que estão afastados da Metrópole. Há, no entanto, ainda a suprimir algumas placas. Por exemplo, em Santa Maria de Belém, no edifício anexo ao Regimento de Cavalaria n.º 7, existe uma placa de rua com ‘Largo do Museu Agrícola Colonial’. Lembramos a quem de direito – sobretudo ao Ministério do Ultramar – a substituição da referida placa que não condiz com os desejos do Governo da Nação”. A edição de 12 do vespertino bejense trazia uma outra transcrição, essa do “Democracia do Sul”, de Évora, falando de um “Carnaval triste mas agitado”. Ora leiam: “A forma como se passou o Carnaval em Évora não constituiu surpresa para ninguém. Triste, sensaborão, deslavado, passou por aqui sem que déssemos por ele. Não fossem os desagradáveis acontecimentos registados anteontem no ‘Café Portugal’ e daqui por dois anos ninguém se recordaria do insípido Carnaval eborense de 1964. Compete ao sr. comandante distrital da Polícia de Segurança Pública averiguar se a actuação dos polícias foi de molde a contribuir para o prestígio da Corporação que tem por dever manter a ordem e impedir que o nervosismo e o costume de resolver tudo á pancadaria transformem casos insignificantes em incidentes de avantajadas proporções”. Interessante também, no dia 21, um apontamento de Melo Garrido, na coluna “Varandim da Cidade”, comentando o caso de “o camião municipal da recolha do lixo” em Beja ter sido visto com “o vidro do pára-brisas enfeitado de… rosas”. O jornalista filosofava que o episódio revelava “uma ideia que bem devia ter um maior culto”: a beleza e o aroma das flores “a disfarçarem, quando não a anularem, as coisas deselegantes e feias da vida de todos os dias…”. Carlos Lopes Pereira

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15 JOSÉ ANTÓNIO FALCÃO, que até aqui dirigia o departamento Histórico e Artístico da Diocese de Beja e o Festival Terras sem Sombra, foi, na passada semana, nomeado pelo Governo para presidir ao organismo que tutela o Teatro Nacional de São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado. Um prémio merecido para quem fez do património sacro da mais pobre região eclesiástica do País um ícone internacional. PB

Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

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Ultimamente temos assistido a muitas trapalhadas, que trazem os cidadãos desmotivados e desanimados. (…) Dá a impressão que até as próprias cúpulas já não se entendem, enrolados nos novelos que elas próprias teceram. Reduzir despesas e aumentar receitas nos orçamentos, reduzir concelhos e depois apenas algumas freguesias, aumentar impostos, mas reduzir benefícios, para alguns, pois os que mais ganham acabam por ter uma exceção, pelos mais diversos motivos. Reduzir tribunais, centros de saúde, escolas, mas criar mega agrupamentos. Por outro lado, centralizar a administração, a cultura, a saúde e querer lutar contra a desertificação do interior, mas retirando daí o que ainda o pode tornar atrativo, tudo isto parece ser contraditório. D. António Vitalino, Bispo de Beja, “Notícias de Beja”, 13 de fevereiro de 2014

Cartas ao diretor 40 horas Hugo Carulo Beja

Por força de lei, pese embora o facto de a maioria dos trabalhadores em funções públicas cumprir um período normal de trabalho de oito horas por dia e quarenta horas por semana, existe uma minoria – e bem - que tende a contrariar o aumento das 35 para as 40 horas semanais. Todavia, duas dúvidas se levantam: primeiro, se existem trabalhadores em funções públicas de 1.ª e de 2.ª; segundo, se não se estará perante “trabalho escravo”, quando se labuta 40 horas e se aufere a mesma remuneração de quando se cumpria 35 horas semanais. Relativamente à primeira questão, o Tribunal Constitucional, ao deliberar através do Acórdão n.º 794/2013, a não inconstitucionalidade do artigo 10.º (conjugado com artigo 2.ª) da Lei n.º 68/2013, de 29 de agosto, abriu uma brecha legal que fomenta desigualdades entre pares – “…no que se refere aos instrumentos de regulamentação coletiva do trabalho expressamente admitidos pelo artigo 130.º do RCTFP, a prevalência prevista no artigo 10.º da Lei n.º 68/2013 rege apenas para o passado, fazendo cessar todos aqueles instrumentos de que resulte um período laboral inferior ao agora fixado; mas, para o futuro, não fica impedida a consagração, por via de negociação coletiva, de alterações ao novo período normal de trabalho dos trabalhadores em funções públicas, em sentido mais favorável a esses trabalhadores.” – permitindo que através de um IRCT, se possa diminuir o período normal de trabalho. No que à segunda diz respeito, também o TC se pronunciou pela não inconstitucionalidade, com o seguinte fundamento: “… tem-se insistido na ideia de que a regra da irredutibilidade dos salários não é absoluta, nem na relação laboral comum, em que a diminuição pode estar prevista na lei ou em instrumento de regulação coletiva do trabalho, nem na relação de emprego público, em que se admite que a lei possa prever reduções (artigo 89.º, alínea d) do Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas). O que se proíbe, em termos absolutos, é apenas que as entidades empregadoras, públicas ou privadas, diminuam injustificadamente o quantitativo da retribuição, sem adequado suporte normativo.” Andou mal, o TC. Em bom rigor, todos se digladiam (funcionários públicos), mas a guerra nem sempre da razão surge. Surge por vezes da interpretação subjetiva de um direito constitucional que está para um direito romano, belo, morto ou moribundo. E eis que o Governo se delícia: espalha a discórdia e reinarás.

Sentimentos... José A. Ramos Monte da Caparica

Há quase dois mil anos o apóstolo Paulo escreveu a seu discípulo Timóteo as seguintes palavras: “Sabe porém isto que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes (sem respeito), desafeiçoados, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, soberbos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, muitos tendo a forma de piedade mas negando sua eficácia. Foge também destes porque penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulheres carregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem muita coisa, mas não chegam ao conhecimento da verdade. Eles todavia, não irão avante, porque a sua insensatez será a todos evidente…” (II Tim.3:1-9) O inspirado apóstolo profetizou, portanto, os males e corrupções que infelizmente estão acontecendo, o que prova que estamos “nos últimos dias” ou “últimos tempos”. A crise não é apenas material, é também moral, é crise de valores humanos. O coração não é só o órgão físico assim chamado; refere-se também ao mais profundo do ser humano, à sede tanto da mente como dos sentimentos, sejam bons, ou sejam maus. Como alguém escreveu “o coração indica o princípio de onde procede grande parte da atividade humana”. Cristo disse que do coração procede maus hábitos e muitos males. Boas promessas e más realizações, vem tudo do coração humano enganador. Assim como um leopardo não pode mudar a cor da sua pele (ou pelo) o homem natural carnal ou materialista, não pode mudar seus sentimentos Soberbos e egoístas. Só pela ação divina, que é o perdão, purificação, nova vida, novo nascimento espiritual, é que o ser humano pode alcançar a alegria de viver. Enquanto não alcançarmos essa nova vida, apenas vegetamos, e temos reprováveis sentimentos que não nos dão paz, nem alegria, nem felicidade. A regeneração, reforma moral, reabilitação, etc. pode coçar pela nossa vontade. Ser pessoa de sucesso, ganhar muito dinheiro pode ajudar, mas não nos faz felizes. “Não há um justo, não há ninguém perfeito”, nos diz o dito homem de Deus. Pelo menos, um daqueles defeitos morais escritos acima, com certeza que o temos. Há que reconhecer, há que humilhar-nos, há que haver um sincero arrependimento. Mais tarde ou mais cedo sentimos no nosso coração o perdão do alto. Depois virá a paz, a reconciliação connosco e com outros, “perdoa nossas dívidas como perdoamos nossos devedores”, devia fazer prática num

País que ainda se diz cristão. Acontecimentos mais e negativos nos dizem que estamos nos últimos tempos. Mas para quem já tem o coração limpo, perdoado e regenerado, há sempre esperança. Profetas escreveram que haverá uma nova terra em que habitará amor e justiça. Verdadeiros cristãos em todo o mundo (e não só católicos) esperam o reino de Deus. Sabem que Cristo voltará e será rei e senhor. “Venha a nós o teu reino”.

Zé Luciano Manuel Dias Horta Beja

Quem vem de baixo para cima na rua de trás do Panacho, um pouco acima das escolas velhas, localizam-se as oficinas de Zé Luciano, não tem Luciano no nome, Luciano é o irmão, mas não se importa que o chamem com aquele apelido. É meu primo irmão, nasceu com um problema de visão – uma miopia que não curou, mas é exatamente esta falta de visão que lhe dá fama e projeção. É abegão e carpinteiro de profissão, raramente cumpre com o combinado, tem vários utensílios para aplicação, detesta o martelo por não bater no prego mas na sua mão. Enxós, polainas, formões e serras, tábuas, tabuinhas, de tudo há, muitas coisas bizarras, como na casa da Mariquinhas. Além daquelas profissões, é poeta e cantante e tem patente registada de invenções. Ainda agora inventou um automatismo para abrir o portão e tem em estudo outro para fechá-lo. É um poliglota do mundo, embora não saia da aldeia, refugia-se na teima e diz que um teimoso não teima sozinho, quando quer discussão. Sabe de gerações e tem um livro com a sua evolução, mas nunca com a precisão ou o rigor científico de um outro amigo meu que já aprofundou a investigação aos Dórias e Bórgias de Florença. Quando lá vou convida-me sempre para uma refeição, visito-o ao domingo que é dia de cozido de grãos, que Emília, a mulher, faz com toda a perfeição grãos de molho uma noite e um dia, carne caseira, caldo grosso e sopas de pão. Para o fim deixei propositadamente a sua última devoção. Imaginem! – Ser toureiro. Na corrida das festas é ele o cabeça de cartaz, em vez do gorro põe uma trauliteira e no lugar do capote, uma saca de serapilheira. Desce à arena entre palmas e olés. Cita de meia praça, salta a vaca da camioneta, por que é zarolha passa ao lado de Zé Luciano, este porque tem dificuldades de visão, troca os pés cai sozinho, vem a vaca espoja-se em cima de Zé Luciano, consegue libertar-se, corre, enfim a vaca atrás dele, apanha-lhe a cintura rasga-lhe as calças, fica o artista em situação indecorosa, o público feminino a abandonar a praça. Zé Luciano já não tem trauliteira nem serapilheira, é impossível continuar a faena, a arena tornou-se uma nuvem de poeira. E foi por causa de uma brincadeira destas que um ano Zé Luciano chegou a casa sem uma perna inteira.


16 Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

“Deveremos procurar o que nos torna diferentes e essa diferença pode estar na oferta de uma experiência de História Natural entre dois mergulhos nas límpidas águas da costa alentejana”. Carlos Neto de Carvalho

História

Pegadas fossilizadas encontradas no litoral da região

No tempo em que havia elefantes nas praias alentejanas O quadrado de areia onde hoje estende a toalha para um merecido banho de sol, pode ter sido em tempos, pisado em tempos por “veraneantes” que chegavam a pesar até sete toneladas. Surpreendido? Pegadas fossilizadas encontradas no território costeiro entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes, e recentemente divulgadas por uma equipa de estudiosos do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, revelam isso mesmo. Que uma espécie de elefante, extinta há mais de 30 mil anos, na sequência do último período da Idade do Gelo, terá deambulado em manadas pelos campos dunares do litoral alentejano, alimentando-se da folhagem então existente.

era formado por um campo de dunas muito mais extenso do que aquele que se observa atualmente, com mais de cinco quilómetros de largura de acordo com estudos anteriores”. Oscilações que terão sido motivadas por diversas causas, nomeadamente por alterações climáticas, adianta, sendo possível determinar, através do registo fóssil, que os últimos elefantes-de-presas-direitas terão percorrido a região “em clima progressivamente mais seco e frio, que resultou do último período de glaciações que afetou o mundo”. A lebre da praia do Malhão Entretanto, as pe-

Texto Carla Ferreira Ilustração Susa Monteiro DR

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natural erosão do mar sobre as arribas costeiras tem permitido pôr a descoberto um pouco do que era a paisagem do sudoeste alentejano há 120 mil anos atrás. Blocos rochosos que as vagas vão soltando das falésias e que, por vezes, ainda guardam, como que por milagre, o registo de quem os pisou até às derradeiras extinções no período do último Glacial. Revelando surpresas. Tão espantosas como a provável presença de uma espécie já extinta de elefantes. O chamado Elephas antiquus, ou elefante-de-presas-direitas, que, segundo divulgou recentemente uma equipa do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, deverá ter-se deslocado lentamente em pequenas manadas pelos campos dunares do litoral alentejano, alimentando-se da folhagem aí existente. Há décadas que as dunas fósseis da costa alentejana intrigam os geólogos e arqueólogos e o que dizem as últimas conclusões é que estes areais, então seguramente mais extensos, seriam o habitat de animais como lobos, raposas, lebres, veados, grandes aves, como a cegonha ou a garça, e – contra as expetativas mais excêntricas – como os elefantes. É o que parecem revelar as pegadas encontradas na região pelo grupo de estudiosos, mais concretamente no território compreendido entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes. Marcas que aparecem ora dispersas, ora “organizadas sequencialmente em trilhos”, e cujas características, ao nível da forma ou do padrão, “permitem relacioná-las com espécies ou grupos de animais que se encontram presentemente extintos ou que ainda vivem na área do Parque Natural [do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina] e regiões adjacentes”, revelou ao “Diário do Alentejo” o paleontólogo Carlos Neto de Carvalho, especialista em evolução do comportamento animal no registo fóssil e um observador atento do território. “Interessei-me pelas dunas fósseis da costa alentejana há 14 anos, devido sobretudo à raridade dos vestígios paleontológicos nestas formações”, lembra. E adianta que foi a descoberta, “quase por acaso”, das primeiras pegadas na Ilha do Pessegueiro que deu origem a “um trabalho mais sistemático e necessário de cartografia ao longo de toda a costa, uma vez que este tipo de achados é relativamente raro a nível mundial e completamente desconhecido, até então, em Portugal”.

Pegada Vestígios da passagem do elefante-de-presas-direitas

De facto, as pegadas de proboscídeos (grupo a que pertencem os elefantes, os mastodontes e os mamutes) encontradas no litoral alentejano, “correspondem a algumas das primeiras descobertas feitas no mundo”, e “as primeiras atribuídas seguramente à espécie Elephas antiquus”, testemunhando, segundo o paleontólogo, a presença de manadas destes animais até à sua derradeira extinção na Europa, que se estima ter sido há pouco mais de 30 mil anos. Saber quem eram os antigos ocupantes das praias alentejanas, como coexistiam e como utilizavam este território no seu quotidiano são algumas das informações que podem ser obtidas através das referidas

pegadas, à falta de condições para a fossilização de restos ósseos. Mas há outras conclusões que podem ser retiradas desta reconstituição do clima e da paisagem ao longo dos últimos 120 mil anos. E que serão certamente bastante úteis, a cientistas, técnicos e decisores, para uma “previsão e gestão das mudanças futuras que naturalmente ocorrerão, sejam elas alterações climáticas, alterações da dinâmica litoral e necessária adaptação do ordenamento da orla costeira”, acredita Carlos Neto de Carvalho. Ao nível das oscilações da água do mar, o estudioso dá o exemplo das pegadas de grandes veados encontradas na Ilha do Pessegueiro, que demonstram que “o litoral alentejano

gadas milenares das praias do litoral alentejano já deixaram a sua marca na ciência, com a identificação Leporidichnites malhaoi, que significa, à letra, “vestígio de leporídeos encontrado no Malhão”. Concretizando, no topo de um grande rochedo da praia do Malhão foram identificados um conjunto de trilhos que mostram a típica marcha por salto da família das lebres e dos coelhos, comportamento de locomoção que “nunca tinha sido descrito no registo fóssil”. Ficou assim inscrita uma nova espécie para a ciência, segundo as regras do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, o que significa que, no futuro, “se forem descobertos trilhos com as mesmas características, em qualquer parte do mundo, os cientistas dar-lhe-ão o mesmo nome, Leporidichnites malhaoi, que aqui se propôs pela primeira vez”, sublinha o paleontólogo. Além dos lobos, raposas, lebres, veados e grandes aves, reconhecidos pelos vestígios encontrados, está também a ser descrita, de momento, uma ocorrência de pegadas de um felídeo de média dimensão, provavelmente atribuíveis ao lince-ibérico, hoje praticamente extinto em Portugal. O que é bem ilustrativo, sobretudo neste último caso, de comunidades de animais “com características modernas”, ou seja, que vivem ou viveram até recentemente nos habitats da costa alentejana, tendo sido despojados progressivamente como efeito da pressão humana sobre esses habitats. Mas nem sempre houve dedo humano nos processos de extinção. O período para o qual remetem as pegadas da costa alentejana, o dos últimos 120 mil anos, abrange as grandes extinções biológicas que se deram com o último Glacial, “em que as massas de


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gelo polares e ‘eternas’ desceram para a latitude da Grã-Bretanha”, lembra Carlos Neto de Carvalho. Neste contexto, a Península Ibérica, entre o Atlântico e o Mediterrâneo, “estava mais defendida dos rigores climáticos”, o que permitiu que aqui se mantivessem algumas das últimas populações de animais que viveram na Europa antes da derradeira extinção, como o elefante-depresas-direitas. Recorde-se que, até aos primeiros trabalhos que foram efetuados, conheciam-se apenas, em Portugal, pegadas de dinossauros que remontavam há mais de 90 milhões de anos. Estas, bem mais recentes, têm uma importância “significativa”, já que algumas delas “foram aqui descritas pela primeira vez a nível europeu ou mundial”, frisa Carlos Neto de Carvalho. Sol, mar, paisagem, cultura e… geologia

Os achados agora divulgados são fruto de anos a calcorrear a região, de São Torpes a Sagres, umas vezes de barco, outras vezes mesmo a nado, em busca dos blocos rochosos onde se desenha a passagem da fauna pré-histórica. Não foram necessárias quaisquer técnicas invasivas, como as usadas nas escavações arqueológicas. Na verdade, tudo o que houve que fazer foi esperar pela natural erosão das arribas PUB

costeiras. E, uma vez descoberta uma rocha com pegadas, efetuar o registo do local e o respetivo estudo, construindo-se moldes em materiais transportáveis (resinas acrílicas), quando tal se mostrou possível. Não há outra forma de salvaguarda e eventual futura exposição ao público, tratando-se de blocos rochosos de grandes

dimensões. “São consequência e fazem parte da dinâmica costeira pelo que, depois de descobertos, estão sujeitos à destruição completa pelos mesmos agentes erosivos que nos facilitaram o trabalho”, explica o estudioso. Mas mesmo com estas condicionantes, não restam dúvidas de que este património

Parentes do elefante asiático

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s elefantes “antigos” são apenas uma das espécies que poderíamos encontrar em território europeu, recuando apenas algumas dezenas de milhares de anos. Surpreendentemente, hienas, leopardos, auroques (parentes dos touros, mais corpulentos e já extintos) seriam outras. No que toca aos que terão calcorreado os areais do sudoeste alentejano, estamos a falar de um tipo de “parente extinto do elefante asiático”, dada a proximidade genética com esta espécie contemporânea, de nome científico Elephas maximus. “Partilhavam aspetos anatómicos com o elefante asiático mas eram proporcionalmente maiores, atingindo os quatro metros de altura e até sete toneladas de peso”, enumera o paleontólogo Carlos Neto de Carvalho. Quanto às presas que lhe inspiraram a alcunha, sabe-se, através de “raros fósseis encontrados na Europa”, que eram “praticamente direitas” e que “atingiam quase três metros de comprimento”. Um antepassado de peso, cuja presença e vida na região, “num período em que este magnífico animal já se encontraria praticamente extinto em quase todo o mundo”, é agora possível reconstituir. CF

geológico será mais um fator a juntar-se ao interesse turístico que o litoral alentejano já suscita e que se estende muito para além dos tradicionais, e mais óbvios, recursos sol e mar, como demonstra o sucesso do percurso pedestre Rota Vicentina. “Deveremos procurar o que nos torna diferentes e essa diferença pode estar na oferta de uma experiência de História Natural entre dois mergulhos nas límpidas águas da costa alentejana”, defende Carlos Neto de Carvalho, considerando que não faltam exemplos, também em Portugal, “de sítios de importância geológica que podem ser preservados e valorizados no local, atraindo milhares de visitantes”. Um deles é o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, em Castelo Branco, reconhecido pela Unesco e de que é diretor científico, onde existe o sítio paleontológico Parque Icnológico de Penha Garcia, visitado anualmente por 14 000 pessoas, oriundas de mais de 30 países do mundo. Por experiência própria, deixa então a dica: “Falta na região da costa alentejana um ou mais espaços interpretativos onde estes sítios e achados paleontológicos e geológicos possam estar devidamente interpretados e divulgados, de forma a que este património não se perca e seja valorizado, que sirva de ponto de partida para a organização de uma experiência de lazer e conhecimento diferente”.


Taça Distrito de Beja

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(3.ª eliminatória) – Disputam-se no próximo domingo, 23, os quartos de final da Taça Distrital de Beja em futebol sénior, prova de que já está afastado o líder do campeonato e cujo quadro de jogos é o seguinte: Castrense-Piense; Saboia-Vasco Gama; Naverredondense-Renascente; Odemirense-Sporting de Cuba.

Troféu de Honra Inatel Beja

A equipa do Almodovarense e o Brinches passaram aos dezasseis avos de final do Troféu de Honra Inatel Beja (1/março) ao vencerem os jogos da pré-eliminatória da competição. O Brinches venceu o Cavaleiro (4-3) e o Almodovarense bateu o Santa Clara-a-Nova (6-5), em ambos os casos no desempate por grandes penalidades. Jogo em atraso da 15.ª J Grupo D: Luzianes-Santa Luzia, 4-0.

Distrital de Futebol Feminino (4.ª jornada) São Domingos-Vasco Gama, 0-16; Castrense-Odemirense, 2-1;Serpa-Ferreirense (adiado). Classificação: 1.º Castrense, 12 pontos. 2.º Ferreirense, Serpa e Vasco da Gama, seis. 5.º Odemirense, três. 6.º São Domingos, zero. Próxima jornada: Ferreirense-São Domingos (23/2); Vasco Gama-Castrense (1/3); Odemirense-Serpa (1/3).

Desporto

São Marcos ganhou em Vidigueira e o Mineiro dilatou a vantagem

Encomendem já as faixas... E que sejam faixas tricolores, em tons de azul, branco e vermelho, largas como o seu caudal ofensivo, cintilantes como as estrelas que pautam o seu futebol, operárias como o Sport Clube Mineiro Aljustrelense. Texto e foto Firmino Paixão

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altam nove jornadas para o termo do Campeonato Distrital da 1.ª Divisão, estamos a 27 pontos de distância e a três meses da data em que o campeão será ratificado, mas, até lá, quem é que ousará deter os mineiros nessa caminhada para o título? A equipa vence todos os jogos (só perdeu em casa com o Vasco da Gama), marca que se farta (três, quatro golos por jogo) e sofreu apenas três golos. É verdade que tem que jogar em Odemira, Milfontes e Vidigueira, mas a folga é tão dilatada que a margem de erro é de bom risco. Agora vamos ao resto desta ronda que antecede o descanso para uma rodada de Taça, já entornada em Vidigueira com um surpreendente triunfo do São Marcos, que contribuiu, e de que maneira, para aumentar a folga ao líder, que goleou em Mértola. O Castrense ganhou ao Odemirense, o Milfontes foi perdulário e sofreu uma derrota em Cabeça Gorda e o Serpa venceu no Bairro da Conceição. O Piense goleou o Cuba e o Rosairense sofreu para ganhar ao Aldenovense. As consequências práticas da ronda foram a saída do São Marcos da zona de despromoção, por troca com o Bairro da Conceição, a subida do Cabeça Gorda para o lugar do Cuba e o aumento da vantagem do Aljustrelense. O campeonato regressa no dia 2 de março. Resultados (17.ª jornada): Rosairense-Aldenovense, 1-0; Guadiana-Aljustrelense,

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Vencedor Cabeça Gorda jogou em casa e ganhou ao Milfontes

0-5; Castrense-Odemirense, 2-1; Bairro Conceição-Serpa, 2-4; Cabeça Gorda-Mi lfontes, 3-2; Vasco Ga ma-São Marcos, 1-2; Piense-Sporting Cuba, 4-0.

Classificação: 1.º Aljustrelense, 48 pontos. 2.º Vasco Gama, 36. 3.º Castrense, 36. 4.º Milfontes, 32. 5.º Odemirense, 32. 6.º Rosairense, 28. 7.º Serpa, 26. 8.º

Cabeça Gorda, 21. 9.º Sporting Cuba, 21. 10.º Guadiana, 18.11.º Piense, 18. 12.º São Marcos, nove. 13.º Bairro Conceição, sete. 14.º Aldenovense, sete.

Saboia ganhou em São Teotónio e o Despertar goleou o Desportivo Beja

Almodôvar perdeu em Quarteira e Moura foi derrotado em Loulé

O Saboia ficou na frente

Os maus ares do Algarve

nquanto o Despertar vencia o dérbi da cidade de Beja, o Amarelejense superava o Vasco da Gama e as duas equipas aprontam-se para a segunda fase. O Saboia venceu em São Teotónio e destacou-se no comando da série A. Mas o Renascente também pode assinar o ponto na fase que decide a subida, se não se deixar surpreender (na próxima jornada) no terreno do Messejanense, que está à distância de quatro pontos. O campeonato regressa no primeiro sábado de março. Resultados (11.ª jornada) Série A: Desportivo Beja-Despertar, 0-5; Beringelense-Moura,

0-1; Vasco Gama B-Amarelejense, 1-2; Negrilhos-São Domingos, 1-3. Classificação: 1.º Amarelejense, 25 pontos. 2.º Despertar, 25. 3.º Moura B, 19. 4.º Desportivo Beja, 17. 5.º Vasco Gama B, 15. 6.º São Domingos, 12. 7.º Beringelense, seis. 8.º Negrilhos, quatro. Série B: Renascente-Saboia, 0-2; Naverredondense-Messejanense, 0-4; Aldeia Fernandes-Castrense B, 1-1. Classificação: 1.º Saboia, 25 pontos. 2.º Renascente, 22. 3.º Messejanense, 18. 4.º Castrense B, 11. 5.º Aldeia Fernandes, 10. 6.º Naverredondense, nove. 7.º Sanluizense, um. FP

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omeçou a fase de manutenção no Campeonato Nacional de Seniores ou despromoção às provas regionais e tanto o Desportivo de Almodôvar como o Moura Atlético Clube perderam com equipas do Algarve. No domingo as equipas regressam aos respetivos redutos, cabendo ao Moura defrontar o adversário que o Almodôvar deixa. Neste caso será o Quarteirense que se apresentará na cidade de Moura disposto a arredar os alentejanos do primeiro lugar da série H. A vantagem dos mourenses é apenas de um ponto. O Almodôvar recebe o

Barreirense, equipa que está dois lugares acima e a vitória seria ouro sobre azul, aliás, o único resultado que interessa aos almodovarenses. O Montemor vem de um empate sem golos na Cova Piedade e recebe o Louletano. Resultados (1.ª jornada): Quarteirense-Almodôvar, 2-1; Cova da Piedade-União Montemor, 0-0; Barreirense-Esperança Lagos, 0-0; Louletano-Moura, 1-0. Classificação: 1.º Moura, 16 pontos. 2.º Quarteirense, 15. 3.º Louletano, 14. 4.º Cova Piedade, 14. 5.º União Montemor, 13. 6.º Barreirense, 11. 7.º Esperança Lagos, sete. 8.º Almodôvar, sete. FP


A equipa feminina do Futebol Clube Castrense venceu o FFC Södets Zürich por 3-1, numa partida de caráter particular disputada em Castro Verde e inserida no estágio que as suíças estão a realizar no Algarve. A formação de Castro Verde reforçou-se com atletas de outros clubes que disputam o Campeonato Distrital de Seniores Femininos da AF Beja.

Futebol juvenil Distrital de juvenis 11.ª jornada Série A Moura-Serpa, 2-1 Amareleja-Despertar, 1-10 Alvito-Sport.Cuba, 4-1 Desp.Beja-Sto. Aleixo, 3-0 Líder: Despertar, 31pontos Próxima jornada (23/2) Serpa-Desportivo Beja Despertar-Moura Sp.Cuba-Amarelejense Santo Aleixo-Alvito Série B Ourique-Aljustrelense,1-2 Castrense-Milfontes, 4-2 Almodôvar-Odemira, 1-4 Líder: Odemirense, 21 pontos Próxima Jornada (23/2) Aljustrelense-Almodôvar Milfontes-Ourique Bairro Conceição-Castrense Distrital de iniciados 11.ª jornada Série A Serpa-Moura, 0-9 Aldenovense-Alvito, 1-2 Despertar-Bairro Conceição, 3-0 Líder: Moura, 30 pontos Próxima Jornada (23/2) Moura-Despertar Alvito-Serpa Ferreirense-Aldenovense

Despertar Sporting Clube Equipa de seniores

Despertar está com um pé na segunda fase, mas o grupo sonha com a subida

“A promoção não foi exigida” Com o pragmatismo de quem se habituou a conhecer bem as falácias do futebol regional, Carlos Jorge Guerreiro já deixou de sonhar com altos voos, assumindo o futebol como uma atividade de mero lazer. Texto e foto Firmino Paixão

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treinador diz que “muitas vezes temos que abandonar a ilusão que sentimos no início, porque a nossa vida é para além do futebol, que é um mundo onde o que hoje é verdade, amanhã é mentira”. Carlos Jorge tem 16 anos de carreira e assume: “Tenho a felicidade de já ter treinado equipas do Inatel, com muito orgulho, da 2.ª e da 1.ª Divisão Distrital e da 3.ª divisão nacional”. Reconduzir o Despertar para a 1.ª Divisão é a missão que lhe está confiada, mais por vontade do grupo do que por proposta de objetivos. O triunfo sobre o Desportivo deixou o Despertar mais perto da segunda fase, provavelmente a primeira meta da equipa?

Era um jogo onde tínhamos dois resultados que nos deixariam em excelente posição. Quer a vitória, quer o empate, nos deixariam a depender apenas de nós e com alguma folga para qualquer erro. A derrota acalentaria um bocadinho de esperança ao Desportivo, mas nós entrámos bem no jogo, fizemos o primeiro golo aos dois minutos, o segundo aos 15 e acabámos com o jogo. Os jogos entre o Despertar e o Desportivo já não têm a carga emotiva de outrora?

Isso é um pouco a imagem do desporto na nossa região. Vamos a qualquer dos campos em Beja e vê-se sempre pouca gente. Dizia-se que era por não existirem jogadores da terra, agora todas as equipas são compostas por jogadores, maioritariamente, da nossa cidade, mas existe muita

oferta e as pessoas dispersam-se, o afastamento é tal que já nem os dérbis são mobilizadores. A primeira meta está atingida e a segunda será a subida à 1ª divisão?

Este modelo permitiu às equipas fazerem 21 jogos nesta primeira fase, na segunda teremos mais seis jogos com maior intensidade, e isso é importante numa perspetiva da evolução pretendida para esta equipa, por isso, tudo pode acontecer. Se terminarmos nos lugares de acesso à subida será interessante, porque a 1.ª divisão é o escalão propício para os jovens que saem da nossa formação e transitam para seniores. A promoção não é nada que nos tenha sido exigido, mas uma ideia que o grupo, internamente, tem vindo a amadurecer. O Saboia, Amarelejense, Renascente e Despertar estarão na segunda fase…

Penso que sim, embora o futebol seja muito dado a surpresas, mas nesta altura parece estar assim definido, e são quatro boas equipas, já tive oportunidade de ver jogar o Saboia e o Renascente, penso que será uma segunda fase renhida, bem disputada e com aquela intensidade que os jogadores gostam e que nos levam mais ao limite, que é a cultura que nós temos. Não se avalia a competitividade de um campeonato com um quadro de equipas tão reduzido?

Passámos da não existência de campeonato para um campeonato com 15 equipas, se estamos a falar de uma 2.ª divisão não podemos ter um nível tão elevado como temos na 1.ª divisão, mas a qualidade é aceitável. Foi interessante a entrada das equipas bês, com uma filosofia muito parecida com aquela que o Despertar tem, fomentando a promoção dos jovens e não os deixando parados.

E com alguns jovens de muita qualidade…

Principalmente a equipa do Moura, que tem excelentes jogadores que certamente aparecerão na primeira equipa num campeonato nacional. O Vasco da Gama também, o Amarelejense e, naturalmente, o Despertar. Ao Desportivo queria deixar uma palavra porque, habitualmente, só veem se as equipas ganham ou perdem, e nem sabem quão difícil foi ao Despertar e ao Desportivo construírem as equipas. E as condições em que ambas trabalham, num relvado natural que nem sempre está disponível, num sintético com uma iluminação que não vemos dois metros para a frente, o Desportivo tem mérito, fez uma equipa nos últimos dias. São coisas que merecem o nosso apreço. O plantel do Despertar é o prolongamento do trabalho de formação?

Temos 17 jogadores, entre eles três juniores, entre a Taça e o Campeonato já utilizámos outros três e, além disso, temos jogadores de primeiro ano a evoluir na equipa. Esse é o caminho de um clube de formação, temos que encarar o escalão sénior como mais um escalão onde se integrem aqueles atletas que passam 10 ou 12 anos na nossa casa. O Despertar é a sua ponte para outra margem ou o clube tem em mente algum projeto mais concreto?

Quando começamos tendemos a ter os sonhos muito altos porque temos muita paixão pelo desporto, mas temos que cair na realidade e fazermos as coisas apenas pelo prazer, porque aquilo que nos sobra deste nosso passatempo é a amizade que criamos com dezenas de atletas com quem trabalhamos por onde passamos, porque no nosso quadro desportivo emergiram apenas os treinadores José Romão e Pedro Caixinha e os jogadores Tiago Targino e os irmãos Aurélio.

Série B Aljustrelense-Almodôvar, 4-0 Milfontes-Guadiana, 4-0 Líder: Aljustrelense, 17 pontos Próxima Jornada (23/2) Castrense-Milfontes Desp.Beja-Aljustrelense Distrital de infantis 2.ª fase – 1.ª jornada Aldenovense-Sp. Cuba, 0-10 Despertar B-Despertar A, 0-5 Aljustrelense-Almodôvar, 1-4 Líder: Sport.Cuba, três pontos Taça Dr. Covas Lima Infantis – 1.ª jornada Série A Santo Aleixo-Serpa, 7-1 Desp.Beja-Moura, 0-1 NS Beja-Amarelejense, 1-1 Líder: Santo Aleixo, tês pontos Série B Odemirense-São Marcos, 7-0 Castrense-Ferreirense, 3-6 Milfontes-Ourique, 15-0 Líder: Milfontes, três pontos Liga de Benjamins 3.º MOM – 1.ª jornada Despertar B-Alvorada, 0-2 Bairro Conceição-São Luís, 2-0 Castrense-Vasco Gama, 2-1 Ferreirense-Alvito, 1-2 Aldenovense-Moura A, 2-5 Moura B-NS Beja, 4-1 Aljustrelense-Piense, 1-1 Cabeça Gorda-Ourique, 2-3 Desp.Beja A-Milfontes, 1-1 Almodôvar-Ferreira A, 1-14 Sp.Cuba-Despertar A, 1-0

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Castrense venceu suíças


Troféu Milfontes Canoe Village

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Realiza-se amanhã, sábado, em Vila Nova de Milfontes, uma regata internacional de canoagem denominada Troféu Milfontes Canoe Village, iniciativa em que são esperados cerca de 150 atletas internacionais e que visa promover o rio Mira enquanto local privilegiado para o treino de alta competição. A regata inicia-se às 15 horas na praia da Franquia e terá a extensão de cinco quilómetros.

Atletismo em Beja A Associação de Atletismo de Beja realiza amanhã, na pista do Complexo Desportivo Fernando Mamede, em Beja, o Torneio de Barreiras e Saltos Verticais, prova para atletas populares e federados em todas as categorias. O programa inicia-se às 14 e 30 horas e inclui provas de 60/100/110/400m barreiras, 1 500m planos, salto em altura e salto à vara. O evento tem o apoio do município de Beja.

Labirintos desportivos José Saúde

Distrital de futsal (16.ª jornada) – Almodovarense-Ourique, 5-1; CB Castro Verde-Alcoforado, 4-9; CD Beja-Ferreirense, 1-1; Alvito-Luzerna, 1-4; IP Beja-NS Moura, 2-3. Líder: NS Moura, 38 pontos. Próxima jornada (21/2): Ourique-IP Beja; NS Moura-CB Castro Verde; Ferreirense-Leões Moura; Vasco Gama-Alvito; Luzerna-VN São Bento.

João Cruz nasceu na Salvada há 28 anos e já é campeão do Alentejo

“Sou o meu maior adversário” O atleta João Pedro Cruz nasceu na Salvada, freguesia rural do concelho de Beja, no dia de Natal de 1985. Coincidência ou não, um sinal que tem abrilhantado a carreira deste atleta do Beja Atlético Clube. Texto e foto Firmino Paixão

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ano de 2012 terá sido a época da sua maior visibilidade, com um triunfo na Corrida do Avante, na época seguinte a vitória na Corrida da Lagoa de Santo André e um lugar entre o top 20 dos atletas portugueses na Meia-Maratona de Lisboa. Nesta época conquistou três títulos distritais e sagrou-se campeão do Alentejo de corta-mato, mas tem os olhos postos na Maratona de 2014. Militar da equipa do Corpo de Intervenção da Guarda Nacional Republicana, João Cruz esteve recentemente nos campeonatos nacionais militares onde se sagrou campeão nacional por equipas. Vamos conhecê-lo melhor. Quando se iniciou no atletismo e porque escolheu o Beja Atlético Clube (BAC)?

Iniciei-me há cerca de cinco anos, de uma forma muito amadora, mas depois comecei a treinar com maior regularidade. Sempre pratiquei desporto, nomeadamente futebol, e apenas por lazer, mas depois de ter acabado a vida militar dediquei-me mais a sério ao atletismo. Trabalhei no Hospital de Beja, onde conheci o treinador António Casaca e como ele estava ligado ao BAC apresentou-me o Carlos André, presidente do clube, e aí surgiu o convite para representar o clube. Revelou-se na época de 2012 ganhando a Corrida do Avante…

Na verdade ganhei o escalão de seniores da Corrida do Avante mas, nesse ano, uma das provas que me marcou foi a Meia-Maratona de Lisboa, onde fiquei entre os primeiros 50 atletas e fui o 19.º melhor português. Foi um bom registo, mas quero melhorá-lo, o meu objetivo é baixar de 1.10h, estou já a preparar-me, ainda tenho um mês até à próxima meia-maratona. Entretanto, também

consegui o título de campeão do Alentejo de corta-mato, foi muito difícil, mas foi uma vitória muito importante. No ano seguinte venceu a Corrida da Lagoa de Santo André e assegurou muitos lugares no pódio de outras corridas...

Tive alguns pódios durante o ano, nomeadamente na Corrida da Água em Lisboa (3.º), na Corrida do Aeroporto também estive no pódio. Consegui muitos segundos e terceiros lugares, fruto da forma intensa como tenho vindo a trabalhar. Esta época já conquistou os títulos distritais de estrada e corta-mato. Nesta altura já é o melhor fundista do distrito de Beja?

Este ano tem corrido de uma forma fantástica, mas vou começar a trabalhar agora outro tipo de provas, porque acaba a época de cortamato e tenho como objetivo estar presente nos campeonatos nacionais desta disciplina, que se realizam em Pombal. Melhor fundista, não direi, porque existem outros atletas com grande valor que trabalham tanto como, não me considero o melhor porque estou sempre a aprender com eles. Os seus principais adversários estão no mesmo clube, o Celso Graciano e Mussa Djau, entre outros?

Trabalhamos em conjunto mas somos atletas com características

diferentes, eu sou atleta de fundo e eles têm características de pista, mas formamos uma boa equipa. Sem tirar o valor e o mérito às outras equipas, penso que o Beja Atlético Clube está muito forte. Somos muitos unidos, existe um grande espírito de grupo no clube. Entretanto, tem participado nos campeonatos militares …

Há três anos que participo nos campeonatos das Forças Armadas, são provas diferentes, no passado apuravam os melhores para os campeonatos do mundo das Forças Armadas. Entretanto, face às dificuldades económicas, essas provas foram canceladas. Todos os anos temos ganho por equipas, e este ano, mais uma vez, confirmámos o título. Fiquei contente com a minha prestação, fiquei em 7.º na geral e fui o 2.º na minha equipa.

Que objetivo persegue no atletismo?

Sou um jovem na modalidade e estou sempre a aprender. O meu objetivo imediato é melhorar a marca na meia-maratona e fixar-me entre os 50 melhores atletas nacionais. Quem sabe se um dia conseguirei vestir a camisola da seleção. Quero acreditar que sim, pelo menos, trabalho para isso. Trabalha-se bem no atletismo regional?

É um desporto onde tem que se aprender a sofrer, tem que se gostar muito da modalidade. Têm surgido poucos jovens, mas penso que estamos no bom caminho. Mussa Djau, no BAC, e Ana Dias, em Odemira, são duas grandes promessas que se podem afirmar a nível nacional. O que lhe proporciona o atletismo além do bem-estar físico e da notoriedade?

A união e a camaradagem que existe entre todos os que praticam a modalidade. É um sentimento diferente, somos, praticamente, uma família. A notoriedade vem por acréscimo, mas o que me faz mover no atletismo é o prazer de correr e o meu principal adversário sou eu mesmo, porque todos os dias tenho que me superar nos treinos para ter sucesso nas provas.

Os clubes são entidades que prestam serviços comunitários a populações que carecem, invariavelmente, de necessidades diversas. Num ávido percurso aos labirintos da componente desportiva, examino como a evolução do tempo se encarregou em traçar novas linhas de orientação que derraparam para excecionais infraestruturas e que tornaram o fenómeno uma bênção. Divagando nas crispadas ondas de uma tumultuosa tempestade que entretanto se dissiparia, evoco a conjetura que os espaços desportivos vão servindo em prol de gentes que afinam objetivos e que contam, honradamente, com o poder autárquico local e regional, graças à Revolução de abril. Vislumbro os tempos em que os jogos de futebol eram realizados nos chamados campos da feira. Pormenorizando dicas que nos remetem para épocas muito distantes, ressalvo que no ano de 1921, seculo passado, a câmara de Beja, segundo relatava o jornal “Porvir”, decidiu concessionar o campo da feira aos clubes da cidade Pax Júlia e Luso, embora sob as expensas das ditas coletividades. Creio que a maioria dos povoados do distrito de Beja faziam desses espaços os seus “estádios” para as grandes jogatanas de futebol domingueiro. Lembro, enquanto miúdo, usufruir do campo da feira que se localizava por detrás do velhinho estádio municipal de Beja, bem como dos magotes de crianças que aos sábados e aos domingos demandavam para aquele lugar livre o qual, na época, não impunha a renegada presença do polícia de giro. Recordo, também, o campo da feira da minha aldeia. Jogos motivantes onde o Clube Atlético Aldenovense pedia meças ao mais destemido adversário. Na temporada de 1974/75, por determinação, minha, do Zé Amaro e de um grupo de amigos, foi no campo da feira em Aldeia Nova de São Bento, hoje vila, que o Atlético ingressou pela primeira vez nas competições seniores da AF Beja. Labirintos desportivos que nos trazem infinitas saudades.


(14.ª jornada) CCP Serpa-Zona Azul, 26-25; AC Sines-Lagoa, 19-30; Olhanenses-Náutico, 25-25. Classificação: 1.ª Fase: 1.º Lagoa, 32 pontos. 2.º Zona Azul, 29. 3.º Olhanenses, 28. 4.º CCP Serpa, 24. 5.º Andebol Clube Sines, 21. 6.º Náutico Guadiana, 17. 7.º Costa d’Oiro (Lagos), 17.

Nacional 3.ª Divisão Hóquei em Patins

(11.ª jornada) – Odivelas-Santiago, 5-8; Parede-Vasco Gama, 2-2; CP Beja-Amadora, 3-1; Cascais-Castrense, 5-7; Boliqueime-Benfica B. 3-13. Líder: Benfica, 33 pontos. Próxima jornada (23/2): Santiago-Parede; Vasco Gama-CP Beja; Castrense-Benfica B.

Bairro da Conceição Equipa de iniciados femininos

Campeãs Sara Inácio (JD Neves) e Paula Laneiro (NDC Odemira)

Nar Messejana João Silva venceu escalão de juvenis

Beja AC Mussa Djau venceu a corrida de juniores

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3.ª Divisão Nacional Andebol

Títulos individuais e coletivos foram bem repartidos pelas três regiões

Um corta-mato de excelência... Os 17.ºs Campeonatos do Alentejo de Corta-Mato realizaram-se em Portel, com organização conjunta do município local e da Associação de Atletismo de Évora e reuniram cerca de 230 atletas de 27 clubes. Texto e fotos Firmino Paixão

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ma excelente reunião de atletismo que culminou com uma repartição equilibrada dos títulos, após um conjunto de provas muito bem disputadas, numa pista com boa panorâmica, mas que as condições climatéricas endureceram. A Associação de Atletismo de Beja foi a que averbou mais títulos, seis individuais (destaque para as três vitórias do Beja Atlético Clube) e dois coletivos (ambos no Bairro da Conceição). A sua congénere portalegrense logrou obter quatro títulos individuais e três coletivos e para Évora foram dois individuais e quatro coletivos. No plano individual o destaque é para os atletas Patrícia Pardal (Beja AC), João Silva

(NAR Messejana) Sara Inácio (JD Neves), Paula Laneiro (NDC Odemira), Mussa Djau (Beja AC) e João Cruz (Beja AC). Merecem ainda referência os registos de Ana Dias (Odemira), que falhou o título por pouco, e de Celso Graciano (BAC), no apoio que deu ao seu colega João Cruz. A organização esteve num plano elevado e foi por isso que o diretor da prova, João Ferrão, considerou: “Foi uma ótima jornada, o percurso tinha algumas dificuldades naturais, era plano mas tinha duas lombas que construímos para dificultar, mas o tempo pregou-nos uma partida e a chuva tornou a pista um pouco mais pesada e com uma zona mais difícil, mas o desempenho de todos os atletas foi espetacular”. O diretor técnico da Associação de Atletismo de Évora acentuou: “As provas decorreram sem qualquer tipo de problema, os títulos foram repartidos pelas três associações, quer individualmente, que coletivamente, o programa horário foi rigorosamente cumprido, pelo que penso que todas as pessoas envolvidas nesta organização, atletas e organizadores, estão de parabéns”. Quando ao ní-

vel de presenças, Ferrão fez notar que tiveram 370 atletas inscritos em representação de 27 clubes: “A instabilidade climatérica dos últimos dias contribuiu um pouco para a ausência de muito atletas, mas a jornada foi muito positiva”. Sublinhou ainda: “Tivemos aqui uma boa parceria com o município de Portel, se não fosse isso não seria possível organizar estes campeonatos com o brilho que tiveram”. Questionado sobre a evolução da modalidade nos três distritos, assumiu que “o atletismo alentejano está, efetivamente, a evoluir”, mas não tanto como desejariam, “porque existem muitos constrangimentos que vão condicionando a atividade”. E pormenorizou: “Os apoios vindos de cima são cada vez menores e, a nível local, um ou outro município ainda apoia os clubes, mas a maior parte não apoia ou apoia pouco, e isso tem reflexos ao nível da prática desportiva”. E concluiu dizendo: “Mesmo considerando essas condicionantes o atletismo alentejano tem estado a evoluir e temos tido muitos atletas a competir em campeonatos nacionais”.

Campeões do Alentejo Infantis femininos: Patrícia Pardal (Beja AC); equipas: CCD Bairro Conceição (Beja). Infantis masculinos: Leonardo Magrinho (Clube 4 Estilos); equipas: GD Pavia. Iniciadosfemininos:MargaridaRaimundo (Elvense). equipas. CCD Bairro Conceição (Beja). Iniciados masculinos: Yaroslav Kolody (Elvense); equipas: Elvense. Juvenis femininos: Mariana Quaresma (Diana); equipas: Elvense. Juvenis masculinos: João Silva (NAR Messejana); Equipas: Diana Évora. Juniores femininos: Sara Inácio (JD Neves). Juniores masculinos: Mussa Djau (Beja AC). Seniores femininos: Liliana Paredes (Diana). Seniores masculinos: João Cruz (Beja AC); equipas: Diana Évora. Veteranos femininos: Paula Laneiro (NDC Odemira). Absolutos femininos equipas: Diana Évora. Veteranos masculinos: Luciano Gordo (CCD Município Portalegre). Equipas: CCD Município Portalegre.

Volta ao Algarve em Bicicleta tem etapa no Alentejo

Uma parada de estrelas amanhã em Almodôvar

A

vila de Almodôvar será amanhã, sábado, o ponto de partida da 4.ª etapa da 40.ª Volta ao Algarve em Bicicleta, competição que reúne um pelotão de equipas mais uma vez recheado por grandes estrelas do ciclismo mundial. A tirada terá a extensão de 164,5 quilómetros e fará a ligação entre Almodôvar e o Alto do

Malhão (Loulé), cotando-se como uma etapa decisiva para a classificação final da prova. A Volta ao Algarve iniciou-se na última quarta-feira com uma ligação entre Faro e Albufeira (160 quilómetros), ontem correu-se a segunda etapa, que ligou Lagoa a Monchique (196 quilómetros), e hoje está na estrada a terceira etapa, um contra relógio individual de 13,6 quiló-

metros, entre Vila do Bispo e Sagres. A “Algarvia” conclui-se no domingo com uma etapa entre Tavira e Vilamoura (155,8 quilómetros). O pelotão inclui 20 equipas e junta, pela primeira vez numa prova nacional, dois campeões mundiais, o português Rui Costa (Lampre-Mérida), campeão mundial de fundo, e Tony Martin (Omega-QuickStep), campeão mundial de

contrarrelógio. Mas na estrada estão ainda o espanhol Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) e Mark Cavendish (Omega-QuickStep), entre outras estrelas do ciclismo mundial. A partida (simbólica) de Almodôvar ocorre junto ao Convento de Nossa Senhora da Conceição, pelas 10 e 50 horas, e terá uma meta volante no Dogueno, ao quilómetro 43 (12 horas), antes de entrar em território algarvio. FP


saúde

22 Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

Análises Clínicas

Medicina dentária

Psicologia

Laboratório de Análises Clínicas de Beja, Lda. Dr. Fernando H. Fernandes Dr. Armindo Miguel R. Gonçalves Horários das 8 às 18 horas; Acordo com beneficiários da Previdência/ARS; ADSE; SAMS; CGD; MIN. JUSTIÇA; GNR; ADM; PSP; Multicare; Advance Care; Médis FAZEM-SE DOMICÍLIOS Rua de Mértola, 86, 1º Rua Sousa Porto, 35-B Telefs. 284324157/ 284325175 Fax 284326470 7800 BEJA

Cardiologia

RUI MIGUEL CONDUTO Cardiologista - Assistente de Cardiologia do Hospital SAMS CONSULTAS 5ªs feiras CARDIOLUXOR Clínica Cardiológica Av. República, 101, 2ºA-C-D Edifício Luxor, 1050-190 Lisboa Tel. 217993338 www.cardioluxor.com Sábados R. Heróis de Dadrá, nº 5 Telef. 284/327175 – BEJA MARCAÇÕES das 17 às 19.30 horas pelo tel. 284322973 ou tm. 914874486

MARIA JOSÉ BENTO SOUSA e LUÍS MOURA DUARTE

Cardiologistas

Especialistas pela Ordem dos Médicos e pelo Hospital de Santa Marta Assistentes de Cardiologia no Hospital de Beja Consultas em Beja Policlínica de S. Paulo Rua Cidade de S. Paulo, 29 Marcações: telef. 284328023 - BEJA

Ouvidos,Nariz, Garganta Exames da audição Consultas a partir das 14 horas Praça Diogo Fernandes, 23 - 1º F (Jardim do Bacalhau) Telef. 284322527 BEJA

FERNANDA FAUSTINO Vários Acordos

(Diplomada pela Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa) Rua General Morais Sarmento. nº 18, r/chão Telef. 284326841 7800-064 BEJA

Assistente graduado de Ginecologia e Obstetrícia

ALI IBRAHIM Ginecologia Obstetrícia

Assistente Hospitalar Consultas segundas, quartas, quintas e sextas Marcações pelo tel. 284323028 Rua António Sardinha, 25r/c dtº Beja

Terapia da Fala

Terapeuta da Fala VERA LÚCIA BAIÃO Consultas em Beja CLINIBEJA – 2.ª a 6.ª feira Rua António Sardinha, 25, r/c esq. Tm. 962557043 veraluciarochabaiao@gmail.com

Fisioterapia

Centro de Fisioterapia S. João Batista Fisiatria Dr. Carlos Machado Drª Ana Teresa Gaspar Psicologia Educacional Drª Elsa Silvestre Psicologia Clínica Drª M. Carmo Gonçalves Tratamentos de Fisioterapia Classes de Mobilidade Classes para Incontinência Urinária Reeducação do Pavimento Pélvico Reabilitação Pós Mastectomia Hidroterapia/Classes no meio aquático

CLÍNICA MÉDICA DENTÁRIA

JOSÉ BELARMINO, LDA. Rua Bernardo Santareno, nº 10 Telef. 284326965 BEJA

DR. JOSÉ BELARMINO Clínica Geral e Medicina Familiar (Fac. C.M. Lisboa) Implantologia Oral e Prótese sobre Implantes (Universidade de San Pablo-Céu, Madrid) CONSULTAS EM BEJA 2ª, 4ª e 5ª feira das 14 às 20 horas EM BERINGEL Telef 284998261 6ª e sábado das 14 às 20 horas Estomatologista (OM) Ortodontia

Pediatria

DR. ÁLVARO SABINO Otorrinolaringologista Ouvidos,Nariz, Garganta

JOÃO HROTKO

DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO

Especialista pela Ordem dos Médicos Chefe de Serviço de Oftalmologia do Hospital de Beja

CLÍNICA MÉDICA ISABEL REINA, LDA. Obstetrícia, Ginecologia, Ecografia CONSULTAS 2ªs, 3ªs e 5ªs feiras Rua Zeca Afonso, nº 16 F Tel. 284325833

Consultas de 2ª a 6ª Acordos com: ACS, CTT, EDP, CGD, SAMS. Marcações pelo telef. 284325059 Rua do Canal, nº 4 7800 BEJA

Consultas no Centro Médico de Beja Largo D. Nuno Álvares Pereira n.º 13 BEJA Marcações pelo telefone 284312230 Urologia

Largo D. Nuno Álvares Pereira, 13 BEJA ▼

Marcações de 2.ª a 6.ª feira a partir das 14 horas Rua Capitão João Francisco de Sousa, n.º 20 7800-451 BEJA Tel. 284324690

MÉDICO DENTISTA

Prótese/Ortodontia Marcações pelo telefone 284321693 ou no local Rua António Sardinha, 3 1º G 7800 BEJA

Urologia

Consultas às 6ªs feiras na Policlínica de S. Paulo Rua Cidade S. Paulo, 29 Marcações pelo telef. 284328023

BEJA

DR. LUÍS CALADO

DR. CIRO OLIVEIRA

Marcações pelo tel. 284312230

CONSULTAS DE OBESIDADE

Rua Capitão João Francisco de Sousa, 56-A – Sala 8 Marcações pelo tm. 919788155

Dermatologia

TERESA ESTANISLAU CORREIA

Clínica Geral

Hospital de Beja Doenças de Rins e Vias Urinárias

Médico Especialista pela Ordem dos Médicos e Ministério da Saúde Generalista

(Edifício do Instituto do Coração, frente ao Continente)

7800-475 BEJA

Psiquiatria

DR. A. FIGUEIREDO LUZ

e.mail: clinidermatecorreia@ gmail.com Rua Manuel António de Brito nº 4 1ºFte 7800- 544 - BEJA

UROLOGISTA

VÁRIOS ACORDOS

Consultas às 4ª feiras tarde e sábado MARCAÇÃO DE CONSULTAS: Diariamente, dias úteis: Tel: 218481447 Lisboa 4ª feiras: 14h30 – 19h Tel: 284329134 Beja

AURÉLIO SILVA

Consultas :de segunda a sexta-feira, das 9 e 30 às 19 horas Rua de Mértola, nº 43 – 1º esq. Tel. 284 321 304 Tm. 925651190

Obesidade

MÉDICA DERMATOLOGISTA

Urgências Prótese fixa e removível Estética dentária Cirurgia oral /Implantologia Aparelhos fixos e removíveis

Centro Médico de Beja

MÉDICO UROLOGISTA RINS E VIAS URINÁRIAS

DR. MAURO FREITAS VALE

Dr. José Loff

Consultas às sextas-feiras, a partir das 15 horas

FRANCISCO FINO CORREIA

Cirurgia Maxilo-facial

Fisioterapia

Oftalmologista pelo Instituto Dr. Gama Pinto – Lisboa Assistente graduada do serviço de oftalmologia do Hospital José Joaquim Fernandes – Beja

Pediatra

Médico oftalmologista

CÉLIA CAVACO

Clínica dentária

Dra. Sónia Fernandes

Marcações de 2.ª a 6.ª feira a partir das 14 horas Tel. 284324690 Rua Capitão João Francisco de Sousa, n.º 20 7800-451 BEJA

Marcações de consultas de 2ª a 6ª feira, entre as 15 e as 18 horas Rua Dr. Aresta Branco, nº 47 7800-310 BEJA Tel. 284326728 Tm. 969320100

Acordos com A.D.S.E., CGD, Medis, Advance Care, Multicare, Allianze, Seguros/Acidentes de trabalho, A.D.M., S.A.M.S. Marcações pelo 284322446; Fax 284326341 R. 25 de Abril, 11 cave esq. – 7800 BEJA

DR. JAIME LENCASTRE

Estomatologia

Oftalmologia

HELIODORO SANGUESSUGA

Oftalmologia

Técnica de Prótese Dentária

Ginecologia/Obstetrícia

FAUSTO BARATA

CONSULTAS às 3ªs e 4ªs feiras, a partir das 15 horas MARCAÇÕES pelos telfs.284322387/919911232 Rua Tenente Valadim, 44 7800-073 BEJA

Otorrinolaringologia

DR. J. S. GALHOZ

Neurologia

UROLOGISTA

GASPAR CANO

MÉDICO ESPECIALISTA EM CLÍNICA GERAL/ MEDICINA FAMILIAR Marcações a partir das 14 horas Tel. 284322503

Clinipax Rua Zeca Afonso, nº 6-1º B – BEJA

Angiologia Cirurgia Vascular

HELENA MANSO ANGIOLOGIA/CIRURGIA VASCULAR TRATAMENTO DE VARIZES BEJA: Clinibeja

Fellow of the European Board ff Urology

Rua António Sardinha, 23-25 7800-477 Beja Tel. 284 321 517

Doenças dos Rins, Bexiga, Próstata Andrologia

Avenida dos Bombeiros Voluntários, n.º 15 7860-107 Moura Tel. 285 252 944

Consultas Clinibeja Rua António Sardinha, 23, 7800-447 Beja Tel: 284 321 517 Tlm: 961 341 105 www.clinibeja.com clinibeja@gmail.com

MOURA: MRP Centro de Medicina Física e Recuperação de Moura

SANTIAGO DO CACÉM: Centro Clínico de Santiago do Cacém Avenida Manuel da Fonseca, 37 7540-105 Santiago do Cacém Tel. 269 086 900 Tm. 917 637 440

ÉVORA: CDI Praça Dr. Rosado da Fonseca, 8, Urb. Horta dos Telhais 7000749 Évora Tel. 266 749 740

www.hms.com.pt


saúde

Dr. Sidónio de Souza – Pneumologia/Alergologia/ Desabituação tabágica – H. Pulido Valente Dr. Fernando Pimentel – Reumatologia – Medicina Desportiva – Instituto Português de Reumatologia de Lisboa Dr.ª Verónica Túbal – Nutricionismo – H. de Beja Dr.ª Sandra Martins – Terapia da Fala – H. de Beja Dr. Francisco Barrocas – Psicologia Clínica/Terapia Familiar – Centro Hospitalar do Baixo Alentejo. Dr. Rogério Guerreiro – Medicina preventiva –Tratamento inovador para deixar de fumar Dr. Gaspar Cano – Clínica Geral/ Medicina Familiar Dr.ª Nídia Amorim – Psicomotricidade/Educação Especial e Reabilitação Dr. Sérgio Barroso – Especialista em Oncologia – H. de Beja Drª Margarida Loureiro – Endocrinologia/Diabetes/ Obesidade – Instituto Português de Oncologia de Lisboa Dr. Francisco Fino Correia – Urologia – Rins e Vias Urinárias – H. Beja Dr. Daniel Barrocas – Psiquiatria – Hospital de Évora Dr.ª Lucília Bravo – Psiquiatria H.Beja , Centro Hospi-talar de Lisboa (H.Júlio de Matos). Dr. Carlos Monteverde – Medicina Interna, doenças de estômago, fígado, rins, endoscopia digestiva. Dr.ª Ana Cristina Duarte – Pneumologia/Alergologia Respiratória/Apneia do Sono Dr.ª Isabel Santos – Psiquiatria de Infância e Adolescência/ Terapeuta familiar – Centro Hospitalar do Baixo Alentejo Dr.ª Paula Rodrigues – Psicologia Clínica – Hospital de Beja Dr.ª Luísa Guerreiro – Ginecologia/Obstetrícia Dr. Luís Mestre – Senologia (doenças da mama) – Hospital da Cuf – Infante Santo Dr. Jorge Araújo – Ecografias Obstétricas Dr.ª Ana Montalvão – Hematologia Clínica /Doenças do Sangue – Hospital de Beja Dr.ª Ana Cristina Charraz – Psicologia Clínica – Hospital de Beja Dr. Diogo Matos – Dermatologia – Hospital Garcia da Orta. Dr.ª Madalena Espinho – Psicologia da Educação/ Orientação Vocacional Dr.ª Ana Margarida Soares – Terapia da Fala Dr.º Ricardo Lopes – Consulta de Gastrenterologia e Proctologia - Endoscopia e Colonoscopia Dr.ª Joana Leal – MedicinaTradicional Chinesa/Acupunctura e Tuina. Enfermeira Maria José Espanhol – Enfermeira especialista em saúde materna/Cuidados de enfermagem na clínica e ao domicílio/Preparação pré e pós parto/amamentação e cuidados ao recém-nascido/Imagem corporal da mãe – H. de Beja Marcações diárias pelos tels. 284 322 503 Tm. 91 7716528 | Tm. 916203481 Rua Zeca Afonso, nº 6, 1º B, 7800-522 Beja Clinipaxmail@gmail.com www.clinipax.pt

CENTRO DE IMAGIOLOGIA DO BAIXO ALENTEJO TOMOGRAFIA COMPUTORIZADA (TAC) ECOGRAFIA MAMOGRAFIA ECO DOPPLER RADIOLOGIA DENTÁRIA

Clínica Médico-Dentária de S. FRANCISCO, LDA. Gerência de Fernanda Faustino Acordos: SAMS, ADMG, PSP, A.D.M.E., Portugal Telecom e Advancecare Rua General Morais Sarmento, nº 18, r/chão; TEL. 284327260 7800-064 BEJA

Medicina dentária

Luís Payne Pereira Médico Dentista Consultas em Beja Clínica do Jardim Praça Diogo Fernandes, nº11 – 2º Tel. 284329975

Médicos Radiologistas António Lopes / Aurora Alves Helena Martelo / Montes Palma Médica Neuroradiologista Alda Jacinto Médica Angiologista Helena Manso Convenções:

ULSBA (SNS) ADSE, ACS-PT, SAD-GNR, CGD, MEDIS, SSMJ, SAD-PSP, SAMS, SAMS QUADROS, ADMS, MULTICARE, ADVANCE CARE Marcações: Tel. 284318490 Tms. 960284030 ou 915529387 Horário: de 2ª a 6ª feira, das 8 às 19 horas e aos sábados, das 8 às 13 horas Av. Fialho de Almeida, nº 2 7800 BEJA

23 Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014


24 Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

necrologia diversos Serpa PARTICIPAÇÃO E AGRADECIMENTO

Maria dos Remédios Frade Fonseca Baião Nasceu a 02/02/1933 Faleceu a 13/02/2014 Filhos, irmãos, sobrinhos e restante família cumprem o doloroso dever de participar o falecimento da sua ente querida e, na impossibilidade de o fazerem individualmente, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que a acompanharam à sua última morada ou que de outra forma manifestaram o seu pesar.

Serpa PARTICIPAÇÃO E AGRADECIMENTO

Joaquim Pereira Rodrigues Nasceu a 29/03/1946 Faleceu a 16/02/2014 Filhos, irmão, sobrinhos, primos e restante família cumprem o doloroso dever de participar o falecimento do seu ente querido e, na impossibilidade de o fazerem individualmente, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que o acompanharam à sua última morada ou que de outra forma manifestaram o seu pesar.

AGÊNCIA FUNERÁRIA SERPENSE, LDA Gerência: António Coelho Tm. 963 085 442 – Tel. 284 549 315 Rua das Cruzes, 14-A – 7830-344 SERPA

Vidigueira AGRADECIMENTO

Ervidel PARTICIPAÇÃO E AGRADECIMENTO

Maria Gertrudes Fialho Pereira Nasceu a 26.01.1927 Faleceu a 15.02.2014 Sua família, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, agradece por este meio a todas as pessoas que a acompanharam à sua última morada ou que de outro modo manifestaram o seu pesar.

AGÊNCIA FUNERÁRIA ESPÍRITO SANTO, LDA.

Tm.963044570 – Tel. 284441108 | Rua Das Graciosas, 7 | 7960-444 Vila de Frades/Vidigueira

Manuel Francisco Lopes Rocha Esposa, filhas, filho, nora, genros e netas cumprem o doloroso dever de participar o falecimento do seu ente querido ocorrido no dia 13.02.2014 e, na impossibilidade de o fazerem individualmente, agradecem por este meio a todas as pessoas que o

Aldeia de Ruins – Ferreira do Alentejo

acompanharam à sua última morada ou que de outra forma manifestaram o seu pesar. Agradecem à dra. Cristina Galvão e enfermeira Catarina, da equipa dos Cuidados Paliativos, ao seu médico de família, dr. Carlos Baguinho, à enfermeira Teresa e d. Mila, e aos enfermeiros do Centro de

Francisco Lopes Pinotes

Aljustrel PARTICIPAÇÃO E AGRADECIMENTO

Gertrudes Felício Pereira Ferreira da Luz Seu marido, sua filha e restante família cumprem o doloroso dever de participar o falecimento da sua ente querida ocorrido no dia 09/02/2014 e, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, agradecem por este meio a todas as pessoas que a acompanharam à sua última morada ou que de outra forma lhes manifestaram o seu pesar.

PRECISA-SE BEJA Senhora para tratar de idosa dependente, trabalho doméstico e cozinha. Experiência ou formação em geriatria, idade entre 40 e 55 anos, 8 horas diárias incluindo sábados. Vencimento mensal 650,00 € Contactar tm 968065046

1.º Ano de Eterna Saudade Sua mulher e sobrinhos recordam com muito amor e profunda saudade o seu ente querido, falecido em 27 de fevereiro de 2013.

Saúde de Aljustrel, em especial ao enfermeiro Miguel e enfermeira Rosinha, pelo carinho, dedicação e ajuda prestada durante a sua doença. A todos o nosso muito obrigado.


necrologia institucional diversos

25 Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

ALUGA-SE OU VENDE-SE Beja Espaço destinado a serviço (escritório, consultório, gabinete, etc.), com casa de banho. 1.º andar, Rua Capitão João Francisco de Sousa, n.º 56. Contactar tm. 963888058

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Diário do Alentejo n.º 1661 de 21/02/2014 Única Publicação

Diário do Alentejo n.º 1661 de 21/02/2014 Única Publicação

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE AMARELEJA

ASSOCIAÇÃO DE BENEFICÊNCIA DE SELMES E ALCARIA

MOÇÃO

CONVOCATÓRIA

Moção de censura ao executivo da Câmara Municipal de Moura pelos motivos e fundamentos seguintes: Assim: O executivo da Câmara Municipal de Moura, reiterou a sua decisão (já há muito considerada) definitiva, por isso irrevogável, que o Pavilhão Solar (vulgo Multiusos) seja edificado no local Escola das Cancelinhas. Considera a Assembleia de Freguesia de Amareleja, que com esta decisão, amputaram-se as liberdades de escolha dos Amarelejenses, regredindo-se na afirmação dos valores de Abril. Neste ano que se comemoram os 40 anos do 25 de Abril, o executivo camarário decide ignorar as escolhas das populações e dos seus mais próximos representantes, impondo uma decisão que só compreendida seria justa. Não se compreende que após uma reunião com todos os Órgãos: Câmara Municipal, Assembleia Municipal, Junta de Freguesia e Assembleia de Freguesia, na procura de soluções diferentes e/ou de outras alternativas, onde tudo esteve em discussão, em que se provou que a Câmara Municipal de Moura não gastaria nem mais um cêntimo quer num novo projecto para a obra ou até na nova adjudicação da mesma. Nem mesmo assim conseguiram despir a capa da arrogância e da teimosia política, em que com o seu secretismo como arma e a soberba de não dar explicações, nada tem de democrática, venerando o corporativismo entre si e impondo a submissão aos outros, isso não é certamente lição de vida. Citando Joaquim Pessoa “...obrigado por nos destruírem o sonho e obrigado por aquilo que podem e não querem fazer… obrigado por serem como são, para que não sejamos também assim, e para que possamos reconhecer facilmente quem temos de rejeitar”. Amareleja, 08 de Fevereiro de 2014. O Presidente da Assembleia de Freguesia de Amareleja António Branco Angelino

Assembleia Geral Extraordinária Ao abrigo da competência conferida nos termos do nº 3 do artigo 29 e dando cumprimento ao artigo 30º dos Estatutos, convoco todos os associados para uma Assembleia Geral Extraordinária, a realizar no dia 1 de Março 2014, às 17h00, nas instalações da ABSA – Associação de Beneficência de Selmes e Alcaria, sitas no Rossio 1º de Maio, em Selmes, com a seguinte ordem de trabalhos: 1. ELEIÇÃO DOS ÓRGÃOS SOCIAIS BIÉNIO 2014/2016. Nota: Considerando a urgência do processo eleitoral (eleição dos órgãos sociais), as listas/propostas de candidaturas, com a indicação dos membros efetivos e suplentes, poderão ser apresentadas até às 12h30 do dia 1 de Março de 2014 nos Serviços administrativos da ABSA, em envelope fechado dirigido ao Presidente da Assembleia Geral. Toda a documentação necessária para a sua apresentação (caderno eleitoral, estatutos), pode ser consultada na secretaria da ABSA no seu horário normal de funcionamento. A Assembleia Geral extraordinária reúne à hora marcada nesta convocatória se estiver mais de metade dos associados com direito a voto, ou uma hora depois, com qualquer número de sócios presentes. (n.º 1 do artº 31º dos Estatutos) Selmes, 8 de janeiro de 2014. O Presidente da Assembleia Geral, João Manuel Canha da Silva Vedor

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Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

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Aguardente LPS recebe medalha de ouro em Moscovo

A aguardente LPS, rótulo Parra Bordeaux, produzida pela empresa familiar de Luís Peres de Sousa, com sede em Vidigueira, foi galardoada com a medalha de ouro na Prodexpo, no XVI Concurso Internacional de Bebidas Espirituosas, que se realizou entre os dias 10 e 14 deste mês, em Moscovo, Rússia.

Empresas

Cinema Melius investe em sistema digital 2D e 3D A partir de hoje, sexta-feira, o cinema Melius, em Beja, passa a dispor de um novo serviço: um sofisticado sistema digital de 2D e 3D. A rondar um investimento na ordem dos 40 mil euros, os responsáveis adaptaram a nova tecnologia da área do cinema de forma a responder às tendências do mercado. Os valores para o cinema 2D manter-se-ão. No entanto, o cinema 3D, dada a sua tecnologia, rondará os 7,50 euros.

Supermercado Sempre Fresca inaugura novo espaço

Um U m conjunto o de de mááqu uinas mon onit itor oriz izad ad dass a qu q e see ch haaama ma de Mo ovi v meentto Rí Rítm tmic tm ico o In ndu duzi zido do o ( IR RM) M ati tiva vam m e ex exer erci er ciita tam, m iso solada da e su suce ceessssiv ivam am men ente te, todo to doss os mús do ú cu ulo l s do do corp co rp po, to on nif i iccan ando do-o do -o os. s.

Beja conta com a mais recente tecnologia na ginástica passiva

Fisio Relax, uma alternativa ao ginásio convencional Localizado frente ao Centro Comercial do Lidador, em Beja, o Fisio Relax abriu no passado dia 3 e promete revolucionar o conceito de ginástica para toda a população. Um espaço que assenta num conceito diferente, que recorre a uma série de máquinas monitorizadas que fazem a maior parte do esforço pelo cliente. Publirreportagem Sandra Sanches

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s cinco máquinas disponibilizadas pelo espaço parecem ser suficientes para dar resposta aos vários objetivos a que os utentes se propõem. Este é um conceito inovador com resultados certificados e sucesso garantido em vários países do mundo. Perder celulite, centímetros e flacidez, assim como aumentar a flexibilidade e mobilidade do corpo, corrigir a postura corporal, tonificar os músculos, melhorar a circulação sanguínea e a drenagem linfática, reduzir o stresse e tirar vantagens para algumas doenças (ataxias, escoliose, parkinson, lombalgia, paraplegia, tetraplegia, entre muitas outras), nunca ficou tão fácil e relaxante. São apenas necessários 45 minutos, sem esforço, nem fadiga, usufruindo-se o equivalente a sete horas de exercício de ginástica convencional. Pelas características que esta ginástica apresenta, pode ser praticada

por qualquer pessoa, independentemente da idade e das condições físicas em que se encontra, beneficiando com maior incidência quem sofre de retenção de líquidos, celulite, obesidade, artrite, reumatismo, esclerose múltipla, problemas de coluna, problemas cardíacos e circulatórios, entre outros. De salientar que, durante e após o exercido, goza-se de uma sensação de bem-estar “muito agradável”. No Fisio Relax cada cliente pode contar com acompanhamento individualizado, o que faz toda a diferença. Fernando Lisboa, licenciado em Ciências da Educação Física, Saúde e Desporto e em Fisioterapia e pós-graduado em Ciências do Desporto, tentou trazer para a cidade uma inovação que considera ser uma “mais-valia”. Nada é invasivo, tudo é indolor, e ao exercício o utente pode sempre acrescentar o complemento da passadeira ou bicicleta disponível no espaço, sem acréscimo do valor da mensalidade. Outras terapias também ganham lugar no espaço. Fisioterapia intensiva, terapia sacro-craniana, terapia sacro-craniana pediátrica, manipulação visceral e osteopatia são terapias que o responsável pelo espaço não hesitou em implementar, a pensar, sobretudo, na população que muitas vezes se desloca para o efeito. Quarenta e cinco minutos para cada sessão

é o suficiente para que ao fim das primeiras 10 sessões se verifiquem resultados, sendo que, para frequentar o Fisio Relax, o cliente apenas necessita de se preocupar em usar umas calças confortáveis e sem fechos, umas meias e levar consigo uma toalha por questões de higiene. Para Fernando Lisboa, o Fisio Relax é a solução para quem não faz exercício por “falta de tempo” e as vezes “até mesmo por preguiça ou pela demora em obter resultados”. Não há dúvida que as máquinas trabalham pelo cliente e com os cinco aparelhos existentes – Upper Body Toner, Leg Toner, Stomach Hip Trimmer, Tummy Toner e Circulator Rower – é possível atingirem-se vários objetivos. Fernando Lisboa convida a população a visitar o espaço e a treinar sem compromisso. A primeira aula é totalmente gratuita e conta com o acompanhamento de um profissional qualificado. O espaço está aberto entre as 9 e as 13 horas e as 14 e 30 e as 20 horas. Há quem descreva os centros de ginástica passiva como o exercício revolucionário da década. Certo é que há mais de 20 anos, com foco particularmente nos Estados Unidos, estes centros são autênticos casos de sucesso que têm vindo a ser cada vez mais uma alternativa aos ginásios convencionais.

Abriu no passado dia 6, em Mértola, e promete oferecer à população produtos diversificados que até então não existiam na localidade. Uma vila que conta essencialmente com comércio tradicional passa agora a ter um supermercado – Sempre Fresca. Um ambiente familiar e atendimento personalizado foram razões mais do que suficientes para a recetividade registar, até à data, valores “muito positivos”. Para António Barão, responsável do espaço, “está a ser, sem dúvida, um grande desafio e uma experiência, pois ainda não conhecemos bem os hábitos do cliente”. No entanto, garante que tudo fará para dar resposta às suas necessidades. O espaço, que conta com cerca de 180 metros quadrados, oferece produtos nas mais diversas secções: talho, charcutaria e congelados, entre outras, e até os preços parecem ser bastante convidativos. Com quatro lojas abertas ao público na cidade de Beja, o responsável acredita no trabalho que tem vindo a desenvolver até à data, garantindo que o lema da casa passará agora por “estar atento às necessidades do mercado e ir ao seu encontro”.

II Jantar das estrelas Michelin Realiza-se amanhã, sábado, pelas 20 horas, no restaurante L´And Vineyards Resort, em Montemor-o-Novo, o II Jantar das estrelas Michelin. O chefe Miguel Laffan, do restaurante L´And, conquistou a primeira estrela Michelin para o Alentejo, e o chefe Joaquim Koerper reconquistou a estrela Michelin do restaurante Eleven. Para assinalar este facto, realizar-se-ão dois jantares em que cada chefe apresenta o menu com que alcançou a estrela. O menu tem um custo de 70 euros por pessoa e é sugerido pelo restaurante Eleven. As reservas encontram-se disponíveis e podem ser feitas diretamente no L´And Vineyards, por telefone ou email.

Cadeia Marks & Spencer elogia herdade Vale da Rosa A cadeia britânica de supermercados Marks & Spencer considera que as uvas fornecidas pela herdade Vale da Rosa, com sede em Ferreira do Alentejo, são as melhores. Segundo Zibi Sadowski ,da empresa inglesa, “nós importamos uvas de 19 países e as do Vale da Rosa são as melhores”. António Silvestre Ferreira, diretor da empresa Vale da Rosa, refere que este é um momento de “singular importância” para a empresa, uma vez que os elogios dos responsáveis pela Marks & Spencer “dignificam a empresa mas também Portugal”.


A Câmara Municipal de Mértola promove amanhã, sábado, às 17 e 30 horas, uma sessão de teatro para as crianças do concelho, com a peça “A magia da matemática”, pela companhia de teatro Educa. “A magia da matemática” é protagonizado por Marta Gil (na foto), uma cara bem conhecida dos mais novos (atual apresentadora da MEO Kids), e por Guido Rodrigues, com diversas participações em televisão e teatro. A entrada é gratuita.

A páginas tantas...

Pais

À solta

A maioria das nossas crianças comem nas cantinas escolares, mas há sempre uma altura em que os pais deitam as mãos à cabeça... Sim, falamos das visitas de estudo. Preparar-lhes um almoço rico e divertido é uma forma de garantir que mesmo fora de casa, e longe da escola, a pequenada continua a alimentar-se bem.

Aguarelas feitas em casa. 1 - Uma xícara de bicarbonato de sódio e despeje-o na tigela. 2- Derramar muito lentamente 3/4 xícara de vinagre na tigela. 3- Assim que o bicabornato deixar de borbulhar com uma mistura de varetas mexer bem os dois ingredientes. 4- Duas colheres de sopa de xarope de milho. 5 - Adicione em uma xícara de amido de milho e mexa. 6- Verter o preparado num recipiente para fazer cubos de gelo. 7- Coloque uma pequena quantidade de corante alimentar. 8- Deixar solidificar durante a noite.

A Kalandraka acaba de editar um livro fantástico apesar de não ser novo. Em 1995 foi considerado pelo jornal “New York Times” o melhor livro infantil e, estamos a falar de ZOOM, do ilustrador húngaro Istvan Banyai. ZOOM é um livro visual e sem texto, catalogado como “arte sequencial”, em que cada imagem é o detalhe de um plano geral posterior. Se a ideia do zoom é ir ampliando imagem a imagem aqui a narrativa desenvolve-se exatamente no sentido oposto. Parte-se da forma máxima para situações que por si só já seriam uma história. Acreditamos que seja um livro, até pelo traço, mais adequado a um público juvenil, capaz de retirar de cada imagem e elemento novas leituras. A não perder! Não resistimos a criar aqui um efeito cinematográfico com GRANDE parte do livro.

Dica da semana A dica da semana é mais um passo a passo para poderes criar as tuas personagens articuladas e construires as tuas próprias histórias. Diverte-te

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Teatro infantil “A magia da matemática” em Mértola


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Letras Zoom

Boa vida Comer Sopa da panela Ingredientes para 6 a 8 pessoas: 1 galinha; 1 chispe; 200 gr. de presunto inteiro, 50 0 g r. de touci n ho entremeado; 1 kg. de pescoço de borrego; 1 l i ng u iça de porco alentejano; 1 chouriço de sangue de porco alentejano; 2 cebolas médias; 4 dentes de alho; q.b. de ramos de salsa; q.b. de ramos de hortelã; q.b. de sal grosso; 1 pão alentejano do dia anterior. Confeção: Depois de lavadas as carnes tempere a galinha, o chispe, o toucinho e o pescoço de borrego com sal. Reserve no frigorífico até ao dia seguinte. Numa panela com água fria, ponha as carnes, o presunto e os enchidos a cozer. Quando começar a criar espuma por cima, retire-a com uma escumadeira e coloque as cebolas aos quartos e os alhos picados. Deixe cozinhar lentamente e quando estiver quase cozido, coloque a salsa e a hortelã. Retifique os temperos. Retire os enchidos e as carnes para uma travessa à medida que vão cozendo. Entretanto corte fatias de pão e coloque-as numa terrina com mais uns ramos de hortelã. Regue com o caldo bem quente e sirva com as carnes. Bom apetite… Nota: Se preferir também pode cozer batatas no caldo para acompanhar.

António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora

Jazz Bruno Santos – “Caixa de Música”

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té 2013, a discografia em nome próprio de Bruno Santos era relativamente escassa. Porém, no ano passado, o guitarrista madeirense viu editados, com diferença de poucos meses, dois discos que consolidam a sua posição entre os mais relevantes guitarristas de jazz nacionais. Um primeiro com o seu ensemble (decateto) e agora – reduzindo o efetivo para metade – com um quinteto, que se avoluma pontualmente para sexteto. A formação base que escolheu para a gravação do seu projeto “Caixa de Música” completa-se com outros nomes de créditos mais do que firmados no panorama do jazz que se faz em Portugal: o trompetista João Moreira, o vibrafonista Jeffery Davis, o contrabaixista Nelson Cascais e o baterista André Sousa Machado. Como convidado especial em três das composições surge o saxofonista norteamericano John Ellis. Percebe-se, desde logo pelas notas de capa, que todos estes músicos foram decisivos para que as várias peças fossem ganhando a forma que aqui se dá a conhecer. Escutando “Caixa de Música” ressalta evidente que permanecem inalteradas na essência as características fundamentais da escrita a que Bruno Santos nos tem haBruno Santos – “Caixa de Música” bituado ao longo do seu percurso – Bruno Santos (guitarra nos seus discos em nome próprio ou e composição), João quando compõe e arranja para outras Moreira (trompete), formações, como o Septeto do Hot Jeffery Davis (vibrafone), Clube de Portugal –, independenteNelson Cascais (contrabaixo) e André mente do formato em que tal matriz Sousa Machado (bateria) se operacionalize. Como guitarrista, + John Ellis (saxofones a sua linguagem sóbria e reservada, tenor e soprano). avessa a pirotecnias, na esteira das Editora: Edição de principais luminárias do idioma jaautor/ Fundação GDA Ano: 2013 zzístico vertido para as seis cordas, fornece resistentes teias harmónicas em íntima relação com uma secção rítmica bastante experiente. As composições que integram o programa são tematicamente variadas, predominando as de pendor cálido, que exibem as principais qualidades de Bruno Santos enquanto compositor: coerência, maturidade e elegância, aproveitando sabiamente, dir-se-ia à maneira “ellingtoniana”, os talentos que o rodeiam. Santos enceta de modo tranquilo “Contrabaixo não há argumentos” – logo a abrir, a melhor peça do disco –, dando o mote para o diálogo entre trompete e vibrafone, associação que, aliás, é central em vários momentos. Jeffery Davis derrama aqui – tal como o faz amiúde – todo o seu consequente virtuosismo e musicalidade, marcando de forma decisiva a sonoridade global da formação. Salte-se já para outro dos píncaros da jornada, “Caparica”, com o trompete noturno de Moreira bem acolitado por John Ellis, em saxofone tenor. A melodia amena de “Ja” é bem explorada nas excelentes intervenções solistas de Ellis (aqui em soprano) e do guitarrista. A esquivar-se à toada geral, “Spam” mostra o trompetista a aplicar ao instrumento os já habituais efeitos, que se aliam ao vibrafone com resultados positivos. Da placidez da peça título avulta o excelente solo de Nelson Cascais e em “Tudo é possível menos...” encontramos de novo Moreira e Davis em conversa animada. O disco encerra com o mais enérgico “O lobo solitário”, ou não fosse a peça dedicada a um popular ícone do cinema de ação do final do último século: Chuck Norris. Santos alia eletricidade ao trompete efervescente de Moreira e o resultado agrada. Do ponto de vista discográfico – quanto aos seus méritos enquanto instrumentista, compositor e arranjador há muito estávamos conversados – 2013 foi o ano da consagração definitiva para Bruno Santos. António Branco

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húngaro Istvan Bayai (1949-) é um artista multifacetado, que se mudou nos anos 80 para os EUA onde começou a trabalhar em publicações tão referenciais como a “New Yorker”, “Time” ou a “Rolling Stone”. Desenhou capas de discos para a Sony e para a Verve ainda antes de, em 1995, publicar Zoom, um livro de arte sequencial para crianças que foi, desde logo, considerado um dos melhores livros para crianças naquele ano. É esta obra, publicada em 18 países, que agora é finalmente editada em Portugal, numa belíssima edição pela Kalandraka, que edita “livros para sonhar”. A partir de uma ideia muito simples – a de um zoom sequencial sobre um acontecimento que ganha enorme profundidade e complexidade, e em que cada imagem é o detalhe de um plano mais geral, posterior – Bayai propõe aos leitores uma história que só recorre ao desenho e não usa quaisquer palavras. O que se sucede são pontos de vista surpreendentes sobre a realidade que questionam o lugar que aparentemente cada um ocupa no mundo e desvenda perspetivas novas e subjetivas sobre a realidade. Zoom, para maiores de seis anos, é uma extraordinária ilustração sobre a relatividade nos modos de ver e estará disponível nas livrarias a partir do próximo dia 28. Maria do Carmo Piçarra

Istvan Banyai Kalandraka 48 págs. 15 euros

Toiros Fim de Semana Taurino em Beringel

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tauromaquia está muitas vezes associada a causas sociais, basta ver o número de praças de toiros que são geridas pelas santas casas de misericórdia deste país. Em Beja, todos os anos, temos o exemplo do Festival Taurino da Cercibeja, onde os homens da festa conseguem angariar fundos que já possibilitaram a construção de um lar para esta cooperativa. Agora, em Beringel, a freguesia propôs-se organizar o I Fim de Semana Taurino, com o intuito de angariar fundos para a aquisição de uma viatura de nove lugares para colocar ao serviço da população. Assim, já este fim de semana, de 22 e 23, os aficionados podem deslocar-se até esta vila do concelho de Beja a participar em diversas atividades taurinas. Logo no sábado pela manhã será realizada uma visita à ganadaria Varela Crujo, em Vila Nova de São Bento, onde os visitantes podem assistir aos trabalhos do dia a dia dos campinos, ver os toiros no campo e terminar com um almoço de convívio. Pela noite, e como os fadistas vão aos toiros e os toureiros vão ouvir fado, terá lugar uma noite de fados nos casões da junta de freguesia em ambiente tertuliano, com início marcado para as 21 e 30 horas. No domingo, pelas 10 e 30 horas, será ocasião para se poder assistir a uma demonstração de toureio apeado a cargo dos alunos da Escola de Toureio da Moita do Ribatejo, comandada pelo professor Luís Vital “Procuna”. A tarde será dedicada aos forcados. Assim, a partir das 14 e 30 horas, será realizada uma demonstração de pegas pelos grupos de forcados amadores de Cascais e de Beja. Já sabe, se é um apaixonado pela festa brava, visite Beringel durante este fim de semana e ajude a ajudar! Vítor Morais Besugo


29 Diário do Alentejo 21 fevereiro 2014

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Filatelia A Peregrinação em novos selos

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passagem dos 400 anos da primeira edição da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, vai ser assinalada com a emissão de um selo e de um bloco, respetivamente com as franquias de 1 e de 3€ (designer: AF Atelier) e serão postos em circulação no próximo dia 24. Este livro de viagens conta-nos a extraordinária aventura que foi a vida do seu autor, por terras do oriente, por onde andou mais de 20 anos. Segundo os relatos que nos chegaram da sua incrível viagem por aquelas terras, o aventureiro adaptou-se a todas as situações a que a vida o obrigou. Foi comerciante, soldado, marinheiro, pirata e embaixador. Segundo o seu relato, foi 13 vezes vendido como cativo e 17 como escravo. Impressionado com a vida de São Francisco Xavier, faz-lhe avultada oferta e ingressa na Companhia de Jesus, nunca tendo chegado a receber os votos definitivos. As suas aventuras não terminaram com a sua entrada na Ordem do Santo Patriarca das Índia. Em breve se vê em terras do Japão, na companhia de outros dois portugueses, Diogo Zeimoto e Simão Borralho. Sobre esta estadia no Cipango, nome do então Japão (episódio já filatelizado), Mendes Pinto relata um curioso episódio passado com Diogo Zeimoto e que ainda hoje é recordado naquelas terras através do Festival da Espingarda, que se realiza anualmente na cidade de Tanegashima. A sua atribulada vida de viajante e aventureiro ficou registada na sua Peregrinação. Em 1580 esta obra já estava pronta e era conhecida e citada por inúmeros contemporâneos que viviam por essa Europa fora. Porém, a Peregrinação só viria a conhecer a sua primeira edição em 1614, data que agora se celebra com esta emissão. A obra e o seu autor já foram objeto de outras emissões filatélicas. A primeira referência é o bilhete-postal da série “Conheça os seus Prosadores” (n.º 232/6, catálogo Joaquim Ledo), emitida em 1947. Na face do postal pode ler-se um pequeno texto, retirado da sua imortal obra, que tem como título “Os Portugueses no Japão”; vejamo-lo: “Diogo Zeimoto tomara por passatempo atirar com uma espingarda. Os japões vendo aquele novo modo de tiros que até então nunca tinham visto, deram disto rebaque ao Nautaquim … … a derradeira vez que me lá mandou o Vice-Rei …, no ano de 1656, me afirmaram que naquela cidade de Fucheo havia mais de trinta mil espingardas. E por aqui se saberá que gente esta é, e quão inclinada por natureza ao exercício militar”. A emissão seguinte foi a 30 de junho de 1980. Comemorava os 400 anos da existência (em manuscrito) da Peregrinação. Também em Macau, região por onde andou, figura em dois selos, ambos da emissão “Vultos do Oriente de 1951”; os selos de 1 de 20 avos mostram-nos o ilustre aventureiro que nasceu por volta de 1510 em Montemor-o-Velho, terá viajado em 1537 para a Índia e falecido em Almada, em 1583. Este ilustre aventureiro português também está representado em carimbos comemorativos. Geada de Sousa


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Colaço e a campaniça em concerto no Pax Julia

A viola de Beja, ou campaniça como é mais conhecida, vai ser amanhã a protagonista de um espetáculo no Teatro Municipal Pax Julia, a cargo de Paulo Colaço, músico de Beja que assinalou recentemente 20 anos de carreira. “Por um par de meias solas” tem início pelas 22 horas e promete uma viagem por várias “músicas do mundo” interpretadas por este instrumento tradicional da região. No mesmo dia, pelas 15 horas, o serviço educativo da sala municipal oferece um workshop de viola campaniça, com entrada livre, e ministrado também por Paulo Colaço.

Fim de semana Paulo Ribeiro e Jorge Moniz “cúmplices” em palco

“Pó de Alma” hoje em Grândola

Olhar Marrocos nas telas e Teresa Nunes de Matos Inaugurada há uma semana, pode ainda ser visitada até 15 de março, no Ateliê Galeria Margarida de Araújo, em Serpa, a exposição de pintura “Olhos de Marrocos”, de Teresa Nunes de Matos, artista nascida no Porto e arquiteta de formação que atualmente se dedica à pintura, assumindo-se como discípula de Joana Bonvalot. Nesta mostra em concreto, a autora inspirou-se “na exaltação e paixão pelas cores e gentes”, que conheceu durante uma viagem a Marrocos. “Um turbilhão de imagens e de sensações, inspiradas numa forte diversidade cultural, num tipo de paisagem natural e humana marcante e em diferentes sonoridades” é o que, segundo a artista, o visitante pode experimentar através dos óleos expostos. Para ver de quarta a sábado, entre as 14 e as 20 horas, e de quinta a sábado, entre as 21 e as 23 horas.

Lembrar Zeca Afonso em Castro Verde No próximo domingo, 23, data em que se assinalam os 27 anos sobre a morte de Zeca Afonso, Castro Verde lembra um dos maiores cantautores portugueses com um espetáculo intimista de voz e guitarra, que sobe ao palco do Cineteatro Municipal

de Castro Verde, a partir das 21 e 30 horas. Os protagonistas são João Afonso e Rogério Pires, num encontro que pretende ser também “entre dois amigos” e no qual serão interpretados temas do próprio Zeca Afonso e canções da autoria de João Afonso, cantando a língua portuguesa numa viagem partilhada de canções de “Missangas” a “Outra Vida”, do espetáculo “Buganvília”. O espetáculo insere-se também nas comemorações dos 40 anos da Revolução de Abril.

Berg em Santo André nas Cextas de Cultura O programa Cextas de Cultura tem hoje como convidado o músico Berg, num concerto a ter lugar no auditório da Escola Secundária Padre António Macedo, em Vila Nova de Santo André, a partir das 22 horas. Com mais de 20 anos de carreira como cantor e guitarrista, Berg, que tem participado em vários projetos musicais nacionais, como a banda de Rui Veloso, de que faz parte, tem recentemente visto o seu talento confirmado no programa televisivo “Factor X”. Músico eclético, interpreta vários géneros musicais, do blues ao funky, do reggae ao soul, passando também pelo rock e pela música portuguesa.

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ó de Alma”, espetáculo que resulta da cumplicidade artística entre Paulo Ribeiro e Jorge Moniz, faz hoje caminho até Grândola, para se apresentar no Cineteatro Grandolense, pelas 21 e 30 horas. Um universo musical assente nas “canções, valsas, marchinhas, fados turvos, modas e lonjuras”, como o definem os músicos, “Pó de Alma” inclui temas originais que formaram parte de alguns trabalhos discográficos já editados, inéditos, e ainda canções de outros autores, que ambos fazem questão de partilhar com o público. “Deitamos fora alguns objetos em certos dias de arrumações, limpamos os móveis e o pó da alma, puxamos o brilho aos corações”, pode ouvir-se num dos temas. A voz é de Paulo Ribeiro, que também interpreta a guitarra acústica, músico natural de Beja cujo nome está ligado a projetos como Anonimato, Eroscópio, Baile Popular ou Mosto, constituindo este último uma nova abordagem do cante alentejano, manifestação cultural pela qual é “profundamente apaixonado”. Ao piano e percussões estará Jorge Moniz, músico que tem integrado numerosos projetos, maioritariamente na área do jazz e que é também professor, nomeadamente no Conservatório Regional de Setúbal, Universidade Lusíada de Lisboa, Escola de Jazz do Hot Clube e Escola de Jazz do Barreiro, da qual é fundador e diretor pedagógico. O espetáculo tem entrada livre. A dupla tem também atuação marcada para amanhã, sábado, na Casa da Zorra, em Évora, pelas 21 e 30 horas.

Gala de ópera no Auditório António Chainho Amanhã, sábado, será noite de gala de ópera pela Orquestra Sinfónica Juvenil, no Auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém. O concerto, com início pelas 21 e 30 horas e entrada gratuita, coloca em palco um coletivo que, em 2013, comemorou 40 anos de atividade ininterrupta, oferendo formação profissional de excelência a centenas de jovens músicos. É também, atualmente, a única orquestra sinfónica de jovens em Portugal que se mantém em funcionamento permanente.

Paulistas em Serpa inspiram comunicações e concerto A Casa do Cante, em Serpa, recebe amanhã, sábado, a 2.ª reunião sobre o Sentimento Religioso e o Património Cultural Imaterial – Os Paulistas em Serpa. Um programa que contempla dois momentos: entre as 16 e as 18 horas, serão apresentadas comunicações sobre o tema pelos especialistas Paulo Lima, Virgolino Jorge e Ana Pagará; à noite, pelas 21 horas, há concerto na igreja de São Paulo, pelo Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, em homenagem ao professor Joaquim Baptista Roque. A organização está a cargo da Casa do Cante, Santa Casa da Misericórdia de Serpa e Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa.


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Realizou-se em Beja o colóquio nacional do milho, estando previsto para o verão o congresso internacional da pipoca. Ministério da Saúde processa Al-Mutamid por ter feito depilação a laser recorrendo à ADSE.

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Médicos denunciam problemas com os computadores no centro de saúde e hospital de Beja: pacientes têm receio de ser infetados com malware, spyware e vírus informáticos O Conselho Distrital da Ordem dos Médicos denunciou uma série de situações em que os profissionais têm sentido enormes dificuldades a trabalhar com o material informático disponível naquelas unidades de saúde, criando grandes constrangimentos no serviço e no atendimento aos pacientes. São, aliás, estes últimos que mais têm sentido na pele estes problemas, como nos relatou Julieta Su & Sida, reformada e antiga música dos GNR: “Já é a quinta vez que venho a uma consulta com a minha médica de família e é um desatino. O computador não lhe deixa fazer nada: nem passar receitas, nem pedir exames, nem jogar Angry Birds, zero! Ela coitada fica tão doente com aquilo que quase tem uma apoplexia. E eu também me enervo com facilidade, pois da última vez que saí daqui apanhei uma amigdalite e um trojan horse que me deixou à rasca da coluna e queimou-me a placa gráfica por baixo dos meus rins! Só eu sei o que sofri com estes problemas informáticos: tive de tomar um aulin de oito em oito horas e um kaspersky a seguir às refeições…”, declarou a única portuguesa que aparece no dicionário de termos médicos: na definição “hipocondríaca” diz “ver Julieta Su & Sida”.

Autoridades americanas tentaram espiar telemóvel de Al-Mu’tamid O conjunto de iniciativas à volta da obra de AlMu’tamid despertou o alerta junto das autoridades americanas. O poeta árabe nascido em Beja em 1040, e antigo governador de Silves, foi considerado uma ameaça séria pelos Estados Unidos por ter características que o podem ligar à atividade terrorista, como o facto de ser muçulmano, escrever poesia e apreciar cuscuz de um dia para o outro. A NSA tentou aceder ilegalmente ao seu iPhone, computador portátil, relógio de sol e mesmo às sandálias de cabedal. Os americanos desistiram da ideia quando se aperceberam que Al-Mutamid já tinha morrido há mais de um ano e voltaram a atenção para outra ameaça terrorista ainda mais letal: antigos concorrentes de reality shows que enveredam por uma carreira de cantor.

Assunção Esteves vende rifas durante o dia e lava escadas à noite para pagar as comemorações do 25 de Abril A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, sugeriu que as cerimónias de comemoração do 25 de Abril fossem pagas recorrendo ao mecenato (patrocínio). A proposta gerou alguma controvérsia, mas os parlamentares apressaram-se a sugerir formas de financiamento como: vender deputados como alvo para sessões de paintball; a deputada Heloísa Apolónia (PEV) propôs usar a sua voz potente para testar os tímpanos dos doentes do SNS; e o deputado João Almeida (CDS) ofereceu-se para ser o modelo da coleção primavera/verão da Cenoura, sendo que seria pago em gomas. Para além disso, a própria presidente da AR decidiu meter as mãos na ç a acumular com dois part times: massa e começou um, durante o dia, a vender rifas que dão direito a um sorteio, cujo primeiro prémio é um cabaz que q inclui o socialismo que Soares meteu na un óculos para asgaveta e uns sistir a mais uma comissão sobre Camarate Cama em 3D; outro, à noite, no em que lava aas escadas da representação da Troika em Portugal. Em declarações à nossa pággina, Assunção Este teves afirmou sentirse “carregadinha “ca de soft power para arranjar dinheiro e comemorar a revolução de Abril” e que só se sente com o “nível frustracional em alta por estar a inconseguir inconseg na remoção de mancha manchas do chão”, prometendo trazer t o lava tudo com ch cheiro a aloé vera da sua cas casa.

Inquérito Qual foi, para si, a notícia mais importante dos últimos tempos?

TONICHA, 67 ANOS A maior

É uma pena que não se tenha falado mais no facto do meu querido amigo Fernando Tordo ter emigrado para o Brasil. É uma pena ver artistas assim abandonar o nosso país. O que é que falta? O Carlos Mendes ir para França? O José Cid ir para Cuba? Os Broa de Mel irem para o Canadá? A Dina ir para o planeta dos liliputianos? O Anselmo Ralph ir para Marte? Se eu fosse mais nova também me aventurava. Ia para a Alemanha, Estados Unidos ou Santa Bárbara dos Padrões.

TÓ TIÇO, 23 ANOS Pessoa que percebe de cenas e linguista nos tempos livres

O suposto romance do Obama com a Beyoncé, a Luciana Abreu americana. Dizem que ele também teve um romance com uma assessora. Ah e tal, toda a gente a endeusar o homem, mas eu vi logo que era bom demais para ser verdade! Aquelas orelhas que ele tem não são para ouvir, são radares para captar gajas boas que ele pediu ao FBI, ou ao CSI ou lá o que é para lhe fazerem! Eu não sabia que Obama era a palavra queniana para Hollande – esse também é ganda maluco…

GUSTAVO CÁSPIO, 82 ANOS Pessoa que comprou um visto gold na loja dos chineses

A história daquele pescador que esteve 13 meses perdido no alto mar. É muito bem feita para não se armar em garganeiro. Se fosse esperto ia pescar douradas, piranhas e gambuzinos para a praia de Quintos. O máximo que lhe acontecia era ser apanhado pela corrente e ir parar a Alcoutim. Por outro lado, esta história demonstra que enquanto há vida, há esperança. Exceto se for para um contribuinte português.


Nº 1661 (II Série) | 21 fevereiro 2014

9 771646 923008

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nada mais havendo a acrescentar... Egoísmo Escrevi a vida inteira. Escrevi em papéis e em tudo o que absorvesse tinta. Alaguei folhas e cadernos com coisas minhas, dores minhas, desejos meus. Inventei livros com páginas que gritavam como bichos presos e descontentes. Fiz palavras imitando poetas, juntei palavras julgando que sabia o que construía, disse palavras bêbadas, tantas, madrugadas fora. Mas se eu não escrevesse com uma caneta que deixa um rasto de tinta de luto permanente por onde passa, se eu escrevesse a lápis de carvão, podia, se me arrependesse das palavras, apagar os meus devaneios com a borracha da quarta classe e assim

escrevia-te uma nova composição e não dava os mesmos erros de sempre, porque tu me ditavas o desespero do amor, a teimosia do amor, a firmeza do amor, a vitória do amor, a transparência no amor, nem punha sentidos dúbios entre linhas, fazia uma coisa escorreita que se lesse quase como uma ciência, um exercício claro de explicação de causa e consequência, usava um ponto de exclamação e retirava toda e qualquer reticência. Porque se eu deixar de pensar em mim e na tinta definitiva da minha caneta, não ponho nunca um ponto brusco e final no texto, muito menos uma interrogação e aceito e compreendo que a palavra egoísmo não está sempre escrita na capa da vida.. Vítor Encarnação

quadro de honra José Pires Campaniço, 59 anos, natural de Safara (Moura) Aos 18 anos foi repórter desportivo dos jornais “Época” e “Jornal do Comércio”, entrando depois para o Ministério das Finanças. É licenciado em Direito, tendo exercido funções em Beja, Évora e Lisboa. Encontra-se atualmente colocado numa divisão distrital de Justiça Tributária. Nos anos 80 foi sócio fundador da Associação de Novos Escritores do Sul e diretor do jornal literário “O Cardo”, editado por aquela. Tem colaboração dispersa por mais de uma vintena de jornais e revistas.

José Pires Campaniço regressa com Um Ano em Cheio

As desventuras dos “entroikados”

A

pós uma ausência de 22 anos, José Pires Campaniço regressa aos escaparates com Um Ano Cheio – 365 Contos Digitais, que será publicado em abril pela Chiado Editora. Uma obra que aborda as desventuras dos “entroikados” e que “alguns chamariam de literatura negra. Da pesada”. “Apesar dos contos serem hilariantes, do conjunto sobressai o naufrágio cívico e moral em que mergulhámos”, afirma o autor.

Que temas são abordados em Um Ano Cheio – 365 Contos Digitais, a sua última obra, e que a Chiado Editora descreve como “uma obra dura, duríssima”?

Os temas dos 365 contos de Um Ano em Cheio, com 730 páginas, são as desventuras dos “entroikados”: insegurança no emprego, agiotagem, prepotências, solidão, malandrices, vidas destroçadas, desconfiança coletiva, colonização espiritual nas escolas e nas televisões, etc. etc. É uma obra “dura” na medida em que, apesar dos contos serem hilariantes, do conjunto sobressai o naufrágio cívico e moral em que mergulhámos. E os protagonistas que nos divertiram começam depois a exasperar-nos. Porque nos revemos neles! É uma obra que alguns chamariam de “literatura negra”. Da pesada. Por vezes brutal nas manifestações PUB PUB

de egoísmo. No site www.josepirescampanico.pt encontram-se introduções mais explícitas e a reprodução de alguns contos. Aconselho a consulta, que é gratuita. Esta obra constitui o I volume da “Trilogia do Pesadelo”. Do que tratam os outros dois volumes e em que fase se encontram?

O volume II da “Trilogia do Pesadelo” é o romance, também com 700 páginas, a publicar ainda este ano, com o título Mosquitos por Cordas no Lodaçal (freguesia imaginária lisboeta), cujos temas são os mesmos, mas tratados de forma mais grave e menos chocante, que giram à volta do jovem marginal “Avião” que aqueles que o quiseram matar o fazem eleger presidente da autarquia para melhor prosseguirem os seus negócios escuros. É uma obra mais “humana”, que se digere melhor e desperta sentimentos e emoções mais comuns. Mas o título (já) sugere muita “agitação”. Que acaba mal. O volume III, também com 700 páginas, é um conjunto de sete novelas a refletir os sete “pecados mortais”… da Troika. Um Ano Cheio marca o seu regresso aos escaparates após uma ausência de 22 anos. O que é que esteve na origem

deste interregno?

Vou ser breve e conciso: uma suposta senhora editora devolveu-me Um Ano dizendo que “contos” é um género obsoleto e o meu estilo está fora de moda. Hic! Isto na altura em que atribuem o Nobel à “contista” Alice Munro, cujos temas (vd. Fugas) são também os meus e que escreve sem acrobacias formais porque a parte substantiva é que é primordial. Isto é assim agora. Há 22 anos era o mesmo. Quando a gente tem cachola chateia-se com esta “troupe”. E põe-se à margem para não ter de aturar dislates de ignorantes pomposos. Agora regressei para ajudar a pagar a dívida pública do povo gastador e incompetente, mediante a exportação em larga escala de… “melões”! Por que é que se assume como “o último moicano existencialista”?

Os arautos do “Eu governo-me e os outros que se desenrasquem” têm desacreditado o Existencialismo, mas eu continuo a achar válidos os seus primados nucleares, que, segundo Sartre, são: a existência precede a essência, por isso o Homem constrói-se a ele próprio e é o responsável único pelo seu destino e com esta responsabilização cada homem define o Homem e se descobre num novo Humanismo. Nélia Pedrosa

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As previsões para hoje, sexta-feira, apontam para céu com períodos de muito nublado. As temperaturas oscilarão entre os quatro graus de mínima e os 11 de máxima. No sábado e domingo o céu deverá apresentar-se pouco nublado.

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Câmara de Odemira participa em encontro ibérico A Câmara de Odemira vai participar no 2.º Encontro Ibérico de Democracia e Orçamentos Participativos, que irá decorrer nos dias 14 e 15 de março, na cidade espanhola de Molina, e será dedicado ao tema “Defender a democracia local”. Segundo a autarquia, o encontro, no qual já estão confirmadas participações de outros municípios portugueses, pretende discutir o orçamento participativo e outras formas de democracia participativa com vista à sua promoção e ao seu fortalecimento na Península Ibérica. O encontro será um espaço de diálogo, reflexão e troca de experiências e conhecimentos entre atores institucionais e sociais e investigadores de Portugal e Espanha, explica a câmara, referindo que o evento irá contar com participantes de outros países “com o objetivo de comparar as experiências ibéricas com outras realidades”.

Cabeça Gorda recebe Silarca, Festival do Cogumelo A Junta de Freguesia de Cabeça Gorda promove nos dias 7, 8 e 9 de março a primeira edição do Silarca, Festival do Cogumelo da Cabeça Gorda. Um evento que celebra “os recursos silvestres e micológicos, ancestral prática na gastronomia local, enquanto valor patrimonial de excelência cruzando os saberes tradicionais, o cante alentejano e os produtos naturais no cenário natural que a Cabeça Gorda oferece”, adianta a autarquia, acrescentando que se pretende “que o mesmo se torne uma referência no roteiro gastronómico-cultural a nível do concelho de Beja e mesmo do distrito de Beja”.

Espaço Oficinas de Aljustrel ensina a construir máscaras As Oficinas de Formação e Animação Cultural de Aljustrel levam a cabo no próximo fim de semana, 22 e 23, e no dia 1 de março, um ateliê de construção de máscaras. Ministrado pelos formadores Elsa Morgadinho e Marco Custódio, o ateliê “irá ensinar a realizar disfarces de Carnaval, passando pelas suas diferentes etapas de execução, desde a criativa até à estrutural e decorativa. Para tal serão abordadas várias técnicas como o papier-mâché e pintura colagem”.


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