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Diário da Cuesta

Páginas 3 e 4

No próximo dia 13 , segunda-feira, a Companhia de Teatro Chafariz estreia a peça “Querida Elda” , com apoio das Secretarias Municipais de Cultura e de Educação. O espetáculo celebra a vida e a trajetória de Elda Moscogliato , pioneira da literatura local, primeira mulher a escrever para jornais da cidade e membro da Academia Botucatuense de Letras.

A apresentação será no Teatro Municipal “Ca -

Da esquerda para direita: Drs. Aleixo Delmanto, Jorge Lavras, Antônio Delmanto, João Queiroz Reis e Antônio Pires de Campos1941

Companhia de Teatro Chafariz apresenta espetáculo em homenagem a escritora e professora Elda Moscogliato

milo Fernandez Dinucci” , localizado na Praça Coronel Rafael de Moura Campos, 27 – Centro , e começa às 9h30 . A classificação é livre e a entrada é gratuita. Na peça, o público revisita a história de Botucatu por meio das crônicas de Elda, conhece o talento de jovens estudantes em um trabalho coletivo de arte e memória e valoriza a produção literária e teatral local. (Fonte: Tribuna de Botucatu) Página 2

R E L E M B R A N D O

ALEIXO DELMANTO (1901- 1994)

Os imigrantes italianos que vieram para Botucatu no final do século retrasado (1887), chegaram carregados de esperanças e com uma só determinação: serem vencedores na nova pátria. Como a educação no Brasil, no início do século, ainda não tivesse atingido o nível que hoje possui, principalmente no interior, Aleixo Varoli patrocinou a ida de seus netos para a Itália, para que pudessem estudar e preparar-se para a futura vida profissional.

Aleixo Varoli enviou seus netos para que estudassem no tradicional e conceituado “Collegio Maria Luigia”, da cidade de Parma, em regime de semi-internato. Mais uma vez, contou com a colaboração de Giuseppe Botti para que fizesse o acompanhamento, na sua ausência, da atuação dos meninos. Foram do Brasil, com média de 9 anos, Aleixo Delmanto (filho de Pedro/Maria Delmanto) e Alfonso, Julio, Carlos e Mário Botti (filhos de Francisco/Albina Botti).

Todos fizeram do básico ao colegial na Itália, tendo Aleixo Delmanto feito também

a Faculdade de Medicina da Universidade de Parma e, depois (1930/31), especialização na Universidade de Bolonha - a mais antiga Universidade do Mundo! Tanto Parma como Bolonha pertencem, hoje, à Região Emilia-Romagna, uma das mais desenvolvidas da Itália. Em seu retorno ao Brasil, o jovem médico botucatuense (primeiro “oriundo” local a formar-se em Medicina), recebeu uma grata surpresa e um grande incentivo: seu pai, o industrial italiano Pedro Delmanto, havia construído uma réplica reduzida de um grande Hospital de Florença! Seria em 1928 a inauguração, em Botucatu, da Casa de Saúde “Sul Paulista”...

CASA DE SAÚDE “SUL PAULISTA”

No inicio dos anos 20, a então poderosa colônia italiana em Botucatu atingia o auge de sua prosperidade Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica. Longe deles qualquer sentimento di visionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma ori gem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas...

Como ocorrera, com muito sucesso, na capital, onde a colônia italiana erguera, sob ocomando do Conde Matatarazzo, o imponente Hospital Umberto Primo, em 1904, ampliando-o sucessivamente, o exemplo passou a ser seguido pelos núcleos mais expressivos dos imigrantes italianos nas cidades do interior do estado

E Botucatu estava situada no limite de onde chegara a Estrada de Ferro Sorocabana, em 1889 e dali partindo para a conquista do interior, “plantando” cidades com o progresso que as suas paralelas levavam: Lençóis Paulista, Bauru, Assis, Ourinhos e Presidente Prudente se destacando entre tantas outras Inaugurada com toda a pompa, com banda de música, a presença de autoridades e comparecimento expressivo da população num verdadeiro congraçamento dos imigrantes com os botucatuenses e, suprema honra, com a presença do Cônsul Geral da Itália representando o Rei da Itália. Sucesso. Com a Direção do Prof. Dr. Ludovico Tarsia, compunham a Diretoria: os Drs. Aleixo Delmanto e Miguel Losso, médico italiano já integrado à colônia local

ALEIXO DELMANTO – O PRIMOGÊNITO !

Com apenas 9 anos, o menino Aleixo foi estudar na Itália. Imaginem um menino de 9 anos... Lá, Aleixo fez seus estudos em Parma onde acabou cursando Medicina, com especialização na tradicional Universidade de Bolonha. Em Parma, casou-se com Rina (Arthurina) Cantoni. E voltou para o Brasil como o primeiro dos “oriundi” formado em Medicina. Foi uma vitória da família e, com certeza, de toda a numerosa colônia italiana de Botucatu. Primeiramente, de forma pioneira, na Casa de Saúde Sul Paulista e, ao depois, por 40 anos na Misericórdia Botucatuense, como Chefe do Serviço de Radiologia. Aleixo se dedicou à medicina por 60 anos de efetivo exercício profis-

sional. Nos primeiros anos da nossa Faculdade de Medicina pode colaborar com seus ensinamentos para o engrandecimento dessa modelar instituição

Comunicativo e extrovertido, Aleixo participou sempre das atividades culturais e festivas da colônia italiana na cidade Traduziu os clássicos italianos, escreveu as letras de muitas músicas, inclusive, a letra do HINO DE BOTUCATU. Foi um dos fundadores do TAENCA (Cine Teatro Nelli) e da Academia Botucatuense de Letras. Enfim, foi um cidadão prestante. Seus filhos, Rubens Aleixo (médico) e Glória Maria (professora), deixaram-lhe netos e bisnetos

Em carta datada de 08 de fevereiro de 1914, meu pai, Antônio Delmanto, deixava expressa toda a felicidade e todo o orgulho que a família e amigos tinham do jovem Aleixo:

“...ti faccio sappere che sono passatto nella Scuola Botucatuense per poter imparare anche a língua portoghese ma il babbo me disse che da qui 2 anni vengo anch’io in Italia per poterme imparare come sideve, qui noi tutti stiamo bene...Riceve um baccio dal tuo fratello, Antonio Delmanto”.

E termina, com letras maiores:

“Viva Alessio,Viva Alessino!” Saudades, caríssimo Tio Aleixo! Saudades! (AMD)

LEITURA DINÂMICA

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– Aleixo Delmanto nasceu em Botucatu, no dia 10 de outubro de 1901, filho de Pedro Delmanto e Maria Varoli Delmanto. Com apenas 9 anos, o menino Aleixo foi estudar na Itália. Fez seus estudos em Parma onde acabou cursando Medicina, com especialização na tradicional Universidade de Bolonha. Em Parma, casou-se com Rina Cantoni. E voltou para o Brasil como o primeiro dos “oriundi” de Botucatu formado em Medicina.

2–

Foto histórica: Dante Delmanto, Pedro Delmanto Sobrinho (Colosso), Aleixo Delmanto e Antônio Delmanto.

3–

5

5 irmãos: à frente em pé, o caçula Berval, Aleixo (sentado) e ao alto Antônio, Orlando e Dante

- No final dos anos 20, Botucatu vivia fase de excelência acadêmica na Medicina

Bem antes da fase gloriosa de nossa Faculdade de Medicina, em 1928, com a inauguração da Casa de Saúde Sul Paulista, Botucatu passou a ser referencial e orgulho da Colônia Italiana Paulista. Àquela época, tivemos um Professor Universitário, Titular de cargo docente em uma das mais antigas e prestigiadas Universidades da Europa (Universidade Real de Nápoles): Professor Ludovico Tarsia, Professor Titular da Cadeira de Clínica Cirúrgica. Podemos dizer que já àquela época Botucatu revelava sua vocação de futuro centro médico universitário.

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Viagens # Fé

Peregrinando na Basílica de Santa Clara, em Assis

Em estilo gótico-umbro, a Basílica de Santa Clara foi erguida entre 1257 e 1265 a partir de um projeto do arquiteto italiano Filippo da Campello, com a simplicidade de sua fachada geométrica, na entrada da medieval Assis, na província de Perugia, onde viveu a fundadora da Ordem das Clarissas, integrante da nobre família dos Favarone degli Offreducci. Construído ao lado da antiga Igreja de São Jorge, local onde Clara foi sepultada inicialmente em 1253, o templo abriga numa cripta de vidro o corpo intacto encontrado no século XI, daquela que é a primeira e mais fiel discípula de São Francisco. Também lá é venerado o célebre Crucifixo de São Damião, que a tradição conta teria chamado o Poverello a restaurar a Igreja.

A fachada simples, como todo o corpo da basílica, tem faixas horizontais brancas e rosa na pedra do Monte Subasio, conferindo à estrutura um aspecto elegante e harmonioso. A fim de garantir estabilidade à construção, três arcobotantes foram adicionados ao exterior, na parte esquerda. Na seção mediana há uma rosácea composta de círculos concêntricos, com pequenas colunas. Já na parte interna podem-se admirar representações dos momentos mais significativos da vida de Santa Clara. Além das relíquias da fundadora, a basílica também guarda os túmulos de suas irmãs Inês e Beatriz, já canonizadas, bem como de sua mãe, Ortolana, e de outras dedicadas religiosas clarissas.

presbitério fica a Capela de Santa Inês, onde é adorado o Santíssimo Sacramento.

Ainda no interior, à direita, está a Capela de São Jorge, decorada por Puccio Capanna e outros artistas das escolas de Giotto e Lorenzetti, enquanto na parede esquerda em direção ao

A torre sineira, adicionada no século XIV, é um testemunho da importância duradoura da basílica. A simplicidade do design, combinada com o uso de materiais locais, reflete os ideais franciscanos de humildade e devoção Regina Célia e eu tivemos a graça de peregrinar algumas vezes nessa igreja que continua a ser um vibrante centro religioso, reconhecido também como patrimônio mundial pela Unesco, juntamente com outros sítios franciscanos de Assis, o que evidencia a sua importância global. Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 56 livros sobre a história regional.

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