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ELDA MOSCOGLIATO HOMENAGEADA

Na 2a FLIB os alunos da EME- Elda Moscogliato fazendo a leitura dramatizada do que será a peça “Querida Elda”, projeto idealizado pela acadêmica

Cláudia Basseto, que integra orgulhosamente a cadeira de Elda Moscogliato. PÁGINA 2

“O brincador de palavras”

MARIA DE LOURDES CÂMILO SOUZA

«Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor

Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.

Quero brincar de manhã à noite, seja no que for.

Quando for grande, quero ser um brincador. (…)

A mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”. Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.

A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta.

Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras.»

Álvaro Magalhães, in O Brincador Imagem de John Henry Hintermeister (Suiça,1869-1945)

Gosto muito dessa imagem sobre o escritor. Inspira-me!

Visionária vejo Manoel de Barros buscando dar um nome poético a uma pedra em que tropeçou e estourou o dedão do pé.

Ou poetizando sobre um sapo coaxando na lagoa. Ontem na 2a FLIB vi os alunos da EME- Elda Moscogliato fazendo a leitura do que será a peça “Querida Elda”, projeto idealizado pela confreira Cláudia Basseto, que integra orgulhosamente a cadeira da querida imortal Elda Moscogliato, uma das primeiras mulheres a integrar a ABL -Academia Botucatuense de Letras, Ciências e Artes, juntamente com Dinorah Levy Silva e Álvares

A peça será encenada em meados de outubro no Teatro Municipal Camilo Dinucci

Trata-se de uma parceria da Secretaria da Cultura, Cia. de Teatro Chafariz e da querida confreira Cláudia Bassetto que está trabalhando num livro sobre a vida da cronista de Botucatu e patrona da sua cadeira da ABL

Pré adolescentes de 13 anos fizeram a leitura todos com a camiseta com logo da peça. Todos muito atentos para não errar nenhuma fala.

Voltei no tempo em que inúmeras vezes estive em contato com D. Elda, em sua casa na Rua Curuzu, aonde tive aulas no cursinho para admissão ao ginasial do EECA com sua irmã, ou as aulas para aprender a tocar sanfona com seu pai o Sr. Vicente Moscogliato.

Emocionei-me lembrando da simpatia e da doçura do sorriso de D. Elda, seus cabelos brancos bem penteados, formando um coque na nuca, a elegância sempre presente em seus trajes simples.

A sua sempre presente alegria ao nos abraçar carinhosa e perguntar sobre nossa família.

Homenagem muito linda e merecida em verso e prosa, cantada para o conhecimento das novas gerações que frequentam a escola que hoje leva o seu nome.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente

Presto, aqui, as minhas homenagens à ELDA MOSCOGLIATO - A CRONISTA DE BOTUCATU!

Iniciante nas letras encontrei o apoio e o incentivo de Elda Moscogliato. Professora conceituada e ativa “alma mater” da ABL - Academia Botucatuense de Letras. Seus comentários e suas crônicas eram a certeza de que a “intelligentzia” botucatuense abrigava a nossa cultura e zelava pela nossa tradição centenária.

Meus três primeiros livros foram objeto de sua análise. O primeiro, “A JUVENTUDE : PARTICIPAÇÃO OU OMISSÃO”, de 1970, pela Editora EDIJOR; o segundo, “CRÔNICAS DA MINHA CIDADE”, de 1976, Edição do Autor; o terceiro, “CONSTITUINTE - O QUE TODO BRASILEIRO DEVE SABER SOBRE A ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE”, de 1981, pela Editora EDIÇÕES POPULARES. Todos os três frutos de minha militância no jornalismo, na Capital e em Botucatu

Anos depois, na presidência da ABL, pude homenageá-la por seu trabalho cultural e por sua dedicação às atividades da Academia em evento cultural realizado no Colégio Santa Marcelina.

Em sua crônica no jornal “A GAZETA DE BOTUCATU”, de 10/04/81, ELDA MOSCOGLIATO escreveu:

“Armando Moraes Delmanto ofereceu-nos, com atenciosa dedicatória, seu mais recente livro, desta vez nos altiplanos políticos, propugnando, com o seu jamais esmorecido idealismo, por uma Constituinte. A mensagem é em si , uma belíssima lição de amor-pátrio, de despreendimento, de devotamento à causa pública. Ele luta, na eloquência de seu apelo, pela elaboração de uma nova Constituição através da qual se derruam os óbices ainda existentes, no sentido da verdadeira democracia.

Pode-se crer nesse jovem. O texto é fluente, impõe-se como autentica lição democrática a que tanto se ambiciona. O trabalho todo é fiel ao seu comportamento de jovem e promissor político, de conduta ilibada de que se fez herdeiro.

É seu terceiro livro. Em “Juventude : Participação ou Omissão”, o Autor já se revela o jovem entusiasta pelos problemas magnos da política nacional entregue apaixonadamente à causa político-social cuja solução tanto depende da decidida participação da juventude. Ambos os trabalhos marcam, efetivamente, um programa cívico.

Vem depois “Crônicas da Minha Cidade”. O nome já diz. Uma coletânea gostosa de ler, uma compilação de publicações esparsas, reunidas numa Ode à cidade centenária, em cujas páginas ele extravasa seu sentimentalismo na evocação de figuras, épocas, instituições, que povoaram seus anos juvenis, nas letras primárias, nos bancos ginasiais.

Advogado, vereador, político ativo, o Dr. Armando Moraes Delmanto impõe-se por uma conduta integra, digna sob todos os aspectos, de nossa admiração e de nosso respeito. Escritor elegante, orador de largos recursos, batalhando na tribuna legislativa como no jornalismo, mereceu, através de indicação memorável, do Dr. Sebastião de Almeida Pinto, ocupar, em nossa Academia Botucatuense de Letras, a vaga logo mais deixada pelo sempre saudoso Dr. Tião que via nele, o continuador ilustre de nossas letras e de nossas tradições.” (AMD).

R E L E M B R A N D O

ELDA MOSCOGLIATO

Cronista Maior – O destaque fica para os ensinamentos e a postura profissional da saudosa cronista Elda Moscogliato. Uma das idealizadoras e Alma Mater da ABL – Academia Botucatuense de Letras e a mais respeitada militante da imprensa botucatuense, Elda fez escola em nosso meio cultural e jornalístico. Desde seu início na Folha de Botucatu, passando pela Gazeta de Botucatu, pelo Vanguarda de Botucatu e em todas as edições da revista cultural de Botucatu, a Revista Peabiru. Em todos esses órgãos de nossa imprensa, atuou como exemplo de jornalista e cronista. Possuidora de cultura admirável, possui no prelo inúmeras obras que só engrandeceriam Botucatu e mostrariam, de forma inconteste, o valor da mulher nas letras e na imprensa. A USC – Universidade do Sagrado Coração (Bauru), já mostrou interesse em adquirir todo o seu acervo e em editar seus livros. Com a palavra o setor cultural de nossa Prefeitura... (AMD)

E L E M B R A N D O

Diário da Cuesta 2

A R T I G O Memórias Acadêmicas

Elda Moscogliato

É relevante que se destaquem aqui, nesta colaboração especialmente dedicada à revista cultural Peabiru –a mais recente de tantas publicações e livros com que o Dr. Armando Moraes Delmanto tem contribuído para o destaque de seu berço natal no rol das cidades que se impõem pela excelência de sua Imprensa – fatos e vultos que tanto trabalharam para o surgimento da Academia de Letras, fator importante no registro histórico de seus anais.

decência da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas recém instalada, carreando para nosso ambiente a respeitabilidade de mestres da Ciência Universal.

Aqui chegado como Juiz de Direito da Comarca, o Dr. Antonio Gabriel Marão, magistrada respeitável, culto e brilhante, jornalista, sociável, observador arguto, tomou o pulso da terra acolhedora – que adotou de pronto como terra-mãe – perscrutou o ambiente social, avaliou o nível educacional do povo bom e lhano, conheceu mestres – ele mesmo, cultor do idioma e professor de Matemática – sopesou a cultura local e decidiu: - Falta nesta terra de intelectuais uma Academia de Letras!

tava fundada a Academia Botucatuense de Letras. Assumiu provisoriamente a Presidência, o Dr. Antonio Gabriel Marão, dando como marco definitivo o Dia 9 de Julho de 1972, data em que se iniciaram os trabalhos preliminares para a concretização da Academia de Letras botucatuense que assinala uma das mais belas e construtivas páginas de nossos anais históricos.

A seu lado, dedicada e amorosa, vigilante e ativa laborava D. Lidia Menon Marão – esposa e companheira, fixando as Atas preliminares na beleza de um manuscrito invejável, na inteireza da redação impecável, na transparência de relatos históricos.

Um Silogeu clássico era um velho ideal da privilegiada classe pensante botucatuense incluindo-se aqui a Igreja, a Escola, a Sociedade. Já houvera anteriormente um decidido movimento na concretização do sonho acadêmico e nem lhe faltaram na ocasião sobejas condições e elementos indispensáveis à sua realização. No entanto, a ideia nem bem nasceu, morreu por inexplicável letargia.

Vieram outros tempos.

Seu surgimento ulterior não resultou, como no de outra congêneres, de um exaustivo e denonado esforço na arregimentação de elementos capazes de corporifica-la. Não. Aqui, esse extraordinário e surpreendente fato social se deu naturalmente. Havia reservas a mancheias. Faltava-nos apenas, “un Directeur”, um regente de orquestra, um polarizador, alguém que reunisse o ideal das letras, a energia do trabalho, a abnegação altruística na construção de um Panteão que aquinhoasse Botucatu de mais esse galardão cultural.

Estendeu a ideia à esposa solícita, professora ativa no Magistério Estadual, que logo aderiu ao mesmo ideal e se pôs a secretariá-lo. Eram cultos e acarinhavam-se com os versos admiráveis do Parnaso. Almas gêmeas. Logo a seguir, em 12 de Julho de 1972, reuniram-se pela primeira vez, no Centro Cultural, Antonio Gabriel Marão, Arnaldo Moreira Reis, Olavo Godoy, Oswaldo Minicucci, Raymundo Marcolino da Luz Cintra, Sebastião Rocha Lima, e Trajano Pupo Jr. Es-

Desde então dedicou-se o casal amigo aos trâmites sempre burocráticos e complicados, trabalhosos e pragmáticos, não se poupando ambos numa entrega total, sacrificante e cansativa, para a consecução final do ideal que em sendo nosso, foi por eles compartilhado com abnegação e carinho.

Por isso os acadêmicos lhes deram por unanimidade, num gesto de gratidão e amizade, o título carinhoso de – Pais da Academia E bem o mereceram!

A ABL vem mobilizando a sociedade botucatuense para as comemorações dos 50 Anos da Academia de Letras de Botucatu

ABL a caminho de seus 50 Anos!

A Academia Botucatuense de Letras, fundada no dia 9 de Julho de 1972, está comemorando seu 49º aniversário. A mais importante entidade cultural de Botucatu tem realizado importante caminhada peabiruana. Parabéns!

Um organizador capaz de reunir uma safra já de si riquíssima de valores que pontificavam no jornalismo, nas letras pátrias, nas artes, nas ciências. A “célula-mater” da Educação – a querida e veneranda Escola Normal Oficial de Botucatu era o celeiro farto, figura simbólica, Minerva fecunda de “bandeirantes da Luz e do Saber”, seguida dos educandários do Arquidiocesano e do Santa Marcelina – iluminados agora pela esplen-

EXPEDIENTE

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

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