Diário Causa Operária nº5834

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SEXTA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5834

Bolsonaro, milícias, Marielle: que fazer?

M

ais uma vez a família do golpista ilegítimo Jair Bolsonaro é envolvida no caso da execução da vereadora do Rio Janeiro Marielle Franco, assassinada a tiros ano passado junto com seu motorista, Anderson Gomes. Segundo o jornalista Kennedy Alencar, da rádio CBN, a polícia civil do Rio de Janeiro estaria investigando a hipótese de que Carlos Bolsonaro esteja envolvido no crime.

PCdoB dá “exemplo” para direita e aprova “reforma” em menos de 24h No momento em que milhões de servidores estaduais e municipais de todo o País estão ameaçados pelo roubo da Previdência, governo “comunista” faz PEC ser aprovava em apenas um dia

PT do Recife mostra o verdadeiro sentido da “Frente Ampla”

Frentes eleitorais não vão mudar nada Mal saída das eleições absolutamente fraudadas de 2018, eleições essas que marcaram a tentativa do regime saído do golpe em se estabilizar sob o manto da “democracia”, a esquerda de um modo geral, desconsiderou a experiência com o processo que levou ao governo, não a direita diretamente responsável pelo golpe (PSDB, DEM, PMDB), o Centrão, mas a extrema-direita parida pelo próprio Centrão.

MST: "Resistência” ou luta contra os latifundiários e governo fascista? Nesta quarta-feira (20/11), João Pedro Stédile, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) concedeu uma entrevista para o portal da internet Sputink onde fala sobre a situação política atual e como atua o MST diante do governo Bolsonaro.

O verdadeiro sentido da Frente Ampla então é justamente submeter os partidos da ala esquerda da Frente à ala direita da mesma. Enquanto que a direita manda, a esquerda obedece.

Veja como PCdoB procura aliança foi o 20 de com golpistas para colocar novembro, Bolsonaro “na linha” organizado Em matéria intitulada “A luta continua por democracia, soberania nacional e direitos do povo”, publicada pelo Coletivo no sítio Vermelho, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o vice-presidente do partido, Walter João Cândido Sorrentino, discorre sobre uma estratégia para “isolar e derrotar Bolsonaro”.

A violência da extremadireita não se combate com processos judiciais Um debate com a articulista do DCM, Nathali Macedo

Neste 20 de novembro, como de tradição do Partido da Causa Operária, foram realizadas uma série de atividades em torno da data, que celebra a morte de Zumbi dos Palmares, liderança histórica do povo negro.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Frentes eleitorais não vão mudar nada Não é de agora que a esquerda brasileira está absolutamente voltada para as eleições de 2020, mas focada nas de 2022. Mal saída das eleições absolutamente fraudadas de 2018, eleições essas que marcaram a tentativa do regime saído do golpe em se estabilizar sob o manto da “democracia”, a esquerda de um modo geral, desconsiderou a experiência com o processo que levou ao governo, não a direita diretamente responsável pelo golpe (PSDB, DEM, PMDB), o Centrão, mas a extrema-direita parida pelo próprio Centrão. Sem entender que a vitória da extrema-direita nas eleições, com Bolsonaro, com governadores como Witzel, João Dória, Zema, entre outros, com a eleição no Congresso Nacional marcada por ser a mais reacionária desde o fim da ditadura militar, a esquerda viu nessa condição a sua própria derrota e não uma condição imposta pelo golpe de 2016. Um resultado do golpe de Estado que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff foi a crescente polarização do País. A polarização levou ao colapso do centro político, ou melhor do próprio regime político saído do golpe, isso é o que explica que Bolsonaro tenha se transformado na única alternativa da burguesia frente à esquerda. Desse ponto de vista, a esquerda se valeu da sua própria avaliação de “derrota”, para capitular mais ainda diante do golpe. De lá para cá a esquerda, quando muito, só utiliza a denúncia do golpe nas eleições com a retirada de Lula do processo eleitoral em discurso. Objetivamente, depois de alardear nas eleições que a “eleição de Bolsonaro seria o fim do mundo”, “era o fascismo no Brasil”, saiu a cumprimentar o candidato da extrema-direita eleito, com votos de felicitações para que “fizesse um bom governo”. De lá para cá, essa mesma esquerda tem se negado sistematicamente a levantar a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”, uma palavra de ordem, juntamente com a de Lula Livre, das mais populares do País. Foi assim no carnaval passado, mal Bolsonaro havia tomado posse, tem sido assim nos estádios de futebol, shows, manifestações. É justamente a recusa em defender o “Fora Bolsonaro” e até a pouco “A liberdade de Lula”, essa de uma maneira prática e não só em discurso, que levou a uma dispersão das mobilizações que ocorrem nesse último período no País. Em oposição a uma política de enfrentamento com o golpe, em nome de que “Bolsonaro é um governo que tem apoio popular” , “as massas estão paralisadas”, etc, a esquerda se volta para o calendário eleitoral e as conformação de “frentes” que sejam “viáveis” eleitoralmente. Tendo o PCdoB como carro-chefe, mas também a direita do PT, o Psol e os golpistas PSB e PDT, este, tendo à frente o direitista Ciro Gomes,

a esquerda se voltou por resgatar a própria direita golpista, o Centrão, em torno da frente ampla por “Direitos Já”, onde tem espaço para golpistas de primeira linha como os tucanos Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM. Essa política é de uma profunda adaptação ao golpe em nome de que supostamente estaria se colocando contra o golpe. Na verdade, essa não é uma política da esquerda, mas responde a uma política da direita, do Centrão, que usar a esquerda para se reciclar e se viabilizar eleitoralmente. O grande impasse para o desenvolvimento da “frente ampla” foi a soltura de Lula no início desse mês. De um ponto de vista prático, Lula desequilibra todo o jogo. Primeiro, porque ele é muito maior do que a esquerda. Desse ponto de vista, se a política da esquerda seria ser coadjuvante do Centrão, com Lula, os papéis se invertem, o que, na prática, inviabiliza o avanço da frente. Um outro aspecto, é que a própria condição de Lula (processos, Condenação pela lei da Ficha Limpa) impele que o próprio Lula seja um fator permanente que impusiona a mobilização, o que, inevitavelmente, traz para o centro do debate a questão do “Fora Bolsonaro”, que está intrinsecamente vinculado a luta pela garantia dos direitos políticos do ex-presidente. Embora contra a vontade da esquerda, que vê os seus interesses de acordo com a possibilidade de ganhos eleitorais em seus rincões e para isso pouco importa se aliança vai se dar com golpistas ou não golpistas, o centro da situação política gira em torno das questões nacionais. Além do fator Lula, é evidente que por baixo da aparente calmaria que se apresenta na superfície, existe no País uma situação explosiva. A condição do Brasil é tão ou mais grave do que o Chile ou a Bolívia. O governo está “pisando em ovos” e por isso mesmo, com medo de que uma mobilização dos servidores que fatalmente ocorrerá diante da reforma Administrativa o que pode se transformar no rastilho que leve a revoltas populares no Pais, recuou no encaminhamento da reforma. As frentes eleitorais e as próprias eleições não representam uma perspectiva na etapa política que se abre no País. Participar do processo é uma coisa. Transformá-lo em tábua de salvação para todos os males do País é outra completamente diferente. Cabe aos setores conscientes da esquerda, aos comitês de luta contra o golpe, aos partidos políticos que efetivamente estão na luta contra o golpe impulsionar a luta pelo Fora Bolsonaro, pela anulação dos processos contra Lula e por verdadeiras eleições gerais, com Lula candidato, para varrer todo o regime golpista. Esse é o único caminho progressista!

A escravidão deixou o brasileiro “submisso”? Por Vitor Lara

A esquerda pequeno-burguesa é responsável por teses bastante curiosas. Tendo em vista o dia 20 de novembro, um dia fundamental na história de luta do povo negro brasileiro, vamos explorar nesta coluna uma das teorias mais exóticas desta esquerda: a de que o povo brasileiro não tem disposição para a luta, e que isso se daria, entre outros motivos, pela escravidão no país, que teria nos deixado submissos. É uma argumentação que busca antes de mais nada derrubar o moral do povo brasileiro, mas que não faz nenhum sentido. Afinal, com esta mesma “lógica” poderíamos concluir que a independência de uma colônia do jugo imperialista seria impossível, já que aparentemente, o histórico de opressão faria com que os povos ficassem subjugados cronicamente. Neste sentido, é muito oportuno assistir a palestra apresentada pelo companheiro Juliano Lopes, do Coletivo de negros do PCO, o João Cândido, em comemoração a este último dia 20 de novembro. Na palestra, o companheiro mostrou um pouco das gigantescas lutas que os negros africanos travaram – e ainda travam – pela sua independência diante do imperialismo. Esta teoria, no entanto, se baseia também em outro senso comum, que se houve com frequência nos círculos pequeno-burgueses. De acordo com esta concepção, a abolição

CHARGE

da escravidão no Brasil teria se dado por “cima”, através de acordos, sem que os escravos brasileiros tivessem se mobilizado, organizado revoltas, etc.. Antes de mais nada, trata-se de uma falsidade histórica, como se pode constatar nas revoltas cada vez mais amplas que aconteceram no período anterior à abolição. Por outro lado, mostra que estes setores simplesmente não compreendem como pensam as classes dominantes, como a burguesia ou os latifundiários. Destes, não é possível conseguir absolutamente nada de graça. Quem já viu um patrão chegar de bom humor na empresa distribuindo aumentos salariais pra todos os funcionários? Finalmente, é preciso destacar que, além desta tese ser fundamentalmente falsa do ponto de vista histórico, ela também não tem lastro na realidade atual. Na verdade, ao contrário do que pensa a esquerda pequeno-burguesa, o povo brasileiro não é burro, inconsciente ou submisso. Pelo contrário, é um povo de luta e em grande medida muito consciente, muito à frente desta esquerda. Quando vemos a esquerda pequeno-burguesa atacando o povo brasileiro, na realidade trata-se de uma tentativa de mascarar o próprio imobilismo e inanição política dela mesma.Lula, restitua seus direitos políticos, derrube o governo Bolsonaro e imponha eleições gerais com Lula candidato!


POLÍTICA | 3

CRISE DO GOLPE

Bolsonaro, milícias, Marielle: que fazer? Direita golpista procura contornar a crise de modo que possa continuar atacando os trabalhadores Mais uma vez a família do golpista ilegítimo Jair Bolsonaro é envolvida no caso da execução da vereadora do Rio Janeiro Marielle Franco, assassinada a tiros ano passado junto com seu motorista, Anderson Gomes. Segundo o jornalista Kennedy Alencar, da rádio CBN, a polícia civil do Rio de Janeiro estaria investigando a hipótese de que Carlos Bolsonaro esteja envolvido no crime. Pouco tempo antes da execução, Carlos Bolsonaro e Marielle Franco brigaram na Câmara, e posteriormente o clima entre os dois era de hostilidade. Outro dado é que Carlos Bolsonaro teria laços de amizade com Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos. Antes da informação levantada por Kennedy Alencar o próprio Jair Bolsonaro havia aparecido relacionado ao caso, pelo fato de que o porteiro do condomínio em que morava o golpista afirmou que ele teria autorizado o acesso de Élcio Queiroz, participante do crime segundo a polícia, no dia do assassinato. Porém, o depoimento do porteiro mudou esta semana, após a

Polícia Federal, comandada pelo ministro da Justiça Sérgio Moro, entrar no caso. Que fazer? A revelação na imprensa burguesa dessas informações sobre a família Bolsonaro, e o fato de que a polícia segue esse tipo de linha de investigação, deve ser entendida como uma ação política, e não como caso de polícia. Mostra o nível de crise e de contradições internas entre a próprio burguesia que deu o golpe em 2016. O regime político afundou em uma situação de constante agitação desde a derrubada de Dilma Rousseff, e a eleição fajuta e fraudulenta de Bolsonaro não foi capaz de estabilizar a situação. Tudo indica, agora, que a burguesia levanta as ligações dos Bolsonaro com as milícias e com o caso Marielle para controlar Bolsonaro melhor ou simplesmente derrubá-lo. A esquerda, diante disso, precisa intervir com sua própria política, apresentando sua própria saída da crise

política ao país. A direita golpista procura “colocar Bolsonaro na linha” ou substituí-lo segundo sua conveniência. E por isso aparecem as relações da família Bolsonaro com as milícias e o caso Marielle. Os trabalhadores não podem deixar que os golpistas manobrem mais uma vez para continuar na ofensiva contra

a população, atacando organizações populares e operárias e os direitos dos trabalhadores. É preciso mobilizar contra o governo com uma política própria, aproveitando a crise e a tendência à mobilização. Levantando uma palavra de ordem que unifique todas as reivindicações contra o governo: Fora Bolsonaro!

GOVERNO FLÁVIO DINO – MA

PCdoB dá “exemplo” para direita e aprova “reforma” em menos de 24h No momento em que milhões de servidores estaduais e municipais de todo o País estão ameaçados pelo roubo da Previdência, governo “comunista” faz PEC ser aprovava em apenas um dia Poucas semanas depois do Congresso Federal tornar Lei a famigerada “reforma” da Previdência que visa roubar mais de R$ 850 bilhões de dezenas de milhões de trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público federal e, poucos dias depois, do Senado aprovar – em primeiro turno – a PEC da “reforma” para Estados e Municípios, com a qual outros R$ 350 bilhões seriam roubados dos servidores estaduais e municipais, o governo do Maranhão, chefiado por Flávio Dino, do PCdoB, tomou a dianteira e foi o primeiro Estado a referendar a “reforma” em nível estadual. A Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema), aprovou na última quarta-feira (20) o Projeto de Lei Complementar (PLC) 014/2019 que trata do assunto e estabelece, entre outros ataques, que a alíquota descontada no salário dos mais de 100 mil servidores estaduais para o pagamento da Previdência deve subir de 11% para a partir de 14%, podendo chegar até 22%. De acordo com o Diário Oficial da Assembleia, o requerimento 681, do deputado Glalbert Cutrim, solicitava que o PLC 014 fosse discutido e votado em regime de urgência em sessão extraordinária logo após a sessão ordinária de terça-feira (19). O requerimento foi aprovado. De acordo com o requerimento, “a Reforma da Previdência, recentemente aprovada no Congresso Nacional, promoveu signi-

ficativas modificações no Sistema Previdenciário Brasileiro“. Louros para o DEM, PSDB, o presidente Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes. Os “comunistas” do PCdoB , que também presidem a Alema – por meio do Deputado Othelino Neto, encaminharam a aprovação do Projeto em Comissão e no Plenário da Assembleia em menos de 24h e conseguiram aquilo que todos os governos da direita, inimigo dos trabalhadores gostariam que ocorresse em seus Estados e Municípios: impuseram um duro ataque aos servidores, sem sequer permitir que houvesse uma mobilização contra a medida. O PCdoB, junto com a direita, tentou aprovar o projeto no mesmo dia em que foi enviado e só não conseguiu, porque um deputado pediu vistas e ganhou prazo de 24h. O texto, encaminhado pelo governador foi aprovado na íntegra, com ape-

nas dois votos contrários: dos deputados Adriano (PV) e Zé Inácio (PT). Veja abaixo a lista completa da “frente ampla” que o PCdoB construiu contra os trabalhadores para aprovar a “reforma” A proposta prevê ainda, o aumento da alíquota da contribuição patronal para o Fepa (Fundo Estadual de Pensão e Aposentadoria), que é hoje é de 15%, mas que, com a reforma, será de a partir da mesma alíquota, mas podendo chegar até 44% do salário-contribuição dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas. Também está incluído o aumento na contribuição previdenciária dos aposentados. Atualmente, o limite estabelecido é no valor de até metade do teto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Caso aprovada a reforma da gestão comunista, só irá contribuir quem ganha o teto, que é a partir de R$ 5,8 mil. João Dória (PSDB-SP), Witzel (PSC-RJ), Ibanez (MDB-DF), Zema (Novo-MG), Ratinho (PSD-PR) e todos os demais governadores da direita e da esquerda que apoiaram – de fato – o roubo da Previdência em nível federal e que, agora, quer3m impor o roubo em seus Estados devem estar morrendo de inveja. Os trabalhadores, o funcionalismo e todos os que lutam contra esse ataque, precisam tirar as conclusões sobre a política reacionária do PCdoB e seu governo no Maranhão.

“Ninguém solta a mão de ninguém”? Veja o nome e partidos de todo os deputados que votaram a favor do roubo dos servidores do Maranhão e deram sinal verde para a direita aprovar a “reforma” em todo o País Adelmo Soares (PCdoB) Andrea Rezende (DEM) Antônio Pereira (DEM) Ariston (Avante) Arnaldo Melo (MDB); Carlinhos Florêncio (PCdoB) Ciro Neto (PP) Yglésio (PDT) Cleide Coutinho (PDT) Helena Duailibe (SD) Thaiza Hortegal (PP) Edson Araújo (PSB) Fábio Macedo (PDT) Felipe dos Pneus (PRTB) Fernando Pessoa (SD) Glalbert Cutrim (PDT) Mical Damasceno (PTB) Neto Evangelista (DEM) Pará Figueiredo (PSL) Pastor Cavalcante (PROS) Paulo Neto (DEM) Marco Aurélio (PCdoB) Rafael Leitoa (PDT) Ricardo Rios (PDT) Rildo Amaral (SD) Roberto Costa (MDB) Wendel Lages (PMN) Zito Rolim (PDT)


4 | POLÍTICA E ATIVIDADES DO PCO

DERROTAR OS TRABALHADORES

PT do Recife mostra o verdadeiro sentido da “Frente Ampla” O verdadeiro sentido da Frente Ampla então é justamente submeter os partidos da ala esquerda da Frente à ala direita da mesma. Enquanto que a direita manda, a esquerda obedece Presidente do PT Recife, Cirilo Mota, declarou-se contra “candidatura própria” para derrotar Bolsonaro nas eleições. Segundo ele, o lançamento de “uma candidatura própria no Recife em 2020 não traz benefício nenhum para o para o partido e principalmente para a luta central; derrotar Bolsonaro. Joga o partido no isolamento. Impede de negociarmos eleições importantes para o PT em várias cidades do Estado com a Frente Popular. Divide às forças anti-bolsonaro”. Com isso, fica claro qual é a política da ala direita do PT: submeter um dos maiores partidos do Brasil a partidos da burguesia golpista. Desta forma, o PT não lança candidatura própria e em troca receberia apoio de partidos de direita, como o PSB, o PDT e outros partidos do tipo. O problema é que, comparados ao PT, nenhum destes partidos têm apoio popular. E, portanto, o “apoio” destes partidos ao partido de esquerda não tem nenhum objetivo prático.

Do ponto de vista da luta dos trabalhadores, é errado. Primeiro, pois é um método que submete a luta dos trabalhadores às eleições e não o contrário. Desta forma, durante as eleições, as reivindicações operárias são esquecidas em nome do “pragmatismo” eleitoral.

Submete, também, o próprio partido de esquerda à partidos que nada tem a ver com a luta dos trabalhadores. Desta forma, como ocorreu nas eleições de 2018, o PT deverá abrir mão de reivindicações históricas dos oprimidos para agradar os “aliados”. No caso, em 2018, Haddad e Manuela

D’Ávila pararam de defender o direito ao aborto, reivindicação histórica das mulheres. Além disso, os “aliados” da burguesia são todos amigos da onça. A burguesia tem objetivos claros, um deles é manter o poder. Desta forma, muitos dos partidos que aparecem como “aliados” em uma frente popular atuam como verdadeiros sabotadores da campanha. Nesse sentido, a frente eleitoral também é uma estratégia errada do ponto de vista eleitoral. Muitas vezes, o que acontece é que partidos que não têm nenhuma popularidade se elegem às custas dos partidos de esquerda, enquanto que a esquerda é duramente sabotada pelos “aliados”. O verdadeiro sentido da Frente Ampla então é justamente submeter os partidos da ala esquerda da Frente à ala direita da mesma. Enquanto que a direita manda, a esquerda obedece e é sabotada por ela. É isso o que ocorre na prática: uma submissão da luta dos trabalhadores aos interesses da burguesia.

O QUE É E COMO COMBATÊ-LO

Veja os vídeos da 43ª Universidade de Férias sobre o fascismo A Universidade de Férias é um curso de formação política do Partido da Causa Operária (PCO), que ocorre duas vez ao ano.

A 43ª Universidade de Férias teve como tema Fascismo: o que é e como combatê-lo. Foi a parte um, que abordou o problema do surgimento do fascismo e reação dos trabalhadores às ditaduras. A próxima, 45ª, será a continuação desta. Fascismo: o que é e como combatê-lo, parte 2. A Universidade de Férias é um curso de formação política do Partido da Causa Operária (PCO), que ocorre duas vez ao ano. O tema discutido será de fundamental importância diante do crescimento da extrema-direita no Brasil e no mundo. Já na primeira aula da 43ª Universidade de Férias, o companheiro Rui

Costa Pimenta tratou sobre o problema do método de análise que deve ser feita pelos marxistas para compreender a fundo o problema do fascismo. Além disso, polemizou com diversos mitos que existem sobre a questão. Nas aulas seguintes (2,3,4,5), foi realizado um curso sobre a história da Itália, desde o século XIX até o surgimento do fascismo, passando pelas lutas operárias e explicando o problema da decadência capitalista. Na aula 5, iniciou-se a discussão sobre o problema da Alemanha, falando da formação dos partidos sociais-democratas e do desenvolvimento capitalista do país.

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


ATIVIDADES DO PCO| 5

DIA DE LUTA DO POVO NEGRO

Veja como foi o 20 de novembro, organizado pelo Coletivo João Cândido Atividade foi um marco na organização do Coletivo de Negros João Cândido, do PCO Neste 20 de novembro, como de tradição do Partido da Causa Operária, foram realizadas uma série de atividades em torno da data, que celebra a morte de Zumbi dos Palmares, liderança histórica do povo negro. No Dia de Luta do Povo Negro, como é chamado pelos integrantes do Coletivo João Cândido, a primeira atividade que deu o pontapé para o restante do dia foi um debate sobre Capoeira, luta do povo negro, onde foi discutido com o capoeirista Ednaldo, do “Centro de Capoeira Angola, Angoleiro Sim Senhor!”, do Mestre Plínio, uma série de questões interessantes sobre a dança/luta da Capoeira. Em seguida foi servido um delicioso Acarajé, típica comida negra brasileira, para as dezenas de pessoas que acompanhavam as atividades no Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), em São Paulo. O almoço, parte da atividade, foi saboreado pelos presentes, que aguardavam o debate político do dia, “Imperialismo, colonialismo, nacionalismo, e a indepen-

dência africana”, que seria apresentado pelo companheiro Juliano Lopes, coordenador do Coletivo de Negros João Cândido. Finalmente, após a deliciosa refeição, foi apresentado o debate referido acima. A exposição contou brevemente as origens da luta africana em torno de sua libertação. Foi falado,

também, de uma série de tentativas de independência africana, e as políticas em torno do problema. Além disso, alguns casos de luta por independência foram separados, como foi a questão de Moçambique, na luta revolucionária de Samora Machel e Burquina Fasso, por meio de Tomas Sankhara, o “Chê” africano.

Para encerrar esse dia de luta, foi lançada a revista João Cândido número 13, que conta com uma série de matérias de suma importância para aqueles que querem entender e intervir na luta do negro. Lançamento festejado através do samba do grupo Samba de Canto a Canto, composto por membros da tradicional escola de samba paulista, o Vai–Vai, que se apresentou, à noite, para encerrar as atividades do Dia de Luta do Povo Negro. Todas as atividades marcam uma nova etapa de organização do Coletivo de Negros João Cândido, que se reúne aos sábados, às 16 horas, no CCBP, em São Paulo. E revelam, também, que existe enorme disposição de luta dos negros para derrotar o golpe de Estado e Jair Bolsonaro. Se você se interessou, basta entrar em contato para participar presencialmente, ou pela internet, através de aplicativos de reunião. Venha, participe, entre em contato, WhatsApp (11) 95208-8335

DIA 20/11: “FORA BOLSONARO”

PCO participa da Marcha Preta em Sorocaba pelo Fora Bolsonaro Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Eleições Gerais Já com Lula candidato! Dissolução da Polícia Militar! Fim dos presídios! No último dia 20 de novembro, companheiros do PCO da cidade de Sorocaba se mobilizaram com faixas, bandeiras e jornais no ato público anual conhecido como “Marcha Preta”, que é organizado por entidades vinculadas ao movimento negro na cidade. Nos foi concedido espaço de voz ao microfone ligado ao carro de som, e aproveitamos para denunciar o massacre programado das populações negras executado rotineiramente pela polícia militar, o golpe de Estado de 2016, a farsa nas eleições, o financiamento do imperialismo à execução das medidas mais antipopulares possíveis que têm afetado duramente a realidade econômica do país, aumentando a desigualdade social e a fome, e também o envolvimento direto da família Bolsonaro no assassinato de Marielle Franco, fato que recentemente vem tomando espaço na grande imprensa capitalista, porém já há muito tempo destacado pelo Partido da Causa Operária. A atividade se iniciou na Capela João de Camargo, reduto das religiões de origem africana e de grupos culturais negros, e teve término na praça Frei Baraúna, onde comumente se realizam feiras culturais e apresentações artísticas. Durante a marcha não foram poucas as adesões dos participantes às nossas palavras de ordem de Fora Bolsonaro e Justiça para Marielle Franco, que, além de nos apoiarem, também carregaram nossas faixas até o término do evento.

Tivemos uma resposta positiva, tanto por parte dos participantes quanto dos organizadores da manifestação. Desta forma, poderemos aproveitar para divulgar a revista do Coletivo de Negros João Cândido, o jornal Causa Operária e as atividades futuramente programadas pelo coletivo. Para concluir, é imprescindível destacar que a luta pela sobrevivência

do povo negro depende de uma política clara, pautas secundárias servem apenas para manobrar as massas e iludir os incautos. A política de faz de conta da esquerda pequeno-burguesa precisa ser denunciada, é preciso esclarecer que valorizar exclusivamente questões subjetivas como reivindicações de ordem cultural e identitária é, na verdade, uma artimanha da esquerda demagoga para ocultar

as questões mais urgentes do movimento negro, como a dissolução da Polícia Militar e o fim dos presídios, instrumentos de repressão contra a população pobre, que, em sua maioria é composta por negros, e deixar claro que, se essa esquerda se lança a dificultar e desmobilizar a luta, se utilizando desses meios calhordas, fica óbvio que o apoio deles é para o atual governo fascista.


6 | POLÊMICA

ESQUERDA PARALISADA

MST:”Resistência” ou luta contra os latifundiários e governo fascista? Entrevista com o líder do MST João Pedro Stédile revela uma política que está levando a permanência de Bolsonaro na presidência e um avanço dos aataques contra os trabalhadores Nesta quarta-feira (20/11), João Pedro Stédile, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) concedeu uma entrevista para o portal da internet Sputink onde fala sobre a situação política atual e como atua o MST diante do governo Bolsonaro. Jõao Pedro Stédile tenta explicar a falta de ocupações de terra realizada pelo MST no ano de 2019 apresentando que a correlação de forças é desfavorável para a esquerda e que o MST estaria em ‘espera na era Bolsonaro: ‘Não é o momento de confrontar o proprietário’. Selecionamos aqui dois parágrafos da entrevista para discussão e contrapor os argumentos sobre o que é “resistência” e o momento de derrubar Bolsonaro. Disse que “Nós, como MST, adotamos uma tática que chamamos de resistência ativa: resistimos, tentamos explicar às pessoas o que está acontecendo, mas levando em consideração os limites que a correlação de forças nos impõe”. Uma primeira discussão que mostra a paralisia de setores da esquerda brasileira é a chamada política de resistência. Stédile deixa escapar o que é a política de resistência, ou seja, ficar no modo de espera sem se confrontar com os latifundiários e a direita golpista. A política de resistência é o fator fundamental que está levando a um avanço do governo Bolsonaro e seus

ataques a classe trabalhadora. Tivemos vários exemplos do fracasso da resistência com a aprovação da reforma trabalhista, destruição da previdência, privatização de estatais e entrega do pré-sal. Todos esses ataques ocorreram de maneira tranquila para o governo e evidenciou que essa política, na verdade, é resultado de uma profunda confusão política que não leva a nenhuma luta ou barreira aos ataques. Isto também se demonstrou no campo. Em quase um ano de governo Bolsonaro e pouquíssimas ocupações de terra não estão levando os trabalhadores a lugar algum. Somente a um maior agravamento dos ataques pois não há nenhum obstáculo a direita para impor sua política. Diante dessa situação houve a destruição dos órgãos de assistência e implementação da reforma agrária, fim dos recursos para a agricultura familiar, entre muitos outros ataques. E isso não só ocorreu no campo. Outra discussão é sobre a correlação de forças e a capacidade de mobilização. Segundo Stédile a situação não é favorável para a esquerda diante da força da direita e que não há capacidade de mobilização efetiva dos trabalhadores. “Essa é nossa capacidade imediata de mobilização, mas nossa base entende que a correlação de forças é adversa. Portanto, permanecemos em um tempo de espera. Não é o momen-

to agora de confrontar diretamente o proprietário, porque isso pode resultar em uma violência em que os únicos que perdemos somos nós”, disse Stédile ao Sputinik. A correlação de forças não é desfavorável para a esquerda. O governo Bolsonaro e a direita que deu o golpe em 2016 passa por uma enorme crise política, onde tiveram até que libertar Lula diante do receio da mobilização popular. A direita está profundamente dividida, tanto que a divulgação das conversas entre os procuradores da operação Lava-Jato e o ex-juiz Sérgio Moro no chamado Vaza Jato mostra essa divisão, pois quem forneceu as mensagens para o sítio The Intercept não foi a esquerda e sim setores da direita descontentes com o andamento da situação política. Somente em 2019 houve grandes manifestações que mostraram a capacidade e disposição da mobilização da população e dos trabalhadores que ajudou na crise dentro do governo Bolsonaro. A declaração de Stédile omite que há um enorme repúdio a Bolsonaro e a sua política criminosa. No Brasil nem os institutos de pesquisas da burguesia, que sempre manipulam as informações, conseguem esconder a impopularidade de Bolsonaro. É perceptível que a há uma enorme oposição ao governo e se juntar um grupo de pessoas, manifestações, shows, ati-

vidades culturais que Bolsonaro passa a ser hostilizado. Na América Latina a situação é ainda mais acentuada. A população do Equador, Chile, Bolívia, Venezuela, Uruguai e Haiti estão nas ruas em repúdio a golpes de estado, políticas neoliberais e parlamentes capachos do imperialismo. Por que no Brasil seria diferente? Quanto a ser um momento que se deve evitar o confronto com os latifundiários pois quem tem a perder são os trabalhadores sem-terra também é falso, pois essa situação já ocorre onde os trabalhadores do campo, indígenas e quilombolas são abatidos como animais só que sem reação desses movimentos. A base dos movimentos sociais tem uma grande disposição de luta que tem que ser estimulada, não para uma política de conciliação e de eleições, mas para ir as ruas derrotar Bolsonaro e seu governo de latifundiários. Há uma enorme crise dentro do governo e a situação política em toda a América Latina demonstra que é possível enfrentar a direita e governo fascistas. O erro da esquerda, e nesse caso entre a direção do MST, é impor a política de resistência que, no fundo, revela uma imobilidade e um apoio total a política de frente ampla com setores que deram o golpe de Estado em 2016, como PDT, PSB, PSDB entre outros.

A violência da extrema-direita não se combate com processos judiciais A jornalista do portal Diário do Centro do Mundo (DCM), Nathali Macedo, publicou no último dia 20 de novembro, um artigo intitulado “A indenização a Maria do Rosário fortalecerá outras Marias contra outros Bolsonaros” sobre o processo vencido pela deputada Maria do Rosário (PT) contra Jair Bolsonaro. Para quem não se lembra da história, trata-se das ofensas desferidas pelo então deputado contra Rosário, afirmando nos corredores da Câmara que “não a estupraria porque ela não merece”. A mesma ofensa foi feita em 2003 e 2011, quando foi filmada e amplamente divulgada nas redes, Rosário, então, decidiu processar Bolsonaro na Justiça Comum. O resultado da açãao saiu dando ganho para a petista. Bolsonaro, agora presidente da República, foi condenado a pagar uma indenização que ao todo soma 20 mil reais. Sobre o valor do dinheiro, nem seria necessário dizer que para o presidente da República é trocado. Mas este está longe de ser o principal problema. Nathali concorda: “diante do sofrimento e humilhação a que Maria do Rosário e sua família foram submetidas, vinte mil é nada; e diante das

numerosas e profundas necessidades dos movimentos de combate à violência contra a mulher, não é também grande coisa, mas o valor simbólico deste ato é gigantesco”. A jornalista do DCM, no entanto, considera que o resultado do processo teria um “valor simbólico” e que foi uma vitória política que “após oito anos de impunidade deve mesmo inspirar um grande alívio.” É sobre isso que devemos debater com a posição da articulista do DCM. É preciso colocar em questão até que ponto realmente seria uma vitória política tal resultado do processo. Sabemos que para Maria do Rosário, vítima dos insultos, a indenização não deixa de ser um alento. Mas o problema que deve estar em primeiro plano e sobre o qual queremos debater é a política. Bolsonaro é o representante de uma extrema-direita, que chegou ao poder graças à política que foi colocada em marcha pela direita “oficial” e a burguesia. As portas do canil foram abertas e essa extrema-direita foi para as ruas. Essa classe média fascistoide é a base de Bolsonaro, que conseguiu chegar onde está justamente por isso. Bolsonaro só é Bolsonaro por-

que é capaz de falar tantos absurdos e muito piores como o que foi dito a Maria do Rosário. A base social do bolsonarismo, embora não seja grande, é alimentada por essa política. E essa política alimenta os ataques da extrema-direita contra a esquerda, os movimentos populares, sindicatos, mulheres, negros e LGBTs. Isso é o fascismo mostrando toda a sua cara. E o combate ao fascismo não se dará processando os fascistas, mas reagindo à altura aos seus ataques. O processo vencido por Maria do Rosário, infelizmente, não vai frear essa política, nem institucionalmente nem nas ruas. Ao contrário do que acredita Nathali, a vitória judicial da deputada do PT vai reforçar a extrema-direita. Isso porque um dos principais mecanismos de crescimento da extrema-direita é o discurso demagógico contra as instituições e o regime político. Essa demagogia consiste em procurar convencer um setor da classe média atrasada que o fascismo está à margem do regime político, contra a política oficial. Isso tudo, claro, não passa de dema-

gogia, pois o fascismo é aliemnatdo pela própria burguesia e domina as próprias instituições. Entrar na Justiça contra Bolsonaro não pode resultar em nada mais do que reforçar essa demagogia. Bolsonaro se coloca como vítima de um “Judiciário corrupto e protetor da esquerda e dos políticos corruptos”. E com isso, sua política e sua base social saem fortalecidas. Apesar disso, não somos contra por princípio que Maria do Rosário entre na Justiça contra Bolsonaro. Mas essa ação só poderia dar algum resultado se fosse acompanhada de uma política efetiva. A esquerda presente naquele momento deveria ter se levantado e respondido na mesma moeda aos insultos de Bolsonaro, ameaçando inclusive as vias de fato caso fosse necessário. O fascismo não se combate com discursos indignados, ações parlamentares e processos. O fascismo se combate enfrentando na mesma moeda. É como um valentão de colégio que abusa dos garotos menores mas chora diante da reação de um maior que ele. É preciso mostrar para os fascistas que não há espaço e que eles passam perigo se abusarem.


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FRENTE AMPLA

PCdoB procura aliança com golpistas para colocar Bolsonaro “na linha” É nesse sentido, aliando-se aos partidos tradicionais do imperialismo, como o DEM e o PSDB, que o PCdoB quer atuar. Em matéria intitulada “A luta continua por democracia, soberania nacional e direitos do povo”, publicada no sítio Vermelho, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o vice-presidente do partido, Walter Sorrentino, discorre sobre uma estratégia para “isolar e derrotar Bolsonaro”. Segundo ele, “a luta pela democracia, a Constituição de 1988, o Estado democrático de direito e as garantias fundamentais devem ser um eixo de unidade das oposições no Brasil, incorporando a todos quantos, movidos por quaisquer contradições, possam dar voz ao sentimento majoritário da sociedade civil que não dá respaldo aos arreganhos autoritários do governo Bolsonaro.” Desta forma, fica claro que para o vice-presidente do PCdoB é necessário formar uma Frente Ampla de todas as oposições existentes contra Bolsonaro. O conceito de Frente Ampla de Sorrentino fica mais claro com a afirmação de que “a esquerda política e social e as forças progressistas devem liderar essa frente ampla e, ao mesmo tempo, produzir uma convergência programática para tirar o país da crise”. O PCdoBista não explica claramente quais setores ingressariam na tal Frente, mas pelo caráter político da afirmação, e vindo do PCdoB, que tem defendido esta política há muito tempo, é implícito que não seria uma frente ampla das organizações de luta dos trabalhadores, mas uma frente

política que incluiria diversos partidos burgueses e pequeno-burgueses contrários aos interesses da classe operária. Por isso fala que é preciso ignorar as “contradições”, unificar “todos” que “possam dar voz ao sentimento majoritário da sociedade civil que não dá respaldo aos arreganhos autoritários do governo Bolsonaro”. Trata-se de uma política difundida pelo PCdoB contra a polarização política. Segundo o partido “comunista”, seria preciso unificar golpistas e não golpistas, esquerda e direita, trabalhadores e burgueses, para combater o “autoritarismo de Bolsonaro” e “tirar o país da crise”. Uma concepção que ignora totalmente a desagregação do regime político brasileiro e, portanto, o crescimento inevitável da polarização política. Por isso, Sorrentino afirma que para isso acontecer “é preciso conscientizar, retomar a capacidade de falar para a maioria da sociedade, aquele imenso centro social onde perdemos parte da confiança e que não se vê retratado na polarização política de blocos.” O problema, então, seria a polarização política que dividiu o país. Porém, a polarização, ao contrário do que apresenta a esquerda pequeno-burguesa, não é um mal a ser combatido. Pelo contrário, a polarização política é a expressão da luta de classes; é a forma que assume o aprofundamento da luta entre estas classes sociais.

O que o PCdoB se propõe a fazer, assim, é justamente conciliar duas classes cujos os interesses são totalmente antagônicos. Na prática, essa tática de Frente Popular (frente política com a burguesia) só levou à derrota da classe operária. Nos anos 30, na Espanha, por exemplo, comunistas e socialistas se uniram a partidos supostamente da esquerda da burguesia, levando à derrota da classe operária pelo fascismo, com a instauração de um regime ditatorial que durou cerca de 40 anos. A derrota da Frente é inevitável pois, em nome da unidade, os trabalhadores são obrigados a abrir mão de seus métodos de luta e de sua política combativa para agradar os “aliados” que têm medo da revolução e da mobilização operária, e por isso sabotam e traem sistematicamente a ala esquerda da Frente Popular. Com isso, fica claro que o PCdoB quer levar à derrota do movimento operário e popular. E isso fica expresso com muita nitidez em afirmações como “é preciso isolar Bolsonaro”, ao invés de derrubá-lo. Sorrentino busca uma alternativa eleitoral e parlamentar para a crise política, justamente pois eles mesmos têm medo da mobilização popular, que coloca em xeque sua política de aliança com setores da burguesia, como é levado adiante por Flávio Dino no Maranhão e Orlando Silva no Congresso. Nestes dois casos, o PCdoB uniu-se não somente a parti-

dos burgueses oportunistas de menor porte, como PSB e PDT, mas a partidos tradicionais da burguesia, que levaram adiante o golpe de Estado, como o PSDB e o DEM de Rodrigo Maia. Vale lembrar que, no Brasil, os partidos com os quais o PCdoB quer se unir – e se une efetivamente – “contra” Bolsonaro, são justamente os partidos que o elegeram (sabe-se que a totalidade da burguesia golpista optou pelo fascista contra o PT). E, portanto, não se trata de uma frente de combate contra Bolsonaro. Por isso, o colunista do Vermelho afirma que “o problema real é unir, coordenar, mobilizar, ampliar a capacidade de resistência no Congresso e na sociedade civil”. Quer dizer, o PCdoB propõe uma aliança com golpistas limitada a moldes institucionais para “isolar” Bolsonaro. O PCdoB não quer, portanto, escutar o grito do povo, que pede a derrubada do governo ilegítimo de Bolsonaro. Querem, sim, uma política para colocar Bolsonaro “na linha”, isto é, corrigir o governo – ajudar ele a governar. É a política defendida por todos os órgãos de imprensa da burguesia golpista e do imperialismo. Como se sabe, Bolsonaro não era o candidato preferencial da burguesia justamente por ter seus problemas, por isso o imperialismo procura mantê-lo na linha. É nesse sentido, aliando-se aos partidos tradicionais do imperialismo, como o DEM e o PSDB, que o PCdoB quer atuar.

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NOVE MORTOS

Bolívia: massacre em El Alto População de El Alto foi com os caixões das vítimas protestar em La Paz, onde foram novamente reprimidos pela direita golpista Pelo menos nove pessoas morreram em um massacre promovido pelas forças repressivas na Bolívia no bairro de Senkata, na cidade de El Alto, durante a quarta-feira (20). Os manifestantes bloqueavam instalações da estatal Yacimiento Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). A direita golpista enviou policiais e militares para reprimir a população, que protesta em toda a Bolívia contra o golpe, que derrubou Evo Morales no dia 10 de novembro, com uma renúncia forçada. Por todo o país, manifestantes bloqueiam estradas e plantas de empresas estatais, exigindo que a presidente golpista Jeanine Áñez deixe o cargo. Áñez assumiu o posto em uma assembleia sem quórum, depois de a direita obrigar Evo Morales, por meio da violência, a renunciar, assim como outros políticos do MAS que estavam na linha sucessória para assumir o cargo. Senadora pelo departamento de Beni, Áñez

era apenas a segunda vice-presidente do Senado, havia três pessoas antes dela que poderiam ter assumido o cargo depois da renúncia de Evo Morales. A população boliviana está reagindo ao golpe, e a situação permanece indefinida. Durante a quinta-feira (21), a população de El Alto, cidade vizinha a La Paz, voltou a protestar, dessa vez levando os corpos das vítimas do massacre do dia anterior até La Paz. Milhares de pessoas marcharam até a capital, onde foram novamente reprimidas pela direita golpista. Apesar da política repressiva dois golpistas, porém, a população boliviana não sai das ruas e não deixa de protestar contra o golpe. Embate em toda a América Latina A reação do povo boliviano ao golpe é uma expressão de um enfrentamento que se dá em todo o continente. No Equador, no Chile, e agora na Colômbia,

a população se levantou contra as políticas neoliberais. As massas bolivianas, tendo a experiência do neoliberalismo ainda fresca na memória, não quer deixar isso se repetir, e por isso se mobiliza contra o golpe, enfrentando a extrema-direita e o imperialismo nas ruas. Pelo tamanho das mobilizações na capital, os trabalhadores têm a possibilidade de expulsar o governo usurpador e golpista de Janine Áñez e dos golpistas Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho.

A extrema-direita, por outro lado, assim como no Chile e no Equador, não vai ceder nenhum terreno, por isso a única forma de contornar o golpe é derrubar o governo golpista, sem entrar em nenhum tipo de acordo. Esse é confronto que está colocado em toda a região no próximo período, com o imperialismo tentando impor à força um controle maior sobre os países atrasados, passando por cima das massas.

FRAUDE ELEITORAL NA BOLÍVIA

Bolívia: eleições dentro do golpe e com repressão ao povo? Imperialismo e a extrema direita querem “novas eleições” para consumar a fraude e continuar atacando a população Uma gigantesca e descomunal fraude está em curso em um dos países mais pobres e também conflituosos do continente latino. Há cerca de um mês, a Bolívia teve o seu processo eleitoral maculado e fraudado, onde a burguesia, a extrema direita e o imperialismo, após mais uma derrota, não reconheceram a vitória legítima do candidato à reeleição, Evo Morales. O conjunto das forças reacionárias bolivianas, apoiadas pela oligarquia latifundiária e empresarial das áreas prósperas do país, em associação e conluio com o Exército, anunciaram o golpe de Estado, obrigando, através da chantagem e da ameaça, a renúncia do presidente indígena. Embora não tenha havido, por parte de Morales e de seu movimento, o MAS, um chamado à mobilização para se opor ao golpe e à violência da extrema direita, que empreendeu uma verdadeira caçada contra os partidários de Morales e os ativistas de esquerda, a população se lançou à ofensiva contra os golpistas, onde estão em curso no país, neste momento, enormes mobilizações e marchas dos explorados para derrotar o golpe, o Exército assassino e a burguesia boliviana pró-imperialista. A brutal repressão que se seguiu ao golpe expõe com toda a crueza o caráter absolutamente reacionário e fascista das Forças Armadas, que não vem hesitando em atirar e massacrar a população indefesa, com requintes de crueldade, que é uma espécie de marca indelével do Exército boliviano, com longa tradição de

golpes e repressão contra o seu próprio povo. Neste momento, parta tentar conferir uma fachada de legalidade ao regime e neutralizar as denúncias contra o golpe e o massacre que ocorre no país, a extrema direita e o imperialismo anunciam “novas eleições” na Bolívia. É tão flagrante a farsa que vem sendo arquitetada que sequer houve qualquer cautela dos golpistas em exporem a tramóia, a farsa, a trapaça. A autoproclamada presidente golpista, Jeanine Áñez, fez chegar ao Congresso “um projeto de lei para acelerar a convocação de novas eleições gerais no país e a eleição de membros do Tribunal Superior Eleitoral e dos Tribunais Eleitorais Departamentais” (G1, 20/11). É preciso ficar claro que a realização de eleições em meio a um golpe de Es-

tado e sob a mais brutal e feroz repressão do Exército e das forças policiais contra a população pobre e indefesa do país é uma grotesca e inaceitável provocação contra a luta do povo boliviano; contra a legitimidade do resultado que emergiu das urnas sufragando o candidato do MAS, Evo Morales; contra as evidências mais elementares da ação do imperialismo para sufocar e atacar os direitos democráticos da população. O que se pretende com este novo golpe (novas eleições) é legitimar a ofensiva da burguesia, da extrema direita e do imperialismo norte-americano. A eleição de novos membros do tribunal eleitoral e das juntas eleitorais dos departamentos, está claro, nada mais é do que uma ação para subjugar, pressionar e submeter aqueles que irão legitimar as “novas

eleições”, vale dizer, a fraude, a farsa contra a vontade soberana da população, das massas sofridas e exploradas do país, que já manifestaram seu voto, optando pela continuidade do governo do MAS e de Evo Morales. A consumação da fraude e do ataque à população e ao país está evidenciada na proposta de excluir, deixar de fora das “novas eleições” o candidato do MAS, Evo Morales e também o seu vice, Álvaro García Linera. De acordo com informações da grande imprensa (a confirmar, devido ao caráter absurdo e grotesco do seu conteúdo) a proposta de deixar o presidente eleito – Evo Morales e seu vice – de fora das “novas eleições” está sendo apoiada por elementos do próprio MAS. O senador Efraín Chambi apresentou projeto alternativo ao dos golpistas para as eleições, mas naquilo que é o essencial – manter Morales e Linera excluídos do processo – surpreendentemente, há acordo. Uma capitulação vergonhosa, diante das muitas capitulações do MAS diante do golpe e da luta contra os golpistas e o imperialismo. A tarefa da esquerda boliviana e de todo o continente deve estar centrada na denúncia da fraude escandalosa que está em curso no país altiplano; na denúncia do caráter reacionário e golpista da proposta de “novas eleições”, que nada mais é do que uma tentativa de acobertar, com uma capa de legalidade, o massacre e o banho de sangue que está sendo perpetrado na Bolívia contra o povo pobre e a população explorada do país.


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A SERVIÇO DO IMPERIALISMO

Bachelet não fala de Bolívia, só da Venezuela O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou que a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos Michelle Bachelet fecha os olhos para a repressão da direita. Após o golpe militar na Bolívia, deflagrado no dia 10 de novembro, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro se tornou o único líder nacionalista a permanecer de pé na America do Sul – e um dos pouquíssimos na América Latina. Dilma Rousseff, no Brasil, Fernando Lugo, no Uruguai, o kirchnerismo, na Argentina e o correísmo, no Equador, foram todos derrotados, ainda que parcialmente, pela ofensiva golpista do imperialismo. Fazendo jus ao seu posto de liderança latino-americana contra os golpes do imperialismo, Maduro denunciou, no último dia 16, a fraude na qual se tornou Michele Bachelet, ex-presidente do Chile e Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Durante um telefonema na transmissão da concentração em apoio a Evo Morales – presidente deposto na Bolívia – em Caracas – capital da Venezuela -, Maduro questionou diretamente a omissão de Michelle Bachelet em relação aos assassinatos do governo interino boliviano de Jeanine Añez: "O que aconteceu na Bolívia [é] um golpe de Estado fascista-racista, um massacre de 25 mortos por tiros, a senhora Michelle Bachelet deveria dizer por que não falou sobre a Bolívia e continua sua obsessão fatal contra a Venezuela."

Além de Maduro, outro membro do governo venezuelano denunciou publicamente Bachelet. Segundo Jorge Arreaza, ministro de Relações Exteriores da Venezuela, a Alta Comissária pediu que Maduro não reprimisse uma manifestação da direita golpista em seu país, que era parte de uma conspiração para entregar a Venezuela ao imperialismo norte-americano: "Ela me escreveu pedindo hoje não repressão contra a marcha da oposição […] Eu disse à sra. Bachelet como é possível que você me dê essa sugestão e, pior ainda, em nome do Alto Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, quando você praticamente não fez nada pelo que acontece no Chile, no Equador, pelo que aconteceu na Bolívia." A indignação do governo Maduro com Michelle Bachelet não é à toa. Bachelet, que é membro do Partido Socialista do Chile, tem adotado uma série de posições profundamente reacionárias, sobretudo no que diz respeito à política latino-americana. A chilena já criticou várias vezes o chavismo e não denuncia a autoproclamação de Juan Guaidó como uma tentativa de golpe. Quanto ao Brasil, afirmou que o golpe contra Dilma Rousseff teria sido ilegal, limitando-se apenas a dizer que

não gostou do impeachment porque a presidenta brasileira era uma mulher. Apesar de apresentar uma política aberrante de maneira geral para a América Latina, Michele Bachelet chama ainda mais atenção quando se observa sua postura em relação aos direitos humanos. Bachelet, que é a principal representante da Organização das Nações Unidas (ONU) no que diz respeito aos direitos humanos, não

critica em nada as mais sanguinárias ditaduras teleguiadas pelo imperialismo. Centenas de pessoas já perderam a visão do Chile por causa da repressão do governo Piñera, mais de duas dezenas de pessoas já foram assassinadas na Bolívia pelo governo Añez, Honduras vive uma verdadeira ditadura militar e a Colômbia está matando toda a oposição, mas nada disso foi criticado por Bachelet.

CHILE

Ditadura de Pinochet: um regime fascista, sanguinário e entreguista Nessa semana, golpistas tentaram organizar uma homenagem ao ditador Augusto Pinochet em São Paulo. Pinochet foi o comandante de uma das ditaduras mais brutais da história. Segundo informado pela revista golpista Época, a extrema-direita brasileira estaria organizando um ato e homenagem ao ditador chileno Augusto Pinochet. A homenagem é uma iniciativa do deputado estadual Frederico d’Avila (PSL), que propôs que a Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) realizasse um ato pró-Pinochet no dia 10 de dezembro. Imediatamente após o anúncio de que a extrema-direita estaria organizando uma homenagem a um dos mais sanguinários ditadores da história, o Partido da Causa Operária (PCO) decidiu convocar uma manifestação para o dia 10 de dezembro, que teria como objetivo intensificar a campanha pelo “Fora Bolsonaro” e impedir, na marra, que a homenagem a Pinochet acontecesse. O movimento popular, em geral, se mostrou disposto a impedir a celebração da extrema-direita, de modo semelhante ao que foi feito no dia 13 de novembro, quando os fascistas pró-Guaidó foram expulsos da Embaixada da Venezuela. Diante da tendência à radicalização, a burguesia interveio no sentido de desfazer o ato. Ontem (21), o presidente da ALESP Cauê Ma-

cris (PSDB) declarou que não permitirá que Pinochet seja homenageado. Independentemente de o ato em homenagem a Pinochet acontecer ou não, o fato é que seu nome vir à tona no cenário político brasileiro atual diz muita coisa. O Brasil, que tem como presidente o fascista Jair Bolsonaro, está se encaminhando para o seu quarto ano de golpe de Estado e está vendo a extrema-direita crescer rapidamente. A extrema-direita de hoje, por sua vez, é exatamente a mesma do passado: é tão sanguinária quanto a que governou o país durante a ditadura de 1964-1985, a ponto de sair homenageando o ditador Augusto Pinochet. Veja abaixo alguns fatos que mostram o terror que foi viver no Chile sob o domínio da extrema-direita pinochetista: 1 – Atentado terrorista nos Estados Unidos O primeiro atentado terrorista que aconteceu no território dos Estados Unidos da América foi provocado pelo ditador chileno Augusto Pinochet, em 1976. A vítima foi Orlando Letelier, ex-

-ministro das Relações Exteriores do governo de Salvador Allende. Allende era a principal liderança política do Chile na época, tendo sido derrubado por um golpe do próprio Pinochet. 2 – Mais de três mil estupradas Segundo a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura, ao menos 3.621 mulheres foram detidas pela ditadura de Pinochet. Esse número deve ser muito maior, uma vez que as ditaduras pró-imperialistas têm o costume de prender e matar muitas pessoas sem efetivar qualquer registro. Das 3.621, 3.399 teriam sido estupradas, sendo que 300 ficaram grávidas. 3 – Tortura Segundo a Comissão Valech, instituída para investigar os crimes da ditadura de Pinochet, determinou que, entre 1973 e 1980, o governo chileno deteve e torturou pelo menos 40.018 civis. Desse total, 3.065 civis foram assassinados. 4 – Inimigo da cultura, inimigo da inteligência

O ditador Augusto Pinochet ordenou a queima de dezenas de bibliotecas e, em 1988, admitiu a queima de 15 mil livros. O fascista chegou a queimar todos os livros que encontrou sobre o cubismo, pois a extrema-direita chilena achava que estava relacionada à Cuba. 5 – Destruição da aposentadoria A vitória eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018 e sua escolha do chicago boy Paulo Guedes como ministro da Economia têm feito com que a situação da aposentadoria no Chile seja discutida frequentemente. E isso não é para menos: em 1980, Pinochet destruiu a aposentadoria dos chilenos, incluindo a dos funcionários públicos. Segundo a propaganda da ditadura, os chilenos teriam sua aposentadoria privatizada, o que lhe garantiria um valor equivalente a 70% de seu salário em atividade. No entanto, os aposentados recebem em média 37% dos salários que recebiam antes de aposentarem-se, o que tem levado inúmeros idosos ao suicídio. Por outro lado, Pinochet manteve a aposentadoria dos militares estatizada, de modo que esses continuam recebendo 100% dos seus últimos salários quando se aposentam.


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PROTESTOS EM TODO O PAÍS

Colômbia: a crise do uribismo Extrema-direita se preparou para a repressão, diante do exemplo do que aconteceu no Equador e no Chile O levante continental contra o imperialismo chegou à Colômbia. Iván Duque, presidente colombiano herdeiro político de Álvaro Uribe, foi contestado durante a quinta-feira (21) por uma paralisação no país, marcada por uma greve geral e por protestos liderados por sindicatos e entidades estudantis. Houve grandes manifestações em Bogotá, Medellín e Cali. Os manifestantes protestaram contra uma série de políticas econômicas do governo ditatorial colombiano, como privatizações, reforma da previdência, aumento de impostos para trabalhadores e diminuição de impostos para as empresas, entre outras reivindicações. Extrema-direita se preparou Com o exemplo do Chile e do Equador em mente, o governo da Colômbia tomou providências para reprimir a po-

pulação. Decretos e circulares internas deixaram governadores, prefeitos e as forças repressivas em alerta, prontas para intervir sob um estado de emergência. Seguindo o exemplo da resposta improvisada de sebastián Piñera no Chile, que decretou estado de emergência no começo dos protestos que começaram em 18 de outubro, sendo obrigado a suspendê-lo posteriormente devido à proporção dos protestos. Iván Duque também tomou a providência de fechar as fronteiras, como se estivesse se preparando para uma guerra. Dessa vez não houve grandes embates para esmagar os protestos, no entanto, as preparações da extrema-direita já mostram a disposição do governo de esmagar a população. Como em toda a América Latina, a direita não está disposta a ceder nenhum terreno diante da mobilização popular. Crise do uribismo

O governo de Iván Duque é uma continuação dos governos de Álvaro Uribe, ligado aos paramilitares de extrema-direita que reprimem com especial brutalidade os trabalhadores do campo. Sob governos ditatoriais, a Colômbia foi durante as últimas décadas um enclave do imperialismo norte-americano na região. Sob o tacão da extrema-direita, que, por meio da violência, impede qualquer participação da esquerda e dos trabalhadores no regime político de forma institucional, seria difícil que prosperasse um movimento de contestação contra o governo nas ruas. No entanto, a tendência à mobiliza-

ção e muito forte, diante dos ataques às condições de vida da grande maioria da população, como está acontecendo em outros países. Apesar da repressão histórica, o povo colombiano sai às ruas para exigir seus direitos. Como no Equador e no Chile, e na reação ao golpe na Bolívia, a mobilização na Colômbia expressa o embate dos trabalhadores latino-americanos com o imperialismo, que lançou uma política de intensificação da exploração dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, o fato de que essa crise possa explodir agora até mesmo na Colômbia demonstra a crise da dominação imperialista em todas as partes.

PIÑERA E SUAS ATROCIDADES

Chile: polícia diz que não usará mais balas de borracha Após cegar mais de 220 pessoas, Piñera e seus guarda-costas dizem que só utilizarão bala de borracha quando se sentirem ameaçados. A insurgência do povo chileno tem colocado em xeque a política de terra arrasada do imperialismo e de seu fiel representante. Sebastián Piñera, tem buscado levar a cartilha neoliberal às últimas consequências. Para isso, o aparato repressivo do Estado tem lhe conferido todo apoio necessário. O saldo de toda a brutalidade exercida pelo governo direitista do mandatário chileno tem dado profusas mostras do caráter ditatorial da “democracia burguesa”, sobretudo a tutelada pelo imperialismo. Afinal, quando há a necessidade de aprofundar as medidas mais agressivas contra o povo, a burguesia nunca hesita em utilizar os meios mais cruéis para garantir seus interesses. Passado pouco mais de um mês desde o início das manifestações (18 outubro), os carabineros (política militar chilena) já contam com um extenso histórico de prisões arbitrárias, mortes, mutilações etc. As denúncias não param por aí, os policiais e as forças armadas estão sendo investigados por – pelo menos – mil casos de abusos, como: tortura e violência sexual. De acordo com a associação média do Chile, ao menos 230 pessoas perderam totalmente ou parcialmente a visão, decorrentes de balas de chumbo e/ou borracha disparada pelos militares que, claramente, miram no rosto dos manifestantes. Segundo estudo da Universidade do Chile, a “bala de borracha” têm 20% de borracha, sendo o restante uma mistura de sílica,

sulfato de bário e chumbo. Ainda segundo o relatório – o material tem a dureza de uma roda de skate. O caso tem promovido tanta indignação da população que, de acordo com a nova orientação da corporação, a partir de agora, as balas de borracha serão tratadas como munição letal, sendo, portanto, permitida em casos em que o policial se sinta ameaçado; ou seja, será utilizada utilizada ‘apenas’ “como uma medida extrema e exclusivamente para legítima defesa quando há perigo iminente de morte”. Todavia, embora a policia e as forças armadas tenham utilizado seus métodos fascistas contra o povo, a mobilização não tem dado trégua à Piñera e seus asseclas. Só no dia 25 de outubro cerca de 1,2 milhão de pessoas se reuniram nos arredores na praça Itália, na capital Santiago. A pressão é tão grande que o governo já disse que vai realizar um plebiscito para perguntar à população se o país deve elaborar uma nova Constituição; uma que substitua a Carta da época do ditador Augusto Pinochet. Trata-se, porém, de uma medida fraudulenta, visto que fica aberta a brecha para continuar usando balas de borracha “se os policiais se sentirem ameaçados”. Em suma, sabemos que as munições letais e/ou tratadas como letais serão utilizadas sem nenhum escrúpulo assim que houver a necessidade de defender o governo direitista de Piñera – o qual está caindo de podre, assim como o neoliberalismo.

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IMPERIALISMO NO COMANDO

Termina a campanha eleitoral no Uruguai, votação acontece no domingo Chegou ao fim nesta quarta-feira a campanha eleitoral para o segundo turno da disputa presidencial no Uruguai. Com o imperialismo na frente direita lidera, entenda Nesta quarta-feira, dia 20, encerrou-se no Uruguai a campanha eleitoral para o segundo turno das eleições presidenciais no país, hoje disputadas por Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional e Daniel Martînez, da Frente Ampla. Acompanhando os acontecimentos que vêm tomando forma de uma grande revolta popular por todo América Latina o Uruguai aos poucos vem recebendo em seu regime político a pressão por parte da base popular e por outro lado do imperialismo. A esquerda uruguaia conseguiu se firmar no poder após a última grande onda de revoltas populares que houveram no continente, durante o final do século XX e o início da última década. Sendo assim, junto a países como Brasil, Argentina, Bolívia, etc, o Uruguai passou a ter também em seu governo um comando à esquerda, feito neste caso pela Frente Ampla, representado por Pepe Mujica, principal líder da esquerda uruguaia neste último período. No caso uruguaio, principalmente devido ao fato de ser um governo ultra moderado, muito mais do que países como Bolívia, Venezuela, e até mesmo

sem o peso de um PT, seu governo permaneceu relativamente estável durante 15 anos. Porém, como já vemos desde o início da campanha golpista do imperialismo por toda a América Latina, permitir a permanência de certos regimes políticos que não são totalmente subservientes ao imperialismo está fora de cogitação, e assim, após mais de uma década, a campanha da burguesia uruguaia em conjunto de países como os EUA está sendo responsável por retirar do poder um

dos últimos governos populares do continente. A campanha por enquanto assume um caráter mais eleitoral, já que estamos a dias da eleição do novo presidente do país. Contudo, como visto anteriormente em outros países, isso não foge da regra de ação do imperialismo, que certamente está disposto a fazer o que for necessário para assumir o poder, a questão é que no Uruguai hoje a situação está mais propícia para a direita ganhar por vias “legais”,

devido a inércia da esquerda, então naturalmente a própria imprensa burguesa hoje prega em nome da “democracia” e da “escolha sábia” para o futuro do país. Com toda esta propaganda junto a postura ultra conciliadora da esquerda, o Partido Nacional com Luis Lacalle é o favorito a ganhar o segundo turno das eleições, sendo apoiado por pessoas como o conservador Ernesto Talvi, do Partido Colorado e Guido Manini da extrema-direita uruguaia, deixando evidente que mesmo com a campanha imperialista de que este é um candidato de “centro”, na realidade reflete justamente os interesses mais profundos da burguesia e da extrema-direita. As eleições estão para ocorrer neste domingo, dia 24, e o direitista lidera com 51% de intenção de votos, logo após em primeiro turno a Frente Ampla ter perdido maioria no parlamento. Este é mais um passo da dominação imperialista sobre o continente, firmando seu controle agora no Uruguai e abrindo caminho para uma ampla exploração desenfreada de seu território.

CRISE NO PARLAMENTO DE ISRAEL

Impasse continua em Israel Israel pode se encaminhar para sua terceira eleição em um ano, a crise no parlamento é grande e nenhum dos principais nomes do regime conseguiu a maioria necessária. Neste ano de 2019 vemos em todo mundo uma série de eventos que comprovam claramente a crise geral do capitalismo em que estamos vivendo. Seja na disputa interna acirrada pelo governo norte-americano, ou nas revoltas por toda a América Latina, o mundo cada vez mais vem pegando fogo e não há hoje nenhum país que fuja desta situação, tamanho o nível da crise. Dessa forma Israel, um pilar fundamental para a dominação imperialista sobre os países árabes, está enfrentando internamente uma das maiores crises do século. Por um lado temos Benjamin Netanyahu, premiê do país desde 2009 e que até então havia sido escolhido por Reuven Rivlin, presidente de Israel, para dar continuidade ao governo, e que agora, com toda a crise gerada dentro do parlamento, Netanyahu não conseguiu a maioria necessária e sua posse fora rejeitada. Já por outro lado Benny Gantz, figura que disputa junto a Netanyahu o cargo de primeiro ministro, está também sem o apoio necessário para conseguir fechar um governo a tempo do prazo limite (quarta-feira, dia 21). Com este desenvolvimento Israel encaminha-se novamente para as eleições, a terceira apenas neste ano, uma importante representação do estado cada vez mais crítico em que o país se encontra.

A crise gerada no parlamento é um reflexo do já ocorre por todo mundo. Na Europa, países como Espanha, Inglaterra, entre outros, passam por enormes crises dentro de seus parlamentos, culminando no enfrentamento entre diferentes setores da burguesia imperialista. Junto a isso, vemos por toda parte o domínio imperialista

aos poucos perecer, rachar frente as mobilizações populares, sobretudo ao lembrar-se dos movimentos separatistas que tomam estes países por toda Europa, fortes revoltas que podem gerar uma quebra do território de seus territórios, vide o caso da Catalunha. Outro ponto marcante na crise de Israel deve-se a grande pressão da

população árabe, extremamente esmagada sob seu território e que em inúmeras oportunidades demonstrou sua gigantesca indignação a respeito do domínio do Estado fascista de Israel em toda a região. Por isso, temendo a população que hoje vive esmagada dentro de seu próprio país, a burguesia israelita e o imperialismo buscam tomar ações cautelosas frente a formação de um novo governo, pois, caso o mesmo processo de implosão social que ocorre em todo mundo venha a acontecer em Israel, todo o domínio imperialista sobre o oriente médio pode ser seriamente ameaçado. Israel, como um Estado artificial, criado pelo imperialismo fascista com o objetivo de por em baixa de suas botas toda a população árabe, agora vê com cautela os rumos a ser tomados. Netanyahu já é uma figura muito queimada, Benny Gantz é minoria, não tem a força política desejada, e por outro lado Avigdor Lieberman, líder de um terceiro partido, está hoje tornando-se a peça chave para a formação de um sólido governo conforme os interesses imperialistas. O desenvolvimento desta situação só poderemos ver daqui para frente, porém, assim como todo o mundo, a população árabe está cada vez mais a ponto de explodir em uma grande revolta, e isso o imperialismo teme.


12 | MOVIMENTO OPERÁRIO

CRIAR COMITÊS DE DEFESA

Ataque fascista: professor da Unesp é esfaqueado e xingado de macaco Os negros, os estudantes, os professores e a comunidade escolar e universitária precisam formar comitês de auto-defesa, que combatam à altura os fascistas Nesta quarta (20) em Bauru, o professor Juarez Xavier da UNESP (Universidade Estadual Paulista) foi esfaqueado após reagir quando chamado de macaco. Segundo o tenente da PM (Polícia Militar), José Trevisan, o professor Juarez Xavier caminhava na Avenida Nações Unidas quando um homem passou e o chamou de macaco. Xavier questionou a ofensa, foi derrubado no chão e atacado com um canivete, tendo duas perfurações, uma no ombro, outra no tórax. Pessoas que passavam no local detiveram o agressor, que foi preso, o professor teve ferimentos leves. Os vários elementos que envolvem o caso, como o fato do agressor chamar o professor de “macaco” coincidentemente no dia 20 de novembro,

dia de luta do povo negro, o chamado “dia da consciência negra”, mostra que foi um ataque fascista, de quem considera o negro não apenas como alguém inferior, mas como um animal, que não seria nem gente. Também o fato do coxinha querer intimidar, agredir e em última instância eliminar seu alvo. Outro dado é que o professor já fora vítima de racismo na universidade em 2015, quando pichações encontradas em um banheiro do campus o chamavam de “macaco” e ofendiam alunas negras. Deixando o indício de que este ataque de quarta poderia ser um desdobramento do caso de 2015, com o agressor fascista sendo um aluno, ex-aluno, alguém ligado a universidade, etc.

TRABALHO ESCRAVO

É preciso destacar que nenhum artifício do regime burguês, como uma lei ou o aparato de repressão do Estado, como a PM, irão resolver o problema. Prova disso é que o crime de racismo, que é inafiançável, não foi aplicado ao agressor fascista (como nunca é), que ficou apenas ameaçado de ser indiciado por lesão corporal (como se fosse uma briga de rua) e injúria racial (encaminhamento padrão dos delegados), que é um crime menor, com pena prevista de um a três anos de reclusão e multa. Por isso a única forma de defesa efetiva contra os ataques fascistas é a formação de comitês de auto-defesa, com os negros, os estudantes, os professores e a comunidade escolar e universitária, organizando-se em gru-

pos de auto-defesa, para impedir os ataques fascistas, defender-se com as próprias forças, organizar-se para reagir à extrema direita a altura.

PARALISAÇÃO DOS BANCÁRIOS

Governo golpista de Bolsonaro: Bancários realizam paralisações patrões livres de qualquer fiscalização contra a MP da escravidão Com o claro objetivo de extinguir com toda e qualquer fiscalização das irregularidades cometidas contra os trabalhadores pelos patrões, o fascista Jair Messias Bolsonaro quer reduzir em mais de dois terços da verba destinada a esse fim. Em seu primeiro orçamento o presidente ilegítimo do país resolveu que, os recursos para fiscalizações dos patrões no que se refere às condições de proteção, segurança e saúde trabalhistas, etc., não serão mais necessários, desta forma resolveu reduzir em mais de 63% do valor que correspondia, no ano de 2019 a R$ 70,4 milhões, a partir de 2020 passará a corresponder a R$ 26 milhões. Este valor refere-se ao menor patamar da série histórica, segundo dados do próprio governo. (folha de São Paulo – 21/11/2019) Esse deve ser, portanto, o segundo recuo seguido nessa atividade, de acordo com a série histórica do Siop (Sistema de Planejamento e Orçamento) do Ministério da Economia, iniciada em 2013. (folha de São Paulo – 21/11/2019) Segundo informações do jornal, para o procurador do trabalho Márcio Amazonas, a extinção do Ministério do Trabalho, que virou uma secretaria no Ministério da Economia, deixou clara a prioridade de Bolsonaro. “Não é surpresa para ninguém.” “O Estado não estará presente nos lugares em que deveria estar.” “Quem já passou por cidades do interior sabe que a fragilidade dessa população é maior, porque não tem auditor do trabalho nessas cidades, não tem núcleo móvel de trabalho escravo.” “Esses lugares virarão terra de ninguém.” Na prática a fiscalização já foi extinta

De janeiro a outubro, o governo golpista usou somente R$ 38 milhões dos R$ 70,5 milhões de janeiro até outubro desse ano, nenhum valor foi utilizado para verificação das condições mínimas, no que se refere às condições de trabalho e saúde dos operários, mas simplesmente para que os patrões fornecessem dados legais dos funcionários. Do orçamento para 2020, a maior parte (R$ 22,7 milhões) será destinada para verificar se empresas estão cumprindo as obrigações arrecadatórias, especialmente relacionadas ao FGTS. Apenas cerca de R$ 1,8 milhão é para inspeção de segurança e saúde no trabalho e combate ao trabalho escravo. (folha de São Paulo – 21/11/2019) A política desse governo de golpistas, onde, o governo fraudulento de plantão vem a passos largos destruindo toda a legislação trabalhista, extinguindo direitos históricos dos trabalhadores, tendo como seus principais assessores, o golpista Paulo Guedes, ministro da Economia responsável pela extinção das Normas Regulamentadoras (NRs) e a também golpista e latifundiária, Tereza Cristina, ministra da Agricultura que, mesmo antes de assumir como ministra, já vinha desenvolvendo uma forma de deixar o setor agropecuário, incluindo os frigoríficos, livres de qualquer fiscalização, como forma de pagamento pelo financiamento do golpe de estado pelos patrões. É a extinção total e completa da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), principalmente quando que se refere às legislações sobre fiscalização e multas destinadas aos patrões infratores.

Bancários paralisam dependências bancárias contra os ataques dos banqueiros e seus governos

Nessa quinta-feira (21), conforme proposto pelo Comando Nacional dos Bancários e aprovado pela categoria, em plenária realizada no dia 19 último, Brasília amanheceu com setores bancários paralisados, parcialmente, em protesto à Medida Provisória (MP) 905/2019 editada pelo governo ilegítimo/fascista, Bolsonaro, no dia 11 de novembro onde estabelece, entre outros ataques à classe trabalhadora ao criar a carteira de trabalho verde amarela: o aumento da carga horária dos bancários em mais duas horas, passando das atuais 6 horas diárias de trabalho para 8 horas, introduz o trabalho aos sábados e domingos, além de retirar os sindicatos da participação nas negociações em relação a Participação dos Lucros e Resultados (PLR) com o aumento do número de parcelas máximas para pagamento que hoje é de duas passando para quatro. As paralisações aconteceram, inicialmente, na parte da manhã na porta do Edifício BB, onde se concentraram cerca de 5 mil trabalhadores e na porta do Ed. Matriz III, da Caixa Econô-

mica Federal, que contou com mais de 2 mil trabalhadores. A partir das 11h foi a vez do retardamento nas aberturas de várias agências, tanto no Plano Piloto da Capital Federal, quanto nas cidades satélites de Brasília. As manifestações, que aconteceram em Brasília, são parte das mobilizações que aconteceram no país inteiro em resposta aos ataques dos banqueiros e seus governos à categoria, que vem sofrendo com a política de demissões em massa, terceirizações, privatização, fechamento de centenas de agências, arrocho salarial, etc., e a MP vai no sentido de aprofundamento desses ataques que visa única e exclusivamente favorecer os banqueiros. As mobilizações, que aconteceram nesta quinta-feira devem ser a ponta de lança para uma gigantesca mobilização na perspectiva da construção da greve geral de toda a categoria para barrar a ofensiva reacionária da direita fascista. Fora Bolsonaro e todos os golpistas; Eleições Gerais Já; Anulação de todos os processos do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva; Lula Candidato.


CIDADES, ECONOMIA E NEGROS | 13

AGORA É FORA BOLSONARO!

Manifestação em Sorocaba se transforma em ato pelo Fora Bolsonaro “Fora Bolsonaro” ganha força em Sorocaba-SP Na última terça-feira (19), foi realizado mais um ato no Terminal Santo Antônio, região central da cidade de Sorocaba. “Fora Bolsonaro”, dizia a faixa e gritos, que foram o maior destaque. Quinzenalmente, ou ao menos uma vez por mês o Terminal foi palco de manifestações cada vez maiores de militantes exigindo a liberdade de Lula. Os atos locais, como também os mutirões pela anulação dos processos contra o Lula em feiras e universidades semanalmente organizados pelo PCO somaram-se às mobilizações nacionais em Curitiba e pressionaram significativamente a direita. Entretanto, como estamos assistindo na Bolívia o momento não é do im-

perialismo recuar. Dia 20 de outubro a direita permite que a eleição ocorra normalmente e assim Evo Morales vence no primeiro turno, vinte dias depois, dia 10 de novembro, os golpistas imperialistas em menos de 24 horas assumem o poder na Bolívia, mostrando que já haviam traçado planos desde muito antes da votação. Não é possível garantir Lula livre com Bolsonaro e todos os golpistas no poder. Os mesmos que conspiraram contra Lula ainda estão no controle do regime político. E aguardar até 2022 é dar tempo mais que suficiente para que o Brasil atinja um aprofundamento do golpe de estado como está ocorrendo na Bolívia.

A população tem isso muito claro. Muitos passaram no Terminal vibrando com a faixa escrita “Fora Bolsonaro”, “Liberdade para Lula”. Mostrando a continuidade da luta e como as duas pautas estão totalmente ligadas. Secundaristas saíram juntos em peso das escolas e ao se depararem com a faixa e companheiros bradando “Fora Bolsonaro” entraram em euforia e começaram a gritar o mesmo hit cantado desde o carnaval até o Rock In Rio de “ei Bolsonaro vai…”. As manifestações da juventude são um termômetro importante da situação política. Os jovens têm menos preconceitos políticos e consequentemente expressam com menos filtros o que pensam.

“Fora Bolsonaro”, “Eleições Gerais Já”, juntamente com a anulação dos processos contra Lula para que ele possa ser candidato nas eleições gerais são reivindicações do momento para que a luta possa avançar e garantir a já conquistada liberdade de Lula. Para essas reivindicações se concretizarem é preciso um movimento nacional organizado que venha de baixo, da população, dos sindicatos, da juventude. O estopim desse planejamento já tem data marcada: dias 14 e 15 de dezembro em São Paulo capital acontecerá a II Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo. É o único evento programado para organizar a luta popular contra o golpe de Estado.

RISCO DE ALTA PRÓXIMO

Dólar bate recorde frente ao real no governo Bolsonaro Dólar chega a R$4,206 – maior alta de fim de pregão desde o início do Plano Real. O Dólar norte-americano continua aumentando em relação ao Real brasileiro. No fechamento do último pregão, eram R$4,206 para cada dólar. A imprensa burguesa evitou dar destaque ao fato de que este é o maior fechamento histórico do dólar, desde o início do Plano Real. Até então, a maior cotação era de R$4,196, alcançada em setembro do ano passado. Para aqueles que culpavam a soltura do ex-presidente Lula pela alta do dólar, não custa lembrar que a desvalorização cambial é uma características dos governos recessivos neoliberais. Com Fernando Henrique, a moeda norte-americana saltou de um real para quatro, aproximadamente. A cotação passou a baixar a partir do go-

verno Lula, caindo para menos de dois reais. Com as pressões de um Congresso direitista sobre Dilma Rousseff, e as repercussões da crise internacional, o dólar voltou a subir aos patamares atuais. O golpe de 2016 não reverteu esta situação. O fato, expõe a situação preocupante na qual a economia brasileira se encontra. O PIB brasileiro segue estagnado ao longo dos últimos 5 anos, e demais indicadores de emprego, renda e atividade industrial pioram. Sem a perspectiva de retomada do desenvolvimento econômico, os capitalistas estrangeiros se retiram do país, pressionando a alta da moeda. Manobras especulativas têm segurado a cotação da moeda interna-

cional, e evitado a queda da Bolsa de Valores. Por um lado, o Banco Central tem vendido altíssimos volumes de dólar, nos últimos meses. Ao fazer isso, queima reservas internacionais, tornando o país mais vulnerável a crises econômicas. Por outro lado, o capital estrangeiro vende discretamente suas ações em empresas brasileiras, enquanto fomenta uma campanha intensa para que a classe média coloque lá suas economias. Há fortes riscos de que estejamos assistindo a uma bolha especulativa no mercado financeiro. Assim que esta manobra estiver concluída, o preço das ações pode cair bruscamente, e o dólar poderá subir a níveis muito mais altos.

A consequência direta para a população é a pressão inflacionária. Como nossos combustíveis estão atrelados aos preços internacionais, se tornarão mais caros, pressionando para cima o valor dos fretes, que influenciam toda cadeia produtiva. A outra parte atingida é a classe média-alta, que terá aplicado sua poupança em ações que agora valerão uma fração do preço de compra. O dólar alto também influencia os preços dos produtos importados, componentes de peças e equipamentos de tudo o que consumimos. Este cenário preocupante se acena no futuro próximo, resultado da política recessiva que Bolsonaro e os golpistas reservam para nosso país, a serviço do imperialismo.

RIO DE JANEIRO

Grupo de extrema-direita tenta impedir missa africana no RJ Um grupo com cerca de 20 pessoas invadiu uma missa em que se homenageava a população negra como comemoração pelo Dia da Consciência Negra. O evento ocorre há 15 anos. No Rio de Janeiro, um grupo de extrema-direita tentou impedir a celebração de uma missa em homenagem ao Dia da Consciência Negra. A missa, que ocorre há quinze anos aconteceu na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na zonal sul do Rio de Janeiro, possuía instrumentos de origem africana e era caracterizada como uma missa afro-brasileira. O grupo católico conservador composto por cerca de 20 pessoas, entre homens e mulheres, tentou impedir a celebração da missa, por se tratar de uma missa em que se utilizavam instrumentos de origem africana e ser

destinada a homenagear o povo negro. O padre que rezava a missa, no entanto, se negou a impedir que a celebração religiosa fosse cancelada. Um dos fiéis que se encontrava no local foi agredido com um soco pelos fascistas que tentaram impedir a missa. Outro tentou retirar sem sucesso o microfone do padre. Após não conseguirem intimidar os fiéis que acompanhavam a celebração, o grupo rezou o terço em latim em voz alta para tentar atrapalhar a missa. Em alguns vídeos é possível ver dois homens brancos, com camisas pretas e óculos tentando argumentar com o

padre para que a missa fosse cancelada por romper com as tradições da igreja. O ato de tentar impedir uma celebração religiosa destinada ao povo negro já demonstra o caráter racista que o grupo possui. Isso demonstra como a extrema-direita está crescendo e criando organizações para atacar a população negra, pobre e trabalhadora. A extrema-direita tem avançado muito e não tem a mínima intenção de resolver qualquer questão no diálogo. Eles se organizam em grupos e vão para cima da população. Não existe meio de se resolver qualquer questão na

conversa com esses grupos e os movimentos sociais, os partidos e os sindicatos devem se mobilizar para expulsar esses grupos de qualquer local em que eles se encontrem, para que não seja possível sua organização. O presidente do Brasil hoje, Jair Bolsonaro, é um elemento de extrema-direita fascista, que não se preocupa com a população brasileira e com a diversidade religiosa ou cultural. A única maneira de se derrotar a extrema-direita é pelo enfrentamento contra ela, por isso, hoje é necessária a luta para tirar Bolsonaro do poder e conter a mobilização da extrema-direita.


14 | CULTURA E MULHERES

FASCISMO

A presença da extrema-direita já acumula autores censurados no Brasil De autores novos a livros clássicos, a extrema-direita surta e tenta proibir a expressão dos autores nacionais. atentado contra a cultura nacional, como é, aliás, esperado desta corja sem cultura que tomou conta do poder. Os mesmos fascistas que apoiam a matança generalizada da população mais pobre, e que fomentam não só o “discurso de ódio” como a aplicação irrestrita deste ódio a seus opositores, se apresentam como defensores “da moral e dos bons costumes”, quando se trata de inibir a expressão e a cultura que não lhes agrade. Premiado duas vezes e finalista em diversos concursos nacionais, o livro Capivaras, de Luísa Geisler, foi censurado na Feira do Livro de Nova Hartz (RS), do prefeito Flavio Jost (PP), por conter “linguagem inadequada”. O livro é classificado no gênero “jovem adulto”. Mas seus personagens são adolescentes que falam como os jovens reais, xingam, bebem, não pedem por favor, e isso parece ter incomodado as “pessoas de bem” da interiorana prefeitura gaúcha. A censura foi tam-

bém foi elogiada pelo vereador local, Andrei Bertuol (PSC). Outro alvo da fiscalização fascista é a “apologia ao comunismo.” E nesta categoria pode entrar qualquer coisa que desagrade as cabeças paranóicas da extrema-direita. Uma obra de Luiz Puntel, que já está na 23a edição e teve mais de 1 milhão de exemplares vendidos – Meninos Sem Pátria – teve a infelicidade de cair na malha fina do Colégio Santo Agostinho. Um grupo de pais surtou diante da diretoria, que resolveu tirar o livro da lista de leituras daquele ano. Outros pais seguiram a mesma onda em Brasília, e obrigaram a escola Le Petit Galois de retirar o livro A Semente do Nicolau de sua biblioteca e da lista de leitura. O livro é um inocente conto de Natal, que procura refletir sobre a solidariedade e a relação entre crianças e idosos. Foi escrito há mais de 20 anos e até adaptado para séries de televisão. Mas alguns pais surtaram

ao perceber que o autor do livro era, atualmente, um deputado do PSOL – Chico Alencar. Com medo de represálias, a escola se ofereceu, inclusive, a reembolsar os pais que já tinham comprado o livro. No primeiro semestre, um grupo de bolsonaristas se revoltou ao descobrir que um livro de poesias – Beirage – de Jorge Furlan, criticava a ditadura e mandava um bom “pau no cu do Bolsonaro”. Com a pressão, a fundação que o financiava retirou o apoio. Algumas bibliotecas retiraram o livro dos acervos. Poucos meses depois, o texto de Geraldo Carneiro foi censurado. Ele seria apresentado numa peça teatral do SESC Copacabana, mas a direção informou que “não poderia falar de política”. A peça Iago era inspirada em Otelo, de Shakespeare, mas fazia paródias com a família Bolsonaro. A direção propôs que Carneiro escrevesse algo “diferente”.

Da política para o sofrimento psicológico, o livro de Ricardo Lísias, O Céu dos Suicidas (2012), foi retirado da lista de leitura do Ensino Médio do SESI-SP. O professor que fez a indicação da leitura foi demitido da escola. Os malucos da extrema-direita acharam que o livro fazia “apologia ao suicídio”. O mesmo preconceito sofreu Ana Maria Machado, autora de O Menino que Espiava para Dentro (1983), sendo incomodada pelas hordas fascistas depois de ter número de telefone distribuído em grupos de extrema-direita. Todos os envolvidos com a produção cultural, autores, curadores, patrocinadores, escolas, pais e professores, devem se opor frontalmente à pressão fascista. Recuar só beneficia a censura e a extrema-direita. Cada tentativa de censura deve ser respondida com uma divulgação e promoção massiva das obras atacadas. Até que os fascistas desistam de atacar à cultura brasileira e voltem para os esgotos de onde vieram.

AVANÇO DA REPRESSÃO

Assassinatos de mulheres aumentam com o avanço da extrema-direita Política de repressão, de cereceamento dos direitos e das liberdades intensificam a violência contra os oprimidos Um relatório publicado pela Organização das Nações Unidas, a ONU, revelou que em 2017, cerca de 90 mil mulheres em todo o mundo foram vítimas de feminicídio. Os dados estão diretamente vinculados com a situação política mundial, ou seja com o avanço da extrema-direita em vários países do mundo. Desde o início da década, após a crise econômica de 2008, vem se acentuando a crise do regime imperialista mundial. Dentre outros fatores, a crise levou o imperialismo a adotar uma política de golpe de estado contra governos de esquerda, ou até mesmo de direita, mas de caráter nacionalista, em diversos países atrasados do globo. Foi assim no Egito, na Ucrânia, na Tailândia, Líbia, Honduras, Paraguai, Brasil, mais recentemente na Bolívia, e na Venezuela onde o processo golpista encontra-se em um impasse. Nesses países o golpe de estado levou ao crescimento da extrema-direi-

ta, como foi o caso da Ucrânia, onde setores abertamente fascistas chegaram a controlar o poder, e o próprio caso do Brasil. Mesmo nos países centrais, a crise do regime tradicional de dominação, tem levado ao crescimento da extrema-direita. Podemos citar como exemplo, o próprio EUA, a Espanha, a Itália, a Alemanha, entre outros países. O avanço destes setores e suas políticas abertamente reacionárias e conservadoras causam impacto não apenas na vida política e econômica de cada país, mas também em todas as relações humanas. A defesa de uma maior repressão contra o povo, contra os setores mais oprimidos, da retirada de todos os direitos da classe trabalhadora, de leis mais duras, de perseguição e esmagamento das organizações de defesa dos explorados, todos estes e outros fatores contribuem para o aumento da violência contra os setores mais pobres e oprimidos, como é

o caso das mulheres, dos negros, das comunidades nativas, LGBTs, entre outros. Neste sentido, o aumento do número de mortes de mulheres está diretamente relacionado com este contexto

político mundial, portanto, a luta deve ser travada no terreno político. É preciso organizar a luta das mulheres, e de todos os oprimidos, contra a extrema-direita e contra o próprio regime imperialista em decadência.


MORADIA E TERRA | 15

GOLPISTAS AMEAÇAM MILITANTE

Militante do MAB sofre com ameaças de morte em Rondônia É urgente que militantes em geral se organizem para fazer sua própria segurança, pois esse direitistas que ameaçam dessa forma tem carta branca do governo golpista para atacar. A segurança de quem vai contra o governo dos golpistas é sempre algo incerto. Desde que o presidente fascista Jair Bolsonaro assumiu o poder, diversos militantes de diversos movimentos vêm sofrendo ameaças por parte dos direitistas, esse é caso de Ana Flávia do Nascimento, uma militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), de Rondônia. A militante conta que sua rotina precisou ser mudada após começar a receber ameaças contra sua vida. Segundo Ana Flávia, essas ameaças não são de agora, elas começaram lá em 2016, quando estava participando de uma campanha contra a ampliação do reservatório da Usina de Santo Antônio, pois essa obra iria prejudicar mais ainda a vida dos trabalhadores que moravam na região de Jaci Paraná, em Porto Velho. Apesar dos protestos, os interessados na ampliação da Usina conseguiram formular um acordo expresso num convênio com os moradores locais, contudo, os moradores ainda queriam participar das decisões sobre o que seria feito com o valor recebido pelo convênio, de 30 milhões de reais. Nesse contexto, Ana Flávia começou a chamar a atenção dos direitistas e dos latifundiários do local, ao representar a comunidade nas audiências, segundo ela: “A cada ano que fazíamos movimentos para garantir esses direitos, aumentavam as ameaças e perseguições”.

As ameaças não pararam por aí e começaram a se tornar mais graves, com ela mesma afirma: “Já entraram na minha residência por várias vezes. Algumas vezes, sem subtrair objetos. Deixaram uma faca em cima da minha cama, uma enxada, preservativo masculino… já fui vítima de perseguições por carro, recebi mensagem no WhatsApp, motos e carros ficam rondando minha casa e meu trabalho”. Segundo a coordenação do MAB, pelo menos por duas vezes uma caminhonete tentou derrubar a militante da moto em que estava: “Um dia ela foi em uma cidade próxima e, de noite, cercaram a casa dela. Algumas pessoas de moto,

outras de carro… eles chamaram a polícia, que chegou lá e o pessoal dispersou. Não identificaram ninguém”. Mas não foi só Ana Flávia que sofreu graves ameaças por parte da burguesia local, dos direitistas e fascistas que apoiam governos do tipo Jair Bolsonaro, que objetiva massacrar os trabalhadores, os familiares dela também já chegaram a ser perseguidos nas ruas e filmados. Mesmo dentro do trabalho, a militante se sente ameaçada. Na tentativa de fugir das ameaças, ela e os colegas de trabalho chegaram a trancar o local em que trabalham durante a noite, que é numa Unidade Básica de Saúde. Mesmo assim, em julho desse

ano, uma das chaves do local sumiu, além de já terem visto um mesmo carro rondar o local algumas vezes. Ana Flávia nunca deixou de denunciar que, a cada ano que passa, a situação dos moradores locais vai piorando drasticamente: “Começamos a sentir o impacto inicial após início das obras. Em 2014, a enchente afetou vários moradores dentro da comunidade. Eu sempre estive na luta, buscando que todos fossem reconhecidos e que tivessem seus direitos garantidos”. A militante precisou mudar de casa, onde acabou tendo que instalar câmeras de segurança e entrou em um programa de proteção de defensores dos direitos humanos. “Os ameaçadores são cada vez mais ousados e a gente fica cada vez mais preocupado com a segurança dela. Se ela simplesmente se afastar da militância, quem está ameaçando vai alcançar o seu objetivo. Ela não pode se omitir diante de uma ameaça. Eu mantenho contato com ela e ela está tensa”, afirmou a militante. Enquanto o governo dos golpistas estiver dominando o País, esse tipo de ameaça vai continuar e só tende a piorar. Os militantes desses movimentos sociais, partidos políticos, etc., precisam urgentemente se organizar em grupos de autodefesa para que eles mesmos possam fazer sua segurança, que não está garantida, de forma alguma, pelo Estado.


16 | ESPORTES

ABAIXO O CLUBE-EMPRESA

Privatização do futebol: Maia quer rapidez no projeto de clube-empresa Câmara dos Deputados, sob a batuta de Rodrigo Maia, aprova a urgência na tramitação do projeto do clube-empresa, sinal de que a burguesia está sedenta para abocanhar os clubes Na última terça-feira (19), a Câmara dos Deputados aprovou, com 329 favoráveis, o regime de urgência para a tramitação do projeto de lei que busca alterar a forma societária dos clubes de futebol, transformando-os de associações sem fins lucrativos em sociedades anônimas, isto é, em empresas capitalistas. Com o apoio do presidente da Câmara, o direitista Rodrigo Maia (DEM-RJ), a aprovação da urgência garante que o projeto, cuja relatoria cabe ao também direitista Pedro Paulo (DEM-RJ), seja levado direto para votação em plenário, sem passar pelas comissões correspondentes. A pressa por parte da direita golpista na tramitação do projeto do clube-empresa, como é popularmente conhecido, é um indicativo de que uma ampla ala da burguesia se movimentou, encontrando-se já numa etapa avançada da operação de controle sobre alguns clubes. Os defensores da proposta do clube-empresa dizem, candidamente, que o projeto “estimula” a migração dos clubes para o formato de sociedades anônimas. Nada mais falso. O projeto, na prática, força os clubes a

aderirem ao formato empresarial, na medida em que estabelece uma série de condições econômicas mais vantajosas para o clube-empresa, como um regime tributário diferenciado, sistema próprio de refinanciamento de dívidas, regras mais benéficas para a recuperação judicial, além de uma maior abertura para a contratação de jogadores por fora das normas e direitos trabalhistas convencionais. A direita golpista, que impulsiona e

leva adiante o projeto, não esconde que sua intenção é atrair mais investimentos, sobretudo investimentos estrangeiros, para o mercado do futebol. Ou seja: o objetivo declarado é entregar os clubes de futebol brasileiros para o grande capital nacional e estrangeiro, colocá-los numa bandeja para que os monopólios capitalistas possam explorá-los à vontade. Como se pode ver, nada muito diferente do que acontece com os outros ramos da

economia que também são submetidos à voracidade privatizadora dos capitalistas e seus agentes políticos. O projeto do clube-empresa constitui um tremendo ataque ao povo brasileiro e sua cultura. Caso seja aprovado, abrirá uma larga avenida por onde a burguesia desfilará, deixando pelo caminho o rastro da elitização dos estádios, da repressão às torcidas e suas formas de manifestação, do sufocamento do futebol local e regional, do domínio esmagador dos clubes europeus, do consequente enfraquecimento dos clubes e da cultura futebolística nacional, e por aí vai. Para quem defende um futebol verdadeiramente popular, um futebol controlado pelo povo, com os clubes e federações sendo dirigidos pelos seus verdadeiros interessados, vale dizer, pelos torcedores, especialmente os organizados, é imperativo denunciar e travar uma luta contra o transformação dos clubes em empresas capitalistas. O futebol pertence às massas populares, à classe operária e aos trabalhadores em geral, ao povo negro, aos explorados e oprimidos do país. Abaixo o clube-empresa!

COLUNA

Qual deve ser o programa da esquerda contra o clube-empresa? Por Henrique Áreas de Araujo

Marx e Engels em seu Manifesto Comunista nos ensinaram que “A história de toda a sociedade até aqui é a história das lutas de classes.” Concluiu-se daí que não só a luta de classes é a história da sociedade em suas linhas mais gerais como também é a história das diferentes esferas da sociedade, da família, da religião e das manifestações culturais desenvolvidas pela sociedade. Com o futebol não poderia ser diferente. A história do esporte mais popular do mundo é feita pela luta entre a burguesia, que se colocou como “dona do esporte” no início, e as massas trabalhadoras, que se apoderaram dele, enfrentando o domínio e a truculência da classe dominante. No Brasil, essa luta se traduziu como uma luta entre a burguesia branca e os negros, que compõem a maior parte das massas trabalhadores e proletárias no País. Essa luta se deu dentro de campo, quando negros e trabalhadores conseguiram forçar a sua entrada no esporte graças à habilidade e eficiência muito maiores do que a da burguesia branca. Pode-se dizer que dentro de campo as massas saíram vitoriosas. O domínio do jogo no mundo todo é dado pelos negros, mestiços e brancos oriundos das classes trabalhadoras. O mesmo não pode se afirmar sobre o controle político do esporte.

A burguesia foi obrigada a ceder espaço dentro das quatro linhas, mas o controle político e administrativo do esporte é feito sob rédeas curtas. Isso não significa que os capitalistas tenham o domínio estável sobre o futebol. Ao se tornar um fenômeno de massas, o futebol passou a sofrer a pressão das classes trabalhadores, que pasaram a exercer um papel ativo nos rumos dos clubes, federações e campeonatos. O povo enchia os estádios, que passaram a ser uma espécie de maior teatro da história. A presença das massas nos estádios aos poucos resultou na criação de organizações de torcedores. Logo as torcidas organizadas se espalharam por todos os times e se tornaram não apenas coletivos para tocer mas com o objetivo de intervir nos rumos dos clubes. A torcida organizada é a materialização do que se costuma dizer “jogar junto com o time”. Novamente, agora fora dos gramados, as massas se colocam como um obstáculo ao domínio dos capitalistas. Avançando um pouco na história, o que se vê hoje é a luta entre as massas e os capitalistas pelo controle do futebol. É esse o pano de fundo da nova ofensiva da burguesia: o clube-empresa. Rodrigo Maia, presidente golpista da Câmara dos Deputados, pediu celeridade no projeto. Querem entregar, o mais ráído possível, os times

para o controle absoluto dos grandes capitalistas. Se até agora os capitalistas controlavam os clubes de certa maneira indiretamente, através de influência política, patrocínios etc, tendo como intermediários os conhecidos cartolas, a versão futebolista dos velhos políticos da direita tradicional corrupta, com a institucionalização do clube-empresa, os times estarão colocados diretamente nas mãos dos capitalistas. É preciso dizer ainda que no caso do Brasil, por se tratar de um País de economia atrasada, serão os grandes monopólios imperialistas os que primeiro irão dominar os clubes. Ou seja, o projeto da direita golpista é uma espécie de privatização do futebol brasileiro. O projeto encontra muita resistência em primeiro lugar dos torcedores organizados e até mesmo de uma parte dos cartolas, que vêem sua posição política ameaçada por tubarões muito maiores que eles. Mas como temos visto em todas as questões da política golpista nacional, não serão medidas parciais, manobras parlamentares, ou simples notas e discursos. É preciso uma política real, que coloque os maiores interessados no futebol em movimento. É preciso uma política que mobilize em primeiro lugar os torcedores organizados e depois toda a população que

é apaixonada pelo futebol. Nesse sentido, é preciso lutar por um programa que se coloque do lado das massas. Em primeiro lugar, defender irrestritamente o direito de organização das torcidas. A perseguição contra as organizadas tem como objetivo calar o setor mais ativo dos torcedores e assim facilitar a entrega dos clubes para os capitalistas, essa política também passa também pela elitização dos estádios. Mas um ponto é essencial e muito pouco falado nos meios da esquerda. É preciso defender o controle dos clubes pelas torcidas organizadas. São elas as mais interessadas no progresso do clube. Esse controle passa por derrubar o esquema ditatorial que existe nos clubes, onde as massas estão completamente à parte das decisões. Essa política serve também para federações e a própria CBF, que devem ser controladas pelo povo. Esse é o programa política capaz de efetivamente derrotar o clube-empresa e todos os ataques contra o futebol. É o programa capaz de mobilizar as amplas massas de torcedores. Qualquer organização minimamente progressista deve ter em vista essa política, sob pena de termos o futebol brasileiro e nossa maior riqueza entregues totalmente para os grandes monopólios imperialistas.


BOLÍVIA: ABAIXO O GOLPE MILITAR

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