Diário Causa Operária nº5825

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QUARTA-FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5825

Abaixo o golpe de Estado norte-americano na Bolívia

O

s EUA deram mais um golpe na América Latina durante o fim de semana. Evo Morales renunciou à Presidência no domingo (10) obrigado pelos militares. O comandante geral das Forças Armadas bolivianas, Williams Kaliman, “sugeriu” a Evo Morales que renunciasse. Deve ficar claro que esse pronunciamento foi equivalente a apontar os tanques para o Palacio Quemado, sede do governo boliviano. Até então, os militares permaneciam ocultos nos acontecimentos, como se nada tivessem a ver com o golpe de Estado que estava em curso.

Bolivia: não é o primeiro nem o último golpe O golpe de Estado na Bolívia foi um raio em céu azul para a maior parte da esquerda brasileira e porque não dizer latino-americana. Cumpriu o papel de um balde de água gelada sobre as comemorações com a soltura de Lula ocorrida no último dia 7 de novembro e é, ainda, uma demonstração do que teria ocorrido com a Venezuela se o golpe tivesse derrotado a revolução.

Psol acredita nas instituições e no imperialismo para barrar o golpe

“Nem com Evo, nem com Mesa”: Camacho atende pedido do MRT

A Executiva Nacional do Psol publicou uma nota no último dia 10 sobre o golpe na Bolívia. Embora a posição oficial do partido seja de denúncia do golpe, é preciso algumas palavras sobre a política expressa na nota do partido e que revela a mentalidade capituladora da esquerda diante da direita golpista.

Os recentes acontecimentos que tiveram lugar na Bolívia, onde a extrema direita golpista e reacionária, diante da derrota de mais uma candidatura que representava os interesses do grande capital e do imperialismo, reagiu de forma violenta, não só não reconhecendo a legitimidade da vitória do candidato do Movimento Al Socialismo (MAS)

Bolívia, princípio de guerra civil Bolívia: sinal de alarme

para a esquerda que só pensa em eleições A esquerda pequeno-burguesa acumula uma série de capitulações políticas diante da direita cujo conteúdo fundamental é sua política eleitoral.

Bolívia: a política de resistência é a política de não resistência Assim que foi dado o golpe militar na Bolívia, que levou à renúncia do presidente Evo Morales e de diversos políticos de seu partido – Movimento al Socialismo (MAS) -, os trabalhadores do país reagiram contra as agressões da direita. Em El Alto formou-se um foco de reação dos trabalhadores contra o golpe.

Bolívia: a capitulação de Evo Morales e dos dirigentes do MAS

No dia 10 de novembro de 2019, o imperialismo conseguiu derrubar mais um governo nacionalista na América Latina: o governo Evo Morales, da Bolívia.

Repressão também toma conta do Equador Lenín Moreno e seu governo neoliberal próimperialista, pró FMI, fingiu que recuou e agora promove perseguição e repressão contra adversários, jornalistas e lideranças populares.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Bolivia: não é o primeiro nem o último golpe O golpe de Estado na Bolívia foi um raio em céu azul para a maior parte da esquerda brasileira e porque não dizer latino-americana. Cumpriu o papel de um balde de água gelada sobre as comemorações com a soltura de Lula ocorrida no último dia 7 de novembro e é, ainda, uma demonstração do que teria ocorrido com a Venezuela se o golpe tivesse derrotado a revolução. Não era para menos, as ilusões da esquerda brasileira na “democracia”e ainda mais, no papel “democrático” do imperialismo em geral, mas em particular do norte-americano, embotou de tal maneira a mente dos dirigentes esquerdistas que o que faz com que só enxerguem luz ao passo que existe um buraco negro gigantesco que a depender do curso dos acontecimentos, principalmente, da política da esquerda na próxima etapa, pode sugar toda essa luz e impor um longo período de trevas. Para a esquerda brasileira, o golpe militar em curso na Bolívia é uma demonstração muito semelhante ao golpe que iniciou-se em 2014 no Brasil e que deveria servir como uma reflexão para os erros cometidos tanto aqui, como lá. Evo Morales, a fim de buscar uma linha de convivência “pacífica” com os golpistas locais e latino-americanos, como Bolsonaro no Brasil, e o imperialismo cometeu um conjunto de erros políticos que fortaleceu o avanço do golpe no País. Quer dizer, na mesma medida do recuo do governo boliviano havia o avanço das forças golpistas. Para citar alguns fatos mais relevantes, tivemos a entrega do militante político italiano, Cesare Battisti, para o governo fascista da Itália e a tentativa de aproximação com o presidente fascista do Brasil, Jair Bolsonaro, no momento em que os golpistas brasileiros faziam aberta campanha contra a própria Bolívia, mas principalmente contra a Venezuela e Cuba. No atual momento, em pleno desenvolvimento do golpe militar, com o reconhecimento da intervenção direta dos EUA e do Brasil na preparação do golpe, o governo boliviano ao invés de chamar o povo às ruas, procurou conter seus próprios partidários, a militância que se levantava contra o golpe, e seguidamente recuou e a cada novo recuo os golpistas exigiam mais: recontagem de votos, novas eleições e finalmente a própria renúncia.

O que isso tem haver com o Brasil? A diferença entre os dois países é que o Brasil tem muito mais “gordura” do que a Bolívia. Há uma diferença de cinco anos entre as duas situações e um erro do imperialismo podia botar tudo a perder. Assim como no Brasil de 2014, na Bolívia o “plano A” não era o golpe, mas ganhar as eleições “democraticamente” com o candidato da direita, Carlos Mesa. Diante da derrota, os golpistas apoiados pelo imperialismo colocaram em funcionamento a engrenagem para derrubar o governo Evo Morales, a extrema-direita rapidamente assumiu a frente das forças golpistas com o líder do Comitê Cívico de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, principal figura pública à frente do golpe, os bandos fascistas entraram em cena promovendo massacres contra a população, apoiados pelas forças policiais que se insubordinaram e finalmente as forças armadas entraram em cena. No Brasil, o processo foi semelhante com o impeachment da presidenta Dilma, com a diferença que a baixa intensidade da mobilização no País, em grande medida devido à defensiva da esquerda e do próprio PT, permitiu com que os golpistas manobrassem no sentido de “legalizar” o golpe com as eleições de 2018. A questão é que agora, assim como na Bolívia, como na América Latina em geral, a situação está caminhando para um ponto de ruptura. A luta de classes tende a tomar as suas formas

mais radicalizadas. O recuo dos golpistas no Brasil, com a soltura de Lula é um recuo, mas não uma alteração dos seus objetivos. A PEC em discussão no Congresso Nacional para rever a posição do STF sobre a prisão em segunda instância, a ameaça de Bolsonaro de usar a lei de segurança nacional contra Lula, as articulações no interior da Forças Armadas em preparação para uma provável intensificação das manifestações no Brasil, são sintomas agudos disso. Diante da evolução rápida da situação política na América Latina, o que é um problema geral para a evolução positiva dos movimentos que se rebelam contra os diversos governos neoliberais é a política da esquerda. No caso brasileiro, temos esse verdadeiro ópio paralisante, que são as eleições. Em nome das eleições, de garantir mandatos eletivos, cargos no aparelho dos estados, a esquerda brasileira já fez ou quer fazer de tudo: “virar a página do golpe”, montar frente ampla com os golpistas, apoiar, como fazem os governadores petistas do nordeste, a reforma da Previdência, aliar-se com os bolsonaristas para entregar para o imperialismo a base de Alcântara, como fez o PCdoB, entre muitas outras barbaridades. A questão é que esse recuo apenas abre caminho para que a extrema-direita e os militares ocupem mais espaços, que só não são numa intensidade maior por conta da crise do regime político saído do golpe. É em cima dessa

ilusão que a esquerda pretende derrotar o golpe, com as eleições de 2020, 2022. Se há uma possibilidade de derrotar o golpe, impedir que Lula retorne para cadeia e partir para uma ofensiva que abra uma nova perspectiva progressista para os explorados do País, isso só pode ocorrer nas ruas. Com mobilizações gigantescas em torno de palavras de ordem que efetivamente sejam impulsionadoras dessas mobilizações, como o Fora Bolsonaro, cancelamento de todos os processos contra Lula, eleições gerais e Lula candidato. O exemplo da Bolívia está aí, mas não só da Bolívia. No Equador, o governo pressionado pelas grandes mobilizações de setembro e outubro, entrou em acordo com a esquerda e voltou atrás em algumas medidas que foram o estopim da rebelião. Passado pouco mais de um mês, o governo volta a carga e está reprimindo violentamente a esquerda. O Chile é um outro exemplo de que a política do imperialismo não é de recuo, de “democracia”. A Argentina, o Uruguai vários outros países em graus diferentes têm situações que evoluem no sentido do mesmo quadro político dos países mais convulsionados. A Bolívia não é o primeiro e nem será o último golpe. A esquerda brasileira, assim como a latino-americana, tem a toda as condições de sair vitoriosa na luta de classes. O problema é com qual política.

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OPINIÃO | 3 COLUNA

Para esconder impactos da mancha de óleo no litoral, governo escala PM Por Renato Farac

Em meio a um dos maiores desastres ambientais da região Nordeste, onde o descaso e recusa do governo de direita e seu ministro fascista do Meio Ambiente Ricardo Salles resultou na contaminação de mais de 2 mil quilômetros de costa devido ao derramamento de petróleo, Bolsonaro muda responsável da unidade de conservação da Costa dos Corais, localizada entre os estados de Pernambuco e Alagoas. O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), também policial militar, mas do Estado de São Paulo, o coronel Homero de Giorge Cerqueira nomeou no último dia 8 de novembro, o tenente da Polícia Militar de Alagoas Wenderson Viana Guilherme como o chefe do órgão na unidade de conservação da Costa dos Corais. O policial militar Wenderson Viana Guilherme substituiu o biólogo marinho Iran Normande, que durante anos chefiou a unidade de conservação, pois é sua especialidade e, também comandou uma equipe de fiscais do ICMBio que autuou o ministro e aplicou uma multa a pousada do atual presidente da Embratur, Gilberto Machado Neto, em 2016, quando destruiu uma área de restinga importante dentro da unidade de conservação. Após a chegada de Bolsonaro ao poder e a nomeação de Gilberto Machado Neto para a presidência da Embratur começou uma série de perseguições contra os agentes do ICMBio na região e o pedido de transfência de todos os fiscais que autuaram o atual presidente por crime ambiental. Tanto que o biólogo marinho Iran Normande foi transferido para uma unidade de conservação no Estado do Mato Grosso onde não existe qualquer unidade de conservação marinha, num claro ato de perseguição política. A situação tinha ficado tão evidente que a pressão dos servidores e do próprio Ministério Público, o governo Bolsonaro voltou atrás da decisão e manteve o servidor como responsável pela APA Costa dos Corais. Após o desastre de óleo na costa da região Nordeste, novamente o governo Bolsonaro e Ricardo Salles, substituem o biológo marinho por uma pessoa de sua confiança: o tenente da Polícia Militar de Alagoas Wenderson Viana Guilherme. A Área de Proteção Ambiental (APA) Costa do Corais está localizada no litoral sul de Pernambuco e litoral norte de Alagoas, entre os municípios de Tamandaré (PE) e Maceió (AL). Com 135 quilômetros de extensão e mais de 413 mil hectares de área protegida, a APA Costa dos Corais é a maior unidade de conservação marinha do Brasil. Fica na região mais atingida pelas manchas de óleo que tomaram

conta do litoral nordestino e é uma que possivelmente foi mais afetada pela mancha de óleo. Bolsonaro e Ricardo Salles estão montando uma equipe de militares em todos os órgãos do governo, em especial no ministério do Meio Ambiente e suas autarquias, como o Ibama e ICMBio. Há alguns motivos principais, sendo primeiro a necessidade de implantar sua política de ataques aos servidores e ao órgão, privatização das unidades de conservação, cobertura dos crimes ambientais cometidos pelas grandes empresas e latifundiários, e nesse momento, de encobrimento do desmatamento da Amazônia e do desastre ambiental do derramamento de óleo no litoral do Nordeste. A polícia militar, e mais ainda no caso de patentes superiores, são especialistas em encobrir crimes e dissimular situações. Fazem isso corriqueiramente nas favelas e bairros pobres de todas as cidades do país, com execuções de trabalhadores e pobres. Colocar um policial militar na unidade de conservação mais afetada pela mancha de óleo é para esconder os impactos cometidos pelo derramamento de óleo, e principalmente, da ação criminosa do governo Bolsonaro e seu ministro fascista do meio ambiente em acobertar os responsáveis pelo derramamento e na falta de ação para combater os impactos do desastre ambiental. É preciso reverter essa situação e impedir que o Ministério do Meio Ambiente e os órgãos ambientais se transformem em anexos da polícia militar e dos latifundiários para favorecer esses setores em detrimento da população. Não é pedir o Fora Salles como estão clamando setores da esquerda e dos ambientalistas. A saída de Ricardo Salles não vai mudar a política de destruição ambiental de Bolsonaro e da direita. Um bom exemplo é o ministério da Educação, onde saiu o colombiano Ricardo Vélez para entrar um pior ainda, o atual ministro Abraham Weintraub. É preciso entrar na luta e pedir o fora Bolsonaro e todos os golpistas. É a única maneira de reverter esse quadro.

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


4 | INTERNACIONAL

IMPERIALISMO COORDENOU O GOLPE

Abaixo o golpe de Estado norte-americano na Bolívia Áudios mostraram a participação se senadores dos EUA no golpe de Estado em curso na Bolívia, mas o povo resiste nas ruas e ainda pode derrotar a direita golpista e o imperialismo Os EUA deram mais um golpe na América Latina durante o fim de semana. Evo Morales renunciou à Presidência no domingo (10) obrigado pelos militares. O comandante geral das Forças Armadas bolivianas, Williams Kaliman, “sugeriu” a Evo Morales que renunciasse. Deve ficar claro que esse pronunciamento foi equivalente a apontar os tanques para o Palacio Quemado, sede do governo boliviano. Até então, os militares permaneciam ocultos nos acontecimentos, como se nada tivessem a ver com o golpe de Estado que estava em curso. O papel dos EUA O principal agente desse golpe de Estado, os EUA, ficariam em silêncio por mais um dia, deixando para a segunda-feira (11) suas primeiras palavras sobre o ocorrido. O presidente dos EUA, Donald Trump, comemorou o golpe de Estado, por meio de uma nota oficial publicada na segunda-feira. O presidente dos EUA afirmou: “os Estados Unidos aplaudem o povo boliviano por exigir liberdade e ao Exército boliviano por acatar seu juramento de proteger não só uma pessoa e, sim, a Constituição da Bolívia”. Trump também aproveitou para fazer propaganda do golpe na Venezuela e na Nicarágua, dizendo que o golpe na Bolívia

“envia uma mensagem” a esses países. Um ex-ministro boliviano, que esteve à frente da pasta de Autonomias (equivalente a um ministério do Interior) entre 2015 e 2018, Hugo Siles, disse ao jornal Sputnik que os EUA estiveram participando do golpe desde a candidatura de Carlos Mesa. “Os EUA nunca estiveram ausentes [do golpe], a lógica de ingerência e intromissão esteve na própria candidatura de Mesa”, denunciou Siles, que também lembrou a reação imediata dos EUA exigindo segundo turno depois do resultado das eleições, vencidas por Evo Morales em primeiro turno no dia 20 de outubro. OEA Outra evidência contundente da participação dos EUA no golpe de Estado foi a atitude da Organização dos Estados Americanos (OEA). Capitulando diante da pressão da direita, Evo Morales chamou a OEA pra fazer uma auditoria das eleições. O problema é que a OEA é uma organização totalmente submissa aos interesses imperialistas dos EUA em todo o continente. De modo que o resultado dessa auditoria era previsível. A OEA não afirmou que haveria fraude, mas declarou que as eleições não eram confiáveis. Isso levou Evo Morales a convocar novas eleições, uma capitulação que precipitou

a exigência de sua renúncia e o golpe de Estado do dia 10. Participação do governo do Brasil Antes do golpe se consumar, o jornal El Periódico divulgou áudios que mostravam conversas entre os líderes golpistas e a participação de senadores dos EUA Marco Rubio, Bob Menéndez e Ted Cruz nos planos golpistas. Além da participação dos EUA, os áudios também falam em apoio do governo brasileiro, hoje totalmente alinhado à política externa dos EUA sob o golpista Jair Bolsonaro.

Abaixo o golpe dos EUA na Bolívia! Portanto, diante dos dados mostrando a participação dos EUA no golpe na Bolívia, devemos denunciar a política golpista do imperialismo em todo o continente e levar adiante uma campanha contra esse golpe. Atos como o realizado ontem (12) no consulado da Bolívia em São Paulo para repudiar o golpe de Estado são uma iniciativa necessária, para demonstrar apoio e solidariedade ao povo mobilizado contra o golpe na Bolívia. Abaixo o golpe dos norte-americanos na Bolívia! Fora o imperialismo da Bolívia!

APÓS O GOLPE MILITAR

Bolívia, princípio de guerra civil Cada vez mais os enfrentamentos se tornam mais violentos entre os policiais armados e o povo que está reagindo contra os ataques dos golpistas. Assim que foi dado o golpe militar na Bolívia, que levou à renúncia do presidente Evo Morales e de diversos políticos de seu partido – Movimento al Socialismo (MAS) -, os trabalhadores do país reagiram contra as agressões da direita. Em El Alto formou-se um foco de reação dos trabalhadores contra o golpe. Por um lado, a direita tem promovido um verdadeiro massacre. Junto com a polícia, que é parte fundamental do golpe militar, os fascistas estão nas ruas vandalizando tudo o que vêem. Os principais alvos são os trabalhadores, que em sua maioria são indígenas, que têm reagido contra a ofensiva da direita. A polícia está reprimindo profundamente as manifestações contra o golpe. Além disso, estão atacando os símbolos indígenas, principalmente a bandeira Wiphala, revelando o caráter fascista contra os trabalhadores do campo e da cidade que se reconhecem atrás deste símbolo. Os fascistas por sua vez espancaram sindicalistas, humilharam políticos da esquerda, invadiram suas casas – como ocorreu com a própria casa de Evo

Morales e sua irmã, além de outros governadores e ministros do governo; e assim por diante. O caráter fascista do golpe fica expresso, estão perseguindo todos aqueles que, de alguma forma, tem ligação com o movimento operário e popular. O país vive um princípio de guerra civil. De um lado, os trabalhadores contra o golpe; do outro, os golpistas, fascistas, a polícia e os militares levando adiante uma política de repressão e massacre contra os trabalhadores. Convulsão social

Segundo denúncias as cidades de La Paz, El Alto e Cochabamba estão vivendo dias de pânico. A guerra não para. Logo que Evo renunciou, bairros em El Alto foram tomados por trabalhadores que começaram a gritar contra o golpista Camacho – pedindo, literalmente, sua cabeça; além disso, um dos gritos mais populares que tomou conta do país foi “agora sim, guerra civil!” e “fuzil, metralha, El Alto não se cala!”, demonstrando a vontade dos trabalhadores de reagir contra os ataques da direita.

Além disso, os manifestantes contra o golpe chegaram a um ponto de enfrentamento total contra a polícia. A polícia, por sua vez, está reprimindo a altura as manifestações, atirando nos trabalhadores de forma brutal, ao ponto de terem machucado uma menina e matado dezenas de pessoas no país, até o momento. Desta forma, os trabalhadores estão aumentando a ofensiva; começaram a reagir mais violentamente contra os ataques da polícia e dos fascistas. Logo no dia seguinte do golpe, as federações de comitês de bairro chegaram a falar na formação de um polícia sindical-civil – uma espécie de polícia popular; em comitês de autodefesa e assim por diante. Os militares tiveram que ir às ruas para conter a reação contra o golpe. A central única do país (COB) ameaçou os golpistas com uma greve geral. Fato é que a luta está se acirrando. Cada vez mais os enfrentamentos se tornam mais violentos entre os policiais armados e o povo que está reagindo contra os ataques dos golpistas. A Bolívia está no princípio de uma guerra civil.


INTERNACIONAL | 5

CONCILIAÇÃO

Bolívia: a capitulação de Evo Morales e dos dirigentes do MAS Renúncia de Evo Morales foi um ponto culminante em uma sucessão de capitulações que levou à sua derrubada do governo pelos militares, que se revelaram no último momento Evo Morales renunciou ao cargo de presidente da Bolívia no dia 10 de novembro, último domingo. Foi mais uma capitulação do presidente boliviano, em um gesto culminante que resultou de uma sucessão de capitulações anteriores. Ainda na manhã do mesmo dia 10, Evo Morales tinha convocado novas eleições, cedendo à pressão da direita golpista, que lançou um movimento para derrubá-lo desde o dia 20 de outubro, três semanas antes da renúncia. Evo Morales não tinha motivos para chamar a Organização dos Estados Americanos (OEA) para “auditar” as eleições bolivianas, quando é de conhecimento geral que essa organização é totalmente submissa aos EUA e seus interesses. Cumprindo um papel decisivo no golpe, a OEA declarou que as eleições tiveram falhas e não eram confiáveis, o que levou Evo Morales a convocar novas eleições. A direita golpista logo reconheceu essa convocação como um sinal de fraqueza, e partiu para o ultimato. O comandante das Forças Armadas, Williams Kaliman, “sugeriu” que Evo Morales renunciasse. O presidente re-

vice-presidente, era leal a Evo Morales e também renunciou, acompanhando depois o presidente deposto até o México. A presidente do Senado, Adriana Salvatierra, também deixou seu posto, o que deixou um vazio de poder na Bolívia que a direita golpista procura explorar a seu favor de modo a concluir o golpe de Estado. População resiste

nunciou, e quando fugiu para o México, um dia depois, foi obrigado a fazê-lo já sob ameaças de morte. Os outros dirigentes do Movimiento Al Socialismo (MAS) também seguiram Evo Morales em uma política capituladora. Toda a linha de sucessão em caso de renúncia era ocupada por dirigentes masistas. Álvaro García Linera,

Toda essa política capituladora deu-se em uma situação em que haviam plenas condições de reagir. A população de El Alto, que não poderá ir embora da Bolívia, enfrentou-se com a direita e com a polícia. Em Cochabamba e outra regiões também houve enfrentamento, a tal ponto que a polícia foi derrotada e foi obrigada a chamar o Exército. Os militares ocuparam as ruas, mas até agora agem com cautela, possivelmente esperando um momento mais propício para realizar um verdadeiro massacre. Esse momento só virá, no entanto, se depender da confusão política do movimento que tomou as ruas. Há força e disposição o suficiente no meio da população para

derrotar o golpe da direita e do imperialismo. MAS persiste na capitulação Chama atenção na política capituladora do MAS a insistência dos apelos pacifistas enquanto a população é obrigada a enfrentar a direita nas ruas. Durante a campanha golpista Evo Morales fez repetidos apelos desse tipo. E mesmo depois do golpe, em sua conta no Twitter, continuou fazendo um apelo à “paz”. https://twitter.com/evoespueblo/ status/1194005618576764929 Confusão perigosa Essa política das direções da esquerda confundem os trabalhadores e setores populares, que confiam em suas lideranças. Enquanto Evo Morales faz apelos à paz, seria necessário estar organizando a resistência capaz de derrotar o golpe. Apesar da política do MAS, o povo boliviano tomou as ruas e vem enfrentando os golpistas. Essa é a atitude correta diante da ofensiva direitista, e única chance de o povo reverter a situação e derrotar o golpe.

GOLPE MILITAR

Bolívia: sinal de alarme para a esquerda que só pensa em eleições Os acontecimentos na Bolívia mostram que a política eleitoral da esquerda é criminosa contra o povo A esquerda pequeno-burguesa acumula uma série de capitulações políticas diante da direita cujo conteúdo fundamental é sua política eleitoral. A lógica funciona da seguinte forma: diante de um ataque da direita, que derrubou o governo, que prendeu Lula e retirou ilegalmente seus direitos políticos, que fraudou as eleições, que articula uma sistemática campanha de calúnias contra a esquerda na imprensa, a esquerda difunde a ideia de que tudo será resolvido pelas eleições. Basta acreditar e ter esperanças na eleições burguesas e na “democracia”, ainda que tanto uma quanto a outra estejam devastadas pela intervenção da direita. Essa política de crença infantil e doentia nas instituições burguesas foi reforçada momentaneamente pela libertação de Lula. Os elementos mais direitistas da esquerda apressaram em tentar convencer o povo, que vem lutando contra o golpe há anos, de que o que soltou Lula foi o STF, como se o Supremo tivesse se transformado, de uma hora para outra, no maior “defensor da democracia”. Alguns comentários, como a coluna de Haddad na Folha de S. Paulo afirmaram isto. Essa ideia logicamente serve aos interesses da política eleitoral. “Vamos acreditar e esperar até 2020, 2022”, dizem os elementos da esquerda pe-

queno-burguesa cuja única coisa que conseguem enxergar à sua frente é a possibilidade de um cargo eleitoral. Mas a realidade foi implacável novamente com os defensores da política eleitoral. No dia seguinte à grande manifestação em comemoração à soltura de Lula, o golpe militar na Bolívia caiu como um balde de água fria nas pretensões eleitoreiras. Evo Morales venceu as eleições com boa margem de diferença para o representante da direita, Carlos Mesa. A direita não reconheceu o resultado, acusou de fraude, a OEA imperialista

interveio, o País se desestabilizou, Evo capitulou e aceitou chamar novas eleições e a direita deu o golpe militar. Evo está exilado no México e o povo tenta derrotar o golpe nas ruas, enfrentando a violência das Forças Armadas. A eleição e a crença de que as instituições dariam um jeito na situação não frearam a direita, pelo contrário, foi essa política que favoreceu a ofensiva golpista. O caso da Bolívia é importante pois serve como um aviso para os que creem nas eleições. Esperar 2022 é entregar o povo nas mãos dos golpistas.

É dar espaço para que a direita avance e obtenha mais controle sobre as instituições e as próprias eleições. E caso cheguemos até lá, conforme vimos na Bolívia, uma vitória eleitoral não garante nada. A direita mostrou que não está disposta a ceder. Sua política continua sendo, em todos os países da América Latina, o enfrentamento com as massas. A única solução para isso só pode ser uma política que oriente as massas para esse enfrentamento, que coloque na ordem do dia a derrubada dos golpistas e de todo o regime.


6 | INTERNACIONAL

GOLPE MILITAR

Bolívia: a política de resistência é a política de não resistência Evo Morales, deposto por um golpe militar no último domingo (10), falou que o povo boliviano deveria resistir à ofensiva da direita. No dia 10 de novembro de 2019, o imperialismo conseguiu derrubar mais um governo nacionalista na América Latina: o governo Evo Morales, da Bolívia. Após uma série de investidas da direita boliviana, as Forças Armadas exigiram a saída de Morales da presidência. Morales acabou renunciando, sendo seguido pelo seu vice, pelo presidente do Senado, pelo presidente da Câmara dos Deputados e por outros membros de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS). Embora Evo Morales tenha renunciado, a pressão feita pela direita e pelas Forças Armadas não deixa dúvidas que o que aconteceu na Bolívia foi um golpe militar. A operação realizada pela direita faz parte de uma ofensiva do imperialismo no continente, que já destituíram os governos do Paraguai (2012), Honduras (2009), Brasil (2016), entre outros. O capitalismo se encontra em uma crise profunda, de modo que a direita está procurando estabelecer, em todo o mundo, governo que esteja completamente alinhados aos interesses dos bancos. Para barrar a ofensiva golpista sobre a América Latina, há apenas uma única política: a da mobilização revolucionária dos trabalhadores, que são os únicos interessados em enfrentar a burguesia até as últimas consequências. O enfrentamento, ao exemplo do que vem acontecendo no Chile, é a única maneira de fazer com que a burguesia se sinta acuada e, portanto, ceda às reivindicações dos trabalhadores.

A política da mobilização para o enfrentamento, no entanto, não foi a que o governo Morales escolheu para impedir que a direita derrubasse seu governo. Evo Morales, diante de pouco mais que duas semanas de protestos artificiais orquestrados pela extrema-direita boliviana, cedeu à pressão do imperialismo e permitiu que a Organização dos Estados Americanos (OEA), diretamente controlada pela burguesia mundial, tutelasse as eleições bolivianas, que reelegeram o líder popular para seu quarto mandato. No domingo (10), quando a OEA declarou que houve fraude nas últimas eleições presidenciais, Evo Morales capitulou novamente e anunciou que seriam realizada novas eleições. Ao perceber que Evo Morales não estava procurando enfrentar a direita, e sim um acordo, as Forças Armadas o pressionaram para que renunciasse. Um acordo, nesta altura dos acontecimentos, seria impossível, pois não há como conciliar o interesse da burguesia de saquear o povo boliviano e o interesse dos trabalhadores em ter condições dignas de existência. O único acordo possível entre Morales e a burguesia seria um acordo que submetesse aquele humilhantemente a esta, o que, na prática, não é um acordo, mas sim um tratado de rendição. A política conciliadora de Evo Morales, que é a mesma política da esquerda pequeno-burguesa em toda a América Latina, que não quer derrubar o governo Bolsonaro, nem quis derrubar o governo Macri e se posiciona de

maneira “neutra” em relação à Venezuela, na medida em que é uma política que dificulta a mobilização, acabou por permitir que a extrema-direita avançasse nas ruas. A situação tomou tamanha proporção que Evo Morales se viu obrigado a sair do país do qual era presidente até pouco tempo. Hoje, exilado no México, Evo Morales fala em “resistir”. A política da resistência, apontada por Morales, é, no entanto, a mesma política de resistência que vem sendo aplicada pela esquerda pequeno-burguesa no Brasil: uma política destinada ao fracasso. “Resistir” ao governo Bolsonaro, e não atacá-lo, tem feito com que a burguesia permaneça com o controle do regime político em suas mãos. Se a crise do governo não fosse tão grande, a direita já teria partido para uma ofensiva brutal sobre os trabalhadores, visto que não está sendo confrontada com uma mobilização que coloque a luta

pelo poder político no centro da discussão. Ao mesmo tempo em que fala em “resistir”, Evo Morales declarou que renunciou para evitar um derramamento de sangue e que esperava que seus opositores, os fascistas Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho, assumam o papel de pacificar o país. A resistência seria, portanto, contestar e denunciar a ofensiva golpista, mas não partir para cima da direita para impedir que ela avance. A única maneira de evitar que o sangue dos trabalhadores bolivianos seja derramado copiosamente e de fazer com que o povo resista de fato à pressão do imperialismo é por meio de um grande enfrentamento das massas com a burguesia. É preciso sair às ruas e reagir à altura todas as provocações da direita, combatendo nas ruas desde a extrema-direita religiosa às Forças Armadas golpistas. Não ao golpe militar na Bolívia! Fora imperialismo da América Latina!

Todas às sextas-feiras, 14h na Causa Operária TV


INTERNACIONAL E MORADIA E TERRA | 7

CONFIAR NA DIREITA É SUICIDIO

Repressão também toma conta do Equadora Lenín Moreno e seu governo neoliberal pró-imperialista, pró FMI, fingiu que recuou e agora promove perseguição e repressão contra adversários, jornalistas e lideranças populares. Operação similar à Lava Jato no Equador, com o mesmo objetivo da operação brasileira, ganha um novo capítulo. No dia 7 de novembro, o Tribunal Penal da Corte Nacional de Justiça do Equador ratificou uma ordem de prisão preventiva contra o ex-presidente do país, Rafael Correa. Como no Brasil, mas também no Peru, os alvos são lideranças políticas que tenham feito mudanças com impacto na redução das desigualdades e em prol da soberania nacional. Rafael Correa, como Lula, é vítima de lawfare e tem contra si o governo do traidor Lenín Moreno e o sistema de justiça do Equador. O Equador, desde o fim de setembro, após o governo ter baixado decreto aumentando o preço dos combustíveis (um aumento de até 123%), foi palco de grandes mobilizações, de sindicatos, da oposição, de movimentos sociais, em particular da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE). Lenín Moreno chegou a decretar Estado de Exceção e autorizou uma violenta repressão contra os manifestantes. No entanto, a mobilização foi gigantesca e o presidente teve que sair da capital com medo da sublevação popular. Após muitos dias de confronto, e consciente de que um não recuo do governo poderia representar seu fim, o traidor Lenín Moreno revogou o aumento[1] e fingiu um pacto de conciliação com os movimentos sociais que o obrigaram a negociar e ceder. Nesse momento, no entanto, o que vemos não é um governo conformado e pronto para cumprir suas promessas que, diga-se, são sabidamente protela-

tórias. Lenín Moreno retoma a repressão e organiza uma vingança contra sindicalistas, adversários políticos e o movimento indígena. As notícias que chegam é de perseguição a lideranças, com invasão de sede de partidos, prisões por motivo político, censura, violência. Sob a acusação de planejarem a ‘desestabilização do governo com financiamento internacional’, foram presos Christian Gonzáles e Paola Pabón[2]. Já no dia 15 de outubro, a Procuradoria-Geral invadiu escritórios do partido Revolução Cidadã, em busca do secretário do partido, Virgilio Hernández[3] O Sistema de Justiça do país, como em outros países da América Latina, tem sido uma arma da direita na criminalização política, em particular dos partidos de esquerda, assim como dos movimentos sociais, das organizações sindicais, para conter os adversários e as manifestações contra o governo neoliberal de Lenín Moreno. A imprensa independente está sendo perseguida e censurada. Jornalistas e ativistas de direitos humanos estão sendo ameaçados. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que esteve no país no final de outubro, em relatório parcial, afirma que “recebeu com preocupação as denúncias de violações aos direitos humanos cometidas no marco do protesto social relativas a falta de consulta e participação na adoção de medidas que afetam direitos sociais da população (…)” E denuncia a presença de grande “hostilidade e atos de agressão contra defensores de direitos humanos; jornalistas e trabalhadores de diver-

sos meios de comunicação privados, comunitários e digitais, assim como a utilização do sistema penal contra manifestantes, líderes sociais e opositores”. Os números da repressão durante os protestos, aqueles que foram possíveis de serem contabilizados são: 94 feridos de forma muito grave, 500 com ferimentos graves, 83 desaparecidos (47 menores de idade), 800 detidos, 57 jornalistas agredidos pela polícia, 13 presos. Além disso, os meios de comunicação foram alvo de pesada intervenção. Agora que não há mais mobilização popular, a ordem é reprimir mais e mais, perseguir seus adversários, acelerar as manobras jurídicas para imobilizar e inviabilizar as lideranças políticas de oposição e dos movimentos sociais. A lição é clara: a mobilização deve ser permanente e não se pode confiar em saídas institucionais para as crises políticas e econômicas. Bastou dar-se início à desmobilização, e o governo iniciou a perseguição e a repressão a setores do movimento popular.

Bom lembrar que todos os sinais de que Lenín Moreno é um sujeito perigoso e vingativo são os movimentos por ele autorizados de perseguição sangrenta a Rafael Correa. Não entender que não há conciliação com a direita, com o imperialismo, é um erro que custa caro. Moreno não caiu, deve posteriormente voltar a aumentar os combustíveis, e sua sede de vingança e a repressão só aumentaram. Mobilização permanente, autodefesa organizada, não ceder à tentação de soluções fáceis, via instituições. Fora Lenín Moreno e seu governo entreguista e repressor. NOTAS: [1] Em 14 de outubro, Lenín Moreno revogou o decreto 883, de 1º de outubro, que eliminava o subsídio estatal aos combustíveis (o que implicava um aumento de seus preços em até 123%) [2] Recém-eleita autoridade máxima da província de Pichincha. [3] No dia 06 de novembro, Virgílio Hernandez, que é um ex-congressista, teve sua prisão preventiva decretada, sob acusação de promover uma “rebelião”.

MASSACRE NO CAMPO

Militante do MST de 68 anos é assassinado em Quatis (RJ) Formação de comitês de autodefesa no campo, organizar a defesa dos assentamentos, acampamentos, aldeias e outros locais onde vivem as famílias na luta pela terra No último domingo (10), Sebastião Carvalho (68 anos), o “seu Tião”, foi assassinado no Assentamento Irmã Doroty, em Quatis-RJ. Seu Tião lutou pela terra em vários estados do País e era assentado há 7 anos com a família no estado do Rio de Janeiro. O assentamento Irmã Dorothy é resultado da desapropriação de uma fazenda em 2014, mas apesar da emissão de posse pelo INCRA (Instituto Nacional da Reforma Agrária) as famílias assentadas não foram regularizadas, ficando sem acesso à infraestrutura e a mercê dos latifundiários e dos seus jagunços dentro e fora do Estado. Seu Tião é mais um militante da luta pela terra vítima da extrema direita fascista no País. Só neste ano, entre sem-terras e indígenas, já foram

centenas de assassinatos no campo, um resultado da política fascista do governo Bolsonaro, e de governos estaduais, como o do Rio de Janeiro, do governador fascista Wilson Witzel. O fato da extrema direita ter chegado ao poder chamou um banho de sangue no campo e para se defender os trabalhadores devem reagir aos crimes dos latifundiários e sua polícia fascista, pois as violações de direitos só poderão ser barradas pela auto-organização dos trabalhadores. Resistir aos latifundiários, portanto, é a única forma dos trabalhadores sem-terra defenderem seu direito à moradia e à terra e os demais setores da esquerda e do movimento operário devem defender o movimento.

Com apoio do governo e da justiça, esse é o cenário para o campo brasileiro na luta pela terra, um agravamento da violência e da ofensiva dos latifundiários com a cobertura do Estado.

Por isso é necessária a formação de comitês de autodefesa no campo, com o objetivo de organizar a defesa dos assentamentos, acampamentos, aldeias e outros locais onde vivem as famílias na luta pela reforma agrária.


8 | ATIVIDADES DO PCO

APÓS BALANÇO DA SITUAÇÃO

Comitê Central do PCO decide intensificar campanha pelo Fora Bolsonaro Partido reuniu sua direção, realizou intenso debate e buscou apontar a política revolucionária diante da evolução da situação política que tende ao enfrentamento com a direita Pouco mais de 24 horas do golpe militar na Bolívia e três dias após a soltura do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva – fatos da maior relevância e de enorme influência na conjuntura atual no Brasil e em todo o Continente -, o Comitê Central Nacional do Partido da Causa Operária, realizou reunião nessa segunda-feira (dia 11/11), em São Paulo. Além de integrantes da direção partidária, participaram também, como convidados, representantes de Comitês Regionais, responsáveis pelo trabalho em todas regiões do País. A reunião realizou um amplo debate sobre esses acontecimentos e o conjunto da situação politica, bem como sobre as tarefas colocadas para o Partido da luta contra o golpe, pela revolução e pela comunismo, na etapa atual. Liberdade Lula: uma vitória da mobilização De acordo com o balanço realizado na reunião, sob a coordenação do companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, esses dois acontecimentos provocam uma mudança importante na situação. “A libertação do Lula se deu no marco de uma manobra da burguesia para abrir caminho para neutralizar os processos da Lava Jato. Mas não podemos pensar que não tenha sido uma vitória da mobilização”, destacou o presidente do PCO, no informe apresentado no começo da discussão. A reunião debateu o aprofundamento da crise do regime golpista e da divisão no interior da burguesia. Em meio à essa crise, foi tomada a decisão de soltura do ex-presidente, em um quadro de mobilização crescente, tanto dentro do Brasil, como fora, como se viu no Chile e no Equador. A decisão do STF e a ausência de posicionamentos contrários de setores fundamentais do regime golpista (como dos militares que em outras oportunidades ameaçaram com golpe militar no caso de Lula ser solto) expressou o estabelecimento – ainda que provisório – de um consenso em torno da questão do trânsito em julgado, estabelecido na Constituição Federal, mas que não vinha sendo respeitado há vários anos, justamente para impedir que Lula estivesse em liberdade, fosse candidato, participasse da luta politica etc. Há protestos de setores da direita, mas que são minoritários e que buscam manter as aparências de que não haveria um acordo geral em torno da soltura de Lula. Não se trata, nem de longe, de que concordem com os direitos de Lula, da esquerda etc. No entanto, acharam melhor concordar agora para segurar a situação depois. Para o PCO isso não altera o fato de que a libertação de Lula foi uma vitória da mobilização realizada, principalmente pelos Comitês de Luta, que realizaram uma intensa campanha nas

ruas (“mutirões”) e dois importantes atos pela liberdade do ex-presidente. O primeiro, no dia 14 de setembro e o segundo, em 27 de outubro, ambos em Curitiba; se opondo à paralisia de setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa que não queriam impulsionar qualquer luta real contra a criminosa operação lava jato e suas condenações fraudulentas. Em uma situação em que cresce a polarização, a burguesia golpista se viu forçada a manobrar, para evitar que chegue a um ponto extremo. A tentativa de transformar o resultado em um mero trunfo eleitoral Um dos aspectos mais importantes dessa situação, do ponto de vista da luta dos explorados contra o regime golpista, que é a de reforçar a compreensão da força da mobilização, da capacidade da luta conquistar a derrota do regime político, de barrar a Resultado de imagem para freixo no ABCofensiva da direita, foi duramente atacado, já nos primeiro momentos após a soltura do ex-presidente. Já no ato de sábado, dirigentes da esquerda que não moveram uma palha na luta pela liberdade de Lula, procuraram transformar o próprio ato político realizado em São Bernardo do Campo, em uma verdadeira orgia eleitoral. Foram à SBC, dezenas de parlamentares, chefes de executivos e, principalmente, pré-candidatos das eleições municipais de 2020 (e até para 2022) de quase todos os partidos da esquerda, a imensa maioria dos quais permaneceram inertes durante os quase 580 dias em que Lula foi mantido no cativeiro. Lá estava, inclusive, alguns daqueles que destacaram sempre que a luta pela liberdade de Lula, deveria ser abandonada, que era preciso “virar a página do golpe” ou que “a pauta não pode ser mais o ‘Lula Livre’“. Agiram para afogar no eleitoralismo desesperado tudo que tem de positivo na liberdade de Lula e na mobilização que esta pode impulsionar, inclusive, para garantir a conquista definitiva de sua liberdade e a restituição de seu direitos políticos, por hora cassados, de todos os presos políticos e condenados pelo regime golpista, bem como a anulação de todos os processo da lava jato. Lula Livre e o fora Bolsonaro A própria imprensa burguesa e os partidos do centrão, se lançaram a fazer uma campanha contra a polarização política, temendo a elevação da luta política das organizações dos explorados e de suas organizações com a soltura da maior liderança popular do País, ao mesmo tempo em que setores da direita realizam uma campanha (ainda pequena) a favor de alterar a própria Lei (em um novo ataque à

princípios da Constituição que só podem ser mudados por meio de uma nova Constituinte), para dar andamento aos processos que ainda existem contra o ex-presidente, para impor novas condenações, manter cassação política etc. Um aspecto fundamental da situação que para o PCO deve ser impulsionado é que para a imensa maioria do ativismo de esquerda, dos Comitês de Luta, e de ampla parcela do povo, a liberdade de Lula é uma “arma” para reforçar a luta contra o governo Bolsonaro e seus ataques contra o povo brasileiro que vem promovendo um enorme retrocesso em suas condições de vida e que precisam ser enfrentados já (como o desemprego, o aumento da miséria, a entrega da economia nacional por meio dos leilões de petróleo, privatizações etc.). Essa ofensiva só pode ser barrada pela mobilização popular nas ruas (e não com o voto nas urnas em um futuro incerto), como se viu nas lutas aqui no Brasil e nos enfrentamentos em outros países da América Latina. Por conta disso, o CC do PCO deliberou intensificar a campanha pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, junto com a campanha pela anulação da lava jato, pela anulação das eleições fraudulentas (realizadas com Lula na cadeia) e convocação de novas eleições, por eleições livres e democráticas, com Lula candidato. As lições do golpe na Bolívia A direção do PCO discutiu amplamente o golpe na Bolívia que esclarece ainda mais o fracasso total da politica de buscar derrotar a direita golpista, o imperialismo, por meio das eleições. De certa forma, a questão boliviana, voltou a chamar a atenção para a profundidade da luta contra o golpe e o imperialismo e acalmou a “festança eleitoral”, que setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa procuraram estabelecer. A situação na Bolívia acendeu as luzes vermelhas. O golpe lá não foi um golpe escondido e não foi tipo brasileiro ou equatoriano, que conseguiram manter a aparência. O golpe militar, com características claramente fascistas, mostrou até onde a direita está disposta a ir para fazer valer os interesses contra os explorados de nosso continente. Evidencia que todas as limitadas conquistas eleitorais da esquerda nacionalista está sob ameaça. Diante disso, o PCO debateu a necessidade de realizar uma ampla campanha em defesa da luta do povo boliviano contra os golpistas e contra a ilusória perspectiva eleitoral apresentada pela esquerda, no Brasil e em toda a América Latina. Lá e aqui, o centro da mobilização dos revolucionários, da esquerda classista e de todos os que lutam pela derrota do regime golpista imposto pelo

imperialismo, passa pela mobilização nas ruas, pelos meios que forem necessários, para derrotar os regimes impostos seja pela força das armas, seja pelos golpes no judiciário e no parlamento (apoiados pelos militares) e impor a vontade popular. No Brasil e na América Latina, a situação evolui para uma acirramento da luta de classes. A soltura de Lula, não modifica em nada essa tendência geral. E o golpe na Bolivia, sinaliza a intensificação dessa tendência à polarização. É importante identificar essas idas e vindas da situação, mas não pode perder de vista o quadro geral. Os acontecimentos não mudam a tendência geral da situação que, de conjunto está enquadrada em uma perspectiva de confronto, diante do agravamento da crise econômica mundial, da crise histórica do capitalismo, e das tendências da classe operária e demais explorados e a se enfrentarem contra os planos de fome e miséria para a maioria do imperialismo. Nesta situação, a luta contra os regime golpistas, pelo Fora Bolsonaro, por colocar abaixo o golpe e os regimes golpistas na Bolivia. no Brasil e em toda a América Latina, cumprem um papel decisivo, no sentido de fazer avançar;ar a luta pelos direitos democráticos do povo, para barrar a ofensiva da direita contra suas condições de vida e pela conquista de governos próprios dos explorados, de governo dos trabalhadores da cidade e do campo, Como assinalou o companheiro Rui Costa Pimenta, no encerramento da discussão sobre a situação politica, “a Bolívia é um exemplo para o Brasil. Temos que trabalhar na linha política que estamos trabalhando. Os problemas bolivianos são os nossos problemas aqui. Se a gente for pensar na política e na revolução como um quebra cabeça temos que pensar que pode ser montado de diversas maneiras. No Brasil teve o golpe e a situação vai se radicalizando devagar, mas as características da Bolívia também estão aqui. O que temos que fazer nesse momento é adaptar nossa política para os novo fatores, um ajuste, não há necessidade de grandes mudanças. Primeiro, a situação tende a um confronto; primeiro com um incêndio do lado do Brasil não dá para descartar que a situação chegue aqui rapidamente. A situação é dramática em todos os países da América Latina, inclusive no Brasil. Temos que continuar com a questão do Lula, continuar o mutirão e temos que incluir outras coisas no mutirão, temos que dar grande destaque ao “Fora Bolsonaro”, mas colocar também o problema da convocação de novas eleições, da luta pela redução da jornada para 35 horas, pela conquista da Assembleia Constituinte livre e Soberana etc.”. E conclui, “tá na hora de desenvolvermos uma propaganda dura em torno do governo dos trabalhadores”.


POLÊMICA | 9

VENHA CONHECER!

Curso sobre os 70 anos da revolução chinesa: 5 mil participantes O curso sobre a revolução chinesa tornou-se um grande sucesso. Organizado pelo PCO este curso traz à tona os acontecimentos da revolução chinesa e sua história. Venha conhecer! Realizado durante toda a última semana, totalizando cinco fundamentais aulas, o curso dos 70 anos da revolução chinesa tornou-se um marco para a universidade marxista, organizada pelo Partido da Causa Operária. Com mais de 5 mil pessoas inscritas e todo um material exclusivo, o curso ministrado pelo presidente do PCO, companheiro Rui Costa Pimenta surge em um momento de grande explosão social em toda América Latina, um paralelo importante a ser tirado dos acontecimentos que levaram até a revolução chinesa, uma gigantesca revolução em um dos principais países atrasados do mundo. De forma clara e objetiva, o curso dispensa o uso burocrático de excessivos termos técnicos e filosóficos que estão longe da realidade da população comum e da própria militância, nele você não verá um debate acadêmico e sim uma orientação para luta. Dessa forma, como todo curso organizado pelo PCO, este cumpriu seu mais importante papel: instruir e organizar a militância para a atividade prática, tirando como exemplos aprendizados de toda grande época histórica e de uma sociedade culturalmente muito

rica como a chinesa. Nele são tratados diversos temas, desde a diferenciação histórica das formas de produção asiática com as forças de produção européias, com uma sucinta explicação sobre o atraso chinês e o desenvolvimento geral da nação, um exemplo claro a ser visto na própria realidade brasileira. Além deste fato, são tratados uma série de temas que buscam esclarecer o militante, pondo um fim as típicas confusões geradas pela desinformação da imprensa burguesa e por teóricos pequeno-burgueses. Caso você tenha perdido o curso não se preocupe! O Partido da Causa Operária está disponibilizando todas as aulas completas em seu canal no YouTube, o Causa Operária TV. Lá você poderá ver o curso completo, assim como todos os companheiros que puderam ver ao vivo. Porém, as novidades do curso não terminam por aqui, pois além de todas as completas aulas o PCO fez um intenso trabalho de tradução, escrita e preparação de matérias exclusivos que você não encontrará em lugar nenhum. Tudo isso poderá ser encontrado com exclusividade no sítio universi-

dademarxista.com.br, onde lá você poderá se inscrever e ter acesso a importantes textos teóricos, um acervo explicativo de todos os termos e acontecimentos que você encontrará no curso, como também indicações de filmes, documentários e uma série de materiais de grande importância para o aprofundamento do conhecimento sobre o assunto.

Junto a tudo isso, o sítio disponibiliza toda uma linha cronológica dos acontecimentos, esclarecendo o desenvolvimento da situação e servindo para orientar o estudo. Agora, a universidade marxista irá prosseguir e novos cursos como este virão. Esteja atento e venha conhecer este estudo único para o desenvolvimento político de cada militante!

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10 | POLÊMICA

NOTA SOBRE A BOLÍVIA

Psol acredita nas instituições e no imperialismo para barrar o golpe A capitulação diante da direita foi o que abriu espaço para o golpe A Executiva Nacional do Psol publicou uma nota no último dia 10 sobre o golpe na Bolívia. Embora a posição oficial do partido seja de denúncia do golpe, é preciso algumas palavras sobre a política expressa na nota do partido e que revela a mentalidade capituladora da esquerda diante da direita golpista. Diz a nota que “Evo Morales acatou a recomendação da OEA e anunciou a realização de novas eleições gerais, inclusive com novas autoridades no Tribunal Supremo Eleitoral, sinalizando sua disposição para encontrar um desenlace pacífico à crise política. Entretanto, isso não foi suficiente para reverter a sanha golpista das oligarquias”. A nota do Psol deixa implícito que a política de Evo Morales foi correta, mas a direita não se deteve. Sobre isso, é preciso dizer. A direita não se deteve, a direita estava decidida a dar o golpe. Mas é preciso dizer que a política de Evo Morales e do seu partido, o MAS, favoreceu a ofensiva da direita. Diferente do que faz crer a

nota do Psol, ao acatar a recomendação da OEA e chamar novas eleições, ou seja, ao aceitar a primeira ofensiva dos golpistas, a direita se sentiu mais forte para avançar no golpe. Evo Morales deu espaço para a direita. Da “fraude nas eleições” ao golpe militar que está atirando nas pessoas nas ruas. Não é que a política de Evo foi insuficiente, como diz o Psol, para frear a sanha golpista. Ela foi capituladora e favoreceu o golpe. O Psol procura se apresentar como uma alternativa ao PT e à esquerda nacionalista na América Latina. Algumas correntes do partido se apresentam inclusive como revolucionárias. A nota do partido, no entanto, revela que o conteúdo político não diferencia em nada do que fez a esquerda nacionalista. Ainda mais do que o próprio PT, o Psol acredita nas instituições burguesas e na “democracia burguesa”, de que é necessário capitular diante do imperialismo, abaixar a cabeça para a direita.

GOLPE DE ESTADO NA BOLÍVIA

“Nem com Evo, nem com Mesa”: Camacho atende pedido do MRT Só pode haver uma palavra de ordem na Bolívia: Abaixo o golpe de Estado; pelo reconhecimento da vitória de Evo Morales; fora extrema direita fascista Os recentes acontecimentos que tiveram lugar na Bolívia, onde a extrema direita golpista e reacionária, diante da derrota de mais uma candidatura que representava os interesses do grande capital e do imperialismo, reagiu de forma violenta, não só não reconhecendo a legitimidade da vitória do candidato do Movimento Al Socialismo (MAS), deu lugar a uma série de posicionamentos e pontos de vista de grupos, partidos e movimentos da esquerda latino-americana. Neste universo de opiniões e perspectivas acerca dos fatos que marcam a história, a política e a luta de classes no continente, em alta ebulição na maioria dos países da região, não faltam aqueles que advogam alternativas as mais disparatadas, com base sabe-se lá em que, menos na realidade objetiva dos fatos e na situação concreta real. Um desses grupos a se pronunciar e propor “alternativas” para o embate da luta de classes vivenciado pela Bolívia foi o Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), seção brasileira da LOR-CI, movimento que se reivindica trotskista, com atuação, no Brasil, no interior do PSOL, partido da esquerda pequeno-burguesa, centrista, com atuação quase que exclusivamente parlamentar. A LOR-CI/MRT fez publicar em seu órgão de imprensa o “La Izquierda Diário”, um artigo onde advoga a necessidade, para superar a crise aberta com o golpe de Estado na Bolívia, a necessidade de uma “saída

política Independente”. “Nem com Evo e nem com Mesa; por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana”. Ora, será que os “aguerridos morenistas” da LOR-CI não se atentaram para o fato que o país vizinho vive uma situação de golpe de Estado, engendrado pelo imperialismo, pelos militares golpistas e pela extrema direita reacionária, igualmente golpista? A única reivindicação racional, cabível, na atual circunstância é o rechaço veemente do golpe de Estado, acompanhado da exigência do reconhecimento da legitimidade da vitória do candidato do MAS. A defesa de uma alternativa do tipo “nem Evo, nem Mesa”, no presente momento, diante de todas a pressão das forças golpistas dentro do país e vindo dos demais núcleos gol-

pistas do continente (Brasil, Equador, Colômbia, Peru, Chile, Argentina) não é sequer progressista, que dirá “revolucionária”, pois se coloca no terreno da reação, da extrema direita fascista, dos bandos reacionários armados que estão semeando o terror, a violência e a morte contra a população pobre e explorada do país altiplano O fato é que mesmo diante de todas as maiores vacilações e limitações político-programáticas que se possa identificar em Evo Morales e no MAS, é totalmente descabida e sem qualquer conexão com a realidade a defesa de qualquer alternativa para a crise boliviana (criada pelo imperialismo e pela extrema direita do país) que não seja a exigência do reconhecimento e da legitimidade da vitória do mandatário

indígena. Não há outra forma de se contrapor às pressões do imperialismo e à ofensiva da direita golpista boliviana que não seja exigir a posse do governo eleito e o fim das manobras golpistas contra o voto e a vontade soberana da maioria da população. Por trás de um aparente viés esquerdista; de se colocar na defesa de uma alternativa supostamente “revolucionária” (nem Evo, nem Mesa, por uma assembléia constituinte e blá, blá, blá), o que está sendo proposto e defendido pelos morenistas irriga, de forma abundante, o moinho golpista e reacionário da extrema direita e do imperialismo, justamente em um país do continente marcado por uma forte tradição golpista e violenta dos militares e da direita contra os interesses das massas populares. Nem mesmo a proposta de novas eleições (defendida pelo MAS e por Morales) é passível de defesa, de ser aceita, pois a direita e o imperialismo já vetaram inclusive o nome de Evo Morales para concorrer ao pleito, na hipótese de uma nova eleição, com a anulação da votação ondem o candidato indígena foi vitorioso. Qualquer outra alternativa diversa do reconhecimento da vitória de Evo Morales (assembléia constituinte, novas eleições, segundo turno) colocará os destinos da Bolívia e de seu heróico povo nas mãos da extrema direita, de Luis Fernando Camacho, da oligarquia reacionária, dos militares e do imperialismo.


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