Diário Causa Operária nº5820

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SEXTA-FEIRA, 8 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5820

Prisão de Lula é ilegal: STF volta atrás sobre segunda instância

O

Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão ocorrida ontem (7), decidiu rever seu entendimento sobre a prisão após condenação em segunda instância. Com isso, as condições pelas quais Sérgio Moro se valeu para mandar prender o ex-presidente Lula foram derrubadas, o que torna sua permanência na cadeia ilegal.

Contra a direita e os militares, garantir a liberdade de Lula nas ruas Por 6 votos a 5 o Supremo Tribunal Federal decidiu na noite dessa quinta-feira derrubar a prisão em segunda instância.

PCdoB quer que Bolsonaro “lidere o país”

Arcary aposta em frente eleitoral oportunista para derrotar a direita No dia 6 de novembro, o portal Brasil 247 publicou a coluna Qual deve ser a tática eleitoral em 2020?, assinado pelo historiador, ex-PSTU e coordenador nacional do Resistência/PSOL Valério Arcary. No artigo, Arcary defende a criação de uma frente eleitoral de esquerda para as eleições municipais que estão previstas para acontecer em 2020.

Cara Joice Hasselmann?! PCdoB defende fascista que atacou Dilma

Venha discutir

A LUTA

DO

POVO NEGRO Reunião do Coletivo de Negros João Cândido Todos os sábados às 16h Maiores informações entre em contato com os coordenadores Juliano Lopes (11) 95456-9764 Izadora Dias (11) 95208-8335

Polícia invade cela de Lula às 6h da manhã em operação de intimidação Nesta quarta-feira (7), o ex-presidente Lula, preso político dos golpistas há mais de um ano, denunciou em entrevista ao jornalista Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, que na última terça-feira (6) policias federais invadiram sua cela, na superintedência da Polícia Federal em Curitiba, às 6 horas da manhã, para intimidá-lo.

Invasão japonesa foi tema da 4ª aula sobre a Revolução Chinesa Abordou o problema da invasão japonesa sobre a China e capitulação do Kuomintang diante do ataque.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Contra a direita e os militares, garantir a liberdade de Lula nas ruas Por 6 votos a 5 o Supremo Tribunal Federal decidiu na noite dessa quinta-feira derrubar a prisão em segunda instância. Ilegal e absurda a medida estava valendo desde 2016 e foi a ação central que permitiu a atividade criminosa da Lava-Jato para levar o golpe de Estado à frente. Votaram a favor da manutenção da prisão em segunda instância os ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre Moraes, Edson Fachin, Carmen Lúcia e Luís Fux. Votaram de acordo com o que estabelece a Constituição os ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Rosa Weber, Marco Aurélio Mello e o presidente do STF, Dias Toffoli. Com a decisão, em tese ninguém pode ser preso até seja julgado todos os recursos possíveis. A reconsideração do STF comprova a aberta violação dos direitos constitucionais de milhares de presos no Brasil, em primeiro lugar, pela expressão política, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão tem efeito vinculante e é obrigatório o seu cumprimento pelas demais instâncias do Judiciário. A defesa de Lula manifestou-se dizendo que, ainda pela manhã desta sexta-feira, entrará com o pedido de soltura imediata do ex-presidente. É bom lembrar

que a decisão do STF atende apenas um requisito que é expresso na Constituição Federal, o direito à presunção de inocência até o trânsito em julgado de uma sentença que, no caso de Lula, foi uma farsa jurídico-policial aberta, visando a continuidade do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff. A decisão do STF evidencia uma enorme crise no interior do regime golpista, que se expressa na própria divisão do Tribunal, mas que reflete a crise da própria burguesia, diante do fracasso de um governo que não consegue apresentar uma saída para do País. A economia está em frangalhos mesmo com todo o assalto feito contra os trabalhadores e contra o País, o governo não consegue produzir nem mesmo uma aparência de estabilidade, como ficou evidente no leilão do pré-sal ocorrido na última quarta-feira. A incapacidade e a inépcia do governo diante de quaisquer problemas estão aprofundando a devastação ambiental como vemos nas queimadas na Amazônia e no Mato Grosso do Sul e o óleo no litoral nordestino. As brigas intestinas no interior do próprio partido do presidente, passando pelas desavenças entre as diversas

alas de extrema-direita, como os atritos dos bolsonaristas com os não menos fascistas governadores Witzel e João Dória e os conflitos que envolvem os altos escalões das Forças Armadas, com a saída de seis militares de postos-chave do governo, mostram, enfim, que a decomposição do regime golpista é uma absoluta realidade. Na outra ponta da situação política, os golpista vêem cada vez mais a polarização política produzida pelo golpe se acentuar. Mal tomou posse, Bolsonaro já era objeto da revolta popular, expresso inicialmente com o escracho da sua pessoa no carnaval e que vem assumindo uma dimensão cada vez maior em todo o País. Na mesma medida que aumenta a rejeição ao presidente fascista, aumenta o clamor pela liberdade de Lula. É bem fundado o receio que ronda a burguesia de que haja uma grande mobilização popular em torno da liberdade de Lula e pela derrubada de Bolsonaro. É por isso que o recuo do STF com relação ao ex-presidente Lula deve ser entendido como ele realmente é: uma crise monumental do regime golpista. O movimento operário, os sindicatos, os movimentos populares e estudantis, os partidos e organizações que

lutam efetivamente contra o golpe devem aproveitar a situação política para desencadear uma grande ofensiva para varrer do mapa tudo que o golpe produziu nesses últimos anos. A tarefa imediata de todos aqueles que lutam contra o golpe é colocar Lula fora da cadeia. Caso haja impedimento por parte de setores do Judiciário à liberdade imediata de Lula, ir às ruas!, ocupar Curitiba até garantir a sua liberdade. Caso não haja, organizar imediatamente grandes manifestações pelo País, a começar por Curitiba e São Paulo com a presença de Lula. Com Lula solto, reivindicar o imediato cancelamento de todos os processos fraudulentos contra ele; levantar imediatamente um programa de reivindicações que cancele todas as medidas do golpe de Estado, leve à derrubada do governo Bolsonaro e a convocação de novas eleições com Lula candidato. O movimento que luta contra o golpe deve ter presente que o momento é de partir para a ofensiva. Os golpistas, a extrema-direita, os militares devem ser colocados em seu devido lugare. Para isso, vamos às ruas para garantir a liberdade de Lula e abrir o caminho para derrotar o golpe de Estado definitivamente.

COLUNA

O golpe, o fascismo e a compaixão da esquerda pequeno burguesa Por Henrique Áreas de Araujo

Os revolucionários e a classe operária aprenderam na história de sua luta que a classe dominante só cede alguma coisa, só recua em sua opressão e exploração, se houver uma reação muito enérgica. As armas sempre foram um recurso para se defender e para frear os ataques brutais. Diante da ascensão do fascismo, produto de um capitalismo degenerado que mobiliza um setor desesperado da classe média para frear a revolução, o movimento operário aprendeu também que o fascista se para na ponta do fuzil. A esquerda pequeno burguesa, que é dada a discurso de efeito e e a recitar frases bonitas fora de contexto parece acreditar no contrário. No Brasil do golpe, a esquerda pequeno burguesa leva adiante a política não revolucionária, mas a da compaixão. Dê a outra face e, se precisar, de ainda a outra e mais alguma parte do corpo e finalize tentando ser amigo de seu agressor servindo de capacho para que ele limpe a sola dos pés. Parece exagero, mas não é. Basta olhar as recentes reações de alguns representantes da esquerda pequeno burguesa diante de representantes da extrema-direita. A mais recente foi a declaração vergonhosa de Manuela D’Ávila (PCdoB) em solidariedade a Joice Hasselman. Esta derramou lágrimas de crocodilo

no plenário da Câmara por conta dos ataques que sofreu na internet dos bolsonaristas. A solidariedade a fascista serve para que? Para fazer com que o povo esqueça que Hasselman foi e é uma das principais articuladoras das calúnias e baixarias contra Dilma, Marisa Leticia, Lula e toda a

esquerda. Recentemente, fomos obrigados a presenciar mais orgia entre esquerdistas e a extrema direita. Marcelo Freixo esteve de afagos com Janaína Paschoal (PSL), a “Jana”, para os íntimos como ele. Na entrevista, Freixo ainda afirmou que “tem um ótimo

diálogo” com Alexandre Frota, fascista que dispensa apresentação. Outra psolista que esteve de afagos em vídeo na internet com a extrema direita foi a deputada Sâmia Bonfim, que esteve com Kim Kataguiri, do MBL. Trocaram elogios em busca de uma “idea comum”. A ideologia pacifista logicamente serve apenas para dar moral para a extrema direita. Quando se trata de defender repressão e censura, sob o pretexto da luta contra a homofobia e o machismo, essa esquerda chama a polícia. Claro que por trás dessa política há um interesse bem claro: acabar com a polarização política no país, porque isso é de interesse da burguesia golpista que quer virar a página do golpe, atacar o povo, sem que haja reação. O problema é que enquanto essa esquerda quer acabar com a polarização dando a outra face para a direita, os fascistas continuam avançando. Eles não tem freio a não ser a força da reação da esquerda. A esquerda, por sua vez, contrariando os princípios da luta do movimento operário defende o desarmamento do povo. De a outra face e entregue suas armas, esse é o conselho que a esquerda pequeno burguesa da ao povo. Esse conselho é um crime contra o povo, é entregar o povo para a violência do fascismo.


OPINIÃO | 3 COLUNA

Bolsonaro, “el lame culo” de Trump contra Cuba Por Eduardo Vasco

Você conhece o Maurício? É, o Maurício! Não conhece? Bom, esse Maurício você, e nem ninguém (com raríssimas exceções), conhece. Ele é um PAÍS. Sim, um PAÍS. É um conjunto de ilhas africanas localizado no Oceano Índico, próximo a Madagascar. Um conjunto de ilhas, assim como Comores, outro país africano. Também nunca ouviu falar, né? E Kiribati, conhece? Tuvalu? Vanuatu? Procure no mapa-mundi Nauru e Palau para ver se acha. Vai dar um Google que eu sei, não me engana não… Pois bem. Todos esses países mostraram ontem que são mais soberanos que o Brasil. O Brasil, o país mais importante da América Latina, membro do BRICS, um dos maiores e mais populosos países do mundo, nação respeitada nos últimos anos até mesmo pelos países avançados. O Brasil votou ontem, pela primeira vez na história, contra a resolução da ONU que exige o fim do bloqueio econômico criminoso que os EUA impõem a Cuba há quase 60 anos. Essa resolução é votada todos os anos desde 1992 e sempre a esmagadora maioria dos países vota a favor do fim do bloqueio. Os únicos países que, em todas as vezes, votaram contra foram os próprios Estados Unidos e o seu preposto no Oriente Médio, o artificial Estado de Israel, criado pelo imperialismo. Palau costumava votar junto com EUA e Israel e foi o último país a fazer isso, no longínquo 2012. Em 2016, nem EUA e Israel votaram contra o fim do bloqueio, abstendo-se. Mas dessa vez o Brasil substituiu Palau, porque esse país (que é menor do que a cidade de Tanabi, no interior de São Paulo) se recusou a fazer um papel tão ridículo e humilhante. No entanto, Bolsonaro, o grande patriota, assumiu essa função! Subs-

CHARGE

tituiu Palau! Que feito! “Após décadas de submissão […] finalmente o Brasil deixa de ser um anão diplomático”, comemorou Dudu Bolsonaro, aquele que tem um anão de estimação no meio das pernas, segundo algumas testemunhas. Nem mesmo os outros países imperialistas votaram junto com os EUA. Nem mesmo o governo reacionário, de extrema-direita, de Boris Johnson, amigo de Trump, votou junto com ele. Nem a Itália do fascista Salvini. Nem a Polônia e a Hungria, também governadas pela extrema-direita. Todos esses países são aliados de Bolsonaro, mas votaram a favor do fim do bloqueio a Cuba. Logicamente os motivos que os levaram a isso não são nenhum sentimento internacionalista progres-

sista ou democrático. Mas, ao menos nesse aspecto, não se curvaram diante do imperialismo norte-americano. Nem mesmo a ditadura hondurenha, controlada pelos EUA. Nem a Arábia Saudita, monarquia absolutista que se sustenta somente graças ao apoio norte-americano. A Colômbia é praticamente uma colônia de Washington na América do Sul. A Ucrânia tem um governo instalado pelos EUA e dominado por fascistas. Mas os dois países ao menos se abstiveram na votação. Bolsonaro e o esdrúxulo Ernesto Araújo – que, visivelmente, tem distúrbios mentais –, entretanto, foram além. Bolsonaro se ajoelhou diante de Trump, mais uma vez. E bateu continência na frente do mastro da bandei-

ra norte-americana. O presidente norte-americano, novamente, gozou da cara do “brasileiro”. Brasileiro entre aspas mesmo. Porque Bolsonaro não passa de um serviçal da Casa Branca, uma bonequinha da qual Trump manipula a sua vontade. Uma marionete colocada na presidência do Brasil para entregar o País ao imperialismo. Na verdade, um presidente ilegítimo contra o Brasil e o povo brasileiro. Contra o povo latino-americano. Um inseto que precisa ser esmagado pela mobilização popular, que precisa ser derrubado imediatamente, porque é o maior inimigo que o povo brasileiro já teve. Precisa cair pela ira do povo e precisa ser julgado pelo povo como um verme entreguista e criminoso que é. Um vende-pátria. Ele e todo o seu governo de fascistas. Bolsonaro manchou de uma vez por todas a dignidade que ainda existia neste País. É responsável pelo maior vexame da história da diplomacia brasileira, maior do que qualquer política adotada até mesmo pelos assassinos fascistas da ditadura militar. Para demonstrar seu caráter internacionalista, o povo brasileiro deve vingar o povo cubano por esse golpe dado pelo governo Bolsonaro, favorável ao bloqueio genocida contra a ilha. O povo latino-americano viu estupefato mais essa traição. Ninguém irá esquecer isso, Bolsonaro. Sua subserviência não será perdoada. Quando o povo se insurgir e colocar abaixo o seu governo, lembrará de muitas coisas. Da repressão assassina, dos massacres nas favelas e no campo, da destruição dos direitos, da entrega das riquezas nacionais, da venda a preço de banana das nossas empresas… e da vassalagem diplomática ao imperialismo, representada principalmente por esse voto na ONU pela continuidade do bloqueio a Cuba.


4 | POLÍTICA

LIBERDADE PARA LULA

Prisão de Lula é ilegal: STF volta atrás sobre segunda instância Na noite de ontem (7), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a prisão antes do esgotamento dos recursos, como aconteceu com Lula, é ilegal. O Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão ocorrida ontem (7), decidiu rever seu entendimento sobre a prisão após condenação em segunda instância. Com isso, as condições pelas quais Sérgio Moro se valeu para mandar prender o ex-presidente Lula foram derrubadas, o que torna sua permanência na cadeia ilegal. A possibilidade de execução de pena antes do esgotamento de todos os recursos havia sido julgada pelo STF em 2016, quando 6 dos 11 ministros se posicionaram a favor da prisão imediata. Na época, votaram a favor da prisão após segunda instância os ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki, Carmen Lúcia, Edson Fachin, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux, derrotando os ministros Rosa Weber, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. A decisão de 2016 por parte do STF foi fundamental para que a direita avançasse no regime político. A execução de pena contraria a Constituição brasileira e um dos direitos democráticos mais básicos, o da presunção de inocência. Foi por meio dessa decisão que a Operação Lava-jato conseguiu perseguir uma série de inimigos do imperialismo, entre eles o maior líder popular do país, o ex-presidente Lula, preso tão logo condenado em segunda instância e impedido de participar das eleições de 2018. O que levou o STF a julgar novamente a possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância foi a profunda crise em que o regime político golpista se encontra. A ofensiva do imperialismo por meio de manobras como a Operação Lava-jato levou a uma série de revoltas, tanto por parte da população, que está vendo suas lideranças serem covardemente caçadas, como por parte do chamado “centrão”, que está sendo desmontado para dar lugar a um regime político que permita a devastação completa da economia nacional. O ministro Gilmar Mendes é uma das expressões mais claras dessa crise. Um dos principais expoentes da ofensiva da burguesia pelo golpe de 2016, Mendes aos poucos se tornou um dos principais críticos da Operação Lava-jato dentro do STF. A mudança, por sua vez, não se deve a uma revisão de princípios por parte do ministro: Mendes possui relações antigas

com uma série de setores da burguesia brasileira, tomando partido deles em seus confrontos com a Operação Lava-jato. No julgamento de ontem (7), Gilmar Mendes interrompeu o voto de Dias Toffoli duas vezes para criticar a operação. Após cinco dias de votação – não consecutivos -, a mais alta corte do país chegou à decisão expondo que a crise do regime político permanece. O placar apertado – de 6 votos a 5 – mostra que a divisão no STF ainda é bastante profunda. De 2016 para o julgamento mais recente, o único voto que mudou de fato foi o de Gilmar Mendes. Teori Zavascki, por sua vez, foi morto em 2017, dando lugar à entrada do ministro Alexandre de Moraes, que seguiu o voto do seu antecessor. Para chegar nesse resultado, a burguesia está em negociação há bastante tempo. No centro dessa discussão, se encontra o ex-presidente Lula, que é uma figura de desequilíbrio do regime político. Mesmo que o “centrão” e os setores mais pró-imperialistas do regime tivessem chegado a um acordo sobre os limites da Lava-jato, o fa-

tor Lula, que pode, tanto solto, quando preso, levar milhões de pessoas às ruas, continua sendo um grande problema para a burguesia de conjunto. Se solto, Lula deverá cumprir o papel que lhe é esperado, o de liderar as massas em um grande enfrentamento contra os golpistas. Se permanecer preso, no entanto, Lula pode servir de gatilho para um levante popular, assim como tem acontecido no Chile, no Equador e no Haiti. O ato do dia 27 de outubro, que reuniu milhares de pessoas de vários estados do país em Curitiba pela liberdade de Lula mostrou a forte tendência que há em torno da luta por sua liberdade. A votação do julgamento de ontem (7) já estava praticamente decidida, com exceção da decisão do presidente do STF, Dias Toffoli. Toffoli, que é tutelado diretamente pelas Forças Armadas brasileiras, atuou como um dos principais articuladores entre o Congresso, o STF e outros setores da burguesia em torno de um acordo para a decisão sobre a segunda instância. No fim das contas, foi seu voto que de-

terminou que a decisão de 2016 fosse derrubada. Se Toffolli, que representa a voz das Forças Armadas no regime, decidiu reverter a decisão sobre a prisão em segunda instância, não há qualquer motivo para acreditar que a burguesia irá libertar o ex-presidente Lula. Afinal, há uma série de recursos que podem ser utilizados para manter o ex-presidente na cadeia. O próprio Dias Toffoli falou durante o seu voto que a decisão não implicaria na libertação automática de nenhum preso. Uma possibilidade, assim, é a de que o julgamento sobre a libertação de Lula seja adiado até o momento em que o julgamento de seus recursos se esgotem, acabando com qualquer possibilidade de soltura a não ser pela anulação total do processo. A única maneira de garantir a liberdade de Lula, portanto, é por meio de uma gigantesco movimento de massas que coloque o regime político contra a parede. É preciso sair às ruas e exigir a anulação de todos os processos – que são, todos eles, fraudulentos – e a liberdade imediata de Lula.

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POLÍTICA E ATIVIDADE DO PCO | 5

FASCISMO

Polícia invade cela de Lula às 6h da manhã em operação de intimidação A Polícia Federal, à mando da operação Lava Jato, revelou mais uma vez seu caráter fascista e invadiu a cela onde Lula está preso para intimidá-lo às 6 horas da manhã. Nesta quarta-feira (7), o ex-presidente Lula, preso político dos golpistas há mais de um ano, denunciou em entrevista ao jornalista Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, que na última terça-feira (6) policias federais invadiram sua cela, na superintedência da Polícia Federal em Curitiba, às 6 horas da manhã, para intimidá-lo. Como foi afirmado em outra matéria do Diário Causa Operária, “os agentes fascistas invadiram a cela de Lula para entregar uma intimação a fim de que o ex-presidente depusesse às 10h do mesmo dia em ação que tentou prender a também ex-presidenta Dilma Rousseff”. A ex-presidente petista, deposta pelo golpe de 2016, havia sido intimidada pela Polícia Federal – de Sérgio Moro e Jair Bolsonaro – que pediu sua prisão, assim como a de seu ex-ministro, Guido Mantega (PT), e do ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB). Lula, principal preso político do golpe, afirmou que a operação criminosa e fascista da Polícia Federal era uma “palhaçada”.

“Você acredita que entraram ontem na cela que eu estou 6 horas da manhã? Como se tivessem fazendo uma coerção!”, afirmou o ex-presidente. Com isso, fica muito claro o objetivo da operação Lava Jato. Foi criada pelo imperialismo com o intuito de perseguir adversários políticos. Uma verdadeira operação fascista, que tem como fundamento a destruição das organizações de esquerda, através da perseguição política judicial, e de setores da burguesia nacional para abrir caminho para a dominação política completa do do capitalismo estrangeiro sobre o país. Todas as ações contra Lula comprovam este caráter fascista da operação Lava Jato, que tem atuado para intimidar o ex-presidente. Desde a condução coercitiva ilegal que foi realizada em 2016 até sua prisão política ilegal em 2018. Mas, como fica comprovado, os ataques da operação a Lula não pararam por aí. Até agora, invadem sua cela, censuram-no – como fizeram durante as eleições do ano passado – e procuram caluniá-lo na imprensa.

As arbitrariedades contra Lula não cessam. Por isso, é preciso exigir sua liberdade imediata e a anulação de todos os processos contra ele, além de todos os processos da operação Lava Jato, que foram todos realizados de forma criminosa. É uma luta, neste sentido, democrática que precisa ser defendida.

Não será, entretanto, o judiciário que irá libertar Lula, como ficou comprovado por diversas outras ocasiões. Apenas saindo às ruas, com atos combativos, será possível conquistar a liberdade do ex-presidente, o restabelecimento de seus direitos políticos e a derrota do golpe.

UNIVERSIDADE MARXISTA

Invasão japonesa foi tema da 4ª aula sobre a Revolução Chinesa Abordou o problema da invasão japonesa sobre a China e capitulação do Kuomintang diante do ataque A 4ª aula do curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa, promovido pelo Partido da Causa Operária e a Causa Operária Tv, abordou nesta quinta-feira (7) temas de importância fundamental para a compreensão da luta política. Após ter sido abordada na aula III o processo de contra-revolução que levou à derrota da revolução no ano de 1927, o presidente do PCO Rui Costa Pimenta descreveu todo o processo que levou o Partido Comunista Chinês, sob a liderança de Mao Tse-Tung, a se aglomerar nas áres rurais da China. O companheiro Rui Pimenta desmitificou as mistificações em torno da revolução, de que seria uma revolução camponesa e não proletária e explicou as condições que levaram o PCCh a realizar a Longa Marcha. Além abordou o problema da invasão japonesa sobre a China e capitulação do Kuomintang diante do ataque. COMO ASSISTIR? Basta acessar o canal da COTV no Youtube. COMO PARTICIPAR E TER ACESSO A TODO O MATERIAL EXCLUSIVO? Basta inscrever-se no site universidademarxista.com.br ou no telefone/ whatsapp: (11) 96388-6198, no e-mail pco.sorg@gmail.com, no site www. pco.org.br ou no facebook: facebook. com/pco29. Os membros do canal

(cuja adesão custa apenas R$ 7,99 por mês) receberão um desconto e poderão se inscrever no curso completo por apenas R$ 50,00, para os demais será 75,00, podendo os interessados em sustentar este projeto, contribuir com valores maiores. A Universidade Marxista, projeto elaborado pelo PCO e a Fundação João Jorge Costa Pimenta, tornará disponí-

vel a todos os que assinarem o curso, o que é uma contribuição para sustentar o projeto, toda uma quantidade de materiais de apoio como dezenas de textos marxistas sobre a China traduzidos para o português, fotos, vídeos, verbetes sobre os principais personagens e acontecimentos, mapas e infográficos, materiais didáticos, tais como testes de conhecimento, etc.

A IMPORTÂNCIA DO CURSO Um dos mais importantes acontecimentos da história moderna, a Revolução Chinesa, vitoriosa em 1949 sob a liderança do Partido Comunista Chinês, foi o mais importante evento da revolução mundial depois da Revolução Russa de 1917.


6 | POLÍTICA E ECONOMIA

EXTREMA POBREZA

PCdoB comemora criação de nova polícia para reprimir o povo A esquerda pequeno-burguesa e seu gosto pela cadeia A esquerda pequeno burguesa tem abandonado alguns princípios da esquerda. Um deles é o da denuncia de que a chamada política de segurança defendida pela burguesia é na realidade um disfarce cuja única função é aumentar a repressão e colocar pobres e negros na cadeia. É uma adaptação às pressões exercidas pelos capitalistas, que procuram com a cobertura da esquerda, justificar essa política repressiva. Essa adaptação ideológica coloca a esquerda lado a lado com as forças mais reacionárias do imperialismo. Normalmente, é produto de uma política eleitoral e portanto oportunista, o que faz com que a esquerda abandone princípios fundamentais, como por exemplo, o entendimento de que o crime e a violência são produtos da situação social precária sob o capitalismo. Nessa linha, o PCdoB apoiou e co-

memorou a criação de mais uma polícia. Agora, além da federal, da Força Nacional, da Civil, da Militar e outras, o brasileiro de bem pode comemorar a criação da polícia penal. Logicamente, o PCdoB encontra ótimos motivos para defender mais essa barbaridade que vai servir de máquina contra o povo, mas fato é que está criada mais um instrumento de repressão. Ultimamewnte, seguindo cegamente a política demagógica do imperialismo, toda a esquerda pequeno burguesa entrou de cabeça na política reacionária de defesa de mais repressão, controle e censura contra o cidadão que ela considera um inimigo das mulheres, dos LGBTs, dos negros etc. Sob a moralidade pseudo esquerdista e com a desculpa de defender os direitos dos oprimidos, a esquerda colocou em marcha a política de chave de cadeia. Os problemas do mundo

MILITARES NAS RUAS

deixaram de ser problemas sociais e passaram a ser caso de polícia. Tudo, logicamente, é uma enorme farsa e tal política só vai servir mesmo para aumentar ainda mais a repressão do Estado contra o cidadão. Os verdadeiros opressores, que controlam o Estado, vão continuar impunes e com

ainda mais poder, agora respaldado pela esquerda. O PCdoB, com o apoio a criação de mais uma polícia, aprofunda essa política da esquerda pequeno burguesa. Toda a força para o Estado capitalista, dizem eles. Esse Estado dominado pelos “democráticos” bolsonaristas.

VENDA DA LIQUIGÁS

Bolsonaro quer que militares tenham Botijão a R$200? Petrobrás entrega licença para matar distribuição de gás para o Itaú Enquanto o governo Bolsonaro continuar no poder ele representará um perigo para os trabalhadores e para organizações operárias e populares Nesta terça (6) o presidente ilegítimo Bolsonaro assinou decreto de privatização da Eletrobrás. Anunciado ainda durante o governo golpista de Temer, o decreto pretende privatizar a estatal por meio do aumento de capital e venda do controle acionário da empresa. A Eletrobrás hoje lidera a geração e transmissão de energia elétrica no país e contribui para que a matriz energética brasileira seja uma das mais limpas e renováveis do mundo. Também atua nos segmentos de comercialização e eficiência energética, além de programas como o Procel, o Programa Luz para Todos e o Proinfa. É a maior companhia do setor elétrico da América Latina, é uma empresa de capital aberta tendo como acionista majoritário o governo brasileiro. Não há como um país ser soberano sem o domínio da ciência, da tecnologia, dos processos produtivos e tendo uma engenharia forte. No caso do setor elétrico, historicamente havia a dependência brasileira do petróleo importado, que se agravou com os choques do petróleo dos anos 70. O enorme potencial hidrelétrico brasileiro foi a alternativa de fonte primária para o setor elétrico. Isso trouxe oportunidades para a consolidação de grandes empresas de construção civil, equipamentos de mecânica pesada, que favoreceram a produção local em detrimento da importação. Camargo Correia, Odebrecht, Engevix, Villares, Bardella e WEG (uma das maiores fabricantes de motores e equipamentos eletromecânicos do

mundo), devem muito de seu desenvolvimento às parcerias com a Eletrobrás. Seja pelo CEPEL (Centro de Pesquisa do Setor Elétrico) – maior centro de pesquisa do tipo na América Latina – seja por meio da demanda advinda das grandes obras, a formação de uma indústria brasileira competitiva não só no País, mas internacionalmente, teve contribuição decisiva da Eletrobrás. Apesar da estatal ter sobrevivido aos ataques brutais do governo FHC (PSDB), a empresa nunca conseguiu recuperar seu papel de liderança no desenvolvimento da indústria nacional, sobretudo pela falta de investimento do governo e pela paralisia decorrente do processo de privatização. O governo golpista de Bolsonaro pretende continuar e aprofundar os ataques da década de 90 e passar definitivamente o controle da empresa para os capitalistas, entregando seus lucros e tirar do próprio Estado o controle energético do País. A privatização da Eletrobras portanto, não é processo isolado, põe em risco o setor elétrico brasileiro e a economia popular e faz parte do programa dos golpistas de destruição da engenharia nacional, atrelado a destruição da Petrobrás, da entrega do pré-sal e de toda a cadeia nacional de óleo e gás, além da destruição da indústria naval. Significará para o Brasil abrir mão de qualquer possibilidade de ter uma indústria própria e autônoma num setor estratégico para qualquer País. Significará o aumento da submissão ao imperialismo.

Antes que o gás fique custando R$200 para agradar capitalistas estrangeiros e banqueiros, em detrimento dos interesses dos trabalhadores, é preciso derrotar a direita golpista A privatização é um desastre para os trabalhadores e para a população. Um dos efeitos dessa política neoliberal nefasta será sentida diretamente pela grande maioria da população em um aspecto crucial de sua rotina: o preço do gás de cozinha. A Petrobrás vendeu sua distribuidora de gás, a Liquigás. Com a mudança da política de preços da Petrobrás sob o governo da direita golpista, ainda durante o mandato de Michel Temer, as famílias brasileiras já vinham tendo que pagar muito mais caro pelo gás. O preço varia muito de acordo com a região, mas em uma capital como Belo Horizonte, por exemplo, o gás já atingiu o preço de R$100.

listas esse ano, devido ao controle da direita golpista sobre a empresa. Antes foi vendida a rede de postas de gasolina BR Distribuidora, por R$9 bilhões, e a TAG, de gasodutos, vendida por R$33,5 bilhões. Uma verdadeira destruição do patrimônio público, apresentada pela imprensa burguesa sob o rótulo eufemístico de “desinvestimento”. De modo que ao final sobrará nada de estatal na empresa, e diversos setores estratégicos da economia ficarão sob o controle de capitalistas estrangeiros.

Venda da Liquigás

Antes que o gás fique custando R$200 para agradar capitalistas estrangeiros e banqueiros, em detrimento dos interesses dos trabalhadores, é preciso parar, impedir e reverter o processo de privatizações. E para isso e precisar derrotar a direita golpista. Por isso é hora de levantar a palavra de ordem que concentra a oposição às políticas de Jair Bolsonaro como um todo, de forma abrangente: fora Bolsonaro! O fim do governo golpista está se colocando como um problema urgente para os trabalhadores, por uma questão de sobrevivência. É preciso aproveitar a impopularidade do governo e a tendência à mobilização enquanto é tempo, para derrotar a direita nas ruas.

A Liquigás foi vendida por R$3,7 bilhões para um consórcio formado por Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás Butano. Ou seja, a distribuição do gás passará ao controle dessas empresas, incluindo aí a participação do banco Itaú entre elas. Mais um aspecto da vida dos brasileiros que será controlado diretamente por banqueiros. A compra da Liquigás ainda precisa ser aprovada pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que deveria evitar a constituição de monopólios. Terceira venda do ano A Liquigás é a terceira subsidiária que a Petrobrás entrega aos capita-

Fora Bolsonaro!


INTERNACIONAL | 7

LUTA CONTRA O IMPERIALISMO

Bolívia: mobilizar nas ruas contra a direita e derrotar o golpe O proletariado e as massas populares bolivianas devem impor sua supremacia diante dos golpistas e do imperialismo A escalada golpista antipopular e pró-imperialista em toda a região do continente latino-americano vem assumindo, no último período, contornos dramáticos e preocupantes, expondo às claras todas as mais agudas contradições do desenvolvimento da luta de classes que envolve os povos e as nações da América Latina. O imperialismo, inimigo maior não só de todos os povos do continente latino, como de resto da humanidade, busca realizar um processo de recolonização em sua principal área de influência política e econômica (América Latina), valendo-se para isso de ameaças de intervenção militar, bloqueios e sanções econômicas (Cuba e Venezuela), golpes de Estado, além de um sem número de outras formas de pressão para subjugar os povos e fazer valer seus interesses de rapina contra os explorados. As gigantescas e imponentes mobilizações que vem sacudindo a região no período dos últimos dois meses (Haiti, Equador, Chile, Uruguai, Bolívia) evidenciam o verdadeiro estado de rebelião das massas populares contra a política dos governos fantoches do imperialismo que estão instalados nos diversos países, todos, indistintamente, caudatários da política de Washington e da Casa Branca, que traz em seu conteúdo o receituário do grande capital, de fazer com que as massas sofridas do continente paguem pela

crise do capitalismo e seu sistema de opressão, miséria e destruição dos direitos e conquistas sociais. Depois das impressionantes mobilizações no Equador e no Chile, outro país andino – a Bolívia – vivencia neste momento uma verdadeira ebulição política, marcada pela recusa da direita pró-imperialista do país em reconhecer como legítima a vitória do presidente Evo Morales, reeleito pela quarta vez para o cargo máximo do país. Trata-se, evidentemente, de uma ação orquestrada pelo imperialismo e as forças golpistas do próprio país e também dos regimes reacionários servis-bajuladores dos Estados Unidos na região, como os governos de Ivan Duque (Colômbia), Sebastian Piñera (Chile), Lenin Moreno (Equador) e Jair Bolsonaro (Brasil), representantes da direita e da extrema-direita na região. Desde quando foi anunciado o resultado das eleições no país altiplano, com a vitória de Evo Morales contra o candidato neoliberal direitista Carlos Mesa, a burguesia golpista boliviana, derrotada pela quarta vez consecutiva pelo voto popular, vem realizando ações de sabotagem e atos de violência contra os apoiadores de Morales, bloqueando estradas e rodovias, com o intento de forçar uma capitulação de Evo Morales, exigindo não só uma “auditoria” nas eleições e a recontagem dos votos, como também pedindo novas eleições, sem a participação do

líder indígena recém-eleito legitimamente. Os enfrentamentos ocorrem principalmente na região de Cochabamba, onde os direitistas apoiadores de Carlos Mesa atacam de forma violenta os partidários de Evo Morales, onde os confrontos já deixaram um saldo de dezenas de feridos e o registro de 1 (um) morto. Prédios públicos e sedes do MAS (Movimento Al Socialismo), partido do presidente Morales, também estão sendo alvo da fúria ensandecida dos direitistas, a soldo da extrema-direita e do imperialismo. Nos confrontos de quarta-feira, dia 06 de novembro, os que insistem em não reconhecer a vitória de Evo prenderam a prefeita da localidade de Vinto, Patricia Arce – eleita pelo MAS – só vindo a liberá-la, horas mais tarde. A situação vivenciada não somente pela Bolívia, mas também por outros países da região onde a população entrou em luta aberta contra os governos reacionários (Haiti, Equador, Chile, Argentina, Uruguai) pró-imperialistas, assim como a reação violenta e repressiva da polícia e do Exército contra as mobilizações, indica que a situação está muito distante de um desfecho que venha a favorecer as forças progressistas e populares em cada país. Na Bolívia, a extrema-direita golpista não dá indícios de que vai recuar; ao contrário, as ações que vem sendo realizadas

pelos bandos da direita apontam para uma radicalização ainda maior do conflito. Dessa forma, não há qualquer outra alternativa para o governo eleito e as forças que o apoiam a não ser ampliar e intensificar as mobilizações das massas populares e dos demais setores, como os mineiros e o proletariado da indústria petrolífera do país. A maior central sindical do país, a Central Operária Boliviana (COB), com grande tradição de mobilização e luta já anunciou seu apoio ao governo de Morales, assim como a realização de ações radicais para fazer valer o resultado das urnas, impondo uma derrota, também nas ruas, aos elementos fascistóides partidários do candidato da direita, Carlos Mesa, apoiado pelo grande capital imperialista e a burguesia reacionária do país e da região. Os episódios que vem se desenvolvendo em vários países do continente latino são pedagógicos e educativos nos sentido de fazer compreender que somente as mobilizações e o enfrentamento direto das massas, com seus próprios métodos de luta (greves, paralisações, armamento) se colocam como capazes de aplacar e derrotar os governos, a burguesia, a extrema direita e o imperialismo, única forma de impor a vontade soberana das massas e da classe trabalhadora de cada país diante dos opressores, dos exploradores e dos golpistas.

população se recusa a aceitar sua continuidade e se mantém mobilizada. É por isso que a população chilena levanta a palavra de ordem “fora Piñera!” Em uma situação parecida com a do Brasil, sem que os partidos de esquerda ou grandes organizações operárias e populares levantem essa palavra de ordem.

de seus respectivos governos. Falta que as direções da esquerda levantem também essa palavra de ordem, que se torna a cada dia mais necessária. A direita não pretende ceder e procura contornar a crise política por meio de saída à direita para essa crise, o que tende a levar a regimes mais autoritários. Para evitar esse desfecho, é hora de mobilizar em torno do fim desses governos, nas ruas, e assim impor uma derrota à direita. Fora Bolsonaro!

FORA PIÑERA! FORA BOLSONARO!

Todo o Chile grita: “fora Piñera!” Imprensa burguesa está escondendo a principal palavra de ordem das manifestações chilenas A palavra de ordem que domina as manifestações no Chile é escondida pela imprensa burguesa e consiste no seguinte: fora Piñera! Uma reivindicação que resume e concentra todas as exigências das manifestações contra o governo de Sebastián Piñera. Todos os dias, nas grandes cidades chilenas, a população está saindo às ruas para se manifestar, especialmente os estudantes secundaristas, com amplo apoio popular. E sua principal exigência é o fim desse governo, um governo neoliberal no primeiro laboratório do neoliberalismo em todo o mundo. A informação de que o “fora Piñera!” é a principal palavra de ordem nas manifestações no Chile está sendo cuidadosamente ocultada. Porém, rompendo o cerco aos fatos imposto pela imprensa burguesa, a Causa Operária TV trouxe um relato direto do Chile durante o programa Reunião de Pauta que foi ao ar na quinta-feira (7). Da cidade de Concepción, capital de Biobío, segunda região mais populosa do país e que abriga seu maior complexo in-

dustrial, a correspondente Mônica de Souza apresentou uma série de informações em primeira mão sobre a situação chilena. Piñera não renuncia Na imprensa chilena, a direita tem insistido em que o governo não renunciará. Essa é a política da direita golpista em toda América Latina nesse momento, em cada país e em cada embate, a direita golpista não está disposta a ceder terreno e entrar em acordos. É uma situação diferente do começo dos anos 2000, quando diversos governos nacionalistas burgueses entraram no governo com base em um acordo com a burguesia. Conforme o relato de Mônica de Souza para a Causa Operária TV, isso provoca indignação na população, em um cenário de protestos diários e com pesquisas de opinião mostrando a popularidade de Piñera em menos de 15%. Diante disso, está colocado o embate entre o governo e a população. O presidente se recusa a deixar o cargo, a

Fora Piñera! Fora Bolsonaro! No Chile como no Brasil, o povo já levanta palavras de ordem pelo fim


8 | INTERNACIONAL

AMÉRICA LATINA

Sob Duque, 135º indígena é assassinado na Colômbia Apenas o armamento do povo colombiano poderá garantir os direitos dos povos indígenas e da comunidade rural esmagada pelo governo. Informações da Telesur afirma que a Organização Indígena de Antioquia (OIA) confirmou nesta quarta-feira (6) o assassinato do 135º indígena pelo governo fascista, capacho do imperialismo, de Ivan Duque (Colômbia). Luis Enrique de la Cruz Suárez era membro da Guarda Indígena de Cáceres e pertencente à comunidade de Zanu. O assassinato de Suárez “ocorreu no início da manhã na estrada que leva ao município de Cáceres até a vila de El Tigre no Baixo Cauca Antioquino”, segundo informações da Telesur. O assassinato do homem de 43 anos teria ocorrido, segundo a OIA, seria não cumprir o toque de recolher decretado pelos grupos paramilitares ilegais presentes na região, que exigem que não se saia às ruas depois das 18:00 hora local. Como se sabe, o governo colombiano, junto com o imperialismo norte-a-

mericano, atua em conjunto com estes grupos paramilitares, financiando-os para impor uma verdadeira ditadura nas regiões rurais da Colômbia. Portanto, o assassinato dos indígenas pode ser colocado na conta do governo colombiano e seu chefe norte-americano. Segundo informações da Telesur, um grupo de Sijin e da Guarda Indígena foram ao local para realizar a remoção do corpo e coletar evidências materiais para encontrar os responsáveis. A OIA lamentou os acontecimentos e exigiu que os “atores armados fora da lei” respeitassem a vida dos homens e mulheres de Senu, no Baixo Cauca de Antioquia e “instou os defensores nacionais e internacionais de direitos humanos a acompanhar as comunidades indígenas naquela área onde, recentemente, houve um ressurgimento do conflito armado”. (Telesur)

Com isso, fica muito claro qual é o caráter do governo colombiano. Trata-se de um governo fascista, um território dos Estados Unidos na América do Sul, que precisa ser duramente combatido e denunciado. Junto com o Brasil, no continente, a Colômbia é o país mais direitista, totalmente capacho dos capitalistas estrangeiros e inimigo da população.

Vale ressaltar que foram muito mais de 135 indígenas foram assassinados pela política do imperialismo na Colômbia, acontece que muitos nem são noticiados e ninguém fica sabendo. Portanto, a situação é bem pior do que aparece Apenas o armamento do povo colombiano poderá garantir os direitos dos povos indígenas e da comunidade rural esmagada pelo governo.

AUMENTO DE 11% PARA 14%

VERDADEIRA CRISE HUMANITÁRIA

Espanha tem eleições em meio à crise catalã e crescimento do fascismo

Ataque a mineradora canadense em Burkina Faso deixa 30 mortos

Nesse domingo a Espanha vai às eleições pela quarta vez nos últimos quatro anos. As novas eleições são para tentar formar um governo novo do PSOE, mas quem mais cresce é a direita

Deixada sob o caos da superexploração imperialista, a população pobre da Burkina Faso fica submetida a trabalhos precários e à guerra civil.

Pela quarta vez nos últimos quatro anos a Espanha passará por eleições parlamentares. As eleições desse domingo foram chamadas por conta de o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) não conseguir maioria absoluta nem acordos que o permitissem governar, apesar de ter vencido as últimas eleições. Para tentar formar um governo, o atual presidente Pedro Sánchez flertou com outros partidos de esquerda e com partidos de direita, tudo para tentar não ir novamente para as eleições. O partido de direita Ciudadanos, impôs como condição para a investida de formar um governo do PSOE, que o presidente abandonasse seu apoio para o governo de Navarra (governo de esquerda que possui fortes ligações com o antigo grupo ETA, que age pela libertação do país Basco), que prometesse não indultar os dirigentes catalães presos por tentar a libertação da Catalunha, além de retirar a categoria de região autônoma da Catalunha, e que não aumentasse impostos. Pedro Sánchez capitulou com a direita e prometeu não indultar os presos, nem aumentar os impostos, mas não rompeu com o governo de Navarra nem retirou a parcial independência da Catalunha. Agora, por ter levado uma política de capitulação diante dos ataques da direita, o PSOE deve perder dois lugares no parlamento Espanhol, prorrogando ainda mais a crise, pois pesquisas apontam que o partido deve passar de 123 para 121 parlamentares.

A mineradora canadense Semafo transportava trabalhadores na região leste da Burkina Faso quando foi surpreendida por homens armados, que dispararam contra o comboio. Esta foi a terceira emboscada nos últimos 15 meses. O comboio viajava de Fada-Ngourma às minas de ouro de Bongou, era formado por 5 ônibus e contava com a escolta do exército. A informação oficial é que 37 pessoas foram mortas e outras 60 ficaram feridas no tiroteio. Na tentativa de escapar destes ataques, a Semafo já utilizou até helicopteros para transportar seus trabalhadores à mina. Burkina Faso é um dos vários países que nasceu das revoluções nacionalistas de libertação que tomaram conta da África no pós-guerra, e deixaram a região picotada por fronteiras mais ou menos artificiais, permeada de miséria, desigualdade e problemas sociais não resolvidos, provocados pelas elites europeias desde os tempos coloniais e escravagistas. As guerras de independência não diminuíram a sede da burguesia imperialista em explorar os recursos naturais existentes na região. Para isso, patrocinam, com frequência, golpes de estado e milícias locais, para desestabilizarem governos e imporem representantes aliados a seus interesses. Sob a ganância imperialista, todo esforço é para extrair as riquezas do país ao mais baixo custo, sem qualquer preocupação com a construção

Quem se fortalece no país é a extrema direita do Vox, que deve passar de 24 lugares para 46, praticamente dobrando seu número de deputados. O Partido Popular, tradicional partido da direita conservadora, também deve crescer, passando de 66 deputados para 91. Outros partidos como o Podemos, partido pequeno burguês, e o Ciudadanos, de direita, estão em queda livre. O Ciudadanos, aquele mesmo que fez as exigências direitistas para que o PSOE formasse governo, faz uma virada em sua política, tentando se aliar ao PSOE e dizendo que praticamente não fará mais exigências para a investida de formar governo. Os resultados eleitorais devem resultar em uma polarização e uma crise política ainda maior no país imperialista, que já conta com grandes mobilizações da população catalã pela sua liberdade. A crise da Espanha, porém, não pode ser entendida como algo isolado no mundo, pois presenciamos uma crise geral do capitalismo. A Espanha é um dos países que mais tende a se desintegrar na atualidade, pois conta com várias regiões que desejariam a separação de Madrid, sendo as mais conhecidas a Catalunha, o País Basco e a Galícia. Os protestos da Catalunha pela separação devem mexer muito nas próximas eleições, levando possivelmente alguns assentos para a CUP, Candidatura de Unidade Popular da esquerda separatista.

de uma infraestrutura mínima que permita o desenvolvimento de mercados locais e da sociedade. Isso faz com que a população pobre só encontre alternativas miseráveis. Quase meio milhão de habitantes abandonaram seus lares à procura de regiões mais seguras nos últimos anos. Os que permanecem, encontram trabalhos arriscados e de baixo salário, como a atividade mineiradora. Outros se juntam à guerrilha armada, na tentativa de controlar porções territoriais e seus recursos. Este contexto faz com que a Burkina Faso seja um dos vários países africanos onde a luta de classes se manifeste escancaradamente como um conflito armado, no qual grupos locais disputam o controle da região à bala.


INTERNACIONAL E DIA DE HOJE NA HISTÓRIA | 9

VENEZUELA SOFRE NOVAMENTE

Pompeo ataca mais uma vez a Venezuela O imperialismo norte-americano voltou por meio do seu secretário de Estado, Mike Pompeo, a promover duros ataques à Venezuela, impondo sanções a importantes figuras venezuelanas. O imperialismo norte-americano voltou por meio do seu secretário de Estado, Mike Pompeo, a promover duros ataques à República Bolivariana da Venezuela, país duramente esmagado na América Latina pelo imperialismo e que tenta se tornar soberano por um série de políticas nacionalistas e populares, impedindo que os desejos escusos e a política de pilhagem dos Estados Unidos seja realizada. Mike Pompeo anunciou uma série de novas sansões contra a Venezuela, atacando diretamente importantes figuras responsáveis pelo combate ao imperialismo no país, denunciadas cinicamente pelo imperialismo como “anti-democráticas” e “ditatoriais”. Entre elas encontram-se nomes muito conhecidos da política do país, como o chefe do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas, o almirante Remigio Ceballos, responsável por declarar ser favorável ao bloqueio das rotas em que os imperialistas usariam como forma de trazer a dita “ajuda internacional”,

que nada mais consiste em uma pura propaganda, muitas vezes utilizada como forma de trazer mantimentos para financiar os grupos fascistas que atacam o governo Maduro. Além dele, José Adelino Ornelas, secretário-geral do Conselho de Defesa da Nação, Néstor Blanco, major da Guarda Nacional Bolivariana, Carlos Alberto Calderón, comissário do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e Pedro Miguel Carreño, ex-ministro do Interior e deputado da Assembleia Nacional Constituinte são também alvos dos EUA. O primeiro ficou conhecido recentemente por “uso excessivo da força”, que de acordo com a imprensa imperialista, foi usado para atacar os manifestantes fascistas. Vale nesse momento lembrar, que os mesmos fascistas atingidos em muitos casos continham consigo uma série de armamentos e objetos dados pelo imperialismo e responsáveis por atacar inúmeros venezuelanos, que como a

maioria do povo apoiam Maduro. Toda esta operação volta a denotar os ataques absurdos contra uma nação soberana, onde o imperialismo já declarou não respeitar a democracia interna do país e escolheu a dedo um presidente. Como não bastasse, os duros embargos são responsáveis por dificultar ainda mais a situação para a população pobre do país, e esta si-

tuação de crise, gerada pelo imperialismo, é utilizada pelo mesmo como forma de propaganda anti-povo. As sanções que atingiram todos estes nomes ligados ao governo Chavista tiveram todos os seus ativos e bens bloqueados de alguma forma pelos EUA, o que impede-os de realizar qualquer transação que possa conter um misero controle do imperialismo.

PUTSCH DE MUNIQUE

8/11/1923: em Munique, nazistas tentam dar um golpe de Estado Hitler e Rudendolff, principal general alemão da Primeira Guerra Mundial, orquestraram em novembro de 1923, uma tentativa de replicar a Marcha Sobre Roma em Munique. No dia 8 de novembro de 1923, acontecia o famoso Pustch da Cervejaria, ou Pustch de Munique. A palavra putsch vem do alemão e significa golpe. O acontecimento em questão trata-se de uma importante tentativa de Golpe de Estado orquestrado pelo Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães na Baviera, com o intuito de posteriormente derrubar o governo em Berlim. A inspiração de Hitler veio da Marcha sobre Roma, protagonizada pelo Partido Nacional Fascista de Benito Mussolini, no dia 22 de outubro de 1922, onde os camisas pretas desfilaram na capital Italiana para pressionar o Rei Vitor Emanuel III, que em seguida nomeou Mussolini como chefe de governo, dando início ao governo fascista na Itália. O golpe teve com palco a cervejaria de Bürgerbräukeller, umas das principais de Munique. Na época muitas reuniões do partido nazista se davam em cervejarias famosas da cidade. Uma das principais peças foi o General Ludendorff, que dirigiu as tropas alemãs na Primeira Guerra Mundial, e ficou conhecido como grande estrategista. Desde 1921, Hitler havia se consolidado como principal liderança do partido, e aumentava cada vez mais sua influência entre a burguesia da Baviera, formando contatos importantes para organizar um golpe de Estado usando as forças paramilitares do par-

tido, rebatizadas em 1921 de Sturmabteilung (SA), por seu criador e comandante Ernst Röhm. Hitler e Ludendorff se empenharam no período anterior ao putsch a convencer os componentes do triunvirato da Baviera, um grupo de diplomatas e militares influentes que, segundo Hitler, caso aderissem significaria o sucesso total do golpe. Era composto por : Gustav von Kahr, comissário geral; Otto von Lossow, chefe do exército bávaro (também conhecido como Reichswehr); e Hans Ritter von Seisser, chefe de polícia. O ano de 1923 foi marcado pela ocupação militar da região industrial de Ruhr pelas tropas francesas, como permitido pelo tratado de Versalhes. A ocupação desencadeou um avassalador hiperinflação do marco, moeda alemã em vigor na época, que no início do ano a equivalência em dólar era de 17 972, e passou para 4 200 bilhões em novembro. Incentivados pela completa instabilidade política causada por esses acontecimentos, os rumores de um golpe de estado promovido pelas organizações fascistas eram amplamente difundidos. No último trimestre de 23, a tensão política, causada pelo desmantelamento da economia alemã, estava nas alturas, então Hitler, pressionado a agir para não perder a maré dos acontecimentos, decido que a data do putsch seria o dia 9 de novembro, data comemorativa da abdicação de

Guilherme II e então proclamação da República de Weimar. Nos dias 6 e 7 do mesmo mês, para não deixar nenhuma ponta solta e se assegurar do sucesso de sua empreitada, o dirigente nazista se reunia com: Dr.Weber, dirigente do grupo nacionalista Oberland ; Ludendorff; Hermann Göring, dirigente da SA desde 1922; Scheubner-Richter, diplomata que dispunha de uma vasta lista contatos na alta burguesia que financiaram o partido; e Kriebel, responsável militar do grupo Kampfbund. O objetivo do golpe não se limitava em tomar Munique, como também as principais cidades da Baviera: Ratisbona, Augsburgo, Ingolstádio, Nuremberga e Wurtzburgo, assim como tomar as estações de trem, telégrafos, telefonia, e de rádio; os principais prédios públicos e os comissariados. Todos os dirigentes sindicais e membros dos partidos socialistas e comunistas deveriam ser presos. Na noite do 8 de novembro, o comissário geral, Gustav von Kahr, levou os dois outros membros do triunvirato para a cervejaria, que nessa hora já transbordava de gente. Os rumores Putsch haviam se espalhado pela cidade. Hitler se reuniu em uma sala com os três homens para explicar o novo governo e convencê-los de apoiarem a empreitada. Hitler seria o chefe de governo, Ludendorff o ministro do exército, Lossow ministro da Reichswehr,

Seisser ministro da policie e Kahr o regente da Baviera. Vale ressaltar que o estado da Baviera detinha uma certa autonomia na época. Depois de convencidos, Hitler saiu acompanhado dos três para discursar frente aos presentes sobre o novo governo que se instauraria. O que acontece em seguida é uma séria de erros, em partes pela inexperiência da SA, mas principalmente pela articulação política mal feita. Hitler não havia convencido de fato Lossow e Seisser, que logo liberados para voltar aos seus lares, comunicaram, através das estações de comunicações, cuja SA falhou em toma, comunicaram o golpe a toda a Alemanha. Gustav Stresemann, então chanceler da Alemanha, condena qualquer aliança aos putschistas, reganha os militares da Reichswehr e envia auxilio militar para reprimir o golpe. Göring é atingido na perna, Max Erwin von Scheubner-Richter, morto e Hitler atingido no ombro. Desse episódio surge o mito da Blutfahne, uma bandeira nazista que teria sido manchada com o sangue de Ulrich Graf, militar da escolta pessoal de Hitler, a Stosstruppe, futura SS, quando este usou seu próprio corpo para proteger seu líder. Os dirigentes nazistas foram capturados e condenados a prisão, mas Hitler cumpriu somente 13 meses dos 5 anos aos quais foi sentenciado, tempo que usou para escrever o Mein Kampf.


10 | POLÊMICA

DE MÃOS DADAS COM OS GOLPISTAS

PCdoB quer que Bolsonaro “lidere o país” Na ilusão de que o regime “democrático” seja restabelecido, o PCdoB e outros setores da esquerda se aliam aos golpistas para sustentar o governo Bolsonaro até 2022. “Eu acredito que é um erro o Planalto agir para manter a polarização política na sociedade. O Brasil vive uma crise econômica muito grave, desemprego com números alarmantes. O papel do governo é liderar o País para sair dessa crise, e não reforçar essa polarização, seja atacando a oposição, seja atacando a imprensa livre, que tem obrigação de publicar tudo aquilo que é notícia”, declarou o deputado federal Orlando Silva em entrevista ao sítio oficial do PCdoB, Portal Vermelho, publicada em 05 de novembro. O trecho reproduzido acima é a resposta de Orlando Silva à pergunta sobre o “acirramento dos ânimos no País”. Foi colocado na íntegra, porque em poucas frases o deputado pelo PCdoB sintetiza a política de colaboração do seu partido com o golpe de Estado e com o presidente ilegítimo e fascista saído da eleições fraudadas de 2018. “O papel do governo é liderar o País para sair dessa crise”. Com assim liderar o País? Liderar a esquerda, a militância que luta contra o golpe, o povo que está sendo esmagado por esse bando de fascistas? A população brasileira tem de se curvar ao governo do golpe? Além de querer que Bolsonaro governe, ou seja, imponha a política neoliberal de destruição nacional, a declaração de Orlando Silva expressa a política do “fica Bolsonaro”. Bolsonaro até 2022. É um atestado em defesa da política da “frente ampla” de virar definitivamente a “página do golpe”. Estabelecer uma “oposição proativa”e institucional ao governo ilegítimo. Orlando deixou às claras, ainda, porque a quase totalidade da esquerda não defende o “Fora Bolsonaro”. A preocupação do “nobre” deputado é com acabar com a “polarização”

política no País ou como afirmou em outro momento da entrevista em defesa da “democracia”, como se o Brasil não vivesse sob uma ditadura que impôs a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita; mantenha encarcerado por quase 600 dias o principal líder popular do País e a expressão maior da luta contra o golpe, ex-presidente Lula, entre outras diversas manifestações de absoluta envolvimento das instituições com o aprofundamento dos as ataques às mínimas garantias democráticas estabelecidas no período pós derrubada da ditadura de 64. Não é de hoje que o PCdoB representa dentro da esquerda o elo de ligação com a direita brasileira, o chamado Centrão e por consequência com o regime golpista e com a extrema-direita bolsonarista. Os exemplos são fartos. O PCdoB é apoiador de primeira hora do atual presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia. Aliás, foi o próprio Maia o articulador da convocação do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, para que se “explique” na Câmara Federal sobre sua posição em defesa de um novo AI5, sendo que Orlando Silva não foi mais do que “o menino de recado” do Centrão, numa disputa entre as diversas frações golpistas. A esquerda empenhada em “virar a página do golpe”, que tem o PCdoB e a ala direita do PT como principais expoentes, tem a ilusão que está abrindo um caminho para uma saída “democrática” para o golpe de 2016, via as mesmas instituições que impuseram o golpe de 2016. No afã de querer fazer a roda da história girar ao contrário, essa esquerda devaneia em torno de uma volta ao passado, sem “polarização”, com o parlamento como árbitro

das disputas. No seu triste papel esconde de si o fato de que não passa de uma correia de transmissão da direita. Está com o seu vagão atrelado ao Centrão, que por sua vez está atrelado ao vagão da extrema-direita, todos guiados pela locomotiva do imperialismo. Na busca por encontrar um meio termo com a extrema-direita, com o bolsonarismo, uma boa relação de convivência, o deputado do PCdoB clama para que o Planalto acabe com a “polarização na sociedade”. Sem dúvida, trata-se de uma incompreensão absoluta sobre o fenômeno da polarização política. Em primeiro lugar, o aumento constante da polarização entre as classes sociais, entre direita e esquerda, é produto do golpe de Estado. A política extrema da direita, do imperialismo, em levar a cabo a derrubada da presidenta Dilma, a perseguição e prisão de Lula, uma série de ataques às condições de vida das massas e ao mínimo estado democrático de direito existente impulsionou, naturalmente, o deslocamento de amplas parcelas dos movimentos populares, dos partidos de esquerda, da juventude, sindical para o polo oposto ao da direita. Uma segunda questão que se depreende dessa condição mais geral é que a chegada ao governo da extrema-direita agudizou essa situação. A política do PCdoB e o seu clamor para que Bolsonaro “se contenha”, ou melhor a política de colocar “Bolsonaro nos eixos”, é o chamado não apenas do PCdoB e de outros setores da esquerda, mas do próprio Centrão. Em outros palavras é uma política que defende que Bolosnaro “se contenha”, controle o seu destempero, os seus discursos extremados em defesa do golpe, etc. A questão é que o que determina o avanço da polarização não é,

Todos os dias às 9h30 na Causa Operária TV

pelo menos no fundamental, a verborragia de Bolsonaro, mas a sua política prática de esmagamento dos explorados e da própria liquidação do País em favor do imperialismo. No estágio da luta de classes em que se encontra o País, o fim da polarização só é possível com a derrota de um dos polos. O polo da extrema-direita é o fascismo, portanto, caso Bolsonaro ou um outro governo do golpe bolsonarista, mas sem Bolsonaro seja vencedor, significará o aniquilamento das amplas massas e a destruição do País. Finalmente, a política defendida e aplicada pelo PCdoB é, na realidade, uma política de sustentação do regime político golpista. O apoio a Rodrigo Maia, a defesa do governador do Maranhão pelo PCdoB, Flávio Dino que, juntamente com os governadores do PT, defendem a Reforma da Previdência, a entrega da Base de Alcântara para o imperialismo norte-americano, a busca por uma aliança com o próprio Centrão, Fernando Henrique Cardoso, Ciro Gomes, entre outros golpistas declarados, a recusa em defender o fora Bolsonaro e a defesa do Lula Livre apenas em discurso, são a expressão de uma política de absoluta adaptação e sustentação do regime golpista. Um último aspecto que não poderia deixar de ser mencionado é a ardorosa defesa que o deputado Orlando Silva faz da imprensa venal golpista brasileira, com sendo uma expressão da democracia. Não apenas a Globo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja, entre centenas de outros meios de comunicação foram fundamentais na campanha para viabilizar o golpe de Estado de 2016, como permanecem como instrumentos do golpe que levou Bolsonaro ao governo patrocinando abertamente a maior fraude eleitoral da história desse País.


POLÊMICA| 11

O CAMINHO PARA O DESASTRE

Arcary aposta em frente eleitoral oportunista para derrotar a direita Em artigo publicado no Brasil 247, o historiador e coordenador nacional do Resistência/PSOL Valério Arcary defendeu a criação de uma frente eleitoral de esquerda. No dia 6 de novembro, o portal Brasil 247 publicou a coluna Qual deve ser a tática eleitoral em 2020?, assinado pelo historiador, ex-PSTU e coordenador nacional do Resistência/PSOL Valério Arcary. No artigo, Arcary defende a criação de uma frente eleitoral de esquerda para as eleições municipais que estão previstas para acontecer em 2020. Para legitimar a própria discussão que Arcary propõe no seu artigo, o psolista apresenta um argumento fraudulento: o de que a queda do governo Bolsonaro não estaria colocada para o atual momento e que a única alternativa para a esquerda seria participar das eleições de 2020. Assim Valério Arcary inicia seu texto: "Todos na esquerda queremos derrotar o governo Bolsonaro o mais rápido possível. Oxalá seja possível uma queda de Bolsonaro antes das eleições de 2022. Mas a ideia de que Bolsonaro vai cair de “maduro” é errada. Ele tem apoio para completar seu mandato da embaixada norte-americana, das instituições – Congresso, STF, Forças Armadas – da grande burguesia, e da maioria da classe media, além de uma parcela da midia, e das Igrejas, especialmente, as pentecostais. Terá que ser derrubado. Isso exige uma mudança qualitativa na relação social de forças. Só a experiência prática de milhões com o desastre econômico-social pode potenciar uma irrupção política de massas. Nesse contexto, temos que pensar em 2020. Pode ser que, até lá, algo explosivo ocorra. O que nos coloca diante da questão de qual deve ser a tática eleitoral." Acontece que o que Valério Arcary apresenta como justificativa para a necessidade de uma discussão sobre as eleições de 2020 é exatamente o oposto da realidade. Que Bolsonaro tem o apoio do imperialismo norte-americano, das instituições e da imprensa, é um fato. Mas apresentar que Bolsonaro poderia cair “de maduro” é um argumento desonesto diante das possibilidades que estão colocadas. O governo Bolsonaro é rejeitado por dezenas de milhões de pessoas, conforme até mesmo os institutos de pesquisa da burguesia apontam. Desde março, no carnaval, todos os momentos em que o povo se reúne, seja no carnaval, seja em estádios de futebol, seja em atos públicos, Bolsonaro acaba virando alvo da fúria dos trabalhadores. A fortíssima tendência à mobilização do povo brasileiro pela derrubada de Bolsonaro empurrou o próprio governo para uma crise gigantesca. Afinal, se está cada vez mais claro que Bolsonaro não tem apoio na população, e sim em apenas uma base social muito restrita de extrema-direita, que foi artificialmente inflada para garantir a fraude eleitoral de 2018, o próprio imperialismo se mostra cada vez me-

nos disposto a sustentar o governo. Como Bolsonaro está se revelando um fracasso também do ponto de vista econômico, o governo está sendo cada vez mais pressionado pelos setores dominantes da burguesia, o que poderá levar a um eventual abandono por parte desses setores. Não bastasse a crise do governo e as tendências à mobilização no Brasil, vários países da América Latina em situação semelhante estão mostrando que uma explosão social não é nenhum milagre, mas sim uma consequência inevitável da aplicação da política neoliberal. Diante dos levantes no Chile, no Equador e no Haiti, falar “oxalá” para a derrubada do governo é inaceitável – é preciso partir para uma posição ofensiva, ativa, disposta a organizar a rebelião dos trabalhadores contra o regime político. Por mais que a discussão sobre as eleições de 2020 neste momento revelem uma indisposição de organizar a luta dos trabalhadores – e, portanto, uma incompreensão da tarefa da esquerda no momento, que deve ter como eixo as ruas, não as eleições, discutiremos em seguida a tática eleitoral proposta por Arcary. Segundo o historiador, a tática correta seria a da formação de uma frente de esquerda, definida da seguinte maneira: "Frente de Esquerda é uma Frente entre os partidos que mantém relações orgânicas com os trabalhadores, essencialmente, o PT, PSOL e PCdoB, mas, também, sendo possível, com o PSTU, o PCB e a Unidade Popular. Pode ser constituída no primeiro ou no segundo turno. Quando se forma somente no segundo turno, cada partido de esquerda tem seus próprios candi-

datos, mas eles se comprometem em apoio mútuo naquele que for para o segundo turno." O argumento de Valério Arcary em defesa da frente eleitoral de esquerda já chama a atenção pela própria caracterização que o historiador faz em torno dos partidos políticos. Por que o PSOL, partido controlado por parlamentares e professores universitários, que tem como base um eleitorado da pequena-burguesia, seria considerado um partido “que mantém relações orgânicas com os trabalhadores”?, em detrimento de partidos como o PCB? A frente de Arcary, portanto, não é uma frente de luta contra o governo Bolsonaro, mas sim uma frente que tem como objetivo eleger meia dúzia de parlamentares que nada têm a ver com o movimento operário. A tática do “apoio mútuo”, por sua vez, seria algo semelhante ao que foi visto nas eleições municipais do Rio de Janeiro em 2016. Naquele ano, em que os setores dominantes da burguesia não conseguiram emplacar nenhum candidato tradicionalmente ligado aos partidos da direita, a candidatura de Marcelo Freixo, do PSOL, foi impulsionada pela Rede Globo, pela Veja e pela Folha de S. Paulo. Freixo, que chegou ao segundo turno, se recusou a denunciar a perseguição política que o ex-presidente Lula já sofria naquela época, mas pediu o apoio de toda a esquerda para sua eleição. O resultado? Freixo foi derrotado e a apuração mostrou que Freixo recebeu os mesmos votos do eleitorado de Aécio Neves, sendo derrotado nas zonas mais populares pelo candidato da Igreja Universal. Não, a frente eleitoral de esquerda apresentada por Arcary não é uma

proposta séria para a luta política dos trabalhadores contra a direita e o governo Bolsonaro. A única maneira de fazer as eleições de 2020 contribuir com a luta dos trabalhadores é se ela for transformada em um espaço para a polarização com a direita. Esse circo eleitoral, em que partidos se juntam para eleger um parlamentar que, no fim das contas, só vai trazer algum benefício para si próprio, não irá mudar em nada as condições do povo que está sendo triturado pelo governo Bolsonaro. Pelo contrário, criará condições para que a direita, diante da falta de um enfrentamento, avance na sua destruição do país. É preciso, portanto, transformar as eleições em mais uma plataforma para o enfrentamento contra a burguesia: lançar candidatos operários, denunciar o golpe de Estado e convocar todos para a luta pela liberdade de Lula e pela derrubada do governo Bolsonaro. A confusão de Arcary em relação à mobilização e às eleições é tamanha que, ao invés de o historiador propor utilizar as eleições para catapultar a mobilização, propõe que as mobilizações “abram o caminho” para a vitória eleitoral: "Uma oposição irreconciliavel entre a resistência na ação direta e nas eleições é um erro. As mobilizações de rua devem ser nossa prioridade porque são elas que abrem o caminho, como em Santiago do Chile. É necessário, portanto, combater esse tipo de política oportunista, que visa se aproveitar da revolta das massas para o faturamento de cargos. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula! Eleições gerais já!


12 | POLÊMICA

RECICLANDO OS FASCISTAS

Cara Joice Hasselmann?! PCdoB defende fascista que atacou Dilma Ex-candidata presidencial do PCdoB, se solidariza com deputada fascista que liderou campanha pela derrubada da primeira presidenta da República, a pretexto de defender mulher A deputada Joice Hasselmann, do partido do presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, recebeu Carta – publicada no sítio Vermelho, ligado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – da ex-candidata presidencial dos “comunistas”, Manuela d’Ávilla, escrita com o objetivo declarado de “ser solidária com tudo o que [a deputada] tem passado”(grifo nosso). O documento é mais uma clara demonstração do esforço, sem limites à direita, que o PCdoB (da mesma forma que outros setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa) vem fazendo para se solidarizar e se aproximar de setores da direita golpista e do caráter profundamente reacionário dessa política. Para os mais desavisados, é bom lembrar que a jornalista Joice Hasselmann, foi eleita deputada, nas eleições fraudulentas de 2018 depois de despontar como uma das “estrelas” da campanha reacionária da direita pró-imperialista a favor do golpe, justamente por suas posições ultra-reacionárias. São da deputada, que se intitulou como “madrinha da Lava Jato” – a operação criminosa e fraudulenta que garantiu a condenação e fraudulentas de Lula e outros presos políticos – dentre outras, as seguintes frases:Ver imagem no Twitter • Sobre seu papel na Câmara dos Deputados: “quero ser o Bolsonaro de saias“ • Sobre Lula e o PT: “são como um câncer pelo país”. • Sobre o movimento feminista: “gente chata para caramba arrancando blusa para colocar peito na rua”. • Sobre Bolsonaro: “Ele é do jeito que é porque é autêntico”. • Sobre Dilma, em 30 de junho de 2016: “Hei pessoal, a vaca da Dilma engorda. Espia Brasil” • Sobre AVC de Marisa Letícia: “Desejo que fique muito boa para que pague pelos seus crimes” Por sua profunda cumplicidade com a politica reacionária de Bolsonaro e de todo o regime golpista contra o povo brasileiro, Hasselmann foi escolhida pelo presidente ilegítimo, para ser líder do governo no Congresso Nacional, cargo que ocupou até recentemente, quando foi destituída em meio às disputas internas pelo controle do PSL, em meio à qual ela se atritou com os bolsonaristas, principalmente com “02”, filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, em meio à sua notória aproximação de outros setores fascistas, como o governador tucano João Dória (PSDB).

Antes dessa aparente ruptura – expressão da crise profunda do governo e do regime político golpista, a deputada liderou, junto com presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o “centrão” a aprovação da famigerada reforma da Previdência que rouba mais de R$ 800 bilhões dos trabalhadores para entregar aos bancos e outros grandes monopólios “nacionais”e imperialistas. Mesmo com toda essa enorme ficha corrida contra as lutas dos explorados, de ataque aos direitos democráticos da esquerda e de todo o povo, de defesa das posições mais reacionárias possíveis, a parlamentar “coxinha” ganhou afagos de Manuela que destacou que desejava que ela “sinta um pouco melhor e mais forte” (grifo nosso). A ex-candidata “comunista” usada pelo PCdoB para abandonar – incialmente – a campanha de Lula e fazer campanha em favor de um “plano B”, justamente quando a direita atacava e encarcerava o ex-presidente (depois de anos de aliança desse partido com o PT), repete o procedimento adotado por outros setores reacionários da direita que desejaram “boa sorte” e “sucesso” ao presidente fascista, quando da sua posse e, agora, expressa solidariedade e votos de que “se cinta melhor e mais forte” para a deputada inimiga da luta das mulheres e de todos os explorados brasileiros, defensora

da reação, do golpe, do roubo dos trabalhadores e de tudo mais contra o que luta a esquerda, os trabalhadores e a juventude. Se coloca ao lado da deputada fascista, por ser ela atacada por setores da outra ala da direita que ela ajudou a colocar no governo, poucos dias depois da mesma expressar sua posição a favor da operação de perseguição da esquerda, a lava jato, pedido inclusive a prisão da ex-presidente Dilma Rousseff, ide quem o PCdoB integrou o governo. Lança mão da demagogia de “defesa da mulher” para defender uma notória defensora da cassação desses direitos. Aliada dos machistas e reacionários que perseguem e cassa a cada dia mais direitos das mulheres e do conjunto dos explorados. Mesmo reconhecendo, em sua Carta que já “no ano de 2015”, a agora deputada “estava nos caminhões de som da Avenida Paulista, ao lado daqueles meninos que divulgavam imagens terríveis da Presidente Dilma”. Busca fazer um amalgama, colocando Joice ao lado de mulheres da esquerda que lutaram por reivindicações das mulheres e foram agredidas (como Maria do Rosário, do PT) ou mesmo assassinadas (como a vereadora, do PSOL, Marielle Franco) pelos aliados de Joice. Ao final de seu texto D’Ávila, procura justificar sentido a toda essa, “ras-

gação de seda” em favor da deputada fascista, pedindo que Joice Hasselmann, “pode e deve falar. Você pode informar a polícia, ao poder judiciário e a opinião pública tudo o que sabe sobre essa gangue que espalha mentiras para destruir as pessoas e que assim, governar ao Brasil”; buscando apresentar idéia ilusória de que os atritos de Joice, fascista e reacionária, com os fascistas e reacionários bolsonaristas daria lugar a uma ação supostamente positiva de deduragem dessa em relação aos seus antigos comparsas. Ao contrário de convocar a luta contra a direita, o PCdoB mais uma vez, chama a conciliar com ela. Nada de novo para o partido que votou – duas vezes – em Rodrigo Maia (DEM) – o “general da reforma”, segundo Bolsonaro – para a presidência da Câmara; votou pela entrega da base de Alcantara (MA) para os norte-americanos e vem defendendo uma “frente ampla” com os golpistas como FHC, Mais, Kassab, Ciro Gomes etc. e, agora, a própria Joice Hasselmann. Um caminho de conciliação com a burguesia e os golpistas que precisa ser superado pelos trabalhadores e pela juventude para abrir uma perspectiva de vitória diante do regime de golpe de Estado, o que vai muito além da política de setores da esquerda de tirar proveito da crise aproximando-se da direita e do seu eleitorado.


MOVIMENTO OPERÁRIA E ECONOMIA | 13

ATAQUE DOS PATRÕES

Contra corte de 50% do salário, metalúrgicos do ES continuam em greve Greve dos metalúrgicos do Espírito Santo entra no sétimo dia e patrões se recusam a negociar. É preciso radicalizar. Neste dia 07 de novembro, os trabalhadores metalúrgicos do Estado do Espírito Santo entraram no sétimo dia de greve. Os trabalhadores e o sindicato denunciam a intransigência da empresa em não querer negociar e colocar uma “negociação moderna” em que somente o setor patronal apresenta as propostas. O sindicato patronal (Sindifer) sequer ouviu o sindicato dos trabalhadores e suas propostas, e apresentou uma série de medidas que atacam duramente os metalúrgicos em todo o Estado. O mais gritante é a proposta de redução de 50% dos salários e do vale alimentação, entre os ataques. Contrários a esses ataques, os trabalhadores exigem reajuste salarial

equivalente à inflação do período mais 5% de ganho real, auxílio alimentação no valor de R$ 480,00, piso profissional no valor de R$ 3.500,00, plano de saúde com custo zero para todos os metalúrgicos e seus dependentes, hora extra de 100% para dias úteis e 150% para finais de semana, feriados e dias de folga de turnos. A categoria é importante no Estado e possui grandes empresas do setor. São a Vale, possui quase 14 mil trabalhadores, a Samarco, com 830 trabalhadores, o grupo Simec, um dos principais produtores de aços especiais do mundo com 600 metalúrgicos, a Imetame, com mil metalúrgicos, e a ArcellorMittal com mais de 6 mil trabalhadores em duas unidades.

A greve vem crescendo em adesão, principalmente nessas grandes empresas de metalurgia, e os patrões começam a tomar as mais diversas ações para assediar os trabalhadores e forçá-los a furar a greve. A Imetame está colocando balsas para que os trabalhadores não precisem passar pela portaria e o piquete realizado pelos grevistas. O sindicato denuncia que há empresas forçando os metalúrgicos a atravessarem terrenos baldios e lixões para trabalhar e furar a greve. As empresas estão obrigando os metalúrgicos a trabalhar de madrugada, sem respeitar o horário de descanso necessário para iniciar uma nova jornada e os trabalhadores que se opõem a essas condições estão sendo

ameaçados de demissão. Fica evidente que os patrões estão se apoiando nas novas “regras” da direita golpista encabeçada pelo governo do fascista Jair Bolsonaro para praticar todos os tipos de arbitrariedades e perseguição. Por isso a recusa em negociar e a proposta extremamente rebaixada e de ataque aos trabalhadores. É preciso intensificar a greve e radicalizar para mudar essa situação. As entidades sindicais nacionais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) e outras devem se incorporar e apoiar a greve dos metalúrgicos do Espírito Santo no momento de ofensiva dos patrões e fraqueza do governo Bolsonaro.

DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA

NEOLIBERALISMO SEM LIMITES

Governo golpista afirma: frigoríficos podem agir impunemente

Bolsonaro quebra monopólio da Casa da Moeda

Os patrões do setor industrial de frigoríficos e abatedouros, os maiores responsáveis pelos números astronômicos de acidentes e doenças dos trabalhadores, atingindo uma marca de mais de um terço, em relação aos demais setores no país são beneficiados nas fiscalizações. Conforme o sitio O Eco, de 16 de outubro de 2019, 27 empresas compraram, juntas mais de 434 mil cabeças de gado com indícios de irregularidades. Desse total, 117 mil animais eram de fazendas onde houve desmatamento ilegal. Na matéria de nove de março desse ano foi relatado que, no período de quase 10 anos de assinatura do acordo firmado dos Termos de Ajuste de Conduta (TACs), como tentativa impedir os frigoríficos do Pará de comprar carne do desmatamento da Amazônia, foram divulgadas as primeiras auditorias com números sobre o acordo. Os dados divulgados em nove de março, em Belém foram descumpridos. De acordo com o procurador da República Daniel Azeredo, que desde 2009 está à frente dos TACs da Carne no Pará, o Ministério Público Federal (MPF), naquele período, foi decidido pela não aplicação das sanções previstas no acordo. Conforme informações de O Eco, nos casos mais críticos, seriam enviados ofícios ao Ibama solicitando que os frigoríficos sejam fiscalizados. No relatório diz: As companhias foram incumbidas de responder a 12 perguntas. As mais importantes eram relacionadas à quantidade de gado adquirido no ano de 2016, com e sem evidências de irregularidades. Dentre os desvios monitorados, estão a aquisição de bois de fazendas com desmatamento, embargadas pe-

Emissão das cédulas brasileiras e outros produtos pode ir para as mãos de empresas estrangeiras

lo Ibama, sobrepostas a terras indígenas ou constantes da lista do trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego. Dos 17 frigoríficos estão o Altamira, o Minerva e o JBS. Em fiscalizações envolvendo a Organização Não Governamental (ONG) Repórter Brasil, The Guardian e do Bureau of Investigative Journalism, no sitio do repórter Brasil em 02 de julho de 2019 foi desvendado de que forma era feita a trama para disfarçar a manobra, que significava a triangulação entre fazendas, ou seja, os latifundiários criavam gados em áreas embargadas revelando uma prática que consiste na triangulação entre fazendas para disfarçar a origem dos animais. Os bovinos crescem em uma área embargada, depois são encaminhados a uma fazenda “ficha-limpa”, ou seja, sem problemas ambientais, de onde são vendidos para os frigoríficos. O grupo JBS/Friboi foi multado em R$ 24,7 milhões em 2017, mas continuou com a mesma política de utilização de gado de áreas de desmatamento ilegal, como foi comprovado pela denúncia do Repórter Brasil. Governo golpista mostra que patrões de frigoríficos devem agir livremente Esse setor tem recebido várias benesses, uma delas é a não fiscalização dos escândalos cometidos através dos fiscais do próprio governo, a outra é da retirada das Normas Regulamentadoras (NRs) que visão à segurança e proteção dos funcionários, ou seja, os patrões que já agiam como bem queriam, agora poderão transgredir sem serem incomodados por ninguém, quem sabe voltam a usar a chibata, o tronco, etc. nos trabalhadores, como usavam nos escravos no período colonial.

Bolsonaro assinou a Medida Provisória 902/2019, que quebra o monopólio da Casa da Moeda na confecção de cédulas, moedas, emissão de passaportes e selos fiscais (usado para produtos controlados, como cigarros, bebidas e medicamentos). Trata-se de mais uma atividade econômica a ser aberta para a concorrência estrangeira. Ao contrário do que fizeram os países capitalistas centrais – criarem barreiras para a concorrência estrangeira – a classe política brasileira, serviçal da burguesia transnacional, tem trabalhado incessantemente para quebrar a indústria interna. É bom lembrar que o entreguista Michel Temer já havia incluído a Casa da Moeda no grupo das empresas a serem privatizadas pelo seu governo golpista e ilegítimo. Já se foi o tempo em que a indústria brasileira aspirava competir com

outros países na tecnologia de ponta. Nossas indústrias de computadores, caminhões, automóveis, telecomunicações, nossa marinha mercante, foram todas destruídas na primeira onda neoliberal. Com o avanço do golpe, está sendo a hora de quebrar as pernas da indústria aeroespacial, de perfuração de petróleo, dos correios, e tudo o mais que for possível. A imprensa golpista tenta escamotear este golpe na Casa de Moeda com uma ponta de otimismo. A medida “pode” baratear o custo da emissão de passaportes. Como se a emissão de documentos internacionais, que precisam ser estritamente controlados, pudesse ser deixada nas mãos da “livre concorrência”, e não continuasse submetida a um monopólio, agora de uma empresa estrangeira, que levará os lucros da atividade para fora do País.


14 | CIDADES E MORADIA E TERRA

DESCASO

Mancha de óleo no litoral deixa exposto material cancerígeno Mancha de óleo deixa material cancerígeno Há quase um ano no cargo de presidente, o golpista ilegitimo Bolsonaro, deixa bem claro o seu deserviço a nação brasileira. A política de desmonte é vista em todos os setores de desenvolvimento do país. Um crime ambiental que ae alastrou por todo litoral nordestino, vem deixando resultados catastrófico, e nenhuma providência são tomadas. O vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), engenheiro, professor e pesquisador do Departamento de Oceanografia da instituição Moacir. Em entrevista coletiva concedida no início da tarde desta quarta-feira (23) no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, Moacyr desaconselhou totalmente o banho de mar nas áreas atingidas pelo piche e recomendou que peixes e frutos do mar oriundos da área não sejam consumidos até a realização de análises mais aprofundadas para a constatação da contaminação da fauna marinha pelos compostos tóxico.

O professor da universidade Federal da Bahia, Icaro Moreira afirma que o petróleo dissolvido é especialmente tóxico porque causa a liberação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, os chamados HPAs. Existentes em mais de cem tipos, essas substâncias surgem da queima de compostos orgânicos, como madeira, carvão, tabaco e óleo. Além de causar sintomas parecidos com os que ocorrem em intoxicações agudas, o contato a longo prazo com os HPAs é perigoso, pois o material é extremamente cancerígeno. Como aponta oinstituto Nacional de Cancêr (INCOR) a exposição a essas substâncias está relacionada diretamente ao aumento de chances de ter câncer de pulmão, de pele, de bexiga, de esôfago e hematopoiético(sangue). Ainda diz que, isso também tem a ver com os riscos “invisíveis” dessas manchas de petróleo. Quando chega à praia, esse óleo adere às rochas, aos manguezais e à areia e, mesmo com

a limpeza desses locais, partículas microscópicas continuam existindo. “Mesmo com o processo de renovação das águas, parte da substância continua lá, levando a uma contaminação secundário.

O povo nordestino está abandonado pelo estado. Que avan’a com suanpolítica de extermínio do Brasil. É preciso que ocorra o levante do povo nas ruas. Só o povo nas ruas mudará esses desmandos.

DESTRUIÇÃO EM MARIANA – MG

Fundação da Vale não paga indenizações após 4 anos do desastre da Vale Capitalistas criminosos não pagam indenizações às milhares de pessoas afetadas pela lama Passados quatro anos do rompimento da barragem da Vale em Mariana, Minas Gerais, o qual que deixou 19 mortos, a Fundação criada pela empresa para pagar indenizações para as vítimas até hoje não pagou os valores estipulados para as pessoas afetadas. No dia 5 de novembro de 2015 a barragem do Fundão se rompeu, 62 milhões m³ de rejeitos vazaram e contaminaram afluentes e o próprio Rio Doce, além da destruição de distritos, deixando milhares de pessoas sem casa e sem trabalho. Em 2016, a Fundação Renova foi criada com intuito de reparar os danos provocados pelo rompimento da barragem. Tratou-se de uma estratégia dos capitalistas de tentar desviar o foco da responsabilidade da Vale, ou seja, deles mesmos, para uma fundação de fachada. Tendo a participação em sua gestão dos próprios empresários da Vale e da BHP Billlinton Brasil, um monopólio inglês da mineração que também tem controle sobre a mineradora brasileira, o Comitê administrativo da Fundação também é compostos por representantes da União, do Estado de Minas Gerais, movimentos sociais, defensoria pública, etc. A maior parte das cadeiras, no entanto, é ocupada pelos próprios capitalistas, o que revela o golpe por parte dos donos da empresa. De acordo com estimativas do Movimento de Atingidos por Barragens, o MAB, cerca de 2 milhões de pessoas

foram diretamente afetadas pelo rompimento criminoso. A Fundação, no entanto, estabeleceu um raio de apenas um quilômetro, a partir do Rio Doce, para estabelecer quem tem direito ou não à indenização. Menos de 10% das famílias foram cadastradas par receber as indenizações.

Os poucos valores pagos pela “fundação” são irrisórios frente a gigantesca destruição provocada pela lama, a qual pôs fim à plantações, manguezais, pastos, contaminou rios e peixes, acabou com atividades turísticas na região. A destruição impactou também na saúde dos moradores das regiões afe-

tadas, um relatório feito pela Universidade de São paulo, a USP, em 2017, apontou que dentre 300 pessoas dos municípios de Linhares e São Mateus, nas regiões de Regência, Areal, Entre Rios, Povoação e Campo Grande, 297 apresentaram aumento de arsênio, níquel e manganês no sangue. Estas substancias podem causar doenças graves, como o câncer. Doenças psicológicas, como depressão, síndrome do pânico, ansiedade, entre outras também foram verificadas pelo estudo, todas elas em decorrência do rompimento da barragem. Estes dados compõem um relatório da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias elaborado pela Câmara dos Deputados. Ou seja, passados 4 anos e nada foi feito para diminuir, o mínimo que seja, os impactos desastrosos causados pela lama. Demonstrando também seu caráter de classe a justiça nada faz contra os donos da empresa, que seguem impunes frente ao verdadeiro genocídio provocado por eles na região. A única forma de se obter justiça neste caso é por meio da mobilização da população juntamente com os trabalhadores da Vale, é preciso não apenas exigir que os capitalistas paguem pelo crime, mas também colocá-los para fora do controle da empresa. São verdadeiros parasitas, irresponsáveis e criminosos. É preciso defender a reestatização da Vale e colocá-la sobre o controle dos próprios trabalhadores.


CIDADES| 15

RENOVA ATUA JUNTO COM SAMARCO

Fundação Renova omite estudo que aponta contaminação em Mariana Fundação Renova adultera pesquisas de diversos órgãos que comprovam contaminação na água, terra e ar onde houve a tragédia em 2015, causa pela privatizada Vale no governo FHC Na última terça-feira (5) completou quatro anos que a lama tóxica devastou a cidade de Mariana-MG causada pelo grupo de empresas Samarco/Vale/BHP Billiton. Os detritos minerários percorreram 650 quilômetros, passando por 43 municípios e causando a morte de dezenove pessoas. Destruindo plantações, animais, monumentos históricos do período colonial, ecossistema ao longo da bacia hidrográfica do Rio Doce. O Rio Doce foi varrido de Mariana-MG até Linhares, cidade litoral do Espírito Santo. A privatização da antiga Companhia Vale do Rio Doce aconteceu em 1997 no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Até então uma das mais lucrativas estatais brasileiras. Deixando milhares desempregados. Atualmente, maior mineradora do Brasil e a terceira companhia na indústria global de mineração de metais, a Vale S.A. A mineradora fechou o terceiro trimestre de 2019, com um lucro de US$ 1,6 bilhões (R$ 6,5 bilhões) e aumentou em 20,2% a extração de minério de ferro na comparação com o trimestre anterior. Entretanto, isso a custas da destruição da nossa soberania nacional, do assassinato de brasileiros por negligência, a custas de ameaçar a vida a saúde de mais 1,3 milhões pessoas que vivem da bacia do Paraopeba, contaminada com metais pesados. Estudo de Avaliação de Risco à Saúde Humana (ARSH) confirmou que a poeira e o solo superficial de Mariana e Barra Longa estão contaminados por metais pesados e que a população

pode ser contaminada através da ingestão, inalação ou absorção dérmica das partículas. A Pesquisa sobre a Realidade de Saúde Mental em Mariana (PRISMMA), divulgada em 2018 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontou que entre os 271 entrevistados, o índice de depressão era cinco vezes superior à média brasileira. Além disso, foi identificado um risco de suicídio de 16,4%. Moradores de Brumadinho e região também começaram a apresentar os mesmos sintomas que as populações atingidas pelo crime da Vale, Samarco e BHP Billiton em 2015: coceira e irritações na pele, alergias respiratórias e queda de cabelo. Desde 2017 o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) exige que as mineradoras arquem com o custo de exames toxicológicos para toda a bacia do Rio Doce. “Agora vemos o Estado e a Renova bloqueando não só o direito do acesso à saúde, mas também à informação das populações atingidas. Então nós novamente exigimos que todos atingidos, tanto do Rio Doce quanto do Paraopebas, realizem os exames e tenham acesso a esse e outros estudos sobre a contaminação da lama”, pontua Pablo Dias da coordenação nacional do MAB. O primeiro aditivo ao Termo de Compromisso Socioambiental (TCSA), obrigando que a Samarco pague renda mínima para pessoas afetadas pela lama no Rio Doce, foi assinado em dezembro de 2015. Em março do ano seguinte, mineradoras, governo federal e governos de Minas Gerais e do Espí-

rito Santo firmaram um termo para reparação dos danos, calculados em R$ 20 bilhões. O Ministério Público Federal (MPF) e os movimentos populares afirmam que acordo era ruim para as vítimas. Em 2016, o MPF entrou com uma ação para a total reparação dos danos, no valor de R$ 155 bilhões. A quantia é oito vezes maior que o acordo feito pelos governos com as mineradoras. A partir de então, descobriu-se que a Vale adulterou relatórios para confundir investigação, perseguiu manifestantes e ocultou estudos que mostram contaminação na poeira das casas de Mariana. Fundos indenizatórios não devem ser geridos por ONGs, fundações que são controladas pelas empresas que visam somente lucro mesmo que isso assassine lentamente milhões de pessoas, mas devem ser controlados pela população afetada pelo desastre.

Enquanto isso a Vale recebeu carta branca para voltar as atividades em Mariana-MG em 2020. No último dia 25 de outubro a empresa conseguiu a última licença que precisa para atuar também no mesmo local em que causou a tragédia. As privatizações só vêm aumentando com o golpe de estado. O que significa que tragédias como a de Mariana-MG e Brumadinho-MG e quase cinquenta municípios que acabaram sendo afetados vão ser cada vez mais recorrentes. A única forma de barrar as privatizações e reestatizar as nossas empresas é com numerosa e organizada mobilização popular a nível nacional. Por isso, nos dias 14 e 15 de dezembro acontecerá a II Conferência de Luta Contra o Golpe e o Fascismo, na Quadra dos Bancários, no Centro da cidade de São Paulo.


16 | NEGROS E ESPORTES

CRISE AUMENTA DESIGUALDADE

Homens brancos recebem 74% a mais que negros Com o agravamento da crise, trabalhadores negros e pardos ganham cada vez menos que trabalhadores brancos. As conquistas da classe trabalhadora, assim como de todos os setores oprimidos, de uma maneira ou de outra, caminham sobre a luta entre exploradores e explorados, ou seja, a luta de classes. As reivindicações democráticas, por sua vez, só podem ser alcançadas e, sobretudo, concretizadas, na medida em que há a correlação de forças políticas se torna favorável. Nesse sentido, como sempre, com aprofundamento da crise capitalista – os setores mais oprimidos são os mais prejudicados. De acordo com a pesquisa “Síntese de Indicadores Sociais – Uma análise das condições de vida da população brasileira 2019”, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou, nesta quarta-feira (6), que, em 2018, trabalhadores brancos ganhavam, em média, 73,9% a mais do que pretos e pardos, além de receberem, também, 27,1% a mais que as mulheres. Não se trata de meras especulações, segundo o próprio IBGE, –a desigualdade de renda entre os trabalhadores aumentou durante a crise. A pesquisa, no entanto, revela que os trabalhadores brancos, em qualquer nível de instrução, recebem a mais, por hora, do que os demais trabalhadores. Em 2018, os brancos receberam, em média, por hora R$17, enquanto que os pretos e pardos receberam, em média a quantia R$10,1 por

hora. Com ensino superior completo, em 2018, o trabalhador branco recebeu R$32,8 por hora trabalhada, na medida que, para os pardos e negros – o valor da força de trabalho alcançou míseros R$22,7 por hora trabalhada. Vale, porém, destacar que, de acordo com o IBGE, em 2018, a proporção entre o total de trabalhadores que venderam sua força de trabalho era 45,2% de brancos, e 53,7% de negros e pardos. Ademais, os dados revelam, também, a concentração dos trabalhadores negros e pardos nos setores com pior remuneração. Segundo a pesquisa, em 2018, os setores que demandaram um maior desgaste físico do trabalhador concentraram a maior parte da força de trabalho negra e parda. Assim, a Agropecuária com (60%); a Construção (62,6%); e, por fim o setor de Serviços Domésticos (65,1%), concentraram a força de trabalho negra e parda. O IBGE destacou, também, o fato de que, entre 2012 e 2014, houve valorização do salário mínimo e, portanto, um maior ganho de renda dos trabalhadores com baixa remuneração. Com isso, o ganho real concede atingiu tanto os trabalhadores cujo rendimento é afetado pelo reajuste no salário mínimo, quanto os trabalhadores que recebem piso salarial oficial. Esse benefício aos trabalhadores foi, segundo o IBGE, equivalente à uma média anual de

ganho real do salário mínimo de 2,8% entre 2012 e 2017, enquanto que, em 2018, como consequência do governo golpista de Michel Temer (MDB), houve uma queda de 1,8%. A apuração do IBGE também demonstrou que a categoria de empregador teve o rendimento

mais elevado (R$5.689), enquanto que, para os empregados sem carteira assinada, a esmola foi incomparavelmente mais baixa (R$1.237). Esses dados revelam que o capitalismo não tolera igualdade salarial, sobretudo na atual etapa de crise em que se encontra.

ABAIXO O CLUBE-EMPRESA!

Imprensa usa Bragantino como propaganda para a privatização do futebol Aproveitando o curto sucesso do Bragantino, hoje controlado pela austríaca Red Bull, a imprensa capitalista busca impulsionar sua campanha em defesa do clube-empresa Na noite da última terça-feira (05), o Bragantino, jogando em casa, no estádio Nabi Abi Chedid, derrotou o Guarani por 3 a 1 e, com o resultado, garantiu o acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro do ano que vem. A imprensa capitalista, como era de se esperar, não conseguiu esconder sua satisfação com o fato. Praticamente todas as matérias que abordaram a questão abrigavam um amontoado de elogios. “Campanha soberana”, “números impressionantes” e “Série A de braços abertos” estampavam os títulos das matérias. Os feitos esportivos da equipe, ademais, eram relatados com minúcia: classificação com cinco rodadas de antecedência, melhor ataque da competição, com 56 gols, melhor da defesa, com 23 gols sofridos, líder em finalizações, com 564 no total, jogo coletivo etc. Nem é preciso muita perspicácia para saber que o motivo de tanta euforia está no fato de que o time de Bragança Paulista é um dos mais novos representantes do chamado “clube-empresa”. Em março deste ano, o monopólio austríaco de bebidas energéticas, Red

Bull, realizou um aporte de R$ 50 milhões para adquirir o tradicional clube do interior paulista. O nome do clube passará a ser Red Bull Bragantino a partir de 2020, mas o controle já é, na prática, exercido pela empresa capitalista. São os executivos da Red Bull que dão as cartas e têm total autonomia para dirigir o departamento de futebol da instituição. Ao presidente do clube, Marquinhos Chedid, filho do velhaco cartola e político direitista que, desde 2009, empresta seu nome ao estádio, ficaram confiadas funções mais ornamentais e decorativas do que qualquer outra coisa, como representar o clube em reuniões com federações, evidenciando a profundidade do controle do time brasileiro pelo monopólio estrangeiro. Aproveitando o sucesso imediato do time de Bragança, agora convertido em clube-empresa, a imprensa burguesa tenta alavancar sua campanha em defesa da “empresarizarição” dos clubes de futebol. O sucesso do Bragantino “repaginado” constituiria a prova da superioridade da “gestão empresarial” — leia-se: controle pe-

los monopólios capitalistas — sobre o modelo atual, que conserva alguns poucos resquícios democráticos, com alguma participação popular, e encontra-se baseado em associações sem fins lucrativos. Mas, enquanto amplifica, dá destaque e celebra o efêmero sucesso do time controlado pela multinacional austríaca, a burguesia joga para debaixo do tapete a fracassada e desastrosa experiência de um outro clube tradicional, o Figueirense. Transformado em clube-empresa em 2017, a equipe de Santa Catarina afundou assustadoramente, tanto financeira quanto esportivamente. Sob a administração da empresa Elephant, o clube acumulou campanhas que entraram para a história como as piores de sua história nos campeonatos estaduais, além de ficar cada vez mais distante de sair do pântano da Série B do Brasileiro. A cereja do bolo foi a quase total bancarrota financeira do clube, que afundou em dívidas com jogadores, funcionários, comissão técnica etc. À caça do lucro mais fácil e mais rápido, a Red Bull migra de uma cidade

para outra de acordo com as oportunidades de negócios. Ontem estava em Campinas, hoje em Bragança Paulista, amanhã… aonde o dinheiro chamar. Essa é o lógica inevitável do domínio do capital sobre o futebol. Se o time de Bragança Paulista não mais corresponder às exigências de lucratividade da empresa capitalista estrangeira, pior para o time e os torcedores do Bragantino — a Red Bull não hesitará em abandonar a cidade e deixar o clube na sarjeta. O futebol, um fenômeno popular, de massas, obra do povo pobre, negro e explorado, profundamente enraizado na cultura e na vida dos brasileiros, não pode ficar à mercê das indas e vindas dos monopólios estrangeiros, desses verdadeiros sanguessugas dos países oprimidos. Contra o domínio das grandes empresas estrangeiras, contra a privatização do futebol, contra o modelo do clube-empresa, é preciso defender o controle dos clubes e das federações pelos próprios torcedores, isto é, por aqueles que fizeram o futebol ser o que ele é hoje e que o mantêm permanentemente vivo.


ESPORTES E JUVENTUDE | 17

DITADURA NO FUTEBOL

Censura: presidente do Santos é punido por criticar o VAR Por declarações consideradas “desrespeitosas” à arbitragem e ao VAR, o presidente do Santos corre o risco de receber pena de suspensão No futebol, quem se aventurar a criticar a arbitragem e, em particular, o VAR , corre o risco de levar como punição um período considerável de suspensão. O presidente atual do Santos, José Carlos Peres, é o mais novo alvo desse padrão persecutório. Nesta quarta-feira (6), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) confirmou para a próxima sexta-feira (8) a sessão de julgamento do mandatário santista. O dirigente será colocado no banco dos réus da justiça desportiva por declarações consideradas desrespeitosas contra a arbitragem do Campeonato Brasileiro. Em entrevista à Rádio Energia 97, em outubro, Peres afirmou que “Se depender do VAR, o Flamengo é campeão”. E esclareceu suas ideias: “Não falei que o Flamengo é culpado. Queria estar no lugar do Flamengo. É questão dos juízes… VAR veio para ajudar, mas é a mesma coisa de dar uma Porsche para quem não sabe dirigir. Vão falar que errada é a Porsche”. Como se vê, o presidente do Santos foi bastante moderado em sua crítica. Mediu as palavras. Salvou o VAR, o “Porshe” na sua analogia, e restringiu

sua crítica aos “motoristas”, aos árbitros e dirigentes de arbitragem. O STJD, no entanto, enquadrou as declarações no art. 258, II, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, por desrespeitar os membros da equipe de arbitragem, ou reclamar desrespeitosamente de suas decisões. Pelo “crime” de falar e exercer o direito elementar de expressão e crítica, Peres pode enfrentar uma pena de suspensão de 15 a 180 dias. A peça acusatória deixa abertamente exposto o caráter ditatorial do regime que vigora no futebol, que não passa de uma manifestação particular do regime político geral do país. O promotor afirma que o dirigente “extrapolou os limites da indignação e desrespeitou a arbitragem. A atitude imprópria do denunciado ao realizar uma reclamação pela via inadequada, causa extremo abalo na estabilidade da competição”. Ou seja: uma simples e moderada crítica ao quadro de árbitros brasileiros é algo proibido porque pode causar um “extremo abalo na estabilidade” do campeonato. Sabemos perfeitamente que as críticas, moderadas ou radicais, só podem

causar um “extremo abalo na estabilidade” deste grande instrumento de manipulação e intervenção externa que é o VAR. A liberdade de expressão, de crítica, o direito de opinião são direitos democráticos fundamentais, importantíssmos para a luta política dos explorados, e sua defesa deve ser incondicional e irrestrita. Todo cartola, jogador ou torcedor deve ter assegu-

rado o direito de falar o que quiser, independentemente do conteúdo. As instituições policiais e judiciais do Estado burguês devem se abster de interferir no que as pessoas pensam e falam. Para que isso ocorra, é preciso a luta e a mobilização da classe operária e das massas populares, bem como a ação consciente de suas organizações. Abaixo a ditadura no futebol!

FIES SEM NEGOCIAÇÃO

Governo Bolsonaro utiliza FIES para endividar os estudantes Governo Bolsonaro quer expulsar milhões de estudantes da Universidade O Fundo de financiamento estudantil criado por FHC em 2001 e impulsionado no governo de Dilma Rousself em 2010, agora caminha para seu fim. Tal programa que durante o governo Lula e Dilma, abriu uma possibilidade de mercado para as universidades privadas, dentro da política de aliança de classes do governo petista, ao mesmo tempo que ampliava para uma parcela dos filhos da classe média explorada, a possibilidade de manter os estudos à nível superior. O aprofundamento da crise econômica vem atingindo em cheio a classe média e a suposta renegociação do Fies, proposta pelo governo Bolsonaro, ao mesmo tempo em que é demonstração desta situação de sufocamento econômico de grande parcela da população, também é a demonstração que o governo golpista não quer renegociar e condenar milhões a abandonar a perspectiva de continuação de estudos no nível superior. Seis, em cada dez pessoas que contrataram o Fies para pagar os estudos têm parcelas em atraso. Conforme dados de abril deste ano são 517 mil contratos com prestações vencidas: mais R$ 2 bilhões de um total de R$ 11,2 bilhões que os universitários pegaram emprestado e ainda não pagaram. A farsa da proposta fascista do governo Jair Bolsonaro previa que as parcelas vencidas e as não vencidas fossem

somadas e realizado um novo cronograma de pagamentos. Com a explosiva taxa de desemprego na estratosfera, menos dinheiro no bolso da classe trabalhadora e da classe média, os estudantes brasileiros financiados pelo Fies não vêem futuro, ainda mais com a manutenção da taxa de juros e a abusiva proposta do governo de obrigar o pagamento de uma entrada no valor de 10% do total da dívida ou R$ 1mil, o que for maior, sendo que as prestações seriam no mínimo de R$ 200,00, além das mensalidades normais de contrato dos cursos, que tem de ser pagas conjuntamente, sem atraso. Em 20 anos de Fies, essa é a maior dívida acumulada no programa de financiamento estudantil. Já no começo de 2019 o governo Bolsonaro atrasava a concessão e a renovação de cerca de 1 milhão de contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Em levantamento feito pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), verificou-se um atraso de R$ 2 bilhões em repasses para faculdades, somente nos dois primeiros meses do ano, já demonstrando a enorme crise. Apenas 2% dos estudantes, de um total de 547 mil, ou seja, cerca de 11.500 alunos em dívida com o Fundo conseguiram cumprir o abusivo acordo para parcelar os contratos inadimplentes concedidos até o segundo

semestre de 2017. De acordo com o MEC, o governo da fraude conseguiu renegociar apenas 14% de um total de R$ 354 milhões. Através dos dados dos últimos 5 anos podemos ver enorme buraco em que o golpe de estado está colocando a população, em 2014, o Fies era a principal forma de ingresso em cursos de graduação de instituições privadas . Mas as novas restrições impostas pelos governos golpistas fizeram com que a porcentagem de ingressantes com contrato do Fies caísse de 21,3% naquele ano para 5,7% em 2017. Os dados demonstram que o governo de Jair Bolsonaro não quer renego-

ciar as dívidas condenando milhares de estudantes no país à inadimplência e ao abandono dos estudos, aprofundando o caos social no país. Enquanto isso a direção da União Nacional dos Estudantes (UNE) compartilha da mesma política do plano B, esperar por 2020, talvez tentando emplacar seu correligionário o governador do Maranhão Flávio Dino de Castro e Costa do PC do B, o mesmo que em 2014 fez campanha junto a Aécio Neves, assim, abandonando a luta contra o golpe, que é a única luta que pode oferecer perspectivas de futuro aos milhões de estudantes brasileiros.


18 | JUVENTUDE

ESTUDANTES SAEM ÀS RUAS

Estudantes vão às ruas no Líbano No Líbano, os estudantes saem às ruas em mais um dia de protestos contra o governo. A crise do capitalismo se desenvolve à passos largos. Nesta quinta-feira (7), no Líbano, milhares de estudantes de todas as idades se manifestaram, bloqueando as administrações públicas, dando continuidade à onda de protestos iniciada em outubro contra o governo. Beirute, capital e maior cidade libanesa, amanheceu cheia de bandeiras libanesas. Em frente ao Ministério da Educação, um estudante deu entrevista à uma rede de televisão, e disse: “Desafio políticos e altos funcionários que tentam levar seus filhos para uma escola pública”. De acordo com um jornalista da AFP, dezenas de manifestantes se reuniram em frente ao Ministério das Telecomunicações, em Trípoli, segunda maior cidade do país. Em Nabatiyé e Baalbek, onde há um predomínio xiita e grande influência do Hezbollah,

os estudantes, também, tomaram as ruas, segundo o jornalista. Os protestos iniciados no dia 17 de outubro tem arrastado milhares de pessoas às ruas. A insatisfação da população com o governo libanês tem crescido dia após dia. A crise econômica e política em que o Líbano se encontra, tem estimulado a agitação popular na medida em que o governo não tem encontrado soluções para o povo. Recentemente, em meio aos distúrbios, o primeiro ministro Saad al-Hariri, pediu renúncia e disse ter chegado a um “beco sem saída”, acrescentando que o país precisa “de uma grande sacudida para combater essa crise”. Embora o governo tenha anunciado um pacote de emergência para conter a crise social, os manifestantes não abandonaram as ruas. O que se sabe, no entanto, é que os protestos tem aumentado a cada dia, com a adesão de diversos setores.

POLÍCIA FASCISTA NAS ESCOLAS

Assembeia Legislativa do Paraná aprova mais polícia nas escolas No Paraná governador que apoiou Bolsonaro em 2018 quer aumentar o número de policiais militares da reserva dentro das escolas estaduais O governo do estado do Paraná aprovou a expansão da lei 19.130/2017, conhecida como “programa escola segura”. A proposta é expandir o número de policiais militares da reserva que queiram se candidatar a fazer a vigilância das escolas estaduais através do pagamento de bonificações instituídas como a Diária Especial por Atividade Extrajornada Voluntária e a Gratificação Intra Muros. A aprovação aconteceu na última quarta-feira, 6 de novembro, em primeiro turno na sessão plenária na Assembleia Legislativa do Paraná. Outra alteração é de que os policiais militares estaduais que foram transferidos para a reserva a qual-

quer tempo possam se candidatar a fazer o trabalho sujo da PM dentro da escola. Estes policiais andam armados entre os alunos e profissionais da educação. Entretanto, não há necessidade para tal. Os alunos não representam mal para policiais, por mais desorganizados que possam ser. Os professores muito menos, tanto que muitas vezes são vítimas de agressões. Portanto, a presença de policiais reformados na escola serve para que? A fim de criar um clima de perseguição constante instaura-se um estado de monitoramento. Por exemplo, um professor para cumprir sua ementa de conteúdos, pas-

sando por Marx, terá que justificar seus métodos a todo momento. No fim se trata de mais uma tentativa de censura da direita. Seu objetivo é que os professores ensinem apenas conteúdos que não levem à reflexão crítica da sociedade. Nesse sentido, a política pública da direita é criar os mecanismos de um clima inquisitório. Se o escola sem partido não é aplicado, é preciso perseguir professores que tenham atividade política fora das escolas, sejam em sindicatos ou, ainda, em partidos políticos. Visto que os sindicatos dos professores costumam ter posições democráticas ou até mesmo revolucionárias, a direita deseja impor pela

força que uma classe normalmente originária da pequena burguesia do estado apresente estas posições. É por este motivo que o sindicato dos professores do Paraná, a APP, deve se posicionar contra essa medida autoritária do governador Ratinho Jr. que agora tenta esconder seu apoio a Bolsonaro na campanha eleitoral do ano passado criticando seus filhos. Agora apela para frases sem muito significado a respeito da liberdade de Lula, mas não esconde o fato de ser filho do dono do Paraná, o apresentador do SBT e empresário, Carlos Massa. É uma tentativa clara de se reciclar, assim como outros políticos direitistas que fizeram isso recentemente.


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