DIGESTO ECONÔMICO, número 268, julho e agosto 1979

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(Conclusão da pág. 26) neladas. Liderando essa expansão estava a Europa Ocidental — a maior produtora de fibras acrílicas do mundo — onde a produção subiu 17%, alcançando 750.000 milhões de toneladas, (38% da produção mundial), após ter sido registrada uma queda de 10% em 1977. O Japão e outros países experimentaram um aumento de produção de 10%, enquanto, nos Estados Unidos, o aumento registrado foi de 2% somente. — fibras celulósicas: as fibras celulósicas ficaram bem distantes das fibras sin téticas, com um crescimento da produção mundial de apenas 2% (o mesmo que em 1977), atingindo 3,6 milhões de toneladas, ao mesmo tempo em que^ a produção de filamento realmente diminuiu um pouco. Os “outros países” foram responsáveis por 48,5% da produção mundial de fibras celulósicas em 1978.

SUÉCIA: — RECUPERAÇÃO DE FIBRAS EM CURSOS D’ÁGUA

— Um novo método para recuperar matéria-prima de sedimentos de fibras contendo mercúrio nos cursos d’água em velhas fábricas de celulose foi desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa de Poluição do Ar e da Água da Suecia (IVL) . O método, desenvolvido em nome da Westerviks Pap- perbruk PLM, é baseado num processo de fracionamento, onde as substancias finamente dispersas, tais como argila e lama, são sepa radas e o teor de fibra das grandes quantidades de sedimento pode ser reciclado. Ao todo, cerca de 10 milhões e toneladas de fibras, con tendo aproximadamente 150 toneladas de mercúrio, foram despejadas nos cursos d agua por fábricas de papel e de celulose na Suécia. O rVL calcula que várias centenas de milhares de toneladas dessa fibra, que agora jazem no fundo dos cursos d’água, poderiam ser re-utilizadas na produção de celulose de papel.

—O—

BRASIL: — FUNGICIDA NÃO SERÁ MAIS IMPORTADO — A Dia mond Shamrock do Brasil inaugurou, em São Paulo, a sua fábrica de fungicida de largo espectro Daconil 6F, que produzirá, anualmente, 1.100 mil litros do produto, correspondente a 800 t de “ChlorothalonU” , o pro duto técnico usado na formulaçã|0 e comprovado como sendo um dos defensivos de menor toxicidade entre os comercializados no País. A fábrica permitirá substituir a importação do produto formulado pelo produto técnico. Dessa forma, a empresa procurou ir ao encontro dos objetivos do Governo Federal que pretende diminuir os gastos de di visas exigidos pelas importações desses insumos. Com o uso licenciado para as culturas de trigo, batata, berinjela, soja, melão, melancia, pe pino, cenoura, amendoim, uva e plantas ornamentais, o Daconil 6F, pelo seu alto poder de aderência resiste às chuvas e irrigações, não sendo lavado da superfície das folhas. '

MARCILIO MARQUES MOREIRA

O iniciar o primeiro de dois ensaios pelos quais renovou de maneira profunda a com preensão crítica do papel de Rui Barbosa no processo de reforma da sociedade brasileira de seu tempo, caracterizado pela “as censão da classe média”, San Tia go nos legou ensinamento que bem se apropria ao esforço de melhor conhecermos o seu pensamento:

Evocação de xim dos luminares da cultura brasileira, desaparecido em pleno fastigio de se^t poder criador. N-ftJ

possível — e mesmo assim parcialmente — nas chamadas ciências i exatas, mas sim de esforço siste- .f mático, embora sempre sujeito a^' imperfeições conscientes ou não, de ‘ colocar a personalidade estudada , no contexto de sua situação histó- . rica e procurar aferir até que pon- * to seu pensamento e sua atividade ^ pública refletiram imperativos da sociedade de então e incorporaram dando-lhes forma e expressão, im- ’ pulsos vitais do processo social de' que participou. ' 1

lição de um grande homem — dizia San Tiago — não atin ge à plenitude da eficácia, sequando, por um ato de raa 4 r' nao ciocinio, o excluímos de nossubjetividade, para o con templarmos, na objetividade de sua posição histórica, pen sando e agindo como pessoa dramática da sociedade em viveu. Só então se des-

sa que prende dele, livre para sempre do perigo de envelhecer, o mo delo que nos pode legar, o sen tido universal, que nele pres sentíamos, mas não formulávamos”. (1)

Leitor assíduo dos grandes so ciólogos do conhecimento — Max Weber, Scheler, von Martin, Karl Mannheim — ele bem sabia que não se tratava da objetividade só

(1) San Tiago Dantas, "Rui Barbosa c a Re novação da Sociedade” In Figuras db Direito, (Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962), p. 25.

Compreendia, também, que esse ^ esforço critico reflete “sempre o estado atual de um laborioso e permanente processo de trocas entre ele (i.e. o objeto estudado) e o espíiãto que o considera”. (2) o inevitável engajamento e participação do observador no debate deidéias que se propõe apenas a apresentar, se torna ainda mais incontornável, quando foi privilegiado com profunda, embora curta, rela- eB ção de trabalho e amizade, que

(2) San Tiago Dantas, D, Qubíotc: Um npólogo da alma ocidental, (Rio dc Janeiro: Livraria Agri Editora, 1948), p.- 11. ^

HOLANDA: — MÁQUINAS DERRETEM PELÍCULAS PARA PRODU ZIR LAMINADOS TÊXTEIS E PLÁSTICOS — Películas e pós tevmoplásticos são o meio aglutinante usado em duas novas máquinas introduzi das na Holanda para produzir laminados a partir de materiais flexí veis, incluindo têxteis, plásticos em folha e plásticos expandidos. C gnominadas de “maxi-Codor” e “mini-Codor” as máquinas foram fabri cadas pela Dorned B. V. de Amsterdã, Holanda. Uma das aplicações da máquina Codor é a fixação da película plástica ao plástico expandido. Este laminado é usado significativamente em produtos terapêuticos. O princípio básico da máquina Codor é que a adesão dos materiais ocorre através da fusão de um meio aglutinante sob pressão e temperatura si multâneas, controladas e independentemente reguladas. Os agentes aglii- tinantes incluem polietileno e polipropUeno, e a espessura do agluti nante varia de 15 mícrons para cima. Os materiais a serem .laminados são passados ao longo de um elemento plano, de aquecimento com o -«gente aglutinante entre eles. Quando se funde, a película é forçada simultanea a penetrar os materiais a serem unidos, produ- dá^ homogênio. A aplicação simultânea de calor e pres- mPTitn A J outros materiais imunidade contra encolhi- m' P largura operacional máxima de mimitn l operaçao contínua a uma velocidade de 30 m por t“m uma pi’odução em massa, essa máquina oim cortanf acessórios auxiliares incluindo aqueles ducão. A “mini comprimento durante a pro- ■■■ sãn iisnflíi<5'ci lamina pequenas peças perfuradas previamente xo. Uma zona Ce ™ circuito, fecha do com lesfiiamento, é outra das características da "mini-

ue

FRANCA: — DISPOSITIVOS DE CONTROLE CONSTITUÍDOS DE FIBRAS ÓTICAS — A Prodiüts Chimiques Ugine Kuhlmann (Paris) está agora testando um monitor constituído de fibras óticas chamado Opacírnetro, que perseruta no interior das torres de absorção de ácido sulfúrico, numa fábrica de 1.500 toneladas de ácido por dia, na Bélgica. A companhia espera comercializar o instrumento no início de 1979. O opacímetro funciona emitindo um feixe de luz através de um f ix^ de fibras óticas numa zona de névoa de ácido. As partículas da névoa refletem certa porção da luz de volta à unidade através do feixe de fibras do receptor. Esta luz é então convertida, por meio de um con versor, num sinal elétrico que é relacionado ao número e ao diâmetro das partículas da névoa. Segundo a companhia, a principal vantagnn deste projeto é sua resistência à corrosão.

EUM GRANDE LIVRO BOICOTADO

MOZART SORIANO ADERALDO

STÁ a Igreja Católica atra vessando um período de cri se? — é a indagação que to dos, crentes e ateus, fiéis e hereges, formulam desde os primeiros momentos do Concilio Vaticano II.

Lembro-me bem da preocupação de ilustrado sacerdote jesuíta nor destino, logo depois da eleição do Papa João XXIII, com a simples escolha, por este feita, de um no me que deverá ter sido esquecido em face do que o último dessa de nominação fizera â Igreja, tornan do-se uma antipapa, nos idos de MIO a 1415, “fruto mais infeliz do desgraçado Concilio de Pisa”, se gundo o historiador Frei Dagoberlo Romag, O. F. M. (“Compêndio de História da Igreja”, vol. II, Edi tora Vozes Ltda., Petrópolis, 1950, pág 260). E recordo, também, a an gústia não menor de outro jesuíta de tradicional família cearence, quando João XXIII resolveu con vocar o Concilio: que mantiver íntegra a sua fé nos próximos trinta anos (estávamos no início da década de 60) será um herói”. E explicava ele que os desvios da verdadeira doutrina e desmandos individuais de cada um seriam tão grandes que escandali zariam o mundo, porque partiríam de Cardeais, Arcebispos, Bispos, Padres e Freiras, e não de leigos. Pelo menos não tanto de leigos.

Homenagem póstu?na ao grande escritor e pensador católico, Gus tavo Cerção, falecido há xnn ano É um estudo sobre o seu livro “O Século do Nada”, infustamente looicotado pelas "patrulhas ideoló gicas”, esses gropúsculos medíocres que nada fazem pelo hem do pró ximo, nem pela cultura, m.os ocul tam e comhatem as hoas chras.

“O cató-ico

O próprio Papa Paulo VI, que persistiu na realização do Conci lio não obstante as dificuldades enfrentadas por seu antecessor imediato, falecido no início da em preitada, não se temeu de dizT, possivelmente numa atitude de autocrítica, que assistíamos a uma “auto demolição da Igreja”.

Desta forma, aquela indagação a princípio referida nesta crônica perdeu o tom interrogativo para assumir o aspecto afirmativo, fin gindo ignorar a crise e interessa dos em escondê-la precisamente os que nela se deixaram envolver. “São fenômenos marginais que se vão limando com o tempo e aca bam oscilando em redor de uma linha central” — diziam e ainda dizer eles. Ou tentam acalmar o estarrecido laicato com a descul pa de que os fatos por muitos pres sentidos e até presenciados são

base consistente. avaliáveis em estimativas indicam que des- mas de 1969 houve menos empregos em propaganda mas maior número em rádio e televisão. A partir de 1972, atividade propagandística em pregou diretamente 33.000 pessoas, 15 por cento menos do que em 1967. (Entretanto, aproximada mente dois terços das maiores agências dos Estados Unidos, ba seadas nos relatórios anuais, ain da tinham seus quartéis generais em Nova York em 1975). Em con traste, os empregos na indústria da radiodifusão alcançaram 20.000 em 1972, um aumento de aproxi, madamente 27% sobre 1969. Há razão para se acreditar que este aumento de empregos continuou. Permissões para os canais de tele visão filmarem cenas exteriores Nova York aumentaram 207o entre 1967 e 1975. Enquanto vinte e três filmes tanto para uso da televisão como para o cinema e teatro eram feitos em Nova York em 1974, qua renta e oito eram produzidos em 1975 e cinquenta e três em 1976. Este ganho na fabricação de fil mes locais veio depois que alguns ajustes foram feitos nas regras de trabalho.

Um corte nos empregos municipais

Enquanto amplas perdas de em pregos ocorreram na maioria das iniciativas privadas entre 1960 e 1970, os empregos no setor públi co, no estado e- nos setores locais, üontinuaram a se expandir em Nova York em 1974. Entre 1960 e

1974, o melhor ano para tais emloregos em Nova York, houve um aumento de 67 por cento. Embora isso seja menos cio que o aumento cie 88% nos empregos do estado e particulares verificados pela na ção, como um todo, no mesmo pe ríodo, poder-se-ia observar que, diferentemente da economia na cional, a economia da cidade es tava se contraindo durante este tempo. Em Nova York, o cresci mento dos empregos municipais ceve uma parada quando veio à tona a crise fiscal da cidade. 60.0CO cargos, aproximadamente em ca da oito empregos, foram elimina dos da folha de pagamento da ci dade em 1975 e 1976. Estas folhas de pagamento reduziram os que tinham emprego no governo da ci dade, de 12.9% do total emprega do em 1974 para 12.0% em 1976. (3). A redução na folha de paga mento ainda continua mas está sendo realizada, principalmente, pelo não preenchimento das vagas que surgem do afastamento nor mal e da aposentadoria. Dada a perspectiva de que Nova York permanecerá sob controle fiscal por um bom tempo, parece impro vável que os empregos da cidade possam aumentar muito, se é que poderão aumentar, no futuro. (4)

As estatísticas sobre desemprego em grande escala complementam as estatísticas sobre emprego, em bora as primeiras sejam utilizá veis apenas desde 1970. Como pode ser visto no quadro 1, o nível de desemprego, local esteve conside ravelmente acima do nível nacio-

nal que começou em princípios de 1971. Além disso, o diferencial en tre esses dois niveis continuou a aumentar até maio de 1976. Desde então ele mente. O desemprego entre os re sidentes na cidade pode s=r pior do que os números publicados in dicam. Em marcha reversa à qus prevaleça em nível nacional, a força de trabalho em Nova York declinou de 3.300.000 em 1970 a 3.100.000 em 1976.

QUADRO 1

7ia

se estreitou gradual-

York (em milhares; 1950-76)

Indústria / Emprego em 1950 / Auge do emprego: Ano / nível / Emprego em 1976 / Mudança / Auge para 1976.

Indústrias produtoras de merca dorias: Atividades produtoras de serviços:

Total = =r Incluindo mineração.

Fontes: Escritório de Trabalhos Estatísticos dos Estados Unidos e Departamento de Trabalho do Es tado de Nova York.

Empregos da Cidade de Nova York indústria, come porcentagem dos totais dos Estados Unidos Indústria s Apoias.-

Indústrias de produção de merca

dorias:

Produtos manufaturados / Equi pamento / Impressão e publicação / Construção por contrato (?)

Atividades produtoras de serviços: Transporte e utilidades públicas / Comércio por atacado e a varejo / Finanças, seguro e bens imóveis / Outros serviços / Governo: Fe deral, estado e cidade.

Total...

Fontes: Escritório de Trabalhos Estatísticos dos Estados Unidos e Departamento do Trabalho do Es tado de Nova York.

QUADRO 2

Alterações na folha de pagamento dos empregos da Cidade "de Nova

1. Estes dados sobre empregos baseiam-se eni informações colhi das nas folhas de pagamento dos empregadores na Cidade de Nova York. Em certa medida, entretan to, exageram provavelmente efeito sobre residentes da cidade, desde que algumas das perdas de emprego foram sofridas, possivel mente, pelas 669.000 pessoas que viviam fora da cidade mas traba lhavam nela até 1970. Os dados so bre o desemprego (ver páginas 5253) são uma indicação melhor do eíeito das perdas de emprego na população da cidade porque estas estatísticas cobrem especificamente as condições de emprsgo dos re sidentes da cidade. Os dados sobre o desemprego apanham, também condições de emprego das psssoas que vivem em Nova York e viajam regularmente para trabalhar fora da cidade, esta po rém é uma'deficiência menor, pos to que este grupo eia de apenas 197.000 em 1970.

0 as que

2. Calculado por Roy W. Bahl e David Greytak em “The Response of City Government Revanues to Changes in" Employment Structure”, “Land Economics" (Novembro de 1976).

3. Estes cálculos são baseados . nos dados do Departamento do Trabalho do Estado de Nova York.

4. Os índices de empregos na cidade, no Estado de Nova York declinaram levemente depois de 1975. Os empregos do Governo Fe deral na cidade declinaram mode radamente desde princípios de 1960.

~ CARROS DO FUTURO PODERÃO TER MOTOR DE CERÂMICA — Quando os cientistas nucleares britânicos descobri ram uma maneira de dar forma à cerâmica para conservar combus tível nuclear em reatores, tornaram mais próximo o dia em que mo- ● P^^celana” para avião e automóvel vão economizar combusdo que é possível atual- Slícío I unidades de força de metal. A cerâmica de carboneto de ^ cie suportar temaniolecer os tipos de metal ^uebraãica e isso tem sidn^fm^ uão é só dura, ela é também moldá-la- nas formas complicadas ^e^Sgfdís^^^pefas engenharia. Há alguns anos, os cientistas 4--^? aplicações da vimento de Energia Nuclear da Grã RrptnrlhL Desenvol^-na cerâmica

r.tro^ no resistência ao desgaste e a altas temperaturas tor- naram-na indicada para aplicações industriais muito mais amplas. Seu potencial tornou-se ^ainda maior graças ao recente êxito de um novo método de fabricação que permite o uso de Refel em peças de formas altamente complexas. Esse método de moldagem por deslizamento torna possível dar forma à cerâmica sem quebrá-la. A cerâmica de carboneto de silicio produzida a baixo custo por este método está sendo agora enviada para a Ford, dos Estados Unidos, que planeja produzir para seus automóveis um motor comercial de turbina a gás feito de cerâ- mica. A Ford está interessada no uso de cerâmica para seus motores do futuro porque a capacidade do material de suportar altas tempe raturas significa, aos níveis atuais, que o consumo de combustível po dería ser reduzido em pelo menos um quinto. A cerâmica já provou o seu valor em foguetes espaciais, onde suportou o calor e a tensão do lançamento. Os silicios de cerâmica foram também empregados em blindagem usada por tropas e guardas de segurança, assim como estão sendo aplicados em caldeiras centrais de aquecimento e para mancais, luvas e vedadores de engenharia. --i.

viver com o sub-emprego?

o coso do Canadá

ECHANGES ET PROJETS

pROLONGANDO-SE a crise, aparece em certos governos uma tendência a abandonar o

Vm pais altamente industrializadc, com grande renda "per capie/baixa população enfrenta um problema tipico dos países sub desenvolvidos.

objetivo de pleno emprego e a aceitar o desemprego como uma possibilidade para os próximos anos, quaisquer que sejam, ainda, afirmações formais contidas em seus discursos. Um dos argumentos apresentados é de que o sub-emnão é assim tão dramático: prova é que o Canadá acomodacom ele há muitos anos”. Pare ce, porém, prematuro concluir dai outros países possam fazer ,o ta as

Crescimento e sub-emprego prego a

1 Os caracteres específicos do sub-emprego no Canadá

Desde os anos 60, o Canadá, pase radoxalmente, conheceu, ao mesmo tempo, um crescimento econômico suficientemente forte (-i- 5,25% por ano em média para o PNB entre 1965 e 1975) junto a uma taxa de desemprego muito mais elevada do que nos outros países da OCDE (de 3,6% nos anos 69 a 7% recentemen te), com excessão dos Estados Uni dos. Esta desconexão entre o de semprego e o crescimento, não apasomente de modo tendencial, também conjuntural: quando que mesmo sem prejuizo. Com efeito, o sub-emprego no Canadá e a maneipela qual a sociedade canadense enfrentou, podem ser traços característicos desse pais, não trans portáveis para outros, e é sobre es tes últimos que insistiremos par ticularmente. ra o rece mas entre 1973 e 1974, a taxa de cresci mento do PNB baixou de 6,9% a 2,8%, a taxa do desemprego tam bém baixou (de 5,6% a 5,5%).

Antes de distinguir os traços do sub-emprego canadense que se en contram em quase todo mundo oci dental, daqueles que constituem a originalidade do. país estudado, con vém lembrar, embora em maneira descritiva, qual o contexto de cres cimento econômico em que se situa O' sub-emprego.

Os 5,25% de crescimento tenden cial da economia canadense desde 1965 são devidos, na proporção de 3%, a um crescimento muito forte do emprego e na de 2,25% ao pro gresso da produtividade (desde 1963, o crescimento da população

por hora-homem no Canadá perma neceu inferior a de todos os outros países da OCDE, com excessão dos Estados Unidos, e ainda, esses últi mos tinham ultrapassado o Canadá em 1976). Entretanto, se um desem prego importante se manifestou, foi porque este forte crescimento do emprego não foi suficiente diante de um crescimento mais forte da população ativa (+ 3,3% por ano em média desde 1960). Esse desem prego salvo em 1973, se deve mui to mais ao crescimento da popula ção do que ao das taxas de ativida-

O desemprego dos jovens

O número dos jovens trabalha dores de 14 a 24 anos cresceu de 91% entre 1961 e 1974, e, pelo me nos desde 1970, este fenômeno é mais acentuado no Canadá que nos outros países da OCDE. Resulta primeiramente, como por toda par te, das taxas de natalidade elevadas dos anos 40 e 50, mas também, e trata-se de um fenômeno peculiar à América do Norte, o da reversão, desde 1969-70, da tendência à baixa das taxas de atividade observadas desde 1953 entre adolescentes dos dois sexos e entre homens de 19 a 24 anos. Em consequência dessa re versão, 200.000 jovens, todos os anos, procuram trabalho ao sair da escola, contra 60.000, na geração passada. de.

Enfim, a crise foi particularmen te bem suportada pelo Canadá cujo PNB cresceu de 3% entre 1973 e 1975, enquanto o do conjunto da OCDE diminuía de 1,2%. é por isso, sem dúvida, que ela não modificou íundamentalmente descritos

os fenômenos como existentes antes do seu começo: o emprego continuou a progredir (+ 4,4% em 1974, -f 1,9% em 1975), a população ativa também (4,1% em 1974, 3,6% 1975} e a taxa global de atividade continuou a aumentar com relaçãr ao seu valor de 1973, taxa essa, por tanto, particularmente elevada ra o país. Quanto à taxa de desem prego, é sempre superior de cerca de dois pontos à taxa média de de-

Certos grandes traços do sub-emprego canadense se reencontram na maioria dos principais países oci dentais, com certas nuances, toda via, que nos esforçaremos para pre-"cisar.

em pasemprego dos principais países da OCDE. do trabalho, reiterando suas tenta tivas, em virtude da fraqueza de laços existentes entre a escola e o meio profissional do Canadá: o aprendizado não concerne mais do que 10% dos jovens que deixam a escola pois está limitado a profis sões como a de construção (dife-

O aumento do número de jovens ativos foi acompanhado de uma ta-de desemprego muito elevada nesses níveis de idade. Se, em 1974, a taxa global de desemprego era de 5,4%, no Canadá, era de 12,7% entre rapazes de 14 a 19 anos e 9,5% entre os de 20-24 anos. Entre moças nas mesmas faixas de idade, era, respec tivamente de 10,1% e 6,6%. Esta si tuação, sem dúvida, resulta em grande parte, de que os jovens se devem familiarizar com o mundo xa

rindo da Alemanha, por exemplo), e não existem pontes entre ensi namentos e empresas, previstas, co mo na Suécia, no currículo escolar.

Por outro lado, a metade dos jo vens canadenses tem acesso aos es tudos superiores. Nenhum outro país da OCDE pode reclamar con tra uma tal banalização da educa ção de nível superior. Não caberia, também, considerar esta última co mo um investimento, mas como consumo (o que não lhe tira o ca ráter muito positivo). Ora, os jocanadenses não parecem ter

mais a dificuldade daqueles que ainda nunca- trabalharam.

Apesar de todos estes fatores, to davia, o Canadá conseguiu limitar, relativamente bem, o crescimento do desemprego dos jovens desde 1967, em comparação com o que fizeram os outros membros da OCDE, sobretudo quanto ao cres cimento recente de sua população ativa de menos de 24 anos.

Desemprego, ofertas de emprego não satisfeitas, trabalho de tempo parcial Durante a maior parte do período decorrido desde 1962, a relação en tre os empregos disponíveis e o de semprego, conforme ao que se po dia esperar, era a seguinte: quando 0 número de empregos disponíveis era elevado, o desemprego tinha tendência a ser mais fraco (meio dos anos 60) e quando o número de empregos disponíveis era fraco, o desemprego tinha tendência a ser mais forte (começo dos anos 60 e

vens mudado de mentalidade: muitos dentre eles decepcionam-se com a falta de interesse dos trabalhos ofe recidos e não consideram as ocupa ções, mesmo semi-qualificadas, co-' socialmente aceitáveis para a mo imagem que fazem de si mesmos. Alguns deles se refluem portanto, a marginalidade dos trabalhos para de tempo parcial e dos abonos de desemprego. A maioria passa por numerosos empregos antes de en contrar um que lhe convenha. 70).

Outros fatores, mais conhecidos outros países, também contri buiram para a existência de uma taxa de desemprego particularmenté elevada entre jovens: estes últi mos são, por exemplo, mais expos tos a eventuais erros de previsão das necessidades futuras de quali ficação (foi o caso do Canadá na esfera do ensino) e por outro lado, os empregadores lhes pedem fre quentemente uma qualificação pro fissional inútil em vista do empre go proposto, o que aumenta ainda em

Ora, desde 1970, este laço entre desemprego e empregos disponíveis, parece ter desaparecido, e entre 1970 e 1974, o número de empregos vagos praticamente dobrou, passan do de 43.500 a 108.000. enquanto a taxa de desemprego registrava, por seu lado, uma ligeira diminuição apenas, passando de 5,9% a 5,4%, o que parece mostrar a incapacidade dos empregadores de atrair traba lhadores para empregos mal pagos.

Com efeito, no Canadá, 54% das ofertas de emprego não satisfeitas concernem postos semi-especializa-

beneficiam os trabalhadores muito móveis, e cujo sistema de seguro de desemprego é uma ilustração?

UM SISTEMA DE SEGURO DE DESEMPREGO CONTROVERTIDO (LEI DE 1971)

au-

— Provoca um aumento da popu lação ativa: pessoas que estavam apenas sazonariamente não saem mais e entram de agora em diante em desemprego, e outros, se bem que pouco motivados por outras ra zões para trabalhar, aí ficam, sa bendo que receberão abonos depois de dois meses de trabalho.

— Encoraja as despedidas pelos empregadores.

— Enfim, tem um efeito estabili zador no plano macro-econômico.

semanas

semanas o ano dão dium má-

O financiamento das prestações é assegurado de um modo tripartite pelos empregadores, os empregados e o Estado. A parte deste último menta quando o desemprego ultra passa um estágio igual à média móvel da taxa de desemprego para os oito últimos anos. Oito de trabalho e de cotisações durante um ano dão direito a prestações du rante um máximo de 44 semanas, e cuja duração varia em função da taxa de desemprego nacional e lo cal. Do mesmo modo, 20 de trabalho durante reito a prestações durante ximo de 51 semanas. A admissibili dade às prestações é portanto mui to grande, e em todo caso muito maior

fim, as prestações são bem genero sas posto que igualam 2/3 do salá rio anterior, levando-se em conta um montante hebdomadário máxi mo.

A lei de 1971 obteve quatro efei tos seguros:

— Incita a uma atitude mais des ligada diante do trabalho, o que se manifesta menos por um aumento da taxa de désemprego que pela da duração do desemprego, que se po de suportar por mais tempo graças aos abonos, sobretudo para ós tra balhadores de rendas baixas.

O novo sistema é o mais dispen dioso da O.C.D.E., já que os abonos desemprego representam 1,65% do PNB, e sua generosidade provocou uma duplicação das prestações heb domadárias médias nos seis meses que seguiram a execução da lei de 1971. Desde o fim de 1972, o regime conhecia graves dificuldades de fi nanciamento às quais o Estado te ve que remediar, governo dobrou o prazo de carên cia para aqueles que voluntaria mente deixaram seu emprego ou fo ram objeto de uma despedida moti vada. Do mesmo modo, o controle dos esforços de procura de empre go pelos prestatários começou a ser reforçado: a comissão de seguro de semprego recebe todos os dias do C.M.C. uma lista das profissões e empregos nos quais existem postos vagos e convida os prestatários qua lificados a se apresentarem em 24 horas em uma das antenas do Cen tro. Se não o fazem, são novamento convocados, e em caso de explica ção insatisfatória de sua ausência, são excluídos do benefício das pres tações. Este sistema está em vigor

É porisso que o que nos outros países. En-

unicamente para as profissões de taxa de vacância elevada. Segundo O Ministério, cerca de 40% dos prestatários visados não se apresentam siquer ao C.M.C., de tal modo que o número de exclusões aumentou muito. Se esse procedimento fosse aplicado em todas as cidades im portantes, provocaria provavelmen te uma redução do número dos be neficiários de 10 a 15%.

Dos resultados de uma simulação efetuada a partir de um modelo, so bressai que a lei de 1971 causou um aumento da população ativa que, não tendo sido seguida de um au mento igual do número de empre gos, aumentou a taxa de desempre go cerca de 0,7 pontos. A ventilação por idade e sexo dos resultados per mite ver que para os homens de 25 a 64 anos, não houve praticamente variação da população ativa, mas que se constata um aumento do em prego que se repercute quase total mente sobre uma diminuição do de semprego. Os efeitos da lei foram portanto muito positivos. Contra riamente para os adolescentes dos dois sexos e as mulheres de 20 a 44 anos, houve um aumento da popu lação ativa que se traduziu em gran de parte por um aumento do de semprego. Se houve portanto abu sos em relação à lei (o que não jul garemos previaménte), são sobre tudo destas categorias que eles pro vêm. Enfim, a incidência da lei so bre a evolução do desemprego foi variável segundo as regiões.

Segundo uma pesquisa efetuada em 1971 jimto aos procuradores de emprego, estes últimos não punham

muito ardor em suas procuras pois não faziam mais que cinco tentati vas por mês. Além disso, no mês e meio precedente à data do fim do serviço das prestações, 70% dentre eles encontravam trabalho, o que tenderia a mostrar que os esforços anteriores não eram mantidos. Em geral, a duração anterior do traba lho dos beneficiários do seguro de desemprego era curta: menos de 20 semanas para um terço dos homens e um quarto das mulheres, o que torna plausível a hipótese da utili zação do trabalho por alguns como reservas permitindo em seguida re ceber as prestações. Aliás, a dura ção destas prestações cresceu em média: parece que aí também há uma'tendência a aproveitar ao má ximo as disposições da lei.

Pode-se perguntar se nessas con dições o desemprego não começa a representar um papel social; o de um abono de tempo pago pela so ciedade ao indivíduo para que o utilize como bem lhe parecer, uma espécie de ano sabático como o ima ginado na Dinamarca, mas cortado em pedacinhos. Seria a amostra de uma nova concepção das relações entre indivíduos, trabalho e socie dade, mas uma concepção que, de algum modo se disfarçaria sob as instituições ainda existentes. Ter-seia aí então uma justificação do sis tema de seguro de desemprego ca nadense, compleraentário daquele adiantado pelas autoridades, a sa ber, que os 4/5 dos beneficiários das prestações estão desemprega dos por razões independentes de sua vontade.

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