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Israel Beloch

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Marcus M. Gilban

Marcus M. Gilban

O PECULIAR JUDAÍSMO DE STEFAN ZWEIG1

Israel Beloch

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Muitos dos que assistiram o filme “Adeus Europa” (Vor der Morgenröte), produção alemã recém-exibida em nossas telas, retratando as viagens de Stefan Zweig ao continente americano e seu exílio e morte no Brasil, experimentaram a angústia de ver a resistência do grande intelectual em denunciar de público o regime nazista, que, no terceiro ano de vida, já mostrava com clareza seu caráter antissemita.

Um personagem como Stefan Zweig, alma atormentada, escritor maravilhoso, correspondente e interlocutor dos maiores intelectuais de seu tempo, figura contraditória e generosa, ligado pelo amor e pela morte ao Brasil, será necessariamente um objeto de difícil interpretação.

Uma cena da película dirigida por Maria Schrader retrata a reunião internacional de escritores promovida pelo P.E.N. Club em Buenos Aires em 1936, ano da primeira passagem de Zweig pelo Brasil. Apesar de fortemente pressionado a dar declarações sobre a situação na Alemanha, o escritor se mantém firme na recusa a fazer pronunciamentos políticos e a atacar a nação germânica.

É difícil entender esta atitude. Resultaria ela de simples medo, de puro temor de represálias? Ele já fugira da Áustria em 1934, abandonando o seu acolhedor palacete em Salzburgo, quando o governo fascista embora antialemão de Dollfuss, promoveu uma batida em busca de armas em sua residência. Radicou-se então na Inglaterra e de lá também fugiu em 1940, pouco após a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Instalou-se no Brasil em 1941, na sua terceira viagem ao país, ocupando um pequeno chalé em Petrópolis, Um personagem como Stefan Zweig, alma atormentada, escritor maravilhoso, figura contraditória e generosa, ligado pelo amor e pela morte ao Brasil, será necessariamente um objeto de difícil interpretação.

onde hoje funciona a Casa Stefan Zweig. Em dezembro de 1941 os japoneses atacaram Pearl Harbor e os EUA entraram na guerra. Em janeiro seguinte, a Reunião de Chanceleres Americanos no Rio de Janeiro decidiu pela ruptura de relações dos países do Continente com o Eixo (Alemanha-Itália-Japão); um mês depois o primeiro navio mercante brasileiro foi torpedeado em nossas costas por um submarino alemão; neste mesmo fevereiro de 1942, Zweig e sua mulher Lotte se suicidaram na casinha da Rua Gonçalves Dias, em Petrópolis. A depressão vinha de longe e parece que o medo também.

A sua ojeriza à política era antiga, da militância pacifista durante a Primeira Guerra Mundial, quando se colocou ao lado de Romain Rolland, o grande escritor francês campeão da luta contra o delírio bélico. Inúmeras vezes manifestou seu desprezo pela política, pelos nacionalismos e os preconceitos entre povos, culturas e religiões. Identificou-se plenamente com os textos de Rolland reunidos em 1915 sob o título Au dessus de la mêlée (Acima da confusão). No entanto, depois de uma visita à jovem – mas já estalinista – União Soviética em 1928, a decepção com o que viu, somada ao seu apoliticismo, provocaram o progressivo afastamento do mestre Rolland, que se definira como militante comunista.

É possível que Stefan Zweig não tenha se dado conta da diferença entre, de um lado, os choques de nacionalismos, ambições territoriais e patriotadas sangrentas da Primeira Guerra e, de outro, a monstruosa ideologia que havia se apossado da Alemanha em 1933, ganhava adeptos na sua Áustria e logo mergulharia o mundo na guerra mais tenebrosa de todos os tempos?

Na reunião do P.E.N. Clube em Buenos Aires, quando Emil Ludwig descreveu as perseguições promovidas pelo nazismo contra os judeus, Zweig, sentado à mesa da presidência do encontro, cobriu o rosto com as mãos. Correu a notícia de que chorava, impressão depois desmentida em sua correspondência. De fato, concentrava-se no que ouvia e refletia sobre o terror.

Stefan Zweig nasceu em Viena numa família de judeus enriquecidos com a indústria têxtil. Seu pai, Moritz, provinha da Morávia, hoje República Tcheca, sua mãe,

Embora cético acerca da Ida Brettauer, de origem austríaca, naseficácia de manifestos, Zweig esboçou em ceu em Ancona, na Itália. Eram os típicos Westjuden que compareciam à sinagoga em Rosh Hashaná e Yom Kipur e 1933 um documento que se viam muito diferentes dos Ostjude repúdio ao nazismo den, os judeus da Polônia, da Galícia, da e em defesa do povo Rússia, da Bessarábia, dualidade descrita judeu a ser assinado com grande vigor por outro imenso escritor, o galiciano Joseph Roth, amigo muipor luminares da to próximo de Zweig2 . cultura e da ciência Iniciou sua vida literária com o apoio de todo o mundo. de Theodor Herzl, o fundador do sionismo político e editor do principal jornal vienense, o Neue Freie Presse, onde publicou em 1901 o seu primeiro trabalho, um texto sobre poesia, e logo em seguida um conto e um ensaio. Mas não compartilhou com Herzl o entusiasmo sionista, descrente de que a Palestina pudesse significar a solução do “problema” judaico. Foi antes um territorialista, adepto da definição de um espaço geográfico adequado que oferecesse refúgio imediato ao povo perseguido. A questão judaica o desconcerta, acha que os judeus, como judeus, não devem aparecer. Esposa uma opinião que hoje pode nos soar covarde. Na verdade, suas antenas sensíveis preocupavam-se com a mudança do antissemitismo europeu, que tinha deixado de ser religioso para ser racial e político. Em 1917 lançara o drama teatral Jeremias, em que a advertência do profeta bíblico para a destruição de Jerusalém é convertida em mensagem contemporânea, universal: “Escolhi como símbolo a figura de Jeremias, aquele que avisa em vão. Mas não pretendia uma peça “pacifista”, colocar em palavra e verso um lugar-comum, de que a paz era melhor que a guerra, e sim dizer que aquele que nos tempos de euforia é desprezado como fraco, amedrontado, na hora da derrota é, em geral, o único que não apenas a suporta, mas a domina. (...) eu já me lançava no abismo mais fundo da catástrofe, e procurava como subir... inconscientemente, com um tema tirado da Bíblia, eu tocara algo que até ali não havia utilizado: a comunhão, obscuramente fundada no sangue ou na tradição, com o destino judaico”.3 Na República de Weimar, implantada na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, desfrutou de grande proximidade com Walther Rathenau, o empresário e intelec-

Stefan e Lotte Zweig na Escola Sholem Aleichem, no Rio de Janeiro, em 1940; entre os alunos, o menino Alberto Dines, sétimo da esquerda para direita na penúltima fila.

tual judeu que chegou a Ministro do Exterior e foi assassinado em 1922 por fanáticos da ultradireita. “Cinco meses depois do assassinato – lembra Dines –, Zweig recebeu uma carta de Hugo Geitner, ex-secretário de Rathenau e amigo da família, convidando-o a escrever uma biografia do amigo. Em suas mãos a trajetória daquele que nos tempos modernos melhor encarnou a figura dos reis-filósofos poderia até reanimar a combalida República de Weimar. A ideia empacou por algum motivo: talvez o horror à política e às controvérsias, ou simplesmente medo. Medo de ser assassinado como foi o biografado.”

Hesitou tremendamente até abandonar a Áustria, já inebriada com os vapores do nazismo. Ainda em 1933 escreve a Romain Rolland: “Silencio sobre o que estamos sofrendo moralmente, mas, mesmo neste momento, não posso odiar um país inteiro... a língua na qual escrevemos não permite que amaldiçoemos seu povo, ainda que em pleno desvario... tenho que tomar uma decisão. Devo ir-me? Ficar significa sofrimento, ameaças, silêncio, viver a vida de um prisioneiro. Ir embora significa abandonar aqueles cujas obras não lhes permitem independência financeira... ficar e silenciar (ser forçado ao silêncio) é ser suspeito de covardia. Ir embora cheira a covardia ainda maior. Esse o dilema que me atormenta dia e noite. Creio que ficarei... Minha mulher quer o contrário... Os emigrantes olham torto para os que ficam. Tenho uma velha mãe, com 80 anos, em Viena. Sabem que sou pacifista, internacionalista, mas jamais serei daqueles que falam mal da Alemanha (jamais ataquei um povo qualquer, tanto na guerra como na paz, mesmo agora não porei a culpa na Alemanha inteira pela ferocidade de seus carrascos)... Não é possível que sejam sempre

À esquerda, Stefan Zweig cobrindo o rosto com as mãos no Congresso do PEN em Buenos Aires, 1936. À direita, Stefan Zweig e Joseph Roth, em Ostende, Bélgica, 1936.

e somente os judeus que tomam a palavra pela liberdade na Alemanha...”4 Mesmo a queima de livros em Berlim (10/05/1933) ainda não é suficiente para fazer a sua cabeça. Abandona, por fim, a Áustria em março de 1934, quando sua residência é varejada pela polícia em busca de “armas social-democratas”.

No ano seguinte, já exilado na Inglaterra, colabora com Richard Strauss, o grande músico alemão que manteve estreitos vínculos com o regime nazista, produzindo o libreto da ópera A mulher silenciosa. A parceria com um dos maiores compositores de todos os tempos era um galardão valioso, mas a encenação da obra dependeu de gestões de Strauss junto a Goebbels. Essa embaraçosa situação exigiu de Zweig grande esforço de justificação: nas memórias, o episódio ocupa dez páginas.

O caráter contraditório de seus movimentos se revela na decisão, tomada ainda em 1933, de doar sigilosamente o seu riquíssimo acervo de cartas à Biblioteca da Universidade Hebraica de Jerusalém, onde estão arquivadas até hoje.

Embora cético acerca da eficácia de manifestos, esboçou em 1933 um documento de repúdio ao nazismo e em defesa do povo judeu a ser assinado por luminares da cultura e da ciência de todo o mundo. O rascunho do que designou como “magna carta”, enviado a seus amigos Albert Einstein, Max Brod e a outras personalidades, proclamava: “Calmamente, mas com inabalável firmeza, rejeitamos a tentativa de desonrar nosso povo iniciada pelos ideólogos racistas, preferimos morrer a reconhecer como verdade tal loucura. (...) ninguém conhece mais o problema dos deslocados como nós com dois mil anos de perambulação. (...) quem quer que tenha visto a Palestina não poderá ignorar o nosso honesto desejo de um avanço criativo na solução do problema judaico (...) estamos prontos para colaborar com todos os povos e com o representante desses, a Liga das Nações, em busca de qualquer solução para o problema judaico, desde que atenda a nossa honra e a honra desse século.” Como se vê, o documento contemplava o sionismo e o territorialismo. A baixa adesão, no entanto, fez naufragar a iniciativa.

Só se assume plenamente judeu no final da vida, em seu livro de memórias, O mundo de ontem (1941): “Nove décimos do que o mundo festejava como cultura vienense era uma cultura estimulada e alimentada pelos judeus vienenses ou era até mesmo uma cultura criada por eles.” Antes, o judaísmo parecia-lhe um interminável contencioso – com Deus, com os homens, com os outros judeus – fardo difícil de carregar. Schver tsu zain a yid, penoso ser judeu, diz Alberto Dines em idisch.

Nunca se recusou, no entanto, a apoiar as comunidades judaicas dos vários países por onde transitou. Nas três passagens pelo Brasil, foram fartas as demonstrações neste sentido: reunião com 1.200 presentes no Centro Israelita Brasileiro (1936), evento em benefício do Comitê Brasileiro Pró Vítimas da Guerra, no Clube Botafogo (1940), visita à Escola Sholem Aleichem e ao Ginásio

Hebreu-Brasileiro (1940). Se esquivava porém de qualquer manifestação religiosa e declinou o convite do Rabino Henrique Lemle para falar no Yom Kipur de 1941 na pequena sinagoga, embrião da ARI, onde se reuniam os judeus alemães.

Seu círculo de amigos, que sempre teve forte presença judaica, manteve a mesma natureza no exílio brasileiro. Sua última agenda telefônica, que a Casa Stefan Zweig publicou recentemente em fac-símile, continha 48% de judeus, tanto indivíduos quanto entidades.5

Sua obra mais judaica, O candelabro enterrado, publicada em 1936, conclui com as palavras: “Quanto ao eterno castiçal... continua sendo segredo de Deus e dorme nas trevas das idades; quem sabe se dormirá sempre, invisível e chorando por seu povo, que continua a errar de exílio em exílio, ou se se acabará por descobri-lo no dia em que Israel se reencontrar a si mesmo e se, de novo, resplandecerá no templo da paz?”

O rabino tradicionalista do Rio de Janeiro, Mordechai Tzekinovsky, dando uma surpreendente interpretação liberal ao preceito judaico que manda enterrar os suicidas perto dos muros do campo-santo, tentou de todo

Zweig sabia o quanto jeito realizar um funeral normal no cede utópico, de quimera, e até de quixotismo, mitério de Vila Rosali. Desistiu diante da discordância das autoridades de Petrópolis, que queriam sepultá-lo na cipodia ser enxergado dade e chegaram a ameaçar veladamente no seu grito pela paz e o rabino com rebelião popular. Stefan e pela unidade espiritual Lotte Zweig repousam no cemitério cado gênero humano. tólico de Petrópolis. Naquele 24 de fevereiro de 1942, as preces fúnebres foram entoadas pelo Rabino Lemle. As lápides contêm inscrições em hebraico. Embora sem aludir diretamente ao judaísmo, a não ser na menção exemplar à Torre de Babel, arquétipo do desentendimento entre os homens, a experiência histórica do povo milenar perpassa profundamente o texto de sua conferência “A unidade espiritual do mundo”, pronunciada pelo escritor em sua primeira viagem ao Brasil (1936) e objeto da mais recente publicação da Casa Stefan Zweig.6 Talvez um pouco ingenuamente, havia ficado maravilhado com a nossa sociedade, pacífica e miscigenada, que lhe inspiraria anos depois o seu livro emblemático Brasil, um país do futuro, publicado em 1941 em oito edições simultâneas em todo o mundo. Pode-se interpretar que a

Capas de algumas das obras de Stefan Zweig publicadas no Brasil, entre elas a notória Autobiografia: o mundo de ontem e duas diferentes edições de Brasil: um país do futuro.

descrição idílica que ele apresentou do Brasil neste livro clássico não fosse fruto apenas do desconhecimento ou da credulidade, mas uma contraposição consciente ao racismo nazista, que logo atingiria o seu píncaro.

O mesmo se pode dizer da conferência “A unidade espiritual do mundo”. Zweig sabia o quanto de utópico, de quimera, e até de quixotismo, podia ser enxergado no seu grito pela paz e pela unidade espiritual do gênero humano. Como argumenta Alberto Dines na apresentação, o autor “não se preocupou em ser realista, racional, lógico, queria desfraldar o seu sonho...” Como a dizer que só os loucos não sonham.

Nas palavras do austríaco, “o dever superior do intelectual é o de permanecer fiel às suas convicções, ainda que a realidade as desminta no momento (...) Admitamos, porém, que inclusive tenhamos nos equivocado e trabalhado em favor de uma quimera; pelo menos teremos vivido para a ilusão mais nobre que anima a face da Terra”.

Esse grito zweiguiano exumado de uma coleção de documentos, que a Casa Stefan Zweig publicou em 2017, em fac-símile e nas cinco línguas mais faladas do Ocidente, é um alerta mais que oportuno nos dias turbulentos que vivemos. Como nunca, o humanismo e o pacifismo têm lugar obrigatório no presente, nesses tempos de profundas divisões nacionais, étnicas, religiosas, sociais e culturais. Tendo se mostrado tão amargurado com o conflito europeu, o que sentiria Zweig hoje diante da ferocidade das guerras localizadas, do flagelo do terrorismo, das hordas de refugiados, da xenofobia e das culturas refratárias à integração, do renascimento do nacionalismo primitivo e boçal, da proliferação das armas nucleares, das forças centrífugas que parecem estilhaçar povos e comunidades de nações.

O peculiar judaísmo de Stefan Zweig é subjacente a toda sua obra. Embora pendular, oscilante, seu judaísmo é um nervo exposto, é a base da sua arte e da sua ânsia de compreender o ser humano. A cada dia se multiplicam em todo o mundo as referências ao intelectual vienense: reedições, biografias, estudos, livros de ficção baseados em sua vida, matérias jornalísticas, filmes e peças teatrais. Sua permanência, 75 anos depois da morte trágica em Petrópolis, atesta que a centelha de gênio que o iluminava, seu humanismo e sua modernidade encerram uma mensagem muito viva para os nossos tempos.

Notas

1. Dedico este artigo ao jornalista Alberto Dines, Presidente de Honra da Casa Stefan Zweig, decano dos estudos zweiguianos no Brasil, autor da exemplar biografia Morte no paraíso; a tragédia de Stefan Zweig” (4ª ed. ampliada, Rio de Janeiro,

Rocco, 2012) na qual largamente este texto se baseia. 2. Joseph Roth. Judeus errantes. Trad. de Simone Pereira Gonçalves. Belo Horizonte,

Editora Âyiné, 2016 [Biblioteca Antagonista, 12] 3. Stefan Zweig. O mundo que eu vi (Die Welt von Gestern; Erinnerungen eines Europäers). Trad. De Lya Luft. Rio de Janeiro, Ed. Record, 1999, pg. 302-304. Transcrita de Alberto Dines. Op. cit. 4. Stefan Zweig. Carta a Romain Rolland, 10/04/1933. Briefe 1932-1942. Knut

Beck, Jeffrey B. Berlin e Natasha Weschenbach-Feggeler (orgs.). Frankfurt am

Main, S. Fischer Verlag, 2005. Transcrita de Alberto Dines. Op. cit. 5. Alberto Dines. A rede de amigos de Stefan Zweig: sua última agenda (1940-1942).

Organização de Israel Beloch. Rio de Janeiro, Casa Stefan Zweig – Memória Brasil, 2014. 6. Stefan Zweig. A unidade espiritual do mundo: um grito pela paz no Brasil. Textos de

Alberto Dines, Celso Lafer, Klemens Renoldner e Jacques Le Rider. Rio de Janeiro, Casa Stefan Zweig – Memória Brasil, 2017.

Israel Beloch é historiador, coordenou o Dicionário histórico-biográfico brasileiro, do CPDOC – Fundação Getúlio Vargas, foi editor-chefe do site Brasiliana Eletrônica da UFRJ (www.brasiliana.com. br), é diretor da Casa Stefan Zweig (www.casastefanzweig.org.br) e editor da Memória Brasil.

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