Revue Cultive n° 11 - Atrás do tempo - Covid19

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REVUE CULTIVE - ISSN 2571-564X

n°011| année 04 | juin 2020

ATRás do tempo O covid 19 -

PAULO BRETAS

Um estranho dia das Mãe

Viagens virtuais LISBOA CURITIBA Caminho do peabiru mamndaguari

BIBLIOTERAPIA EDUCAçãO E INCLUSãO

ARTE Consuli-LuBodner Valquiria Imperiano Nazaré cavalcanti Rita Guedes Nirian goes- Avanai peixe

Quem faz literatura? escritores que nasceram na 2aguerra GREGORIO MATOS RUBEN FONSECA CONTOS-crônicaS-POESIA Revue Cultive - Genève

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information sur: www.cultive-org.com cultivelitterature@gmail.com

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Cultive Revue littéraire et culturel

Atrás do tempo é o tema da 11ª edição da revista Cultive. A história comprova que em tempos de guerra, de pandemia e de sofrimento o homem encontra forças para dar a volta por cima e renascer com uma nova esperança, transformando-se e crescendo. O confinamento, o estresse de se proteger de um vírus assassino e o medo espreitam as vítimas, tornando-as um público enclausurado que testemunha tragédias e sofrimentos. Dentro dos seus apartamentos, as pessoas se manifestam, procuram fórmulas para continuar sua produção, buscam motivação para abafar a depressão, a distância dos netos, dos filhos e dos amigos. Soluções para comemorar aniversários e o dia das mães com abraços virtuais e mensagens de amor escritas por autores do Brasil e de Portugal. . Em cada momento de dificuldade surgem autores, filosófos cientistas, novas descobertas científicas. é a evoulução NAtural da humanidade. Vivemos agora um período difícil, de reclusão e medo, mas podemos perceber que mudanças acontecem na natureza e no prórpio comportamento do homem. Mais alguns meses e surgirão figuras que se sobressairão na cultura, nas artes, na economia e na ciência. Nessa edição, apresentamos autores que viveram a Segunda Guerra Mundial. A partir das suas experiências vividas nesse período infernal, soldados escreveram obras que marcaram a história da literatura e se consagraram como do autores pós guerra.

somos secadores de lágrimas, mas já se observa alguns costumes se modificando; empresas, pessoas, profissionais, concertos, aulas, exposições e debates recorrendo às plataformas online Paulo Bretas, economista brasileiro, faz uma reflexão impecável sobre as consequências e as modificações dos costumes e da integração tecnológica em nossas vidas. Ele foca sobre algumas mudanças que estão acontecendo e continuarão a acontecer no comportamento do homem, no avanço da tecnologia, nos costumes que envolvem o comércio, a aprendizagem, a comunicação e tudo o que cerca o homem. Nas páginas que se seguem, depoimentos, em forma de crônica, poesia e conto escritos por autores brasileiros, abordam experiências oriundas da morte e dos diversos sentimentos resultantes dessa momento único e inesperado com o Covid 19 . Para não nos fixarmos na morte, retiramos do passado e colocamos em evidência Rubem Fonseca e sua obra “o seminarista”, e Gregório de Matosa, «o Boca do Inferno», autor do início da colonização brasileira. A natureza humana agarra-se à vontade de viver e sobreviver acima de tudo. Como superar tantas dificuldades? Como reage cada pessoa nesse período estranho de proibição? Muita mudança em pouco tempo. E todos os dias, um amigo confessa uma perda, pede consolo e não podemos dar o ombro, nem um abraço real. Os enterros solitários acontecem aos milhares pelo mundo. Os pêsames são virtuais, o abraço é virtual. Tudo é virtual, menos a morte.

Dessa pandemia, que vai deixar muitas marcas, o que surgirá de novo? A questão direciona-se, principalmente, sobre os efeitos positivos que irão decorrer. Os negativos já estão sendo avaliados, previstos e explorados. Não podemos avaliar todas as consequências. Por enquanto Revue Cultive - Genève

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SOMÁRIO

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ATUALIADADE

Impressum Editor - Cultive 12 Rue deu Pré-Jérôme 1205 - Genève Telefone: +41 79 616 37 93 Site web: www.cultive-org.com E-mail: edicaocultive@gmail.com Redator chefe- Valquiria Guillemin Designer : Luciana Bodner luimperianobodner@gmail.com Redator adjunto: Rita Guedes Tradução: Marcela Pimentel Fotógrafo: Marc Guillemin Algumas fotos livres para utilização foram retiradas de sites na internete

08 | Paulo Bretas Copyright © Toda reprodução parcial ou integral do conteúdo da revista Cultive é estritamente proibida.

Atrás do tempo, o covid19, um vírus que mudou nossas vidas, e agora?

11 | Valquiria Imperiano Atrás da Janela 13 |O começo do fim

14 | Lúcia Sousa - Silêncio 4

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16 | Salete Rêgo Barros - Ganância, consumismo, omissão e a destruição do planeta 17 | Adriano Souto - 140ena 18 | Valéria Borges - Em época de pandemia 21 | Neuza Coelho - Coranavírus 22 | Paulo Roberto Monteiro - O tempo passa 23 | Amauri Holanda de Souza - O tempo

24 | Fabiana Zanela Fachinelli - Assim como as Margaridas 26 | Edenice Fraga - O Médico Herói 27 | Gina Teixeira - Meus dois companheiros de quarentena 31 | Conselho de cidadania Edna Andade Estr Damiana Valquiria Imperiano Angela Mota

HOMENAGEM ÀS MÃES 36 | Valquiria Imperiano Um dia das Mães Ímpar 38 | Maria Inês Botelho Finitude de um tempo, esperança posta no ar

39 | Maria José Esmeraldo - Homenagem às mulheres mães 18 | .Diamamntino Lourenço Rodrigues de Bártolo - Mãe, Bússola do Amor

VIAGEM VIRTUAL 42 | Madalena S. Machado A Casa Guimnarães Rosa 44 | Nazaré Cavalcante Um passeio por Lisboa

47 | Maria Inês Botelho Mandaguari Curitiba 52 | Neusa Bernado Coelho - Caminho do Peabiru

EDUCAÇÃO 57 | Lu Imperiano O carvalho

62 | Maria Tereza Penna - Dorian Gray é um Anjo Morto e Oscar Wilde uma Criança Desolada

68 | Rosalva Santos Educação e inclusão

68 | Salete Rêgo Barros

59 | Jacqueline Assunção Biblioterapia - a terapia que libera o ser

64 | Renata de Barcellos - Literatura Indígena

71 | Dioni Fernandes Virtuoso - AJEB - 50 anos

CULTIVE ATUAL

73 | Salão do livro de Genebra Gustavo Lagranha Maria Inês Botelho 78 | Coautores da Antologia Era Uma vez um Anjo 78 79 81 80

| Angeli Rose | Amauri Holanda de Souza | Claude Bloc | Avani Peixe

82 | Edenice FRaga 83 | Eloah Westphalen 84 | Fabiana Zanela Fachinelli Revue Cultive - Genève

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85 | Irislene Castelo Branco Morato 86 | Irislene Castelo Branco 87 | Izabel Hesne Marum 88 | Izabella Pavesi 89 | Jacira Barros 90 | Jacqueline Assunção 91 | Lúcia Sousa 92 | Lu Imperiano 93 | Mabel Cavalcanti 94 | Maria Inês Botelho 95 | Neusa Bernado Coelho 96 | Maria José Esmeraldo 97 | Isolda Cloaço 98 | Montana Cabral 99 | Norma Brito 100 | Paulo Bretas 101 | Paulo Roberto Monteiro 102 | Pio Barbosa 103 | Rita Gudes 104 | Rosalva Santos 105 | Telma Brilhante 106 | Valéria Broges

107 108 109 110 111 112 113 114 117 116 117 118 119 120 121 122 123

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Vanessa Gomes Valquiria Imperiano Manoel Osdemi Henrique Ferresi Heitor Brito Padre Jorge Rodrigues Maria José Negrão Adir Pacheco Padre Jerônimo C. Silva Colly Holanda Tião Souza Iratan Curvello Moisés Mpova Vera de Barcellos Adriano Cabral Elineuza Ramos da Silva Gina Teixeira -

LITERATURA 167 | Angeli Rose - Pelo direito à literatura 168 | Isolda Cloaço - A dimensão da Línguagem em A Paixão segundo Calrice Lispector 171 | Gregorio de Matos 174 | Autores do pós guerra 180 | Amauri Holanda de Souza - Não há nada como um bom sonho 182 | Berenice Sica Lamas - Luminosa 183 | Avani Peixe - Mistério da Alma 184 | Maria Inês Botelho - A Vida é bela 185 | Paulo Roberto Monteiro - Desarraigados Entre Livros e Cactos 203 | SESSÃO

188 | Norma Brito - Anjo da Guerra 190 192 193 194 195 196

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Heitor B. de Brito - Sono REM Telma Brilhante - Devaneios Henrique Ferresi - Do lado de dentro Gustavo Lagranha - Poesia Claude Bloc - Em verso em prosa Valdene Duarte - Em defesa da literatura

197 | Alexandre Kovacs - Rubem Fonseca - O Seminarista 200 | Valdivía Beauchamp - Parnamirim

CULT - Iratan Curvello - Talentos catarinenses

204 | Roseli Farias 207 | Pablo Norberto-

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187 | Niriam Goes - Amo as flores

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Arte Galeria de ArtPlus 125 | Maria Lagran-

128 | Avani Peixe

144 | Valquiria Imperiano

140 | Rita Guedes

154 | Manoel Osdemi

130 | Luciana Imepriano

156 | Niriam Goes

159 | Iratam Curvello

134 | NazarĂŠ Cavalcanti

152 | Consuli

160 | Paulo R. Mendes

165 | Maria Hilda Frideli Marchand e curadora de arte

210 |BIBLIOTECA

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Atualidade

ATRÁS DO TEMPO O COVID 19 PAULO BRETAS UM SIMPLES VÍRUS MUDOU NOSSAS VIDAS, E AGORA?

volveu desigualdades, concentrou renda, multiplicou misérias, criou uma economia onde o dinheiro gira em busca de mais um porto de juros altos vêm sendo colocados à prova.

Questiona-se nossa relação absurda com o próximo e com as coisas vivas. Toda cegueira substituída A humanidade tem se encontrado com pandemias por um novo olhar. A verdade, antes escondida em ao longo de sua história. Pestes de todas as colora- falsas aparências, revela-se em doses maciças enções, gripes espanholas que nem nasceram na Es- quanto o medo nos assola. panha e agora, a covid-19. O famoso e difundido e Tudo produzido por um vírus do tamanho de um o mortal coronavírus. milésimo da espessura de um fio de cabelo. Serão Em meio ao silêncio das ruas, da população em esses estertores o nosso castigo? Por que sofrem os isolamento e da quietude do coletivo, cala-se o mais idosos e os mais pobres e vulneráveis? Por que comércio, fecham-se as escolas, cessam-se os abra- temos lidado tão mal com a vida na Terra? Como ços, paralisam-se as festas e os esportes. Torcer pela falar em isolamento com famílias que se amontoam vida, pelos profissionais de saúde, rezar pelos mais em habitações inadequadas? Questões urgentes fracos e vulneráveis. O destino deu mais uma volta. que precisam ser respondidas enquanto mais um Enquanto vidas são ceifadas numa jornada de in- ser humano vivo em algum lugar do mundo está tenso sofrimento e dor, a natureza parece recobrar sendo socorrido. suas forças, as mesmas forças que a humanidade lhe tiraram poluindo, aquecendo o planeta e sujan- Penso no amanhã. Conseguiremos mudar nossa relação com o planeta e assim mudarmos a nós do. Para César o que é de César... mesmos? Conseguiremos aprender com os exemOs frutos da irresponsabilidade dos governantes e plos vivenciados? «Conseguiremos aprender com poderosos numa sociedade venenada que desen- os exemplos vivenciados e buscaremos uma so8

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Atualidade trabalho, do encontro familiar ampliado ou do repouso que nos energiza. A casa virou escritório, espaço do trabalho, em meio à multiplicação da filosofia “home-office” com todas as suas determinações e necessidades tecnológicas. Cada um de nós é agora uma empresa. E precisa de computador, rede, impressora, câmera e toda uma profusão de implementos. Porque trabalhar é preciso. Cada um de nós é uma empresa. Vejam que interessante a origem da palavra empresa, segundo o site etimologia.com.br ”Está registrada no italiano impresa como o verbo imprendere e sobre a qual é possível uma desconstrução que identifica o prefixo do latim in-, que indica algo interior, com raiz indo-europeia em en-, interpretada como «en»; em seguida se observa o verbo prehendere, que se refere à ideia de pegar ou agarrar alguma coisa (observa-se a palavra prender localizada no latim vulgar como prendĕre) e a partir da qual se revela o prefixo pre- na forma do latim prae-, que indica algo prévio, e hendere, repetindo sobre a ação de pegar, com raiz no indo-europeu *ghed-, explicitamente ciedade mais cooperativa e solidária onde o como agarrar. Consequentemente, a trabalho das pessoas seja revalorizado ? Será que partir de sua origem semântica, entendemos que conseguiremos sair da caverna e desvendar seus empresa significa apegar-se a algo com o propósito mitos, enxergaremos a verdade e não as sombras? de desenvolvê-lo”. Aprenderemos com a luz e não nos voltaremos para as trevas? Vamos todos nos agarrar as nossas vidas, constituir novo apegos (pre-endere), dentro de casa (in) para As mudanças virão, queiramos ou não. Percorrerei desenvolver algo novo e necessário a fim de sobreaqui três grandes eixos onde nossas vidas que serão vivermos e nos apegarmos ainda mais à vida, nosso profundamente afetadas. O espaço da casa, o espa- bem maior. ço do ensino e o espaço do comércio. Não pretendo esgotar com minhas observações toda a grandeza Grande parte da produção de riquezas será feita e enormidade dos câmbios que estão acontecendo em casa, enquanto novas formas de distribuição de em todas as nossas vidas, trata-se de uma escolha bens e serviços serão testadas, cada vez mais robopessoal e muito mais haveria do que falar. tizadas e isentas dos seres humanos. Com muita inteligência artificial (IA) e robótica embarcada. Um Iniciemos pela Casa. O espaço da casa se multipli- mundo de ecossistemas de negócios e plataformas ca em suas funções. Seja pequeno ou grande, o lar digitais. Novas orações em novas catedrais! será outro. Ele não mais será o recanto da volta do Em nossas casas, estudaremos, trabalharemos, Revue Cultive - Genève

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Atualidade comeremos e nos amaremos. Para tanto, nós precisaremos alterar nossos espaços, alterar nossos móveis, buscar novas facilidades e desenvolver uma enorme capacidade de poupança e de redução do consumo (adotar um consumo mais consciente). Será preciso contratar internet de alta velocidade, aprender a nos comunicar nas telas dos computadores de alta resolução, num mundo cada vez mais segregado e para poucos. Um mundo de transporte, de informações de dados e menos movimentação de pessoas e de coisas. O estar em casa requer roupas e calçados confortáveis, um reposicionamento do formal e do informal. Precisaremos encontrar as janelas certas para ver o mundo e tomar sol. Tomemos agora, como exemplo, a Educação em Casa. Todos nós estamos vivenciando neste momento de isolamento social extremo, enquanto não aparece uma vacina eficaz, a impossibilidade de irmos às escolas. As crianças estão sendo obrigadas a ficarem em casa até que protocolos de relaxamento sejam testados. Agora é a escola que vem até nós. Não podendo nos aglomerar como antes, nossas casas serão o espaço do ensino. Adultos e crianças precisarão reaprender a aprender; pais terão que complementar as tarefas de professores. Terão condições? E os centros de ensino reaprenderão a ensinar. E tudo isso requer melhoria na renda das famílias, permitindo-lhes acesso a equipamentos e aos métodos inovadores.

COMÉRCIO. Esse será dirigido pelo mundo “on line”, de lojas virtuais, por grandes e poucas plataformas de negócios, pela fidelização dos consumidores, entregas rápidas e apegos afetivos dominados pelo marketing digital. As lojas terão grandes estruturas que produzirão suas vendas e entregas. Algumas precisarão dispensar estruturas físicas, cortando custos para sobreviver. Nossas vidas serão devassadas. Seremos monitorados intensamente e a privacidade estará ameaçada. Nossos perfis serão disputados por agentes de trocas. Muitos absurdos podem vir a ser defendidos em nome da segurança, em nome da manutenção dos distanciamentos e do controle do crescimento da pandemia. Sistemas de reconhecimento facial se juntarão ao big data, que analisará continuamente nosso comportamento. O que restará da democracia e das liberdades individuais? Sem resposta por enquanto!

Estamos isolados, estamos sozinhos, estamos carentes e os negócios saberão explorar esse lado dos nossos sentimentos e desejos. A loja física não desaparecerá, mas o empreendedor terá que se acostumar com menos consumidores, com a limitação do público, com funcionários higienizados e mascarados. Tudo demonstrando limpeza, pois é isto que o “novo consumidor” espera. Todos querem se sentir seguros no mundo das trocas. Este será o “Novo Normal”. Essa não é a primeira e nem será a última pandemia da história da humanidade. Como toda pandemia A internet terá que ser oferecida para todos e todas que nos abate, trará mudanças em nossas vidas e como um bem público. De outra maneira haverá dizimará muitas vidas. O mais importante é saberainda mais exclusão social do que antes. O Estado mos aproveitar todos os avanços tecnológicos que terá que redefinir seu papel em muitas situações. consigamos para que cada um de nós mudemos Queiram os liberais ou não. nosso interior, nossas relações com a Mãe Natureza e com os demais seres humanos para melhorar As escolas mudarão suas práticas migrando rapi- a sociedade. damente para o ensino à distância, baseando-se em métodos pedagógicos inovadores; salas de aula in- Devemos ficar atentos às tentativas de se apropriavertidas, que ganharão espaço na vida do aprendiz. rem de nossas liberdades enquanto somos coloOs professores deverão se reciclar, aprender a pro- cados em isolamento e lembrar sempre de olharmos duzir vídeos e preparar o ensino para aplicá-lo em para a realidade, e não termos medo da verdade. plataforma de reunião através de “lives”. E quando Precisamos estar menos aglomerados, mas não tehouver momentos presenciais serão em salas de mos que ampliar nossa alienação. Precisamos de aula com poucos alunos, mantidos os cuidados de estruturas governamentais capazes de reduzir dehigiene, limpeza e afastamento. Haja água, sabão e sigualdades e ampliar oportunidades. Porque um álcool gel! mundo novo e melhor precisa ser construído para a humanidade. Falemos agora do terceiro eixo, O ESPAÇO DO 10

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ATRÁS DA JANELA

Na mundialização, uma nova fórmula de propor serviços está surgindo. Os cursos, propostos nas por Valquiria Imperiano redes sociais, no youtube, em sites e por tudo que é meio de comunicação, abrem a porta para os inAtrás da janela observando o tempo voar marcado teressados melhorarem seus conhecimentos. O pelos ponteiros dos relógios, é como está a huma- sistema autodidata está em ascensão. As pessoas nidade desde o mês de março. Vemos os ponteiros procuram aprender aquilo que se identificam. avançarem, mas não percebemos o deslizamento Quem desejar aprender a utilizar uma ferramenta do tempo. Somos espectadores de nós mesmos e tecnológica ou desejar preparar-se para uma nova dos fatos que nos chegam através das lives. profissão poderá encontrar na internet tutoriais que facilitarão a aprendizagem. Nunca em nossas vidas fomos tão bombardeados com debates, conferências, cursos; tutoriais sobre O COVID veio encarcerar as pessoas em suas caarte, literatura, economia, política, comércio, cu- sas e obrigar as empresas a recorrerem à novidades linária, língua estrangeira, marketing, física, espi- e aos métodos de trabalho à distância, ensino à disritualidade, filosofia, bien-être, religião, saúde, tea- tância, comunicação à distância. Da noite para o tro, concertos musicais. É bem verdade que esses dia as plataformas de encontros e reuniões empremétodos de transmissão de conhecimentos vêm se sariais se transformaram em pontos de encontros desenvolvendo, extraordinariamente nos últimos para toda e qualquer pessoa que queira ensinar, três anos. Os segredos das técnicas de funciona- falar, encontrar, festejar, trabalhar, estudar. A pomento dos aparelhos eletrônicos, de programas pularização dessas plataformas está transformando para computador, plataformas de reunião, apps métodos de trabalho e de marketing. As reuniões estão sendo desvendados diariamente através de “viralizaram” no mundo, tornando-se a janela virprofessionais que se propõem a transmitir seus tual para sair de casa, contatar pessoas, vender proconhecimentos. dutos e continuar a vida. Revue Cultive - Genève

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Atualidade As portas estão fechadas, as ruas vazias, todos evitando o perigo da contaminação, seguindo as medidas de confinamento e proteção enquanto o relógio na parede avança. Como será o mundo a partir do COVID? Esse divisor de águas está, claramente, impulsionando a humanidade para uma transformação radical em todos os setores sociais, econômicos e tecnológicos, além de incutir nas pessoas uma reflexão sobre as questões ecológicas e humanas. O planeta está sendo destruído pela poluição, pela despreocupação com a preservação e pela exploração do homem pelo homem. Os grupos ecológicos tentam, de várias formas, conscientizar a humanidade em relação à destruição da biodiversidade, à ameaça de extinção das espécies animais, às taxas de ozônio em alta, à poluição das águas, ao aquecimento planetário, à ameaça biológica. Os grupos humanitários gritam sobre a fome, sobre a guerra, sobre o tráfico humano, sobre a exploração trabalhista, sobre a droga, sobre o abuso de poder, sobre a pobreza extrema, sobre as questões sanitárias e de saúde. Mas tudo isso é realizado por grupos isolados e sempre divididos entre os pros e os contra de acordo com os interesses individuais. Individualismo. É isso que empurra o ser humano a tomar uma posição de defesa ou de acusação. O indivíduo precisa ser o alvo dos ataques para pensar no coletivo e tomar providências adequadas. Assim, o COVID veio ser o projétil que ameaça o indivíduo mais exposto, o velho!

Não é uma grande coincidência que o alvo do Covid seja, exatamente, os seres que durante os últimos anos começaram a destruir, a explorar, a desrespeitar, a ignorar o perigo da destruição planetária? E as inocentes crianças, aprendizes de uma nova forma de vida, pressionadas pelo isolamento, pela interdição de frequentar a escola (por muitas crianças detestada), proibidas de ver seus avós, vizinhos, tios e primos sejam imunes ao COVID? Será que esse vírus tem inteligência para refletir e escolher preservar as pequenas crianças para aprenderem a ser homens conscientes e possam cuidar da terra, e do próximo com cautela e respeito amanhã? Será que a natureza está querendo ensinar a essas crianças que devem reformular as regras de proteção do homem e do meio ambiente? Uma nova era começa. E parece que o nome daquele que veio dar uma aula de humanismo na terra é COVID. Covid, com vida? O que mata, lembra-nos da vida! Vamos aguardar o tempo passar. O relógio está passando rápido e muitos de nós não iremos testemunhar os efeitos desse momento tão sofrido. Mas as nossas crianças saberão o que fazer com essa experiência. E espero que essa conscientização tão desejada chegue, enfim, na terra e nivele a humanidade. Sonho, fantasia, esperança, utopia? Meus netos responderão. O tempo passa rápido. O relógio da vida não tem ponteiros.

2a EDIÇÃO REVUE ARTPLUS INSCRIÇÕES ABERTAS

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Atualidade

Valquiria Imperiano

O COMEÇO DO FIM A Suíça um dos países mais atingidos pela pandemia no mundo em proporção ao númeor de habitantes 38000 casos catalogados e 1657 mortes, dos quais 1500 eram pessoas com problemas de pressão alta, problema respiratório e obesidade. 58 por cento dos mortos são homens e 42% mulheres com uma idade média de oitenta e quatro anos. Apesar do número elevado de contaminação pelo covid na Suíça, a pandemia manteve-se sob controle, sem haver caos hospitalar que estavam preparados para uma sobrecarga. As decisões do governo foram fundamentais para que a pandemia pudesse se manter dentro das possibilidades de atendimento hospitalar.

começa a viver assumir suas atividades. Com a chegada do calor a população se precipita para as praias do lago Léman. Muitos estavam apreensivos com a reabertura dos restaurantes, bares, salões de beleza e autorização para sair de casa. Estávamos esperando um aumento de casos de contaminação, visto que as pessoas estão se encontrando nos lugares públicos. Embora seja proibido agrupamentos superiores a 5 pessoas e as manifestações com mais de 30 pessoas e os números continuam em baixa com apenas 38 novos casos em toda a Suíça. E o governo lançou uma nova planilha de liberação: teatro, cinema, escolas superiores, jardins públicos, grupo de 30 pessoas, abertura das fronteiras, boates de noite e discotecas, piscinas públicas. Vamos aguardar para ver o que acontecerá depois dessa abertura, para ver se o corona resolveu desaparecer das nossas vidas.

Após 2 meses de confinamento, os números começaram a baixar, o governo central autorizou a reabertura das escolas infantis desde o dia 11 de maio, o funcionamento cabeleireiro, em seguida os restaurantes desde que seguissem as normas de distanciamento e as empresas de construção também começou a funcionar em maio.

Aos poucos todos os países da Europa estão entrando na normalidade, os doentes se recuperando. Os governos vão procurar reerguer a economia. Muita bagunça para se organizar em vários países com menos estrutura, mas o importante é que muitos de nós tirou uma lição disso tudo, mas o principal é que saímos com vida.

Em Genebra foram 276 mortes e atualmente 175 pessoas encontram-se internadas em recuperação e livres dos respiradores. Após a 1ª crise do corana vírus a vida entra na normalidade e todo mundo

Estamos todos muito esperançosos acreditando que o risco está se afastando. Cada país irá entrar aos poucos na normalidade, é só uma questão de dias. Revue Cultive - Genève

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Atualidade

LÚCIA SOUSA existia para mim, mas todos estão envolvidos por esta pandemia! Admito que necessito livra-me desta situação e viver com equilíbrio, porque esses sentimentos negativos tentam me levar para o caminho do irracional. Tudo isto tem me perturbado e temo pela minha sanidade mental. A luta que não consigo vencer são os efeitos da passagem do tempo que até o momento não percebia. Hoje quando me olho no espelho não me reconheço. Interrogo-me: O que o tempo fez de mim? Não tenho como recuperar. Isso me afeta porque não é fácil conter-me. Não Psicóloga, escritora, ativista cultural, produtora e resisto ao impacto de não poder vencer o tempo. promotora de eventos culturais, jornalista, delegué O fascínio que tenho pela vida somente agora reCultive em pernambuco e correspondente jornalísconheço que está esfumaçando, pelas dificuldades tica da Revue Cultive. impostas a minha idade. Tenho mais de sessenta anos.

SILÊNCIO

Esse momento que estou vivendo vocês não podem avaliar. Sentimentos em duas escalas por vezes se confundem, ora me comprimem, ora se removem de mim durante esse confinamento.

Divertia-me muito com as minhas amizades, dançávamos, bebíamos, aliás, vou beber. Mas não posso me embriagar. Quem iria me socorrer, cuidar de mim se acaso viesse a precisar nesta situação de isolamento social? Alimentei a ideia que minha aparência não se confundia com a idade cronológica. Agora estou inutilizado o dia inteiro e com os pensamentos voltados para a realidade. Será assim? É assim que desfila toda humanidade? Há em seus rostos sempre a existência de um disfarce que não confere com a verdade? E o que dizem nem sempre é credível?

Ao observar o vazio das ruas sem trânsito, muitas vezes não consigo, no dia a dia, realizar a mais simples das tarefas, por mais capacidade e eficiência que possua para desenvolver. Desde que surgiu a notícia do Coronavírus, o Covid-19 em meu país, este episódio se tornou em minha vida um desespero injustificável para o meu comportamento. É Reconheço que o tempo é implacável com todos. A difícil lapidar o homem. Parecia que o mundo só juventude não é perene, isso tem me deixado exau14

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Atualidade rido. Surgem daí meus monstros que agora tento vencer. Preciso me dominar. Meu coração bate forte e meus pensamentos estão desalinhados. Terei que repensar minha forma de viver, analiso que este encarceramento esta me trazendo à realidade. Necessito ser forte e me tornar um homem diferente. Que a verdade seja a última palavra. Longe das mentiras. A propósito vivo de mera aparência, escondido por trás de uma máscara.

vindouras? A ocasião, que vivemos com esses fatos, será um aprendizado para todos.

Sejam essas lembranças abandonadas. E que desfilem para a distância do passado. Porque esta situação tem se tornando um pesadelo e causado uma rebelião cega e tenaz de inconformismo. Mas, acalmarei meus pensamentos e de meu coração extrairei as fantasias. Fui pueril quando me permiti ultrapassar a sensatez dos meus atos. Mas, o que é o ser humano senão sua aparência, compreendido sobre a imagem que o mantém? E de que adianta toda esta delação, por causa de uma enfermidade invisível que a todos pode contagiar, receando enfrentar o amanhã e as surpresas

Minha residência está um caos. Precisa de uma reforma, as peças estão deslocadas, o crucifixo empoeirado e meu violão esquecido.

O dia está para terminar, é inverno e a luz do dia se vai bem mais cedo. Vários são os desafios quando o verão chegar. Pretendo estar refeito, vou procurar ter serenidade, dar importância a mim e viver os acontecimentos com mais lucidez. Livre do confinamento que me apavora e confunde.

Vou dedilhar uma canção que o silênico me conduz. O silêncio é inimigo do próprio silêncio.

Ouço Deus

Autor desconhecido “Ouço Deus no murmúrio das águas dos rios Ouço Deus no furor de ciclones bravios Ouço Deus no cantar matinais dos pardais Ouço Deus no lamento de pobres mortais. Vejo Deus nas estrelas perenes de luz Vejo Deus no esplendor que a alvorada traduz Vejo Deus no suave perfume da flor Vejo Deus no adeus companheiro da dor. Sinto Deus na saudade que evoca lembranças Sinto Deus no morrer de febris esperanças Sinto Deus na tristeza de ver-te partir Sinto Deus na tua volta, irmão a sorrir.”

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estavam em andamento. Resumindo: sintam-se culpados por toda a dor causada pela Covid-19; os que silenciam tornando-se coniventes com a situação; os que consomem o que é essencial, apenas, para a satisfação de seus próprios desejos; os que elegem políticos que colocam interesses particulares acima de tudo e de todos, e se recusam a dar continuidade ao trabalho do antecessor.

Salete Rêgo Barros Cidadã do mundo

Salete Rêgo Barros

Produtora Cultural Excutiva do Ponto de Cultura Nordestina- Recife- Pernambuco.

GANÂNCIA, CONSUMISMO, OMISSÃO E A DESTRUIÇÃO DO PLANETA Tirem as suas próprias conclusões:

Concluindo: ou entendemos que os recursos da Terra são limitados, ou paramos de consumir bugigangas, ou aprendemos a diferenciar o político que tem projetos pessoais do que tem projetos sociais, ou seremos os únicos responsáveis pela destruição do planeta e da humanidade. As escolhas estão em nossas mãos: a Educação de qualidade para TODOS é a única forma de resolver essa questão a médio e longo prazo; compreender o impacto do consumo no surgimento dos vírus e reduzir drasticamente essa prática é urgente; usar a inteligência a serviço da diminuição do aprofundamento das desigualdades é para ontem.

“Assustadoramente antecipatório — e uma das maiores referências sobre epidemiologia entre os recentes trabalhos de divulgação científica —, o livro “Contágio”, do aclamado escritor David Quammen, investiga as infecções que começam no reino animal e migram para humanos, num processo conhecido como spillover, ou “transbordamento”, assim como ocorreu com o novo coronavírus”. (Companhia das Letras) A iminência de uma catástrofe mundial, ou seja, o surgimento de pandemias, em qualquer canto do planeta, foi divulgada em 2012, na data da publicação do livro. As causas apontadas pelo cientista são: desequilíbrio do ecossistema, causado pelo desmatamento, contato do homem com a vida selvagem – caça, confinamento de animais, garimpagem, pecuária, extração de substâncias para utilização em componentes eletrônicos, entre outros. Tomando conhecimento do estudo, Obama criou o Conselho de Segurança Nacional para tratar o assunto e não ser surpreendido por uma pandemia anunciada. Ao assumir a presidência, Trump encerrou o programa e engavetou os protocolos que 16

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Indios da etnia Fulni-ô ( Águas Belas - Pernambuco)


Atualidade

ADRIANO SOUTO DE ALBUQUERQUE

140ena Faz 16 dias hoje que estou trancado, sem poder sair de casa. Meus enclausuradores são minha própria família e um vírus, que uns dizem ser apenas uma gripezinha, enquanto muitos outros já não podem dizer nada. Tenho lido, escrevo sempre que posso, tornou-se um escape necessário: ninguém mais entende você, que você próprio(a). E escrevendo, converso comigo. Mas por incrível que pareça o que tenho mais feito nesses medievais dias é trabalhado. Sim! Você não leu errado. Explico: sou professor da rede pública de ensino de Fortaleza, e a escola em que estou lotado não suspendemos as nossas aulas, traçamos uma estratégia alternativa de escola em casa (perdoem-me a falta de estrangeirismo). E, embora, todos estejamos mais ou menos familiarizados no uso de determinadas ferramentas tecnológicas, dar aula remotamente não é tão fácil como muitos inocentes podem presumir. Grupos de Whatzapp (escrevi errado, o corretor automático deu-me uma aula de ortografia, bendita tecnologia, fosse numa máquina de escrever, teria saído errado mesmo, perdoem-me o estrangeirismo!), bem! Continuemos. Eu já sabia que a educação remota não é um trabalho fácil. Além do e-mail lotado e a necessidade de limpar diariamente a memória do celular, ainda tem o tempo que levamos em preparar e corrigir atividades

e trabalhos. Tenho apanhado dessa nova ordem profissional em que me encontro, contudo essa é uma forma que a vida encontra para nos ensinar aquilo que está a um passo de nosso nariz, e que não conseguimos ver. Pois que ver, muitas vezes necessita somente coração. É por isso que nesse processo tenho aprendido muito, a primeira lição é que nunca me senti tão feliz por ser ‘liso’, destituído de muitos bens pecuniários. Pra que dinheiro? Se num tem nada pra fazer, nem pra onde ir. Um paraíso de tudo fechado, meus comedores de rapadura nem me sacodem mais pelo braço: MACisso, BOBaquilo; aliás eles são o motivo da segunda lição que aprendi nesses medievais dias: Eu os amo, nunca pensei que os amasse de tal maneira. É tanto verdade o que digo que, só pra vocês verem, eu ainda não matei nenhum; deu vontade, mas juro que passou rápido. Ontem, depois de uma gritaria vinda da sala, eu me levantei da mesa em que preparo meus trabalhos e fui até eles, cheguei logo gritando que a tarefa que a escola e eu estávamos passando era pouca, pois ninguém se aquietava, falei que queria que ajudassem com uma aula que eu estava preparando para os meus alunos, o Arthur respondeu ofegante que tudo bem, Cauã não respondeu nada, nem poderia, o monstro pré-histórico do Arthur dava-lhe um mata-leão, tive que ameaçá-lo com o chinelão de borracha comprado no interior e que certamente durará a vida toda e mais seis meses. Geovana e Letícia não disseram nada, nem poderiam, estavam com o volume do fone de ouvido de fazer inveja até ao mais potente trio elétrico soteropolitano. Só de mal, mandei todo mundo tomar banho e dormir, e olha que ainda faltavam dez minutos para meia noite. Revue Cultive - Genève

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Atualidade Meus quatro filhos são a benção que Deus me enviou para que eu crescesse espiritualmente, antes de eles aparecerem na minha vida, eu era um ser errante e inconsequente, vivendo aos sabores mundanos e sorvendo líquidos tóxicos. Mais aí veio minha querida esposa (uma bênção, quando está calma) e com ela, os rebentos. Então minha vida se transformou, a cada dia que passa me sinto mais perto do céu, literalmente. Ela já se abstraiu das indignações, dá uns gritinhos de vez em quando, mas só por costume, os monstrinhos já se acostumaram. Acordei cedo hoje e fui logo acordando todo mundo, preparei o lanche deles enquanto a mulher passava um café. Estava preparando uma videoaula, já havia me aprontado todo; calça, camisa nova (creio que inventei esse vídeo exatamente para inaugurá-la), sapato. Já havia preparado a câmera no tripé, escolhido uma parte da sala que ainda não estivesse riscada, desenhada ou com a marca de um pé na parede. Quando me vem a cena de uma série, THE WALKING DEAD. O Arthur me aparece todo desgrenhado com uma camisa que só não estava mais amarrotada que sua cara; o Cauã só de cueca tirava meleca do olho com uma mão; com a outra, do nariz, até agora eu tô pra saber como ele consegue fazer aquilo. Letícia nem seu deu o trabalho de tirar a meleca do rosto e a Geovana, essa me deu vontade de sair correndo pelo meio da rua e gritando: Me pega, vírus!!! Me pega, vírus!!!!! Ela estava com os cabelos parecendo que não via pente há pelo menos um mês, acho que nem EL Cid numa retroescavadeira conseguiria pentear aquilo. Eu gritei a todos os meus pulmões, e olha que sou bom nisso! “Como é que vocês aparecem desse jeito? Eu num disse que queria a ajuda de vocês? Eu queria fazer uma dinâmica em que vocês apareceriam fazendo perguntas e respostas!!! Desse jeito, vocês estão perfeitos só se for para fazer papel de figurante em filme de terror!!!!! Mando, aos berros, todo mundo se arrumar, enquanto a mulher calmamente na cozinha, prepara o almoço e diz-lhes que não esqueçam de escovar os dentes, depois de muita peleja, a videoaula saiu, espremida e incipiente, mas saiu. Sou obrigado a dizer que um deles, prefiro não dizer quem, inventou uma nova função sintática: Predicado do sujeito! Gritei para o monstrinho que todo predicado era do sujeito e que só havia três classificações para o predicado: nominal, verbal e verbo-nominal. Ele errou ainda algumas vezes mais. Mesmo eu tendo 18

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dito um milhão de vezes que o sintagma a ser respondido era: Predicativo do sujeito! Só de mal dei uma aula sobre a diferença entre predicado, predicativo e predicação. No fim do dia, depois de cortar as verduras, chego pra esposa que prepara o jantar e, enérgico, mas com branda voz, digo-lhe que tenho que sair, ir ao bar mais próximo, encontrar amigos, conversar, frescar com a cara dos outros enquanto eles frescam com a minha, caso contrário irei explodir. Ela mais branda ainda (até agora desconfio que era ironia) me diz que eu não explodiria não, afinal ela ainda não havia explodido, disse-me ainda que agora era que esse maldito vírus estava atacando mesmo; argumentei que não fazia parte do grupo de risco, pois não tinha mais de 60 anos. Ela me retrucou dizendo que eu estava sim, afinal sou fumante e acabei de fazer 50, e de 50 para 60 era só um pulo. Não saí, estava exatamente pensando nesse pulo, quando da sala emergia nova gritaria.

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VALERIA BORGES DA SILVEIRA

EM ÉPOCA DE PANDEMIA

Moro com minha filha. Ela é a grande companheira de todas as horas. Paralelamente, a “essa mudança” - tenho curtido mais a companhia de minha filha. Assistimos filmes juntas, conversamos bastante, revimos algumas fotos. Temos “testado” também umas novas receitas gastronômicas, algumas guloseimas... Tenho assistido muitas “lives” com apresentações musicais, com contações de histórias, com cursos online, com personalidades de renome local, regional, nacional e internacional. Também tenho tido muita inspiração para escrever... Alguns textos, algumas poesias. Uso a arte de escrever como “terapia”. A inspiração vem dos mais diferentes lugares, algo que ouvi, algo que vivenciei, algo que me deixou “intrigada”, algo que me fez sonhar...Tenho refletido muito sobre tudo. Sobre a vida. Sobre os relacionamentos. Sobre como manifestar os sentimentos. Tenho pensado no porquê de “corrermos” tanto no dia-a-dia e sequer pararmos para vermos se vale a pena.

Desde meados de março de 2020 estamos passando por uma fase um tanto atípica... Até o dia 17 de março pode-se dizer que trabalhei normalmente. A partir do dia 18 de março passei a trabalhar via teletrabalho com videoconferências e reuniões via skype. E a partir de início de abril passei a perfazer um período por teletrabalho e outro período presencial, tendo em vista eu hoje estar à frente da administração de um Hospital (sou formada em administração. Trabalhei muitos anos nessa área (até 1998). Daí a partir de 1999 atuo além da área administrativa, na área educacional, na área cultural e na área de responsabilidade social. Então me especializei nessas áreas) .

Deveríamos fazer constantemente um “feedback” das nossas ações cotidianas. Procurar ter mais tempo para coisas que realmente fazem a diferença em nossas vidas... Curtir mais a família, curtir mais os amigos, curtir mais a natureza... Deveríamos cuidar mais da natureza, curtir mais os lindos fenômenos que ela apresenta... Um arco-íris, um pôr do sol, pingos de chuva, uma noite de lua cheia...

Sinto Saudades de meus pais, meus irmãos, enfim toda família. Sinto Saudades de amigos especiais... Saudades de um simples abraço, um aperto de mão...Mas como dizia Charles Chaplin: “Nada é para sempre neste mundo, nem mesmo nossos problemas”.

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...” (Renato Russo).

Olhar para as coisas com olhos diferentes, enxergar além das cores, refletir sobre o verdadeiro significado da vida, refletir sobre a importância do amor e fazer renascer os mais nobres sentimentos. Mais do que buscar a cura do vírus, devemos buscar a cura do mundo, tentarmos fazer um mundo melhor. Muita preocupação com toda essa situação atual. Valorizar toda a riqueza natural do universo. Céus, Preocupação com colegas de trabalho, com família, terras, mares... O sol, a lua, as estrelas, as flores, com amigos, e também com a solução para a hu- as plantas... Valorizar as pessoas que convivemos, manidade. Preocupação por algumas pessoas não procurar ver além da aparência... Falar palavras darem a devida importância aos mínimos cuidados gentis, agir com educação, respeito e consideração sempre! para controle dessa pandemia...

Que a fé nos renove sempre e nos faça sonhar e acreditar em dias melhores. Revue Cultive - Genève

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Atualidade Nascida em Curitiba-Pr. Escritora. Poetisa. Administradora. Produtora Cultural. Pós graduada em Gestão e Direito Empresarial; Gestão, Orientação e Supervisão Escolar; Gestão Cultural; Gestão de Eventos; Gestão de Projetos Turísticos e Credenciamento em Jornalismo. Diretora Empresa Santa Barbara Produções. Diretora Geral HRLSS – Hospital Regional São Sebastião da Lapa. Presidente Associação Literária Lapeana. Presidente Instituto Borges da Silveira. Coordenadora Cultural Instituto Histórico e Cultural da Lapa. Diretora de Cultura da ACCUR – Academia de Cultura de Curitiba. Membro Centro Letras do Paraná, Academia Paranaense de Poesia, Academia Feminina de Letras do Paraná, Centro Feminino Paranaense de Cultura, Academia de Letras e Artes de Pato Branco, entre outros. Livros de poesias publicados: Rastos, Tantos Eus e Reticências. Livro Lapa Tropas e Tropeiros em coautoria com Maria Ines Pierin da Silveira. Livro “Penso Assim...” – crônicas. Organização do Livro “Cada Conto um Ponto”. Participação em diversas coletâneas como autora e/ou organizadora.

HOMENAGENS/ TÍTULOS: Troféu “Mulher 2000”. Moção Aplauso pela Instalação da Academia de Letras e Artes de Pato Branco – Assembléia Legislativa do Paraná – 2001. Homenagem “Mulheres Maravilhosas” – Pato Branco – PR - 2001. Homenagem pelo lançamento

Homenagem pela posse e investidura na Academia de Letras e Artes de Pato Branco – PR – 2001 – – PR. Prêmio Destaque Responsabilidade Social de 2002 a 2019. Voto de Congratulações pela posse Presidência Conselho Municipal da Mulher – Poder Legislativo do Município da Lapa – PR – 2004. Voto de Congratulações e Aplauso pelo Dia Internacional da Mulher em nome todas as Mulheres Conselho Municipal da Mulher – Poder Legislativo do Município da Lapa PR – 2005/06. Mérito Comunitário – Dia do Desafio – 2005 – SESC- PR/TAFISA. Destaque Mulher – Mesa Honra Destaques da Lapa – mar/2006 – em nome de todas as mulheres da Lapa – Lapa-PR. Diploma de Louvor – Jovens Empreendedores – Câmara Municipal de Curitiba –PR – 2006. Certificado: Expoente da Grande Curitiba – Destaque Profissional - Câmara Municipal de Curitiba-PR – 2006/2008. Troféu Estrela BPW – Associação Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba – PR – Evento: Special Night BPW – Clube Curitibano 2006. Homenagem Especial na VI Semana de Educação da FAEL – 2006. Votos de Congratulações e Aplausos pelo brilhante trabalho realizado no livro Lapa Tropas e tropeiros – Caminhos da História – Câmara Municipal da Lapa – PR – 2006. Título “Safiras Azuis – Mulheres Maravilhosas” – Ponta Grossa – PR - 2007 – pelos relevantes serviços prestados ao Paraná. Votos de Louvor pela obra “Lapa – Tropas e Tropeiros: Caminhos da História” – Câmara Municipal da Lapa – 2007. Votos de Congratulações e Louvor - pela homenagem póstuma à historiadora Cecília Maria Westphalen – 2007.

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Pare

NEUSA COELHO CORONAVÍRUS Em pleno século vinte um A notícia é preocupante O coronavírus chegou Em velocidade galopante A pandemia virulenta Está em todas as classes sociais Causa pânico nas autoridades E medidas emergenciais

Pare! Escute o planeta inteiro A mensagem e o mensageiro Recrie a vida E a paz esquecida Pare o mundo Pois num segundo Um ser invisível É potencialmente transmissível Pare a destruição E a poluição Pense no coletivo Seja afetivo Pare a discriminação E o jardim da solidão Olhe na imensidão as estrelas no céu As nuvens como véu

O senso é comum, todos acolhem: Isolamento evita propagações O povo em quarentena, se recolhe Esperando novas recomendações

Tenha Deus no coração Com a força da oração Transforme a terra Acabe a guerra

O mundo alarmado Com a total fragilidade Procura matar o COVID-19, malvado Com a arma da solidariedade

Não tenhas medo O ritmo do enredo É para ouvir o chamado De nosso criador amado

Tal qual labirinto, A ciência adverte: Cuide-se, vacina em estudo Em pouco tempo, vírus inerte Humildemente a sós Resta-me pedir a vós: Oh, senhor! Livre-nos de todo mal Escute nosso clamor Verte Teu manto sagrado sobre nós E que tudo volte ao normal!

Seja solidário Com fé e esperança Comece a mudança De norte a sul Um novo planeta azul Deslumbre o futuro Árvores e ar puro Rios cristalinos Com alegria, fazer poesia

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PAULO ROBERTO MONTEIRO

O TEMPO PASSA... Não nos perdoa. Não nos espera. De nada quer saber. O tempo passa... O dia passa.. A noite passa. Não nos revela, Nem hora, nem segundo, Nem raso, nem profundo, O que perdi não quer rever O momento sempre chega, Por mais longe que esteja. Só Basta um segredo: Saber o tempo esperar. É assim vão deslizando Os ponteiros do tempo profano, Temos que a ele, Nossa vida adaptar.

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AMAURI HOLANDA DE SOUZA O TEMPO Cria Constrói Molda Refaz Ressuscita O tempo... Destrói Apaga Machuca E... sepulta O tempo... É passageiro Pode durar décadas Se vai nas horas Deixa lembranças Alivio, em alguns casos... O tempo...

Dos valentes Dos humildes Dos viajantes Dos Esquecidos daquele lugar. Tudo é o Tempo... De agora De antes Do depois O tempo... Dos tolos Dos sábios Dos fracos Dos fortes Dos desesperados O tempo... Uma viajem em dias bons ou ruins... O tempo...

Acaba para uns Recomeça pra outros Inevitável sua dinâmica

É caminho Vereda Atalho

O tempo...

O Tempo...

É choro Alegria É partida inesperada Chegada alugada

Não poupa É reflexo Passa Dura uma vida

O tempo...

O Tempo... Revue Cultive - Genève

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FABIANA ZANELA FACHINELLI

ASSIM COMO AS MARGARIDAS... Dizem que as margaridas representam a pureza tanto do corpo quanto do espírito. É a flor do amor, da sensibilidade, que representa paz, confiança e bondade. Se estudarmos e entendermos a biodiversidade das margaridas, perceberemos que a natureza está em constante busca de seu perfeito equilíbrio.

Por exemplo, se você plantar alecrim, erva-doce, hortelã, ajudará a afastar e a repelir insetos que as matariam, ou seja, é uma forma de proteção. Pode-se dizer que precisamos uns dos outros para sobreviver a esta pandemia. Se nos ajudarmos e nos unirmos, combateremos as pragas e certamente sairemos vivos, e mais fortes. Entretanto, precisamos contar com a cooperação de todos para seguir as normas propostas pela ciência. A mesma ciência que nos mostrou que essas plantas (alecrim, erva-doce e hortelã) controlam as pragas nas flores, também mostrará o caminho da proteção para a humanidade. Nessa situação sem precedentes, existe a necessidade de buscar informações corretas, do contrário seremos levados à conclusões absurdas sobre o vírus através de tantas notícias que nos assolam diariamente.

A flor margarida tem uma incrível facilidade de se adaptar a qualquer solo. Uma curiosidade é que elas são protegidas por uma base chamada pedúnculo que é formada a partir do caule e mantém as flores compostas juntas. Da mesma maneira que as margaridas, precisamos nos adaptar ao solo que temos no momento. AduReza a lenda que os apaixonados ao retirarem bar, regar, retirar as ervas daninhas. Se passaras pétalas das margaridas buscavam a resposta, mos por esta fase, até poderemos perder algumas se seu amor seria correspondido (bem-me-quer, pétalas ou folhas, mas se o solo estiver saudável mal-me-quer). Já na idade média as mulheres tudo poderá nascer de novo. E unidos pelo mesapaixonadas colocavam margaridas em seus esmo motivo que preciso salvar e garantir a vida, cudos quando iam aceitar uma proposta de capoderemos levar esperança a todos. samento. E ainda na crença popular da medicina antiga acreditava-se que as margaridas tinham Existe uma enorme variedade de espécies e gênepoder de cura para algumas doenças oftálmicas. ros de margaridas com diferentes cores, formas e tamanhos. Isso significa que mesmo com suas Neste ano temos muito a refletir com a COdiferenças cada uma tem sua função e beleza na VID-19. Assim como as margaridas que repreterra. Mas a dura realidade para nós é que está sentam o amor, a beleza, a cura, pode-se dizer sendo mostrada a brutal desigualdade entre as que em função da pandemia mundial estamos pessoas. Porém estão aparecendo anjos, anjos buscando um olhar diferente. Muitos diante que ajudam uns aos outros, anjos que ajudam deste momento estão tentando ver o belo da a salvar vidas, anjos que acalmam os corações. vida, trilhar novos caminhos, descobrir alternaDigo isto porque dentro das possibilidades de tivas para viver com paz e harmonia. A consciêncada um, queremos ajudar a diminuir as desicia humana um pouco se perdeu e, por muitas gualdades. A natureza nos mostrou que não tevezes, não soubemos verdadeiramente enxergar mos controle sobre tudo, e que podemos cada que a terra estava doente, e agora estamos de cerum fazer nossa parte no mundo para manter a ta forma a procura da cura para nossas próprias nossa sobrevivência, assim como as margaridas. fraquezas buscando constantemente o equilíbrio da vida. A maioria dessas florzinhas possui pequenos galhos de cor verde, pode-se dizer que é uma peTal qual as margaridas, somos vulneráveis e quena árvore rasteira. Todavia, a beleza delas é sensíveis. Como essas flores são delicadas preciencantadora, seja a de cor branca, a amarela, a sam de outras plantas para o controle das pragas. 24

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Atualidade silvestre, a do campo, a rasteira, as coloridas. Se tivermos tempo para observar veremos que estão em todos os lugares: no caminho de casa, nos parques, nos rios, no meio do mato, ou seja, em algum lugar na natureza, sempre se avistará uma margarida. E é justamente o que a humanidade está fazendo neste momento de isolamento e reflexão, encontrando tempo para observar aquilo que outrora pouco havia observado. Há quem diga que começou a ver coisas dentro de sua casa que nunca havia percebido. Tem os que começaram a cozinhar, costurar, desenhar, brincar mais com as crianças, com seus bichos de estimação, dormir, ler, pensar, não fazer nada, fazer tudo. Quando nos vemos diante do próprio caos, não enxergamos mais a beleza nas coisas e podemos entrar numa profunda depressão. Muitos neste período de confinamento estão apresentando graves impactos psicológicos. A saúde mental tende a ficar prejudicada porque rapidamente tivemos que nos afastar de amigos, familiares, do trabalho. A mente fica sem tranqüilidade, perdida, sem saber que caminho seguir. Tudo que ouvimos gera desconfiança porque nossa capacidade de discernimento está prejudicada. O medo e a insegurança começam a fazer parte dos nossos dias. Assim como as margaridas buscam constantemente equilíbrio na natureza, estamos procurando nosso próprio equilíbrio.

sabe quando será o próximo baque, mas é fato que poderemos nos preparar melhor para as possíveis crises que virão. A beleza das margaridas é encantadora e por isso é uma perfeita escolha para um presente. Assim como as margaridas, podemos sim, ser uma ótima escolha para nós mesmos. Buscar autoconhecimento, confiança, amor próprio, respeitar a si e ao outro, reaprender a amar, e assim se tornar a pessoa que você pode ser. Os repentinos acontecimentos mudaram a realidade de muita gente. É impossível avaliar o impacto dessa pandemia em nossas vidas, mas, com efeito, estamos prestes a escrever uma nova história. Assim como as margaridas que alimentam nossa alma de perfume e beleza, precisamos alimentar nossa fé e acreditar que estamos aqui por algum motivo, que na minha humilde opinião é “AMAR” o que nos foi dado: “A VIDA”! A própria história nos mostra que precisamos nos reorganizar e que tudo passa com a força do coletivo, embasados na solidariedade e no amor. Se observarmos um campo de margaridas numa tempestade, elas não se abaterão, porque ao passar essa tempestade, elas voltarão a florir!

Referente ao plantio dessas flores, a época ideal é na primavera. Desta forma elas germinarão no verão e no outono, pois neste período tem maior propensão a florescerem. Em nossas vidas, em meio a este caos, precisamos plantar novas sementes, cuidar para germinarem na hora certa e não morrerem ou secarem. A origem da palavra margarida vem do latim “margarita”, vindo do grego margarítes, que significa “pérola”. Mas infelizmente, neste momento de pandemia, nem tudo são pérolas. Tempo este de chorar ausências, de pessoas que partiram, próximas ou que nem mesmo conhecemos. Choramos por várias perdas e estamos sensíveis ao momento, porque acima de tudo amamos a vida e ficamos mais solidários, pois a dor de um é a dor de todos. A verdade é que a humanidade sofreu e já enfrentou muitas doenças e junto a isso, momentos de crise apareceram. Nunca se Revue Cultive - Genève

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Atualidade E se infecta por acidente. Daí veio a peste malvada E como uma enxurrada Ao sábio de branco tombou Fazendo dele mais um doente E o médico virou paciente E a morte ao herói levou.

EDENICE FRAGA O Médico Herói

(Alusão aos médicos e profissionais da saúde vítimas do Covid 19) Ele estudou órgãos e tecidos O coração, e todos os sentidos O cérebro e todo o corpo humano. Ele estudou pra curar enfermidades, Pra ser o doutor das maternidades Tocado por um dom sobre-humano. Ele jurou em plena formatura O que disse Hipócrates pela cura, Como o grande pai da medicina. Ele falou de ética e dedicação Disse que ser médico é doação E que o bem ao homem ensina.

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É, mas antes da despedida Fez seu último pedido em vida: “Jamais deixem de procurar a cura! Há sempre a causa e o causador Há sempre a presa e o predador E, a certeza: só acha quem procura”. Como em um último lampejo Balbuciou-me em mais um ensejo: “ Benditas sejam as casas de saúde! Por todos os médicos, enfermeiros, Assistentes, faxineiros e copeiros, Eu peço a Deus... que a todos cuide”! Deste plantão, não me esqueço. Eu, médico jovem e no começo, Deixo-me levar pela emoção. Eu vejo o meu mestre honroso Fazer o seu último pouso E partir deste mundo então.

Ele aprendeu com o doente Com o belo sorriso do paciente Com a fé na melhora do terminal, Que a vida corre por um fio Que lutar pra viver é um desafio E a esperança só acaba no final.

Meu mestre, eu irei a procura E, eu hei de achar a tal cura .....Dessa pandemia global. Sim, tudo passa na natureza E esse triste ciclo com certeza Cedo ou tarde terá o seu final.

Ele que ouvia os gemidos Os soluços de dor ensurdecidos Nas emergências dos hospitais. Ele que foi servo da ciência Um mestre, doutor por excelência Que viveu e lutou por ideais.

Mestre, fico a ti agradecido Partes com o dever cumprido A outro plano espiritual, Ao som da cítara de Apolo Com os anjos te levando no colo Ao sublime reino celestial.

Ele lidou com vírus e bactéria E um vírus infectou a matéria Do corpo de um paciente E o nosso herói de branco Do destino leva um tranco

Edenice Fraga (Tenente-coronel Membro da Academia de Letras dos Militares Estaduais de Santa Catarina)

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GINA TEIXEIRA «MEUS DOIS COMPANHEIROS DE QUARENTENA»

O fato de termos que estar isolados em nossos lares durante a pandemia do COVID-19, devido ao novo corona vírus, me fez ressuscitar um velho hábito que eu tinha com uma magrela. Realmente eu a adoro e inclusive já tive diversos modelos durante esses meus 64 anos. Meu pai sempre me incentivou com essa relação, visto que ele nunca conseguiu dominá-la. Na minha infância um dos programas que meu genitor mais gostava era irmos à Ilha de Paquetá aqui no Rio de Janeiro e ambos compartilhávamos uma bicicleta dupla. Era muito agradável. Nossos corpos seminus, montados na sua estrutura e a sentir a brisa marinha e o sol a nos fornecer a necessária vitamina D.

Certa vez rompi um namoro com um determinado senhor que resolveu me ofertar uma ergométrica, eu a devolvi no momento da entrega, pois eu sonhava com uma bicicleta de 20 marchas. O deus tempo passou e não é que anos depois adquiri uma que no momento é a minha melhor aliada! Até o Toquinho compôs uma música para a bicicleta e o Palavra Cantada também. Sem dúvida estou cada vez mais apaixonada por ela, porém tenho um instrumento que rivaliza com a mesma. Começei minha vida artística com um Silvertone verde, apesar de quando criança ter sido iniciada num Hering azul marinho. Minha mãe gostava Revue Cultive - Genève

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Atualidade tanto de acordeão, provavelmente meus avós não tiveram recursos para lhe ofertarem um. Eu por minha vez não gostava nada, pois era motivo de bullying pelos colegas da época por que a Bossa Nova destacava o piano e o violão.

vinham Davi, e os outros chefes de Israel; eles marchavam alegres, agitando ramos de árvores ao som de instrumentos musicais como liras, harpas, tambores, címbalos e outros”.

Quando estive na Paraíba, terra do Rei do Rítmo, o Sendo franzina, quando da fase da escolha de um querido Jackson do Pandeiro, tive que adquirir um instrumento que era exigido na grade de matérias pandeiro de couro de bode que me acompanhou da Universidade Uni-Rio, no curso de teatro op- nas apresentações pelo Nordeste, contudo o que tei pelo tradicional violão de 6 cordas. Nessa época estou reverenciando no momento é o pandeiro meu pai faleceu, este instrumento, que me foi dado de couro de lhama, que encontrei no mercado por um namorado, me remetia sempre à época do de Guadalajara no México. Ele tem 2 carreiras de luto e o fato de ter sempre que estar com as unhas platinelas e me encantou. Ele foi meu parceiro nas aparadas. Após o término do curso coloquei-o no performances durante a Feira do Livro. canto da casa. Atualmente devido às famosas lives, este último é Como gosto muito de samba e sou independente, o meu fiel escudeiro. Ele tem um som tão potente resolvi que iria ter um pandeiro para me au- que, algumas vezes, se torna o protagonista da to-acompanhar. Uma idosa ilustre, amiga de um minha atuação. misto de cantor e luthier, pediu para ele confeccionar um de pele de cabrito para mim. Foi amor à Existem também pandeiros de acrílico com que os primeira vista. Vinte e seis cm cabiam facilmente passistas fazem acrobacias e são bem grandes. Agoem uma bolsa e podia viajar comigo. Comecei en- ra os homens estão tocando os pequenos, que no tão a ter aulas para dominá-lo melhor. passado eram chamados de pandeiros de moças. Em Cabo Verde, na África, as moças tocam uns Confesso que passei a me interessar por outros de pandeiros enormes de couro. diâmetro menor, pois eram mais leves ainda. Daí para frente sempre que viajava procurava um ir- Como dizia o Caetano Veloso: Como é bom poder mãozinho para ele. tocar um instrumento... Estive em Pucón no Chile e encontrei um hexa- E finalizo com o salmo 81.2 ” Cantem com alegria, gonal com 3 carreiras de platinelas, fiquei encan- cantem salmos com acompanhamento de pandeiros, tada, pois no Brasil, normalmente, são feitos com harpas e liras”. uma única carreira e uma base de madeira num dos lados o que o torna desconfortável para maGina Teixeira nuseá-lo. Quando estava num mercado de Jerusalém me deparei com um jogo de 3 pandeiros com uma espécie de mosaicos na parte da madeira, mas sem a cravelha que possibilita apertar o couro. Comprei-os porque além de lindos, lembrei-me de algumas citações da Bíblia que aprendi com o meu primeiro professor de percussão. Para quem não domina o livro sagrado seguem algumas considerações: Salmo 150:3-5 “Cantem glória ao Senhor com tamborins e danças, com instrumento de corda e flautas!; Êxodo 15:20 “Então Miriã, a profetiza irmã de Arão tomou um tamborim e começou a dançar, acompanhada pelas mulheres” e 2 Samuel 6.5 ” Aio ia à frente e logo atrás 28

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Artista carioca e Auditora da Receita Federal aposentada . Bacharel em Teatro pela Uni-Rio, com Pós Graduação em Direito Previdenciário. Começou no Teatro de Revista como vedete com o nome de Lady Gigi na Cia.do Colé. Está Presidente da Casa do Compositor Musical . É membro da Academia de Letras do Brasil, ALALS, ACLAL e A.C.I.MA e gravou seu primeiro CD “Reina Regina” pela gravadora SOM MASTER. . Apresentou-se em Puerto Rico, Montreal, San Bernardo, Rosário, Lisboa, Burquina Faso, Maputo , Luanda e Bissau. Sua última atuação foi em “Chica Boa”, comédia de Paulo Magalhães onde fez o papel título nos teatros Henfil, Princesa Izabel e Henriqueta Brieba no Rio de Janeiro.ginateixeira@globo.com Tel:5521-99621-4284


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Atualidade

CONSELHO DO CIDADÃO EM GENEBRA Conselho de cidadania é um foro apartidário e laico criado para articular ações em benefício da comunidade brasileira residente no estrangeiro. Os conselhos são regidos por um estatuto e pelos dispositivos pertinentes do manual de serviço consular e jurídico do ministério das Relações exteriores do Brasil.

Quinze conselheiros são eleitos pela comunidade brasileira, desse total, seis vagas são reservadas para representantes dos cantões que fazem parte da jurisdição do Consulado-geral do Brasil em Genebra (Vaud, Neuchâtel, Friburgo, Jura, Valais e Genebra), as nove vagas restantes são epreenchidas com os demais candidatos com maior votação, sem considerar-se o cantão onde residem. Os eleitos A população brasileira na Suíça é estimada entre permanecem por um período de dois anos e o gru25 e 40 mil. O fato de muitas pessoas não estarem po se divide em comissões de trabalho: Comissão registradas nos consulados ou viverem no país com econômica, Cultura, Educação e Esporte, Integraoutros passaportes, dificulta a apresentação de nú- ção, Assistência social e saúde, Comunicação, Jurímeros oficiais exatos. Segundo o Instituto Brasilei- dica. Os trabalhos se desenvolvem de acordo com a ro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 3,5 milhões proposta de cada mesa, ficando o conselheiro livre de brasileiros vivem no exterior. para apresentar projetos dentro das suas respectivas mesas de trabalho. As dificuldades em viver no exterior giram em torno dos costumes, da língua, do desconhecimento dos direitos e deveres, em conseguir trabalho, mo- Edital oficial com o resultado dos conselheiros radia, assistência médica, proteção contra a violên- eleitos para o biênio 2020/2022 em Genebra cia, escolarização entre outros. Para conseguir auxílio, os imigrantes brasileiros recorrem a outros brasileiros com mais experiência e contato. Assim a integração da maioria dos imigrantes acontece através do sistema boca à boca. Ao longo do tempo e em vista da necessidade em apoiar os brasileiros na Suíça, muitas pessoas prestam auxílio aos compatriotas, assim várias associações foram se formando, oportunizando a troca de ideias e a coleta de informações sobre as necessidades, problemas e interesses da comunidade brasileira. Hoje existe o Conselho de Cidadania da Suíça Romanda, um foro de aconselhamento e representação da comunidade brasileira local perante o posto consular e o Governo brasileiro. O conselho tem como objetivo aproximar os nacionais que vivem na Suíça Romanda e o consulado-geral, estabelecer a interlocução Governo/Sociedade Civil, bem como planejar e implementar projetos que beneficie a comunidade brasileira local. Revue Cultive - Genève

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Atualidade

ESTER A NOVA CONSEILHEIRA EM GENEBRA «Como membro do Conselho minha proposta é orientar no turismo na Suíça ou no Brasil, realizar atividades esportivas para a terceira idade com práticas como o Tai Chi que melhora a qualidade de vida. Além disso, com a minha vasta experiência na área da beleza, posso auxiliar nos cuidados com cabelos, penteados e maquiagem.»

Ester Damiana do Nascimento

tem 55 anos, duas filhas adultas, ormação de Guia de Turismo cadastrada no Ministério de Turismo no Rio de Janeiro, Brasil. Como Guia de turismo ela trabalhou em grandes eventos: carnaval, olimpíadas e paraolimpíadas, e Rock in Rio no Rio 2016. Ester é uma mulher ativa, trabalhadora, inquieta, apaixonada pela Suíça, onde morou há vinte anos. Sua força vem da detrerminação e da dsiposição de enfrentar a vida sempre com um sorriso nos lábios, chova ou faça sol. Muitos altos e baixos aconteceram na sua vida, mas nada a faz perder a esperança e a vontade de recomeçar. Com honestidade, sinceridade e muita amizade ela conquista todos a sua volta, os apoios chegam sem pedir e com muita ombridade ela vai espalhando sorrisos e adquirindo confiança. Os seus aprendizados, ela os divide com outros e não nega auxílio a quem precisa, porque Ester acredita que é dando que se recebe.

tou a tesoura. Na sua nova lista de ações varios projetos em vista, mas pretende focalizar o turismo, sua paixão.

Ester candidatou-se para o conselho do Cidadão de Genebra e foi eleita. Seu objetivo é de propor ativiNa Suíça ela conheceu seu marido chileno e com dades em torno do turismo. Visa, também, poder ele teve duas filhas enquanto morava no Rio de Ja- oferecer instruções no setor da beleza feminina. neiro. Ela aguarda o fima da pademia para se lançar no trabalho do Conselho e propor os projetos que tem Ester ama trabalhar com o público, por isso es- em mente. colheu formaçãoes que a põem em contato com pessoas. Além do turismo, ela fez também fez uma formação como cabeleireira, abriu num salão no Rio e dividia-se entre organizar eventos e o trabalho de cabelireira. O tempo passou, as filhas cresceram, fechou o salão e pegou o avião par ao país do seu caração. Aposen32

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Atualidade

CONSELHEIRA EDNA ANDRADE CASSIANO - Genebra Quando cheguei fiquei encantada com Genève, lugar muito lindo, vi também a possibilidade de trazer meus filhos e lhes oferecer uma oportunidade de mudar radicalmente de vida. EDNA Enfermeira foi voluntária nos postos de saúde no Brasil., artesã ela é apaixonada pelo de tricô, pelo crochê, pelo bordado etc. Foi professora de artes no Brasil em várias comunidades e em bairros carentes. Morava em Suruí, Magé, Rio de Janeiro e veio para a Suíça em 2011 quando recebeu o convite da sobrinha para cuidar de sua filha Stéphane, um bebê de 2 aninhos. Apaixonou pela cidade e procurou integra-se. Sua busca diária por aprender e compreeender os meios de integração propocionou-lhe um aprendizado forçado pela prática. Cercada de todas as dificuldades que, normalmente, tornam-se impecilho para muitos imigrantes estabelecerem-se e encontrar o caminho da legalização e da sobrevivência no pais, forçando-os muitas vezes a desitirem de lutar pela permanência, Edna não

baixou os braços. Determinada e acreditando que seria possível vencer as dificuldades e permanecer na cidade na qual ela via uma porta aberta com promessas iluminadas convidando-a a permenecer, ela se debateu para conseguir todo auxílio necessário. Muitos auxílios de brasileiros e de suíços foram os apoios que possibilitaram a Edna de vencer, mas também sua persistência deram-lhe a possibilidade de estabelcecer-se em Genebra, juntamente com a sua famiília. Hoje ela, vive uma vida tranquila, sabendo que seus filhos estão protegidos. Edna sente-se um a pessoa vencedora. Conseguiu o respeito mesmo de quem não acreditava nela. Ao relembrar seus passos percorridos, ela analisa a vida com sabedoria, sem revoltas, sem mágoas e sobretudo com muita gratidão pelo país que a acolhe. Edna decidiu candidatar-se ao conselho desejando transmitir às pessoas imigrantes o que aprendeu ao longo da sua vida e que lhe foi sempre útil. Sua proposta na função de Conselheira Comunitária é de utilizar seu conhecimento na fabricação do artesanato, dando aulas de artesanato em tricô e crochê, proporcionando uma atividade manual e recreativa, além de auxíliar com a sua prática no que diz respeito a sua experiênca pessoal. Revue Cultive - Genève

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Atualidade Paraíba- Brasil desde 2016); a Caravana Cultural Cultive em 5 cidades do Nordeste quando colocou em prática a 1a FECC em 2018 e 2019; a Caravana Cultural Internacional Europeia em maio 2019; organiza o Concurso Cultive de Literatura para adultos e infantil; organiza a Antologia Cultive (na oitava edição). Recebeu Prêmio Mérito Cultural do Jornal sem Fronteiras em 2017, Prêmio Flippo 2018, Prêmio Caruaru 2018/2019, Comenda de Cheverny 2017, Melhores poeta do Ano de 2012, Prêmio Mil Poemas para Gonçalves Dias, Concurso Ser Brasileiro (Noruega). Recebeu Selo de Reconhecimento Juvenal Galeno 2019 com base no ato institucional n° 006 de 20 de fevereiro 2016. Menção de Mérito emitido pela Câmara Municipal de Mandaguari em 2019 em reconhecimento à dedicação e incentivo à cultura brasileira. Prêmio de incentivo Cultural emitido pela Fundação Juvenal Galeno em 2019.

Valquiria Guillemin Imperiano

Com base nas suas atividades ligadas à cultura e ao auxílio aos imigrantes que realiza na Associação Cultive em Genebra, Valquiria Imperiano assumiu o Conselho do Cidadão em Genebra, após eleição, com a finalidade de continuar a realizar atividades no que diz respeito à cultura e às ações sociais. Desse modo pretende elaborar projetos que possam alcançar os brasileiros residentes em Genebra.

Todo projeto proposto por qualquer um dos membros do CDC é avaliado e ponderada sua Nasceu em João Pessoa, Paraíba – Brasil. Naturali- necessidade, urgência e possiblidade de execução zada Suíça. Formada em Letras na Universidade de pelo grupo de Conselheiros do Cidadão. Mandaguari Paraná, fez aperfeiçoamento de redação e estruturação da língua portuguesa e reingres- Paralelo às suas atividades sociais, ela é artista plássou na faculdade de letras francês na UFSC, cursou tica e escritora com exposições na Europa, EUA e francês em Genebra. Foi Secretaria e Orientadora no Brasil. educacional no Jardim de Infância dra. Renata em Mandaguari – PR. Foi alfabetizadora do Mobral Livros publicados: Espelho meu Espelho - poesia, nos 60 em João Pessoa na Paraíba, lecionou lín- Navegando em Ondas - poesia, Le livre des petits gua portuguesa em escolas públicas e privadas em Mots – poesias e pensamentos; Cofre aberto – poeFlorianópolis – SC. Lecionou língua portuguesa sia, O rosa e o Azul- contos e crônicas; Southend para estrangeiro. É diretora e fundadora da Revue on the sea - livro de arte; Sourit et LeoLeon- infancultive e da Revue Artplus impressa. Fundadora til; O jardim da consciência-contos; teve participae presidente da Association Cultive. Colocou em ção em mais de 40 antologias. prática na Associação Cultive o curso de francês para estrangeiro e uma assistência informativa ao http://escritora-valquiriaimperiano.blogspot.de imigrante brasieliro. Elaboru e colocou em ação http://www.blurb.fr/b/5526681-untitled https:// vários projetos internacionais tais que: promoção www.facebook.com/valquiria.imperiano?ref=tn_ da literatura brasileira no Salão do Livro de Gene- tnmn bra (4 anos consecutivos), o Intercâmbio cultural h t t p : / / w w w . a m a z o n . f r / V I N G A N Brasil Suíça em 8 cidades do Brasil, a Campanha Ç A - D E U S E S - FA C E - L i v r o - P o r t u g u e s e da Felicidade ( campanha cultural e filantrópica na 34

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Atualidade a funcão de presidente e porta voz do Conselho, Angela entregou o cargo à nova presidente do Conselho de Genebra, Silvana Cassini e à nova porta voz, Shalimar Portela, ambas eleitas pelo novo grupo de conselheiros eleitos em abril, para assumirem os respectivos cargos no Conselho de Cidadania.

Angela Mota

Angela, juntamente com o grupo que terminou o mandato, realizou uma gestão movimentada e bastante valiosa para a comunidade brasileira em Genebra. A agenda proposta pelo antigo conselho, focalizou, durante dois anos, atividades festivas que valorizavam o foclore brasileiro, a música, a literatura, a saúde e a educação. Conferências na área da saúde, das ações sociais, assim como vários temas importantes para que os brasileiros obtenham esclarecimentos de cidadania e de integração foram elaboradas.

, brasileira, enfermeira e ativista cultural, fundadora e presidente Angela encerrou seu trabalho e, agora, cabe ao da Associação ECCO. Após 2 anos trabalhando novo grupo eleito continuar a linha de atividades no Conselho do Cidadão de Genebra ocupando iniciadas, aprimorando e elaborando novos projetos.

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homenagem

UM DIA DAS MÃES ÍMPAR Por: Valquiria Imperiano

Hoje é um dia muito especial. É um dia que toca muita gente de formas diferentes. Um dia das mães ímpar!

fabri cam o seu presente com material de recuperação, colares feitos com macarrão ou sementes, porta lápis fabricados com latas e vidros de Existe mães acostumadas com a conserva vazio e garrafa pet, cartões reclusão, mesmo contra a sua vontade; desenhados em folha de papel e flores armães que não conseguem mais nem lembrar que rancadas do jardim. Se colocarmos os presentes foram mães e o que isso representa; as que não juntos, não veremos a diferença de classe social. recebem o telefonema do filho, nem sua visita; as Mas quem se importa, hoje, com o valor moque estão distantes; as mães e os filhos que estão netário do presente, se o presente maior presente em hospitais entre a vida e a morte; as que estão seria um abraço real com troca de calor, um beijo trabalhando; mães que guardam a dor de serem molhado do nosso bebê e mesmo que não seja de excluídas da vida dos filhos por motivos divertodos os nossos filhos, um só poderia representar sos, que a mim não cabe julgar. nossa prole? Hoje, muitas mães não puderam ser abraçadas, nem receber a família para o almoço do dia das Mães. Não houve diamantes, nem ouro, nem sapatos, nem bolsas, nem perfumes importados, nem buquês de flores vindas das floriculturas. Hoje é um dia das mães em que o pobre e o rico 36

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As famílias que puderam permanecer unidas, hoje, registrarão os membros sorrindo por trás das máscaras de proteção contra o covid em uma foto que será guardado nos arquivos “família” dos telefones ou postados na rede social.


homenagem abraçar seu filho pelo telefone ou pelo áudio. Meu Deus! Foram tantas respostas ao vídeo que chegaram sopradas pelo vento da distância. Pareciam passageiros dentro de um barco navegando nas lágrimas das emoções e ancorando no meu porto. Segurei minhas glândulas lacrimais. Logo hoje! Que me levantei alegre! Maquiei-me O distanciamento abateu o ânimo de muitas e troquei o pijama por uma roupa de festa para mães! Quase todas sentem o efeito de ficarem receber os abraços longínquos das minhas filhas longe dos filhos e da família ou a tristeza por não e para enviar o meu a minha mãe. poderem ser abraçadas no seu dia. Muitas têm dores dobradas, não podem receber o abraço do De cada mensagem extraí um obrigado cheio filho e ainda tem que chorar suas perdas. Sim, de gratidão por ter seu nome no caderno dos chorar a perda do seu companheiro e até a per- não esquecidos. As mensagens não vieram da do seu filho. Hoje é um dia das mães marca- acompanhadas de fotos em família onde todos do com uma faixa preta, um dia de luto que nos comem um churrasco, abraçados, sorrindo e obriga a procurar força e coragem, para comba- felizes. Foi mais profundo, mais aberto aos senter a tristeza do enclausuramento forçado, nas timentos; mostrava suas almas e um pedido de reuniões on-line, nos vídeos, nas mensagens “za- socorro espiritual. peadas” e nos áudios. São tantas emoções e tão verdadeiros os senEstou aqui longe de muita gente, das minhas timentos! Esse isolamento provocado por esse filhas e da minha mãe. Enviando meu pensamen- vírus está causando muito estrago físico, mas to e meus poemas virtuais. As respostas acumu- está por outro lado nos obrigando a olhar além lam-se. Sinto que muitos, mesmo que distante, do nosso cercado, reavaliar nossos valores e a precisam dessa lembrança, desse carinho virtual. nossa sensibilidade para que deixemos aflorar o nosso humanismo além das fronteiras do nosso As respostas chegaram em forma de mensagens eu egoísta. contendo, entre as linhas, o nó da garganta do remetente, que apesar do esforço em camuflar, a Hoje o dia das mães foi feito de abraços disemoção, a dor ou o sofrimento são perceptíveis tantes, de cartões desenhados sobre uma folha na engasgo e nas reticências. Foram mensagens de papel qualquer, de presentes feitos pelas mãos agradecendo o vídeo poético. Mensagens embo- das crianças. Foi um dia das mães onde as ligaladas nas lágrimas, seguidas de um anúncio ex- ções sobrecarregaram as linhas da operadoras e plícito ou camuflado, sobre a morte do irmão, da a internet tornou-se lenta porque em cada ponmãe, do filho, do marido, do vizinho ou de um ta do planeta um filho correu para enviar uma colega; outras, mensagens afogadas na agonia mensagem. E aqueles que sempre esquecem da por estar imobilizado(a) numa cama em casa, data, dessa vez ficaram felizes em ter a mãe para num leito de hospital; mensagem de quem está conversar porque o tempo e a falta de ocupação, trancado no quarto sarando do covid, sozinho e nesses dias de pausa, lhes permitiram não esquedesejando “um feliz dia a sua mãe” e explican- cer de dizer: “Feliz dia Mamãe! Eu te amo! E que do que abraçou a mãe tendo a porta como escu- Deus te proteja!”. do; outras, lacrimosas por só poderem, apenas,

Para marcar a data, fiz um vídeo com um poema, enviei-o para os meus contatos e postei-o na rede social. Em reposta ao meu vídeo, recebi muitas mensagens de agradecimento, porém muitas mensagens sofridas pelo distanciamento e pelas perdas.

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homenagem

Homenagem às Mães em tempos de reclusão MARIA INÊS BOTELHO

Que saibamos tirar conclusões para um bem viver, respeitando a família, ao outro, a Deus. É preciso devolver ao mundo uma trilha iluminada

FINITUDE DE UM TEMPO, ESPERANÇA POSTA NO AR

pelo Sol, pela Lua, pelas constelações estelares, pelo alcance de nossos olhares. Abracemos o conceito, cada vez mais do viver em comunhão, tão caro a nós, seres postos para o viver pelo abraço, pelo contato direto em ruas, estradas, por inúmeros caminhos. Sigamos as orientações divinas, científicas, humanas em suas essências e alcançaremos o não limite

posto à alegria, à felicidade, Mais uma manhã de um tempo incomum aconà concretude do amor. tece. A porta ainda está fechada, as janelas estão cerradas,

Sejamos irmãos de coração e raça,

a vida continua sem cor,

tendo um céu límpido em nossas vidas.

sem rítmo e sem som.

As portas e as janelas se abrirão deixando o amor, novamente, entrar

A pandemia continua o seu caminhar.

e, definitivamente, se hospedar.

O limite de seu alcance ainda está sem findar. As pessoas têm em si o desejo do seu acabar para a vida ao seu rítmo normal voltar.

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Sejamos luz na busca pela saída desta não desejada escuridão.


homenagem

MARIA JOSÉ ESMERALDO ROLIM

HOMENAGEM ÀS MULHERES MÃES! Estação mãe gratidão! Há pessoas que entram na nossa vida Como uma estação Estação de vida A ser vivida Estação de flores sempre florida Perfumadas de bons humores Estação mãe, gratidão! Há pessoas que entram na nossa vida Como uma estação Estação de vida, a ser ouvida Estação de flores, sempre querida Perfumadas de bons humores Como os amores Estação de vidas aprendidas Aprendidas com suas vivências e sapiências Assim são as estações ao sermos mães Estações sempre abertas às grandes inovações Abertas a qualquer hora, em qualquer situação Com chuva, com sol, Como anda a sua condição Alegre ou triste, não importa! Mostra só seu coração

Estação mãe é disponível em qualquer ocasião Espera o trem da vida em qualquer estação Assim sempre é ser mãe... Disponível em qualquer situação Sempre dispostas a escutar nosso coração Quando elas também necessitam de amor, carinho e gratidão Hoje saudamos a quem vive essa estação A estação de ser mãe Mas que precisa, na velhice, de muita proteção O trem vida, veloz, levam-nas ligeiro Ficando para sempre só o cheiro Na nossa doce lembrança Lembranças de um amor De uma estação de ser mãe Bem longe, o trem da vida a levou Mãe querida, a saudade hoje sufocou Hoje, você vive bem longe... Bem junto de Nosso Senhor! Especial à: Maria Enedina Ferreira de Castro, minha mãe

Assim terá o remédio que procura Para salvar sua emoção Revue Cultive - Genève

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homenagem

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo - Presidente do Núcleo

Académico de Letras e Artes de Portugal

MÃE, BÚSSOLA DO AMOR Não é nada fácil ser Mãe, ainda que a análise parta de um homem, na medida em que ao longo da história da humanidade, a Mãe tem arcado com as maiores responsabilidades na família e na sociedade porque: em primeira instância, é ela que prepara homens e mulheres para o mundo; é ela que ensina as primeiras palavras, as boas-maneiras, os bons hábitos. Quem não se sente honrado, feliz e abençoado por ter a Mãe presente, sempre do seu lado, nas alegrias e nas tristezas, nos sucessos e nos fracassos, na saúde e na doença? Quantas pessoas em geral, e quantos filhos, em particular, suspiram pela sua Mãe, ou porque ela faleceu, ou porque teve de abandonar o lar, por razões que nem sempre serão da sua exclusiva responsabilidade? A Mãe, em toda a sua plenitude, é indispensável.

uma felicidade maior do que termos a nossa Mãe. Reconhecendo-se como insubstituível as funções de Mãe, numa sociedade civilizada, defensora e praticante dos mais elementares valores do amor, da dignidade e da felicidade, é tempo de se engrandecer a Mulher, nesta sua dimensão ímpar, concedendo-lhe as condições necessárias para que ela tenha um papel mais ativo e decisivo na formação das mulheres e dos homens que, num futuro próximo, nos vão governar, porque cada vez mais se faz sentir a necessidade de uma sociedade mais humana, mas justa e fraterna. As Mães de todo o mundo transportam nos seus ventres e lançam para a luz do dia crianças que carecem, não só enquanto tais, mas durante toda a vida, dos valores e sentimentos que suas mães lhes podem e, certamente, transmitem. Nota-se muito bem uma criança que está sob a proteção e amor de sua mãe, daquela que não tem ou nunca teve essa bênção divina.

Como é triste ouvir os choros lancinantes de uma criança, ou até de um adulto, a chamar pela sua Mãe, a pedir-lhe socorro, a pedir-lhe comida, agasalho, proteção e amor. Como estas situações penetram bem fundo na consciência de quem sabe o que é ter uma Mãe, o sorriso carinhoso da Mulher que primeiro se ama na vida, a doçura de um beijinho, a suavidade de uma carícia terna e meiga e, Quantas vezes ao longo da vida recorremos à nostambém de uma “palmadinha” para nos chamar a sa Mãe: para nos ajudar, material e/ou espiritualatenção das nossas traquinices. mente; quantas vezes ela nos negou a sua ajuda? Quantas vezes nós nos interrogamos, profundamente ansiosos: Mãe, onde estás? Ajuda-me! Não me abandones, Mãe! É muito difícil refletir-se e escrever-se sobre a Mãe, em geral; e sobre a nossa Mãe, em particular, sem que os sentimentos de amor, de saudade ou até de arrependimento, pelo que de errado tenhamos feito, contra a nossa Mãe, nos chamem à razão, nos alertem para a riqueza que temos, ou perdemos, ou ainda que maltratamos. De facto, ter Mãe é a maior riqueza que se pode obter neste mundo, e quando a nossa Mãe se nos revela com todo o seu amor, sem limites, nem julgamentos e condenações prévios, nem exigências de nenhuma natureza e que, simultaneamente, nos defende, nos elogia, nos projeta para a vida e para a sociedade, então consideremo-nos as pessoas mais felizes e mais ricas do mundo, porque é impossível 40

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homenagem Como é bom ter a Mãe do nosso lado, sem condições, nem exigências, e sempre junto de nós, qual baluarte de defesa das nossas fragilidades! Com é imenso o amor de Mãe que pelos seus filhos é capaz de vencer tudo e todos. Como é essencial o acompanhamento de uma Mãe, ao longo das nossas vidas. Como o mundo seria melhor se nós ouvíssemos os sábios conselhos das nossas mães, os valores e sentimentos que elas nos transmitem.

do detentora de um qualquer poder, especialmente os líderes: políticos, legislativos e executivos, bem como de todas as atividades, se adotassem medidas justas, humanas e adequadas à proteção das famílias em geral, e das Mães em particular.

Afinal foram, continuam a ser elas, as nossas Mães, que nos ajudaram a chegar até onde estamos, a elas devemos muito dos nossos sucessos, do nosso conforto e felicidade. Sem as nossas Mães do nosso E como será bom para uma Mãe receber dos seus lado, sem o seu amor, carinho, tolerância e auxílio, filhos o respeito, a admiração, o amor incondicio- provavelmente, não passaríamos de vulgares crianal. E, quando necessário, tal Mãe poder contar turas, sem valores, sentimentos e, eventualmente, com o filho, igualmente, do seu lado e com ele re- sem rumo na vida. solver os problemas da vida. Como será gratificante para uma Mãe saber que o seu filho lhe proporcio- Por tudo isto, e não é nada pouco, governantes, nará as melhores condições de vida, que a visitará que também são filhos, protegei as vossas Mães, as frequentemente, ou que a terá junto de si, se a vida nossas Mães, defendei as Mães de todo o mundo, lhe permitir porque, em quaisquer situações, a Mãe porque sem elas, seríamos incompletos. Amemos saberá sempre compreender o filho e enquanto pu- as nossas Mães, respeitemo-las através do Amor, der, mesmo na velhice, mesmo privando-se de bens da Doação, da Ética, da Gratidão, da Lealdade e da essenciais à sua vida e saúde ela, essa Mãe extremo- Honestidade. É o mínimo dos mínimos que por sa e amorosa, continuará a velar pela felicidade do elas podemos fazer. seu filho e, quantas vezes, dos netos. Mãe Querida, onde quer que estejas, um beijo, com Seria muito significativo e revelaria boa formação imenso amor, do teu filho. e sentimentos nobres, toda aquela pessoa que, sen-

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A CASA DE GUIMARÃES ROSA por: MADALENA STOCCO MACHADO

com toda a história que habita nas construções das cidades de Ouro preto, Mariana, Tiradentes, São João Del Rei, Congonhas , e outras. Minas trás em seus casarões a verdadeira etnia das nossas origens, trás nas obras do fabuloso aleijadinho toda a riqueza e talento de obras que nos faz entender , entre outras , que escravos foram explorados ate a última gota de suor e sangue para que tudo isso fosse construído e que o Império levou muita riqueza dessas minas. Mas acho que o que me atrai mesmo em Minas Gerais é o fato de nesta terra que foi rica em ouro, nasceu, os que considero, os dois grande escritores Brasileiros: Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa. Drummond nasceu em Itabirito e Guimarães em Cordisburgo, há 120 quilometros de Ouro Preto. Em 2019 estive lá visitando essas cidades, eu já havia ido a Cordisburgo para visitar a famosa Gruta de Maquiné, mas desta vez estava decidida ir até a cidade Natal de Guimarães e conhecer a casa museu.

Nasci e vivo ate hoje em Maringá, no Paraná, amo minha terra, mas sempre tive um fascínio pelo Es- Saimos cedo de Ouro preto, visitamos a Gruta e tado de Minas Gerais, fico encantada com o jeito depois seguimos até Cordisburgo, que fica bem dos mineiros falarem, com as comidas deliciosas e próximo. A cidade é muito pequena e pacata, com 42

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Viagem Virtual bando, a guia nos informou que, se pudéssemos esperar um pouco, poderíamos assistir a uma apresentação dos Miquilim, grupo de adolescentes contadores de estórias em homenagem a Guimarães Rosa , que ainda se encontravam em sala aula , mas logo poderiam vir para nos brindar com a apresentação. Não nos empolgamos muito, mas decidimos esperar. Logo apareceu os jovens, acho que, dois meninos e duas meninas. Eles nos conduziram até o fundo jeito nostálgico e bucólico como a maioria das ci- do quintal do museu, passando por um bonito jardades do interior (principalmente de Minas). dim e ficamos numa espécie de edícula, com alguns degraus, que serviam como palco para a apresenFomos de imediato para a casa museu Guimarães tação. Rosa, casa de alvenaria, com portas e janelas de madeira, casa relativamente grande, uma vez que Nos explicaram então, que faziam parte de um proali funcionava também o armazém, conhecido jeto chamado “os miquilim” (inspirado no persotambém como “venda” de secos e molhados da fa- nagem do conto “Campo Geral), ” e que foi uma mília. iniciativa da sobrinha de Guimarães, Calina Guimarães, para fazer algo pelas crianças da cidade e Uma moça simpática nos recebeu e nos conduziu a manter a memória e obras do escritor vivas. uma visita guiada à casa, onde nos explicou cômodo por cômodo, como era a distribuição dos quar- O projeto é direcionado para jovens da cidade, altos, onde pudemos ver objetos , pessoais da família, fabetizados, que passam por oficinas de oralização mobília , fotos e documentos que registram a vida, oferecido pelos professores e apoiadores do Projea história e as obras do autor, tudo muito bem to. conservado. De imediato, imaginei, como seria entediante e A guia destacou o quarto onde a avó dele ficava e o sem graça ouvir o linguajar de Guimarães sendo quarto das irmãs, com uma porta ligada ao quarto narrado por adolescentes...que engano!! Em pouco dos pais para que a as meninas não saíssem à noite. minutos estava eu, em lágrimas, com a emoção à Mas o que mais me impressionou, foi o cômo- flor da pele ouvindo aqueles meninos. do onde funcionava o armazém, com prateleiras, balança e outros objetos típicos dos armazéns da Os miquilins não são meros narradores que decoépoca, e o detalhe do balcão, onde Guimarães se ram e recitam os textos, eles transmitem com senescondia, para não ajudar o pai no atendimento, sibilidade, com poesia, musicalidade os trechos da pois não gostava desse trabalho, já sabia que não obra, que nos emocionam , como se tivéssemos era esse seu destino. em nossa frente a cena do livro do autor citados pelos jovens. Das janelas e das portas do armazém, avista-se o campo, com uma espécie de pasto, muito capim, Sai de lá, perplexa , feliz e emocionada, sabendo que poucas árvores e alguns animais, mas com um in- a casa Museu e o projeto Miquilim manterá sempre finito horizonte verde que se debruça, ao final, sob viva e presente a vida e obras desse escritor, único um céu de nuvens claras. e espetacular, de um talento e criatividade indescritível, que nos brindou com tantas obras maraA guia nos conta então, que foi dessas janelas, vilhosas, e que nos faz viajar com ele pelo sertão e olhando essa imensidão durante horas, que Gui- veredas das Minas Gerais, que o imaginário dele marães imaginou , sonhou e se inspirou para escre- tão divinamente descreveu. ver Grande Sertão: Veredas. Madalena Stocco Machado E quando imaginávamos que a visita estava aca- Maringá-Pr. Revue Cultive - Genève

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LISBOA UM PASSEIO CHEIO DE CHARME -

de Lisboa são Rua Augusta, Rua do Ouro e Rua da Prata, as transversais como Rua dos Sapateiros e Rua dos Correeiros e muitas mais. Essas estão cheias de restaurantes. Passeando pela Rua Augusta temos no final, uma vista do arco que é uma joia da arquitetura mundial e, um mirante que proporciona uma visão espetacular da praça do comércio e do Rio Tejo. Para passear em alguns pontos por: históricos, como o Castelo de São Jorge, temos o Nazaré Cavalcanti metro e os bondinhos entre outros. Subir o elevaA porta de entrada para Portugal é, sem dúvida, dor de Santa Justa que vai dar ao Largo do Carmo Lisboa que merece pelo menos quatro dias para se também é ponto obrigatório. Esses momentos ainvisitar e conhecer o que há de melhor. Mas o mais da podem ser enriquecidos com o sabor das deliagradável é deixar essa visita para o final de uma ciosas confeitarias de doces portugueses. Ainda viagem. Estou em Lisboa há muitos anos e tenho podem ser vistas outras atrações turísticas como o Museu da Cerveja, restaurantes ao ar livre e alguns grande carinho e amor por essa cidade. ministérios. Vale lembrar a Sé Catedral reconstruída várias vezes em estilo barroco e gótico, a Igreja Vamos começar pelo centro. da Madalena e a Igreja de Santo Antônio, próxima

Temos as ruas que são conhecidas como a baixa de Lisboa. Normalmente todos os comércios tradicionais das cidades portuguesas são conhecidos como “a baixa”. Quando dizemos “vamos à baixa” é sinal que vamos ao centro onde está o comércio com grande número de pessoas com sacolas para lá e para cá. A animação ali se vive. As ruas principais 44

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à Sé. Continuando o passeio temos uma zona portuária do Tejo conhecida como “Cais do Sodré” que nos leva até ao mercado da Ribeira. O cais do Sodré se destinava à venda de pescado fresco e legumes. Em 2014, o mercado foi revitalizado e aberto ao públi-


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Seguindo o nosso passeio vamos até ao padrão dos co com mais ou menos quarenta estabelecimentos descobrimentos, que é uma caravela estilizada com entre bares e restaurantes. esculturas do Infante D. Henrique, grande impulsionador das expedições portuguesas, Vasco da Agora vamos ao Chiado e Bairro Alto, onde encontramos lembrancinhas artesanais para recordar o passeio. O Chiado é um lugar de conversas com bares e cafés para encontros pontuais. Na Rua Garret, o café “A brasileira” tem na entrada uma estátua em homenagem a Fernando Pessoa, que era cliente ilustre do café. O Bairro Alto é conhecido como a área mais boemia onde visitantes se encontram para tomar um drink e falar das notícias. Não faltam lá tascas (botequins) e o famoso fado poesia cantada e acompanhada pelo som de uma guitarra, que virou Gama, Pedro Álvares de Cabral e outros nomes que símbolo da capital portuguesa. Outros destaques a fizeram história. visitar são o Museu do Fado em Alfama, a Casa dos Bicos e o Museu do Azulejo. Logo em seguida a Torre de Belém, construída na Revue Cultive - Genève

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primeira metade do século XVI, que já foi um forte, prisão e hoje sobre as águas do rio Tejo é cenário para todo turista. Outro protagonista da arquitetura lisboeta é o Mosteiro dos Jerônimos, que foi construída a pedido do rei D. Manuel I para exaltar a época de ouro dos descobrimentos no século XVI. E falando em Belém não podemos deixar de lado a famosa pastelaria dos pastéis de Belém e uma visita ao Museu dos Coches e ao Centro Cultural de Belém. Também existe uma arquitetura mais moderna e

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contemporânea no Parque das Nações, construída para a Expo 98, rica em contrastes pelos traços modernos e futuristas. Deste cenário avistamos o oceanário, um dos mais importantes da Europa e o Pavilhão de Conhecimento – Ciência Viva. Lisboa prova que o passado, o presente e o futuro andam todos juntos e mesclam-se. E sempre é possível se encantar e descobrir coisas novas. Maria Nazaré Cavalcanti


MARIA INÊS BOTELHO,

professora, militante cultural no Paraná. Vive se dividindo entre Mandaguari, cidade onde mora, foi professora, diretora da FAFEMAN, vereadora, prefeita, Ativa participante de associações e de entidades serviços sociais, Maringá, Apucarana e Cui-

Terra que gera muitos frutos em todas as áreas

MANDAGUARI CHÃO DE DESBRAVADORES

Mandaguari é um município localizado no norte central do estado do Paraná, Brasil. O seu nome inicial era Lovat, de origem germânica, no decorrer da Segunda Guerra Mundial foi alterado e passou a denominar-se Mandaguari, nome de origem indígena, que designa uma espécie de abelha existente na região. Com terra bastante produtiva e abençoada recebeu desbravadores, em 1937. Esses desbravadores colocaram força nos machados, abriram trilhas nas matas, enfrentaram animais de grande porte construíram suas moradias e inseriram sentimentos de amor nos corações. Florestas, onças, pássaros, flores... Todos estavam presentes em suas vidas cotidianas. Não havia finitude de alcance. O olhar sobre o horizonte não Revue Cultive - Genève

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alcançava a sua curvatura. Mandaguari, de área quilométrica extensa, crescia a “olhos vistos” e trazia a admiração e agradecimento ao núcleo de cada família aqui residente. Os desbravadores vindos de diversas partes do Brasil e do exterior em busca de conquistas, ampliaram a extensão do alcance dos seus sonhos e puderam estabelecer conquistas exitosas. Vieram buscar o “Eldorado”. Encontraram-no. Formado por área plaina, morros e grandes rochedos não apresentava receio às pessoas que ali viveriam e deixariam a História registrar o conquistado.

las, e à renomada indústria diversificada que alcança o Brasil e diversas partes do mundo. Essas indústrias de grande a pequeno porte traduzem o desenvolvimento econômico e trazem exigência de mão de obra qualificada. O seu comércio apresenta diversidade de elos e é forte em suas relações com a comunidade e municípios circunvizinhos. Os seus estabelecimentos de ensino, de todos os níveis, trazem características que acompanham a evolução dos fatos, dos feitos e colocam os seus estudantes em nível privilegiado de conhecimento. A difusão de notícias e a produção de bens culturais destaca-se desde lançamento de livros de autores locais e de outras paragens a academias de música, de dança, grupos teatrais, rádios em frequências Am e FM, TVweb, revista, jornais, sites, blogs, e outras ferramentas que a comunicação permite alcançar.

A zona rural logo povoou-se de forma intensa. Núcleos completos se formaram. Houve a construção de inúmeras residências, igrejas, escolas, campos de futebol, estabelecimento de armazéns de secos e molhados. Quanta alegria havia em dias faceiros quando o trabalho permitia partir para o Essa Mandaguari, chão onde desbravadores colousufruto de outras áreas, de onde a Fé cristã dava o caram as suas vidas, avança hoje, também na área seu tom e a diversão, após, acontecia! tecnológica para um futuro bem mais promissor. Afinal, o município encontra-se em franca exPor largos anos os cafezais deram o tom da riqueza pansão. Há muitas novas empresas e outros bairros econômica, da harmonia entre os seus moradores, sendo estabelecidos; há pessoas para aqui vindo, do crescimento social, econômico, intelectual, até de outros países, para efetivar-se em trabalho e cultural. Os cafezais, pés de bela visualização em vivência em comunhão com os moradores. todas as estações de seu desenvolvimento, fizeram a alegria de moradores, cultivadores dessa deliciosa Possui, esse belo e progressista rincão, posicionabebida e colocavam, à janela, a sua luz de confiança mento de interatividade total a nível nacional e inem dias ainda melhores. ternacional oferecendo ao mundo o que consegue alcançar em sua rapidez de descobertas e ofertas O Tempo passou e, ainda hoje, os cafezais se apre- aos homens que neste Planeta habitam. sentam vestidos de conquistas a níveis regional, estadual e nacional. Esse café se destaca pelo seu Crescendo, desenvolvendo-se, posicionando-se poexcelente sabor e se soma a outros produtos agríco- sitivamente frente à Região Metropolitana de Ma48

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Curitiba através dos olhos amorosos verdes de Maria Inês Botelho por Maria Inês Botelhjo

Curitiba, cidade Luz, agradável para quem nela reside ou se acerca por razões variadas. Ergue-se majestosa em sua forma e apresenta-se carregada de Araucárias, flores, bons ares e visão hospitaleira. Tem muitos parques apropriados ao lazer, à reflexão, a exercícios físicos, à diversão familiar ou com amigos, que propiciam bela imagem aos olhos

CURITIBA – CAPITAL CULTURAL PARANÁ- BRASIL Curitiba, localizada no Estado do Paraná- Sul do Brasil, é uma bela cidade, cativante, harmoniosa e bem desenvolvida em áreas essenciais à vida cidadã. Tem seus cidadãos muito respeito e admiração por ela pois, de pequeno povoado bandeirantes tornou-se “importante parada comercial com a abertura da estrada tropeira entre Sorocaba e Viamão”¹, trouxe luz à compreensão de que foi talhada para vencer. Em 1853 tornou-se a capital da província do Paraná.

Parque Barigui de quem se põe a enxergá-la com o coração ritmado pela emoção. Curitiba, do nascer ao pôr do Sol, traduz encanto e gera amor. Põe-se a dominar o Sul do Brasil como uma grande metrópole, rica em diversidade cultuRevue Cultive - Genève

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ral e colocações positivas nos índices governamen- de bibliotecas da Fundação Cultural de Curitiba – tais que a elevam como uma das melhores cidades Casas da Leitura, a Hoffmann e o Espaço Cultural Santa Maria. para se viver no Brasil. Há variada ações que partem do setor público, mas A agenda de Curitiba é enriquecida com eventos há participação efetiva de parte dos que nela vivem que acontecem durante cada ano.: em proposições também proativas. ¬Há “Festival de Teatro” que apresenta atrações inCuritiba tem em seu bojo muitas proposições. Na ternacionais, nacionais e locais e uma mostra almúsica contribui para o ampliar o dedilhar de sons ternativa atraindo grande público. Existe, conjune de ritmos; nas artes teatrais, plásticas e a do arte- tamente, a “Oficina de Música de Curitiba”. sanato variado. Na difusão das letras e em suas variadas dimensões, de forma particular ou através de A existência da “Bienal Internacional de Curitiba” instituições, que elevam a Cultura a píncaros bem apoiando festivais na cidade. Um deles é o circuito altos. Tais proposições propiciam aos seus cidadãos do “Festival de Cinema da Internacional de Curitise localizarem muito bem no circuito cultural são ba” e festivais relacionados à Imigração. fortalecidos com participação direta e divulgação ampla, demonstração que essa área complementa Há também outros festivais realizados anualmente. Dentre eles destaca-se o “Festival de Teatro de Cua vida cotidiana. A cidade Possui uma Fundação Cultural que responde adequadamente pelo estabelecimento das ações concretas. Essa fundação foi criada em 5 de janeiro de 1973 e atua em parceria com diversas instituições e entidades culturais públicas e privadas. Nem sempre há direta subordinação de algumas instituições e entidades ao órgão público. Exemplifica-se: a Casa Romário Martins, a Cinemateca de Curitiba, o Teatro Universitário de Curitiba, o Circo Chic-Chic, o do Piá, o Solar do Barão, a da Memória, a Gibiteca, o Museu Metropolitano de Artes de Curitiba, Novelas Curitibanas, o Conser- ritiba”. vatório de Música Popular Brasileira, o Memorial de Curitiba, Erbo Stezel, o Cleon Jacques, a rede O belo edifício denominado “Teatro Guaíra”, que 50

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Viagem Virtual é um dos maiores da América Latina, apresenta peças teatrais. Possui três auditórios de dimensões variadas. A sua origem reporta-se ao século XIX. Passou por outras instalações até alcançar o prédio hoje estabelecido defronte à praça “Santos Andrade”. O teatro teve início de construção em 1952 e término em 1974. Abriga em seu interior o “Balé Teatro Guaíra”, o “Guaíra 2 Cia de Danças” ,

tras. Detém diversas Academias de Letras que traduzem a riqueza de um significativo acervo de obras contendo contos, crônicas, poesias, poemas, artigos, trovas, aldravias e demais. Possui destacadas expressões na área da Literatura, dentre outros, Dalton Trevisan, Paulo Leminski, Helena Kolody, Tasso da Silveira e Silveira Neto. O atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca, tem na Cultura ligação muito profunda. Um dos exemplos é o “Poema ao Rio Iguaçu”, um dos rios mais importantes do Paraná: “ (...) Eterno lamento a derramar-se sobre as pedras. Eternas núpcias de água e vento. Espetáculo de amor, metáfora de ciúmes divinos, Catarata do Iguaçu”.

a “Orquestra Sinfônica do Paraná”, “Escola de Danças Clássicas”, “Núcleo de Teatro Amador”, “Teatro Curitiba é o Retrato do Bem que envolve valiosa área cultural. O seu destaque nessa área a nível de de Bonecos” e uma biblioteca. Brasil é merecido. Há apresentações que ocorrem em outros locais como o Teatro “Lala Schnaider” e em outros de No ano de 2003 foi escolhida para ser a quarta Capital da Americana da Cultura junto com a cidade menor expressão. do Panamá, no Panamá. Há que se fazer registros da história do Cinema nesta cidade. A sua origem data de 1897, após o Possa esta bela e admirável cidade manter-se como ano de 1930 o cinema em Curitiba se relacionou às ações isoladas de curitibanos que amavam essa arte: Annibal Requião, João Baptista Gorff². Mais relativo à expansão da sétima arte, tem-se o “Cineclubismo”, a “Cinemateca do Museu Guido Viaro,” a produção de “Documentários”. Com relação a área musical a “Fundação Cultural de Curitiba” administrada pelo “Instituto de Curitiba de Arte e Cultura”. A Fundação propõe na sua agenda apresentações da “Camerata Antiqua de Curitiba”, o “Conservatório de MPB”, “Orquestra à Base de Sopro”, à de “Corda”, “Vocal Brasileirão”; a “Escola de Música e Belas Artes do Paraná”, a SinRelógio das Flores fônica do Paraná, a “Filarmônica da Universidade Federal do Paraná” é mantida por ela própria. Há, também, apresentações musicais internacionais de um dos pilares, na Nação Brasileira, cultuando a grande porte; cena musical envolvendo a música Cultura em todas as suas formas de expressão. Que “Celta” e bandas de “Rock”. possa ser a personificação da construção citadina Mas Curitiba destaca-se, também, na área das Le- via vivência pelas rotas que a Cultura tece e se lançe para um amanhã bem mais vanguardista. Revue Cultive - Genève

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Foto-Altair Geovane Estrada sobre a antiga trilha dos Índios Guarani

CAMINHO DO PEABIRU Na data de 24 de abril de 2020 Palhoça comemorou 126 anos de sua fundação. A bonita história esquecida em livros e documentos antigos, rememora a epopeia vivida por Aleixo Garcia e os Índios Guaranis da Baixada do Massiambu / Palhoça/ SC em direção ao Império Inca no ano de 1524.

da maioria dos pajés é que a Terra Sem Mal estaria onde tem mar e céu, onde o contato com Deus fica mais próximo . Partindo de algum ponto do litoral Atlântico, os guaranis caminhavam pelo Peabiru, adentravam o interior do continente passando por planaltos e montanha e chegavam aos Andes. Formado por uma rede de várias trilhas curtas em linha reta daria mais de quatro mil quilômetros de comprimento. Uma dessas trilhas partia do Maciambu e conduzia os índios Guarani de Palhoça/SC até ao Império Inca (Peru).

Uma longa e misteriosa estrada utilizada para interligar o Oceano Atlântico ao Pacífico, cortando matas, rios, pântanos e montanhas era utilizada Pouco explorado e esquecido, hoje, o caminho é por indígenas antes da chegada de Cristóvão Co- simbolizado por estradas de chão batido originalombo e de Pedro Álvares Cabral à América. da a partir de uma das milenares trilhas. Localizada ao pé do morro dos Cavalos um trecho da A extensão do milenar caminho e seus diversos ra- rota dos índios deu origem a BR-101. A jornalista mais perdidos no emaranhado de mata tem muitas escritora Rosana Bond argumenta em “A Saga de denominações: caminho comprido, caminho seco, Aleixo Garcia – O descobridor do Império Inca” caminho bom, caminho amistoso, caminho do sol. que nos anos 1500 o Morro dos Cavalos era área Na língua guarani era chamado de Tapé Avirú e em de uso e circulação dos Guarani. “[...], existia ao tupi Caminho do Peabiru. pé do morro um caminho indígena, comprovado por relatos dos séculos 16, 17 e 18, e ainda por um Caminho do Peabiru- a busca da “Terra Sem Mal” mapa militar português de 1786, de acesso restrito, Para os indígenas a rota era sagrada usada na bus- só publicado em Santa Catarina há poucas décadas. ca da Terra Sem Mal, poderia estar na Cordilheira Em cima desse caminho transitado pelos antigos dos Andes (Oceano Pacífico), onde o sol se põe; guaranis é que parece ter sido traçado o leito da ou no Paraguai, o centro do mundo guarani; ou no BR-101 naquele trecho”. Oceano Atlântico, onde o sol nasce. O consenso 52

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Viagem Virtual Reminiscências do Caminho

Na localidade do Massiambu Pequeno, a estrada de barro que desce no Morro no Cavalos até o bairro Pinheira símboliza a antiga trilha do Peabiru e é visitada por curiosos apaixonados por história e trilheiros conduzidos por guias turísticos.

Objetos de ouro e prata dos Incas Desde o descobrimento do Brasil vestígios de objetos do povo Inca são encontrados no litoral de SC, SP e RS. Como chegaram até aqui? Segundo a jornalista e historiadora, Rosana Bond, não há comprovação de como os objetos chegaram até aqui, se trazidos pelos Incas ou saqueados por Guaranis na zona andina. O fato é que em 1516, machado de prata, adornos de ouro e prata e outras peças de metal que estavam guardados com os Guarani no Porto dos Patos (região do Massiambu) foram apresentados ao náufrago Aleixo Garcia. Em depoimento à pesquisadora, o cacique Werá Tupã, revela: “Os guaranis iam lá (nos Andes) e às vezes até ajudavam os incas a fazer suas casas de pedra. Os guaranis traziam vários milhos de lá. O milho, você sabe, é uma coisa sagrada.

Quem construiu o Caminho do Peabiru? Esse caminho que transpõe o tempo faz parte de longos estudos. Reminiscências dele apresenta como características cerca de 1,40 metro de largura e leito com rebaixamento médio de 40 centímetros, recoberto por gramíneas ou pavimentado com pedras nos trechos mais difíceis. Sinais de pegadas humanas em baixo relevo também são encontradas ao longo litoral catarinense. Algumas pesquisas associam tais marcas de pés ou pegadas à passagem do lendário personagem Sumé ou São Tomé . A tradição Guarani também atribui ao ancestral civilizador a construção do caminho. Uma das lendas indígena descreve a passagem de um homem branco de barba longa e branca, chamado Pai Sumé, que caminhava sobre as águas e havia construído um caminho para alcançar as terras distantes. No século XVI, os jesuítas batizaram de "Caminho de São Tomé", tendo-o utilizado nas suas atividades de evangelização e aldeamento indígenas. Outra hipótese defendida por historiadores é de que os incas construíram o caminho para um projeto de expansão do seu Império em direção ao Atlântico e dominar terras guaraníticas, mas com a resistência das tribos litorâneas desistiram da incumbência.

Esses milhos a gente conserva até hoje. Os Inca eram os seres perfeitos que os Guarani queriam alcançar” A conquista do Novo Mundo Em Palhoça, na desembocadura do rio Massiambu, ficava o Porto dos Patos. O local era atracadouro de pequenos barcos e portanto inserido na rota das expedições que exploravam e conquistavam o Novo Mundo . Protegidos dos ventos, favorecia aos batéis das naus e caravelas que aí se abasteciam de água doce, lenha, madeiras, víveres e mantimentos antes de prosseguirem viagem. O litoral catarinense bem posicionado geograficamente passou a desempenhar importante papel no apoio aos navegadores europeus que chegavam à costa brasileira a partir do século XVI. Considerado porta de entrada para buscar as riquezas no Rio da Prata, tornou-se por isso, território disputado Revue Cultive - Genève

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Viagem Virtual entre as Coroas Ibéricas (Portugal e Espanha) Porto dos Patos-Massiambu-Palhoça- SC

branco” chamado Huayna Cápac,. Retornando em 1525 carregados de metal, roupas, ornamentos, coroas de ouro e prata, Aleixo Garcia teve um fim tráA grande nação Guarani, chamados de Karyó gico junto com muitos dos seus integrantes. Misou carijó que habitavam a região do Massiambu teriosamente são mortos, assados e comidos por manteve o primeiro contato com europeus sobre- índios canibais, durante uma emboscada à noite, viventes da expedição de Juan Dias de Solis que foi na atual cidade paraguaia de San Pedro de Ycuaassado e comido por índios charruas, conhecidos mandyju. antropófagos na região do Rio da Prata. A tripulação apavorada ao ver seu capitão sendo devora- No ataque, centenas de homens foram mortos, seu do pelos nativos foge, nesta fuga, decidem voltar filho e o companheiro Francisco Pacheco, um simpara a Espanha e uma das naus se perde das outras pático mulato, sobreviveram ao massacre. Estes e naufraga no canal da barra, extremo sul da Ilha retornam ao Porto dos Patos (Massiambu-Plhoça) de Santa Catarina, em 1516. Entre os náufragos com alguns índios carregados de certa quantidade estava Aleixo Garcia que juntamente com outros do metal e muita história sobre a expedição. oito europeus morou oito anos no Porto dos Patos (Massiambu) . Acolhidos pela dócil tribo Guarani, Em Santa Catarina, Francisco Pacheco relata a em pouco tempo adaptaram-se a cultura indígena, aventura e apresenta as peças saqueadas aos navecasaram com as filhas dos caciques e constituíram gantes portugueses e espanhóis que chegavam em famílias . Aleixo Garcia era generoso com a tribo expedições de conquistas. A notícia rapidamente e de bom convívio, aprendeu a língua e costumes percorre continentes chegando aos ouvidos das indígenas. Casou-se com uma(ou mais) índia ca- Coroas Ibéricas (Espanha e Portugal), despertando rijó teve um filho chamado Aleixo Garcia Filho nas majestades a cobiça pela Serra da Prata . e, segundo a autora Rosana Bond, tornou-se uma espécie de líder entre os índios locais, percorreu Esse episódio ocorrido nas três primeiras décadas caminhos jamais visitados por um homem bran- do descobrimento do Brasil, teve relevante imporco. Garcia ganhou a confiança dos Guarani e ou- tância para a História do Brasil e de Santa Catarina, viu atentamente um segredo contado pelos antigos haja vista que de Palhoça partiu a expedição para líderes: “Nas terras onde o sol se põe tem um povo a conquista da América do Sul e, conforme pesque usa roupas, vive em cidades de pedra, possui quisa da jornalista Bond, no local formou-se um muito ouro e tem um rei de pele mais clara”. Para dos primeiros núcleos de povoamento europeu da chegar na rica terra utilizaram o Caminho do Pea- América do sul. biru. Foi por esse centenário caminho que no ano de 1524 partem da Baixada do Massiambu (Porto Segundo Eduardo Bueno, em seu livro Náufragos, dos Patos) rumo ao Rio da Prata, Aleixo Garcia e Traficantes e Degredados, depois da aventura de alguns cristãos entre eles Francisco Pacheco, guia- Aleixo Garcia, o Caminho do Peabiru ficou conhedo por índios Guarani. cido e transitado por muitas outras expedições a exemplo de 1531 por Pero Lobo, em 1541, pelo Mapa com rotas do Peabiru na América do Sul capitão-mor Martins Afonso de Sousa, por Nunes Cabeza de Vaca e Ulrich Schmidel, em 1553. Os A comitiva alcança o Paraguai pelo rio Pilcomayo missionários Jesuíta Pedro Lozano e Ruiz de Mon(Assuncion) onde os indígenas daquele lugar tin- toya, também teriam utilizado o caminho para ham os mesmos hábitos e língua. No local, cerca catequisar aos Guarani. Os bandeirantes Raposo de dois mil índios guerreiros são agregados ao gru- Tavares e outros realizaram expedições com a inpo . O exército sobe aos contrafortes dos Andes, tenção de capturar e escravizar indígenas no Pachegando à região de Charcas, na atual Bolívia, raná. Uma História milenar, rememorada entre próximo de Potosi, onde encontrariam a “Serra da nós! Prata”. Na capital do Império Inca, o grupo de Garcia adentra na fortaleza de Cuzco-tuyo, invade e saqueia ouro e prata que estava sob domínio do “rei 54

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Educação

ROSALVA SANTOS

Maria Rosalva dos Santos Teixeira, nascida em Caruaru – PE, professora, Licenciada em História e Pedagogia (FAFICA), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru. Especialista no Ensino de Geografia e Psicopedagogia Clínica e Institucional, Doutoranda em Ciências da Educação (Universidad Nacional de Rosário- Argentina), Liderança em Coach e Gestão de Pessoas, Pós – Graduada em Psicologia Clínica – Análise Bioenergética pela Faculdade Escritor Osman Da Costa Lins – (FACOL), centro de pesquisa e pós-graduação.

retrizes e bases da educação nacional LDBEN nº 9394/96) busca garantir que a inclusão escolar possibilite que as crianças que apresentam algum tipo de necessidade especial, tenham o direito de socialização e desenvolver suas capacidades pessoais e aperfeiçoar sua inteligência emocional. Através do documento do Ministério da Educação – MEC: “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva”, em 2008. Legitima que é dever da escola, propor condições do direito ao conhecimento, para os alunos com deficiência psicológica, mas também, de alunos com deficiência física e garantir o melhor convívio possível. Na Constituição, artigo 208 da Constituição Federal Brasileira, cabe ao Estado oferecer atendimento educacional especializado para todas as crianças e jovens portadores de necessidades especiais atendidos principalmente pela rede regular de ensino. Também o artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, garante o direito à escola para crianças e jovens com Necessidades Educacionais Especiais (NEE).

A lei assegura a importância de educadores qualificados e especializados para atender corretamente os estudantes com atividades e exercícios especializados de acordo com suas necessidades especiais. Diante das investidas legais, é possível afirmar que é fundamental que se tenha um pedagogo qualificado para trabalhar, no processo de ensino, com atividades que atendas as especificidades do aluno Atualmente o movimento mundial pela educação com NEE, assegurando que este desenvolva suas inclusiva tem uma abordagem de ação política, habilidades, criando um ambiente de acolhimento cultural, social e pedagógica, onde prioriza a de- e superação. fesa do direito de todos os estudantes terem acesso a uma educação sem discriminação. Assim de Na perspectiva inclusiva, pela legislação e normaacordo com a concepção de direitos humanos que tizações internacionais, nacionais educacionais avança em relação à ideia de equidade é necessário da Educação Especial, o processo de escolarizaque a sociedade contemporânea e a escola se orga- ção precisa assegurar o direito de apropriação do nizem para a superação da lógica da exclusão, sem conhecimento, tendo a pessoa com NEE o direito perder de vista as potencialidades humanas de cada de pertencer ao ambiente de escolarização, vivenindivíduo e as intencionalidades pedagógicas que ciando uma prática escolar e um processo de inpossibilitem qualidade do ensino. Essa concepção clusão capaz de reconhecer sua dignidade como de educação de qualidade para todos e o respeito pessoa humana. Uma perspectiva que desafia os à diversidade dos educandos, é relevante a partici- espaços de formação inicial e continuada dos propação qualificada dos professores para garantir o fessores e dos demais profissionais que fazem parte atendimento das necessidades educativas de todos da escola e nela contribuem para a efetivação de os alunos, e o progresso desta reforma educacional, uma instituição educacional inclusiva. o desenvolvimento socioemocional e psicológico dos (as) alunos (as) com necessidades especiais. Assim o processo educacional a Educação Especial e Inclusiva quanto à escolarização dos alunos De acordo com a legislação brasileira (Lei de di-

EDUCAÇÃO E INCLUSÃO

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Educação com deficiências priorizam o bem estar do alunado e inseri-los no contexto da sociedade. Falar de inclusão, em nossa sociedade é um desafio, devido às barreiras que separaram as escolas regulares dos alunos com necessidades especiais. Tais dificuldades aparecem quanto ao preconceito e a falta de aceitação por alguns indivíduos, o despreparo e falta de conhecimento a respeito dos direitos dos deficientes por parte dos seus familiares. Como também a falta de estrutura física, em algumas escolas.

Estado, que, muitas vezes, exerce o controle e manipulam o comportamento da sociedade, gerando competições desleais, excluindo pessoas diferentes aos seus padrões.

O modelo de educação empregado, comumente nas escolas, precisa romper com esse padrão que educar significa instruir, desenvolver habilidades e competências ou formar para o mercado de trabalho. É necessária uma educação comprometida a formar indivíduos capazes de atender às exigências básicas de uma vida com dignidade e reconheciDesta forma, é preciso que as escolas deem o mento de uma sociedade cada vez mais humana. primeiro passo para o processo de inclusão, que é a matrícula desses alunos na Educação Especial. Uma nova perspectiva de educação, com relação à escola enquanto ambiente de inclusão, demanda A educação inclusiva no Brasil ainda está em pro- mudanças estruturais, atitudinais, metodológicas e cesso de evolução, é preciso o apoio e investimento organizacionais do ambiente escolar para atender o dos governos, e a aplicabilidade das políticas públi- aluno com deficiência. Para tento, entender e aceicas seguindo a legislação. Se faz necessário o apri- tar as diferenças individuais, reconhecendo suas moramento de projetos, na formação continuada habilidades, valorizando esta diversidade humana, de professores, para contribuir e minimizar as di- expressa a urgência em reconhecer a singularidade ficuldades no atendimento as pessoas com necessi- de cada aluno, proporcionando a plena participação social e o desenvolvimento da aprendizagem dades especiais. do direito de convivência em sociedade como uma Ressaltamos o papel das políticas públicas e do alternativa fraterna, colaborativa e plural.

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Educação

Chuva em uma floresta de carvalhos, pintura de 1891 de Ivan Shishkin

Por: Lu Imperiano

O CARVALHO Lindo Carvalho! A árvore Carvalho pode viver por mais de 1000 anos, sim, mais de 1000 anos de vida. Ao longo de seu crescimento esta árvore passa por vários ciclos diferentes de crescimento. O carvalho é a árvore símbolo da França[3], da Alemanha, da Estônia, da Inglaterra, da Moldávia, da Lituânia, da Letônia, da Polônia, dos EUA, do País Basco, da Galícia, do País de Gales, da Bulgária e da Sérvia. Os bascos tradicionalmente realizavam suas as-

sembleias debaixo de carvalhos. Atualmente, o presidente do País Basco jura respeitar as leis bascas debaixo de um famoso carvalho: o carvalho de Guernica. Na antiga mitologia eslava, o universo estava contido dentro de um gigantesco carvalho. Tradicionalmente, o carvalho é um símbolo de força e resistência, pois é uma árvore imponente e de grande longevidade.

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Educação

Vozes do imigrante projeto tem como objetivo coletar depoimentos de pessoas que viveram ou vivem fora do seu país, seja definitivamente ou seja por um período curto. Suas esperiências, sentimentos, emoções, dificuldades, mudanças que sofreram, lições, aprendizado e motivos da mudança serão o foco.

na época eram ainda mais difíceis de serem solucionadas visto que a comunicação na época era muito restrita. Esse livro permitira às pessoas, que guardam sua experiência de imigrante, de se liberarem desses momentos. Seus aprendizados, certamente, irão servir para ajudar outras pessoas que passam por situação similar e que muitas vezes se sentem perdidas diante das dificuldades.

O que leva uma pessoa a enfrentar uma mudança de vida tão radical? Propomos que as pessoas interessadas em fazer um relato entrem em contato pelo e-mail em seguida Os depoimentos serão registrados em um livro es- poderemos nos contatar por telefone. crito, no primeito tempo, em língua portuguesa. e em seguida será traduzido para o francês. e-mail: edicaocultive@gmail.com Sendo eu mesma imigrante estabelecida em Genebra deparei-me com muitas dificuldades que

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Educação

BIBLIOTERAPIA -a terapia que libera o ser Jacqueline Assunção

A biblioterapia propõe um pensamento viajante... ( Ouaknin)-

tiana Seixas). Será arte? Sim, a arte de cuidar por meio da literatura. Nasce o Projeto...(filho amado caminhando pelo mundo...)

Buscando construir uma rede de afetos por meio das leituras, verdadeiras embarcações de saberes, lugares, vida... E foi nesse sentido que se criou o projeto. Projeto “Estante ASSALCE - Ler Cuidando do Ser com Biblioterapia na Assembleia Legislativa do Caminhar nunca sozinho. O livro sempre é um Ceará - Faz parte do PROGRAMA ENTRE ARTES lugar de encontro, consigo mesma e com o outro. - A ARTE DE VIVER. Idealização por Jacqueline Pois aquele que ler está no mesmo lugar com aque- Assunção de Lima Braga, para ASSALCE. le que escreveu. Unidos pela palavra. A prática da Biblioterapia é atemporal: Marc Alain Implantar a prática da biblioterapia num espaço le- Ouaknim filósofo francês afirma: “biblioterapia gislativo é atípico e desafiador. Toda situação nova não é uma novidade, quanto mais tempo remontraz em si seus desafios, mas quando a intenção é tamos na história mais encontraremos essa intuibonita, amiga, divina, os anjos protegem de todo o ção da virtude terapêutica do livro e da narrativa». mau, guardando o caminho, análogo à barriga da Etimologicamente a palavra é de origem grega da mãe, que guarda aquele que irá nascer... e depois da Travessia o transbordamento da energia mais justa de AMOR à VIDA. Se um projeto é feito um filho... Despois que nasce evoluir é destino... numa soltura sem contornos...Será de todos. Eis-me aqui estendendo a mão para quem quiser fazer e ser parte dessa ciranda em rodas, elencando remédios para a alma, numa convivência positiva para além do convívio laboral... Um verdadeiro mergulho na potência subjetiva da arte. É um não se contentar com a superfície, parafraseando Nise da Silveira. A imaginação é que transforma o mundo.

união dos termos bíblico - materiais de leitura, e therapien - restabelecimento - cura. Na Grécia antiga a leitura era utilizada como parte do tratamento.

A BIBLIOTERAPIA é uma prática tão potente que devemos discimina-la como “semente alada” (Cris-

A biblioterapia é a arte de cuidar por meio da liRevue Cultive - Genève

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Educação teratura. Podendo ter a escrita, como coadjuvante, duas ferramentas essenciais que utilizo nas rodas de conversa. No Brasil ainda não existe uma graduação em Biblioterapia mas existem profissionais atuando e disseminando a prática. Inspirando outros de áreas diversas a iniciarem suas trajetórias com a prática que é interdisciplinar.

também dispõe de uma estante física. É uma verdadeira farmácia livroterápica, situada na biblioteca César Cals de Oliveira na Assembleia Legislativa do Ceará. Seu acervo, está sendo elencado com livros-remédios para a alma, em rodas de biblioterapia, realizadas na sede da ASSALCE, ou nos auditórios do Complexo de Comissões Técnicas da Assembleia Legislativa, e também na própria Oportunamente estive no Rio de Janeiro por mais biblioteca César Calls e eventualmente na Livraria de uma vez, tecendo estudos com a biblioterapeu- Cultura, na Cidade de Fortaleza. ta Cristiana Seixas em Rodas literárias, onde ela compartilha experiências e conhecimentos da bi- O projeto é marcado por encontros dos servidores blioterapia. Amparada nesses aprendizados, leitu- e entes da sociedade, em rodas de conversa para ras como Clarice Caldin e Marc-Alain Ouaknin, apresentação de poéticas de livros, poesia etc, não conjuntamente com meus estudos de pesquisa do precisa leitura prévia dos participantes, o que dimestrado, onde o tema foi a ASSALCE, mergu- fere as rodas de biblioterapia dos clubes de leitulhei na alma da “nossa” associação que me inspirou ras. Importa o que é evocado em cada um, tendo a com seu solo fértil e adubado com amor, e com o biblioterapia o objetivo e potencial para promover entusiasmo do nosso presidente Luis Edson Sales. catarse e assim liberar a pessoa de algo que o incoCom ele o Programa foi possível. Contei ainda com moda por meio do Dr. livro- remédio que se destia servidora Lilian Rego, que coordena o coral da na a tratar: tédio, abandono, bloqueio criativo, dor Associação e a convidei para coordenar o projeto de cotovelo, ansiedade enfim, a literatura é plural comigo. Arvorei-me a escrever o Programa ASSALCE - Entre Artes - A Arte de Viver, que tem como projeto pioneiro: “Estante ASSALCE: Ler Cuidando do Ser com Biblioterapia na Assembleia Legislativa do Ceará”, com apoio da Associação e aprovação da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Ceará. O projeto nasceu com o objetivo de contribuir para o fortalecimento do Ser, empoderando as relações no ambiente laboral e na vida, com perspectiva de positividade na organização a que se dirige. Dialogando com afetos fundamentais do humano em e consola, transporta, «distrai e cura».( Inspiração no antigo Egito) . Já foram realizadas 52 rodas de biblioterapia na Assembleia e 2 na Livraria Cultura. Tivemos a honra de trazer Maria Luiza Fontenelle com a poética sobre o Sexo Frágil, a poetisa Tereza Porto, com O livro de sua autoria “um Conto em cada Canto, a Jornalista Fátima Abreu, com sua poesia autoral. As primeiras narrativas foram oferecidas pelas servidoras que encantaram a roda, cada uma com sua performance: Eu Jacqueline Assunção (Idealizadora), com o livro “ A arte da simplicidade ( nós, reverberando positivamente na Agenda do Le- primeira poética do projeto)” proposta de um estigislativo Cearense para além dos muros da Assem- lo de vida minimalista de Dominique Loreau. Ana bleia e para a sociedade como todo. Eulália com “A Mulher Desiludida» de Simone de Beauvoir, Cineide Almeida com «Memórias de O projeto estrutura-se com rodas de conversa, uma Mulher Impossível» de Rose Marie Muraro, 60

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Educação Jacqueline Nóbrega com “Fernão Capelo Gaivota” de Richard Back, entre outras. E nesse 2019 tivemos a honra de receber Mailson Furtado com a poética de seu livro premiado com o Jabuti «A Cidade», a convite do nosso literato Pio Barbosa, que já apresentou poética de seu livro Estesia e outros.

profissional e humana. O cuidado com o ser se manifesta: na criação de um ambiente caloroso; no respeito à individuação; pulsão, afeto, simpatia, Temos que dar nosso agudo mais alto (Nise da Silveira ). “O ser humano é um ser de caminho, um homem em marcha” [...] é um ser que está sendo, pensando...Inacabado, em construção sempre. A tese central da biblioterapia segundo Oaknim é que “o ser humano como criação contínua e em movimento constante encontre suas forças no processo narrativo, interpretativo. É nessa perspectiva que a biblioterapia da ASSALCE caminha, se fazendo a cada dia um tijolo por vez.

Sobre a biblioterapia, tivemos a oportunidade de realizar conversa interativa sobre o assunto no PAI – Programa de Ação Integrada para Aposentados Vamos para o outro lado do mundo?!...De si mesdo Estado do Ceará. Entrevistas na Rádio Assem- ma... bleia. Visita à TV Verdes Mares para o “Bom Dia Ceará”, entrevista para o Programa “Cabeceira” (Rosani Guerra) e no «Prata da Casa» (Silvana Frota) TV Assembleia. Entrevista pela radio Flipinha na Flip – Festa Literária de Paraty 2018. Matéria para Diário do Nordeste e Jornal “O Povo”. Apresentação no Programa PROSA -ALCE. Ressalta-se a participação do Projeto em duas Bienais, quais sejam: XII Internacional do Livro do Ceará 2017 “cada pessoa um livro; o mundo, a biblioteca”, No Espaço Mário Gomes. Bienal XIII “ As cidades e os Livros” 2019 Ana Miranda curadora: Fabiano Piúba. No salão dos Professores, já em sua 4º edição. Sob a coordenação das professoras Monique Jacqueline Assunção de Lima Braga Cordeiro & Ligia Eugenia. GRATIDÃO A Biblioterapia tem sido para os servidores da Assembléia Legislativa um caminho de reconquista Sobre Jacqueline Assunção do nosso próprio SER. Um resgate do sentimento Nas minhas andanças, construí um mosaico com de pertencimento de si. Lembra-me Mia Couto em contornos cheios de sentido, passando por viagens sua poesia: “Agora ela sabia: um livro é uma canoa. (mestrado de Gestão de negócios Turísticos), [...] Tivesse livros e ela faria a travessia para o outro pensamentos (Graduada em Filosofia), pinceladas (Graduação em Artes Plásticas) e uma parada lado do mundo, para o outro lado de si mesma.” com Freud,(Formação em psicanalise), atenta aos Travessia é o que temos feito na ASSALCE por princípios ativos dos remédios para alma (biblioterapeuta), uma nova forma de escrever o verbo meio dos livros... existir...(formação –Escritas Terapêutica). A ASSALCE é um espaço com significados, lugar de interação entre as pessoas, Assim a ASSALCE vai escrevendo história, por meio de ações como essa. Contribuindo com a autoestima do servidor, gerando confiança e potencialidades da condição Revue Cultive - Genève

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Educação O que seria privilégio e prerrogativa para tornarmos realidade o sonho da igualdade de condições para uma sobrevivência sustentável? Creio que o mundo, hoje, carece de preparo e de proposição.

MARIA TEREZA PENNA

Escritora, designer e ativista cultural em Minas Gerais. Dorian Gray é um Anjo Morto e Oscar Wilde uma Criança Desolada ou O Medo no Espelho ou Anjos e Demônios ou Acordos entre anjos ou Sonhos reais ou Aprendendo a escolher ou Anjos opostos ou Compartilhar para aprender ou Vítimas de nossas escolhas, mas prefiro o

Dorian Gray é um Anjo Morto e Oscar Wilde uma Criança Desolada

As Escolas Públicas, em sua maioria, estão abandonadas e sem prestígio junto às precedências dos representantes do povo brasileiro. O jovem brasileiro está despreparado para assumir o que seria chamado de «competência para a sobrevivência». Estamos relegando a urgência de um futuro promissor. 62

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A educação engloba as atividades de ensinar e aprender. Ela é compartilhada. Ambas as partes envolvidas, o Educando e o Educador, são fundamentais para o bom resultado do processo. O ensino compartilhado é a melhor proposta para as instituições que se destinam a cumprir essa inexorável e perene tarefa. O direito à educação, à saúde, à justiça, à informação e ao conhecimento são as premissas para a paz e a liberdade. Desejar um ensino de qualidade e gratuito é legítimo e necessário. Estabelecer diretrizes para alcançar esses objetivos é imperativa e imprescindível. Estão acontecendo ocupações no mundo todo. Ocupações clandestinas oriundas do crescimento desordenado (conglomerados de pobreza) ocupações territoriais (imperialismo selvagem); ocupação de terras (terras devolutas ou por vezes usurpação); ocupações nas instituições financeiras (abuso de poder e escravidão) e ocupação de Escolas (Reivindicação de melhorias, de direitos ou vandalismo puro). As políticas de extermínios, as ditaduras e algumas crenças são oponentes aos investimentos na manutenção da prática para o exercício da cidadania. Bom, agora vou soltar a franga, jeito polido não quer dizer caráter melhor ou modos prudentes ou refinados! Assisti ontem na TV um vídeo onde uma estudante gritava porque estava impedida de entrar na instituição de ensino onde cursava o terceiro grau e queria insistentemente revelar sua indignação sobre as condições físicas e educacionais da sua escola ou, talvez, quisesse manipular algum tipo de acordo que acreditava ser justo. Deve existir câmeras espalhadas por toda a Universidade, tenho absoluta certeza. Por que não mostraram os bastidores onde foi desencadeada a revolta ou revolução de sentimentos? O que está havendo? Mais uma vez marketing errado! Mais uma vez! Só uma cena mostrando policiais? E as câmeras da escola onde estão? Onde enfiaram as filmagens? Deve ser no mesmo lugar onde enfiam tudo! E na gaveta é que não é! Por que sempre acei-


Educação mas duvidosos que tentam nos engabelar facilmente? Somos um bando de chantagistas e de vigaristas? Plenários, delegações, escolas, consultórios médicos, delegacias, órgãos institucionais, lojas, tudo...., tudo carece de precauções e cuidados. Somos hoje pessoas com medo das palavras e dos gestos. Com medo de pensar e de escolher. Com medo de amar e ser amado. Estamos sendo perseguidos por realidades e ficções e não somos esquizofrênicos. Somos vítimas de nós mesmos! Vítimas da nossa omissão e covardia! Vítimas da nossa própria imagem. O que vemos é aterrorizante. Nosso reCompramos e não recebemos, somos torturados e flexo no espelho não é nada agradável. achamos benévolo, pagamos impostos e não sabemos para onde vai o dinheiro e quando não nos Dorian Gray é um Anjo morto e Oscar Wilde é conformamos somos taxados de Guerrilheiros uma Criança desolada! Virtuais. É isso que queremos? Vamos deixar isso acontecer? Andar com chaveiro espião e caneta espiã? Brincar de James Bond? A prática abre muitas portas através da abominável chantagem. A mídia nos força a realizar pactos escusos a fim de parecermos eternamente jovens. Ou devemos permanecer crianças aceitando pirulitos ofertados por esquetamos tudo sem questionar? O que está havendo conosco? Conseguiram seu intento? Nos imbecilizar, abestalhar, domar e paralisar? Estamos aceitando todo tipo de humilhação! Se reivindicamos nossos direitos, somos retaliados e advertidos. E quando uma voz se levanta rebelde, nem procuramos saber ou entender os motivos. Quando uma mulher se desespera e tira a roupa junto ao caixa de um banco, por causa de abusos e absurdos, vira escândalo e motivo de escárnio. Olha a maluca lá! Olha a barriga dela! Como ela teve coragem?

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LITERATURA INDÍGENA

Daniel Munduruku

Para abordamos a temática da literatura indígena, é preciso remontar a história do descobrimento do Brasil. Antes de os potugueses chegarem, os ín dios já habitavam o território brasileiro e tinham seus hábitos, sua cultura. Nesta, um dos fatores é Renata Barcellos a literatura. Lamentavelmente, foi instituída que a (Pós-doutora em Letras) Carta de descobrimento de Pero Vaz de Caminha O meu principal trabalho é mesmo dentro do meu é o texto inicial da literatura brasileira. E, nela, os país e que não devo entrar no jogo do sistema que índios descritos como “seres estranhos”. Não será quer me usar para vender a mesma imagem que isso um total contracenso? A seguir, um fragmensempre levou para o exterior: subalternidade. Minha to da Carta de Pero Vaz de Caminha” ou “Carta a literatura não pode ser subalterna. Eu também não. el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”. 64

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Educação Trata-se de um documento escrito pelo escrivão português Pero Vaz de Caminha, em 1.º de maio de 1500, em Porto Seguro, Bahia. A carta foi levada para Lisboa sob os cuidados de Gaspar de Lemos, considerado um dos maiores navegadores de seu tempo. Nela, os índios são descritos assim:

Já, no caso da literatura indígena, de acordo com a professora Janice Thiél (professora titular de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR), em entrevista à Carta educação, revela que extremamente complexa, como toda literatura. Muitas vezes, é vista como primitiva ou não muito desenvolvida, uma literatura em que os autores ainda estão se adaptando ao universo da mídia e da publicação, quando, na verdade, é milenar. A temática indígena está presente desde a colonização, mas os autores indígenas brasileiros começaram a escrever e a contar suas narrativas com a sua própria voz somente a partir dos anos 1990.

A pele deles é parda e um pouco avermelhada. Têm rostos e narizes bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem se preocupam em cobrir ou deixar de cobrir suas vergonhas mais do que preocupariam em mostrar o rosto. E a esse respeito são bastante inocentes. Ambos traziam o lábio inferior furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de A partir desses entendimentos acima acerca de lium fuso de algodão, fino na ponta como um fura- teratura e o caso específico da indígena, cabe desdor. (…) tacar que a literatura brasileira deveria considerar a indígena como sua parte constituinte. Dentre Os cabelos deles são lisos. E os usavam cortados e os autores clássicos, constar nomes de indígenas. raspados até acima das orelhas. E um deles trazia E não nos limitarmos a mencioná-los nos textos como uma cabeleira feita de penas amarelas que exaltando-os como foi sagrado “herói-cavaleiro” lhe cobria toda a cabeça até a nuca (…). nas narrativas de cunho épico do final do século XIX. E também o jovem guerreiro tupi de GonçalParece-me gente de tal inocência que, se nós en- ves Dias (1851): “Meu canto de morte, guerreiros tendêssemos a sua fala e eles a nossa, eles se tor- ouvi!”, ou “a bela tabajara de cabelos mais negros nariam, logo cristãos, visto que não aparentam ter que “as asas da graúna”, de José de Alencar (1865). nem conhecer crença alguma. Portanto, se os de- Isso na tentativa de reconhecer a existência e a imgredados que vão ficar aqui aprenderem bem a sua portância deles. Nem ao menos as histórias são fala e só entenderem, não duvido que eles, de acor- baseadas em personagens reais. Faz-se necessário do com a santa intenção de Vossa Alteza, se tornem lembrarmos que, depois do Romantismo com o cristãos e passem a crer na nossa santa fé. Isso há ufanismo (exaltação da flora e da fauna), o índio de agradar a Nosso Senhor, porque certamente essa foi esquecido. gente é boa e de bela simplicidade. E poderá ser facilmente impressa neles qualquer marca que lhes É cruscial considerar que o conceito de literatura quiserem dar, já que Nosso Senhor lhes deu bons indígena é sobretudo as produções orais e não socorpos e bons rostos, como a bons homens. E creio mente as escritas. Devido a este equívoco, os povos que não foi sem razão o fato de Ele nos ter trazido indígenas foram excluídos durante muito tempo até aqui. do universo literário. No livro Pele silenciosa, pele sonora: a literatura indígena em destaque, a profesNo que se refere ao entendimento de literatura, sora Janice nos diz que a produção de textos por inconsideramo-na como uma potencial forma de re- dígenas floresceu na década de 1990 e entrou neste sistência, pois é fato, essa expressão artística instiga século como movimento literário reconhecido. os leitores à reflexões, por reverberar as perguntas feitas necessárias no seu tempo. Beatriz Sarlo, ao A produção textual indígena ajuda a recontar a dissertar sobre essa questão, defende que o escritor história do Brasil a partir de uma perspectiva difede literatura “não procura respostas e sim pergun- rente da narrativa oficial. tas: indaga sobre aquilo que, numa época, parece além de todo princípio de compreensão, a A literatura tem suas raízes na tradição oral, mesresistência que o horrível, o sinistro, o sublime ou mo a que consideramos canônica, que conhecemos o trágico opõem a outras formas do discurso e da pelas publicações escritas. Portanto, ela é multirazão” (2005, p.30). modal, composta por múltiplas modalidades de construção de sentido, de expressão oral, escrita, Revue Cultive - Genève

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Educação visual etc. No caso da literatura indígena, sua tradição é oral e performática, ou seja, envolve não só a palavra dos contadores de história, sua voz, entonação, mas elementos como dança, música, ilustrações, bem como elementos de tradição ocidental de compor narrativas, poemas, entre outros gêneros literários No que se refere aos escritores, há os não indígenas pesquisadores de narrativas de povos nativos e tradudores dessas histórias para não índios, utilizando estratégias discursivas ocidentais. Por outro, existem os escritores indígenas, que redigem para seus povos e para a sociedade urbana, transitando por esses dois meios. É o caso de Kaká Werá. O escritor ainda alerta para o fato de que poucos livros escritos por indígenas são utilizados dentro das salas de aula do Brasil e se mostra interessado em atingir o maior número de pessoas possível. “Minhas obras são para indígenas e não indígenas e meus trabalhos também circulam em aldeias. E não existe diferença na forma de escrever”, finaliza. Quanto a isso, de acordo com a professora Janice, muitos escritores indígenas reconhecidos por suas obras e divulgados pela mídia transitam por espaços urbanos, vivem em grandes cidades, criam seus textos e desenvolvem estudos e pesquisas em espaços acadêmicos nacionais e internacionais. Eles não estão restritos às suas comunidades étnicas, refletem criticamente sobre diversos temas de alcance local e global, como outros autores de diferentes culturas. Dentre os escritores indígenas da atualidade, podemos destacar Daniel Munduruku , da etnia Munduruku. É importante salutar que as obras literárias dele são importantes para abordar a temática indígena hoje e a problemática da colonização e exploração indígenas desde os tempos coloniais até a atualidade. Nos seus livros (Coisas de Índio, O Homem que roubava horas, Sabedoria das Águas entre outros), temos problemáticas atuais como o índio inserido na sociedade complexa, urbana e industrializada brasileira; percebemos que o lugar de índio não é somente nas tribos e nas florestas. Atualmente, os índios se encontram inseridos na sociedade não indígena, usufruindo das tecnologias, como telefones celulares, computadores entre outros. A visibilidade recente de alguns deles, como o dele, vem ajudando a romper estereótipos e a perceber os povos nativos como capazes de pro66

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duzir textos com valor estético e literário, segundo Janice. Quanto ao aspecto da legislação, cabe destacar que, em 1988, a nova Constituição Federal traz dois capítulos cruciais para tirar os povos indígenas brasileiros do ostracismo histórico aos quais foram legados. Nesse momento, a escrita passou a fazer parte da cultura oral dos povos indígenas. Até esse ano, eles eram alvo de políticas públicas cujo principal objetivo era fazer com que eles fossem integrados à sociedade brasileira. Ganhariam o status de “civilizados” tão logo ingressassem no mercado de trabalho. Para isso, precisavam cursar o ensino técnico para terem direito à carteira de trabalho e à uma identidade nacional. As universidades brasileiras vêm sendo cada vez mais frequentadas por estudantes indígenas. O número não só de graduandos é cada vez maior, mas também de pós-graduandos. Há mais doutores indígenas. Alguns já ocupam posições em importantes universidades brasileiras. Cerca de vinte anos antes da publicação da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas em 2008, o crítico literário Antonio Candido discutia a questão dos direitos humanos, estabelecendo uma relação entre estes e a literatura. À época, mais precisamente em 1988, Candido apontava uma contradição, ainda presente em nossos tempos, entre o progresso e a irracionalidade. Para o autor, o máximo de racionalidade técnica e domínio sobre a natureza poderiam levar ao desenvolvimento de soluções para os problemas materiais do homem. No entanto, o que se via era o aumento da barbárie, ao excluir do progresso grandes contingentes de pessoas que ainda viviam na miséria. No que tange às legislações sobre o ensino de literatura e cultura indígena, apresentaremos a seguir as leis. A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu art 78, traz as seguintes orientações para a educação indígena: “A União, com a colaboração das agências de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa para a oferta da educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas” (Brasil, 1996, p. 27). Já a Lei n. 11.645/08 (de 10 de março de 2008) versa o seguinte no artigo


Educação 26-A: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”, o ensino da história e da cultura indígena brasileira durante a Educação Básica tornou-se obrigatório desde 2008. Entretanto, depois de 22 anos, ainda são poucas as práticas pedagógicas efetivas realizadas. No dia do índio, quase nada se comemora, pouco se conhece sobre os povos nativos do país. No ensino básico (1° e 2° segmentos) há conteúdo nos livros didáticos, mas muito básico. No ensino médio, restringe-se à escola literária Romantismo. Assim, os professores devem repensar sua didática e metodologia de ensino para abordar a temática com competência, responsabilidade e eficácia.

constatar a seguir:

Quanto à licenciatura de Letras, não é oferecido sequer uma disciplina na temática. Ou seja, a obrigatoriedade do ensino restringe-se à teoria. Porque, na prática, muito pouco se trabalha a ponto de não sensibilizar crianças e adultos em prol de defesa da temática. A professora Janice defende a leitura de obras indígenas dentro da escola e da universidade como forma de aproximação cultural entre esses povos e a sociedade urbana.

H17 - Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.

Competência de área 5 - Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. H15 - Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político. H16 - Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.

Urge uma séria reformulação não só do pensamento acerca do entendimento do que seja literatura brasileira, mas também das grades curriculares do ensino básico ao superior (as licenciaturas em Letras, História...). Só assim começaremos a valorização (de fato) da literatura indígena. É necessária a As obras de autores indígenas podem e devem ser efetiva participação dos índios nos debates acerca lidas e estudadas para que se promova o letramento de questões literárias. Aqui, deixamos nosso vercultural e literário e para que se conheça como eles dadeiro anseio pelo reconhecimento da literatura contribuem para a construção da diversidade da indígena e a sua inserção como parte constituinte literatura brasileira, pois os grupos indígenas não da Literatura brasileira. fazem parte apenas do passado dessa nação, mas de seu presente e futuro. Assim, almejamos nesta matéria propor algumas reflexões acerca da literatura indígena. Esperamos No que diz respeito aos livros didáticos, Kaká Werá serem contribuições para as discussões do univerJecupé (escritor, professor e ambientalista), nos re- so literário no século XXI. Atualmente, é fundavela existir algumas diferenças entre o contado nos mental esta vertente literária encontrar-se em um livros didáticos e a realidade da história indígena período de reflexão crítica. no país A complexidade de contribuições indígenas para o mundo é minimizada na história oficial, contada do ponto de vista ocidental. A influência dos povos nativos na construção de estradas, cidades e Estados, e também em características culturais como hábitos alimentares, espiritualidade e caráter, não ganha espaço nessas narrativas. Já a Matriz de referência do Enem não faz alusão a este tipo de literatura. Restringem-se a mencionar o texto literário sem especificações como podemos Revue Cultive - Genève

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Cultura Nordestina: um projeto libertário

A necessidade de um espaço próprio para promoção de encontros e cursos de capacitação para aspirantes a escritor dá origem à Cultura Nordestina Letras & Artes, que passa a ser um território de por Salete Rêgo Barros acolhimento, trocas, oportunidades e realizações para integrantes de todos os segmentos artísticos Em 1995, após a realização do lançamento de um e culturais, além de se configurar como um plano dos livros da então dirigente da UBT – União Bra- de prevenção contra fatores limitantes do desensileira de Trovadores, Ivanete Rêgo Barros, editado volvimento de uma socie-dade sadia, liberta e e impresso de forma artesanal, pela arquiteta Salete consciente. Rêgo Barros, autores remanescentes de extin-tos movimentos literários, que marcaram um período de grande efervescência cultural na cidade do Recife, em Pernambuco (Geração 65, Edições Pirata e Movimento de Escritores Independentes), sentemse atraídos pela nova modalidade de publicação de seus escritos, de forma objetiva e ecologicamente correta. O fato dá origem à editora Novoestilo Edições do Autor, em funcionamento até os dias atuais. A presença da editora em eventos literários, assim como a organização e publicação de várias coletâneas, foram consolidando a sua atuação como um Em abril de 2016 o espaço é reconhecido pelo Miveículo de democratização da expressão literária, nistério da Cultura como Ponto de Cultura, e passa com tiragens a partir de 50 exemplares. Este fator a integrar a Rede Nacional de Cultura Viva. marca o seu pioneirismo e proporciona aos autores autonomia financeira, visto ser a Novoestilo uma Em 2017 os integrantes da Cultura Nordestina forprestadora de serviços de projetos editoriais. mam uma associação, a Rede de Associados Letras 68

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Educação durante uma semana, para crianças e jovens da comunidade do bairro; 2) “Abril de Monteiro Lobato”: contação de histórias que tem como ce-nário o Sítio do Pica-pau amarelo, sendo os personagens interpretados por integrantes da associação; 3) “Semear – letras & artes”: apoio didático e pedagógico, com aulas de História da arte e Literatura, a alunos da rede pública de ensino. Além de possibilitar a interação e o diálogo de artistas das letras e artes com a comunidade escolar, configura-se como uma promissora rede de trocas de sa-

& Artes – LETRART –, organizada em núcleos – Educação, Literatura, Filosofia, Arte e cultura, Infantojuvenil, Editoração e Comunicação. A coordenação geral do espaço é feita pela editora e produtora cultural Salete Rêgo Barros, e cada núcleo possui uma coordenação com programação específica, que inclui comemorações do calendário cultural, encontros, cursos, oficinas, colônia de fé- beres e competências; rias, pales-tras, etc. 4) “O lúdico na arte”: colônias de férias para crianças, realizadas em janeiro e julho. Vivências Acreditamos ser a arte, a educação e a cultura os sensoriais e prazerosas com contação de histórias instrumentos que podem ampliar a faixa de visão para soltar a imaginação, numa mistura pulsante da realidade, limitante e condicionadora, e, tam- na criação de imagens, cenários, personagens e sobém, os eixos de sustentação de uma sociedade noplastias; humanizada. Por isso, a realização de projetos inte- 5) “Comemorações do calendário cultural”: grados que venham alcançar a população como um eventos para crianças e adultos, que incluem: Cartodo, com vistas à ampliação para a rede pública naval, Páscoa, Mulher: Vida X Arte, Povos indígede ensino municipal e estadual é o nosso projeto nas, Trabalho: Vida X Arte, Ciclo junino, Mês do maior. folclore, Mês da consciência negra, Ciclo natalino; 6) “Destaque literário”: serviço de divulgação Dentre os projetos já realizados estão: mensal de escritores e poetas, através da publicação de sua obra na página do Facebook “Destaque 1) “O fio da meada – artes e ofícios”: série de literário,” e exposição para visitação, na sede da Cultura Nordestina; 7) “Oficina literária Clarice Lispector”: grupo de estudos semanais; 8) “Teatro lido”: apresentações semestrais; 9) “Gramática a serviço da produção textual”: curso com duração de 4 meses 10) “Cursos rápidos”: fotografia, inclusão digital, haicais, cordel, etc. 11) “Café filosófico” e “Sextas culturais”: série de palestras mensais sobre variados temas de interesse coletivo, versando sobre saúde, edu-cação, ciência e tecnologia, entre outros; oficinas de artes (literatura, artes plásticas e cêni- 12) “Tardes de reflexões filosóficas”: encontros cas, música e jardinagem) – programa semestral, Revue Cultive - Genève

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Educação semanais com duração de duas horas; 13) “Sarau lítero-musical” e “Ensaios de Carnaval”: programas mensais com a participação de músicos profissionais e amadores;

cobrir o pagamento das despesas da sede – aluguel, concessionárias, impostos, funcionários, material de limpeza e expediente, manutenção da casa, entre outros gastos necessários ao seu pleno funcionamento. Serviço: espaço aberto ao público de segunda à sexta, de 12 às 18h, ou em outros dias e horários, sempre que necessário. Desde meados de março o

14) “Trilhas do conhecimento”: Seminário realizado semestralmente, reunindo profissionais de variadas linhas de pensamento, com raízes em dis- espaço se encontra fechado, como medida preventintas épocas, ambientes culturais e tradições reli- tiva contra a propagação da Covid-19. giosas. Endereço: Rua Luiz Guimarães, 555, Poço da Panela, Recife-PE. Brasil. CEP 52061-160 Telefones: 55 81 30973927 | 981137126 Site: http://www.culturanordestina.com.br

A busca por parcerias, para a realização dessas ações, vem sendo uma constante sem, no entanto, ainda terem sido concretizadas de forma satis- http://www.facebook.com.br/CulturaNordestinafatória. Um pequeno grupo de sócios apoiadores e Letras contribuintes vêm dando suporte financeiro para

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Educação

ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS E ESCRITORAS DO BRASIL-AJEB. 50 ANOS DE UMA BELA CAMINHADA por: Dioni Fernandes Virtuoso A AJEB é uma instituição que tem por objetivo estimular a união de jornalistas e escritoras, promover o intercâmbio de conhecimentos, ideias, experiências, amizade e respeito entre as suas associadas e com associações congêneres; incentivar o aperfeiçoamento profissional e a produção cultural com uma programação democrática, sempre tendo como resultante a adesão e a harmonia solidária entre suas associadas.

A Délégué CULTIVE em Criciúma/SC, Dioni Fernandes Virtuoso e a MIC CULTIVE Edenice Fraga fazem parte da AJEB de Santa Catarina, que foi fundada em 2018 e já conta com quase 50 Ajebianas. Algumas fotos do evento:

Sua história começou quando a nossa Patrona, a escritora Hellê Vellozo Fernandes trouxe do México em 1970, a missão de fundar a Associação e, em 08 de abril deste mesmo ano fundou na cidade de Curitiba/PR a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – AJEB Nacional. A atual Presidente da AJEB Nacional é a escritora Maria Odila de Menezes. Hoje são dezesseis estados com suas Coordenadorias livres para criarem e desenvolverem seus projetos, como concursos, lançamentos de Antologias, lançamentos de livros de suas Associadas, Saraus, participações em Feiras de livros e outros eventos, divulgando a cultura e a AJEB. Este ano, uma grande festa aconteceria no Distrito Federal para as comemorações do Jubileu de Ouro da AJEB Nacional, mas foi cancelada devido à pandemia do novo Coronavírus. Em setembro de 2019, aconteceu o II Encontro Nacional das Ajebianas e a Coordenadoria de Santa Catarina foi sede do grande evento. A Coordenadora/Presidente Renata de Avellar Dal-Bó e suas Associadas recepcionaram Ajebianas de todo o país, no Hotel Termas da Guarda, na cidade de Tubarão/SC.

Presidente Nacional Maria Odila de Menezes e Presidente da Coordenadoria de Santa Catarina Renata de AvelLar Dal-Bó. Revue Cultive - Genève

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Educação

Vice-Presidente da AJEB Nacional Eliane Tonello, Presidente/ Coordenadora da AJEB de Santa Catarina Renata de Avellar Dal-Bó e a Presidente da AJEB/SC Mariany Goncho e Renata de Avellar AJEB NacionalMª Odila de Menezes. Dal-Bó

Ajebianas de todo Brasil

Ajebianas de Santa Catarina

AJEB/SC: Lélia Nunes, Dioni Fernandes Virtuoso, Maria Mogorim e Membro Honorário Dr José Warmuth.

Mesa diretora da AJEB Ajebianas de Santa Catarina. 72

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CULTIVE ATUAL Esse ano de 2020 vários projetos da Cultive sofreram modificações. Tiveram que ser anulados o 3° Concurso de Literatura Infantil Cultive destinado aos alunos da escola pública que contava com a coordenação da Cultive de Santa Catarina; O II Cultive Intercâmbio Internacional Brasil Suíça que aconteceria em Florianópolis, Mandaguari, Maringá, Alagoa Santa- GM, Fortaleza, Recife, Alagoa Nova, Barreirinho e Bitupitá, Camurupim, Porto Alegre e Brasília. Todos esses projetos foram adiados para 2021. Mas pudemos realizar o projeto Pão na Mesa que distribuiu cestas básicas para necessitados de Alagoa Nova com a colaboração dos Bombeiros e a paróquia de Alagoa Nova resultando num belo trabalho de solidariedade na cidade. O capitão Neguinho e o Padre Jorge estavam à frente

bust com o tema A vida da Mulher no Mundo em parceria com a ECCO e o Conselho Comunitário de Genebra A Cultive também realizou uma live, com o pro-

fessor Adriano Souto, de Fortaleza. A live sobre o tema Aspectos da Linguísticos e Principais Elementos Referenciais da Língua Portuguesa teve o apoio da ECCO. Association Cultive Club d’Art Littérature et Solidarité Conferência:

ASPECTOS LINGUÍSTICOS E PRINCIPAIS ELEMENTOS REFERENCIAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA Live - sábado dia 16/05 às 16h (hora de Brasília) Conferencista:

Adriano Souto

da organização, in loco, comprando os produtos e distribuindo os alimentos. PÃO NA MESA também realizou distribuições de cestas em Genebra apesar de muitas associações locais também realizaram distribuições de alimentos. O movimento de solidariedade foi realmente muito grande nesse período de pandemia, embora saibamos que existem muitos necessitados no Brasil, na África e em vários países da América do sul. Foi também realizada, na sede da Cultive em Genebra, uma conferência com Celma Regina Helle-

Professor, escritor, poeta,

Participe desse precioso e importante encontro, seja você escritor, aluno, professor ou amante da língua portuguesa! É grátis! em seguida:

sarau poético Link Zoom: https://us02web.zoom.us/j/85711367024 Id: 857 1136 7024 ou contate:

cultivelitterature@gmail.com

Dentro da programação 2020, ainda está de pé a realização do Salão do Livro de Genebra onde a Cultive vai lançar a Antologia Cultive Era Uma vez Revue Cultive - Genève

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Cultive uma Anjo e a 2a edição da Revue ARtplus. Nesse evento iremos reunir autores vindos do Brasil que, além de lançar seus livros, irão realizar rodas de discussão sobre a literatura e sobre os efeitos do confinamento sobre as pessoas, sobre arte e a literatura. O evento terá seu ponto alto com a Exposição de Arte da Galeria Artplus e a posse de Novos Membros Internacionais Cultive. Como sempre a

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Cultive não deixará de cultivar a harmonia entre os participantes, colocar em evidência seus autores e proporcionar um clima de festa e amizade. Mais do que nunca precisamos festejar por estamos vivos, sãos e criativos. As inscrições para o Salão estão abertas. Contato: cultivelitterature@gmail.com


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Gustavo Lagranha é advogado e reside em Vacaria/RS, onde nasceu, em 1987. Morou em Porto Alegre por mais ou menos cinco anos, quando cursou Letras na UFRGS e participou de oficinas de poesia e criação literária, com Ronald Augusto e Charles Kiefer. Possui contos publicados nas coletâneas 103 que contam e Novos contos imperdíveis, ambas organizadas por Kiefer, na Revista Rabisco de Psicanálise e crônicas no site: palavraria.wordpress.com. É ainda autor do blog: furiacontramaquina.blogspot.com .

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me digo que não há o que dizer embora lá fora o verão e a morte e o tempo frouxo a fluir sem dó embora momentos suspensos sem tempo nas camas e matos e jardins e telas mitiguem o monstro a crescer nas cidades e espichem as tardes nos longes dos sítios a traduzir o delírio do verde embora haja sempre quem nos observe os erros e o íntimo e o que se aponte e a dúvida rompa quando a noite desce seu manto roto e seus cães vagabundos suas damas desnudas e sua prole de insultos e aquilo sem nome que cinge os sonhos embora cantigas soem nas festas e as florestas feneçam aos pés do homem que assoa o nariz em toalhas de renda e pequeno brinca de esconde-esconde e embora não haja o que dizer ainda cantamos


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CULTIVE - CLUB INTERNATIONAL DE LITTÉRATURE D’ART ET SOLIDARITÉ Antologia Cultive Era uma vez um Anjo

anjos amigos, anjos médicos, anjos entregadores de pão, anjos que mantem a cidade limpa, que mantém o alimento, anjos nos bastidores, anjos que telefonam, anjos que curam, anjos que se preocupam com o próximo, anjos que fazem campanha para ajudar o próximo; nos auxiliam nos nossos afazeres, a melhorar nossa saúde; anjos que curam; que nos ajudam a levantar o moral; anjos que oram, que cantam; que pintam; que encantam; que recitam; que tocam; que se arriscam; anjos poetas; até anjos animais; anjos, anjos, anjos.... Anjos por toda parte, em todo o tempo e em qualquer lugar sempre presentes. Para esses anjos com asas ou sem asas vamos fazer uma homenagem escrevendo uma carta, um poema, um conto, uma mensagem de amor com a sua história. Vamos registrar esse momento único por que passamos e dificilmente esqueceremos.

Nesse momento as reflexões se acumulam. É que pensamos mais sobre nós, sobre o outro, sobre a natureza, sobre o que nos afeta e à sociedade. As lembranças ficarão mais suavizadas com o tempo, porém podemos guardar nosso melhor pensamento desse momento tão emocional nessa antologia histórica que a Cultive propõe. Conte sobre os seus pensamentos e sentimentos, pode ser uma história que vem do passado e que alivia o coração, uma história do presente da qual você foi protagonista ou vivenciou, ou foi testemunha, ou mesmo sobre o futuro, mas se não for uma história real pode ser A Association Cultive - Club International de Art, uma história de ficção centrada num anjo servindo littérature et solidarité convida-os para participade apoio, coragem e força para quem lê seu texto. rem do projeto histórico que será lançado no Salão Essa Antologia vai criar asas angelicais com os texdo Livro de Genebra: A Antologia Era uma vez um tos escritos por anjos das palavras. Não deixe de Anjo participar! Uma Antologia escrita por anjos das palavras Por que falar de anjos? - Concurso Cultive de Literatura Somos autores e não devemos baixar a cabeça diante da situação atual. Levantemos nosso lápis e Os textos concorrem ao 3° Concurso Cultive de Liescrevamos! Nada pode ofuscar nossa criação! Vateratura. mos produzir e criar textos falando dos anjos que 1°,2°,3° categoria poesia e prosa. nos cercam nesse momento e que são tantos ! São Revue Cultive - Genève

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Angeli Rose

é colunista do Jornal Clarín Brasil semanalmente; professora, Dh.C em Educação(FEBACLA) e Belas Artes(CONCLAB); Doutora em Letras, Ph.I em Estudos Filosóficos (ALB/ Campos-R); e Ph.D. em Educação (UFR);Escritora, poeta premiada; e pesquisadora, carioca e contadora de histórias. Foi agraciada com diversos títulos honoríficos.

mos que ela tome o caminho previsível que Angeli, através de um porta-voz, comunica-se com o anjo que irá guiá-la e ajudá-la a encontrar forças para recomeçar seu trabalho e realizar em um mês o que havia consumido nove meses para concluir. Rose, em meio à decepção do objetivo fracassado, recupera a coragem perdida, segue as orientações, motiva-se e retoma o caminho para refazer o que devia ser feito.

Em A voz atravessada no tempo, Rose começa sua narrativa dentro de um campo acadêmico, levando-nos a acreditar que seu texto relataria os caminhos da preparação de uma dissertação para o mestrado. Ao passarmos de um parágrafo para outro, o nosso interesse fixa-se em descobrir o tema da pesquisa e no desfecho do fatídico momento em que sua monografia é rejeitada. Fim da história, pensamos: agora ela vai para casa chorar e deprimir. É no momento em que espera-

Assim agem os anjos quando não os percebemos, eles utilizam de todos os meios para se fazerem entender e cumprir sua missão de carregar o protegido, a fim de lhe aliviar o peso.

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As paredes aparecem no nosso caminho para que possamos nos provar que podemos atravessá-las. O que pode ser visto como azar, na verdade é uma forma de exercício para muscular o espírito e nos ajudar a carregar o peso dos conflitos, das decepções e das dores até quando nos sentimos impotentes.


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Amauri Holanda de Souza

Formado em Ciências da Religião, bacharel em Direito. Psicopedagogo Clinico e Institucional. Professor concursado. Foi destaque em alguns concursos de poesia e conto no país. Ganhou um festival de música com letra e música de sua autoria. Participou como Conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ceará. Estudante de Psicologia e Neuropsicopedagogia. O tempo aperfeiçoou o meu lado amante, mas não mais na solidão de antes...Amauri é um daqueles poetas românticos e apaixonado. Apaixonado sim, os seus versos e seus contos são repletos de declarações de amor por pessoas e pela natureza. Na Antologia Era uma um Vez ele não foge à regra. Com a paixão de homem por uma mulher ele inicia seu conto relatando um encontro numa sala de aula.

O som do seu coração é audível nas suas palavras apaixonadas que relatam o encontro e a descrição daquela que fez explodir seu peito. Na sua declaração ouvimos o som do amor agitar o seu coração. Os mínimos gestos aparecem como ums pluma soprada pelo vento. Tudo ressoa nas suas palavras, o deslumbramento, a dúvida, a timidez e a coragem. Em cada descrição ele revela o seu anjo e seu personagem cria asas e toma forma na nossa imaginação. No poema «UM ANJO DAS MINHAS NOITES», o objeto do seu amor é intocável, é prata, é fortuito, invade seu espaço e o envolve, e nos envolve. Somos conduzidos ao final do poema com delicadeza até descobrirmos quem é a musa do seu poema e nos surpreende. Só lendo o seu texto para descobrir a sutileza com que as suas palavras nos envolvem. «Para escapar do silêncio assombroso que queria fazer morada em meu coração, mesmo depois do ato de contrição, fazia-me bem olhar você caminhar...» Revue Cultive - Genève

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Avani Peixe Lemos - escritora, poeta e

mãe dedicada. Se ela é adovgada não é o mais importante porque o seu melhor currículo é primeiro ser mãe , e em seguida, hoje ,ela está escritora e artista.

Um anjo na minha vida vai fazê-los

chorar de emoção. É uma declaração de amor e ao mesmo tempo uma prece de agradecimento, por ser agraciada com duas pérolas tiradas da concha do seu útero. Sim, é uma mãe que verseja sobre seu poema maior, seus filhos. Com palavras simples relata passagens ligadas ao nascimento, a um momento de criação poética, à estreita relação entre 80

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mãe e filhos criado por laços de inteira dedicação. Em cada parágrafo confessa passagens que só uma mãe pode reverenciar e guardá-las na sua preciosa caixa de lembranças inesquecíveis, o coração. Esses relatos vão despertar no leitor as lembranças, não só do amor maternal, mas toda espécie de amor, porque seja qual for o amor sabemos retirar das demonstrações as melhores recordações como um presente de vida e de ensinamento. Atrás das palavras muita coisa a ser dita, mas o mais importante e essencial é o amor que transforma os seres amados em anjos. Os anjos enviados para nos ensinar a amar. Isso não é um presente? Um anjo que vem para auxiliar na nossa evolução humana?


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Nasci em Fortaleza-Ce. Graduada em Letras pela URCA - Universidade Regional do Cariri, também tenho especialização em Ciências da Educação. Tive participação em várias Antologias e estou aguardando agora a edição do meu primeiro livro-solo. Desde cedo me senti impelida a escrever. Primeiro poemas. Depois, relatos de minha vida entremeados de crônicas e prosa poética. Já participei com um conto do Salon do Livre em Genebra conseguindo pela Cultive o segundo lugar. Sou membro da diretoria do ICC - INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI onde já exerci a função de Presidente. Escrever é meu deleite. Amar é minha grande virtude.

Imagino que ser feliz é como realizar uma receita sem falhas. Em todas as épocas e em todas as sociedades, percebe-se que as pessoas tentam definir a felicidade como um estado de espírito padrão que pode ser explicado através de uma legenda. Que nossos sentimentos de felicidade sejam como os confeitos em um bolo. bonitos, exuberantes, perfeitos. Que a felicidade possa ser adquirida num pacote e que, lá dentro, a receita já venha pronta, sem ao menos precisarmos acender o forno.

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Edenice Fraga - é natural de Florianópo-

vidas humanas nessa guerra desigual, são evocados como heróis. Rimando elogios e ressaltando a dedicação desses abnegados Astros dos hospitais (do corpo de saúde ao pessoal da manutenção hospitalar), os únicos que não puderam isolar-se e tiveram que enfrentar o inimigo com as armas que lhes eram disponíveis e conhecidas são elevados por Edenice à categoria ora de gladiadores, ora de anjos.

O poema Astros dos Hospitais, um poema de sete estrofes, contendo cada estrofe seis versos apresentando rimas mistas, é uma homenagem aos heróis anônimos que combatem a morte nos hospitais do mundo inteiro. Homens e mulheres de branco que se colocaram à frente das trincheiras humanas, enfrentando o perigo da contaminação e o monstro da morte noite e dia, a fim de salvar

E com versos plenos de gratidão, e com o merecido respeito, ovaciona-os e valoriza-os. Nesse poema oração, Edenice termina por lembrar que os anjos terrestres estão acompanhados e apoiados pelos anjos celestiais.

lis-sc. tenente-coronel da reserva da polícia militar, escritora, palestrante e apresentadora de tv. possui dois livros solo publicados e participação em várias coletâneas, cd, sites e revistas. Faz parte da Academia de Letras dos Militares Estaduais de Santa Catarina, da ANACLA, FEBACLA e GRUPO DE POETAS LIVRES. atua no meio literário como poetisa, contista e declamadora.

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Eloah Westphalen Naschenweng

mora em Florianópols, SC, escritora, poeta, ativista cultural. Livros solos: Fragmentos; Relicário; Além dos Fragmentos; Dança da Vida; Retalhos Poéticos; Canto Solo; Mosaico; Palavras e Afetos; Eu e os Poetas; Memórias; Porque hoje é domingo; No tempo das Saudades e das Caminhadas; A Dama do Teatro Catarinense; Enquanto a Eternidade Reflorescida Espia...; A Espanha que eu vi; Biografias de : Luiz Delfino e Juvenal Melchiades de Souza. Coautora em 54 Antologias

Afago na dor- Eloah discorre, nessa poesia, sobre a inconstância do homem diante da ameaça da dor. Os sentimentos se mesclam enquanto o tempo escorre no relógio. O silêncio surge pesado na descrição do vazio das ruas, da ausência de vida. Ela transforma as janelas em olhos que

observam o mundo. Ela é a humanidade que sofre o distanciamento. Marca a importância das horas para não se perder diante do tempo que parece indiferente a essa preocupação humana. Eloah descobre a esperança e traz à tona o surgimento dos anjos salvadores dos agonizantes. Nem tudo está perdido no ser humano! Quando acreditamos que são selvagens, surgem humanitários e corajosos. Sem temor desdobram-se em esforços e se doam, e se expõem com coragem e determinação, anjos de carne e osso protetores dos enfraquecidos que fazem renascer a esperança. Uma confissão de um poeta observador do sofrimento que a cerca que com sensibilidade transcreve-o numa poesia delicada, dolorosa, mas esperançosa.

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Fabiana Zanela Fachinelli,

natural de Caxias do Sul / RS. Cursei Magistério. A minha vida profissional sempre foi na área administrativa e de informática. Cursei a graduação em Administração de Empresas com ênfase em Comércio Exterior, Pós-graduada em Informática Educativa, Formação Pedagógica e Formação para Escritores. Atuo como professora de Informática Educativa para crianças, jovens, adultos e idosos. Escrevo com amor poemas, contos, artigos. Penso que o caminho da escrita é de muita aprendizagem, por isso busco infinitamente aprender. Tento traduzir minha sensibilidade na escrita.

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Anjo é um ser presente e especial na vida da Fabiana que se reforça no período de pandemia. Confinada, descobriu que tinha tempo e aproveitou para estudar mais profundamente o ser Anjo. Sua pesquisa leva-a bíblia, em primeiro lugar, e ela começa debulhar as ações dos diversos anjos em todas as situações durante essa pandemia. Ela desfia os anjos que seguram as dificuldades. São anjos artistas, anjos da caridade, anjos misteriosos, anjos anônimos que trabalham em realizam vários tipos de atividades, há nos ajudam a manter a nossa cidade limpa, os que educam, que oram, os anjos que curam, enfim anjos que apoiam e carregam o peso nas costas. Por fim ela não se priva de lembrar que todos temos um anjo ao nosso lado.


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Irislene Castelo Branco Morato,

Cirurgiã-Dentista Especialista e Mestre em Odontologia, pelas PUC e UFMG. Escritora e poeta, membro efetivo de diversas Academias nacionais e internacionais. Participou de mais de quarenta antologias. Quatro livros solos, dois infantis bilingues português / inglês, 2019/2020. Presidente Coordenadora da AJEB - MG, Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, Coordenadoria Minas Gerais, 2018/2020. Organizadora da Coletânea da AJEBMG, “O Nu da Palavra - Prosa e Verso”, O Feminino através do Tempo, 2020.

Tsunami Viral evoca uma avalanche sufocadora, inquietante e poderosa sobre a natureza e sobre o homem. Quanta história sugere esse tema que causou tanto alvoroço e morte no mundo! A fotografia da tragédia estampada nas manchetes dos

jornais já haviam sido esquecida. E agora, reaparece outro tsunami, dessa vez viral. Irislene, a autora representada pela aluna de filosofia joana, divaga sobre nossas ações e seus efeitos sobre o universo. As questões se sucedem e conduzem o leitor a acompanhar suas reflexões e formular respostas. Sutilmente as questões penetram em nosso pensar e nos conduzem, também, a pesar os elementos comportamentais na balança invisível da consciência. Verbos como, vibrar, ser, ter, treinar, evoluir, caminhar são usados pedindo complementos intrínsecos na moral e no caminho da evolução humana. As possíveis explicações para as reações resultadas das nossas ações são ainda incógnitas e nós teremos esse entendimento quando, um dia, pudermos compreender a física quântica, ainda misteriosa para nós, seres humanos.

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Ivanilde Morais de Gusmão profes-

sora, advogada, ensaísta, contista e poeta. Estudiosa de Karl Marx e da Literatura. Membro de várias Academias. Livros: Sobre o Programa de Gotha, Karl Marx; Dignidade na Morte; Um Caminho para Marx; Para Compreender o Método Dialético; No Redemoinho da Vida a Luz Aflora em Mim; Entre o Silêncio e a Solidão ; No Cotidiano da Vida a Poesia vai Construindo o Humano; Nas Veredas da Vida com Ternura vai Resgatando o Humano.

Ivanilde cria, em Anjos do Apocalipse, uma sonhadora que divaga vigiando pelas estrelas. Em dado momento ela dá-se conta do efeito do tempo, questiona-se sobre seus sonhos, mas é interrompida por um som misterioso. Curiosa, procura a origem do som, constata que são seres lumi86

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nosos, mas seus olhos cansados não os define ao longe. Lembra-se de uma cena semelhante no seu passado. Ivanilde conduz o mistério que nos engana em cada parágrafo. Às vezes parece revelar-se e novamente Ivanilde, encontra palavras e desvia a revelação para mais adiante, acende nossa curiosidade. Seres que parecem vindo do espaço ressurgem diante da sonhadora, ela se curva, perscruta, assusta-se, interroga-se, compreende a missão dos visitantes do Bem e torce para que consigam realizar seu intento. Ela é testemunha dos visitantes na calada noite. Observa atenta todo o movimento até o sol surgir e cobrir a terra com seu facho de luz vermelha. O movimento dos anjos do apocalipse faz renascer a esperança, deseja e espera que mudanças aconteçam na terra e cansada repousa à luz do dia.


Cultive

Izabel Hesne Marum nasceu no inte-

Em três poesias, Nossos momentos, Esfera e Cheiros rior de São Paulo. Lá ela casou e teve seus filhos. de nuvens Izabel falar de amor. Ela apela aos senMudou-se para São Paulo estudou história da arte e tidos, ao olfato aos cheiros presentes nos perfumes abriu um negócio de objetos antigos. Durante mui- vindos das flores e da terra, e os sentidos acordam tos anos manteve sua família com vendas de obje- o seu passado. tos que vinham do Brasil e do exterior. Após anos dirigindo um osito de objetos antigos e de arte. Em lamentos sombreados pelos sonhos, ela deiDecidiu fechar seu comércio e mudar-se para Flo- xa transparecer o desejo de viver e de continuar rianópolis. Possuidora de uma mente rica de ima- em busca dos sentimentos que dá força ao espíriginação, pôs-se a escrever. Histórias infantis, poe- to. Uma certa nostalgia nos versos que reclamam o tempo passado, os amores perdidos, a saudade sias e contos preencheram páginas manuscritas. marcada com os perfumes presos na memória e na presença da efemeridade das pétalas das rosas. Tudo é rodeado de uma simbologia marcante que desperta para realidade consciente do tempo, da morte, mas no grito de um recomeço o clamor ardente do Anjo Esperança Revue Cultive - Genève

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Izabella Pavesi é historiadora e poetisa, au-

tora de: “O Último Gerente”, “O Néctar da Vida”, “Buscando Vestígios”, e do romance histórico “O DESBRAVADOR- a trajetória heroica de Giuseppe Caresia, imigrante trentino-italiano”. Participou de inúmeras Antologias e Coletâneas desde 2005. É membro de: W.P.S. –World Poets Society, SEB-Sociedade E.de Blumenau/SC, Associazione Intl. Mandala (A.C.I.M.A)–Milão-It., ACLAV–Espírito Santo /Brasil, Literarte, ALB-Academia de Letras do Brasil/Suíça, Academia de Letras de Nova Trento/ SC, Rede Mídia Sem Fronteiras e Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture, e da AJEBSC.

Anjos de Miami - Sonhos, coragem e de-

terminação são três argumentos seguros para se decidir a enfrentar o desconhecido estrangeiro. Izabella sonha com Miami. Voa, desembarca e começa a batalha igual a de todo imigrante: estabelecer-se, abrigar-se, instruir-se com as regras, comu88

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nicar-se, trabalhar e integrar-se. A ordem pode ser alterada, mas Izabella segue o guia das realizações urgentes e enumeradas na sua agenda. A esperança da facilidade cai por terra. A preocupação de não conseguir realizar todos os itens da sua lista aumenta. A primeira dificuldade, talvez uma das mais difíceis no estrangeiro, conseguir morada se, principalmente, o dólar estiver acabando. Mas quem se deixa abater quando se tem determinação e fé? A procura continua, os dias passam, as luzes não se acendem. Quando o desespero está batendo, eis que uma luz surge reacendendo a esperança. Izabella agarra-se à oportunidade, mas logo se dá conta que era penas uma luz falsa na escuridão. E na sombra do medo e da incerteza surgem os anjos, dão-lhe à mão, mostram-lhe uma saída. Izabella guarda na sua memória o anjos que a socorreram e não a deixou abandonada. Um relato emocionante e verdadeiro.


ACultive

Jacira Barros

nasceu em Recife-PE-BR Bacharel em Administração, membro da União Brasileira de Escritores-PE, e da Academia de Letras do Brasil-PE. Participa do Grupo Literário Dom Graciliano. Publicou contos em diversas antologias. Tem artigos e crônicas em jornais e revistas literárias. Em 2019 participou do Salão do Livro de Genebra junto à Cultive, e fez a apresentação do livro de sua autoria, A noite que não tem fim. Durante o evento fez palestra sobre A construção do Conto. Em O Renascer Da Esperança Jacira escreve um conto que poderia, perfeitamente, ser uma ficção, mas aos olhos de um bom observador identificamos a infeliz realidade de muitos brasileiros, e por que não de muitas pessoas que vivem pelo mundo? E essa ficção não é uma simples história saída da fantasiosa cabeça de um escritor, não, ela

está próxima de nós e retrata a realidade porquê estamos passando nesse momento. A precariedade, a fome e a miséria que estão passando milhares de pessoas nesse momento de Covid. Ela inspira-se em uma família que irá representar o todo e despertará a solidariedade que decorre em situações trágicas. O sofrimento e a solidariedade se apoiam e a esperança envolve os sofredores. O texto envolve no desfecho um apelo à humanização e à solidariedade, demonstrando que nem tudo está perdido. E que somos homens com sentimentos e capazes de amar e fazer RENASCER A ESPERANÇA

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Cultive

Jacqueline Assunção

contra sua reflexão sobre a inercia observa e desNas minhas andanças, construí um mosaico creve os detalhes da natureza, reivindica liberdade com contornos cheios de sentido, passando por e anseia por se metamorfosear, simbolicamente, viagens(mestrado de Gestão de negócios Turísti- trazendo a borboleta como a libertadora, mas essa cos), pensamentos (Graduada em Filosofia), pince- metamorfose é mais profunda, mais ligada ao âmaladas(Graduação em Artes Plásticas) e uma parada go e questiona o tempo. Qual será esse tempo? O com Freud,(Formanda em psicanálise), atenta aos passado, o presente ou o futuro? O fim sempre se princípios ativos dos remédios para alma (biblio- une ao início. E Jaqueline continua a sua busca pela terapeuta). uma nova forma de escrever o verbo liberdade, desce das asas da borboleta e com suas próprias asas voa para o seu interior e viaja nos senexistir...(formação –Escritas Terapêutica). timentos, e descobre o prazer da fantasia do livro. Em Doce Presença o canto é melódico, saudoso um lamento, um grito, um olhar de observação contestado, reivindica a ação e solicita em prece a intervenção de Deus, em consequência e 90

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Cultive

Lúcia Sousa-

Pernambucana. Psicóloga. Especialista em História das Artes e das Religiões-UFRPE. Delegué Internacional Cultive e jornalista correspondente da Revue Cultive - Genebra/Suíça. Organizadora do Projeto Cultural da Cultive Littérature et Solidarité Recife - 2019. Coorganizadora da Antologia Carrero com 70. Membro da Diretoria Executiva da União Brasileira de Escritores-UBE/PE. Membro da Diretoria da

Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – AJEB/PE. Organizadora do Evento para Raimundo Carrero, na Academia Pernambucana de Letras – 2019. Palestrante da Flipo – Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural e UBE - 2019. Participante: Antologias. Prêmio Mulher Evidência – 2019 - Lei 1204/2015. Lei PE.

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Lu Imperiano , Luciana Imperiano- é bra-

sileira, morando na Alemanha. Designer

Dia difícil é um grande relato de um só dia,

um dia de natal. Como pode um dia de natal ser difícil? Nem todos os natais são iguais. Muitas pessoas vivem esse dia em meio à dificuldades por vezes insuportáveis. Em um dia difícil, a via sacra do personagem começa cedo e parece infindável. No seu minucioso relato, ela nos passa de maneira sincera, franca e realista suas emoções, seu desespero e o caminho percorrido para conseguir ajuda. Nós podemos sentir sua própria dor, o descaso com que lidam com sua história e nos perguntamos

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como pode existir pessoas tão insensíveis diante da dor e do sofrimento? Até nos perguntamos por que pessoas vivem situações idênticas mesmo tendo condições de ter assistência necessária? Nesse relato nos deparamos com questões que ultrapassam nossa compreensão. Esse é o relato de uma pessoa entre milhões que passam por situações semelhantes e se sentem sós na sua busca porque quem não sente, não entende. Um caminho difícil que termina com uma palavra de uma pessoa, entre dezenas que ela cruzou na sua longa peregrinação em busca de ajuda, uma palavra de consolo qeu a reconforta e faz acalamar-se para viver o seu dia de Natal cercada pelos seu filho, apesar da dor. Um anjo que lhe deu coragem.


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Mabel Cavalcanti nasceu em Pernambu-

co,mas vive em Portugal. Cantora, poetisa e contista ela se integrou no meio literário de Lisboa onde assumiu o secretariado da APP. Associação de Poétas de Portugal.

pequenos filhos. No ápice do relato o prazer da espera vira angustia, medo e preocupação. Um salto inesperado causado pelo simples fato de estarmos vivos e não podermos prever nosso destino. O inesperado acontece. A dor antecipa-se. Horas de sofrimento, de busca de Deus. A união faz a força. E as orações entrelaçadas chegam ao seu destino, e são ouvidas, e mais uma vez o milagre bate à porta inesperadamente. Como refutar o poder de um pedido saído dos corações? Talvez um dos pedintes seja o intermediário necessário. O Importante é

Mabel escreve, num emocionante relato, a difícil chegada de um anjo na sua vida. Estamos no mês de dezembro, mês que evoca a paz. A história de Mabel inicia sob a descrição dos efeitos do nascimento de Jesus festejado no Natal. A distância da sua casa é mais um atributo que aumenta a angúsque a LUZ LILÁS, representando o divino, tia do desenrolar dos fatos. A preparação para recemostrou o seu prisma e agiu na hora certa provanber o anjo é bem detalhada com palavras que nós, do que a fé remove montanhas. mulheres, bem compreendemos ao esperar nossos Revue Cultive - Genève

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Maria Inês Botelho - Natural de : San-

ta Cruz do Rio Pardo (SP-BR), mas vive em Mandaguari. Professora aposenta, ativista cultural, ela ostenta um curriculum repleto de participações em congressos, filiações acadêmicas, organização de ventos culturais, atividades sociais, participação em eventos intercionais representando a literatura brasileira e defendo a cultura. Somado a essas particpações, ela coleciona diplomas. medalhas e condecorações ganhos em concurso, pelas atividades em academias, associações interncaionais e diversas diploma de mérito autorgado por cameras municipais de varios municipios do Paraná em reconehcimento as suas atividade em prol da cultura e do bem público e educacional. Na Antologia Era uma vez um Anjo, Maria Inês participa com dois textos. Ela versa com o poema Anjo Bom e prosa com o texto Toada da Vida Em ambos ela aborda o saber viver, relembrando que o movimento da existência é contínuo. «Em 94

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cada esquina e em cada curva que nos deparamos, diz ela, somos surpreendidos com acontecimentos de toda espécie». Ela joga nas suas palavras a necessidade de estarmos preparados para o que der e vier, lembrando que em cada raio de sol e em cada gota de chuva podemos encontrar a esperança e o apoio da mão de Deus. Assim como os nossos primeiros passos são guiados, primeiro pela família, depois por nós mesmos, fabricamos o nosso próprio bastão, mas sem esqueçer que somos conduzidos, durante nossa caminhada, pelo sopro dos anjos que nos protegem e nos orientam. Ela ressalta que o trabalho e a escolha do caminho a tomar são sempre nosso. Recebemos apoio, mas nós é que executamos o trabalho. Suas palavras nos direçiona ao bem, à fé e à determinação, tomando a coragem como arma para vencer as barreiras do medo e das dificuldades. Seu texto é um guia de incentivo para que não nos deixemos abater pelo fracasso e para que sempre continuemos a ter fé na proteção divina.


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Neusa Bernado Coelho é Membro Ti-

mulher com asas enormes se acercando dos mortais e protegendo-os do mal. Neuza relata a vida de um anjo sobre a terra, mas não o anjo de Miguel Angelo, nem os seres alados das catedrais. O anjo nesse relato é uma mulher. Uma brasileira que se dedicou às causas humanitárias e morreu no campo de trabalho salvando vidas em plena ação durante a missão a que se dedicou. Dra. Zilda Arns, criadora da pastoral da criança no Brasil e expandido em outros países em situação de miséria. Dr. Zilda Arns perdeu sua vida num terremoto no Haiti.

tular do COMDIM (Conselho dos Direitos da Mulher), Na diretoria na Ação Social Paroquial Senhor Bom Jesus de Nazaré atua na função de tesoureira e procuradora dos idosos da Casa de Repouso Santa Maria dos Anjos. Colaborou na implantação da ONG Pastoral da Criança em Palhoça, onde coordena desde 1999. Precursora do projeto de reforço escolar com crianças da catequese do Caminho Novo. Participou da implantação e diretoria do Centro Social de Educação e Cultura - projeto da Fundação Fé e Alegria do Brasil, para promoção social de crianças e adolescentes em vulnerabilidade social do Jardim Laranjeira/Palhoça. Pu- “Como os pássaros que cuidam dos seus filhos ao blicou livros de Poesias e “Tributo a Zilda Arns”, fazer um ninho no alto das árvores e nas moné coautora de várias obras literárias e Antologias. tanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos e mais perto de Deus, devemos cuidar de Virtudes de Zilda Arns - Quandofala- nossos filhos como um bem sagrado, promover o mos de anjos, surge imediatamente a imagem dos respeito aos seus direitos e protegê-los”. seres divinos voando. Um corpo de homem ou de Revue Cultive - Genève

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Maria José Esmeraldo Rolim nas-

ceu em Floriano – Piauí, Estado do Nordeste do Brasil. Criou com anuência da família o projeto que transformou a casa familiar no Centro Cultural Cristino Castro, onde funcionam os cursos do PRONATEC (informática, teatro, dança) e com finalidade gerar de renda para artesãs, funciona o Prodart, uma cooperativa de artesanato. O Centro, também, abriga o Museu Zezé Castro, e a biblioteca Da Costa e Silva.

Os anjos da janela Uma história de uma mulher que mudou sua vida, meio que na marra, através dos anos. O amadure96

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cimento forçado pelas decepções, pelos próprios imprevistos é avaliado. O personagem cresce enquanto enfrenta dificuldades, o aprendizado que adquire dá-lhe coragem para sonhar mais. No seu caminho de crescimento vários anjos a acompanham, a apoiam, anjos que surgem inesperadamente com gestos simples dão-lhe confiança e a faz recuperar a tranquilidade. Em cada mudança de vida, ela se apoia na aprendizagem que os livros lhe trouxeram, ela compara, analisa e vai saltando os muros que interrompem seu caminho e a cada obstáculo um anjo a auxilia a dar o pulo decisivo. Ela se descobre com o passar do tempo e cresce. É um personagem que representa a vida muitas pessoas.


Cultive

Isolda Colaço- Graduada em Letras-Litera-

tura pela Universidade Estadual do Ceará; Pós-graduada em Semiótica Aplicada à Literatura e Áreas Afins; graduada em Psicopedagogia; Professora de Linguagens e Literatura há 25 anos no Ensino Médio em Fortaleza; Pesquisadora da música popular brasileira e, especialmente, de Literatura (Florbela Espanca/ Clarice Lispector e Fernando Pessoa). Criadora de projetos educacionais nas áreas de Leitura, Artes, Interpretação e Produção Textual).

O Anjo e a ninfa - O anjo encontra uma

de meios mágicos para enfeitiçar e conquistar a sua amada ninfa. Ela se deixa levar e encanta-se pelos trejeitos, pela astucia desse anjo do amor. Ela se debruça com deleite, viaja nos braços da paixão e aproveita o momento, e deixa-se invadir pelo prazer de ser amada, pelo prazer de ser o centro de uma conquista, envolvida pelos sentidos. Ela se perde entre a realidade e a utopia, mas não se importa, afinal o envolvimento a faz flutuar e perder-se nas estrelas, e descobrir o arco-íris que dará cor a sua vida sombria

ninfa desiludida. No furor da paixão, a ninfa não faz a diferença entre anjo, ser divino e homem, ser terreno. Mas como não duvidar quando o ser usa Revue Cultive - Genève

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Monta Cabral

é uma pernambucana que mora em Genebra há mais de quinze anos. no Brasil era empresária. Hoje aposentada, dedica-se a escrever reflexnoes sempre voltadas para a vida. Observadora e sensível aos acontecimentos, às realções humanas ela procura com seus mostrar às vezes com comparações, outras com avaliações os comprtamentos humanos,

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suas relações com a natureza, seu centro de interesse, elaborando uma análise sutil sob a luz da sua experiência. Montana é daquelas pessoas, que fal e exemplifica com ações. E nas suas palavras os anjos voam ao lado das pessoas e da sua filha, que cosidera um anjo em sua vida.


Cultive

Norma Bezerra de Brito é natural do

na poesia. Fez oficinas literárias no Recife com o Crato/CE. Mudou-se para Recife/PE. Atualmente escritor Raimundo Carrero; e, em Brasília, com reside em Brasília/DF. Especializada em Língua o escritor e dramaturgo Marco Antunes. Escreve Inglesa e Mestrado em Linguística Aplicada pela para a revista A Província, do Crato. É membro da UFPE. Professora de Inglês, aposentada pela Uni- Academia Cruzeirense de Letras/ACL e da Acadeversidade Regional do Cariri/URCA do Crato/CE. mia de Letras Música do Brasil/ ALMUB.- PublicaCronista, contista, ensaísta, com algumas incursões ção: A vida não é Ensaio- contos e crônicas

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Cultive

Paulo Bretas é economista e possui um cur-

riculum repleto de formações através do mundo. mas aqui ressaltamos o poeta, apaixonado por Haikai. Ele publicou e está preaprando o seu segundo livro. Paulo é exímio contista. Seus contos sempre surpreendentes, relatam histórias de ficção ou baseadas em fato reais que prendem o leitor pela qualidade da escrita e pela imaginação.

As mãos de um anjo relata uma viagem programada com a família. A alegria de uma visita a amigos. Tudo perfeito. A felicidade eufórica de um fim de semana tranquilo. Surpresas chegam sem esperar. O destino assusta. De repente o peri100

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go. Um acidente, a vida por fio susto, medo. Uma decisão, um empecilho, reflexão, decide recuar, a escolha que salva vidas. O fato é que a decisão na hora certa evitou uma tragédia. Quem soprou a escolha certa? Quem o obrigou a recuar? Um anjo? Mas, e as provas? Há provas ? Sim, as provas estão nas mãos. Seriam mãos de anjos? Um conto, misterioso. Um conto que retratou a vida de uma família que escapou da morte certa. Como duvidar dos Anjos que salvaram marido, mulher, filho e amigo? Será que o destino existe? Tudo tem sua hora? Mistérios que muitas vezes não compreendemos e podem nos deixar em situação duvidosa, colocando-nos à mercê da incredulidade na possibilidade de sermos taxados de loucos.


Cultive

Paulo Roberto Monteiro de Sousa, é bispo evangélico, professor,teólogo, psicólo-

go, escritor de contos, crônicas e poemas. Publicou quatro livros: Práxis Docentes, Minha Terra de Encantos Mil, A Gatinha Menininha e sua Belle Histoire, Amar: Verbo Divino, e a Psicanálise dos Contos de Fadas na Sala de Aula. É acadêmico da AAFROCEL Academia Afrocearense de Letras. Membro da Associação Cearense de Escritores.

Paulo Roberto Monteiro começa pelo título, “Mas

era isso o que eu mais queria”, afir-

por uma mulher, mas não qualquer mulher, aquela que despertou no seu ser os mais puros e poéticos sonhos, e sentimentos. Podemos até nos perguntar e duvidar que existam sentimentos de amor assim. Mesmo que a realidade pareça muito materialista e fria, sim, tais sentimentos ainda existem. E Paulo não mede versos onde declara suas emoções dizse cego, mas MINHA CEGUEIRA na verdade ele conta como a luz da paixão encandeia-o. Ele lança uma declaração apaixonada por aquela que ele escolheu para sua esposa, e, com certeza, ela é o anjo que semeia felicidade a sua volta.

mando o seu mais íntimo desejo. O que tanto queria Paulo? Ele queria o amor, o amor representado

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Pio Barbosa

é escritor cearense. Ativo membro de diversas academias em Fortaleza e Delegué da Association internacional Cultive de Genebra. Pio é também um ativo apoiador de ações sociais e da Associação dos funcionarios da Assembléia legistava onde trabalha. Pio faz uma emocionante reflexão sobre a presença dos anjos em nossas vidas. Os anjos mais próximos, a família, os filhos e os netos, são os primeiros a serem reconhecidos como os produtores de alegria, apoio e segurança. Pessoas transformam-se em anjos enviados para nos acalentar, para amarmos e nesse despertar do amor possamos descobrir a for102

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ça angelical enviada. Ele nos mostra que ao amar nossos próximos, sentimos os efeitos dos anjos sobre nós e assim sentimos a felicidade. Onde mais podemos nos deparar com anjos? Como devemos enxergar toda essa criação que nos cerca e da qual fazemos parte? As questões são respondidas com a experiência passada tanto por ele, como pelo grande navegador espacial Armstrong, surpreendido pela imensidão do universo na maior aventura da humanidade. Há de se questionar sempre todos os grandes e pequenos fatos nos quais somos o personagem principal e procurar enxergar as mãos que nos guiam, e que foram tão bem expostospor Pio Barbosa no “Anjos em minha vida”.


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Rita Guedes traz um anjo do passado, o anjo que

da Matriz, o mesmo sino que marcou os encontros da jovem e com o seu amor. O relato é poético e a despertou para o amor. O primeiro, aquele que retrata cenas de encontros de forma tão reais que nunca sai das lembranças, que nos envolve na nos- podemos enxergar, com a imaginação, a cena dos sa tenra idade, na adolescência que faz despertar os amantes, das fugas, dos abraços, do encontro inesmais incríveis sonhos. Seu anjo é quase um fantas- perado. O tempo modificou o exterior dos amantes, ma. Ela transforma o homem em um ser idealizado o amor dos jovens fez uma pausa no tempo. A vida e os sentimentos em uma chama de vida. Todo o seguiu por outros caminhos. Mas o amor continua relato é pueril, é mágico, desde a praça no centro eterno na dimensão do romance. No solo da praça da cidadezinha bucólica do interior do Ceará, à da Sé vagueiam ainda, entre as árvores e as flores, descrição do príncipe, da sua passagem de meni- as imagens dos seres que se juraram amor eterno O na traquina à jovem sonhadora. A viagem acontece amor que continua existindo na memoria, porque no presente e chega ao passado na “Hora do o que foi realidade nunca deixará de existir! A história se repete com os personagens imutáveis Angelus”, festejado com as badaladas do sino nas lembranças. Revue Cultive - Genève

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Maria Rosalva dos Santos,

sos e contrassensos paralelos estão na essência dos seres humanos. Ela discorre sobre as nossas dúbias emoções, acertos e desacertos, a instabilidade da vida que caminha nos altos e baixos sem, no entanto, ser motivo de desespero. Vagueando nos seus versos vamos nos identificando com a duplicidade das emoções. Onde está o anjo nisso tudo? O anjo está na força da busca da nossa essência e ela clama no “Anjo da Saudade” que o tempo traga a Rosalva joga com a dualidade da vida, das coisas, cura, nivele os sentimentos e equilibre as emoções. nascida em Caruaru – PE, professora, Licenciada em História e Pedagogia (FAFICA), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru Livros Refletindo a Prática Pedagógica e o Processo Didático, Viver é Poesia. Tem participação em livros relacionados à educação e poesias, no Brasil e em Portugal.

dos sentimentos. “Preto e branco”, a evidente oposição das cores serve de linha de pensamento para destrinchar o valor das oposições. Sen104

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Telma Bilhante - Escritora e ativista cultu-

ral em diverersa associações culturais e academias literárias no Brasil. Atualmente é presidente da Academia de Letras do Brasil/PE, (ALB). Foi professora, diretora e vice-diretora de escolas públicas, no Ceará e em Pernambuco. Estreou na Literatura com o livro Contos Chão

O que se passa na Casa da esquina, numa cidade pequena do interior? No centro da casa, a família, o radio, as notícias e as radionovelas envol-

vem os adultos. A rotina de uma família do Nordeste. Crianças despreocupadas buscam a brincadeira, a felicidade de correr, pulare se esconder. Um acidente e tudo bascula. A vida por um fio. Uma criança envolvida pelo medo, pela dor do corpo, pela incerteza, pela incapacidade física e pela tristeza no olhar dos adultos. Mas de repente uma promessa, um milagre, o anjinho é o devedor. A fé envolve a criança trazendo a certeza para o resto da sua vida, que a proteção veio do céu. Um relato baseado em fatos reais que Telma brilhante descreve com maestria e emoção.

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Valéria Borges escreve sobre a A ARTE

DA SUPERAÇÃO nas dificuldades do afastamento, da distância transformada em peso sobre as pessoas e são causas de tristeza. Mas ela ressalta a necessidade de se olhar em volta e descobrir na nossa própria família os bastões que nos seguram e nos protegem da queda. Nas entrelinhas, Valéria revela que o nome desse cajado é amor. Ela mostra o quanto a gratidão também fortalece. É grata por saber tirar benefício até da tristeza. Com palavras que empurram a pessoa para fora do descaso e da falta de esperança, ela confessa, como o espírito encontra o equilíbrio mesmo dentro da pressão, do medo e do isolamento. Ela coloca, no alto do seu relato, a fé como o bastão que não a deixa cair e lhe

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fortalece a coragem. “O que seria de nossos momentos felizes se não existissem os tristes? Seriam como o sol sem chuva, dia sem noite, calor sem frio...”

Nascida em Curitiba-Pr. Filha de Maria Ines e Luiz Carlos Borges da Silveira. Mãe de Laura Ines Borges da Silveira Lira. Curso Técnico em Desenho Artístico e Publicitário. Graduação: Administração-habilitação em Comércio Exterior e especializações.


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Vozes do Universo, Vanessa Gomes testemunha fatos, para muitos, inacre-

objetivos e mostraram os desvios do inseguro ou mesmo do perigo. Fé, intuição, anjo, arcanjo, sinais do universo ou apenas uma sabedoria interior que ditáveis. Confessa sobre momentos estranhos que a a guiou na sua caminhada? Para descobrir é preciso acompanharam durante a sua vida, como escolheu ler a sua mensagem que está registrada no texto de os caminhos certos e decisivos. Como estar atenta Vanessa Gomes. O fato é que ela aprendeu aprenaos conselhos que a orientam, conselhos que vêm deu a compreender os sinais dos anjos em sua vida. em forma de sinais. Uma confissão surpreendente que desperta a curiosidade e a necessidade de ou- «Tenho muitas histórias para contar... Para quem vir e compreender os sinais que também nos cer- procura, deixo um recado: silencie a mente, escute o cam. Foi seguindo os setas que lhe eram enviadas coração e siga as setas que aparecem todos os dias no do universo em momentos decisivos que Vanessa seu caminho...» abriu as portas certas que a fizeram alcançar seus Em

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Homem. Socorrista. Testemunha de dores e sofrimentos. Oferecendo alento, medicamento e o ombro. O homem com asas inivisíveis, colecionador de desabafos. Forte na sua atuação. Presente no amor. Mas o homem tem também sua fraquesa. Um corpo frágil, sujeito aos mesmos problemas carnais. Um corpo é um corpo. Negro, branco, pequeno, grande, rico, pobre ele se deteriora, adoece e padece. O cuidador precisa de cuidados. De medicamentos e de socorro. Assim, o anjo Miguel desceu do seu posto de cuidador e deitou-se na cama do hospital. Mas um anjo, mesmo na dor se sobrepuja, dá a volta por cima, desconsidera o seu próprio sofrimento e ocupa-se em transmitir 108

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paz e equilibrio ao seu redor. Não é heroísmo, é amor. Amor até na última hora para não fazer os seus e quem o cerca sofrer. Gratidão por quem dele cuida. A busca da paz através da paz do outro. E ele encontrou a paz que precisa. Era

Miguel

Um anjo? É uma narrativa baseada em fatos

reais por um narrador que testemunhou a vida de Miguel e debala, sem paixão ou exagero, os fatos que se desenrolaram em torno de um homem com atitudes fraternais. Sua morte deixou uma saudade tranquila pois quem ficou recebeu a paz que ele fez questão de trasnmitir em seu leito de morte. Miguel, um homem que era apenas um homem.


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Manoel Osdemi - Bacharel em Ciências O Anjo que veio do mar

Contábeis, com forte atuação na área artística: Artes Plásticas, Musical, Cênica/Cinematográfica e Literária. Coordenador de Carteiros, Inspetor e Diretor de Esportes da ARCO - Associação Recreativa dos Correios. Autor de 11 livros sendo um deles (Pancada de Vento, 2012) premiado pela Secretaria de Cultura do Município de Fortaleza – SECULTFOR - Prêmio Oliveira Paiva; Historietas de Bitupitá (no prelo). É membro de várias Academia no Ceará.

Manoel Osdemi traz do passado do vilarejo de pescador, em que viveu sua infância, uma estória real que deixou marcas no povoado. Apesar de ser uma realidade, a história tem características de suspense. Em cada parágrafo o enredo segura o leitor que anseia pelo o desfecho dos heróis do mar. No relato se misturam, coragem, amizade, raciocínio, doação, fraternidade e sacrifício e é o sa crifício oponto chave dessa história fantástica. Sentimen tos de solidariedade e dor que representam o comportamento humano e transbordam em situações de perigo e tragédia.

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Henrique Ferresi

família, histórias que vieram oralmente. Uma dessas histórias da década de 20, garantiram o primeiNascido e criado em Içara, SC, uma cidade relati- ro reconhecimento literário a nível municipal por vamente pequena e cheia de encantos no sul do es- volta dos seus 13 anos de idade. A partir daí, a estado, em meio a magia e a simplicidade do campo. crita só ganhou espaço em sua vida. Estudante da rede municipal de ensino. Licenciado "A escrita foi, desde muito cedo, uma grande comem educação musical e pós graduando em Musico- panheira, me trazendo de volta do "Mundo da Lua" terapia. Professor de música e teatro na prefeitura (De onde felizmente, sou frequentador assíduo)." de Içara, apaixonado pela mente criativa das crianças. Regente do Coral Folclórico Polonês Orzeł Byały. Teve contato com todas as linguagens da arte, principalmente com a música através do canto coral. As primeiras histórias de sua vida foram as da própria 110

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Cultive estudei, cresci, amadureci. Descobri que a minha verdadeira VOCAÇÃO é o amor a Deus e ao próximo! Destarte, fui ordenado padre em agosto de 2014, dia de Santo Agostinho, exemplo de conversão! Posso afirmar convictamente, amo ser padre, amo servir! Sou muito realizado. Não estou dizendo que isso me coloca numa irrealidade, num mundo fantasioso e utópico. Pelo contrário, vivo todos os dias os desafios normais/ naturais de qualquer outra pessoa. Conheço os meus limites e impossibilidades. Mas minha fé em Deus me leva a lutar e a não desistir. Estou na Paróquia de Alagoa Nova, aqui com o povo, construimos sonhos, superamos desafios. Nossa missão evangelizadora toca a realidade carente, pois desenvolvemos obras sociais que permitem que vidas sejam tocadas, e que pessoas sejam alcançadas e almas sejam salvas.

José Jorge Santos Rodrigues.

Sou do dia do Apóstolo São Tomé e, sou homem de fé. Nasci numa sexta feira dia 03 de Julho de 1987, uma pequena cidade chamada Fagundes no interior da Paraíba/Brasil, onde cresci. Filho de uma família numerosa e de pais humildes Sr. José Rodrigues Filho e D. Antônia dos Santos Rodrigues, gente honesta e trabalhadora, que amo muito. Desde muito cedo fui educado na religião católica e nos princípios cristãos. Recebi sólida catequese familiar e eclesial. Estudei todo o ensino básico (fundamental e médio) em escola pública. Pois, as condições financeiras não permitiam as melhores instituiçoēs. Mas, sempre fui muito incentivado na prática da leitura e no hábito dos estudos. Desde muito jovem fui apaixonado pela vida de comunidade eclesial (vida de igreja). Logo despertou o desejo de ser Padre, de servir, de ajudar outras vidas, de estar à disposição das pessoas. Assim, fui para o Seminário (Diocesano), aos 18 anos, na cidade de Campina Grande. Lá residi por quase oito anos. Rezei,

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Sim, gosto muito dos estudos, por isso, além dos cursos do Seminário de Filosofia e Teologia conclui um bacharelado em Filosofia pela Faculdade João Calvino ( BA), a licenciatura pela UEPB, do mesmo modo cursei o bacharelado em Teologia, pela UNICAP. E, atualmente estou concluindo o mestrado em Filosofia pela UFCG. Assim, vivo os meus dias, entre ir a Fagundes, conviver um pouco com a minha família; estudar para ampliar os horizontes do saber (sou professor no Seminário onde estudei); e, na maior parte do tempo vivo para a oração e atendimento ao meu povo, seja de ordem espiritual ( com as celebrações sacramentais das missas, batizados, confissões, unções aos enfermos, atendimentos e direção espiritual), seja de ordem material com as obras sociais que aqui desenvolvemos (sopão comunitário, escola de música/ violão, visita às comunidades carentes, projetos com os jovens, etc). A vida vai ganhando Vida, quando fazemos o que amamos.


Cultive

Maria José Negrão dos Santos,

duas Instituições Brasileiras. Nas Artes Plásticas: (Zezé Negrão), Brasileira, Baiana. Começou a es- participou em exposições nacionais e internaciocrever poesias, contos, etc., desde a época colegial. nais, classificações em vários concursos nas artes Diplomada em Magistério, Bacharelado e Mestra- plásticas galgando destaques em vários certames. do em Teologia, Bancária aposentada. Participou Detentora de diversos troféus, medalhas, e títulos em mais de Trinta Antologias Nacionais e Interna- honoríficos nas artes plásticas e literatura. cionais. Possui o Título de Comendadora através da Associação Internacional dos Escritores e Artistas Brasileiros com a Comenda Titular Leonardo Da Vinci. Pertence a diversas Academias Nacionais e Internacionais. Embaixadora da Paz por duas Instituições latina Americanas. Possuidora dos Títulos Honoríficos de Doutora Honoris Causa por Revue Cultive - Genève

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Adir Pacheco reside em Florianópolis, nas- Virtuoso prelúdio ceu em Lauro Müller, SC, em 8 de julho de 1952. Membro de várias academias e instituições literárias e culturais. Músico, poeta, contista e cronista. Possui 12 obras publicadas. Graduando em Direito - Universidade Estácio de Sá Homenageado com a outorga de muitas comendas, títulos, diplomas e premiações,

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Um poema de 5 estrofes e 4 versos cada, com rimas cruzadas. Adir enaltece a caridade em meio às suplicas. Os anjos que se dispõem ao trabalho da caridade seguindo os ensinamentos do mestre. É um poema que homenagea as pessoas que não medem esforços para auxiliar os necessitados.


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Padre Jeronimo Campos da Silva é

natural do município de Queimadas, no Estado da Paraíba do Norte. Sendo seus pais: Manoel Pereira da Silva e Irene Campos da Silva. Na escala familiar ele é o décimo de onze filhos, dentre eles, nove homes e duas mulheres. Aos quatros anos de idade, seus pais migraram para o Ceará, passando a residir no município de Croata da Serra, como é conhecida hoje. Até aos vinte anos, residiu naquela cidade e depois foi concluir o ensino médio em Fortaleza, pois fazia acompanhamentos vocacionais na Congregação dos Eudistas (Filhos de São João Eudes). Após três anos, volta a Diocese de Tianguá, sua diocese de origem, para ingressar no seminário no ano seguinte. Um ano após, tendo prestado vestibular, passou a estudar na Faculdade Católica Imaculada Rainha do Sertão, na cidade de Quixadá. Tendo

concluído filosofia, retorna à Fortaleza para os estudos Teológicos, na Faculdade Católica de Fortaleza. Ordenou-se diácono em abril do ano de 2012 e presbítero em outubro do mesmo ano. Desde sua ordenação, presta trabalho à diocese de Tianguá: Primeiro na Sé catedral, como vigário paroquial, da qual foi transferido para a Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, no município de Barroquinha Ceará, no Litoral Norte da diocese, onde é pároco até hoje. Atualmente é Vigário Episcopal da Região Norte, desde o ano de 2018. Outras funções: • Assistente eclesiástico diocesanos da Campanha da Fraternidade; • Acompanhou a Pastoral da Comunicação; • Diretor espiritual dos Encontros de Casais com Cristo (ECC). Revue Cultive - Genève

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Colinete Holanda Soares- Colly Holanda, nasceu em Natal/RN, considera-se pernambucana de coração. Faz parte de várias Antologias, publicou 1 livro de Crônicas, Contos e Poesias, 6 livros infanto-juvenis, dos quais 3 pela Editora Prazer de Ler e 3 pela Editora Enseada das Letras. É associada da UBE- União Brasileira de Letras, CN-Cultura Nordestina Letras e Artes, ALAMP-Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares, ALFAcademia Luminescense François, AILA- Academia Internacional de Literatura.

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José Sebastião de Souza Júnior - Tião Souza é baiano de Ipiaú/BA, Mestre em Ciência Religiosa, Professor, Escritor. Editou 12 livros para didáticos infanto-juvenil pela Editora Prazer de Ler e 3 livros infanto-juvenil,pela Editora Enseada das Letras encontram-se nas Livrarias Jaqueira/Recife e Papirus/ Ilhéus-BA. Dois livros em fase de conclusão.

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Iratan Martins Curvello é natural de

São Francisco do Sul-SC e reside atualmente em São José-SC . É empregado publico federal aposentado, escritor, poeta e declamador. Atuou como diretor executivo, roteirista e compôs o elenco de poetas do “Espetáculo Líteromusical Cruz e Sousa Canto e Poesia” apresentado no Teatro Álvaro de Carvalho em Florianópolis-SC nos anos de 2017 e 2018, declamando poesias de sua autoria, em homenagem ao poeta desterrense “João da Cruz e Sousa”.

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Moisés Ricardo Mpova, filho de Simão

Paulo Mpova e de Rosa Bibiana Mpova, nasceu em Angola, na província de Luanda. Formado pelo Instituto Nacional de Petróleo (INP), curso de Manutenção Industrial, voltado à equipamentos utilizados na perfuração e produção de petróleo. Fez a sua formação sob regime de internato, lugar na qual encontrou inspiração na literatura. No ano em que ingressou no INP, Moisés começou a escrever um drama com o título "Sofrer para crescer.

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Em O segredo, Vera, com suas palavras de critora, musicista e artista plástica. Iniciou sua car- incentivo à paz, relata um encontro de anjos no reira literária em 1996. Hoje faz parte de dezenove período em que o mundo clama por paz e amor. Casas Acadêmicas sendo seis internacional. Lan- Tudo acontece no Natal à pedido do mestre celesçou 28 livros, recebeu várias honrarias nacional e tial dos anjos, São Pedro. A história nos mostra o estrangeiras. Apresentou seu acervo artístico em 16 quão nossos protetores são ocupados e preocupados com nosso bem-estar espiritual. A simbologia exposições em salão dos USA. dos segredos carregados pelo anjo põe em nosso pensar a esperança de que somos muito bem acompanhados sempre.

Vera De Barcellos nascida no Brasil, es-

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O ator e escritor Adriano Cabral atua na área artística desde 1989. Já participou de diversos espetáculos de teatro e dança, e também atuações em filmes e documentários.Formado em Letras pela UFPE, escreve crônicas e poesias, apresentando em diversos saraus. Participou da antologia Os Dez Mandamentos. Coordena projetos de inclusão sócio-cultural, realizando o que chama de Teatro para a Vida.

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Elineuza Ramos da Silva

pando a cadeira número 07 da Academia de Letras e Belas Artes de Floriano; ativista dos movimenLicenciada em Fisioterapia pela Ucsal; Bacharel em tos sociais e culturais. Coreógrafa e bailarina com Fisioterapia pela Faculdade de Floriano Faesf; espe- experiência internacional. Dançou na banda Afro cialista em Fisioterapia Neurofuncional e neurope- Olodum. diatria. Especialista em saúde pública. Mestrando em Fisioterapia e em Terapia Intensiva. Poetisa, professora, Secretária de Cultura Esporte e lazer do Município de Floriano; docente no curso de Fisioterapia da Faculdade de Floriano Faesf; Presidente do Movimento Negro Casa de Dandhara, líder do Movimento de Mulheres Dandhara; imortal ocu122

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Cultive

Gina Teixeira

Lisboa, Burquina Faso, Maputo, Luanda e Bissau. Sua última atuação foi em “Chica Boa”, comédia de Paulo Magalhães onde fez o papel título nos teatros Artista carioca e Auditora da Receita Federal Henfil, Princesa Izabel e Henriqueta Brieba no Rio aposentada. Bacharel em Teatro pela Uni-Rio, de Janeiro. com Pós Graduação em Direito Previdenciário. Começou no Teatro de Revista como vedete com o nome de Lady Gigi na Cia. do Colé. Está Presidente da Casa do Compositor Musical. É membro da Academia de Letras do Brasil, ALALS, ACLAL e A.C.I.MA e gravou seu primeiro CD “Reina Regina” pela gravadora SOM MASTER. Apresentou-se em Puerto Rico, Montreal, San Bernardo, Rosário, Revue Cultive - Genève

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ART Plus

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Arte

MARIA LAGRANHA

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Arte

Maria Lagranha

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Arte suas primeiras obras como artista independente. Inicialmente, sua pintura é abstrata de inspiraçao impressionista : elabora composiçoes de paisagens e naturezas-mortas, em desenhos, colagens e pinturas em acrílico com tons vivos. Na décade de 80, vivenciou um periodo de intensa e variada produçao artística e artesanal, criando uma série de pastel seco sobre papel, representada por tramas de trico e croche, revelando assim suas habilidades de integrar entre arte e artesanato em seu trabalho. Durante este mesmo periodo, participou de várias exposiçoes coletivas e individuais e em paralelo, deu aulas de desenho, de pintura e de orientação artística à jovens e adultos. Em 2001, ela mudou-se-se para a Europa. Durante sua estadia na Espanha, realizou a restauração do altar de madeira da Catedral da cidade de Alconera. Viveu também em Vicenza – Itália, Cascais-Portugal e em Londres-Inglaterra, onde teve a oportunidade de desenhar, pintar e criar diversos quadros em acrílico sobre tela , sob encomenda, Radicada na Suiça desde 2010, inciou uma nova fase de seu trabalho no qual as imagens dos am“Eu pinto meu país e suas cores porque é um amor bientes fotografados durante suas viagens transprofundo que eu preciso revelar”. formaram-se em desenhos, colagens e aquarelas sobre tela abstratas.

Maria Lagranha

Maria Lagranha, artista plástica, pintora, desenhista Depois de ter flertado durante muito tempo com e professora de Artes plasticas, nasceu em 1957 em a arte abstrata, encontrou no figurativo a forma de Uruguaiana, estado do Rio Grande do Sul. expressão (necessária) ideal para contar a historia dos nativos de sua terra. Servindo-se da transpaCresceu num ambiente artistico e desde pequena rência e das cores ( ???) de suas aquarelas ela retradesenvolveu o gosto pela Arte, sendo encorajada ta numclima poético o drama vivido pelos povos pela familia e sobretudo pelas atividades artistícas indigenas do sul do Brasil. de sua irmã mais velha, a qual dispunha de um atelier na casa da familia. Na Europa, Maria trabalhou em diversas áreas mas nunca deixou de desenhar e pintar, fez exposição Ingressou, em 1977, no Instituto de Belas Artes da em Vicenza - Itália, trabalhou como restauradora Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em de um altar de madeira da Catedral de Alconera 1981 começou a participar da ASVAAL em Vaca- - Espanha, em Londres fez trabalhos encomenria/ RS ,e a fazer exposições individuais e coletivas e dados e em 2013 em Genebra, fez sua primeira exnão parou mais. De 1983 à 2001, frequentou cursos posição individual na Livraria Camões , em 2014 de pintura organizados pelo Atelier Livre de Vaca- participou do Salon du Livre de Genebra. ria, tendo como professores Odete Garbin, Carmem Morales, Jailton Moreira e Victor Hugo e realizou Revue Cultive - Genève

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Avani Peixe

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As cores do Brasil preenchem a retina de Nazaré e essas cores estão presentes nas suas criações geométricas que dão forma ao abstrato, ou representam cidades e paisagens marítimas que tocam a inspiração.

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Informações sobre o livro Língua: Português e francês Estilo: Poesia, crônica ou conto Dimensão do livro 14x21 Ilustração colorida Papel couché brilhante 130gr Capa: 300gr brilhante Times New Roman A página da direita em português e a págnia da esquerda em francês Informação sobre o texto: Língua do texto enviado: português revisado - texto: word - fonte 14 - poema ou prosa com até 13 linhas com espaço Enviar 1 foto de rosto, (com300 dpi, tamanho 20x15 em jpg) anexo ao email, duas ou mais fotos de paisagem ou de pintura, a foto deve ter 300 dpi, tamanho 30x40 (boa resolução anexo ao e-ma Diagramação e designer do livro à cargo exclusivo da Cultive. O livro será lançado em : Portugal Genebra

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CULTIVE

CULTIVE APRESENTA AS OBRAS DE CONSULI NO SALÃO DO LIVRO DE GENEBRA EM OUTUBRO Consuli é um pintor brasileiro autodidata cuja aptidão despertou para as artes ainda na infância. Aos 35 anos ele libertou sua criação ao ter contato com as obras de grandes pintores cubistas e pintores da arte abstrata na livraria aonde trabalhava. Inspirou-se em Pablo Picasso, Paul Cézanne, Modigliani, Monet e Renoir, porém seus pintores prediletos são os artista brasileiros Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Manasses, Adélio Sarro, Emiliano Di Cavalcanti. Consuli realiza suas obras com tinta acrílica cuja secagem rápida facilita seu trabalho. A palheta de Consuli é variada com cores fortes e vibrantes, característica peculiar do seu trabalho. A carreira artística profissional de Consuli iniciou em 2005 quando realizou sua primeira exposição na Casa da Moeda do Brasil e teve todos os seus trabalhos vendidos durante a vernissage, a partir de então participa regularmente de exposições no Brasil e no Exterior. A partir de 2017 expôs em Portugal, Suíça, Áustria, Galeria Serena na La Chaux de Fonds, Barcelona, Liechtenstein, Roma, Londres, Amsterdam e Paris. No próximo mês de outubro estará expondo suas obras no Salão do Livro de Genebra, na Exposição de Arte Genebra 2020 organizado pela Cultive. Consuli está sob a curadoria de Maria Hilda Bignens desde 2014 que se encarrega-se das suas exposições fora do Brasil. Contato: Maria Hilda Bignens +41 76 489 18 34 email: maria.bignens@outlook.com

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Arte estímulo à criatividade e na utilização de Florais do Dr. Bäch. Em 2016 ele complementou sua formação, concluindo o curso de Paire Practicienne en Santé Mental na Haute Ecole de Travail Social et de La Santé (EESP) em Lausanne. Sem abandonar seu trabalho holístico, ela motivou-se a divulgar o artista brasileiro Consuli. No desejo de ajudar o artista, ela conseguiu colocá-lo em evidência na cidade de La Chaux De Fonds. O sucesso do seu trabalho motivou-a a levar as obras do Consuli para outros espaços de arte na Europa e após sete anos de curadoria dedicada ao seu protegido, ela decidiu abrir a uma galeria online, atendendo dessa forma o pedido de muitos artistas que a contataram para representá-los na Europa. Ela criou, então, a Galerie Harmonia.

MARIA HILDA FRIDELI GALERIE HARMONIA

Galerie Harmonia

“ A arte é um meio de cura e através das cores as pessoas encontram paz e equilíbrio. A observação de um quadro que agrada a um paciente é uma maneira de libertar o espírito numa viagem cromática que lhe traz paz de espírito e energia saudável às células.” Maria Hilda

A Galerie Harmonia é uma plataforma de venda de arte on-line que expõe obras de vários artistas brasileiros e estrangeiros. Sua seleção obedece a um critério específico ligado à sua linha de trabalho e experiência como terapeuta holística, visto que uma obra artística influência o humor e a saúde corporal das pessoas. A Galerie Harmonia apresenta, pois, apenas obras, cujos temas, cores e mensagens transmitam positividade, promovendo assim a saúde corporal tal qual a soma do todo explicado no conceito holístico. Certa de que as obras que representa são um bál-

Maria Hilda Frideli, artista, artesã, poeta com um livro de poesia publicado, é de natureza sensível e humanitária. Brasileira de Nova Iguaçu, ela carrega consigo a realidade da cidade onde nasceu, motivo pelo qual alimenta o seu amor e a sua preocupação pelo próximo. No decorrer da sua vida ela sempre direcionou suas atividades em prol do ser humano procurando, na medida da sua capacidade, exercer atividades benévolas que promovam o bem-estar das pessoas em dificuldade. Em 1986 ela chegou na Suíça e em 1991 estabeleceu-se na La Chaux-de-Fonds onde exerce a prosamo sobre quem as admira, ela convida o público fissão de Terapeuta holística. Ela concentra o traa fazer uma bela viagem no site da Galerie Harmotamento dos seus pacientes na cromoterapia, no Revue Cultive - Genève

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Arte nia a fim de descobrir artistas maravilhosos, cujas obras exalam positividade, otimismo, esperança, paz, harmonia e equilíbrio interior. E conhecer os artistas Você é corpo-espírito, respeite-se e não se deixe invadir pela negatividade. Boa viagem no mundo da Harmonia!

e presidente da Associação é Cultive brasileira e mora em Genebra onde tem o seu atelier/ galeria desde o ano 2000. Valquiria Imperiano é apaixonada por flores e paisagens que representa com harmonia e destreza usando tinta a óleo e a tinta acrílico sobre tela. Sua dedicação à pintura data da sua infância quando começou a descobrir a harmonia das cores com a pintura sobre tecido, sem seguida suas primeiras tentativas sobre tela, aperfeiçoamento sobre porcelana, cujo exercício com motivos florais, transferiu para as telas. Seu amor pela natureza não a deixa afastar-se do que ama representar. Sua intimidade com as artes sempre a levou a testar várias técnicas, inclusive a escultura Liomar Ferreira Consuli- Artista-pintor brasileiro cujas obras são exclusivamente figurativas reprede Nova Iguaçu, próximo ao Rio de Janeiro. Consusentando o corpo humano. Valquiria Imperiano li participou de vários eventos de arte contempodurante mais de 40 anos de carreira artística expõe rânea em alguns lugares de prestígio em seu país suas obras em vários países do mundo. como a Prefeitura do Rio de Janeiro, a Casa da Cultura de Mangaratiba ou o Tribunal de Justiça de Além do seu trabalho plástico ela se dedica à esNova Iguaçu, depois também internacionalmente, crita e edita duas revistas na suíça e preside a Asprincipalmente em Portugal e na Áustria, Paris e sociação Cultural e filantrópica Cultive que realiza na Suíça. vários eventos culturais no Brasil e na Europa. Em 2016, por instigação da sua agente artística, As obras de Valquiria Imperiano estão sendo apreMaria Friedli, suas pinturas foram visíveis duas sentadas por Maira Hilda na Galerie Harmonia. vezes nos trilhos do restaurante Social Ekir em La Chaux-de-Fonds. Em janeiro de 2018, eles estavam em destaque na Galerie Serena, onde 16 das 20 peças penduradas foram vendidas. Consuli apresentou suas obras no Salão de arte brasileira em Liechtenstein "Casa Brasil", Liomar Roma, Áustria, Portugal e Paris. Durante 2018, ele também expôs nos Consulados do Brasil em Zurique e Genebra. Atualmente, uma série muito recente de suas obras estão em Exposição no gabinete de advocacia da Rumo & Schallenberger, localizado em La Chaux-de-Fonds. Valquiria Imperiano - artista plástica, escritora 166

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Literatura ser mulher em meio a uma sociedade que lida mal com a diferença e a diversidade. O humor também compõe a história de modo a fazê-la mais leve e divertida pelas rimas quase que musicais. As participações em várias antologias nacionais e internacionais têm exigido mais da poetisa do que da professora. Os concursos e as seleções são muito gratificantes, pois desafiam o olhar estabelecido sobre o cotidiano e exigem sempre a variação de temas a serem explorados.

ANGELI ROSE PELO DIREITO À LITERATURA Angeli Rose é escritora há alguns anos, porém, desde menina sonhava em ser comunicadora e, principalmente, professora universitária. Durante mais de 30 anos dedica-se à docência em língua portuguesa e Literatura Brasileira com viés investigativo direcionado à formação de leitores. Só muito depois no ofício tornou-se pesquisadora com especializações que fortaleceram sua convicção sobre o inacabamento do ser humano. Paralelamente ao percurso acadêmico, vivenciou outro tipo de aprendizado que a tornou terapeuta social (CITRJ) e facilitadora holística (UNIPAZ-RJ) como potencializadora de talentos e palestrante na área. A mais recente atualização deu-se no PhD em Educação (UFRJ), quando foi rever algumas práticas na Educação à distância, na qual atuou como professora-mediadora (UNIRIO/CEDERJ). Seu interesse voltou-se para a formação de professores-leitores depois do doutorado em Letras. A ciberliteratura como objeto de aprendizagem também foi uma questão a ser discutida no estágio pós-doutoral. Mas todo o trabalho autoral tem perpassado as atividades acadêmicas e culturais em geral, desde a produção de ensaios, pareceres, crítica literária, artigos e e-books, até o primeiro infanto-juvenil, BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA DE UMA MULHER PANCADA, editado pela Bonecker (2018). Nesse poético texto, um cordel contemporâneo, são narradas algumas situações e agruras de uma menina canhota que cresce e chega a

O convite para participar da expo-poema Literarte em Salvador, realizada na Casa Olodum, com o poema Canção do presente deu-lhe a premiação de “Mulher Empoderadora” e a medalha Marielle Franco (2018), entre outros prêmios e títulos honoríficos, como Embaixadora da Paz, em Buenos Aires(2020); Chanceler Master em Excelência e Qualidade em Educação e Comendadora (Braslíder,2020 - 2019). Além disso, há dois anos assumiu a Vice-presidência de honra da ALB/Campos-RJ, tendo sido agraciada com a “Comenda Antônia Leitão” na Câmara municipal da cidade de Campos-RJ, e que tem lhe dado oportunidade de atuar mais intensamente como ativista cultural no “direito à literatura”, tese que adotou ao entrar em contato com os escritos do professor e sociólogo Antônio Cândido em especial com o ensaio homônimo do crítico literário (1988) em que os aspectos filosófico, jurídico, político e literário embasam suas reflexões: a literatura como um bem incompressível e um direito social fundamental para a formação de todo cidadãos, daí estar relacionado aos direitos humanos. Foi a partir dessas reflexões que Rose pautou seu trabalho tanto como docente quanto como escritora.

34°Salon International du Livre et de la Presse de Genève du 28/10 au 1/11/ 2020

Cultive

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Literatura narrativa. Em A paixão segundo G.H., especialmente, a escritora extrapola o limiar da misticidade, buscando, por meio de uma narrativa sensorial, impulsiva, intuitiva e até mesmo metafísica a paixão a qual tanto almeja por meio da personagem G.H. Sua capacidade intuitiva revela-se em vários momentos da narrativa, principalmente por meio dos símbolos escolhidos, para a construção dos eixos principais da trajetória metamórfica da personagem.

ISOLDA COLAÇO PINHEIRO A DIMENSÃO DA LINGUAGEM EM A PAIXÃO SEGUNDO G. H.DE CLARICE LISPECTOR O que se pode reconhecer do ser da linguagem é o seu poder de transgressão em que a palavra detém o poder de criação. Na dimensão do ser e da escritura, quem sabe é a palavra como desveladora de si mesma. A literatura é o lugar por excelência em que o sujeito se cala para fazer falar a palavra no movimento da escritura. A linguagem na literatura, nesta obra, torna-se um convite ao leitor para, Clarice, “pessoas de alma formada”.

A arte de tocar o intocável, uma busca enlouquecida, cheia de paixão e inquietude, faz com que a personagem G.H. torne-se uma “desvendadora” de seus anseios ainda não conhecidos, mas tão desejados e, ao mesmo tempo, temidos pela autora. O estilo indagador da escritora ressalta o dilema existencial da personagem, como há também em alguns autores da Literatura brasileira, como Machado de Assis. Ainda no primeiro parágrafo do livro, encontra-se um discurso arrojado e incomum, redigido pela escritora que inicia a narrativa com seis travessões ([...] estou procurando, estou procurando), o que indica uma possível crise existencial da personagem: a identidade de G.H. em descompasso com o mundo onde ela sempre estivera habituada, e consigo mesma, a música da sua vida não a bastava. Essas reticências duplicadas permitem ao leitor atento uma interpretância de continuísmo, como se essa história houvesse começado bem antes daquele início, ou seja, aquela trajetória já começara bem antes, provavelmente, em seu interior. A personagem se encontra fora de sua construção humana, deslocada de seu mundo anterior, um mundo inabitável, assim como ela refere-se à ausência de sua “terceira perna” (uma metáfora para as situações que passamos a entulhar em nossa existência, todavia não servem para nada, apenas para nos deixar numa zona de conforto). Sua crise a exaspera por estar completamente cansada, extenuada de sua máscara, a qual dava a ela um pertencimento de “ser” e a confirmação do que “era”, essencialmente, sua zona de conforto e alienação, talvez uma personagem consciente. Na linguagem clariceana, portanto, os símbolos linguísticos utilizados estão em busca de certa ordem existencial na qual a personagem, por meio desses, trilha incessantemente.

1 A LINGUAGEM POÉTICA E MÍTICA NA BUSCA DO EU EM A PAIXÃO SEGUNDO G.H. A obra da autora expõe uma quebra com a forma clássica da narrativa, ao utilizar traços característicos da prosa com linguagem própria do poema, originando o que Antônio Cândido denominou narrativa poética. Antônio Candido, em julho de 1944 no artigo intitulado, com acerto, “No raiar de Clarice Lispector”, destaca a “performance da melhor qualidade” da escritora. Na visão do crítico, a estreante tem uma densidade afetiva e intelectual e procura captar a essência, o ser, ao eleger as paixões e os estados de alma, como força motriz da G.H. pensa, por conseguinte, que provando daqui168

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Literatura lo que ela considerava demasiadamente asqueroso e repugnante (a barata) chegaria à “redenção” de sua própria existência. Ou seja, ao próprio estado de libertação dos limites que a definiam como humana. Porém, a personagem novamente é surpreendida durante o feito. Já que ao provar a barata morta (elemento simbólico) e, em seguida, cuspe os restos mortais do animal, G.H. não sente nada; apenas uma estranha insipidez, que a remetia a coisa alguma, senão a ela mesma. Neste instante, ela dá-se conta do nada que se havia tornado, ou do que era para os outros, havia-se perdido... era um encontro doloroso, mas incessantemente necessário. No livro, “Mulheres que correm com os lobos”, a autora Clarissa Estés faz uma alusão interessante sobre esse dilema o qual G.H. passava naquele instante, relatando que a vida das mulheres têm ciclos como as estações. Há tempo de correr, ficar, envolver-se, distanciar-se e até mesmo de perambular; todavia, não se pode ficar estagnada ou perambular como zumbis em fuga, pois assim, as mulheres se desviarão de seus ciclos naturais e profundos

nunca fora dona de si mesma. Assim, as pessoas, como G.H. que se permitem ser roubadas não são más. Pode-se dizer que são um vácuo, um reservatório de outras criaturas. Perder-se é necessário para achar-se, pois na vida, depois da “morte” acontecerá indiscutivelmente o renascimento. Em vida, haverá esses ciclos em busca de entrarmos em contato com nossa verdadeira personalidade. O isolamento explicita-se como iniciação da aproximação reintegrando-se não pela razão, mas pela dificultosa experimentação do ser, diferenciando-se da “personagem” inútil, pela despersonalização; ou seja, o encontro da consciência (barata) com a realidade clara e última. O símbolo da “paixão”, utilizado por Clarice Lispector, denota a mais pura intensidade da busca de seu eu, em detrimento da “personagem” a qual se havia transformado. É a narradora da paixão, exaustiva, claudicante, relutante, vivaz, sofrida, embevecida, desbravadora, inquietante, louca, assim como toda paixão é. G.H. necessitava, sim, simplesmente ser, encontrar-se do que havia perdido; mas precisa perder-se para se encontrar novamente.

A Paixão Segundo G. H. é uma obra de profunda ressonância existencialista, e ao mesmo tempo portadora de um permanente exercício de esvaziamento ontológico (quanto ao futuro, apenas o ser pode planejar a autonomia, organizar-se para ela, Ou seja, o estágio que a personagem G.H. passa- criá-la. E uma ação conduzida por esforço próprio, va era de transformação e busca intuitiva de seu é feita pela personagem G.H.). Portanto, se lida próprio self. A narradora personagem tateia reple- detidamente, pode ser considerada uma obra de ta de poeira do mundo o qual ela havia estado e do iluminação e de radical ajuizamento crítico sobre que se havia tornado. Os ciclos, quando ignorados a condição humana. pelo ser humano, uma hora ou outra, explodem ou emudecem, causando impactos no eu consciente Isolda Colaço Pinheiro ou inconsciente. A simbologia da barata representa Graduada em Letras – UECE o medo, o asco, o nojo daquilo que deverá emergir Pós-graduada em Semiótica - UECE do fundo. Todo fundo há lodo, sujeira, água para- Pós-graduada em Psicopedagogia - UVA da, bichos. Assim, é necessário imergir no grotesco, corajosamente, para suceder a metamorfose tão adiada, mas tão nítida e essencial à personagem agora. A morte de um eu era necessário para a vinda do eu verdadeiro, desconhecido. Até, então, ela Revue Cultive - Genève

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Literatura

GREGÓRIO DE MATOS GUERRA - POETA BARROCO delos- sobre um determinado assunto. Está em geral ligado ao mundo das artes e da arquitetura, mas, igualmente, das religiões, nomeadamente da Igreja Católica. A canonização é a sistematização deste conjunto de modelos. A materialização do cânone, no campo das artes, pode se dar em produtos diversos, mas são comuns na história os tratados canônicos, contendo em geral desenhos com modelos estruturais a serem seguidos na tarefa compositiva, segundo uma determinada visão da arte. O homem vitruviano de Leonardo da Vinci, por exemplo, pode ser considerado um cânone das proporções clássicas do ser humano. A Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra teve durante muito tempo uma licenciatura em Cânones e outra em Leis. Neste caso, a palavra Cânone deve ser entendida em sentido jurídico, pois essas licenciaturas formavam juristas profissionais.)

por: Valquiria Imperiano Gregório de Matos Guerra (Salvador 23 de dezembro de 1636 – Recife, 26 de novembro de 1696), alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um avdogado e poeta considerado um dos maiores poetas do barroco em Portugal e no Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa no período colonial. Gregório de Matos nasceu numa família abastada, de empreiteiros de obras e funcionários administrativos (seu pai era português natural de Guimarães). Assim como todos os brasileiros de sua época. Todos os filhos de portugueses nascidos no Brasil recebiam a nacionalidade portuguesa,visto que o Brasil só se tornaria independente no século XIX. Todos os cidadãos nascidos antes da independência eram luso-brasileiros.

Em 1663, Gregorio de Matos foi nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que era "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época. Em 27 de janeiro de 1668, representou a Bahia nas Cortes de Lisboa. Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia outorgou-lhe o cargo de procurador. A 20 de janeiro de 1674 foi novamente representante da Bahia nas cortes, porém foi destituído do cargo de procurador. Voltou ao Brasil em 1679, nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça, desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. Em 1682, D. Pedro II, rei de Portugal, nomeou Gregório de Matos como tesoureiro-mor da Sé, um ano depois de ter tomado ordens menores. Em Portugal já ganhara a reputação de poeta satírico e improvisador.

Começou então a satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais baianas (a que chamará Em 1642, estudou em Senador Canedo no Colégio "canalha infernal") ou aos nobres, apelidados de dos Jesuítas na Bahia. Continuou os seus estudos "caramurus". Desenvolveu uma poesia corrosiva, em Lisboa em 1650 e, em 1652, na Universidades erótica, quase pornográfica, apesar de também ter de Coimbra, onde se formou em cânones, em 1661 andado por caminhos mais líricos e mesmo sagra( Um cânone ou cânon designa uma vara utiliza- dos. da como instrumento de medida, e que normalmente se caracteriza como um conjunto de regras Firmou-se como o primeiro poeta brasileiro: - ou, frequentemente, como um conjunto de mo- cultivou a poesia lírica, satírica, erótica e religiosa. Revue Cultive - Genève

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Literatura O que se conhece de sua obra é fruto de inúmeras pesquisas, pois Gregório não publicou seus poemas em vida. Por essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos. Entre os seus amigos encontraremos, por exemplo, o poeta português Tomás Pinto Brandão. Em 1685 o promotor eclesiástico da Bahia denunciou os seus costumes livres ao tribunal da inquisição. Ele foi acusado de difamar Jesus Cristo e de não mostrar reverência ao passar por uma procissão. Entretanto, as inimizades cresceram em relação direta com os poemas que vai criando. Em 1694, acusado por vários lados (principalmente por parte do governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho) e correndo o risco de ser assassinado, foi deportado para Angola. D. João de Lencastre, então governador da Bahia, dizem, mantinha livro público no qual eram copiadas as poesias de Gregório. Como recompensa por ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebeu a permissão de voltar ao Brasil, ainda que sem permissão de voltar à Bahia e com a condição de que ele abandonasse os versos satíricos e fosse morar em Pernambuco. Nessa altura da vida, ele volta-se para a religião e escreve diversos poemas pedindo perdão a Deus pelos pecados que cometeu. Vitimado por uma febre contraída em Angola, Gregorio Matos Morreu faleceu aos 59 anos, em 1696 na cidade de Recife. Boca do Inferno A sua obra bastante satírica e moderna para a época, chocava também pelo teor erótico, de alguns de seus versos e sua ousadia em criticar a Igreja Católica. Muitas vezes atacava padres e freiras e também a "cidade da Bahia", ou seja, Salvador, o que lhe valeu a alcunha de Boca do Inferno . . Firmou-se como o primeiro poeta brasileiro: sua obra contém poesias líricas, satíricas, eróticas e religiosas. Gregório não publicou seus poemas em vida. Por essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos.

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POEMAS DE GREGORIO MATOS O POETA ERÓTICO Necessidades Forçosas da Natureza Humana Descarto-me da tronga, que me chupa, Corro por um conchego todo o mapa, O ar da feia me arrebata a capa, O gadanho da limpa até a garupa. Busco uma freira, que me desemtupa A via, que o desuso às vezes tapa, Topo-a, topando-a todo o bolo rapa, Que as cartas lhe dão sempre com chalupa. Que hei de fazer, se sou de boa cepa, E na hora de ver repleta a tripa, Darei por quem mo vase toda Europa? Amigo, quem se alimpa da carepa, Ou sofre uma muchacha, que o dissipa, Ou faz da mão sua cachopa.

O POETA RELIGIOSO Soneto a Nosso Senhor Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido Vos tem a perdoar mais empenhado. Se basta a voz irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na sacra história. Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada, Recobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. A cristo n. S. Crucificado (na última hora de sua vida)


Literatura Meu Deus, que estais pendente de um madeiro, Em cuja lei protesto de viver, Em cuja santa lei hei de morrer, Animoso, constante, firme e inteiro: Neste lance, por ser o derradeiro, Pois vejo a minha vida anoitecer;

O POETA LÍRICO À mesma d. Ângela Anjo no nome, Angélica na cara! Isso é ser flor, e Anjo juntamente: Ser Angélica flor, e Anjo florente, Em quem, senão em vós, se uniformara: Quem vira uma tal flor, que a não cortara, De verde pé, da rama fluorescente; E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus o não idolatrara? Se pois como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que por bela, e por galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. fonte: Wikipédia Fonte: https://www.passeiweb.com/estudos/sala_ de_aula/portugues/lirica

O POETA SATÍRICO Triste Bahia Triste Bahia! ó quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante. A ti tricou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando e, tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante.

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Literatura

AUTORES DO PÓS GUERRA Após a 2a guerra mundial vários escritores soldados testemunharam suas experiência como soldado, relatando os horrores da guerra em obras literárias. Muitos iniciaram sua carreira literária relatando suas experiencias durante a 2 guerra mundial, outros já engajados na escrita encerraram sua carreira com relatos emocionantes sobre o vivido. O fato é que a guerra modfificou a vida de muitos dos jovens engajados e graças aos talentos da pluma hoje temos ascesso a ralatos emocionantes, sensiveis e traumatizantes. Alguns dos famosos escritores que participaram da “ guerra. A edição francesa, Obras, de Vasily Grossman, inclui uma carta à mãe, morta na câmara de gas pelos nazistas, e um relato de sua entrevista com o chefe da KGB em favor da publicação de seu livro Vida e Destino, que ele, erroneamente, supunha que poderia ser publicado após o relatório Kruschev, também são duas obras primas.

Vasily Semyonovich Grossman

(o primeiro nome alternativamente é escrito como Vassily ou Vasiliy, pseudônimo de Iosif Solomonovich Grossman - Berdichev, Ucrânia, 12 de dezembro de 1905 – 14 de setembro de 1964), foi um proeminente escritor e jornalista soviético. Sua principal obra é Vida e Destino, publicada pela Editora Alfaguara em 2014, no Brasil e publicada em Portugal pela Dom Quixote. No Brasil, pode ser encontrada a tradução de muitos de seus artigos publicados no Estrela Vermelha, orgão do Exercito soviético, durante a II Guerra sob o título «Um Escritor na Guerra» Editora objetiva. Vida e Destino vem sendo comparada ao Guerra e Paz, de Tolstoy. Essa obra prima humanista relata não apenas os horrores do Nazismo, mas o anti semitismo e a opressão presentes também no regime estalinista. A desumanidade de buscar os fins, «o bem», por quaisquer meios. Uma obra prima em favor da tolerância, da liberdade e do respeito à dignidade humana.

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Guy Sajer

é o pseudônimo de Guy Mou-

minoux, escritor e artista de quadrinhos francês, nascido em 13 de janeiro de 1927 em Paris e mais conhecido como autor das memórias da Segunda Guerra Mundial «Le Soldat Oublié» (1965, O soldado esquecido), que narra sua experiência a ser-


Literatura viço da Wehrmacht na Frente Oriental de 1942 a 1945 na divisão de elite Großdeutschland. Após a guerra, Mouminoux teve uma longa carreira como caricaturista, escrevendo e ilustrando sob seu nome real, bem como sob os pseudônimos Dimitri e Dimitri Lahache. Ele mora na França.

com Romain Gary, que também era romancista francês talentoso.

Guy Mouminoux, nasceu em Paris em 13 de janeiro de 1927, filho de pai francês e mãe alemã, cujo nome de solteira era Sajer. Ele foi criado na Alsácia, ocupada pela Alemanha em 1940 após a queda da França. De acordo com sua autobiografia O SOLDADO ESQUECIDO (The Forgotten Soldier), Sajer ingressou na Wehrmacht em 1942 aos 16 anos tomando o nome de seu mãe, a fim de se integrar melhor com seus companheiros alemães.

Em 1943, ele e seu sobrinho Maurice Druon traduziram a música de Anna Marly Chant des Partisans para o francês a partir do russo original. A música se tornou um dos hinos das Forças Francesas Livres durante a Segunda Guerra Mundial.

Em uma entrevista posterior, o autor lembrou: «Esta é a história ... de um homem forçado a fazer coisas que não queria. Quando a Alsácia, onde eu morava, foi anexada através da Alemanha, eu tinha 13 anos. De um acampamento para jovens em Estrasburgo, mudei-me para um acampamento para jovens em Kehl, na Alemanha, e sonhávamos em ser soldados de verdade na Wehrmacht, o exército alemão. O que você quer que eu faça? Como desertor, eu teria levado um tiro . Estávamos pendurados na lama, não estávamos dormindo e tínhamos medo, era um terror! Mas não me arrependo de nada, fico feliz em saber, mesmo que tenha sido muito difícil. «

Kessel escreveu vários romances e livros que foram exibidos no cinema, notadamente Belle de Jour (de Luis Buñuel em 1967).

Kessel foi eleito para a Academia Francesa em 1962 e morreu em 23 de julho de 1979 em Avernes, Vald’Oise. Ele está enterrado no cemitério de Montparnasse, em Paris. O Prêmio Joseph-Kessel (Prêmio Joseph Kessel) é um prêmio de prestígio na literatura em língua francesa, concedido a «um livro de grande valor literário escrito em francês».

Kessel nasceu em Villa

Clara, Entre Ríos, Argentina, devido às constantes viagens de seu pai, médico de Litvak. De 1905 a 1908, Joseph Kessel viveu os primeiros anos de sua infância em Orenburg, na Rússia, antes de a família se mudar para a França em 1908. Estudou no Lycée Masséna, Nice e Lycée Louis-le-Grand, Paris. Ele participou da primeira guerra mundial como aviador e também foi aviador durante a Segunda Guerra Mundial, no Grupo de Bombardeios Franceses Livre nº 1/20 «Lorraine» (342 Esquadrão RAF) com o Comando de Bombardeiros da RAF,

Jean Marcel Adolphe Bruller

(26 de fevereiro de 1902 - 10 de junho de 1991) foi um escritor e ilustrador francês que co-fundou Les Éditions de Minuit com Pierre de Lescure. Nascido de um pai judeu-húngaro durante a ocupação do norte da França durante a Segunda Guerra Mundial, ele se juntou à Resistência e seus textos foram publicados sob o pseudônimo Vercors. Muitos de seus romances têm temas de fantasia ou ficção científica. O romance de 1952, The Denatured Animals (traduzido para o inglês) virou filme Revue Cultive - Genève

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Literatura Skullduggery (1970), estrelado por Burt Reynolds e dou direito, primeiro em Aix-en-Provence e depois Susan Clark, e considera a questão do que significa em Paris. Ele aprendeu a pilotar um avião da Força ser humano. Aérea Francesa em Salon-de-Provence e na base aérea de Avord, perto de Bourges. A raiva (traduzida para o inglês por The Insurgents) diz respeito à busca da imortalidade. Em 1960, ele Dos quase 300 cadetes de sua classe, Gary foi o úniescreveu Sylva, um romance sobre uma raposa que co que não foi nomeado oficial, embora ele tenha se transforma em mulher, inspirado no romance de concluído com êxito o seu curso. Provavelmente David Garnett, Lady into Fox (1922). A versão em o establishment militar desconfiava que ele era inglês, traduzida por sua esposa Rita Barisse, foi fi- um judeu. Somente após três meses, foi nomeado nalista do Prêmio Hugo de 1963 como o melhor sargento em 1º de fevereiro de 1940. Decidiu ir romance. para a Inglaterra após ouvir a chamada do general de Gaulle. Nomeado ajudante após ingressar na Seu romance histórico Anne Boleyn (1985) apre- França Livre, serviu em Bristol Blenheims. Termisenta uma Anne muito inteligente por ter decidi- nou a guerra como capitão nos escritórios da Fordo se casar com Henrique VIII da Inglaterra para ça Aérea Francesa em Londres. Mudou seu nome separar a Inglaterra do poder papal e fortalecer a para Romain Gary. E foi condecorado por bravura independência da Inglaterra. durante a guerra, recebendo inúmeras medalhas e distinções, incluindo o Compagnon de Libération ( Companheiro da Libertação) e a comenda da Legion d’Honneur (Legião de Honra). Imediatamente após seu serviço na guerra, ele trabalhou no serviço diplomático francês na Bulgária e na Suíça. Em 1952, se tornou secretário da delegação francesa nas Nações Unidas. Em 1956, se tornou cônsul geral em Los Angeles e se familiarizou com Hollywood. Em 1945, publicou seu primeiro romance, European Education Gary se tornou um dos escritores franceses mais populares e prolíficos, autor de mais de 30 romances, ensaios e memórias, alguns dos quais escritos sob pseudônimo.

Gary

nasceu Roman Kacew em Vilnius (então no Império Russo) (1914-1980). Em seus livros e entrevistas, ele apresentou muitas versões diferentes das origens de seus pais, ascendência, ocupação e sua própria infância. Sua mãe, Mina Owczyńska era uma atriz judia e seu pai era um empresário chamado Arieh-Leib Kacew de Trakai, também judeu lituano.

Ele é o único escritor a vencer o Prêmio Goncourt duas vezes. Esse prêmio de literatura francófona é concedido apenas uma vez a um autor. Gary, que já havia recebido o prêmio em 1956 por The Roots of Heaven, publicou La vie devant soi sob o pseudônimo de Émile Ajar em 1975. A Academia Goncourt concedeu o prêmio ao autor desse livro sem conhecer sua identidade. O filho do primo de Gary, Paul Pavlowitch, fingiu ser o autor por um tempo. Mais tarde, Gary revelou a verdade em seu livro póstumo Life and Death of Emile Ajar. Gary também publicou como Shatan Bogat, René Deville e Fosco Sinibaldi, assim sob seu nome de nascimento Roman Kacew.

Além de seu sucesso como romancista, ele escreGary e sua mãe emigraram para Nice, na França. veu o roteiro do filme The Longest Day e co-escreConvertido ao catolicismo por sua mãe, Gary estu176

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Literatura veu e dirigiu o filme Kill! (1971), estrelado pela sua Combattant. esposa na época, Jean Seberg. Merle usou suas experiências em Dunquerque em Em 1979, ele foi membro do júri do 29º Festival seu romance Weekend, que se tornou um «sucesso Internacional de Cinema de Berlim. Seu nome ba- sensacional» e ganhou o Prêmio Goncourt. Uma tizou a Place Romain-Gary, localizado no 15º ar- adaptação do longa-metragem de 1964, Week-end rondissement de Paris. à Dunkerque, foi produzida por Henri Verneuil e teve Jean-Paul Belmondo no papel principal. O fulme foi sucesso de bilheteria e tornou os dois homens famosos. O romance de Merle, Um animal dotado de razão (Um animal sensível), uma sátira da guerra fria inspirada nos estudos de John Lilly sobre golfinhos e a crise do Caribe, foi traduzido para o inglês e filmado sob o título O dia do golfinho (1973) com George C. Scott. Malevil (1972), o romance pós-apocalíptico de Merle, também foi adaptado para um filme em1981. Seu romance de 1952, Death is my profissão, foi adaptado para um filme em 1977. Seu romance de 1962, The Island, filmado como uma minissérie de 1987 e Man’s Own (1989), adaptado para um filme de TV em 1996. O Jogo Flamineo dos anos 50 ( baseado no O Diabo Branco de John Webster), a biografia de 1948 de Oscar Wilde (estendida em 1955 como Oscar Wilde, ou o destino da homossexualidade) e várias traduções são alguns trabalhos de Merle. Em 1965, Merle escreveu a primeira luta de Moncada: Fidel Castro e Ahmed Ben Bella, e na época traduziu os diários de Che Guevara. Até o Exército nasceu em 1908 em Vermelho invadir o Afeganistão, Merle foi breveTébessa, na Argélia francesa. Seu pai, Félix, intér- mente um membro do Partido Comunista. prete e com um conhecimento perfeito do árabe literário e falado, foi morto em 1916 em Dardanelos. «Eu era apenas um ativista menor e meus camaraO jovem Merle e sua mãe se mudaram para Paris, das vermelhos não aprovavam o que escrevi. Quanonde frequentou três escolas secundárias e a Sor- to aos distúrbios estudantis de maio de 1968, nunca acreditei na realidade dessa revolução. A única coisa bonne. de valor que surgiu foi a libertação do sexo.» Professor de literatura inglesa em várias universidades. Em 1939, durante a Segunda Guerra Mun- A «grande conquista» de Merle é sua série de 13 dial, Merle foi recrutado para o exército francês e livros de romances históricos, Fortune de France designado como intérprete para a Força Expedi- (1977-2003), que recria a França dos séculos XVI cionária Britânica. Em 1940, ele estava na evacua- e XVII através dos olhos de um médico protestante ção de Dunquerque na praia de Zuydcoote - que fictício que se tornou espião. Um verdadeiro estuele chamou de «loteria cega e abominável» - quan- dioso da língua, Merle escreveu os romances usando foi capturado pelos alemães. Merle foi preso no do muitos dos ritmos e expressões francesas aproStalag VID em Dortmund e escapou, mas foi leva- priados do período histórico. A série fez de Merle do de volta à alfândega belga. Em julho de 1943, ele um nome familiar na França, e chamado repetidafoi repatriado e, após a guerra, recebeu o Croix du mente Alexandre Dumas do século XX.

Robert Merle

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Literatura Merle casou-se três vezes e teve quatro filhos e duas filhas. Ele morreu em 2004 aos 95 anos de ataque cardíaco em Montfort-l’Amaury, França.

início da guerra realizando missões de reconhecimento até o Armistício da França com a Alemanha no ano de 1940. Depois de ser desmobilizado da Força Aérea Francês, ele foi aos Estados Unidos para ajudar a convencer seu governo a entrar em guerra contra os nazistas. Saint-Exupéry passou 28 meses nos Estados Unidos, durante os quais escreveu três de seus trabalhos mais importantes, depois ingressou na Força Aérea Francesa Livre no norte da África - embora estivesse acima da idade máxima para pilotos e com problemas de saúde. Ele desapareceu e teria morrido durante uma missão de reconhecimento à Córsega no Mediterrâneo em 31 de julho de 1944. Antes da guerra, Saint-Exupéry havia adquirido uma reputação na França como aviador. Suas obras literárias postumamente impulsionaram sua estatura ao status de herói nacional na França, incluindo Le Petit Prince, que foi traduzido para 300 idiomas. Ele ganhou um reconhecimento mais amplo com traduções internacionais de suas outras obras. Seu livro de memórias filosóficas Terre des hommes de 1939 (intitulado Wind, Sand and Stars em inglês) tornou-se o nome de um grupo humanitário internacional; também foi usado como tema central da Expo 67 em Montreal, Quebec.

Antoine Marie Jean-Baptiste Roger, conde de Saint-Exupéry,

Saint-Exupéry teria morrido quando seu avião caiu no Mediterrâneo em julho de 1944. Sua cidade natal, Lyon, deu seu nome ao principal aeroporto da cidade. fonte:

Conhecido como Saint-Exupéry, Francês nascido https://en.wikipedia.org/wiki/Vercors em 29 de junho de 1900 foi um escritor, poeta, aris- https://en.wikipedia.org/wiki/ tocrata, jornalista e aviador francês pioneiro. Ele se tornou o vencedor de vários dos maiores prêmios literários da França e também ganhou o Prêmio Nacional do Livro dos Estados Unidos. Ele é mais conhecido por seu conto O Pequeno Príncipe (Le Petit Prince) e por seus escritos líricos sobre aviação, incluindo Vento, Areia e Estrelas e Vôo Noturno. Saint-Exupéry foi um piloto comercial de sucesso antes da Segunda Guerra Mundial, trabalhando em rotas de correio aéreo na Europa, África e América do Sul. Ele ingressou na Força Aérea Francesa no 178

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Literatura Sabemos que a saúde em nosso país vai muito mal. Se olharmos para a saúde em nossas metrópoles, podemos constatar com facticidade o verdadeiro pandemônio que se legitimou em forma de descaso e desrespeito à vida. Mas a reflexão sobre a qual nos debruçaremos é a da relação médico e paciente. Pode parecer um tanto psicótico de minha parte pensar numa relação fragmentada e degradante entre doutores e doentes, uma vez que em nossa sociedade esta relação está profundamente marcada por uma razão instrumentalizada. A grande questão que se esconde por trás desta vã mentalidade é o viés que comanda o ponto de visão dos indivíduos. Desta forma, não é menos verdade afirmar que o produto final desta ciência são os homens se transformarem em senhores absolutos de seus próprios mundos e assim passarem a adorar-se, como efeito de um “narcisismo” imputado pela estratificação social.

AMAURI HOLANDA DE SOUZA.

Formado em Ciências da Religião, bacharel em Direito. Psicopedagogo Clinico e Institucional. Professor concursado. Foi destaque em alguns concursos de poesia e conto no país. Ganhou um festival de musica com letra e musica de sua autoria. Participou como Conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ceará. Estudante de Neuropsicopedagogia.

NÃO HÁ NADA COMO UM BOM SONHO

O saber, que poderia ser canal para melhorar a qualidade de vida em sociedade, quando se engravida de sua própria beleza e é ingerido por uma “cabeça” que se tornou ilha, desencadeia monstruosidades terríveis, como a da infecção de superioridade diante dos outros. No nosso dia-a-dia podemos ver inúmeros doutores contaminados pelo vírus dessa monstruosidade. E isto, num humor linguístico-filosófico, pode parecer um retrocesso no processo de hominização e humanização. Quem já não foi vítima de um médico infectado pelo vírus da superioridade? Não é preciso fazer muito esforço para o encontrar. Os hospitais públicos estão cheios deles. Vê-se que o sistema tem levado as pessoas à não meditarem sobre a ética nas suas relações e com isto ficam míopes perante a dignidade, que é um valor que está impregnado em todos nós e contra isto nãopode haver atentado.

É necessário que “o doutor" pondere sobre a sua conduta, procure aposentar suas verdades indiviNão há nada como um bom sonho para que se possa duais ou as verdades de suas ideologias e torne-se construir um futuro melhor. É assim que busco ol- representante de uma boa educação, cordialidade, har para a relação médico–paciente: como um “vir- diálogos, empatia, senso de equipe, criando, assim, a-ser”, no qual se incorporam modelos diferentes bons vínculos com a instituição e com a equipe de dos que aí estão impregnados por uma aparência trabalho, sem se achar absoluto. cujo pano de fundo esconde sinuosas situações de dimensões acintosamente comportamentais. O verdadeiro médico se caracteriza pela maestria 180

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Literatura pessoal do domínio da ciência e da arte. O dou- é pertinente. tor tem engessamento intelectual, vê sem olhar e se Diante do novo quadro socioantropológico que se basta a si mesmo. constituiu, cujos profissionais médicos colocados no mercado de trabalho todos os anos é mais deO mundo viu nascer no começo do século XX pendente da tecnologia do que de uma escuta ativa. grandes transformações na área do saber. Foram Ainda não consigo conceber um médico sem possurgindo tratados de saberes preocupados cada vez tura humilde e empatia com o ser humano mais com o indivíduo numa amplitude maior. Karl Marx e Sigmund Freud são representantes, por Mas, há médicos que fazem a grande diferença peexemplo, deste abalo do qual passou a ciência, e daí las suas atitudes ousadas diante do cliente... de rese percebeu a grande necessidade de se “olhar o ser pente, curam pelo simples ato de sua compostura. humano” como portador de elementos para além Estão preocupados concomitantemente com o corda visão mecanicista ocidental. po e com a alegria do espírito. São “médicos de homens e de almas”. Esses, são grandes porque conseA educação, como exemplo, teve que incorporar guem enxergar o paciente como um ser humano novos paradigmas para trabalhar o aluno. Hoje não no seu todo e não somente na sua doença, prática se concebe um educador sem que passe pelo seu tão contundente na nossa cultura ocidentalizada. sentimento o elemento do “eterno aprendizado”. Concluo, portanto, afirmando que lidar com o ser Sempre nos deparamos com os meios de comuni- humano exige ciência e arte. Ciência e Arte é uma cações sociais relatando erros médicos...porque a combinação imprescindível para todo indivíduo postura do médico ainda é muito tradicional, não que busca fazer a diferença na sua qualificação proabrindo espaço para o diálogo com o paciente, isto fissional e pessoa. Amauri Holanda de Souza

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sulle mestruazioni /italiano, Escritores de Língua Portuguesa III/bilíngue alemão e Brasil e seus brasileiros/bilíngue francês. Membro da Academia Literária Feminina/RS, AJEB/RS e Divine Accademie Paris/FR. Viveu na Itália, onde trabalhou na área de assistência e traduções e participou de laboratórios de escritura e do Gruppo’ 98 di Poesia. Prêmios literários na Itália, Uruguai (destaque Victoria) e Brasil. Publicou uma quadrilogia poética: Copo de violetas, O olho do semáforo, Sobras de azul papel e Restos precários de madeira. Além destes, os últimos títulos publicados: Inventário de ausências (poesia), Ampulheta (haikais), A senhora selvagem (poesia – bilíngue italiano), O duplo – busca do si mesmo - Natural de Pelotas (RS/BR). (ensaio), Calendário: viagem poética (poesia – Psicóloga, escritora, poeta, ensaísta, mestre em bilíngue francês) e Essências e geografias (crônica), Psicologia Social, doutora em Letras. Consultora sendo que esse último foi agraciado com o prêmio em psicologia e relações de trabalho e em desen“Livro do ano AGES 2018 - categoria crônica” - Asvolvimento humano. Professora universitária na sociação gaúcha de escritores. PUCRS durante 30 anos. Orientadora de oficinas Luminosa de escrita criativa no Scrivere – espaço de criação (para Camille Claudel) literária. Publicou livros de poesia, contos, ensaios e crônicas, tendo participado de inúmeras antologias e livros coletivos, dentre os quais Do sul à algo de ausente de vazio China/ IEL/bilíngue mandarim, Fil rouge – poesie (Sem título) no oco ventre te impulsiona à ação paisagem estrangeira te impele à vida morro quando mais viva me algo de tormento sinto de desespero goles de champagne te habita no colo pingos de alecrim veneno, corròi distúrbio, intoxica o Mediterrâneo outrora perda, aprisiona vertiginoso, lazer pleno de barcos azuis oculto no comportamento cotidiano hoje pleno de refugiados disfarçado na fortuna da arte doloridos corpos de sangue encavernado em temores tremores foragidos da fome da violência abandonada em trevas em exílio consentido vêm em levas sem teu sumo bem em lavas fragmentado no profundo em ti da imbecilidade humana desencantada vida a sombra nua de teu rosto uiva mortes em degredo sem ruído ou lamento segredo assombrado então, na clausura do tempo, que turba a humanidade na deserta alma, no débil invólucro, se iniciam, lentos, quando mais morta me sinto, o empalidecer das luzes e vivo a volta ao pó

BERENICE SICA LAMAS

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Literatura

Sonhos de uma artista Eu seria, se pudesse Por um instante que fosse Em meio a tão belas flores A rosa vermelha menina A borboleta por um acaso Na tela surgida A tinta, levemente, caída Do pincel da grande artista

AVANI PEIXE MISTÉRIO DA ALMA Se eu não puder te falar, não me censure Não me diga nada. O pranto que consola, é o mesmo que separa Vá entender a alma humana! Esse misterioso mundo Que nunca é transparente E muitas vezes surpreendente Na sua forma obscura De falar de tudo, Que seria tudo? E às vezes, quando necessário, Não diz nada Questionamentos que me tiram o sono E no mais intenso e profundo Do abandono humano: Os sonhos... Realizações e desejos, enfim Concretizados, Me fazem voar às montanhas Distantes e íngremes De um País imaginário É para aonde eu vou Eu sou um Pássaro

Gostaria eu, se pudesse Às pressas, no alvoroço do esboço Das manifestações esplendorosas Dar asas à imaginação Sutilmente aos sentimentos daria formas Fizesse eu: da leveza, a mão autora Das tintas mescladas na paleta O Beija Flor amoroso renascer Em belas e ricas cores Na tela, a sombra e as luzes compostas Em explosão, saem agora De algum ponto da memória O visível na arte determina O distinto na arte se consagra Neles, a perfeição se busca Infinitamente representados Se completam Entrelaçados Avani Peixe Lemos

- Avani Peixe Lemos -

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Literatura

MARIA INÊS BOTELHO POETANDO NA TERRA DO PARANÁ A Vida é bela A Vida é bela, tem sabor de mel, beleza em cores múltiplas, rosa também em botão. A Vida é bela, repleta de vastos horizontes, cercada de esperanças sonho cheia de magia É Bela, a Vida? O que ela mais traduz? Ela traduz aconchego familiar que em horas difíceis, quando o pior acontece, é porto seguro para se aportar. Família é presença Angelical, que com a sua beleza, proteção e meiguice encaminha o ser a agir e a estar em toda segurança nas Mãos de Deus.

Revista Artplus impressa, bilíngue francês /português Artplus é uma constelação onde brilham estrêlas das artes, da literatura e da cultura Próxima edição outubro2020 184

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Literatura e culturas que ninguém rouba. Em outros cantos desse mundo que nos trouxeram, um lugar longe do nosso, diferente do nosso jeito de viver e crê na vida. Fomos desarraigados dos nossos reinos, nossos impérios, nossas riquezas, nossos cortejos, nossa história... Levados a um lugar distante sem saber o caminho de volta. Aqui tivemos que refazer nas entrelinhas o que nos sobejavam, uma nova vida, uma nova história. Mas nunca esquecemos do nosso torrão natal, da nossa gente, do nosso ar, do nosso sol. Ficou na nossa memória, Na nossa história, Tudo isso, ninguém poderá nos tirar.

PAULO ROBERTO MONTEIRO Desarraigados Esqueceram nosso nome, Nossas origens, nosso lugar. Tiraram da nossa terra, Do nosso chão, sem nada dizer, sem nada perguntar. Tomaram-nos violentamente, De nada trouxemos, do nosso canto, nossa história, nosso recanto.

Deixamos o nosso ouro, mas ficaram estampadas, a nossa riqueza na nossa nobreza moral.

Editora Cultive Romance Infantil Poesia História Revista Livros de Arte Registro biblioteca Nacional Suíça traduções português - francês

Obrigaram-nos a deixar na nossa terra fincada, a nossa história. Nossos saberes, Mas levamos na nossa memória, nossas vivências,

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Enganam-se eles! Deixamos nossa terra, mas o nosso sangue corre em nossas veias com o barro do nosso chão.

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Literatura

ENTRE LIVROS E CACTUS PROJETO LITERÁRIO IDEALIZADO POR PAULO ROBERTO M. DE SOUZA

O NASCIMENTO DE UMA IDEIA O projeto literário «Entre Livros e Cactus»nasceu na Bienal Internacional do Livro do Ceará de 2019.Quando percebi a força da cultura regional. Resolvi agregar à minha produção literária algum símbolo forte que remetesse ao leitor a ideia da regionalidade nordestina, diz o autor Paulo Roberto Monteiro de Souza. Ele encontrou na vegetação da caatinga um ambientes mai vibrante e forte e que tem tudo a ver com essa identidade do Nordeste. Surgiu dessa reflexão o nome do projeto literário “Entre Livros e Cactus”. A ideia de Paulo é de resgatar essa ideia da flora caatingueira. «Liguei dois propósitos, que a meu ver são importantes: o amor por cuidar das plantas e o zelo pela literatura», explica Paulo O projeto literário “Entre Livros e Cactus” tem como objetivo juntar o gosto de ler ao prazer de cuidar e colecionar exemplares de minicactos. Ao adquirir qualquer um dos nossos títulos, o leitor estará recebendo uma muda à sua escolha. «Ao levar para casa a suculenta( planta que retém 186

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água nas suas folhas e caules) ou o cacto, pretendo incentivar a apreciação dessas duas modalidades de cultura (a literária e a herbácea), incentivando os nossos leitores a valorizar a flora nordestina e ao mesmo tempo associando-a às características próprias de nossa gente: a resistência, a força e a resiliência demonstradas na sua capacidade de sobreviver às intempéries da natureza agreste da nossa região.»- Paulo Roberto


Niriam Goes Eu amo as flores todas as flores com o pincel da imaginação crio rosas, mil rosas cheias de amores

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Literatura

NORMA BEZERRA DE BRITO

Anjo de guerra

verdade? Promete que vai voltar? E atropelava as palavras ao mesmo tempo em que agarrava o irmão. Calma, por enquanto é só treino, mas se precisar, eu vou estar preparado. Não demorou a ser chamado para o front. Algum tempo depois, o amigo mais velho de Nazih foi também convocado. Habituado a tal situação, o menino esqueceu logo o incidente. Aquilo parecia uma aventura e tanto! Os pequenos ficavam até com inveja e chateados porque não tinham sido igualmente convocados. E os dias seguiam a rotina de guerra, um espetáculo grotesco: bombas estouravam. Tudo era destruição: casas desnudas, pedaços de móveis por toda parte. Portas arrancadas, telhas caídas do teto. Pessoas chorando e rezando junto a corpos destroçados. Gritos de dor e revolta. Um vizinho corria sem rumo, com o filho nos braços. Por alguns minutos, Nazih ficou imóvel, sem atinar para o que estava acontecendo. Quando viu o corpo de um amigo, desabou no choro. Fizeram mutirão para recuperar as casas, as escolas. Na mesquita sem teto, faziam orações pelos mortos e os vivos.

Parecia um anjo. Obediente e calmo. Sua pele morena pelo sol ardente, cabelos negros, corpo franzino nos seus sete anos. Nazih não sentia medo; na verdade não sabia se sentia, desconhecia o significado da palavra. Acostumou-se com as sirenas, barulho que não mais o incomodava. Mal ouvia as bombas, corria para o abrigo com os companheiros ou com a família. Isso se tornou um hábito. Até achava divertido quando apostavam para ver quem chegava mais rápido. As armas em punho também Passado o susto, Nazih engoliu em seco. Sentiu-se eram brinquedos. O mais velho tinha uma de ver- como se flutuasse e, do alto, viu através de uma dade. Um dia vou ter a minha. neblina, seu pai, fardado, com uma muleta para apoiar a perna que faltava. No estranho quadro, Nas brincadeiras, dividiam-se em dois grupos de o menino presenciou o amiguinho que lhe acenaamigos e inimigos, e todos queriam matar para va com uma espingarda na mão. O som da sirena vencer. Ele também não atinava para o sentido da misturando-se aos cânticos e preces das pessoas morte. Natural, todos nós vamos morrer um dia, juntas aos cadáveres. ouvia sempre dos adultos. Pelo menos, morremos em pé, defendendo o que é nosso. Mas o garoto O menino continuou como se estivesse em transe. nada entendia de morrer em pé. Nas mortes que Pegou sua arma de brinquedo e tentou matar os presenciou todos morriam caídos no chão. soldados inimigos que divisava, a custo, através do Às vezes, indagava ao avô: Onde está o meu pai? Por que temos guerra? É assim em outros lugares? Nunca conseguiu entender as respostas que ouvia. Seus pensamentos se atrapalhavam e não sabia ainda o verdadeiro significado da palavra guerra e suas causas. Mas as consequências estavam ali, e era justamente esse horror que não conseguia compreender e aceitar. Um dia, um soldado bateu à sua porta. Ele trouxe uma convocação para o irmão mais velho, Abdul, fazer um treinamento de guerra. Ele tinha apenas doze anos! Surpreso, Nazih indagava ao irmão: Você vai pra guerra como o papai? Vai matar de 188

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vendaval de areia. O som da sirena cada vez menos audível. Ainda ouvia orações, cânticos e gemidos como uma sinfonia diabólica. Tentou avistar os pais. Viu os corpos juntos, inertes. Uma bomba o despertou do pesadelo. Caminhou lentamente até ao abrigo. E não saiu mais de lá.


Du 28 / 10 au 01/11/2020

34 Salon du Livre à Genève ème

Du 28/10 au 01/11/2020

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u l t i v e

Exposition et lançement de livres, conférence, Exposition d’Arte - Genève 2020 Exposition Image poétique Lançament de la Revue Artplus Lançement de «Anthologie Les Mil Couleurs du Brésil» Lançement de l’Anthologie contato : cultivelitterature@gmail.com www.cultive-org.com

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Literatura daquela figura tão conhecida e que marcou época na sua juventude, embora não fosse contumaz na apreciação de suas composições musicais, sobretudo após o retorno do exílio. Mudara seu estilo de música. Seguiu na direção do campo-santo. Já na saída observou que estava descalço, alguns volumes nos bolsos da calça e a camisa aberta na altura do peito. Lá chegando sentiu que não havia mais os volumes que estavam nos bolsos e teve a sensação de que os havia perdido. Ou os teriam roubado? Não conseguia lembrar o que houvera. Com os objetos. Um deles era uma caixa com um vidro de colírio que a esposa acabara de comprar e entreguara a ele. Reclamava dos olhos quase sempre ressecados. Coloque esse colírio de duas em duas horas, ouviu meu filho? Sim. Respondeu meio alheio a tudo Sono REM que o rodeava. Não deu muita atenção a mulher, Acordei. Levantei-me persegnando e fui direto botou o tubo no bolso, saiu sem avisar aonde ia. Vai ao banheiro. No retorno à cama, peguei o celu- ficar zangada comigo, pensava após sentir falta das lar, hábito que tenho todas as manhãs ao acordar. coisas que sumiram. Antes faço uma oração que minha mãe me ensinou. Simples e poderosa. Gosto muito dela. Com o Chegou na frente da necrópole, observou muita celular na mão deito novamente e vou verificar os gente enfileirada para adentrar e visitar o corpo do contatos do Facebook. Instagram e do WhatsApp. cantor falecido. Ali sim, naquele instante, já havia o comentário da causa morte. Fora vítima de uma Interagir. parada cardíaca, embora tenha sido hospitalizado Nesse dia, quando entrei no WhatsApp, logo de face a uma crise de cirrose que o teria acometido cara, vi a notícia de um amigo comunicando a anos antes. Existiam várias filas, assim como na enmorte da esposa de seu sobrinho. Ambos amigos trada de estádios de futebol, shows musicais e oue parceiros de negócios na empresa onde trabalho. tras atrações populares. Escolhera uma qualquer e Porém ainda não tinha tido a oportunidade de entrou nela. De repente observou que já estava lá conhecer a esposa desse amigo, a falecida. A men- dentro, mesmo sem sentir como percorrera a fila sagem: comunicado de morte e o convite, com pe- que parecera sem fim. Procurava no meio da mulsar, para participar do velório e assistir ao enterro tidão o local onde se encontrava o corpo. Em qual no cemitério principal da cidade. Fui. E qual minha direção estava a capela, ou o local onde se fazia o surpresa. No ataúde. Ela, o rosto com pele clara, ar- velório? Seguiu sob empurrões, aleatório e com desconforto. Estranhamente começou a se deparar redondado, cabelos pretos, sereno e ... com diferenças de níveis no solo em relação as áreas O aspecto era sombrio. Penumbras que escondiam dos túmulos existentes. Assim como uma sequênquaisquer raios de luminosidade. A notícia chega- cia de plataformas, mas sem escadas ou degraus ra naquele momento. Ele morrera. Cantor e com- de acesso. Escalou várias, de qualquer maneira, positor famoso. Na ditadura militar suas canções sempre em frente, na busca do velório e do enterro, haviam sido proibidas, então exilou-se em Londres que o motivou a ir aquele lugar. As pessoas também para cantar a liberdade. Não é possível. Que pena. avançavam, avançavam, sem, contudo, observar Morreu de quê? Não sabia. Ninguém conhecia a ninguém subindo aqueles rebatos. Somente ele, no causa da morte, apenas indicava que o corpo hou- entanto quando se encontrava na plataforma supevera chegado à terra natal e se encontrava na Capela rior via que elas, as pessoas da plataforma abaixo, já do cemitério para a missa de corpo presente. Des- estavam lá e seguiam no mesmo intuito, encontrar pedida final dos parentes, amigos e fãs. O velório. o funeral para se despedir daquele intérprete musical. Pronto, ali estava, o encontrei à beira da cova. O enterro. Preparativos para o enterro. Alguns presentes griNo mesmo instante resolveu ir ao sepultamento tavam pedindo para abrir o caixão. Vê-lo pela últi-

HEITOR BEZERRA DE BRITO

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Literatura ma vez. Atenderam aos pedidos. O ambiente permanecia o mesmo. Sombrio. Escurecido. Tétrico. Naquele momento velas se acendiam nas mãos das pessoas. A claridade aumentava. Aproveitei o momento e me aproximei do corpo, verifiquei ao observar o rosto, única parte descoberta, que não era para mim aquele cantor que foi divulgado. Aliás, nenhum outro cantor conhecido. Fiquei indignado e até pensei que estivesse no local errado. Não. O local era aquele mesmo. Certifiquei-me. A multidão o aclamava como aquela pessoa famosa na arte musical. Não para mim. Definitivamente não o reconheci. Rosto claro e arredondado, não era de uma pessoa idosa. Mais identificado como um rosto de uma jovem senhora. Fiquei algum tempo tentando a observar se havia algum detalhe que levasse a alguém conhecido, nada. Nada mesmo. Olhei para os lados e vi uma porta que dava acesso à uma área coberta. Assim, parecido com uma capela. Fui na sua direção e entrei nela. Encontrei uma sala com homens e mulheres sentados em volta de uma mesa retangular posta para uma refeição. Reconheci um deles. Apenas um. Não tinha dúvida, era um fiscal do Ministério do Trabalho que já havia nos visitado. Uma fiscalização na empresa. Vi, logo adiante, outra porta e novamente segui na direção desse outro acesso na curiosidade de saber do que se tratava. Vazia. Retornei. Ao passar pela sala anterior, da mesa posta, já não estava mais o fiscal. Apenas as outras pessoas permaneciam por ali. Ao sair também não vi mais aquele monte de gente que havia visto antes. O corpo já havia sido enterrado. Pressenti. Tentei achar o caminho de volta. Sair daquele lugar o mais rápido possível. Passei a correr. Completamente desorientado. Já não havia mais aquelas plataformas em diferentes níveis, já não havia mais aquela gente empurrando umas às outras. Tudo plano, apenas cruzes espalhadas por toda parte com velas acesas nas suas proximidades e o céu, o céu bem escuro, bem estrelado, como se velas lá estivessem também.

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Literatura

TELMA BRILHANTE

verde de meu véu, que simboliza a esperança. O mundo renasce, a alegria verdejante explode na Natureza. Meu corpo obedece aos voluteios da dança e meus olhos se infiltram nos subterrâneos, que se confundem com o verde dos lagos e dos bosques.

A alma continua a entoar canções e eu danço. A vida se repete feito uma foto. Persisto na busca da magia que esse lugar me transmite. Meu corpo e alma, magnetizados, se deixam atrair. No sonho que me habita vejo uma pirâmide com os degraus imersos na água. Elas lavam meus pés e purificam os passos que conduzem à cúpula. Meu corpo coleia como uma serpente sobre os degraus. Atinjo o alto e de lá cai o segundo véu, o azul. Tudo se transforma num imenso mundo azul. O oceano, as florestas e o céu. Telma BRilhante - Escritora e ativista cultural em Sacralizo essa cor em profundas orações que me diverersa associações culturais e academias li- transmitem infinita paz. Meu corpo também é azul. terárias no Brasil. Atualmente é presidente da Aca- Encho-me de alegria porque estou perto de Deus. demia de Letras do Brasil/PE, (ALB). Foi profes- Sonho que de criatura tornei-me criador e faço sursora, diretora e vice-diretora de escolas públicas, gir o pôr-do-sol. Fico transparente como os véus. no Ceará e em Pernambuco. Estreou na Literatura Em êxtase desço os degraus. com o livro Contos Chão.¨Seguiu-se várias publicações , poesias, contos, crônicas e livros infantis» O sol confunde-se com o amarelo do terceiro véu. Desço na lava amarela, vômito na terra, onde me banho e surjo como espírito de luz. Em claridade tudo se transforma. Do amarelo nasce o roxo de um dos véus, a cor da paixão de Cristo. O véu laranja A música aprofunda minhas sutilezas. Danço e os se desprende e me mostra a cor da terra, lugar sasete véus que me acompanham esvoaçam pelo ar. grado onde dormem os mortos. É também a cor da Os véus se desprendem por rotas e atalhos. Escu- minha pele quando o sol a ilumina. Mas ele perto acordes suaves que me conduzem e desnudam deu-se pelas colinas quando eu procurava, aflita, o minha alma. Dos meus lábios fogem canções fei- calor da vida. to lamentos. Enquanto me despojo, limito-me nos voos alucinantes dos sonhos. Desejo que tudo se Prendo o meu último véu. É rosa. Solto-o e ele me conduz ao mundo de serpentes cor-de-rosa, longe grave na memória. da civilização. Tudo que vejo tem essa cor: pedras, De onde surgiu essa catedral? Quando aqui estive casas, árvores. Meu corpo, lábios, mãos. O rosa é a em viagens oníricas não a vi. E essa cúpula, esse cor suprema de minha fantasia. chão, esse muro, esses frutos, essas flores? Tudo vermelho, tão vermelho quanto meu sangue que Escuto uma voz: ela me persegue pelas florestas, se esvaiu e me tornou líquida. Jorrei-me na terra atrai-me aos rituais e me faz dançar. Fecho os olhos e a fertilizei. Um anjo cobriu-me com uma túnica e danço. Abro-os e me vejo só. Todos me abandovermelha e me levou pelo espaço, sobrevoando ci- naram. dades sagradas. Meu olhar se alongou e o mar tingiu-se de vermelho. O véu vermelho tudo cobriu Sinto que os véus estão retornando, não me e o mundo se avermelhou. No caminho desse voo deixarão. Menos o véu laranja, que se perdeu entre vejo pessoas que se movimentam com a ilusão da as colinas. O branco se destaca, é a minha cor. O branco da pureza dos anjos, da pureza de Deus. O eternidade. branco que funde as cores do espectro solar. O arco Transformo-me na dançarina dos sete véus, que íris guarda todos os véus. Retiro-os e os lanço ao retornam suavemente. O que escrevo se grava no vento. Felizes, bailam sobrevoando os mares.

DEVANEIOS

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Literatura Autor

HENRIQUE FERRESI Texto interpretado por crianças durante a quarentena de 2020, dezenas de crianças na cidade de Araranguá-SC, alunos da Casa da Fraternidade interpretou essa mensagem e levaram consolo e esperança para a cidade.

Do lado de dentro É hora de ir pra dentro! É hora de lar, de recolhimento Hora de ir pro ninho! E o que encontramos do lado de dentro? Deveria ser amor, respeito e carinho... Mas do lado de dentro de cada ser humano Falta muito do que deveria nos tornar HUMANO! Foi preciso uma força invisível para olharmos para dentro E questionar cada atitude, cada sentimento Questionar valores, prioridades Enxergar no outro seu sofrimento Agora estamos todos dentro de casa DENTRO DE NÓS MESMOS Convivendo com quem nós somos do lado de fora Somos todos iguais do lado dentro Nenhuma máscara social para diferenciar Atrás dessa máscara que todos usam agora SOMOS TODOS IGUAIS Somos todos iguais do lado de dentro Iguais ao sonhar, iguais no sentimento Iguais no amor, na dor e na esperança Nada dura para sempre Um professor invisível está nos ensinando A OLHAR PARA DENTRO E daqui de dentro de mim, poder enxergar ai dentro de ti! O QUE HÁ DE MELHOR EM NÓS SERES HUMANOS Quando isso passar seremos como borboletas Que no aperto dos seus casulos Fortalecem suas asas Vamos também nos fortalecermos dentro de nossas casas Dentro de nós mesmos e dentro do outro Para voarmos também para uma vida diferente Uma vida consciente! E de mãos dadas, caminharemos juntos mais uma vez E veremos um amor mais forte brotar do lado de dentro de cada coração Revue Cultive - Genève

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Literatura

GUSTAVO LAGRANHA

me digo que não há o que dizer embora lá fora o verão e a morte e o tempo frouxo a fluir sem dó embora momentos suspensos sem tempo nas camas e matos e jardins e telas mitiguem o monstro a crescer nas cidades e espichem as tardes nos longes dos sítios a traduzir o delírio do verde embora haja sempre quem nos observe os erros e o íntimo e o que se aponte e a dúvida rompa quando a noite desce seu manto roto e seus cães vagabundos suas damas desnudas e sua prole de insultos e aquilo sem nome que cinge os sonhos embora cantigas soem nas festas e as florestas feneçam aos pés do homem que assoa o nariz em toalhas de renda e pequeno brinca de esconde-esconde e embora não haja o que dizer ainda cantamos

REVUE ArtPlus Art - Cultura - Música - Literatura Revista bilingue registrada no Centro íbero Americano Biblioteca Nacional Suíça distribuição - Europa, América do Norte, Brasil. inscrições revueartplus@gmail.com 194

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Claude Bloc

DE VERSO EM PROSA

Eu chego antes Chegas calado e me aproximo E me apaixono, e não me guardo... Invado o tempo Invado o sonho Sinto o compasso Sinto o mormaço... Arqueio o corpo, dobro minh'alma Buscando a luz no teu abraço Procuro a voz, tua doçura Tua loucura, o teu amor E assim percorres Os meus limites, os teus limites Um verso em flor E assim te amo E assim te quero Porque tu sabes Que assim tu queres E assim desejas Que eu te ame Que eu te inscreva de verso em prosa No coração.

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Literatura

V A L D E N E DUARTE ,

nasceu em Codói no estado do Maranhão, em 1945. Morou em vários estados do Brasil e estabeleceu-se em Recife em 1960 onde cursou a faculdade federal de Pernambuco onde estudo línguas latinas e fez mestrado em teoria da Literatura, especialização em língua portuguesa e francês, professora aposentada. Publicações Contos crônicas ( contos e crônicas ) Sob o sol de cada manhã( romance), A casa dos segredos -antologias em coautoria. O cavalinho da madrugada” que já foi produzido para o teatro infantil em Recife.

" EM DEFESA DA LITERATURA" Defendo a Literatura como uma tricheira Defendo-a das ausências transitórias e das definitivas ausências do mundo! Defendo a Literatura como uma bandeira, Defendo-a como um princípio de Arte, que eterniza o discurso poético, livrando-os das doces infâmias dos homens e dos graves diagnósticos dos literatos famosos que abafa o rolo compressor da Gramática e a falsa retórica dos homens! Defendo a Literatura como uma certeza de nunca estar mergulhada na invisível ferrugem, Da famosa pátina do tempo/ Defendo a Literatura como um direito, de extrair da minha imaginação, Toda a verve de uma bela poesia e toda a energia do meu literário CANTO! Toda a verdade de um romance aberto,

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Revista Artplus impressa, bilíngue francês /português Participe da próxima edição 2020 cultivelitterature@gmail.com


Du 28 / 10 au 01/11/2020

34 Salon du Livre à Genève ème

28/10 au 01/11 2020

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u l t i v

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Exposition et lançement de livres, conférence, Exposition d’Arte - Genève 2020 Exposition Image poétique Lançament de la Revue Artplus Lançement de «Anthologie Les Mil Couleurs du Brésil» Lançement de l’Anthologie contato : cultivelitterature@gmail.com www.cultive-org.com Revue Cultive - Genève

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Literatura

O MUNDO DE K ALEXANDRE KOVACS

O tempo passa rápido quando estamos nos divertindo e assim se passaram dez anos no Mundo de K; escrevendo sobre livros, literatura, arte e cultura em geral. O blog foi criado em janeiro de 2007 com o objetivo de me manter próximo a estes assuntos, o que nem sempre era possível devido à minha atividade profissional ligada ao gerenciamento de projetos de engenharia. Desde então o espaço vem agregando novos amigos em torno da mesma ideia e hoje ainda continuo empenhado em conhecer e divulgar a cultura em todas as suas formas. Obrigado a todos que acompanharam as postagens aqui ou nas redes sociais, fico muito feliz em saber que existem outros habitantes neste mundo. Todas as resenhas e postagens do blog Mundo de K são elaboradas por Alexandre Kovacs, um engenheiro que adora ler e acumular livros

Descobri Alexandre na internet, gostei do seu blog. Em seguida pesquisei no face e encontrei-o. Pedi-lhe para enviar uma resenha sobre a obra o seminarista e muito gentilmente ele me deu a permissãlo de publicar o texto abaixo. https://www.mundodek.com/

RUBEM FONSECA - O SEMINARISTA por : Alexandres Kovacs

prazer e que Fonseca apresenta claramente logo no primeiro parágrafo: "Sou conhecido como o Especialista, contratado para serviços específicos. O Despachante diz quem é o freguês, me dá as coordenadas e eu faço o serviço (...)". Na seguência são descritos os últimos "serviços" e detalhes das execuções, sempre eficientes com um tiro de pistola na cabeça das vítimas ou "fregueses" que, diga-se de passagem, têm sempre um histórico desabonador. Este profissional decide trocar de nome e se aposentar, passando a dedicar-se integralmente aos seus prazeres: livros, filmes e mulheres. Na verdade, todo o romance é pontuado por citações em latim de Horácio, Cícero, Virgílio, Petrarca e Santo Agostinho, herança da formação cultural do protagonista como seminarista.

Mais um romance de Rubem Fonseca (1925-2020) no mesmo estilo de O Caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1975), O Cobrador (1979), A Grande Arte (1983) e Agosto (1990), entre outros dignos representantes do policial de suspense nacional. Em O Seminarista, publicado agora por uma nova editora, a Agir, Rubem Fonseca utiliza a sua narrativa em primeira pessoa, tensa e cinematográfica, juntamente com os ingredientes tradicionais de violência e sensualidade questionados por uma parcela da crítica, fato que parece nunca ter incomodado o autor do alto de seus cinco prêmios Naturalmente que a postura impessoal do personaJabuti e dois prêmios internacionais: Juan Rulfo e gem tende a mudar quando ele se envolve com uma Camões. mulher misteriosa e que tem relação direta com seu passado de assassino profissional. A resenha de um Esta é a história de José, um matador de aluguel livro como este não deve avançar mais sob pena de que trabalha sem remorsos, mas também sem 198

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Literatura estragar a surpresa, mas posso garantir que é um livro que se lê muito rapidamente e quase sem parar. Para saber mais sobre Rubem Fonseca, recomendo a matéria da revista online Bravo que apresenta muitos detalhes sobre a vida um tanto o quanto misteriosa do autor, como nesta parte: "Hoje José Rubem não precisa mais se isolar para escrever. Ele mora sozinho num apartamento no bairro carioca do Leblon. Um apartamento que, aos poucos, vem se transformando numa biblioteca. O escritor costuma dizer aos amigos que lê um livro por dia, e os livros vão se acumulando. De tempos em tempos, José Rubem tem que comprar uma estante nova. O filho José Henrique calcula que haja lá cerca de 8 mil livros. 'O apartamento está todo tomado de estantes, falta apenas a cozinha', diz ele."

luz contra fundos escuros em um realismo perturbador. A dica é visitar o site caravaggio.com que funciona como um gigantesco banco de dados dos trabalhos do pintor italiano, incluindo aqueles de origem não confirmada, com notas biográficas e análises críticas. O mais interessante neste banco de dados extraordinário, além das informações detalhadas sobre as obras e a localização das mesmas em cada país e museu do mundo, é a possibilidade de explorar as pinturas com recursos de alta precisão digital que permitem ampliar detalhes e analisar as técnicas utilizadas. Uma experiência única e um excelente exemplo de boa utilização da Internet.

Rubem Fonseca - O Seminarista - Editora Nova Não há muito espaço aqui para digressões sobre Fronteira - 184 páginas - Publicação 06/05/2016. Caravaggio (1571-1610), o artista que soube representar o sagrado e o profano de forma praticamente brutal, destacando as figuras humanas em

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Literatura “Gosto deste país que me acolheu, vim para estudar em Purdue University, fiquei em Indiana por 20 anos, onde constitui minha familia, depois me mudei para New York onde continuo até hoje. Meu avô paterno era de Assu, família Targino Cortez. Tenho muitos primos no Rio Grande do Norte e adoro essa terra. Sim, posso dizer que foi uma maneira de me conectar com RGN neste livro. Sim, escrevo ficção histórica. Escrevo sobre o Nordeste do Brasil, que tem muita história a ser conhecida como já dizia o Mestre Ariano Suassuna, além de me fixar nas suas celebrações históricas. Esse é o meu quinto livro e traz um enredo em que a personagem principal Sarah Paller, nova-iorquina, e conhecedora da história do Presidente Franklin D. Roosevelt, dá um mergulho na história, tentando descobrir sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, mais em particular, a razão da omissão dos aliados, heróis e heroínas brasileiros, nas páginas das histórias sobre as grandes guerras.” No enredo, ela tenta resgatar a dignidade desses heróis brasileiros, focalizando 3 pontos: - O porquê da omissão na literatura acerca da instalação da Base Aérea Norte - Americana em Parnamirim (RGN); A presença do Brasil na Campanha da Itália; A atuação das enfermeiras brasileiras como integrantes da FEB. Dentre muitas passagens e entre outras coisas que pesquisei, em 1943, os dois presidentes, se encontraram pela segunda vez durante a “Conferência do Rio Potengi”, foi aí que surgiu a Força Expedicionária Brasileira. A FEB, cujo emblema l no braço dos pracinhas era “A COBRA FUMOU”. A FEB intimamente ligada às operações de Natal, venceu as maiores batalhas na Campanha da Itália, lutando - autora do livro « PARNAMI- até o momento mais amargo do fim da guerra, em Maio 8 de 1945. Imaginar 5.000 aliados americanos RIM, BASE NORTE-AMERICANA NOS TROPI- numa cidade que só tinha 40.000 habitantes, é uma COS...» uma saga que relata a participação do Brasil coisa impressionante! Outros aliados passavam durante a Segunda Guerra Mundial. Valdivia S. também por Natal fazendo a rota da Europa para a Beauchamp é uma brasileira de Recife, que escreve África. Sabe-se ainda que um avião levantava voo sobre o Nordeste do Brasil e reside nos Estados a cada 3 minutos. Essa base aérea também utilizou Unidos desde 1964. Ela fala sobre a sua pesquisa e antissubmarino como o US Patrol Bombing Squaas dificuldades que enfrentou para concluir o seu dron, VPB-52 quando estava atracado em Natal. livro : « PARNAMIRIM, BASE NORTE-AMERI- Mais que isso, em 1943 “U-boat “ perdeu tanto que o “Kriegsmarine” abandonou a campanha contra CANA NOS TROPICOS.. os navios de comércio brasileiros.

VALDIVIA S. BEAUCHAMP

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Literatura A história de Parnamirim (a base aérea) é de meu conhecimento há muito tempo. Como jornalista, li sobre a Segunda Guerra Mundial, principalmente na parte que toca o Brasil, seu envolvimento com os outros países na Grande Guerra e seu universo político incrível. Lendo sobre a segunda guerra aqui nos EUA, não encontrei quase nada sobre a história de Parnamirim. Quando se pergunta sobre o papel da América do Sul na Segunda Guerra Mundial, o conhecimento gira sobre os nazistas na Argentina e se a pessoa for um pouco mais articulada, fala sobre a Batalha do Rio da Prata, que foi a primeira Batalha Naval da Segunda Guerra Mundial, quando os navios da “Royal Navy” afundaram o alemão navio “panzerschiff ” Admiral Graf Spee. Sobre Parnamirim, alguns chegaram a saber da estratégia da implantação da base aérea em Natal no Rio Grande do Norte, por ser o ponto mais perto da África e um potencial ponto de defesa para qualquer invasão do “eixo. Bem, Sarah começa sua saga resgatando um documento muito valioso num leilão em Londres. Segue fazendo contato com o jornal brasileiro, “A tribuna do Norte”, no qual ela tem uma coluna. Depois numa das celebrações da SGM, em 2015 em Paris, Sarah tem a oportunidade de reviver o assunto da vitória com alguns veteranos e veteranas. E por fim, na intrigante maneira que Sarah usa a mídia, viaja para Natal para conhecer pessoalmente aqueles que a contataram por e-mail, telefone e cartas durante todo o tempo de suas inquietas pesquisas. Lá, ela é surprendida com um “workshop” sobre o tema do seu livro, daí todos vêm a saber também que, anualmente, na Província de Lucca na Itália há um festival instituido em gratidão aos esforços dos “pracinhas brasileiros”.

muitos dados, além de realizar valiosas entrevistas com alguns militares que tinham acesso ao acervo do exército. Estive in loco na base de Parnamirim em Natal. Foi emocionante tudo isso, principalmente depois que você ouve histórias sobre Roosevelt e Vargas, como por exemplo: o empréstimo de $20 milhões de dólares, destinado à construção da represa de Volta Redonda. Em outros países aliados (salvo a Itália) muito pouco se mencionam sobre a participação do Brasil na 2ª guerra. Por outro lado, me lembrava da história da visita do Presidente do Brasil: Vargas com sua esposa Darci, em 1936, visitaram os Roosevelts, nos EUA e levaram para Elinor uma água-marinha de 1.298 quilates. Muita coisa me surpreendeu durante minhas pesquisas, como por exemplo: - A viagem dos nossos pracinhas, sem muita explicação sobre o dia da saída do Brasil e sem a certeza do porto de chegada, é bastante surrealista. Reza a lenda que um General brasileiro, a pedido de Vargas, exigiu que não fossem enviados “aliados negros dos EUA para Parnamirim”. De acordo com o que li, antes, durante e depois do término da guerra, tudo é muito obscuro. A política da época era como a atual, no meu ponto de vista muito confusa. Mas de tudo que li, o que mais gostei foi o que o Eduardo Bueno colocou em um de seus livros de história: “Roosevelt disse a Vargas que ele era um ditador a favor da Democracia”. Você já ouviu coisa mais maluca que essa?

O processo de pesquisa foi enorme, pois não encontrava subsídios nos EUA, nem na Europa. Sempre escrevo em inglês, mas tive que escrever esse livro em português, apesar de não estar mais acostumada a escrever em minha língua. Visitei muitos museus de guerra, bibliotecas e ao mesmo tempo conheci muita gente interessada no assunto no exterior, todavia não nos EUA, e assim colhia muitas informações. Em Recife, também conheci 2 veteranos, os quais me proveram com Revue Cultive - Genève

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Sessão Cult

SESSÃO CULT Talentos Catarinenses

IRATAN CURVELLO

é poetae ativista Cultural de Florianópolis e conhecedor de Cruz e Sousa. Como poeta sua poesia converge pelo brado à igualdade e a valoriazação do ser humanno. Defendensor do antiracismo suas poesias são entremeadas de denúncias, de grito de liberdade. Seu trabalho como ser social realiza-se nas comunidades carentes de Florianópolis. Agindo em projetos que estimulam jovens e crianças a almejarem a divulgação de suas capacidades artísticas. Um homem que se empenha nas atividades motivacionais do artista,apadrinha talentos que seu olho clínico identifica nas comunidades e nas escolas. Iratam é um dos Cultivadores Culturais na Associação Cultive e Correspondente da REVUE CULTIVE no estado de Santa Catarina. Facebook: iratancurvello Instagran: @iratancurvello

Assistimos atônitos ao espetáculo que o Coronavírus vem apresentando ao mundo, com sessões intermináveis que trazem o medo, a incerteza, afetando a saúde no mundo e que suscitam inúmeras perguntas. Muitas vidas já terão sidos ceifadas, sem que saibamos ao certo qual o melhor antídoto para esse nefasto vírus. Como orientação, a Organização Mundial da Saúde – OMS orienta o isolamento social como uma forma de evitar a propagação e de inibir a proliferação da doença. Neste contexto de isolamento, observamos que a inércia necessária dos protagonistas culturais, tem servido para que cada um se desdobre para produzir o seu melhor dentro de sua arte e mostre que é capaz de se reinventar, buscando ampliar o seu leque de habilidades a fim de acordar outras qualidades até então adormecidas.

humildade, gentileza, gratidão, entre outras e ao reconhecer seus verdadeiros valores torna-se um ser melhor. É aguardar o tempo passar, esperar essa pandemia terminar para então fazermos o nosso melhor, para que de fato possamos coletivamente construir um mundo cada vez melhor para todos. Neste contexto onde o produzir cultural se torna uma ferramenta capaz de levar alento e contribuir para melhorar o estado de ânimo da humanidade, apresento nesta coluna a artista plástica, escritora e fomentadora cultural Roseli Farias, que com uma sólida carreira nas artes plásticas, nos relata através de uma entrevista exclusiva concedida a esse correspondente, toda a sua jornada empreendida no campo cultural e das artes, trazendo detalhes da sua vida pessoal, que, certamente, vai despertar em você o interesse sobre essa personagem cativante.

Sentimos que o ser humano voltou a olhar com mais profundidade os sentimentos até então esque- Trago ainda dentro deste cenário, onde a pluralicidos e se redescobre como um indivíduo capaz de dade dos talentos se apresentam, o artesão, artista tratar com polidez questões como amor, saudades, plástico, marceneiro e agora escritor, Pablo Norberto Espindola, que com sua incontestável capaRevue Cultive - Genève

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Sessão Cult cidade criativa nas mais variadas formas de expressar sua arte, vem anunciar sua entrada no mundo literário com o lançamento de sua obra intitulada “Poemas ao Maestro da Criação”, e em breve outros livros serão lançados, tão logo passe essa pandemia.

arte de pintar.

IC - E quem é essa artista plástica profissional Roseli Farias? RF- Sou artista plástica com mais de 20 anos de experiência. Fiz- me profissional ao longo dos tempos, Confera as matérias e certifique-se da riqueza após participação em muitos cursos de qualificação cultural que Santa Catarina possuí e que a torna e especialização nas técnicas de pintura espatulado, acrílico e óleo. Trabalho com todos os estilos de ainda mais bela além da sua natureza. pintura (Natureza morta, casarios, animais, flores, Boa leitura. cartum, etc...). Atuei como professora de artes por 8 anos nas escolas profissionais do município de São José, ministrando aulas de desenho e pintura em tela. Idealizei meu sonho de ter o próprio atelier e, com muito esforço e trabalho, consegui transformar o sonho em realidade. O “Atelier Roseli Farias” está funcionando há nove anos em Biguaçu na Rua Prefeito Avelino Muller, 555 – Bairro Vendaval.

ROSELI FARIAS Apresento nessa edição, uma mulher que tem uma história de vida que certamente serve de inspiração, pois representa milhares de mulheres, que com força, luta, perseverança, resistência, muito empenho pessoal e profissionalismo, construiu e vem se destacando como uma mulher guerreira que quebra muitos paradigmas impostos pela sociedade. Nossa personagem é a mãe, a artista plástica, a escritora, a atleta, a professora de artes e a fomentadora cultural Roseli Farias. Nossa entrevistada nos conta como foi sua trajetória de vida até aqui.

IC - Roseli Farias tem como uma forma de vida saudável a prática esportiva. Conte-nos sobre a Roseli esportista e onde nasceu essa outra paixão? RF- Por influência da minha filha Bárbara Corrêa, pensando na vida saudável da mãe. Ela me fez um convite para participar de um grupo de corredores de rua, aceitei e me apaixonei com esse mundo que associa a prática de um esporte com uma vida saudável e de qualidade. Aos poucos fui treinando e participando de corridas, sendo que já fui ao pódio por categorias e participo também de corridas internacionais em Florianópolis.

IC - Roseli é uma mulher ativa e se reinventa com o passar dos tempos. Como surgiu a ideia de transformar o seu Atelier Roseli Farias no “ESPAÇO CULTURAL ROSELI FARIAS”? RF- Através da convivência com os alunos. Surgiu num simples bate-papo a ideia e vislumbraram em razão da inexistência de espaços culturais em Biguaçu. A necessidade de criar o “ESPAÇO CULTURAL ROSELI FARIAS” com o propósito de contribuir com a propagação da cultura de todas as formas, para que Biguaçu possa ter e ser uma alternativa viável, onde os artistas locais e os da grande Florianópolis, que assim desejarem, possam mosIC- Quem é Roseli Farias? RF- É uma mulher que ama a vida, família, ami- trar sua arte de forma livre. gos, gosta de estar e apreciar a natureza, caminhar, correr, sorrir muito, viajar e contribuir com o cres- IC - Quando foi inaugurado esse espaço e quais cimento do outro. Tenho a convicção que somos os eventos que já foram realizados no ESPAÇO melhores quando verdadeiramente nos propuse- CULTURAL ROSELI FARIAS? mos a fazer a diferença de forma positiva na vida RF- Começamos com um grupo pequeno éclético, de alguém, seja ela quem for. Tenho como paixão a mas que possui a ação como marca forte. Formata204

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Sessão Cult ram a ideia em agosto/2019 e realizaram o primeiro sarau denominado ‘SARAU DA INDEPENDENCIA” no dia 07/09/2019 onde se fizeram presentes 93 pessoas, nesta inauguração que foi um sucesso. Nosso segundo evento foi o “SARAU DIA DAS CRIANÇAS” realizado no dia 12/10/2019 quando 86 pessoas atenderam nosso convite.

Agora Terás (Roseli Farias)

Agora terás as terras para adubar tuas sementes Tuas ânsias e toda a vontade De arar as terras perante teus olhos Campos verdejantes nunca vistos Agora terás, sempre, portas e janelas abertas IC - Fiquei sabendo, que Roseli Farias está acor- Para deixar o sol entrar dando um velho sonho e que vai se consolidar em E te tomar de carinho nesse corpo alvo e perfuma2020 uma realidade também como escritora? do RF- Há muitos anos escrevo e publiquei em dezem- Poderás mergulhar sem medo nas águas profundas bro/2019 na antologia “Interfaces de Amor e Paz” Ao lado da choupana sem precisar sonhar com casda CAPPAZ o poema “Agora Terás” e estou organi- telos zando meus escritos, para lançar minha primeira Vem, podes vir, sem medo obra solo e também estarei na antologia que iremos Terás tempo suficiente para tão refinado prazer publicar no “ESPAÇO CULTURAL ROSELI FA- Andando em campos, veredas, jardins, pomares RIAS”, tudo programado para o segundo semestre Para guardar feliz teus frutos de 2020. Abraça tua verdade porque o amor não sabe o que é metade IC - Esse seu viver dentro da cultura, permitiu-lhe Agora terás, depois de muitos, um caminho de veradentrar em algumas entidades culturais. Quais dade delas você participa como membro? Aceita, como um copo de água fresca RF- Participo como artista plástica da: A única que existe em teu deserto. ADLA – Academia de Letras e Artes CAPPAZ – Confraria Artista e Poetas pela Paz CENETI - Centro de Estudantes do Núcleo de Estudos da Terceira Idade SAL – Sociedade de Artistas Livres IC - Roseli Farias, empresária, artista plástica, atleta, escritora e fomentadora cultural da região da grande Florianópolis. Qual a. sua mensagem para encerrarmos nosso bate-papo cultural? RF- “É acordar cedo e fazer da vida a cada manhã uma poesia, encantando corações e libertando a alma, para viver livre, sem preconceito e espalhar o amor por onde quer que vá, viver e ser luz”. Nossa entrevistada nos deixa um poema seu intitulado Agora terás

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Sessão Cult

PABLO NORBERTO ESPINDOLA Apresento-lhes Pablo Norberto Espindola, nascido

grande região metropolitana de Florianópolis com moradores de rua, entregando sopa, roupas e direcionando-os à novas oportunidades através da palavra de Deus. Pela sua vivência espiritual e ciente da responsabilidade que possui perante a comunidade onde está inserido, nasceu o desejo de transformar suas experiências num relato pessoal e fazer um tributo ao maestro da criação. Surgiu daí o projeto de publicar seu primeiro livro que o autor o denominou de “Poemas ao Maestro da Criação”.

Neste livro, ele tem a pretensão, através dos seus escritos, de despertar os valores que a bíblia, nosso manual de vida, nos traz, pois nela também encontramos livros poéticos, históricos, com promessas, em Florianópolis em 27 de junho de 1977, artista lindas histórias de amor e superação, o qual o insplástico, desenhista, marceneiro, exímio escultor pirou como referência a exaltar o Autor da Vida, em madeira e pedra e um promissor escritor. nosso amado Artífice da Criação, que formou tudo com maestria e o conduziu até aqui, inspirando-o Como artista plástico, desenhista, marceneiro e es- a construir essa obra que lhes apresento. A obra já cultor, ele se notabiliza pelos seus firmes, precisos está sendo publicada e aguardando uma data para e delicados traços, dando a cada peça que produz seu lançamento oficial, o que ainda depende da um sentido de realidade que nos remete a perfeição atual situação para que se efetive uma data. com que reproduz suas obras. Pablo Norberto é mais um talentoso catarinense Dentro do cenário literário, teve participação que adentra o mundo literário e que, certamente, no Grupo de Poetas Livres - GPL da grande Flo- vem para enriquecer a literatura catarinense e brarianópolis no ano de 2001 onde participou de pro- sileira, trazendo nos muito de si para ampliar nossa jetos do grupo de poesia no ônibus da grande Flo- visão de mundo. rianópolis, nominado de “Viajando com Poesia”, também o “Poesia na Praça”, onde as poesias eram Desejamos sucesso ao multifacetário artista Pablo escritas em bancos da praça no bairro Bom Abrigo Norberto Espindola e que sua obra possa alcançar e também sendo muitos dos poemas publicados na o leitor pela profundidade e riqueza dos seus terevista Ventos do Sul. mas, que orbitam o cotidiano de cada um de nós. No presente momento, Pablo Norberto Espindola é membro da Sociedade dos Artistas Livres – SAL, que é uma entidade cultural que desenvolve um trabalho em prol da cultura dentro do município de Biguacu, atuando também na região da grande Florianópolis. Este espaço vem se notabilizando por oportunizar a quem se propõe a expressar sua arte, seja ela qual for, como uma forma de contribuir com o enriquecimento da cultura de Santa Catarina. Pablo é ministro do evangelho com a função de presbítero e capelão na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Biguaçu, onde participa de trabalhos sociais desenvolvidos nos municípios da Revue Cultive - Genève

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Literatura Viajar não é simplesmente ir, levantar voo, partir. É munir-se de expectativas para levá-las na bagagem e fazer do imaginário um ponto de encanto, um sonho acordado e um pensamento alado. É ser mar ou maresia; é navegar com velas desfraldadas, ou simplesmente deixar-se levar por onde sopra o vento. Viajar antes de tudo é transpor barreiras entre o querer e o poder; é sonhar, é estudar, programar e, por fim partir. É aquele impulso de enriquecer sentidos, experimentar novos sabores, odores, conhecer novas culturas, pessoas e tradições; É imprimir na vida outros olhares, ampliar horizontes, caminhar por outras terras e crescer para ser o que nunca fomos; criar memórias e trazer para mais perto da vida a imensidão do mundo; é saber que somos de corpo e alma todos parecidos. Eloah Westphalen Naschenweng : Publicado no editora: Clube de Autores Disponível para venda: www.clubedeautores.com.br

“A Espanha que eu vi – Diário de Viagem I” De: Eloah Westphalen Naschenweng Entre o reviver, o repassar minha viagem para o papel e todo o encantamento vivido, nasceu meu livro “ A Espanha que Vi “ Diario I, porque guardar para si não é a mesma satisfação do que compartilhar.

34°Salon International du Livre et de la Presse de Genève du 28/10 au 1/11/ 2020

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Atravessar o oceânico Atlântico, que lindamente embeleza de verde e azul a nossa ilha de Santa Catarina para conhecer o Mediterrâneo, as cidades espanholas medievais, a história, seus reinos, as tradições e a cultura adquirida nos longínquos anos da sua existência, me fez uma aprendiz empolgada e admirada. Rendi-me diante da beleza e da cultura milenar, àtomos da alma, para entregar parte do meu sonho à terra alvissareira que eu amo e vivo. Um trecho Livro 208

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Literatura

Seção Livros em Destaque Paulo Bretas

Eloah Westphalen Naschenwng

«O doce livro dos Beijos Poéticos»

Haikai

Christianne Couve De Murville

Ivanilde Morais de Gusmão

Paulo Roberto Monteiro

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Literatura Lúcia Sousa

Norma Brito

Edenice Fraga

Izabel Hesne Marum Marivania Albergaria Reflexões sobre a vida Maria Albergaria

Em Reeexões Sobre a Vida, Mari Albergaria registra pequenos textos inspirados no cotidiano da vida. Seu olhar observador e perspicaz e seu espírito sensível captaram, dos fatos reais, ensinamentos e os transformou, em seguida, em textos. Nesse pequeno livro, as mensagens são reforçadas pelos ensinamentos bíblicos, que Mari utiliza como guia espiritual. São mensagens repletas de otimismo e de sabedoria centradas em Deus com o objetivo de levar, ao seu leitor, o acalanto e a coragem para superar as diiculdades e as tristezas.

Telma Brilhante Vera de Barcellos

Raquel Queiroz

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Literatura Valquiria Imperiano

Antologia Cultive

Osmarina de Souza Antologia Os dez mandamentos Em prosa e verso orgnizador : Cassio Cavalcante

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Literatura

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SEJA ESTRELA NA REVISTA CULTIVE Divulgue sua atividade artística e literária nas 4 edições da Revista Cultive , seja membro. Membro Escritor da Revista Cultive - pode publicar suas atividades nas seções: Lançamentos de livros, ( 1 página: textos + fotos) Eventos ( 1 página: texto + fotos) Literatura( textos literários até 4 páginas + fotos) Membro Artista da Revista Cultive - pode publicar suas atividades nas seções: Evento de Arte - 1página: textos + fotos Exposição - (até 2 páginas: texto+ fotos) Textos: Biografia, crítica de arte - (textos + fotos) O membro recebe o link e o pdf por e-mail gratuitamente. Entre em contato e peça a ficha de insrição. edicaocultive@gmail.com www.cultive-org.com 214

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Próxima edição: setembro Enviar textos, fotos, biografia e contato telefônico até o dia 30 de julho. Editorais: Atualidade Associações em ação

parte do mundo

( 2 páginas- trabalhos das associações em qualquer

Poetando Contando causos viagewm virtual, O bioma da minha terra (1 página - poesias livre)

( contos e hsitórias livres)

( 2 páginas - crônicas, pesquisa sobre os biomas de qualquer lugar)

Educação e liberdade

cacionais de qualquer lugar)

( 2 páginas - crônicas, pesquisa sobre ações edu-

Sem lerolero

(2 páginas - textos e fotos sobre qualquer tema sobre a cultura, saúde, música, cinema, teatro, eventos culturais e populares e outros não citados )

ArtUniversal Literatura

( 2 imagens e descrição do trabalho)

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CULTIVANDO ARTE E CULTURA EM TEMPOS DE PANDEMIA Revue Cultive www. cultive-org.com

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