Jornal CRM-RR Edição 43

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J O R N A L

D O Impresso Especial

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CRM-RR

CORREIOS

Informativo do Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima | Dezembro de 2014 - EDIÇÃO 43ª

Superlotação

CRISE NA

Desvalorização do profissional Carência de leitos Falta de insumos e medicamentos Sucateamento de equipamentos

Em outubro foi realizado o Simpósio de Ortopedia

Entrevista: Dra. Lívia Moura de Oliveira

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EDITORIAL

O que esperamos do próximo governo

WIRLANDE DA LUZ Editor-chefe

O próximo gestor da saúde deverá ter compromisso técnico, se comportar de acordo com os preceitos éticos, e ainda, não assumir o cargo pensando em fazer carreira política. Não dá mais para brincar de fazer gestão”

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É natural que, assim como no começo de cada ano se tenha esperança por dias melhores, também se espere dias melhores nas gestões de governos que se iniciam. Pois bem, 2015, além de ser um novo ano, também terão início um novo governo estadual e uma segunda gestão do governo federal, que aí está. Quero me deter à nova gestão de governo do nosso Estado que se iniciará em 01 de janeiro de 2015. Estamos passando por momentos difíceis em todos os setores da administração pública de Roraima, mas o setor saúde é o mais preocupante, pois é o que se encontra em pior condição. Não foram poucas as fiscalizações e denúncias que fizemos sobre a situação de calamidade que se encontra a saúde pública em todo o Estado. Foram realizadas várias reuniões com os gestores e audiências públicas com a participação do Ministério Público, gestores, entidades médicas e sociedade organizada, na tentativa de encontrarmos uma solução rápida e assim amenizar os efeitos deletérios sobre a saúde dos cidadãos. Os problemas apontados por médicos e demais profissionais de saúde, pelos usuários do SUS, Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e imprensa, atestam a total falta de respeito e compromisso dos gestores para com pacientes e profissionais da saúde, comprometendo a assistência e colocando em risco a vida de uma população de quase 500 mil habitantes. Nas dezenas de fiscalizações que realizamos constatamos as precárias condições higiênico-sanitárias das unidades de saúde da capital e interior. Anotamos falta de equipamentos e equipamentos sucateados, desaparelhamento dos centros cirúrgicos e UTI’s, ausência de instalações adequadas e uma carência crônica de leitos, medicamentos e insumos básicos. A falta de investimento, tanto do governo estadual como do governo federal, e o mau uso dos recursos disponíveis completam o estado de penúria da saúde pública do estado.

Infelizmente, este é o cenário com o qual a próxima gestão irá se deparar. Não é nada animador, porém, há como reverter. Para isso, é necessário recurso financeiro, mas acima de tudo, são necessárias ações administrativas de impacto e vontade política, não só do executivo, mas também do legislativo e demais órgãos fiscalizadores. E o que esperamos do próximo governo? Com este cenário, esperamos que o próximo governo construa um pacto estadual pelo fortalecimento das ações de saúde – desde a atenção primária até a alta complexidade – envolvendo os profissionais de saúde e os órgãos fiscalizadores. O poder executivo tem que demonstrar seriedade, a começar pela escolha do novo gestor da saúde. O próximo gestor da saúde deverá ter compromisso técnico, se comportar de acordo com os preceitos éticos, e ainda, não assumir o cargo pensando em fazer carreira política. Não dá mais para brincar de fazer gestão em saúde. Uma das primeiras medidas administrativa que deve ser tomada, é a convocação urgente dos médicos concursados, assim como dos demais profissionais de saúde para ocupar seus postos de trabalho. Será necessário empenho do Governo em estimular a permanência dos profissionais dentro do Sistema Único de Saúde, com a oferta de condições de trabalho e de medidas que os valorizem. A nova gestão terá que ter coragem para afastar as pseudo-empresas de venda de medicamentos, equipamentos e insumos para a saúde. Já está mais que provado que a maioria dessas empresas que hoje vedem para o governo não tem capacidade técnica e são orquestradas nos bastidores por políticos sem compromisso com a população. Enfim, dá para tirar a saúde do Estado da UTI, mas o remédio tem que ser amargo. Um Feliz Natal a todos e que em 2015 se inicie uma nova fase para a saúde pública brasileira.


PALAVRA DO PRESIDENTE Alexandre de Magalhães Marques

Esta é a última edição do Jornal do CRM-RR de 2014. Completamos em outubro passado o primeiro ano de gestão frente à presidência do nosso CRM-RR. Foi um ano de muito trabalho em todos os setores do Conselho. Realizamos 11 plenárias ordinárias e 3 extraordinárias Como órgão fiscalizador, o CRM-RR cumpriu seu papel de defensor da sociedade e da medicina ao fiscalizar e denunciar aos demais órgãos fiscalizadores, e à imprensa, nos reportamos quanto às mazelas da saúde pública em nosso Estado. Foram realizadas 51 fiscalizações, onde encontramos várias irregularidades, como a estrutura física precária das Unidades de Saúde, carência de leito hospitalar, sucateamento de equipamentos e uma falta crônica de medicamentos e insumos. Como órgão judicante, também cumpriu seu papel dando resposta à sociedade ao julgar 70 Expedientes Denúncia e 5 Processos Ético Profissional.

EXPEDIENTE Informativo do Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima

EDITOR-CHEFE Wirlande Santos da Luz JORNALISTA RESPONSÁVEL Marta Gardênia Barros REVISÃO TEXTUAL Rita de Cássia Costa PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO David Eugene FOTOS Guilherme Moraes IMPRESSÃO Gráfica Ióris TIRAGEM 1000 exemplares

Av. Ville Roy, 4123, Canarinho, Boa Vista, Roraima Tel.: (95) 3623-1542 Fax: (95) 3623-1554 E-mail: crmrr@portalmedico.org.br Site: www.crmrr.cfm.org.br

Some-se a isso, a aprovação de 3 pareceres referentes a consultas feitas à Instituição. Todo este trabalho só foi realizado graças a um corpo de Conselheiros comprometidos com a sociedade e com a boa medicina. Não podemos deixar de agradecer também aos dedicados funcionários da Casa. Sem eles não teríamos condição de exercer nosso oficio de Conselheiro em toda a sua plenitude. Mas o tempo não pára. Em 2015 teremos novos desafios, certamente não serão fáceis, mas poderão ser superados com a união de todos, compromisso ético e vontade política dos poderes constituídos. Fiquem com a certeza de que continuaremos a nossa luta por uma assistência médica de qualidade e pela valorização do trabalho médico. Um Feliz Natal a todos! Que Deus nos ilumine, para que em 2015 possamos seguir unidos por uma saúde pública que atenda aos anseios do nosso povo e pela dignidade do médico brasileiro.

DIRETORIA Presidente: Alexandre de Magalhães Marques 1º Vice-Presidente: Rosa de Fátima Leal de Souza 2º Vice-Presidente: Francinéa Rodrigues de Moura 1ª Secretária: Anete Maria Barroso de Vasconcelos 2ª Secretária: Maria Hormecinda Almeida de Souza Cruz Tesoureira: Nite Lago Modernell Corregedora: Blenda Avelino Garcia Sub-Corregedor: Marcelo Henrique de Sá Arruda COMISSÃO DE ESPECIALIDADE Presidente: Bruno Figueiredo dos Santos Membro: Marcos Antônio C. Cavalcanti de Albuquerque Membro: Paulo Roberto de Lima COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO Coordenadora: Rosa de Fátima Leal de Souza Membro: José Antônio do Nascimento Filho Membro: Niete Lago Modernell Membro: Bruno Figueiredo dos Santos Membro: Domingos Sávio Matos Dantas Membro: Alexandre de Magalhães Marques Membro: Alberto Ignácio Olivares Olivares Membro: Francinéa Rodrigues de Moura COMISSÃO DE ASSUNTOS POLÍTICOS – CAP Membro:Laerth Macellaro Thomé Membro: Raimundo Júnior Prado Oliveira Membro: Elana Faustino Almeida

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA Coordenador: Vitor Manuel Montenegro da Costa Membro: Samanta Hosokawa Dias de Nóvoa Rocha Membro: Cristiane Greca de Born Membro: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Membro: Débora Maia da Silva CÂMARA TÉCNICA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Membro: Anete Maria Barroso de Vasconcelos Membro: Niete Lago Modernell Membro: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Membro: Rosa de Fátima Leal de Souza COMISSÃO DE TOMADA DE CONTAS Membro: Elana Faustino Almeida Membro: Aurino José da Silva Membro: Álvaro Túlio Fortes COMISSÃO DE LICITAÇÃO Presidente: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Membro: Domingos Sávio Matos Danta Membro: Marcelo Cabral Barbosa CONSELHEIROS FEDERAIS - RORAIMA Efetivo: Wirlande Santos da Luz Suplente: Alexandre Marques de Magalhães

Em 2015 teremos novos desafios, certamente não serão fáceis, mas poderão ser superados com a união de todos, compromisso ético e vontade política dos poderes constituídos.”

REPRESENTANTE DO CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE Titular: Mareny Damasceno de Souza Suplente: Débora Maia da Silva REPRESENTANTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE Alexandre Magalhães Marques Aurino José da Silva CONSELHO EDITORIAL: Membro: Wirlande Santos da Luz Membro: Alexandre de Magalhães Marques Membro: Laerth Macellaro Thomé ASSESSORIA CONTÁBIL Eudes Martins Filho ASSESSORIA JURÍDICA Kardec e Advogados Associados ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO Marta Gardênia Barros ASSESSOR ESPECIAL DA PRESIDÊNCIA Wirlande Santos da Luz

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ARTIGO

A Placenta e o Mecônio OBJETIVO DO ESTUDO Verificar a morfologia das placentas dos fetos impregnados com mecônio espesso e, a existência de outras alterações que possam acometer as placentas no presente grupo em estudo.

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Dr. José Antônio A presença de numerosos macrófagos fagocitando pigmento acastanhado compatível com mecônio, é sinal indicativo de sofrimento fetal intra útero. A placenta desempenha várias funções, sendo as mais importantes à respiratória, nutrição, excretória, endócrina e imunológica. O presente estudo, após a autorização da Comissão de Ética, foi realizado no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), Hospital de referência do Estado de Roraima, no período de Julho de 2011 até Junho de 2013. Foram escolhidas 314 placentas cujo líquido era classificada como mecônio espesso grau 3 e grau 4, sendo este classificado como “Papa de Ervilha”. As placentas selecionadas foram acondicionadas em vasilhames próprios com Formol há 10%, e enviadas para Laboratório de Anatomopatologia. Em 96% das placentas selecionadas, vieram dos partos via alta e somente 4% foram provenientes de partos normais cujas pacientes estavam em período expulsivo quando deram entrada no Hospital. A presença de mecônio no líquido amniótico é considerada por alguns autores como evento decorrente de um quadro hipóxico preexistente. Pode estar presente em 9 a 20% dos partos (Houliham e Knuppel). A presença de mecônio espesso tem o pior prognóstico e, geralmente, se associa à Síndrome da Aspiração de Mecônio (SAM), que pode gerar um quadro de Pneumonite grave. A eliminação de mecônio espesso reflete o sofrimento fetal, podendo haver morte fetal no trabalho de parto. No trabalho do Dr. Octavio O.S. Filho e Col. – PUC-Campinas, expressa que o mecônio no liquido amniótico leva a um aumento das taxas de infecção materna e neonatal. O mecônio leva a vasoconstricção na placenta e cordão umbilical, produzindo diminuição das reservas de glicogênio cardiovascular fetal, levando a má perfusão vascular dos tecidos ocasionando provável anóxia fetal, aumentando essa ação do efeito vasoconstrictor do mecônio sobre a placenta e cordão. Há uma diminuição das reservas de glicogênio cardiovascular fetal, levando a má perfusão vascular dos tecidos levando a anóxia e aumentada assim a morbimortalidade perinatal. Dentro dessas conclusões, e segundo os Professores Altshuler& Hyde, há também um efeito

vasoconstritor do mecônio sobre a placenta e cordão e, sugere que essa vasoconstrição induzida pelo mecônio poderia causar hipoperfusão cerebral, o que explicaria casos de sofrimento fetal, paralisia cerebral e morte neonatal. Segundo o Manual de Assistência ao Parto Normal da Organização Mundial de Saúde (OMS) reza o seguinte:- Durante o segundo estágio do trabalho de parto, a oxigenação do feto sofre uma redução gradual porque o feto esta sendo expelido da cavidade uterina, com a consequente retração do útero e, diminuição da circulação placentária. Além disso, contrações fortes e um puxo extenuante podem diminuir ainda mais a circulação uteroplacentária. A queda na oxigenação é acompanhada por Acidose. Segundo o Professor Harold Fox em seu livro “Pathology of the Placenta”, a relação entre a passagem do mecônio e hipóxia fetal é atualmente assunto de algumas controvérsias. Tem sido postulado que mecônio pode ter um efeito direto na placa coriônica levando a deficiente regulação do fluxo sanguíneo feto-placentário e, possíveis complicações como a Paralisia Cerebral (Hyde & Altshuler – 1996; Kasparet al. 2006). A aspiração de mecônio espesso pelo feto pode resultar em Pneumonite química e comprometimento respiratório neonatal. No entanto, outros estudos continuam a haver relatos de que a passagem de mecônio está associada a um aumento do risco de um resultado adverso fetal, especialmente em recém-nascido de baixo peso (Nattanet al. 1994; Mahomed et al. 1994; Grupta e al. 2006; Mayrion et al. 1998; Ziadeh & Sunne 2000; Sheiner et al. 2002; Henry et al. 2006). Porém, tem sido afirmado em outras pesquisas que é apenas a passagem de mecônio espesso que está relacionado a um resultado adverso (VaN Heigstet al. 1995). Ainda é fato, segundo o livro do Professor Haroldo Fox, de que o mecônio que esteve presente no liquido amniótico por um período prolongado, pode causar danos à parede muscular dos vasos na superfície da placenta e do cordão umbilical, com possível vaso espasmo resultante ou trombose (Altshuler et al. 1992). Esta lesão vascular está relacionada com o aumento de Paralisia Cerebral, em associação com o líquido amniótico (Spinilloet al. 1997), ou seja, há uma associação entre comprometimento neurológico e mecônio associados à necrose vascular (Redline et O’Riordan 2000). Segundo o Prof. Marcelo Zugaib a presença do


ARTIGO mecônio no líquido amniótico, nem sempre está correlacionado com acidose fetal, porém, tem risco de ocorrer a Síndrome de Aspiração Meconial (SAM). No caso da presença de mecônio espesso é também contraindicada a indução do trabalho de parto. A presença de Anóxia intra útero, a mortalidade intra útero e a neonatal aumentam três vezes, se não for diagnosticada. No período do presente estudo ocorreram 17.103 partos sendo 11.443 partos via baixa e 5.660 partos por via alta. Desse total, 4.104 parto (24 %) apresentavam diversos graus de mecônio, sendo selecionadas 314 placentas onde havia a presença de mecônio espesso. RESULTADOS Principais diagnósticos e condições clínicas encontradas no presente estudo constaram que em 97% das placentas apresentavam impregnação meconial tanto na placenta quanto nas membranas amniocoriais e, em 61% incluía o cordão umbilical. As tabelas abaixo mostram detalhes das pacientes cujas placentas foram selecionadas para o estudo:TABELA 1 – idade da paciente

12 - 17 anos 18 - 23 anos 24 - 29 anos 30 - 35 anos 36 - 41 anos 41 anos

44 (14,0%); 107 (34,0%; 96 (30,5%); 43 (13,6%); 22 ( 7,0%; 02 ( 0,6%).

OBS:- a paciente mais jovem tinha 14 anos e a mais idosa 42 anos. TABELA 2 – número de gestações

Gesta I Gesta II Gesta III III

105 (33.4%); 78 (24,0%); 47 (14,9%); 84 (26,7%).

TABELA 3 – abortos por paciente

01 02 03 03

91 (68,4%); 22 (16,5%); 15 (11,2%); 05 ( 3,7%).

TABELA 4 – a) ausência de pré-natal

105 33,4%; b) pouco pré-natal (01 a 03 consultas)

96

30,5%;

c) bom pré-natal

113 36,1%. TABELA 5 – Graduação do mecônio:Grau 3 (+++/4+) Grau 4 (++++/4+)

246 (78,34%); 68 (21,65%).

TABELA 6 – peso das placentas

100 a 200 gr 201 a 400 gr 401 a 600 gr 600gr

22 (0,70%); 104 (33,1%); 140 (44,5%); 48 (15,2%).

OBS:- A placenta mais leve pesava 108 gramas e a mais pesada 935 gramas. No estudo em tela, verificou-se que cinco placentas vieram de gestações gemelares, sendo três monocoriônicas /diamnióticas, com as seguintes características:- uma com idade gestacional de 35 semanas e cinco dias, com o 2º feto em óbito intra útero, e com aspecto discordante nos territórios de cada feto. A segunda com idade gestacional de 35 semanas, sendo o primeiro feto em óbito intra útero, também com discordância nos territórios, e a terceira placenta de um feto vivo e normal, juntamente com Mola Hidatiforme Completa. Nesta, consta que as membranas amniocoriais se apresentavam com duas áreas distintas, sendo uma com cotilédones pardos e macios, mal delimitados e outra exibindo múltiplas vesículas. Ainda consta que nesta gestação gemelar, havia a presença do remanescente do ducto Onfalomesentérico no cordão umbilical. Duas placentas eram diamnióticas / dicoriônicas, sendo a primeira com idade gestacional de 27 semanas com ambos os fetos vivos. A segunda com o primeiro feto em óbito intra útero. Com relação à placenta com feto vivo e mola completa, vale ressaltar que não existia o desenvolvimento do segundo

embrião, pois, possuía apenas, cromossomos de origem paterna. No presente caso e, segundo a literatura em cerca de 20%, a Mola Completa, pode progredir para Mola Invasora e Coriocarcinoma. Segundo artigo publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, volume 28 (setembro/dezembro 2013 – (Profa. Sofia Andrade de Oliveira e col. Depto. G.O. USP), sobre o tema de gestação gemelar com mola hidatiforme completa, consta que é um evento raro com incidência entre 1:22.000 a 1:100.000, e tem na maior parte dos casos, evolução para aborto ou interrupção médica por causa dos riscos para a mãe e para o feto. A mola hidatiforme derivada do vilo trofoblástico representa a forma benigna de Doença Trofoblástica Gestacional (DTG), com prognóstico favorável. A mola completa, com cariótipo diploide, tem origem exclusivamente paterna, pois nesse caso o óvulo fecundado não tem cromossomos e o cariótipo paterno esta duplicada em 90% das vezes, o cariótipo é 46 XX, fruto da fertilização por espermatozoide que duplicou sua carga genética, e em 10% dos casos 46XY cuja fertilização ocorre por meio de dois espermatozoides. A mola completa, em muitos casos está associada à idade materna avançada. AS INFORMAÇÕES ABAIXO FORAM COLHIDAS DOS RESULTADOS DO ANATOMOPATOLÓGICO DAS PLACENTAS • Corioamnionite e corionite – infecção ascendente por amniorrexe prematura. A taxa de corioamnionite nos estudos histológicos checados chega a 40%. No presente estudo chegou a 54%, das pacientes que chegavam de bolsa rôta. O período de latência prolongada aumenta a chance de infecção ascendente, proporcionando maior probabilidade de parto prematuro, morbidade e mortalidade perinatal, na dependência da presença de alguns patógenos mais agressivos no trato genital das grávidas do atual estudo, presentes em 87 placentas (27,6%). • Trombos de fibrina – a trombose tem incidência elevada na incompatibilidade sanguínea materna fetal. Porém em 15 a 30%, das gestações normais do terceiro trimestre, eles podem ocorrer sem significado clínico. Podem estar associados à res-

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ARTIGO trição do crescimento e, quando envolvem 40 a 50% da placenta, causa morte fetal e, também tem sido associado à trombofilia materna ou outras coagulopatias; • Depósitos de fibrina-perivilositários - quando extensos podem estar associados à Restrição do Crescimento Intra-útero (RCIU). Envolvendo 40 a 50% da placenta geralmente causa MORTE FETAL. Pode estar associado à Trombofilia materna ou outras coagulopatias. • Alterações hidrópicas nas vilosidades – essa alteração hidrópica placentária não imune, geralmente está associada a malformações fetal na maioria dos casos, podendo haver associação com anomalias cardíacas; • Hematoma subcoriônico – na maioria das vezes os Hematomas subcoriônicos ocorrem após o desprendimento fetal durante o parto, sem significado clínico; • Placas de fibrina subcoriônica – juntamente com infartos, sendo pequenos, não tem significado clínico. Quando são extensos envolvendo 40 a 50% das placas e com alterações vasculares associadas, podem estar associadas à Doença Vascular Hipertensiva Materna, ou coagulopatias, prejudicando o crescimento e as condições fetais. • Retardo na maturação vilositárias – podem estar associadas a doenças tais como, diabetes, sífilis ou ainda anormalidades cromossômicas. Em muitos resultados dos anatomopatológicos, existe a orientação da investigação das sorologias maternas; • Hematoma retro placentário – é compatível com descolamento prematura da placenta (DPP), podendo ocorrer Morte Fetal. Na doença hemolítica perinatal, observa-se retardo no amadurecimento placentário. As placentas das gestantes hipertensas apresentam duas lesões fundamentais:- o INFARTO e o HEMATOMA-RETROPLACENTARIO. • Artéria Umbilical Única – A artéria umbilical única pode provocar a Morte Fetal, ou associar-se a outras malformações congênitas, entre 25 a 50% dos casos. A artéria umbilical única, nós de cordão, cistos ou tumores podem estar associados com sofrimento fetal ou malformações. O cordão é formado da fusão do Ducto Onfalomesentérico e o Alantóide.

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• Ducto onfalomesentérico – foi detectado em 28 cordões, correspondendo a 8,9%. Este ducto comunica o saco vitelino com o intestino médio primitivo, sofrendo reabsorção total até a 16ª semana da gestação. Pode gerar drenagem de material fecal pelo umbigo; • Ducto alantóide – detectado em 29 cordões, correspondendo a 9,2%. O alantoide é um anexo embrionário que surge por volta do 16º dia na parede caudal do saco vitelino; • Pseudo nó – detectado em 25 cordões das placentas, correspondendo a 7,9%; • Hemangioma – é uma lesão constituída por espaços vasculares sanguíneos de tamanhos variados e com revestimento endotelial típico; • Corangiomas – são tumores de origem vascular que apresentam evolução benigna e seu tamanho está diretamente relacionado às repercussões materno e fetal. Quando volumosos, podem levar à RCIU, trabalho de parto prematuro, insuficiências cardíacas com polidrâmnio, hidropisia fetal e morte. • Degeneração Fibrinóide – na presença de múltiplas calcificações e trombos intervilosos. Os trombos no espaço interviloso geralmente são inócuos quando pequenos e em pequeno número, não prejudicando a função placentária e o feto. • Metaplasia escamosa – do revestimento do cordão umbilical geralmente está relacionado à pressão mecânica pelos movimentos fetais intraútero. • Insuficiência Placentária – As principais causas determinantes da Adramnia sem perdas são a Insuficiência Placentária, anomalias congênitas, principalmente as que comprometem o sistema urinário e a hipoplasia pulmonar. As anomalias cromossômicas fetais e o uso de medicações pela mãe também são causas importantes; • Infiltrado Inflamatório polimorfo nuclear - leva a alterações placentárias compatíveis com baixo fluxo sanguíneo. Pode estar relacionados a partos prematuros, abortos de repetição, restrição do crescimento, malformações congênitas e óbito perinatal. Atingindo o cordão umbilical, determina funiculite, flebite. No presente estudo atingiu38% das Placentas; • Parvo vírus B-19 – um caso foi detectado no exame anatomopatológico. É o agente etiológico da anemia aplástica, tem a

capacid ade de causar infecções transplacentária, hidropisia fetal não imune e morte fetal, sendo maiores riscos em gestações precoces. • Listeria monocytogenes – um caso também foi detectado no exame anatomopatológico. A Listéria é uma bactéria, que foi detectada nos estudos de Murray, Webb e Swann, em 1924. Conforme trabalho de (Cristina Durante Cruz e Col.) a Listéria é o agente infeccioso responsável pela doença de origem alimentar denominada listeriose, sendo responsável por alto grau de severidade das sequelas e alto índice de mortalidade em 20 a 30% dos casos, em idosos e gestantes. O Trato Gastrintestinal é o principal ponto de entrada do patógeno. Segundo trabalho realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde as análises de placentas de abortos e partos prematuros, em 50% das amostras analisadas foram positivaspara Listéria. • Necrose fibrinóide – é um tipo bastante especial de necrose, ocorrendo no sistema vascular, degenerando as paredes dos vasos. Aparece geralmente nas doenças autoimune. • Placentite crónica hematogenica – foram detectados cinco casos de placentite crônica ou vilosite. As vilosites na maioria dos casos estão associadas a abortos, malformações fetais, prematuridade e retardo do crescimento intra útero, que é a principal manifestação clínica nos casos de etiologia desconhecida. Há sugestões de que a vilosite de etiologia desconhecida (VED), seja causada por algum agente infeccioso não identificado, possivelmente viral. CONCLUSÃO:- Nos processos legais movidos contra médicos, o exame placentário passou a ser uma necessidade para o diagnóstico de intercorrências fetais que não se relaciona com a iatrogênia. Além disso, o exame placentário pode elucidar a fisiopatogenia de intercorrências perinatais. Alguns estudos mostram que alterações placentárias como as lesões vasculares, vilosites crônicas, aumento de fibrina no espaço interviloso descolamento prematuro de placenta, e lesões outras de origem desconhecida que necessitem de esclarecimentos mais aprofundados, estão relacionados com intercorrências fetais.


ARTIGO

CDKL5∕MECP2-X (XQ28) / IGF-1 ∕PSD-95 ∕ URB 597

Criptografia Médica? Dr. Laerth Thomé Médico Psiquiatra CRM-735 Não! O CDKL5 é uma mutação genética que causa uma doença grave que se manifesta por crises convulsivas repetidas que podem ocorrer já nos primeiros meses de vida. A mutação CDKL5 era considerada uma forma atípica da Síndrome de Rett (Adréas Rett - médico pediatra vienense), transtorno genético com padrão peculiar de expressão do desenvolvimento neurológico após um período aparentemente normal na primeira infância, com prevalência quase exclusiva no sexo feminino (1:10.000) e que pode ocorrer em qualquer grupo étnico. Recentemente o CDKL5 está associado a pesquisas com o canabidiol (CBD) um dos inúmeros princípios psicoativo da Cannabis sativa (maconha)-“que não induz efeitos alucinógenos ou indutores de psicose, ou mesmo efeitos inibitórios relevantes na cognição humanae que possui, nos estudos disponíveis, perfil de segurança adequado e com boa tolerabilidade” segundo publicação do Conselho Regional de Medicina de São Paulo - Cremesp. O canabidiol tem suscitado calorosos debates sobre seu uso medicinal. No Brasil alcançou grande repercussão após os Fischer (Norberto e Katiele) recorrerem á Justiça objetivando o direito de importá-lo dos EEUU para tratamento de um tipo de epilepsia refrataria à terapêutica medicamentosa convencional da qual a filha é portadora. Agora, liderados pelo brasileiro Alysson Muotri, pesquisadores da Universidade da Califórnia tentam elucidar de que maneira esse principio ativo da Cannabis age diminuindo as crises convulsivas. Em termos simples, a pesquisa consistiu em produzir em laboratório milhões de neurônios a partir de células da pele de pessoas portadoras de CDKL5. Elas sofrem um processo de reversão até uma fase de células tronco embrionárias que posteriormente poderão novamente ser transformadas em diferentes tecidos, inclusive neurônios. Os neurônios assim obtidos são comparados com neurônios de pessoas saudáveis e com os neurônios de portadores da Síndrome de Rett. Quais foram os achados? Na Síndrome de Rett o corpo celular neuronal tem tamanho menor e o número de axônios também é menor, portanto

menor quantidade de sinapses. Já nos neurônios da Síndrome CDKL5 o corpo neuronal é maior e o número de sinapses numerosas e por via de consequência os neurônios estarão superativados. Nos indivíduos saudáveis a estrutura neuronal fica em um estágio intermediário entre as duas. Você caro Doutor (a) já ouviu falar na “Teoria da Poda” das Neurociências? É ela que tenta explicar esses achados. Diferentemente de pessoas saudáveis os portadores da Síndrome CDRK5 não conseguem “podar” o excesso de sinapses que com o processo de aprendizado já estabelecido tornam-se desnecessárias.

do Instituto Internacional de Neurociências de Natal - (IINN), vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, “isso significaria que os sonhos concatenam fragmentos de memórias de forma a simular expectativas futuras de recompensa e punição mediadas por dopamina”. Hipótese melhor? Impossível! As relações entre a Neurociência, Psiquiatria ∕ Psicanálise são muito complexas, necessitando de um estudo aprofundado da metodologia e das teorias que se pretende articular. QuemsabeamigoDoutor(a)nãoserávocê a determinar a faixa terapêutica do CBD e a articular Neurociência, Psiquiatria ∕ Psicanálise?

Qual das hipóteses você validaria? O efeito do CBD seria de “poda” tornando as células dos portadores de CDKL5 mais próximas dos individuas saudáveis?

Tarefa para casa Pesquise acerca da mutação genéticado methyl-CpG-binding protein 2, sobre o fator de crescimento 1 insulina-like, sobre o PSD-95 e descubra o mérito do professor de pediatria e neurologia pediátrica da Göteborg University Bengt Hagberg.

Ou o CBD atuaria simplesmente na fenda sináptica inibindoo potencial da neurotrasmissão? Ou como sugere Crippa (José Alexandre), médico da USP de Ribeirão Preto, que concedeu o laudo que permitiu aos Fisher importarem o canabidiol dos EEUU: o CBD aumentaria a concentração de anandamida, um neurotransmissor que se liga aos mesmos receptores da maconha e age em áreas ligadas à dor, emoções e processos inflamatórios. Observações: Até o presente momento, farmacotécnica e farmacodinâmica do CBD e da anandamida na epilepsia ainda são desconhecidas.Também não foi determinada a janela terapêutica do canabidiol. E Freud? Freud começou sua vida profissional como neurologista, fez pesquisas em neuroanatomia e chegou a escrever três monografias sobre paralisia cerebral infantil. Não fumou maconha, mas usou cocaína (ver referências a David Cohen em “Psychology Today” e leia o livro,“Freud e a Cocaína”, onde ele faz algumas revelações sobre a relação do Mestre com a droga). Freud dizia, por exemplo, que os sonhos representam a satisfação de desejos. Na linguagem da neurociência, de acordo com Ribeiro (Sidarta), chefe de laboratório

Não confundir o uso medicinal do canabidiol puro no mal de Parkinson (“Journal of Psycopharmacology”, da Associação Britânica de Farmacologia), seu efeito nas crises convulsivas refratárias da CDKL5 ou suas prováveis ações terapêuticas (antieméticas, analgésicas, miorelaxante, etc.,) com o uso recreativo ou crônico da *maconha cujo principal principio ativo é o Δ-9tetrahidrocanabinol (THC).

ATENÇÃO

Não existe maconha medicinal! A maconha fumada trás danos à saúde. Seu uso crônico principalmente em adolescentes pode causar danos cerebrais e aumenta a chance de desenvolver um transtorno psiquiátrico. Entre eles os mais “comumente associados destacam-se os transtornos psicóticos, transtornos do humor, transtornos de ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade” (Projeto Diretrizes - Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina).

ALERTA

* Para as controvérsias relacionadas à legalização da maconha ver o recente debate ocorrido no XXXII Congresso Brasileiro de Psiquiatria com defensores contra a legalização, como o psiquiatra Ronaldo Laranjeira e a favor, como Elisaldo Carlini.

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INVESTIMENTO

Cooperativismo de Crédito, um jeito consciente de investir Imagine que você tem uma instituição Desde a fundação. financeira que é sua. Nela, você não paga altas taxas, os juros são menores que a média do merComo o Doutor vê o crescimento e a excado, os rendimentos de aplicações são maiores pansão das cooperativas de crédito no Brasil? e as tarifas, quando cobradas, são Vejo com bons olhos. Acho que bem menores. Agora imagine que vai acontecer de forma progressiva, tudo o que você movimentar, que porque a realidade Brasileira contodo “lucro” que esta instituição corre para a abertura de cooperafinanceira der, volta para você tivas de crédito, que é um modelo proporcionalmente a sua movique está dando certo. mentação. Isso não existe, certo? Errado! Isso existe, se chama coAs cooperativas de crédito operativismo de crédito, e cresce podem ser comparadas aos bana largos passos no Brasil. Obter cos tradicionais? A comparação uma participação média de 50,7% até pode existir, mas, elas são bem em movimentação financeira, diferentes. O conceito, a concepisto é, a soma das operações de ção e a filosofias são outros, e tem crédito, empréstimos, títulos desalguns fundamentos que são bem contados e dos financiamentos Heathcliff Oliva, gerente diferentes do sistema bancário. – inclusive, rural e agroindustrial administrativo SICOOB em quatro estados (Espirito SanQuais os atrativos que as to, Rondônia, Distrito Federal e cooperativas de crédito ofeSanta Catarina), não é tarefa fácil, quando com- recem? Crédito descomplicado, participação parados a todos os bancos privados. nos resultados (sobras) e atendimento persoPara se ter uma ideia da magnitude deste nalizado. negócio, apenas 4,5% dos municípios Brasileiros não contam com uma cooperativa de crédito ou A Unicred Boa Vista tem apresentado um cooperado. A receita é simples: Junte tudo o bons resultados nos últimos anos. A quê o que foi dito acima com participação efetiva, pres- Doutor atribui este sucesso? A equipe de cotação de contas e atendimento único, e ter-se-á laboradores que está sendo profissionalizada, um vislumbre do que é este modelo de negócio. mudança de perfil dos cooperados e ao próprio Há 18 anos nasceu em Boa Vista a pri- sistema de cooperativismo. meira cooperativa de crédito. De iniciativa de poucos profissionais da área da saúde foi criada Que desafios o Doutor coloca nas cooperaa Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo tivas de crédito no Brasil e na Unicred Boa Vista? dos Médicos e Demais Profissionais da Saúde Seja no Brasil ou em Boa Vista, a manutenção da de Boa Vista – Unicred Boa Vista. profissionalização frente aos bancos privados é um Hoje, consolidada, a Unicred Boa Vista, fator primordial. Ainda em Boa Vista, a abertura em um movimento ousado e promissor, juntou para multiusuários (livre admissão) é urgente. forças ao maior sistema cooperativista do Brasil. Presente em 25 Estados e no Distrito Federal, A Unicred Boa Vista opera com todos os proa rede Sicoob conta com mais de 2 mil postos dutos do mercado financeiro? Não. Porem atende a de atendimento, 3 milhões de associados e 500 mais de 80% as necessidades dos cooperados. singulares. Em junho de 2014 chegou à marca de R$ 47,9 bilhões em ativos, R$ 29,2 bilhões Como o Doutor classifica a mudança em carteira de crédito e R$ 30,5 bilhões em para o Sicoob? É bem vinda? É bem vinda, depósitos a vista. Conta com serviços de conta porque ampliou a gama de produtos e possibilicorrente, crédito, investimento, cartões, previ- dades de negócios, ficando mais parecidos com dência, consórcio, seguros, cobrança bancária, o sistema financeiro no geral. adquirência de meios eletrônicos de pagamento, dentre outras soluções financeiras e um dos Ao longo do ano, o Doutor tem notado sistemas mais modernos de Internet Banking. mudanças na Unicred Boa Vista? Sim. O Tudo isso não seria possível sem a visão atendimento e a profissionalização dos colabode um empreendedor nato como a do Dr. João radores têm melhorado a cada dia. Obviamente, Fernandes da Silva Neto, Urologista e um dos é preciso o aperfeiçoamento constante, prinmais respeitados médicos da região, que foi, cipalmente no primeiro atendimento, dando naqueles idos tempos, um dos pioneiros do respostas precisas e eficientes. cooperativismo de crédito no Estado. Em sua clínica, o Dr. João Fernandes discorA Unicred Boa Vista está preparada para reu sobre os desafios, futuro e visão deste setor: enfrentar o futuro e o mercado competitivo? O Doutor é cooperado há quanto tempo? Acredito que ela está se preparando. É preciso

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trilhar ainda um longo caminho, principalmente na profissionalização, do topo a base. Como o cooperativismo possui gestão democrática, ou seja, os próprios cooperados podem exercer cargos eletivos, o Doutor já presidiu algum cargo? Se sim, qual ou quais? Sim. Já fui Diretor Presidente, Diretor Financeiro, Diretor Administrativo e sou um dos fundadores. Com todo este envolvimento, o Doutor realmente acredita neste sistema? Tanto acredito que hoje a Unicred Boa vista é a minha principal instituição financeira. Para não dizer que é a única, possuo somente outra, na qual, só utilizo para receber salário, que é imediatamente transferido à Unicred. Qual a mensagem que o Doutor deixa para os futuros cooperados? Invista no cooperativismo. Este é o futuro para aquele que quer investir na região o no seu estado, tanto na classe médica, quanto no publico em geral. Com um grande potencial latente, o cooperativismo de crédito tem como forte aliado pessoas que acreditam que podem unir forças para fazer diferente. Que desta união, do jeito consciente de administrar os recursos financeiros disponíveis e da capacidade de empreender, é que nascem os resultados, o sucesso e o crescimento. A cada dia que amanhece nasce a oportunidade de acreditar que é possível, que determinadas coisas são boas, existem e estão bem ali, a um passo de você.

Se você quiser conhecer mais sobre o cooperativismo de crédito, acesse: Vídeos: https://www.youtube.com/ watch?v=rAdjDJ08XLE (Institucional Sicoob) https://www.youtube.com/ watch?v=9PvK67NDSvk (Matéria Globo News) https://www.youtube.com/watch?v=p1U8_ dVP3Qs (Matéria Jornal nacional) Sites: http://www.sicoob.com.br/ http://cooperativismodecredito.coop.br http://www.bcb.gov. br/?COOPERATIVASFAQ

Todo conteúdo desta página é de inteira responsabilidade da SICOOB – Roraima


CRISE NA SAÚDE

2014 encerra com duas interdições feitas pelo CRM – RR O ano de 2014 foi marcado por várias crises no sistema público de saúde, que resultaram em muitas fiscalizações, audiências públicas e intervenções feitas pelo Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR). Os problemas enf rent ados em Roraima neste ano foram, sobretudo, desabastecimentos dos hospitais, equipamentos sucateados, super lotação dos leitos e desvalorização dos profissionais. O caos se deu principalmente no Hospital Geral de Roraima (HGR) e Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth. “O problema da saúde pública em Roraima, assim como nos demais estados, não vem de hoje. A falta de investimento por parte do Governo Federal e a má gerência dos recursos públicos tem sido uma bola de neve. Os mais prejudicados são a população que precisam dos serviços públicos de saúde, e o atendimento com dignidade é uma garantia estabelecida em lei a todos os brasileiros”, disse Alexandre Marques, presidente do CRM – RR. O ápice da crise resultou em duas interdições parciais feitas pelo CRM – RR, no HGR e Maternidade. As inadequações foram constatadas logo após as fiscalizações. As cirurgias de ambas as unidades tiveram que ser canceladas até o retorno das condições adequadas para realização dos procedimentos cirúrgicos. “Nós sentimos a necessidade de interferir diretamente no que diz respeito às cirurgias eletivas realizadas na Maternidade e HGR, visando manter o mínimo de qualidade possível no serviço prestado. Não há possibilidade de realizar procedimentos cirúrgicos sem materiais e medicamentos adequados. Os médicos precisam de condições de trabalho, para que não se coloque em risco a vida dos pacientes”, frisou Alexandre Marques.

Marcelo Cabral

LAPER

A

lém das interdições parciais no HGR e Maternidade, no meio do ano o Laboratório do Estado de Roraima (LAPER) também passou por uma interdição, pois apresentava diversas inadequações. A ação foi realizada pelo CRM - RR, Ministério Público e Vigilância Sanitária Estadual.

Dr. Alexandre Marques e Dra. Francinéa Moura durante fiscalização na Maternidade

PROBLEMAS JÁ TINHAM SIDO DISCUTIDOS EM AUDIÊNCIA PÚBLICA Em julho, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR), Alexandre Marques, participou de audiência pública organizada pelo Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) para tratar dos problemas existentes no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré. Dezoito dias depois, o presidente do CRM – RR participou de uma nova audiência pública para discutir

os problemas do Hospital Geral de Roraima (HGR). “Os problemas que Roraima vive na saúde, não começaram agora. Há anos, o CRM – RR vem apontado falhas, realizando relatórios e cobrando providências. A negligência resultou no que poderíamos de chamar de um caos na saúde pública. Precisamos correr atrás de soluções eficazes para que a população pare de ser prejudicada”, contou Alexandre Marques.

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CRISE NA SAÚDE Marta Gardênia

Durante a reunião foram discutidas soluções emergenciais para solucionar os problemas do HGR e Maternidade

CRM – RR contribui com a equipe de transição do Governo que assumirá em 2015 No dia 24 de novembro, no CRM – RR, houve uma reunião com representantes da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Ministério Público de Roraima (MPRR), Ministério Público de Contas (MPC), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Procuradoria Geral do Estado (PGE), diretores de unidades públicas de saúde e a equipe de transição do novo governo. O governador Chico Rodrigues também esteve presente. O objetivo da reunião, que partiu da iniciativa da CRM – RR, era buscar soluções para os atuais problemas enfrentados pela saúde estadual, como desabastecimento de medicamentos, falta de materiais e sucateamento de aparelhos. Além, de contribuir com a equipe de transição do governo para que não sofresse nos primeiros meses de gestão. “A reunião foi uma maneira encontrada para tentar amenizar os problemas da saúde e contribuir para que a próxima gestão não comece sofrendo com falta de medicamentos, que é um dos maiores pro-

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blemas enfrentados atualmente. Estamos cumprindo nosso papel de fiscalizar para que não haja danos para ninguém, principalmente para a população que é a que mais vulnerável”, disse Wirlande da Luz, Conselheiro Federal. O governador Chico Rodrigues contou que está colaborando com a equipe de transição, pois, o intuito é resolver os caos que se encontra a saúde pública. “Segundo pesquisas 81% da população brasileira afirma que a saúde pública é ruim. A situação não é nada boa, mas, queremos fazer o máximo para que os primeiros meses da nova gestão não sofra com os problemas atuais”. Para Paulo Linhares, da equipe de transição do governo, a reunião foi importante para o processo de mudança e principalmente para encontrar soluções que beneficiem a futura gestão. “Essa iniciativa do CRM – RR só vem a contribuir com o período que estamos enfrentando. Esperamos solucionar a falta de medicamentos e no futuro trabalhar com

planejamento para que esse problema não venha acontecer”, encerrou Paulo. Após a reunião, foi feito um documento que firmou a parceria entre o governo e a equipe de transição, para que o problema da falta de insumos seja resolvido o mais rápido possível.

Esperamos que com essa parceria e engajamento a gente possa, efetivamente, retomar os procedimentos eletivos de pacientes tanto da Maternidade quanto do HGR. Queremos oferecer saúde de qualidade, porque a população merece e precisa” ALEXANDRE MARQUES.


RELATÓRIO TRIMESTRAL DA CORREGEDORIA/CRM-RR REFERENTE AO EXERCÍCIO DE OUTUBRO À DEZEMBRO DE 2014 COMPOSIÇÃO DA CORREGEDORIA OBJETIVO

Dra Blenda Avelino Garcia - Corregedora Dr. Marcelo Henrique de Sá Arruda – Sub Corregedor Proporcionar ao corpo conselhal do CRM-RR, à classe médica e à sociedade, o bom andamento das Denúncias, Processos Consulta e Processos Éticos Profissionais recebidos pela Corregedoria do ano de 2014

CORREGEDORIA EM NÚMEROS 1 - SINDICÂNCIAS 1-1 EM TRÂMITE (do exercício atual e anteriores) 1-2 JULGADAS 2- PROCESSO ÉTICO PROFISSIONAL 2-1 EM TRÂMITE (do exercício atual e anteriores) 2-2 JULGADOS 3- PROCESSOS CONSULTA 3-1 EM TRÂMITE (do exercício atual e anteriores) 3-2 APROVADOS

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CÂMARA DE JULGAMENTO DE SINDICÂNCIA Dra Blenda Avelino Garcia Dr. Marcelo Henrique de Sá Arruda Dra. Anete Maria Barroso de Vasconcelos

COMPOSIÇÃO DA CÂMARA (última realizada 17ª)

Dr. Marcos Antonio Chaves Cavalcanti de Albuquerque Dr. Raimundo Junior Prado de Oliveira Dra. Cristiane Greca de Born Dra. Elana Faustino de Almeida Dr. Rosa de Fátima Leal de Souza Boa Vista/RR, 15 de dezembro de 2014.

INFORME DA TESOURARIA - ANUIDADES 2015 O Conselho Federal de Medicina publicou a Resolução Nº 2.108/2014, fixando valores para o exercício de 2015. A Anuidade para pessoa física será de R$597,00 (quinhentos e noventa e sete reais) que poderá ser paga até 31 de Março de 2015. Os pagamentos efetuados após 31 de Março de 2015, para pessoa física, sofrerão os seguintes acréscimos: multa de 2% e juros de 1% ao mês.

DO PAGAMENTO COM DESCONTO Até 31 de Janeiro de 2015, no valor R$ 567,00 (quinhentos e sessenta e sete reais); Até 28 de fevereiro de 2015, no valor R$ 579,00 (quinhentos e setenta e nove reais). ANUIDADE PESSOA JURÍDICA A anuidade pessoa jurídica poderá ser paga até 31 de janeiro de 2015, de acordo

com as classes de capital social. O patamar mínimo é R$ 597,00 (quinhentos e noventa e sete reais) e o máximo R$ 4.776,00 (quatro mil setecentos e setenta e seis reais). Os pagamentos efetuados após 31 de janeiro de 2015, para pessoa jurídica, sofrerão os seguintes acréscimos: multa de 2% e juros de 1% ao mês. A íntegra da Resolução No. 2.108/2014 está no site www.cfm.org.br.

ANUIDADE – PESSOA FÍSICA 2015 Pagamento dia 30/01/15

R$567,00

Pagamento dia 27/02/15

R$ 579,00

Pagamento dia 31/03/15

R$ 597,00

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TRATAMENTO

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.113/14 CFM regulamenta o uso do canabidiol no tratamento de epilepsia O uso compassivo do canabidiol (CBD), um dos 80 derivados canabinoides da cannabis sativa, foi autorizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para crianças e adolescentes portadores de epilepsias refratárias a tratamentos convencionais. A decisão faz parte da Resolução CFM nº 2.113/2014, publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 11. A regra, que detalha os critérios para emprego do CBD com fins terapêuticos no País, veda a prescrição da cannabis in natura para uso medicinal, bem como de quaisquer outros derivados, e informa que o grau de pureza da substância e sua apresentação seguirão determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O plenário do CFM apenas aprovou a Resolução 2.113/14 após profunda análise científica, na qual foram avaliados todos os fatores relacionados à segurança e à eficácia da substância. A avaliação de vários documentos confirmou que ainda não há evidências científicas que comprovem que os canabinóides são totalmente seguros e eficazes no tratamento de casos de epilepsia. Assim, a regra restringe sua prescrição – de forma compassiva - às situações onde métodos já conhecidos não apresentam resultados satisfatórios. O uso compassivo ocorre quando um medicamento novo, ainda sem registro na Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), pode ser prescrito para pacientes com doenças graves e sem alternativa terapêutica satisfatória com produtos registrados no país. A decisão do CFM deverá ser revista em dois anos, quando serão avaliados novos elementos científicos. “O CFM age em defesa da saúde dos pacientes, o que exige oferecer-lhes abordagens terapêuticas confiáveis. No caso do canabidiol, até o momento, os estudos realizados em humanos têm poucos participantes e não são suficientes para comprovar sua segurança e efetividade. Diante desse quadro, é importante desenvolver urgentemente pesquisas que possam vir a fornecer evidências robustas, de acordo com as normas internacionais de segurança, efetividade e

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aplicabilidade clínica do CBD”, ressaltou o presidente do CFM, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima. Cadastro em sistema - A Resolução ainda estabelece que apenas as especialidades de neurologia e suas áreas de atuação, de neurocirurgia e de psiquiatria estão aptas a fazer a prescrição do canabidiol, sendo que os médicos interessados em recomendá-lo devem estar previamente cadastrados em plataforma online desenvolvida pelos Conselhos de Medicina. Os pacientes que realizarem o tratamento compassivo com a substância também deverão ser inscritos no sistema. Esse cuidado permitirá o monitoramento do uso para avaliar a segurança e possíveis efeitos colaterais da medicação. Além de cadastrado, o paciente submetido ao tratamento compassivo com o canabidiol (ou seus responsáveis legais) deverá ser informado sobre os problemas e benefícios potenciais do tratamento. Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) terá de ser apresentado e assinado pelos interessados. No documento, entre outros pontos, o paciente reconhece que foi informado sobre as possíveis opções de tratamento e que, de forma autônoma, optou pelo CBD. Também admite ciência de que o canabidiol não é isento de riscos ou agravos à saúde. Entre os efeitos indesejáveis mais conhecidos, até o momento, estão sonolência, fraqueza e alterações do apetite. Não são descartadas outras reações, como alergias. “Com a resolução, o CFM se manifesta defensor das pesquisas com quaisquer substâncias ou procedimentos para combater doenças, desde que regidos pelas regras definidas pelo Sistema de Ética em Pesquisa (CEP/CONEP) e desenvolvidos em centros acadêmicos de pesquisa. A aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é fundamental como maneira de expressar o respeito à autonomia dos pacientes e de ressaltar as obrigações dos médicos e pesquisadores”, salientou Emmanuel Fortes Cavalcante, 3º vice-presidente do CFM. CRITÉRIOS PARA USO Para serem submetidos ao tratamento

com o canabidiol, os pacientes deverão preencher critérios de indicação e contraindicação. Isso permitirá o uso compassivo da substância em doses adequadas. A seleção levará em conta a resistência da criança ou do adolescente aos tratamentos convencionais, segundo definição proposta pela International League Against Epilepsy (ILAE). Em síntese, significa que no tratamento do transtorno tem havido falha de resposta com dois anticonvulsivantes tolerados e apropriadamente usados para alcançar remissão de crises de modo sustentado. “A epilepsia é um distúrbio cerebral que acomete em torno de 1% da população mundial, prejudicando gravemente a qualidade de vida e podendo provocar danos cerebrais, especialmente no período de desenvolvimento. Há indícios de que, dentre os pacientes refratários a tratamento, se encontra um grupo específico, correspondente às epilepsias da infância e da adolescência, tais como as encontradas nas Síndromes de Dravet, Doose e Lennox-Gastaut”, explicou o 1º vice-presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro. O protocolo para uso do canabidiol prevê, ainda, que deverá ser utilizado em adição às medicações que o paciente vinha utilizando anteriormente. Ou seja, ele não deve substituir completamente outros medicamentos, devendo ser administrado de forma associada. A dose mínima, por via oral, será de 2,5 mg por quilo, divididas em duas vezes ao dia. O médico poderá ajustar a recomendação e aumentá-la, segundo os parâmetros previstos na Resolução CFM nº 2.113/14. O CFM recomenda que o médico assistente fique atento às possíveis interações medicamentosas com o uso do CBD. A autarquia determina também que, após a introdução do canabidiol, o profissional responsável deverá encaminhar ao Conselho Federal, por via eletrônica, relatório de acompanhamento com uma periodicidade de quatro a seis semanas (no primeiro ano) e de 12 semanas após esse período.


HOMENAGEM

Médicos foram homenageados na Câmara Municipal de Boa Vista No dia 21 de outubro, foi realizada na Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV) a entrega do título ‘Mérito Profissional Médico’ para 34 médicos da cidade. A condecoração se deu por meio do Projeto de Lei nº. 018/2014, de autoria do vereador, Marcelo Batista (PMN), que tem como objetivo homenagear a classe médica que há mais de 30 anos presta relevantes serviços à população boa-vistense. “A iniciativa em conceder a comenda se dá pelo reconhecimento dos roraimenses à prestação de serviços e ao socorro médico que esses profissionais proporcionam para a população. E na condição de médico, por formação, não poderia jamais

Os médicos William Jorge Fernandes (esquerda), Zara Botelho (centro) e Paulo Ernesto (direita) com os vereadores Abel Galinha, Aline Rezende e Masami Eda

deixar de homenagear esses atuantes servidores da área de saúde dos municípios”, destacou o parlamentar Marcelo Batista. O presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR), Alexandre Marques destacou como louvável a iniciativa de Batista em homenagear os profissionais de medicina com a condecoração. “São ações como essas que deveriam ser seguidas por outros poderes. Vale lembrar que com isso estaremos valorizando ainda mais a profissão do médico que, muitas vezes, deixa o aconchego do lar para salvar inúmeras vidas”, ressaltou o presidente. O médico, Jader Linhares foi um dos homenageados com o título. Este ano, ele completa 41 anos de profissão no Estado. “Fico muito emocionado em receber esse mérito. É uma forma de valorizar ainda mais os profissionais que levam longo tempo para se formar e têm uma árdua atuação na busca de salvar vidas, mesmo que meio as muitas dificuldades enfrentadas”, frisou Linhares. O médico Wilson Franco Rodrigues, com 37 anos atuando na medicina em Roraima, também parabenizou a iniciativa em conceder condecoração à classe médica boa-vistense. “Considero justo essa atitude do parlamentar que conhece profundamente as alegrias e as dificuldades do nosso trabalho”, finalizou.

Os médicos Mauro Rezende e Wilson Franco com os vereadores Léo Rodrigues e Marcelo Batista

A médica Francinéa Moura foi uma das homenageadas com o título

O presidente do CRM – RR, Alexandre Marques, falando da importância da homenagem

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CONSELHEIROS

Nova diretoria do Conselho Federal de Medicina tomou posse em Brasília Também foram eleitos: o 1º vice-presidente Mauro Luiz de Britto Ribeiro (Mato Grosso do Sul); o 2º vice-presidente Jecé Freitas Brandão (Bahia); o 3º vice-presidente Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti (Alagoas); o secretário-geral Henrique Batista e Silva (Sergipe); o 1º secretário Hermann Alexandre Vivacqua Von Tiesenhausen (Minas Gerais); e o 2º secretário Sidnei Ferreira (Rio de Janeiro). Integram ainda a nova diretoria o tesoureiro José Hiran da Silva Gallo (Rondônia); o

2º tesoureiro Dalvélio de Paiva Madruga (Paraíba); o corregedor José Fernando Maia Vinagre (Mato Grosso) e o vice-corregedor Celso Murad (Espírito Santo). A Comissão de Tomada de Contas do CFM será composta por Cláudio Balduíno Souto Franzen (Rio Grande do Sul), Lúcio Flávio Gonzaga Silva (Ceará) e Donizette Dimer Giamberardino Filho (Paraná). Os conselheiros federais de Roraima, Wirlande da Luz e o suplente Alexandre de Magalhães Marques, também tomaram posse.

ASCOM /CFM

Os novos conselheiros do Conselho Federal de medicina- CFM -da gestão 2014-2019 tomaram posse no dia 1º de outubro em uma cerimônia administrativa na sede do CFM, em Brasília (DF). O ato marcou a despedida da gestão 20092014, sob presidência de Roberto Luiz d’Avila. Na ocasião, também foi eleita a nova diretoria da entidade. O conselheiro que representa Pernambuco no Conselho Federal, Carlos Vital Corrêa Lima, foi eleito o novo presidente.

A nova gestão foi eleita por cinco anos

FEMAM discutiu condições de saúde em Roraima Nos dias 30 e 31 de outubro, a Federação Médica Amazônia (Femam) cumpriu agenda de trabalho em Roraima. Vieram representantes do Pará, Acre, Rondônia e Amapá. O anfitrião dos trabalhos foi o Sindicato dos Médicos de Roraima. A entidade representa o movimento sindical do Norte do país e atua na defesa de uma saúde pública de qualidade e na melhoria das condições de trabalho dos médicos da região.

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No primeiro dia foram realizadas audiências com todos os secretários municipais de saúde do Estado de Roraima, inclusive do município de Boa Vista, Além do Ministério Público do Trabalho (MPT). do Estado. A pauta das audiências foram as condições precárias de trabalho, falta de investimento em equipamentos e medicamentos, desvalorização do trabalho, entre outros.

O presidente da Federação Médica da Amazônia (Femam), Wilson Machado, disse que o maior problema da Saúde em Roraima é a falta de investimentos, retratando, tal qual o que acontece no restante do país. “A saúde de Roraima passa pelos mesmos problemas que o restante do Brasil, ou seja, com investimentos insuficientes. Isso foi dito pelos secretários de saúde de Boa Vista e do Estado”, frisou.


SIMPÓSIO

EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA IV Simpósio de Ortopedia e Traumatologia de Roraima Com o objetivo de discutir a prática da Ortopedia e Traumatologia no Estado, a Comissão do Programa Educação Médica Continuada do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR) realizou o IV Simpósio de Ortopedia e Traumatologia de Roraima. O Simpósio aconteceu no dia 29 de outubro, no auditório do CRM. Participaram do evento médicos da área de ortopedia, residentes e acadêmicos do curso de Medicina. Para o coordenador do programa de Educação Médica Continuada do CRM – RR e ortopedista, Vitor Montenegro, o evento é uma tradição entre os profissionais da área e acadêmicos. A palestra de abertura foi realizada pelo ortopedista do Hospital Geral de Roraima (HGR), Alberto Ferreira, com o tema “Controle de Danos”. Em seguida, a geriatra Lilian Moraga abordou o tema “Osteoporose”. O terceiro tema do Simpósio foi “Antimicrobianos e sua ação no tecido ósseo” ministrado pelo infectologista e coordenador do Pronto Atendimento do HGR, Roberto Carlos. A penúltima palestra tratou do tema Lombalgia, abordada pelo ortopedista, Fernando Veiga e o encerramento do Simpósio contou com a participação do médico de Manaus – AM, Vanderson de Araújo. “O Simpósio além de buscar aperfeiçoar e atualizar os profissionais que atendem na área de ortopedia no Estado, também traz ganho para a sociedade, já que em nosso Estado há um índice altíssimo de acidentes de trânsito, o que sempre aumenta a demanda por cirurgias. Concomitante a esse fato, alguns acidentes têm deixado pessoas com seqüelas graves e algumas irreversíveis. Quanto mais o profissional da área de ortopedia estiver

Fotos: Girnei Araújo

O Simpósio aconteceu pelo quarto ano consecutivo

preparado, melhor será o atendimento à população. Por isso, a sociedade também sai ganhando”, disse Vitor Montenegro. A acadêmica de Medicina, Lígia Miranda, disse que já participou do Simpósio duas vezes. Segundo ela, o evento traz muito conhecimento e experiência para os futuros profissionais. “Participar desses eventos é aumentar o conhecimento e se aprofundar em áreas específicas. Uma oportunidade única para nós”, disse Lígia. Para o presidente do CRM – RR, Alexandre Magalhães, o Simpósio é mais uma oportunidade para de profissionais e acadêmicos estarem discutindo temas relevantes, que influenciam no dia-a-dia das pessoas. “Temos visto acidentes gravíssimos, que têm resultado em muitas lesões e deixado sérias seqüelas nas pessoas. Oportunizamos nossos médicos a terem acesso a mais informações e conhecimentos sobre a área de ortopedia”, disse Alexandre.

Os ortopedistas: Vitor Montenegro e Fernando Veiga

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CULTURA

Wank Carmo: a expressão da fotografia Roraimense A frase do célebre fotógrafo Robert Capa (morto ao pisar numa mina na Indochina por volta de 1957): “se sua foto não está boa, é porque você não está perto o suficiente”, pode ser usada para descrever a carreira do fotógrafo Wank Carmo. Wank Carmo é autodidata, e dono de uma personalidade enigmática e polêmica. Nasceu no Rio de Janeiro, mas tem uma opinião própria sobre sua naturalidade. “Não sou ‘roraimado’. Odeio esse rótulo bairrista, porque moro neste Estado há trinta e poucos anos, trouxe conhecimento de fora de Roraima, para cá. Nunca neguei conhecimento aos meus irmãos roraimenses ou reneguei o Estado que escolhi para viver. Toda vez que publico algum trabalho, faço questão de dizer que o “Roraimense Wank Carmo” está mostrando Roraima, divulgando o Estado de Roraima”. Ele se considera filho da escola bressoniana (Henri Cartier-Bresson), considerado por muitos, a principal na área da fotografia. Nasceu dentro do jornalismo, percorreu profissionalmente redações de jornais, revistas e televisão, cinema profissional analógico e publicidade profissional. “Percebi que jamais me adaptaria a ficar preso às regras que me cerceariam a liberdade de ver e documentar a vida em campo aberto. Por isso entrei de cabeça no documentarismo e não pretendo mudar essa trajetória. Acredito, como Robert Capa, James Nachtwey e outros, que a fotografia só adquire um sabor lúdico especial, quando você está mergulhado na pesquisa, no estudo científico desta arte. No planejamento e na execução de um projeto, que te leve a entender o universo em que você vive, fracionando-o, para atender os interesses da comunidade, para que ela entenda as condições em que ela vive” Wank Carmo como todo profissional experimente e seguro quanto ao trabalho que realiza, faz questão de repassar seus conhecimentos, principalmente às pessoas carentes.

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Segundo ele, não se pode navegar na calmaria pérfida do egoísmo. “Faço questão de dizer que meu sonho é ver meus alunos desprovidos de duas coisas: de vaidade e do complexo de inferioridade. Mas, para se chegar a este ponto, é necessário ousar e estudar espartanamente, com o intuito de poder dividir aquilo que muitas escolas não ensinam: a arte com humanismo”. As principais obras de Wank foram produzidas em Roraima. No seu currículo constam as exposições “Água Branca”, “Ekaton”, “Heróis Brasileiros” e Amai suas mulheres, amém”, que foram vistas por milhares de pessoas. Atualmente, o fotógrafo enfrenta problemas de saúde, mas os seus projetos não param. “Estou tentando recompor o psicológico para continuar a empreitada sagrada de desenvolver projetos que possam alcançar positivamente a minha comunidade, e produzir vídeos que tenha a capacidade de emocionar, fugindo do experimentalismo, mas algo encorpado que possa produzir um impacto sobre a pessoa e levá-la a uma reflexão”, finaliza Wank.

“Fotografamos o que vemos e o que vemos, depende de quem somos”, José Medeiros


ENTREVISTA

Marta Gardênia

Dra. Livia Moura de Oliveira é formada há quatro anos em ginecologia e obstetrícia

A

entrevistada desta edição é a ginecologista e obstetra Lívia Moura de

Oliveira. É roraimense, nasceu no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Na-

zaré, onde atualmente trabalha. Além de ser reconhecida como uma médica dedicada e ter amor à profissão, acrescentam em seu currículo o fato de ser filha da renomada médica Francinéa Moura. Lívia cresceu praticamente dentro de hospitais, acompanhando o dia-a-dia da mãe. Formada há 4 anos pela Universidade Nilton Lins, Manaus - AM, concluiu residência médica em ginecologia e obstetrícia há menos de um ano no Hospital Francisca Mendes, pela Universidade Federal do Amazonas. O empenho e a dedicação à profissão lhe rendeu a aprovação na prova de título de especialista em ginecologia e obstetrícia. Lívia faz parte de uma nova geração de médicos que atende, assim como as anteriores, com compromisso a saúde do paciente e da família. Como todo profissional, é apaixonada pelo que faz e a dedicação aos pacientes é quase integral. Divide seu tempo entre os plantões na Maternidade e Hospital Unimed e o consultório.

COMO FOI SUA INFÂNCIA? Tenho boas lembranças da minha infância com as minhas irmãs, nosso maior presente era viajar de férias para João Pessoa e rever primos, tios e avô. E por causa dessa distancia da família, nós praticamente crescemos dentro dos hospitais acompanhando o dia a dia da nossa mãe, talvez por isso não tenha tido dificuldade para escolher a medicina como profissão. ENTÃO FOI NA INFÂNCIA QUE VOCÊ DECIDIU SER MÉDICA? Sim, eu dizia que queria ser médica e cuidar de crianças. Quando adolescente, acompanhei meu primeiro procedimento cirúrgico: uma cesárea de gêmeos, a partir de então fiquei apaixonada pela a obstetrícia, principalmente pelo fato de trabalhar com vida. COMO É O SEU DIA A DIA? É bem corrido, principalmente p orque em inicio de carreira vo cê trabalha um pouco mais. Divido meu tempo entre a Maternidade, onde faço alguns plantões e enfermaria de gestação de alto risco, plantões sobreaviso no Hospital Unimed e o consultório. Além disso, procuro conciliar a profissão com minha família e namorado, e não deixo de reservar um tempo para mim. Apesar da correria, tudo é feito com muita dedicação e amor. HÁ UMA COBRANÇA A MAIS PELO FATO DE VOCÊ SER FILHA DE MÉDICA? Sim, com certeza. E eu sou a pessoa que mais me cobro, pois a responsabilidade é enorme, nós obstetras cuidamos de no mínimo duas vidas e toda uma família. E COMO É ESSA RELAÇÃO COM SUA MÃE, DE PROFISSIONAL PARA PROFISSIONAL? Ótima, sempre discutimos os casos e os resultados do dia a dia. Tento sempre seguir seus conselhos profissionais

Desde criança manifestava o desejo de ser médica

e éticos, afinal são muitos anos de experiência. Além disso, nos atualizamos sempre, já participamos de alguns congressos juntas. TEM ALGUMA HISTORIA QUE TE MARCOU? ALGO QUE TE EMOCIONE? Ter sido escolhida por algumas amigas de infância para acompanhar pré-natal e/ou parto. Isso é muito gratificante. EM SUA OPINIÃO, QUAIS SÃO OS MAIORES DESAFIOS DA MEDICINA? Trabalhar sem infraestrutura adequada e com a falta de compromisso dos gestores com a saúde pública, lidar com a desvalorização da profissão e desrespeito com o médico. O QUE A MEDICINA SIGNIFICA PARA VOCÊ? É a realização de um sonho de infância. O QUE É PRECISO PARA SER UM BOM MÉDICO? É preciso muita dedicação, infinitas horas de estudo, e principalmente gostar do que faz, ser humano, lutar pela vida e bem-estar dos pacientes como se fosse a sua própria vida ou de um familiar.

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Baile dos Médicos teve o tema anos 60 O tradicional Baile dos Médicos aconteceu no Espaço Domus, no dia 18 de outubro. A animação foi comandada pela banda Arikê e DJ Washington Silva. Confira os principais momentos no click do fotógrafo Girnei Araújo:

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A saúde no Brasil enfrenta uma crise grave, o que não é segredo para ninguém, principalmente para aqueles brasileiros que esperam horas por atendimento, semanas por uma consulta e até anos por uma cirurgia. Colocados entre a urgência dos pacientes e a falta de estrutura do sistema público de saúde, os médicos enfrentam as mais difíceis situações. Impedidos de praticar a boa medicina, fazem o possível para prestar um atendimento digno e humano. Há tempos, os médicos denunciam esta realidade inaceitável e cobram mais recursos para a saúde, maior controle e avaliação dos gastos para evitar abusos, melhoria na qualidade de gestão e criação da carreira de Estado para a categoria. O país não precisa de medidas paliativas, mas de ações concretas pelo bem de todos.

www.portalmedico.org.br

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O Brasil tem urgência de ser bem tratado. Todos juntos por uma saúde melhor.


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