Jornal CRM-RR edição 44

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J O R N A L

D O Impresso Especial

9912244223/DR/RR

CRM-RR

CORREIOS

Informativo do Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima | Abril de 2015 - EDIÇÃO 44ª

Fiscalização será intensificada na capital e interior Pág. 9

CRM–RR realizou plenária temática

Entrevista com o pediatra Wesley Thomé

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Pág. 15


EDITORIAL

A falsidade ideológica e material nos atestados médico

E

stá virando rotina sermos aborda-

delíto ético previsto no CEM – Código

dos por representantes de empresas de Ética Médica.

questionando a emissão indiscriminada de atestados médicos que, ao serem apre-

Além desses, é também muito frequen-

sentados às empresas e Juntas Médicas de

te a emissão de falsos atestados médico, isto

Serviços Públicos, passam a ser questio- é, quando o agente insere no documento

WIRLANDE DA LUZ Editor-chefe

nados quanto a sua veracidade e quanto

falsas informações ou altera as informa-

aos critérios no tempo de afastamento do

ções existentes. Nesses casos, quem o emite

beneficiário. Nos Conselhos de Medicina

comete falsidade material – crime também

do país é cada vez maior o número de previsto em nosso Código Penal e possível denúncias contra a emissão de atestados de penalidade no CEM. Essa fraude, embomédicos falsos e graciosos.

O atestado médico exerce uma função de interesse social relevante e possui fé pública, fica o médico, portanto, no dever de descrever no atestado a verdade, somente a verdade, sob pena de infringir dispositivos éticos e legais”

ra possa ser práticada por médicos, quase sempre é praticada por um agente que não

O atestado médico é um documento possue habilitação legal para fazê-lo. de relevante interesse social e possui fé pública. Fica o médico, portanto, no dever de

A generosidade dispensada a esse im-

descrever no atestado a verdade, somente a portante documento que goza da presunverdade, sob pena de infringir dispositivos ção da veracidade, quase sempre a pedido éticos e legais, seja por possível infração ao do paciente, por simpatia, amizade ou, na Código de Ética Médica, seja por infração à tentativa de agrada-lo visando levar vantalegislação penal. Somente ao médico cabe a

gem, causa dano ao médico – pela perda da

decisão de especificar os dias de afastamen- credibilidade, à medicina – pelo descrédito to do paciente das suas atividades laborais da profissão, e à sociedade que perde um de acordo com seu estado mórbido.

instrumento legal e de direito.

A emissão de atestado médico gracio-

É fato que a maioria dos médicos não

so é o mais comum. Nesse caso, o profis-

comete essa ilicitude e, na maioria das ve-

sional que o emite incorre em prática de

zes, quando comete, é induzido por ques-

falsidade ideológica; a fraude está no seu tões de amizade ou de parentesco, e assim, teor, na sua natureza intelectual, pratica- termina por emitir um atestado gracioso ou da por um agente especial que é o médico,

falso, mesmo sabedor que está cometendo

quando, nesse ato, anarquiza o exercício infração ao Código de Ética Médica e ao regular de um direito – crime previsto Código Penal. Portanto, esse favorzinho no Código Penal, assim como configura pode custar muito caro. 2 | CRM-RR


PALAVRA DO PRESIDENTE Alexandre de Magalhães Marques

N

esta primeira edição do Jornal do Conselho Regional de Medicina de Roraima do ano de 2015 quero começar relembrando 2014, que apesar de ter sido um ano intenso em atividades e ações, não foi tão bom para a saúde, tanto na esfera local quanto nacional. Contudo, sempre estivemos cumprindo com o nosso papel e dever. Num dos trabalhos mais importantes e permanentes, que são as fiscalizações, tivemos ano passado que interditar setores, cancelar cirurgias eletivas. Mesmo com pesar no coração, foi necessário tomar tais atitudes para que vidas não fossem colocadas em risco. Iniciamos o ano com uma nova gestão na saúde pública do governo estadual, que ainda enfrenta os problemas vivenciados há anos e sempre tratados de maneira paliativa, sem soluções eficazes e contundentes. Mas, o problema da saúde pública não se resolverá num passe de mágica, é necessário uma mudança lenta e gradual. Contudo urgente na implantação dessas mudanças. Saindo do assunto saúde estadual, mas continuando a falar de saúde, como presidente da

EXPEDIENTE Informativo do Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima EDITOR-CHEFE Wirlande Santos da Luz JORNALISTA RESPONSÁVEL Marta Gardênia Barros - DRT / RR 502 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO David Eugene IMPRESSÃO Gráfica Ióris TIRAGEM 1000 exemplares

Av. Ville Roy, 4123, Canarinho, Boa Vista, Roraima Tel.: (95) 3623-1542 Fax: (95) 3623-1554 E-mail: crmrr@portalmedico.org.br Site: www.crmrr.cfm.org.br

instituição tenho participado de diversos eventos locais e nacionais que resultam em mais aprendizado e maturidade. Recentemente, participei juntamente com mais cinco médicos de Roraima do I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina do ano de 2015, que aconteceu em Belo Horizonte - MG. Discutimos temas importantes que permeiam nosso cotidiano dentro e fora dos consultórios, como a violência obstétrica, novos cenários da Residência Médica no Brasil, o exercício da especialidade de alta complexidade, entre outros. Como disse no último jornal, continuamos na luta e na superação dos nossos desafios. O nosso trabalho é árduo e prevalece dia após dia em favor da boa medicina ética e digna, e atento ao que os profissionais e os pacientes merecem. O nosso CRM – RR está de portas abertas a todos. Lembro que quanto mais unidos e participativos, mais forças se agregarão e mudanças significativas conseguiremos. Encerro a minha palavra com um provérbio chinês: “Vitória sem luta é triunfo sem glória”.

DIRETORIA Presidente: Alexandre de Magalhães Marques 1º Vice-Presidente: Rosa de Fátima Leal de Souza 2º Vice-Presidente: Francinéa Rodrigues de Moura 1ª Secretária: Anete Maria Barroso de Vasconcelos 2º Secretário: Domingos Sávio Matos Dantas Tesoureira: Nite Lago Modernell Corregedora: Blenda Avelino Garcia Sub-Corregedor: Marcelo Henrique de Sá Arruda

...o problema da saúde pública não se resolverá num passe de mágica, é necessário uma mudança lenta e gradual. Contudo urgente na implantação dessas mudanças”

COMISSÃO DE ASSUNTOS POLÍTICOS – CAP Membro:Laerth Macellaro Thomé Membro: Raimundo Júnior Prado Oliveira Membro: Elana Faustino Almeida

COMISSÃO DE LICITAÇÃO Presidente: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Membro: Domingos Sávio Matos Danta Membro: Marcelo Cabral Barbosa

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA Coordenador: Vitor Manuel Montenegro da Costa Membro: Samanta Hosokawa Dias de Nóvoa Rocha Membro: Cristiane Greca de Born Membro: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Membro: Débora Maia da Silva

CONSELHEIROS FEDERAIS - RORAIMA Efetivo: Wirlande Santos da Luz Suplente: Alexandre Marques de Magalhães

COMISSÃO DE ESPECIALIDADE Presidente: Marcos Antônio C. Cavalcanti de Albuquerque Membro: Bruno Figueiredo dos Santos CÂMARA TÉCNICA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Membro: Paulo Roberto de Lima Membro: Anete Maria Barroso de Vasconcelos Membro: Niete Lago Modernell COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO Membro: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Coordenadora: Rosa de Fátima Leal de Souza Membro: Rosa de Fátima Leal de Souza Membro: José Antônio do Nascimento Filho Membro: Débora Maia da Silva COMISSÃO DE TOMADA DE CONTAS Membro: Álvaro Túlio Fortes Membro: Elana Faustino Almeida Membro: Domingos Sávio Matos Dantas Membro: Aurino José da Silva Membro: Alexandre de Magalhães Marques Membro: Álvaro Túlio Fortes Membro: Edson Bussad Membro: Francinéa Rodrigues de Moura

REPRESENTANTE DO CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE Titular: Elana Faustino Almeida Suplente: Mareny Damasceno de Souza REPRESENTANTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE Alexandre Magalhães Marques Aurino José da Silva CONSELHO EDITORIAL Membro: Wirlande Santos da Luz Membro: Alexandre de Magalhães Marques Membro: Laerth Macellaro Thomé ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO Marta Gardênia Barros

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Comitiva de Roraima participa do Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina CRIANÇAS DESAPARECIDAS

Representantes do CRM – RR estiveram durante três dias discutindo temas importantes para a Medicina

De 4 a 6 de março, lideranças médicas de todo o país estiveram reunidos em Belo Horizonte – MG participando do I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina do ano de 2015. Durante o evento foram debatidos temas latentes, como a violência obstétrica, a integração dos médicos do Mercosul e novos cenários da Residência Médica no Brasil, entre outros temas, como o exercício da medicina na América do Sul, Central e Caribe, a busca por crianças desaparecidas e o exercício da especialidade de alta complexidade. Durante o I ENCM 2015 também foram apresentadas as contas de 2014 do Conselho Federal de Medicina (CFM) e o relatório da Comissão de Assuntos Político (CAP) da autarquia. Para o presidente do CFM, Carlos Vital, a realização dos ENCM possibilita uma ação harmoniosa do sistema conselhal. “Essa sintonia tem feito com que as autar-

quias estejam mais próximas dos médicos, respondendo aos pleitos de forma efetiva, com ações que buscam a valorização da medicina e uma assistência de qualidade”, disse. Do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR) participaram o presidente da Instituição Alexandre Marques, o Conselheiro Federal Wirlande da Luz, a 2ª vice-presidente Francinéa Rodrigues de Moura, o conselheiro Laerth Thomé, o 2º secretário Domingos Sávio Matos Dantas e o conselheiro Paulo Roberto de Lima. Para Alexandre Marques, o evento foi de grande importância para o debate de temas importantes que fazem parte da prática médica. “A Medicina tem vivido muitos problemas que foram ocasionados pelo descaso dos governantes para com a saúde. Por isso, precisamos nos unir e sempre debater temas importantes que enfrentamos no dia-a-dia da profissão”, disse Alexandre.

No terceiro dia do I ENCM foi explanado o projeto de apoio ao resgate das crianças desaparecidas, feito pelo membro da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva. Ele, que também é integrante do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, destacou o número de 250 mil crianças que estariam desaparecidas no país e ressaltou o compromisso de todos com a questão. “Saber sobre isso e calar, não é omissão. É conivência diante de quem não tem como se defender. É cumplicidade. Nós médicos podemos e devemos fazer muito para mudar essa realidade”, afirmou, antes de anunciar uma programação nacional prevista para ocorrer em função desta temática. O CFM, com o apoio dos Conselhos Regionais de Medicina (CRM), pretende reforçar a divulgação de uma série de recomendações para o reconhecimento de crianças e adolescentes desaparecidos. Essa atividade quer atingir os médicos e a sociedade. No caso dos profissionais, estima-se que muitos deles, em algum momento, podem ser colocados diante de uma criança desaparecida em seus consultórios ou outros locais de trabalho. O trabalho acontecerá em 25 de maio, no Dia Internacional das Crianças Desaparecidas. “Somente quando for motivo de conversas e discussões entre todos se transforma em opinião pública, e esta, tem poder de pressão e de mudanças sobre os poderes instituídos e assim, teremos transformação social”, defendeu Paiva.

ERRATA No artigo “A Placenta e o Mecônio” publicado em dezembro de 2014, do Dr. José Antônio do Nascimento Filho, faltaram os agradecimentos a quem contribuiu para a realização da obra: “Agradeço aos colegas e demais profissionais de saúde que me ajudaram na coleta do material para o estudo “A Placenta e o Mecônio”. Sobretudo para o médico Hélio Marques, que também participou dessa empreitada.

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ARQUIVO/ASCOM/CRM

Ano passado foram realizados sete eventos que beneficiaram profissionais e acadêmicos de Medicina

EMC já definiu quatro eventos para 2015 O programa de Educação Médica Continuada (EMC) garante todo ano conhecimento técnico-cientifico atualizados para a prática diária dos profissionais, residentes e acadêmicos de medicina. As qualificações e atualizações contribuem para que os profissionais que têm dificuldade de se ausentar de Roraima possam participar de eventos. “Nosso objetivo é que médicos e acadêmicos sempre se atualizem, pois, as

capacitações são novas oportunidades de aprendizado, reciclagem e troca de experiência”, disse Vitor Montenegro, coordenador do EMC. Em 2014, a EMC promoveu sete eventos: Atualização em Ginecologia (março), Jornada de Cirurgia (março), Simpósio de Pediatria (abril), Educando Educadores em Diabetes sem Fronteira (abril), Jornada de Infectologia (maio), Jornada de Emergências Clínicas (ou-

tubro) e Simpósio de Ortopedia e Traumatologia (outubro). Para este ano, estão previstos palestra sobre transplante, Simpósio de Pediatria e Ortopedia e Curso de Ética Médica. “Ainda não fechamos todo o calendário de 2015, mas alguns eventos já fazem parte do calendário da EMC, como os Simpósios de Pediatria e Ortopedia. Buscamos a cada ano nos aprimorar e atender maior número de profissionais”, contou Vitor.

CRM – RR continua com o alerta do perigo de cirurgias plásticas realizadas na Venezuela Em janeiro deste ano, mais uma brasileira foi a óbito depois de ser submetida a uma cirurgia plástica na Venezuela. Desde o ano passado, o CRM – RR alerta sobre os perigos dos procedimentos realizados no país vizinho. As brasileiras são atraídas pelas ofertas de baixo custo para procedimentos como abdominoplastia, mamoplastia, lipoaspiração e lipoescultura.

Mas, o barato tem saído caro. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR), Alexandre Marques, há várias mulheres retornando com sequelas irreversíveis, infecção grave, abertura nos pontos, necroses e rejeição das próteses. “Queremos alertar aos pacientes, em particular as mulheres, que tenham muito cuidado ao irem para Venezuela, ou

qualquer outro país, a fim de realizarem cirurgias plásticas. O indicado é que realizem aqui mesmo no Brasil, que procurem um médico especialista e de qualificação reconhecida. Pois, se houver qualquer intercorrência o próprio médico que realizou o procedimento poderá corrigir em tempo hábil, evitando assim, sequelas irreversíveis. Saúde não tem preço. O barato pode custar caro”, disse Alexandre Marques.

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ARTIGO

Cooperativa X Bancos Quando você vai ao supermercado; tração e fiscal, que é formado pelos próprios quando procura aquele posto de gasolina; cooperados eleitos democraticamente em quando vai comprar roupas. Qual seu obje- assembleias. Assembleias estas que ocorrem tivo? Obviamente atender a sua necessida- no mínimo uma vez ao ano. de! Mas de que forma? Obtendo o melhor O Superintendente do Sicoob UNIAM custo X benefício. E para quê? Economizar! (Manaus), Sr. Leonel Romanini Junior, E ter sua satisfação atendida! formado em Contabilidade e Em nenhum tempo e em Educação Física, com MBA nenhum lugar se vê pessoas em Gestão Empresarial pela queimando dinheiro. Jogando FGV/RJ - Especialista em dinheiro fora! Mas, às vezes, Planejamento Estratégico, é isso que acontece sem você Gestão de Pessoas e Comuperceber. Aqueles centavinicação e Marketing, levantou nhos aqui, os “reaizinhos” ali, as diferenças entre bancos o tempinho perdido aqui, um tradicionais e a cooperativa de “encomodozinho” lá... todos crédito daquele estado. O seu estes “alis” quando somados resultado é impressionante Heathcliff Oliva, gerente fazem muita diferença. tanto para o aplicador quanto administrativo SICOOB Na sua instituição finanpara o tomador de crédito, ceira não poderia ser diferenpois as taxas e tarifas cobradas te? Será que você realmente tem vantagem, ou pagas nas cooperativas financeiras são ou acha que a tem? Você chega a pensar mais estáveis, não sofrendo grande volatilinos retornos diretos e indiretos que o seu dade conforme cenário econômico e social. “banco” tem lhe proporcionado? Como Para o poupador médio (conforme dito em artigos passados, o cooperativis- quadro ) em um prazo de 12 meses, o mo financeiro é o modelo de negócio que retorno de juros da sua aplicação é em mévem justamente suprir esta lacuna, aliando rentabilidade, segurança e transparência. A rentabilidade se dá porque a instituição financeira é sua, e todas as movimentações irão contribuir para o crescimento RESUMO 17.015.632,70 da entidade, que por sua vez, dividirá a sua rentabilidade proporcionalmente as suas movimentações. A segurança vem da certeza de que a sua cooperativa está sob o julgo do Banco Central enquanto órgão fiscalizador e regulador, passando no mínimo por três auditoR$ 14.500,00 rias anuais (duas internas e uma externa), possuindo uma área de controles internos COOPERATIVA BANCO onde adota as melhores práticas de gestão Prazo  12 meses Prazo  12 meses emanadas do Sistema Sicoob. Taxa  74,2% / CDI Taxa  98% / CDI E a transparência no quesito propagaJuros /período  R$ 1.181,48 Juros/período  R$ 886,61 ção da informação. Transmitindo a todos os Saldo Acum.  R$ 15.681,48 Saldo Acum.  R$ 15.386,61 cooperados os resultados obtidos, obstácuSobras (*)  728,17 Part. Lucro  ZERO los enfrentados e desafios vindouros. Ainda tem o acompanhamento de uma diretoria TAXA REAL REC.  13,17% TAXA REAL REC.  6,17% juntamente com um conselho de adminis-

dia 33% maior na cooperativa financeira. A taxa real de ganho é mais que o dobro, de 13,17% na cooperativa para 6,17% nos bancos convencionais, isso se dá pelo fato que, nos bancos não existe retorno sobre o lucro para os clientes. O tomador de crédito médio, considerando o mesmo volume de recursos, é ainda mais beneficiado na cooperativa. As taxas efetivas são quase três vezes menos, refletindo em uma economia gigantesca. Enquanto nos bancos a média para empréstimos gira em torno de 5,3% ao mês, nas cooperativas são de 1,86%. No final do período, o tomador economiza mais de 8,8 mil reais. Considerando ainda que parte do que ele paga volta como sobras nas cooperativas a taxa cai ainda mais, para 1,71%, enquanto a economia sobe para mais de 9 mil reais em comparação a outras instituições financeiras. Para muitos, ser dono de uma cooperativa financeira é ter como sua instituição financeira, a proximidade com o sócio, a segurança e transparência, o atendimento e a economia, aliados em um só lugar. Afinal, de grão em grão...

ECONOMIA PARA O COOPERADO GERAL 46.194.096,18

R$ 14.500,00 COOPERATIVA Prazo  12 meses Taxa 

1,86%

Taxa 

5,30%

Juros /período  R$ 3.588,90

Juros/período  R$ 12.446,88

Saldo Acum.  R$ 18.088,90

Saldo Acum.  R$ 26.946,88

Sobras (*)  312,95

Part. Lucro 

TAXA REAL PAGA  1,71%

TAXA REAL PAGA  5,30%

Todo conteúdo desta página é de inteira responsabilidade da SICOOB – Roraima

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BANCO Prazo  12 meses

ZERO


RESOLUÇÕES DO CFM

Plenária temática debateu novas resoluções do CFM No dia 28 de janeiro, o Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) realizou no auditório da instituição, a primeira plenária temática de 2015. Os temas abordados foram as novas resoluções do Conselho Federal de Medicina que tratam sobre atendimentos de urgência e emergência. Estiveram presentes, os Conselheiros do CRM – RR, diretores das unidades de urgência e emergência; e SAMU de Roraima. A resolução 2077/2014, que normatiza o funcionamento dos serviços hospitalares de urgência e emergência, bem como do dimensionamento da equipe médica e do sistema de trabalho e a resolução 2110/2014, que dispõe sobre a normatização do funcionamento dos Serviços pré-hospitalares móveis de urgência e emergência foram apresentadas pelo presidente do CRM – RR Alexandre Marques. Para a diretora técnica do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), Débora Maia, a iniciativa do CRM – RR foi importante para troca de informações e norteamento dos trabalhos. “Essas resoluções do CFM elucidam vários problemas que temos hoje. Traz um norte para as ações que serão e precisam ser tomadas no dia-a-dia”, comentou Débora Maia. O diretor geral do Hospital Geral de Roraima (HGR), Samir Xaud, disse que as resoluções são um divisor de águas e servirão para normatizar ainda mais os serviços oferecidos. “Com essas resoluções podemos cobrar mais das autoridades competentes. Além, de facilitar o nosso trabalho, porque há normas a serem seguidas, que além de tudo são para beneficiar o paciente, disse Samir Xaud. De acordo com o presidente do CRM – RR, Alexandre Marques, a participação dos diretores das unidades de emergência e urgência e do Samu foi importante, pois a instituição irá fiscalizar e cobrar que as normatizações sejam colocadas em prática.

Marta Gardênia

“Nosso interesse era levar ao conhecimento dos gestores o que prevê essas resoluções, pois elas apresentam normativas importantes e eficazes para os serviços de

emergência e urgência que são oferecidos na rede pública de saúde. Tanto o trabalho do médico como a população saem ganhando”, disse Alexandre Marques.

DESTAQUES DA RESOLUÇÃO CFM 2.110/2014: Atendimento primário - O serviço pré-hospitalar móvel de urgência e emergência deve, obrigatoriamente, priorizar os atendimentos primários em domicílio, ambiente público ou via pública, por ordem de complexidade, e não a transferência de pacientes na rede. Serviço privado - A responsabilidade da transferência de pacientes na rede privada é de competência das instituições ou operadoras dos planos de saúde, devendo as mesmas oferecer as condições ideais para a remoção. Jornada de trabalho - Recomenda-se que, para o médico regulador quando em jornada de 12 horas de plantão, deverá ser observada uma hora de descanso remunerado para cada cinco horas de trabalho. Prerrogativa médica - Vaga zero é prerrogativa e responsabilidade exclusiva do médico regulador de urgências, e este é um recurso essencial para garantir acesso imediato aos pacientes com

risco de morte ou sofrimento intenso, devendo ser considerada como situação de exceção e não uma prática cotidiana na atenção às urgências. Atendimento - É de responsabilidade do médico receptor da unidade de saúde que faz o primeiro atendimento a paciente grave na sala de reanimação liberar a ambulância e a equipe, juntamente com seus equipamentos, que não poderão ficar retidos em nenhuma hipótese. Óbito - O médico intervencionista, quando acionado em situação de óbito não assistido, deverá obrigatoriamente constatá-lo, mas não atestá-lo. Neste caso, deverá comunicar o fato ao médico regulador, que acionará as policias civil, militar ou o Serviço de Verificação de Óbito para que tomem as providências legais. Paciente com morte natural assistida pelo médico intervencionista deverá ter o atestado de óbito fornecido pelo mesmo, desde que tenha a causa mortis definida.

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MUTIRÕES DE CIRURGIAS

PARECER A Associação Brasileira de Catarata

Em decorrência dessas possibilidades

Esse parágrafo do Estatuto da ABC-

e Cirurgia Refrativa (ABCCR/BRASCRS)

(cirurgias em poucos minutos, alta imedia-

CR/BRASCRS está em completa sintonia

vem apresentar o parecer sobre a realização

ta, rápido retorno às atividades rotineiras

com o Regimento Interno do Conselho

dos mutirões de cirurgias de catarata no

e eficácia dos antibióticos) houve a pos-

Federal de Medicina:

Brasil e zelar pelas técnicas realizada:

sibilidade de aumentarmos o número de

Muitos de nós pertencemos a uma

cirurgias de catarata realizadas no mesmo

geração privilegiada por termos presen-

dia cirúrgico e reduzirmos o tempo entre as

ciado e praticado a grande evolução das

cirurgias dos dois olhos sem comprometer

técnicas da cirurgia da catarata ocorrida nas

a segurança do procedimento.

REGIMENTO INTERNDO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA TÍTULO DA NATUREZA E DOS FINS

últimas décadas. Passando pelas técnicas

Entre outras consequências dessa

intracapsular, extracapsular, capsulorexis

linha de evolução, podemos citar o surgi-

em abridor de latas e capsulorexis circular

mento dos mutirões de cirurgias de catarata,

Art. 2º: O CFM e os Conselhos

contínua, facoemulsificação com implante

dos centros cirúrgicos móveis e da cirurgia

Regionais de Medicina (CRMs),

de lentes intraoculares, incisões com di-

bilateral simultânea da catarata.

hierarquicamente constituídos,

mensões cada vez menores e autoselantes e

Entretanto, temos verificado denún-

são órgãos supervisores da ética

mais recentemente o laser de femtosegundo.

cias de graves complicações pós-cirurgias

profissional em toda a República

Talvez os mais jovens tenham privilégio ain-

de catarata realizadas em mutirões, centro

e, ao mesmo tempo, julgadores e

da maior por já iniciar a prática da cirurgia

cirúrgicos móveis e em cirurgias bilaterais

disciplinadores da classe médica,

da catarata usufruindo dessas técnicas mais

simultâneas. Complicações que não seriam

cabendo-lhes zelar e trabalhar -

sofisticadas.

esperadas considerando o descrito acima

por todos os meios ao seu alcance

Com os aprimoramentos das técnicas,

quanto a atual segurança do procedimento.

– pelo perfeito desempenho ético

ocorreu significativa redução do tempo ope-

A Associação Brasileira de Catarata

da Medicina e pelo prestígio e bom

ratório, com alta imediata e principalmente

e Cirurgia Refrativa (ABCCR/BRASCRS)

conceito da profissão e dos que a

na rapidez na recuperação visual e retorno

tem o dever e a preocupação de acompanhar

exerçam legalmente.

às atividades rotineiras dos pacientes.

não só a evolução técnica-científica, mas

É bastante discutido o risco que cor-

também o impacto que a prática da cirurgia

Pois bem. Se a cirurgia da catarata tem

remos em banalizar a cirurgia da catarata

da catarata causa na sociedade. Devemos

toda essa sofisticação e segurança, o que

quando dizemos que o tempo de cirurgia

estar atentos para que cumpramos nossa

estaria ocorrendo nesses mutirões?

é de dez a quinze minutos com a possibili-

missão de orientar e zelar pelo bem estar de

Há necessidade de identificar in loco,

dade de retornar as atividades num período

todos principalmente na área que é nossa

as condições nas quais são realizados os

bem curto. Nessa simplista e incompleta

especialidade.

exames preparatórios para as cirurgias, os

explanação, não está claro para o pacien-

Para oficializarmos nosso papel de

ambientes onde são realizadas as cirurgias

te o tempo de treinamento na curva de

contribuir com a sociedade quanto às orien-

e também os acompanhamentos dessas ci-

aprendizado para dominar as técnicas de

tações técnicas da nossa atividade médica,

rurgias com as adequadas orientações para

facoemulsificação e nem o alto investimento

determinamos no Estatuto da ABCCR/

os pacientes dos cuidados necessários para

necessário.

BRASCRS, Capitulo I, Art 2, parágrafo II:

o pós-operatório.

Além do aprimoramento das técnicas

“Zelar pelo respeito a ética profissional e

A respeito dessa situação, manifesta-

cirúrgicas usufruímos também do maior

trabalhar pela defesa, regulamentação e

mos pública e oficialmente nosso apoio e

controle das infecções com as novas gera-

fiscalização do exercício da especialidade,

conivência ao CRM do Distrito Federal pela

ções dos antibióticos incluindo as aplicações

colaborando para isso, com as entidades

exemplar atitude em praticar o descrito no

intracamerais.

médicas e afins de idênticos objetivos”.

Regimento Interno do CFM.

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Fiscalizações serão intensificadas na capital e interior Mais de 100 vistorias serão realizadas em 2015 Uma das metas do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR) para este ano é intensificar as fiscalizações. No dia 25 de março, a coordenação de fiscalização apresentou para os conselheiros o calendário de trabalhos para este ano e ratificou a importância do trabalho. Serão fiscalizados consultórios, ambulatórios, unidades de emergência e urgência, tendo como meta atingir todos os estabelecimentos do Estado. As unidades privadas também receberão equipes de fiscalização. Atualmente há 121 empresas registradas no CRM – RR. As ações começaram dia 1º de abril em dois locais. Durante todo o mês serão feitas 17 vistorias. No decorrer do ano serão mais 100 ações. “O nosso objetivo não é punir, mas atuar na prevenção e dar as orientações necessárias. Se houver alguma irregularidade, o local receberá sugestões para soluciona-la e um prazo para se adequar”, explicou Rosa Leal, coordenadora de Fiscalização do CRM – RR. Ainda de acordo com Rosa, em cada ação são feitos relatórios pela equipe de fiscalização. Em seguida é lavrado um termo onde serão especificadas as condições encontradas no local. Caso haja irregularidades a direção da unidade receberá uma notificação e o documento também será enviado para o Ministério Público do Estado, Conselho Municipal e Estadual de Saúde, Polícia Federal (quando houver necessidade) e outros órgãos do governo, que poderão contribuir com o cumprimento exigido. Para o presidente do CRM – RR, Alexandre Marques, as fiscalizações são importantes para garantir a qualidade dos serviços

de saúde prestados à população e as condições de trabalho para os profissionais. “Em 2014, foram realizadas muitas fiscalizações, recebemos várias denúncias sobre a calamidade que se encontra a saúde pública em todo o Estado. Os problemas apontados foram as precárias condições higiênico-sanitárias das unidades de saúde da capital e interior, falta de equipamentos e equipamentos sucateados, desaparelhamento dos centros cirúrgicos e UTI’s, ausência de instalações adequadas e carência de leitos, medicamentos e insumos básicos”, relatou Alexandre Marques.

CRISE Ano passado, o ápice da crise resultou em duas interdições parciais feitas pelo CRM

– RR, no HGR e Maternidade. As inadequações foram constatadas logo após as fiscalizações. As cirurgias eletivas de ambas as unidades tiveram de ser canceladas enquanto se aguardava retomar as condições adequadas à realização dos procedimentos cirúrgicos. O Laboratório do Estado de Roraima (LAPER) também passou por uma interdição, pois apresentava diversas inadequações. A ação foi realizada pelo CRM - RR, Ministério Público e Vigilância Sanitária Estadual. “Se for necessário faremos novamente interdições. A nossa preocupação é com a qualidade do serviço prestado. Pois, não podemos colocar em risco a saúde da população e nem deixar de garantir condições dignas de trabalho à equipe médica”, finalizou Alexandre.

Um dos objetivos da fiscalização é garantir a dignidade do serviço prestado à população

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ENTREVISTA

O caos do serviço psiquiátrico Marta Gardênia

Deveriam dar atenção à Rede de Atenção: criar leitos em hospitais gerais para desintoxicação, ampliar a capacidade instalada das emergências psiquiátricas e dos ambulatórios de saúde mental” DR. LAERTH THOMÉ MÉDICO PSIQUIATRA CRM-735

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o final de janeiro, a fuga de um paciente internado na ala psiquiátrica do Hospital Geral de Roraima terminou na morte de uma dona-de-casa. O caso chamou a atenção da sociedade para o atendimento ao portador de doenças mentais e dependentes químicos (DQ). Roraima, como a maioria dos estados brasileiros, vivencia a falta de investimentos na rede de serviços psiquiátricos - não possui hospital ou enfermaria de custódia. O resultado é um atendimento ineficiente, sem dignidade e desumano. O médico psiquiatra Laerth Macellaro Thomé comenta o assunto na entrevista abaixo. EM RORAIMA, NÃO EXISTE HOSPITAL OU ENFERMARIA DE CUSTÓDIA, ISSO É UM PROBLEMA QUE MERECE UM OLHAR ESPECIAL?

Para o bem ou para o mal no Brasil e em particular em Roraima, a questão dos “hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico” - (HTTPs) - merece um olhar especialíssimo. Os “hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico” como o próprio nome indica teriam a função de prestar assistência médica e psiquiátrica a pacientes infratores, mantidos em ambientes fechados, objetivando tratá-los até que o risco de periculosidade fosse declarado extinto e o indivíduo pudesse retornar ao convívio com a família e à sociedade por ordem do Juiz. Mas qual a realidade hoje dos “hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico” no Brasil? O cenário encontrado pelo Grupo de Trabalho para Estudo das Políticas Referentes à Psiquiatria Forense do Departamento de Ética e Psiquiatria Legal da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) nos “hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico” nos Estados de São Paulo, Porto Alegre, Rio de

Janeiro, Salvador, Manaus, além do Distrito Federal atesta uma condição desumana que contribui para a degradação física e mental dos pacientes psiquiátricos infratores: carecem de mão de obra especializada, a maior parte de suas instalações está deteriorada, faltam psiquiatras e pessoal de apoio. Quase sempre inexiste assistência básica. Quase sempre é regra a substituição de uma lógica terapêutica a favor de um funcionamento segregador e carcerário. Se para o preso comum a cadeia é muitas vezes considerada “escola do crime”, para o doente mental infrator o “hospital de custódia e tratamento psiquiátrico” é uma “parada a mais no caminho da loucura. Se for para ter um hospital assim em Roraima, o melhor é não ter. COMO DEVEM SER OS HOSPITAIS E ENFERMARIAS DE CUSTÓDIA? Acredito que a reabilitação psíquica e social desses pacientes, com redução dos riscos de reincidência só será possível em unidades menores fora do ambiente carcerário, dotadas de equipes multidisciplinares especializadas e regidas pelos princípios e normas do Sistema Único de Saúde - SUS. A medida de segurança deve então ser orientada e conduzida por tratamento psiquiátrico e acesso a todas as possibilidades terapêuticas propiciadas pela psiquiatria baseada em evidências. Confiná-los em instituições regidas pela lógica prisional ou manicomial, sem o devido processo legal, assistência jurídica e tratamento médico-psiquiátrico, não apenas contraria os princípios da Ética Médica e da Reforma Psiquiátrica, como configura um desrespeito à Lei e à Justiça. Na verdade, o que se pretende é dar é uma resposta à sociedade ancorada no estigma de que o doente mental é violento e perigoso.


ENTREVISTA RECENTEMENTE, O CASO DO PATRICK CHAMOU A ATENÇÃO PARA A FALTA DE ESTRUTURA PARA ATENDIMENTO AO DEPENDENTE QUÍMICO E AO DOENTE MENTAL. COMO O SENHOR ANALISA ESTE CASO? Não poderia fechar os olhos a essa realidade violenta. De um lado, porque se trata de flagrante desrespeito aos direitos humanos; de outro, porque se refere a uma questão de saúde pública, envolvendo unidades hospitalares, profissionais médicos, na qual me incluo, e pacientes. Garantir o respeito à ética médica e aos direitos das pessoas é uma atribuição não só dos médicos, mas também do cidadão e continuarei lutando especialmente quando se tratar de defender o lado menos protegido e mais fragilizado do ser humano e animal. Desumanidade e estigma são o binômio da crueldade quando se trata de serviço de saúde mental e sistema prisional. Quando amalgamada uma à outra, assiste-se a uma das práticas - e omissões - mais perversas do aparelho de Estado depois da prática oficial da tortura. Enquanto infrator, o indivíduo é privado da liberdade e encarcerado não tendo nenhuma perspectiva de ressocialização. Enquanto infrator e doente mental é igualmente segregado da sociedade e não conta com os benefícios e as garantias constitucionais. “Saúde direitos de todos, dever do Estado”? A questão básica é que não se trata do cumprimento de uma pena, mas de cuidados assegurados pela Constituição Federal - no tocante aos direitos individuais e de cidadania - de que uma instituição hospitalar deve proporcionar cuidados para reduzir ou cessar o transtorno que levou o paciente à prática do delito (CF-artigos 1º e 5° e 196 a 200). Defendo, portanto o respeito à dignidade e tratamento desses pacientes portadores de transtornos men-

tais que, em conflito com a lei, se tornam ameaças e vítimas ao mesmo tempo em uma sociedade que não sabendo como assisti-los prefere optar pelo caminho do manicômio-cadeia. HÁ MUITA CONFUSÃO ENTRE PESSOAS COM DOENÇAS MENTAIS E DEPENDÊNCIA QUÍMICA (DQ). UM DEPENDENTE QUÍMICO PODE APRESENTAR OUTRA PATOLOGIA MENTAL? O TRATAMENTO DEVE SER DIFERENCIADO? Comorbidade pode ser definida como a ocorrência de duas entidades diagnósticas em um mesmo indivíduo. No estudo da dependência de álcool e outras drogas, a manifestação de transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias e de outros transtornos psiquiátricos vem sendo estudada há bastante tempo. De fato, segundo Watkins, o abuso de substâncias é o transtorno coexistente mais frequente entre portadores de transtornos mentais. As pesquisas do Epidemiologic Catchment Area Study revelam que cerca da metade dos indivíduos diagnosticados como DQ de álcool, e outras drogas pelo DSM-IV-TR, apresentam um diagnóstico psiquiátrico adicional, é uma Comorbidade. Sendo que os transtornos mais comuns incluem os transtornos de humor (26%) como a depressão (uni ou bipolar), transtornos de ansiedade (18%), transtornos de déficit de atenção e hiperatividade e, numa extensão menor, a esquizofrenia (7%). Não se excluindo desta relação os transtornos alimentares e transtornos de personalidade antissocial que também apresentam estreita correlação com o abuso de substâncias. O tratamento, portanto, não só deve ser diferenciado como devemos no nosso diagnóstico considerar o tipo de comorbidade existente se patogênica, se diagnóstica ou prognóstica de acordo os ensinamentos dos mestres Kaplan e Feinstein.

EM RORAIMA, FALTAM POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA OS DOENTES MENTAIS E DEPENDENTES QUÍMICOS? Tratando-se de uma questão que envolve uma multifatoriedade, a abordagem e o tratamento da dependência química (DQ) devem ser interdisciplinar - rede integrada de atenção psicossocial - dirigido às diversas áreas afetadas: física, psicológica, social, questões legais e qualidade de vida tendo como objetivo iniciar a abstinência e prevenir as recaídas. A magnitude do problema, a frágil integração das ações na área de saúde nas três esferas de governo e entre os diversos órgãos em uma mesma esfera, a falta de dimensionamento da rede integrada de saúde mental às suas reais necessidades, a falta de investimentos econômicos e em Recursos Humanos para expertise em DQ, o estigma da doença mental, a falta de determinação política de fazer, tudo isso e mais, associado à inexistência de único, efetivo e eficaz tratamento para a DQ, talvez responda de maneira simplificada sua pergunta. PORQUE OS GOVERNOS NÃO FALAM SOBRE O ASSUNTO? ISSO É PECULIAR EM RORAIMA OU O BRASIL NÃO TEM ASSISTIDO AOS DEPENDENTES QUÍMICOS E DOENTES MENTAIS? Os governos até que tentam falar, mas, quando falam muito, dizem pouco, Agir que seria bom, quase nada. Deveriam instituir a obrigatoriedade de capacitação dos profissionais de saúde e educação da rede pública, promover programas de sensibilização das famílias e ações de prevenção e orientação sobre o uso de droga para crianças e adolescentes nas escolas. Deveriam dar atenção à Rede de Atenção: criar leitos em hospitais gerais para desintoxicação, ampliar a capacidade instalada das emergências psiquiátricas e dos ambulatórios de saúde mental, CAPs AD, II, III e CAPS-I e implantar o Programa das Residências Terapêuticas.

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CRISE DE ASSISTÊNCIA NO SUS Fiscalização em cerca de mil unidades comprova sucateamento da Atenção Básica Em 952 unidades básicas de saúde fiscalizadas em 2014 pelo Sistema Nacional de Fiscalização do Conselho Federal de Medicina (CFM), 331 tinham mais de 50 itens em desconformidade com o estabelecido pelas normas sanitárias, sendo que 100 apresentavam mais de 80 itens fora dos padrões. Em 4% das unidades fiscalizadas, não havia sequer consultório médico. As fiscalizações foram realizadas em ambulatórios (164), Unidades Básicas de Saúde (UBS) (118), centros de saúde (88) e postos dos Programas de Saúde e de Estratégia da Família do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram avaliadas a estrutura física das unidades, os itens básicos necessários ao funcionamento de um consultório e as condições higiênicas. Em todos os aspectos, a situação encontrada é preocupante.

estavam sem oftalmoscópio; 408 (40%) não tinham otoscópio, em 272 (27%) faltavam tensiômetros e 235 (23%) estavam sem estetoscópio. Até termômetro estava em falta em 106 (10%) desses consultórios. Quanto aos itens básicos de higiene, 23% dos consultórios fiscalizados não tinham toalhas de papel; 21% estavam sem sabonete líquido e em 6% o médico não podia lavar as mãos após as consultas por falta de pia.

ESTRUTURA FÍSICA Em relação ao ambiente físico, foi constatado que 353 (37%) unidades não tinham sanitário adaptado para deficiente; 239 (25%) não tinham sala de expurgo ou esterilização; 214 (22%) não possuíam sala de espera com bancos ou cadeiras apropriadas para os pacientes; e em 170 (18%) faltavam sala ou armário para depósito de material de limpeza. Em 36 (4%) consultórios ginecológicos faltavam sanitários e em 20 (2%) não era garantida a privacidade do ato médico. “Não dá nem para imaginar uma mulher sendo submetida a um exame ginecológico sem que sua privacidade seja resguardada”, critica Eurípedes Souza, membro da Comissão para a Reformulação do Manual de Fiscalização do CFM. Também foram encontradas 161 unidades (17%) com instalações elétricas e hidráulicas inadequadas, sem sala de atendimento de enfermagem (6%) e sem sanitários para pacientes (3%).

UNIDADES NÃO TÊM AGULHAS E SERINGAS Mesmo sendo locais para a realização de consultas e procedimentos básicos, algumas das unidades de saúde visitadas deveriam ser equipadas para dar um suporte inicial a pacientes em situações graves. No entanto, 29% dos 305 estabelecimentos visitados que deveriam oferecer um tratamento emergencial não tinham seringas, agulhas e equipos para aplicações endovenosas. Em 226 (74%) dessas unidades também faltavam desfibriladores para atender pacientes com paradas cardíacas, que também não teriam remédios para tomar, visto que em 150 (49%) também faltavam medicamentos para atendimento de parada cardiorespiratória. Já 181 (59 %) dos estabelecimentos fiscalizados não tinham ressuscitadores manuais do tipo balão auto-inflável. Faltavam oxímetros (em 75%), aspiradores de secreções ( 71%), cânulas naso ou orofaríngeas (70%), cânulas/tubos endotraqueais (69%), laringoscópio com lâminas adequadas (66%), sondas para aspiração (64%) e máscara laríngea (53%). Para o conselheiro federal por Goiás, Salomão Rodrigues, a falta de condições de trabalho faz com que haja uma quebra entre o humanismo e a técnica no fazer médico.

ITENS BÁSICOS Dos consultórios fiscalizados, 521 (51%) não tinham negatoscópio; 430 (42%)

CURATIVOS Mesmo que os desfibriladores sejam exigidos apenas em alguns estabelecimentos,

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toda unidade básica de saúde deve possuir uma sala de procedimentos e curativos com condições para dar um atendimento mínimo a pacientes com pequenos ferimentos, ou em pós-operatório. No entanto, em 11% das 952 unidades fiscalizadas faltavam material para curativos e retirada de pontos, e 5% não obedeciam às normas de esterilização sanitárias, nem tinham material para assepsia. Numa época em que a febre amarela e o sarampo voltam a aparecer, 8% das unidades de saúde estavam sem vacinas e em 5% o acondicionamento era feito de forma inadequada, em refrigeradores sem termômetros externos. Remédios estavam em falta em 61 (6%) das unidades fiscalizadas e em 37 (4%) delas estavam sendo distribuídos remédios com a validade vencida. Em 119 (13%) não havia controle para a movimentação de medicamentos controlados. CFM EDITARÁ MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DOS HOSPITAIS Depois de definir as regras para a fiscalização em Unidades Básicas de Saúde e ambulatórios, o CFM vai editar as regras para a fiscalização em hospitais, que devem constar da nova atualização do Manual de Vistoria e Fiscalização da Medicina no Brasil. “A nossa previsão é entregarmos uma proposta para o Plenário do CFM até o final do primeiro trimestre de 2015”, afirma o 3º vice-presidente do CFM, que nos últimos anos tem se dedicado à revisão do documento. O Manual definirá os portes das instituições por capacidade de leitos e de acordo com a complexidade. Também determinará os equipamentos e insumos mínimos para segurança do ato médico e vai orientar sobre a infraestrutura exigida de estabelecimentos de apoio diagnóstico, em hospital ou unidade autônoma, institutos médico-legais e de verificação de óbito. Fonte: CFM


Urologista lançou livro sobre Saúde do Homem Ao contrário do que muitos pensam, a saúde masculina não se resume apenas ao exame e doença da próstata. Existe uma gama de assuntos que são importantes, porém pouco discutidos. Preocupado com esses temas que têm passado despercebidos, o urologista Mario Maciel Junior lançou no dia 7 de março o livro “Saúde do Homem – muito além da barba cabelo e bigode”. A obra aborda assuntos importantes que tem tirado a qualidade de vida e até levado homens a óbito. Os temas apresentados no livro são depressão masculina pós-parto, disfunção erétil, transtornos alimentares, sedentarismo, tamanho do pênis e até os efeitos negativos do divórcio sobre a saúde. “Muitos homens estão morrendo, tendo problemas cardíacos, obesidade, depressão”, entre outros, citou o autor. Segundo Mario Maciel, o livro possui uma linguagem simples e explicativa sobre os assuntos que norteiam o universo masculino, apesar de não serem muito noticiados ou de conhecimento da população. “Tivemos a preocupação de apresentar um linguajar não técnico, mas que estivesse baseado na litera-

tura. Os temas são de grande importância, entretanto não são tão divulgados”. A ideia do livro surgiu do contato em consultório e por meio de palestras que tem ministrado em órgãos públicos e em diversas instituições voltadas para os homens, e onde sempre havia a constatação da falta de informação ou até mesmo de preconceitos por parte dos próprios homens sobre diversos assuntos referentes a eles. “O homem acha que não precisa ir ao médico rotineiramente, só procura um profissional quando há uma doença. Ainda há os que acham que tudo se resume a exame e câncer de próstata” disse Mário Maciel. O médico Mário Maciel também mantém o site www.mariomaciel.com.br, onde disponibiliza panfletos e informações sobre esses assuntos. VENDA A obra pode ser adquirida ao preço de R$ 30 nas drogarias Megafarma. Todo o dinheiro será revertido para a Associação Filantrópica Anjos de Luz. Há ainda a possibilidade de ser obtida pela editora CRV, no www.editoracrv.com.br.

Só no lançamento da obra, 280 unidades foram vendidas

PERFIL

Mário Maciel Júnior é carioca, mudou-se aos dois anos de idade para Goiás – GO. Posteriormente cursou o ginasial em Brasília – DF e formou-se em Medicina na Universidade São Francisco em Bragança Paulista (SP). É médico urologista com doutorado e mestrado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM –UNICAMP). Possui felow em urologia na University of California San Francisco (UCSF – USA) e pós-graduação em UTI – Adulto no Hospital Israelita Albert Einstein (SP). Atualmente reside em Boa Vista – RR com a família. É professor do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PROCISA) da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e do curso de Fisioterapia da Faculdade Cathedral de Boa Vista. SERVIÇO O que? Livro “Saúde do Homem – muito além da barba cabelo e bigode

O presidente do CRM – RR, Alexandre Marques, prestigiando o lançamento do livro.

Onde encontrar? Drogarias Megafarma Preço: R$ 30,00 Site: www.mariomaciel.com.br

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Gioconda Martinez primeira mulher a assumir a reitoria da UFRR A mulher contemporânea tem assumido funções que foram exclusivas a homens ou, onde o sexo masculino sempre foi maioria. Na Universidade Federal de Roraima (UFRR), por exemplo, 22 anos depois da sua criação, a primeira mulher tomava posse como reitora. Gioconda Santos Sousa Martinez foi eleita em 2012 para um mandato de quatro anos. Ela é engenheira civil, mestre em geotecnia e transportes pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e doutora em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Professora do departamento de engenharia da UFRR foi vice-reitora durante os dois mandatos do professor Roberto Ramos. Comandar a UFRR não é uma das mais fáceis tarefas. São 10 mil alunos divididos em 42 cursos de graduação, 15 de pós-graduação, Colégio de Aplicação e Escola Agrotécnica. Mas, de acordo com Gioconda, ela nunca encontrou empecilhos por ser mulher. Aliás, ela sempre esteve envolvida numa profissão onde homens costumam estar à frente. “Eu costumo testemunhar

Lanne Prata

“Nunca tive dificuldade em assumir nenhuma atividade ou tarefa por ser mulher”

francamente o que tenho vivido. Nunca tive dificuldade em assumir nenhuma atividade ou tarefa por ser mulher. Trabalhei na área privada como engenheira e nunca tive dificuldade. Assumi a pró-reitoria de infraestrutura que lidava com todas as obras da cidade universitária, lidava com

engenheiros, empreiteiros. A mulher consegue seu espaço pela competência. Vem em conjunto o respeito e o sucesso do trabalho, com os quais ela só vai alçar degraus mais altos. Eu nunca procuro dar um passo maior que minha perna, só vou até onde consigo ir”, disse Gioconda. Outro quesito, que Gioconda tira de letra, e que é uma das queixas da mulher moderna, é o fato de conciliar a carga de trabalho intensa - exigências da sociedade - e família. De acordo com a reitora, é possível transitar bem entre o profissional e o pessoal. Pois, o maior prazer em ser do sexo feminino é ser mãe. Para se dedicar ainda mais aos cuidados com a família, ela não sairá para reeleição. “Eu sou mãe e esposa. Meu esposo vai abraçar o diaconato na Igreja Católica, tenho que estar ao lado dele para apoiá-lo. Tenho duas filhas adolescentes, uma entrando na faculdade e outra se preparando. Elas ainda precisam de atenção e cuidados. A família é o bem maior, por isso quando estou em casa eu me desligo do trabalho. Até para ter qualidade de vida”.

Aumento no número de vagas para Medicina Entre as conquistas citadas pela reitora Gioconda desde que assumiu em 2012, está o aumento de número de vagas, criação de novos cursos de graduação e pós-graduação. O curso de Medicina, por exemplo, todo o ano é um dos mais concorridos. Teve um aumento significativo no número de vagas ofertadas aumentando de 28 para 80, no vestibular de 2014. “Tivemos uma expansão responsável, pois aumentamos o número de vagas e com isso vieram mais contratação de médicos professores e recursos para infraestrutura”, comentou Gioconda.

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Outro ponto importante dessa gestão é a internacionalização da Universidade. Atualmente a instituição tem alunos da África e Europa cursando aqui. Há alunos da UFRR estudando em vários países do mundo beneficiados pelos programas Ciência Sem Fronteira e Santander Universidades.


ENTREVISTA

O

pediatra Wesley Carlos Thomé faz parte de uma das famílias tradicionais de Roraima, que ajudaram na construção da capital Boa Vista. Dos seis filhos de dona Ana Maria Damasceno e James Macellaro Thomé (falecido), ele é o mais velho. Quando criança sonhava em ser médico, mas, o sonho parecia distante de ser realizado, já que no Estado não havia faculdade de Medicina e a família não tinha muitos recursos financeiros. A única opção era estudar em outro Estado. Com muito esforço e sacrifício, os pais de Wesley conseguiram manda-lo para o Rio de Janeiro – RJ a fim de ingressar no tão sonhado curso de Medicina. A escolha da cidade se deu pelo fato do tio, o psiquiatra Laerth Thomé, morar lá. Ao chegar ao Rio de Janeiro, passou um ano fazendo cursinho pré-vestibular, mas a aprovação no curso de Medicina não ocorreu. Para não ter que voltar a Roraima, seis meses depois Wesley optou por tentar o vestibular para enfermagem, mas com o propósito de em seguida tentar ingressar no tão sonhado curso. Porém, o imponderável aconteceu: passou no curso de Enfermagem, que foi bem aceito por ele e concluído quatro anos e meio depois. Em seguida, Wesley retornou a Roraima, ingressou no curso de Medicina da Universidade Federal de Roraima, em 1999. Wesley Thomé é casado com uma pedagoga, tem um filho adolescente fruto do primeiro casamento. É medico concursado do Estado e plantonista da Unimed.

Marta Gardênia

Dr. Wesley Carlos Thomé COMO FOI A SUA TRAJETÓRIA COMO ENFERMEIRO? Como eu não passei no curso de Medicina, para não ter que voltar para Roraima, resolvi fazer enfermagem. A ideia era começar a estudar, mas em seguida tentar novamente o curso que eu queria desde pequeno. Mas, os planos mudaram, conclui enfermagem e assim que terminei voltei para Boa Vista. Quando cheguei, já comecei a atuar na área, que me deu um bom respaldo financeiro e destaque na época. EM QUAL MOMENTO, O SENHOR RESOLVEU REALIZAR O SONHO DE SER MÉDICO? Eu estava muito bem como enfermeiro. Mas, eu achei que estava pouco, não no sentido financeiro. Porque naquela época erámos bem remunerados. Mas, profissionalmente eu queria muito mais, ajudar mais. Eu queria começar e terminar o tratamento. E como enfermeiro eu só fazia o meio. Então, seis anos depois de uma atuação intensa na área de enfermagem, eu resolvi fazer o vestibular para Medicina na UFRR e passei. COMO É O SEU DIA-A-DIA PROFISSIONALMENTE? Eu passei no primeiro concurso realizado que o governo do Estado realizou para médico. Escolhi atuar no município do Cantá, onde trabalho até hoje. Sou médico, também, da Unimed. Atuei no SAMU durante cinco anos, o qual eu fui diretor por um ano meio. COMO SE DEU A ESCOLHA PELA ÁREA DA PEDIATRIA? Como todo médico eu comecei pela emergência. Daí recebi um convite para trabalhar no Hospital da Criança Santo Antônio que estava sem médico, eu comecei a fazer pediatria, até porque quase não tinha na cidade. Comecei a me destacar no HCSA, então me chamaram para a Unimed. Come-

cei a me identificar com o atendimento às crianças e começou a dar certo profissionalmente, tive reconhecimento na cidade. Posteriormente apareceu a oportunidade de fazer residência médica em pediatria. NESSES ANOS DE ATUAÇÃO, TEM ALGUMA HISTÓRIA QUE MARCOU O SENHOR? Sim. A gente sempre está aprendendo todo dia. Tem muito profissional que é muito elogiado e acaba se achando muito. Mas, nem sempre elogios são sempre bons. Alguns anos atrás eu fui chamado por uma família para cuidar de um menino. Segundo dos avós eu era o melhor pediatra da cidade e não tinha ninguém melhor do que eu. No final a criança foi a óbito, e eles acabaram me culpando, quiseram me processar e me ameaçaram de morte. Tive até que fazer um boletim de ocorrência. Essa criança chegou a passar um mês na UTI do HCSA. Depois de toda confusão que eles fizeram, a família chegou a conclusão que o erro não foi meu. Eu comecei certo, o que foi errado foi a história que eles me passaram, pois quem sabe da história do filho é a mãe. Eles não me contaram a verdade, alias não falaram para ninguém o que realmente tinha acontecido. O pai usava um veneno na lavoura, que era proibido, então ambos adoeceram. A criança como era pequena inalou mais que o pai. Mas, tudo já passou e eu até já tratei de outro filho da família. O QUE TE EMOCIONA NA MEDICINA? Para mim é alta hospitalar. O dia que eu devolvo para a família uma pessoa que eu cuidei e deu certo. O melhor ambiente para uma criança e qualquer pessoa é o seio familiar, o lugar onde há amor e proteção. Por isso, o dia da alta me dá grande felicidade, que é compartilhada com pacientes e familiares. O QUE A MEDICINA SIGNIFICA PARA O SENHOR? Depois da minha esposa e filho, a Medicina é o mais importante na minha vida. Dedico boa parte do meu tempo à minha profissão. Eu amo o que faço e me entrego com dedicação e compromisso. Costumo nunca chegar atrasado e não deixo meus pacientes esperando. Por meio da minha profissão tenho devolvido sorrisos, esperança, curado dor física, claro que nem tudo são flores. Mas, o meu melhor é sempre ofertado e isso me realiza. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS PARA SER UM BOM MÉDICO? Para ser médico tem que gostar, não é só o status que conta. É preciso tratar o paciente independente da classe social, cor da pele, com dignidade. Tem que gostar de gente, querer ouvir e buscar junto com o paciente sempre o melhor. É acima de tudo amar e zelar pelas vidas que chegam ao nosso consultório.

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Não, você tem direito a muito mais. É o que está na lei. Ninguém deve sofrer com a falta de estrutura e filas de espera. Exija respostas dos responsáveis pelo SUS e pelos planos de saúde. Os médicos estão com você nessa luta por mais recursos, melhor gestão e medidas importantes, como a criação de uma carreira de Estado no SUS. Para os Conselhos de Medicina, a saúde deve ser um exemplo de respeito, qualidade e cidadania. /conselhofederaldemedicina

www.portalmedico.org.br 16 | CRM-RR

@Medicina_CFM /cfmedicina

Defendendo princípios, aperfeiçoando práticas.


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