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# CAXIAS DO SUL

# TEOLOGIA

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Divulgada lista de aprovados na 12ª edição do curso a distância Div/CR

Felipe Padilha/Div/CR

Mudança viária reduz número de turistas na igreja de São Pelegrino

Página 15

Correio Riograndense CR Ano 108 - Nº 5.530 - R$ 2,50 - Caxias do Sul - 25 de janeiro de 2017 - (54) 3220.3232 - facebook.com/jornalcr - www.correioriograndense.com.br

Desafios persistem

IPHAN

Pedro Revillion/PP/Div/Correio Riograndense

Apesar da supersafra, produtores voltados ao mercado interno ainda sentirão dificuldades decorrentes da recessão econômica

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Divulgação/Correio Riograndense

# AGRONEGÓCIO

Pastoral Carcerária/Div./CR

Grãos: Brasil deve colher 215 milhões de toneladas, crescimento de 15%. Página 12

# SISTEMA PENITENCIÁRIO

Crise expõe violação de direitos Páginas 6 e 7

Antônio Prado (RS): Casa da Neni, de 1910, integra o centro histórico. Página 4

80 anos de atuação em favor da cultura nacional


CORREIO RIOGRANDENSE • Caxias do Sul, 25 de janeiro de 2017

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CR Editorial 2

Sucesso da agropecuária é motivo de orgulho ao Brasil

a safra 2016-2017, a expectativa da produção de grãos se situa ao redor de 215 milhões de toneladas, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). São dignos de nota os setores de proteína animal - leite, frango, suínos e boi -, café, laranja, celulose, produção de folhosas, frutas e hortaliças. O sucesso do agro brasileiro não ocorre por acaso. Além dos recursos naturais, tem o suporte de pesquisas realizadas pela Embrapa, por institutos e universidades,

que desenvolvem tecnologias compatíveis com as condições tropicais. Basta lembrar que a soja, a laranja, o café e o eucalipto, por exemplo, não são culturas originárias do Brasil. A continuidade do sucesso do setor dependerá de avanços na inovação tecnológica e organizacional, a começar por investimentos públicos voltados para logística, vigilância sanitária agropecuária e incentivos para mudanças geradoras de bem-estar. O crescimento tem-se fundamentado

também nos ganhos de produtividade e qualidade dos produtos animais e vegetais, a começar do lado de dentro da porteira. O país ainda pode avançar mais nos domínios da produtividade média, sem comprometer a floresta, a fauna, a água e o solo. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultora (FAO) afirma que o Brasil tem mais de 200 milhões de hectares de terras agricultáveis fora da área de preservação. É o país que mais espaço livre possui para expandir a

fronteira agrícola. Isso sem contabilizar água, sol etc. Os avanços são consideráveis. A agropecuária, mesmo com a modernização, a inovação, a difusão do conhecimento e a adoção da trilogia econômica, ambiental e social, exige, diante da magnitude e complexidade do setor, tempo e políticas agrícolas consistentes e motivadoras de rentabilidade. O caminho é longo e os desafios persistem: falta de crédito, recessão e preços voláteis (leia página 12).

Correio do leitor

FATO FOTO

“América em primeiro lugar”

Com frases de efeito como a ‘América em primeiro lugar’, assumiu na sexta 20, Donald Trump, como o 45º presidente da história dos Estados Unidos. Fez seu juramento sobre duas bíblias: uma presenteada a ele por sua mãe, em 1955, e a do ex-presidente Abraham Lincoln, também utilizada por Obama. Acompanhado da esposa Melania, disse ainda que “20 de janeiro de 2017 será lembrado como o dia em que o povo se tornou soberano da nação novamente. Os homens e mulheres esquecidos do nosso país não serão mais esquecidos.” Enquanto Obama se despedia dizendo “Foi uma honra na minha vida servi-los. Vocês fizeram de mim um melhor dirigente e homem", Trump assume a Casa Branca afirmando que é direito de todas as nações colocar seus interesses à frente.

Mark Ralston/AFP/CR

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CR Correio Riograndense Leitura crítica FUNDADO EM 13 DE FEVEREIRO DE 1909 Quando o agronegócio sofre com o preconceito Filiado à ADJORI-RS e ABRAJORI

Diretor de Redação: frei João Carlos Romanini Editora-chefe: Andressa Boeira Editores-assistentes: Maria de Fátima Zanandrea e Marcelino C. Dezen Editado por: ASSOCIAÇÃO LITERÁRIA SÃO BOAVENTURA/EDITORA SÃO MIGUEL

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José Zeferino Pedrozo

Por produzir a comida boa e barata que alimenta a nação, a agricultura e o agronegócio deveriam ser os setores mais festejados e reconhecidos da sociedade brasileira. A imprensa especializada e as autoridades do setor já manifestam esse reconhecimento, mas, amplos estaBrasil pode se orgulhar de ter uma agri- mentos da sociedade expressam profunda desincultura forte, moderna, avançada e sus- formação a esse respeito. Ignorância e desrespeito sobre a importância tentável, responsável por garantir alimento farto e saudável a toda a população. Além da do agro na vida nacional é o que revela a Escola qualidade, o alimento produzido aqui é um dos de Samba Imperatriz Leopoldinense, da cidade do Rio de Janeiro, ao escolher, como tema do mais baratos e acessíveis do mundo. Foi essa condição que permitiu ao país erra- samba-enredo do carnaval deste ano, o agrodicar a fome, nas últimas décadas, e não os pro- negócio, tomando-o como responsável pelo etnocídio de índios, gramas sociais do a poluição dos governo. Carnes, cereais, lácteos, Nosso repúdio à Imperatriz Leopoldinense que mananciais hídricos e a destruição frutas, oleaginosas, fibras, horti- conspurca os princípios de paz e harmonia do de florestas. Só granjeiros – nós carnaval com inverdades históricas e negação o mais tosco dos da realidade preconceitos ou somos autossufiuma visão ideocientes em quase lógica coletiva intudo. O mundo reconhece a pujança brasileira na produção de sana e distorcida conduziria uma agremiação a alimentos. Por isso, somos líderes mundiais na esse desatino: ofender, difamar e caluniar uma parcela da sociedade brasileira formada por faexportação de carnes e grãos. O nível de eficiência produtiva é elevadíssi- mílias rurais cujo trabalho tornou-se o último mo: conseguimos tudo isso ocupando menos de reduto do combate à grave crise econômica que 30% do território nacional. E mais: a agricultura castiga o país. A agricultura e o agronegócio merecem resverde-amarela é altamente sustentável. O agricultor produz e, ao mesmo tempo, preserva os peito. Nosso total repúdio à Escola de Samba recursos naturais porque sabe que essa conduta Imperatriz Leopoldinense que, neste ano, consassegura a perpetuação da atividade. Prova disso purca vergonhosamente os princípios de paz, é que 65% do território ainda mantêm a cober- respeito e harmonia do carnaval brasileiro com inverdades históricas e negação da realidade. tura florestal. Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), Chapecó (SC)

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Lamentável

“Lendo a ‘nota da redação’, que consta na coluna Vita, stòria e fròtole de 11 de janeiro, entendi porque, até agora, não foi publicada uma única manifestação a respeito do fechamento do jornal. Lamentável esta decisão, que demonstra desrespeito e insensibilidade com os leitores e assinantes deste magnífico jornal”. Rodrigo Puerari Canoas - RS

Teologia a Distância

“Sou grata a todos os idealizadores, promotores e coordenadores do Curso de Teologia a Distância através do CR e Estef. Foram 12 anos de muito conhecimento, espiritualidade, partilha da palavra, fundamentação religiosa, conteúdo de fé; muitas dúvidas sanadas e perguntas respondidas; muitas oportunidades e contatos, desafios e alegrias. Consegui desfrutar o curso em sua totalidade com entusiasmo e determinação, pois era muito gratificante. Parabéns por esta organização”. Helena P. S. Mezzomo Farroupilha – RS

Gratidão

“Fica o reconhecimento e gratidão pelo apoio dispensado às famílias rurais de nossa região, por meio da divulgação de informações que contribuem para a geração de renda e a qualidade de vida, ao longo dos últimos anos”. Deise A. Froelich Santa Rosa - RS

Segurança

“Assistimos pelos canais de televisão notícias e debates sobre como resolver e criar a paz entre os cidadãos, que cada vez mais prejudica nossa sociedade, parecendo micose que vai tomando conta do nosso corpo. A solução passa pela formação familiar, boa educação na escola e introdução de lei no código penal para que os alunos saibam dos seus deveres e obrigações e não só de seus direitos”. Eriberto Zanella Criciúma - SC Cartas e e-mails devem conter endereço completo e telefone do remetente. As correspondências não são necessariamente publicadas na íntegra.


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TURISMO

São Pelegrino prejudicado

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Olhar à vida

JAIME BETTEGA

Mudanças viárias reduzem visitantes e impactam economia do bairro

esde 2015, a quantidade de turistas que visitam a Igreja de São Pelegrino, em Caxias do Sul, vem sofrendo uma queda vertiginosa. Dos 40 ônibus, em média, por semana, o número reduziu para menos de dez atualmente. O local chegou a ser o ponto turístico mais visitado na cidade, atraindo interessados até do exterior. Tudo isso para apreciar a réplica de Pietá (Michelangelo), bem como os afrescos de Aldo Locatelli e as portas de bronze do escultor Augusto Murer. O templo é Patrimônio Cultural do RS. Duas situações contribuíram para a queda de visitantes: a retirada de Caxias do Sul do roteiro de algumas agências de turismo e a mudança no sistema viário da região, que extinguiu as vagas para estacionamento dos ônibus de turismo nas avenidas Itália e Rio Branco. A medida não impactou somente no número de turistas na igreja, mas também trouxe consequências para o comércio do entorno do templo, que viu seu público reduzir desde então. A secretária municipal de Turismo, Renata Aquino Carraro, disse que a pasta está trabalhando com os técnicos da Secretaria Municipal de Mobilidade, Trânsito e Transportes para encontrar uma solução no que se refere ao estacionamento. A expectativa, segundo ela, é voltar a disponibilizar espaços para embarque e desembarque dos visitantes em frente à paróquia e na avenida Itália. Acredita-se que, com isso, será possível convencer as agências de turismo a incluírem, em seus pacotes pela região, a visitação à igreja de São Pelegrino. Renata acredita que essa é a primeira atitude a ser tomada para resgatar os turistas. “Sabemos que a igreja é um dos locais mais tradicionais da cidade e foi durante muito tempo o mais visitado; não podemos fazer um planejamento turístico de médio e longo prazo se perdermos o que já temos consolidado”, avalia. Uma das dificuldades que se observa com a mudança do local de estacionamento dos ônibus é que grande parte dos turistas é de idosos, que têm dificuldades para caminhar mais

Divulgação/CR

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CR Caxias do Sul 3

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Templo: pinturas de Locatelli, dentro da igreja de São Pelegrino, motivam visitas de uma quadra, que é a distância que separa a igreja do atual ponto destinado ao embarque e desembarque, na rua Feijó Júnior. Além do estacionamento estar afastado, não há sinalização para orientar os motoristas que chegam de outras cidades e desconhecem o trânsito local. Estacionamento - O pároco de São Pelegrino, padre Leonardo Pereira, também percebeu a redução de turistas na igreja e nos arredores desde as mudanças viárias. “Poderíamos elencar muitas causas, como a crise econômica, que é relevante, mas quando as avenidas Itália e Rio Branco perderam as vagas para estacionamento dos ônibus, houve uma diminuição muito perceptível dos visitantes na igreja. Este é um forte fator que contribuiu com a queda do número de turistas, especialmente grupos”, alega. Padre Leonardo disse que há visitação, porém, esporádica, de tu-

ristas quem vêm com automóvel próprio ou empresários que estão em Caxias a trabalho e aproveitam para passear na igreja. “Em alguns momentos, o estacionamento na avenida Itália chegava ter cinco ônibus estacionados. Na época, se via mais de 40 ônibus trazendo turistas por semana, mas hoje não chega a dez”, recorda. Ana Maria Rostirol, há 13 anos funcionária de um restaurante na avenida Itália, também sente a queda significativa no número de turistas na região “Antes, haviam ônibus estacionados em toda a quadra da avenida Itália entre a Rio Branco e La Salle”, lembra. O comerciante Jean Carlos Trez mantém a tradição da família que há 50 anos trabalha com uma lancheria na avenida Itália. Ele também lamenta que a retirada do estacionamento dos ônibus tenha causado tanto prejuízo para o comércio local, e critica o poder público.

Abre edital do Fiesporte

Central de motoristas e veículos

Operação Centro Legal

Prefeitura lançou o Edital 2017 do Financiamento Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer (Fiesporte). Os projetos podem ser inscritos até 20 de fevereiro, na sede da Smel (Borges de Medeiros, 211). Reuniões orientativas ocorrerão dias 1, 8 e 15 de fevereiro, às 14h. Edital disponível no site esporteelazer.caxias. rs.gov.br, link Fiesporte – Edital 01/2017.

A Central de Motoristas e Veículos da prefeitura funciona desde a segunda 23. Há 16 motoristas e automóveis. A demanda de transporte das secretarias que estão no centro administrativo concentrase nesse setor. Antes, cada secretaria tinha uma frota. Contratos de aluguéis de veículos não foram renovados. A economia é de R$ 1.159.472,97 por ano, além de mais agilidade.

Operação Centro Legal vigora desde a sexta 20, visando a valorização do comércio legal. Guarda Municipal e fiscais atuam de forma permanente no centro de Caxias, das 8h às 18h, de segunda a sábado. Quem estiver na ilegalidade será encaminhado para formalização ou para o Sistema Nacional de Emprego e Câmara dos Dirigentes Lojistas, que tem cadastro de vagas no comércio.

Informe CR

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Os primeiros passos

um dia desses dediquei um tempo para ouvir os detalhados relatos de uma avó encantada com os primeiros passos do netinho. A chegada dessa criança simplesmente transformou a vida familiar. Um ano depois, o menino ensaiou os passos iniciais. Alguns tombos também se sucederam. Entre levanta e cai, o aprendizado deu-se num processo crescente. Tudo foi registrado, através de fotos e vídeos. A tecnologia possibilita que sejam captados ângulos e cenas que não se perderão no tempo. A alegria da avó me contagiou e, ao mesmo tempo, me transportou para além do espaço onde nos encontrávamos naquele momento. Na minha infância não havia tantos meios para registrar possíveis cenas dos primeiros passos. Com certeza as quedas foram incontáveis, mas o desejo de prosseguir em busca da autonomia do deslocamento e dos movimentos sempre foi maior do que os próprios tombos. Entre outros pensamentos, veio em mente principalmente a paciência da mãe no incentivo e no reerguimento. As mães não cansam, quando se trata de observar e atender o desenvolvimento de um filho. Cada passinho é “Não é uma vitória no coração familiar. O ser humano suficiente depende do aprendisaber andar. zado para dar conta da própria existência. As escolhas Os anos vão sendo somados e muitos passos confirmam a são dados, levando para validade ou diferentes direções. Não é suficiente saber andar. não dos As escolhas confirmam caminhos a validade ou não dos caminhos percorridos. percorridos” Além de apoiar nos passos iniciais, a família é capaz de mostrar alguns itinerários que devem ser evitados. Muitos percorrem extensões que em nada ajudam, quando se trata de buscar a realização. A felicidade é uma construção que deve estar no compasso de todos os caminhantes. Ninguém está privado de ser feliz. Algumas decisões, no entanto, podem afastar do insistente e profundo desejo de felicidade. O sorriso no semblante da avó, ao mostrar as façanhas do neto, pode servir de inspiração: a vida é cheia de detalhes. Onde há amor, as emoções acabam tendo formato, tonalidade e naturalmente espontaneidade. Nada é em vão: o primeiro passo, a descoberta do primeiro dente, o balbuciar das primeiras palavras. A vida é, sem dúvida, um dom maravilhoso. O encantamento diante das descobertas de uma criança deveria continuar nas outras fases da vida. Viver é o que existe de melhor. Entre o primeiro e o último passo, as surpresas são muitas e a alegria sempre apontará para o infinito. Venda de veículos novos e seminovos. Nacionais e importados

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# IPHANS

CR Municípios 4

Em defesa da cultura nacional

Aos 80 anos, instituto promove concurso para seleção do emblema do Patrimônio Cultural Brasileiro

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Fotos Divulgação/CR

que têm em comum os municípios de Antônio Prado, no Rio Grande do Sul, São Francisco do Sul, em Santa Catarina, e Foz do Iguaçu, no Paraná? Ambos, por sua arquitetura e pelas belezas naturais únicas – caso do Parque Nacional do Iguaçu – foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 2017 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional completa 80 anos de atuação e, como parte das comemorações, lançou no dia 13 de janeiro edital do concurso nacional para a escolha do Emblema do Patrimônio Cultural Brasileiro. O objetivo da seleção é criar uma identidade visual para os bens do Patrimônio Cultural Brasileiro, valorizando sua condição especial e apoiando sua promoção. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas de 16 de janeiro a 2 de março de 2017. O prêmio para o trabalho vencedor será de R$ 30 mil. Além do emblema, o vencedor deverá desenvolver um Manual de Identidade

São Francisco do Sul (SC): centro histórico, tombado pelo Iphan, em 1987, possui cerca de 400 imóveis Visual e Aplicação. As regras e definições para participação estão disponíveis no edital do concurso. Poderão participar do

concurso apenas pessoas físicas, individualmente, com apenas uma proposta inédita por participante.

Inscrição - Cada participante poderá inscrever apenas uma proposta, a ser enviada uma única vez e sem possibilidade de

Iphan protege 87 conjuntos urbanos e 24 mil sítios arqueológicos

Anúncio - As propostas serão avaliadas por uma comissão julgadora, que será constituída por até nove membros nomeados pela presidente do Iphan. O resultado preliminar do concurso será divulgado no portal do Iphan em meados de maio de 2017. Já o lançamento oficial do emblema está previsto para o dia 17 de agosto de 2017, Dia Nacional do Patrimônio no Brasil.

Tombamento No Brasil existem três níveis de proteção e preservação legais: municipal estadual e nacional. A preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural é feita por meio do tombamento. Com o tombamento o bem fica inscrito no livro tombo e passa a ser de interesse coletivo. Sua preservação fica garantida,pelo Iphan, cuja sede fica em Brasília. O instituto possui escritório técnico em Antonio Prado (foto) - município gaúcho possui um volume expressivo de bens de interesse cultural nacional. O Iphan é responsável por atividades diversas, desde a documentação dos bens de valor cultural até a coordenação de programas para sua preservação, como é o caso do Monumenta.

Reprodução/CR

Defensor da cultura brasileira em seus tesouros edificados, na criatividade aplicada na arte, nos ofícios que se perpetuam, nos costumes e tradições, na história ancestral de seus povos, o Iphan foi criado pela lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937, completando oito décadas de atividade e, além de recordar sua trajetória, projeta os seus próximos 80 anos. Tido como uma das mais longevas instituições públicas brasileiras e a primeira dedicada à preservação do patrimônio cultural na América Latina, a história do Iphan se confunde com a formação cultural do Brasil. O Instituto nasceu como Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) dentro do Ministério da Educação e Saúde Pública. Ao longo de sua trajetória, a política nacional de patrimônio foi expandida e se relaciona hoje com diversos campos como gestão urbana, gestão ambiental, direitos humanos e culturais – atuando desde o poder de polícia até a educação –, formação profissional e pesquisa, e crescente envolvimento internacional. O maior envolvimento do Iphan ressignificou sua existência e ganhou maior capilaridade, estando o Instituto presente em 27 superintendências estaduais, 26 escritórios técnicos, dois par-

alteração. A ficha de inscrição, bem como o edital, estão disponíveis no portal do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (www.iphan.gov.br). O interessado deverá enviá-la para o e-mail emblema.patrimonio@iphan.gov.br, juntamente com os arquivos digitalizados (jpg ou pdf): carteira de identidade e CPF (frente e verso); certidão de quitação eleitoral emitida pelo site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE); a sugestão da marca do Patrimônio Cultural Brasileiro, conforme os requisitos estabelecidos no edital, do próprio Iphan.

Foz do Iguaçu/Paraná: as cataratas e o parque do Iguaçu são também patrimônio da humanidade ques nacionais e cinco unidades especiais. Reconhecimento - Nesses 80 anos de atividade foram protegidos 87 conjuntos urbanos (o que implica em cerca de 80 mil bens em áreas tombadas e 531 mil imóveis em áreas de entor-

no já delimitadas) e três estão sob o tombamento provisório. Nessas áreas, o Instituto atua e investe recursos, além do PAC Cidades Históricas e dos planos de Mobilidade e Acessibilidade Urbana. Além disso, o Iphan tem sob sua proteção 40 bens imateriais

registrados, 1.262 bens materiais tombados, oito terreiros de matrizes africanas, 24 mil sítios arqueológicos cadastrados, mais de um milhão de objetos arrolados (incluindo o acervo museológico), cerca de 250 mil volumes bibliográficos e vasta documentação de arquivo.


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# FOTOGRAFIA

Imagens revelam a beleza do céu na Serra gaúcha

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magens com nuances diferenciadas, fazendo uso do céu como elemento para realçar os cenários registrados. Assim são as fotos do fotógrafo Dandy Marchetti da Rosa, que desnudou a região de Bento Gonçalves. Da ponte do rio das Antas à igreja Santo Antônio, passando por vista da Vila dos Eucaliptos, que contrasta com cenário turístico ao fundo. As imagens ressaltam a coloração e fazem com que se assemelhem a

O arco-íris permanece alguns minutos, então, toda vez que chovia e o céu começava a abrir, o fotógrafo estava preparado. A foto ‘Nuances’ foi feita na Vila dos Eucaliptos. “Uma das paisagem mais bonitas da cidade. Brinco que parece Copacabana, só faltaria o mar! Mas em vez do mar, temos parreiras, história! Destacamos o quanto é belo este cenário com suas nuances”, diz. A foto ‘Tempestade’ exibe a força existente no céu

telas artísticas. A fotos denominada ‘O Céu das Antas’, foi feita sobre o rio do mesmo nome. Curiosidade: para obter o registro, os autores do projeto ficaram em uma pedra, em meio ao rio, das 16h às 20h, com muito calor, mosquito, e claro, sem repelente (foto abaixo). Já a foto ‘Pensando bem, o céu é de todas as cores’ foi realizada no centro de Bento Gonçalves no final do dia. Foram três tentativas para conseguir captá-la.

de Bento Gonçalves. Nela está estampado um minuto e meio de tempestade. Quase dez raios por minuto. Tão fortes que iluminavam o céu. Já a foto ‘Gira-Céu’ foi realizada no Parque dos Escultores, nos Caminhos de Pedra. São duas artes: uma, o homem moldando a natureza (esculturas em pedra); outra, o movimento das estrelas. Foram 143 fotografias com duração de 25 segundos cada para criá-la.

Democrático: o céu e o arco-íris sobre Bento Gonçalves são de todos

Informações

Tempestade: os raios e tempestade exibem quanta força existe no céu

Dandy Marchetti da Rosa é diretor de fotografia, colorista, fotógrafo, professor de viola e compositor. Junto com o irmão Michel Marchetti da Rosa, concebeu a Alba Arte, que realiza exposições. Mais informações: albaarte.com ou pelo telefone (54) 3702-6729.

Fotos Dandy Marchetti da Rosa/Divulgação/CR

CR Municípios 5

Gira-céu: foto foi realizada no Parque dos Escultores, no Caminhos de Pedra


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CR Reportagem 6

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# JUSTIÇA

Violações sob custódia

Pastoral Carcerária denuncia desrespeito aos direitos humanos em meio à crise do sistema penitenciário Agência Brasil/Correio Riograndense

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les erguem as mãos e não conseguem enxergar. Aliás, nem os pés. Nada. O corpo nu deve resistir, às vezes, por 30, 40, 50, 60 dias. Tentam tatear e encontrar as paredes ásperas ou o pequeno buraco no chão que serve de banheiro. Não há cama. O que recobre o chão de cinco metros quadrados é sujeira. Espaço muito quente durante o dia, que é tão escuro ou indecifrável quanto a noite úmida. A “cela de tampão”, também chamada de “solitária”, usada para presos que teriam cometido indisciplina, é apenas uma das violações descritas pela Pastoral Carcerária em visitas regulares recentes de inspeção a cadeias públicas e presídios no país. Eles são jovens (56% têm entre 18 a 29 anos). Eles são negros (67%). Eles deixaram os estudos (59% são analfabetos ou não completaram o ensino fundamental). São pobres e 28% deles se envolveram com tráfico de drogas. Nos espaços superlotados e, principalmente, desumanizados que sobrevivem, aprenderam novas regras, mas não para ressocializar. “Dão uma outra roupa, cortam o cabelo, não escolhem a comida. Retiram a individualidade deles e um dia serão libertados. Mas quem serão eles?”,

Superlotação: no Brasil, 41% dos mais de 607 mil encarcerados estão presos sem condenação, ou seja, provisoriamente questiona padre Valdir Silveira, da Pastoral Carcerária. Os massacres em três presídios brasileiros nas primeiras semanas do ano, no Amazonas, em Roraima e no Rio Grande do Norte, voltaram a expor o caos do siste-

ma penitenciário nacional. Privadas de liberdade e sob a tutela do estado, dezenas de corpos foram encontrados decapitados. No Brasil, segundo os últimos dados do Ministério da Justiça, cerca de 41% das pessoas priva-

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM), Marco Aurélio Choy, aponta que a terceirização, não se mostrou uma saída eficaz para melhorar o sistema penitenciário. “Esses presos vivem em ambientes inóspitos. Desde 2014, temos feito discussões com o governo sobre a superlotação e as políticas de encarceramento”, conta. “Aqui no Compaj (Complexo Anísio Jobim, onde 60 morreram durante rebelião no dia 1º), integrantes das facções não eram separados. Não é possível que os setores de inteligência não sabiam que esse massacre estava para ocorrer”, afirma. Em 2014, depois de inspecionar oito dos 23 estabelecimentos prisionais administrados por empresas privadas em funcionamento no Brasil, a Pastoral Carcerária lançou o relatório “Prisões privatizadas no Brasil em debate”, que recomenda que o processo de privatização seja imediatamente cancelado. Choy destaca que o crescimento da violência na região tem relação com a falta de assistência ao cidadão. Em meio à pobre-

Fotos Marcelo Camargo/ABr/CR

Gestão terceirizada não mostra bons resultados

Manaus (MT): complexo prisional Anísio Jobim tem administração privada

Luto: 60 mortos em rebelião

za, haveria, assim, cooptação pelo crime organizado. “Com a ausência e omissão do estado, esses grupos adentram pela Amazônia, o que forma um verdadeiro corredor para o crime”, afirma. Logo após o massacre do dia 1º, a entidade entrou na Justiça com uma ação pública contra o governo estadual exigindo medidas contra a crise do sistema. “Só sabemos de reuniões ou conversas para construção de novos presídios, mas ninguém fala sobre proteção aos direitos humanos”, diz o advogado.

das de liberdade são presas sem condenação. Em oito estados, havia uma quantidade maior de presos provisórios do que condenados: Sergipe, Maranhão, Bahia, Piauí, Pernambuco, Amazonas, Minas Gerais e Mato Grosso. "Es-

tou acostumando a chamar as unidades prisionais brasileiras como a 'casa do mortos', não só da morte física, mas da morte mental, psicológica, da morte de cidadania, afirma o promotor de justiça Marcellus Ugiette. “A morte da possibilidade de voltar para a sociedade com o convívio que seja útil e que seja diferente", pondera. O Amazonas é uma das seis unidades federativas em que os tribunais de justiça e o governo federal reconhecem que houve aumento da população carcerária em uma década (de 2005 a 2014) em 103%. No mesmo período, enquanto a média de crescimento de presos no país foi de 66%, outros cinco estados viram mais que dobrar a quantidade de detentos: Tocantins (174%), Minas Gerais (163%), Alagoas (117%), Bahia (116%) e Espírito Santo (130%). A explosão dessa população encontra um sistema penitenciário fragilizado, com número crescente de presos provisórios que sequer foram julgados depois de 90 dias de detenção, gestões públicas e também privadas, e ainda conflitos permanentes entre facções. Vários mundos invisíveis cercados de celas, muros e fios elétricos que voltam à tona a cada matança.

Tortura é uma prática comum

“Nas prisões do Norte, há vários complicadores. Tudo é muito quente, úmido e fechado. Condições que causam também um caos à saúde das pessoas sob tutela do estado”, explica o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Valdir Silveira. A cela de tampão foi verificada no Amazonas e em Rondônia. Em Pernambuco, Sergipe e Piauí chama-se solitária. Padre Valdir lamenta porque as denúncias são encaminhadas para o poder público, mas a situação não se altera. “No Amapá ainda encontramos celas de espancamento para castigos físicos, e denunciamos várias vezes”, diz. Ele afirma que a situação no Norte é assustadora. “A tortura é prática comum nas carceragens”, declara. Extorsões, estupros, afogamentos são denúncias correntes nas visitas de entidades ligadas aos direitos humanos. “Nessa política encarcerante, celas superlotadas misturam presos que cometeram diferentes delitos", adverte o presidente OAB-AM, Marco Aurélio Choy. Em carceragens do interior, homens e mulheres dividem prédios, com separação muito próxima. A alimentação é escassa e, por

Denúncia: castigos físicos isso, familiares e religiosos pedem, em cidades como Benjamim Constant, Atalaia do Norte e Tefé, alimentos para os presos. Padre Valdir afirma que a falta de comida também é reclamação na Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista, onde morreram 33 detentos na primeira semana de janeiro. Segundo padre Gianfranco Graziola, coordenador da Região Macro Norte da Pastoral Carcerária, a revolta dos presos pode ser explicada pelas condições de sobrevivência.

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CR Reportagem 7

# JUSTIÇA

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uem trabalha diariamente nos presídios concorda que a situação é de fato “degradante” e “assustadora”. De acordo com o presidente da Federação Nacional de Servidores Penitenciários (Fenaspen), Fernando Anunciação, 15 trabalhadores foram mortos dentro de presídios brasileiros em 2016. “Foram pelo menos 50 ataques contra trabalhadores. É uma das piores profissões no país. Infelizmente, foi preciso acontecer mais uma tragédia desse porte para a sociedade tomar conhecimento da real situação de caos no sistema”, declara. A federação fez denúncias com ofícios, relatórios e requerimentos junto ao Ministério da Justiça, ao Supremo Tribunal Federal, na Procuradoria-Geral da República e até na Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar a superlotação e a falta de estrutura Brasília: servidores pedem a contratação de profissionais aprovados em concursos públicos e melhores condições de trabalho nas centenas de unidades prisioO treinamento para o trabalho aulas, mas sabemos que na maior nais pelo Brasil. Outro problema sados, mas seriam necessários estaria relacionado à falta de ser- mais que o dobro desse número, também seria longe do ideal. parte dos estados não passam de “Temos previstas 400 horas de 100”, afirma. “Os profissionais vidores. Hoje há 90 mil concur- de acordo com a federação.

Fome: alimentação restrita de Caruaru e do Complexo do Curado por serem os mais midiáticos, mas do ponto de vista de superlotação carcerária, sem dúvidas, as unidades de Palmares e de Vitória têm um percentual muito maior, com agravante de ter muito menor possibilidade para isso”, afirma. “O estado é cúmplice das tragédias anunciadas”, declara

Ugiette. O promotor entende que não houve responsabilidade social na política de encarceramento. “Em 2007, quando começou o Pacto pela Vida (programa de segurança estadual), tínhamos 15 mil presos. Hoje, nós temos 32 mil com quase o mesmo número de vagas”, observa. “Isso faz com que as unidades prisionais misturem pessoas que praticaram diferentes tipos de crimes e as exponha ao mundo do tráfico de drogas, tanto dentro das unidades como depois que são liberadas”, explica. Ugiette exemplifica o problema com a história de um detento que estava preso por um crime menor e cumpria quatro anos de pena, mas dentro da cadeia envolveu-se com o tráfico e foi condenado por esse crime que é muito mais grave. “A cadeia é uma ‘escola’ de crime para ele e outras pessoas”, fala. “Não melhoramos absolutamente nada neste período e continuamos com esse viés meramente punitivo, sem possibilidade de reinserção social”, afirma.

concursados ganham um salário em média de R$ 3,5 mil, sendo que os terceirizados recebem ainda menos”, completa. Um dos exemplos dessa vulnerabilidade ocorre em uma das penitenciárias de maior superlotação no país, o Complexo do Curado (o antigo Aníbal Bruno), na cidade do Recife (PE). De acordo com o presidente do sindicato dos agentes em Pernambuco, João Carvalho, são 6.460 presos em três presídios que teriam capacidade para 1.809 pessoas. “Temos 180 agentes que se revezam em plantões de 24 horas. Há apenas 15, mas deveriam ter 80 por turno. Assim, eles ficam confinados na sala de permanência à espera que nada aconteça”, explica. Servidores ainda participam de escoltas armadas de presos para outras cidades e de serviço em guaritas que cercam o complexo. “As armas passam porque hoje não temos condições de estarmos em todas as posições da penitenciária”, diz Carvalho.

Estados pedem auxílio federal O governo do Amazonas aponta que o problema do sistema penitenciário não é isolado, mas de todo o país. O estado pediu a disponibilização temporária de agentes federais de execução penal para garantir o restabelecimento da ordem nos presídios amazonenses, envio de equipamentos eletrônicos de rastreamento de celular e auxílio das Forças Armadas. O governo de Roraima também solicitou apoio da Força Nacional após a morte de 33 pessoas na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. A Justiça em Roraima e no Amazonas ainda decidiu pela soltura de detentos que não ofereciam risco para a população, incluindo presos por não pagarem pensão alimentícia. O governo do Rio Grande do

Norte igualmente pediu ao governo federal o envio de equipes das Forças Armadas para auxiliar as forças locais a inspecionarem o interior dos presídios estaduais. Desde o sábado 14, quando pelo menos 26 presos que cumpriam pena na Penitenciária Estadual de Alcaçuz foram assassinados por outros detentos durante rebelião, unidades prisionais do estado são palco de confrontos e ameaças. O governo de Pernambuco informou que diversas ações para reduzir a superlotação vêm sendo tomadas. “Nos últimos dois anos foram criadas 1.374 novas vagas no sistema prisional. O Complexo de Araçoiaba abrigará 2.754 detentos e desafogará o Complexo do Curado”. informou. Marcelo Camargo/ABr/CR

Apesar dos massacres nas primeiras semanas de 2017 terem chamado a atenção para os presídios, são nas cadeias públicas que está espelhado o caos da política de encarceramento em massa. Segundo informações sobre penitenciárias de todo país, disponibilizadas pelo governo (relativas ao ano de 2014), proporcionalmente, das dez unidades prisionais onde havia maior superlotação, seis eram cadeias (quatro no Ceará) onde ficam normalmente presos provisórios. Em relação aos presídios, entre as dez maiores taxas de ocupação, seis eram no estado de Pernambuco. O promotor de execuções penais de Pernambuco e membro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Marcellus Ugiette, cita que na cadeia de Vitória de Santo Antão (com capacidade para 96 presos, e com mais de 600) e em Palmares (94 vagas e mais de 680 presos), as cadeias se transformaram em presídio sem ter estrutura para isso. “A gente fala

Antônio Cruz/ABr/CR

Cadeias espelham o caos do encarceramento em massa

Marcello Casal/ABr/Correio Riograndense

Agentes penitenciários vivem rotina de assassinatos e ataques

Plano Nacional de Segurança Pública O governo federal publicou na quinta 19, no Diário Oficial da União, decreto que cria a Comissão de Reforma do Sistema Penitenciário Nacional. A comissão é uma das medidas adotadas para conter a atual crise nos presídios. A comissão terá representação dos três poderes e da sociedade civil organizada. O objetivo da comissão é avaliar o sistema atu-

al e acompanhar a implementação do Plano Nacional de Segurança Pública, além de formular propostas para a reforma do sistema penitenciário. Dias antes, o governo já havia anunciado o Plano Nacional de Segurança Pública, que inclui a construção de cinco presídios de segurança máxima no país, criação de 27 núcleos de inteligência

e cronograma de execução de recursos liberados, entre outras medidas. Com o plano, o governo espera reduzir a superlotação dos presídios em 15% em dois anos. O Presidente Michel Temer autorizou a atuação de mil homens das Forças Armadas nos presídios do RN, AM e RR, por um ano.

Força Nacional: agentes fazem guarda no acesso ao Complexo Anísio Jobim (Com informações da Pastoral Carcerária e Agência Brasil)


CORREIO RIOGRANDENSE • Caxias do Sul, 25 de janeiro de 2017

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Por uma nova linguagem inclusiva

MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER

A teóloga é autora de “O mistério e o mundo – Paixão por Deus em tempo de descrença”, Editora Rocco.

N A parte sul da América não conseguiu a pujança de enriquecimento dos irmãos do Norte. Permanece marcada pela pobreza, desigualdade e opressão

o início dos anos 1990, dei uma conferência sobre o papel da mulher na Igreja. A organização pediu que o texto fosse enviado antes e assim o fiz. Recebi-o de volta com a seguinte observação: “Favor usar a linguagem inclusiva”. Atônita fui verificar de que se tratava. E descobri que não se usava mais a expressão “o homem” para designar a humanidade inteira. Recorria-se a expressões como “o homem e a mulher”, “pessoa humana”, “ser humano” etc. Aprendi, na ocasião, o que significava linguagem inclusiva. É a que não exclui uma das partes ao dizer o todo, mas expõe as diferenças, a fim de a tudo incluir. Passei a tomar muito cuidado quando escrevia sobre temas de antropologia teológica ou ciências humanas, usando sempre a linguagem inclusiva. Hoje, mais de vinte anos depois, percebo que a linguagem inclusiva encontrou cidadania e se antes soava estranho dizer “o ser humano” para designar a humanidade, hoje acontece o contrário. Soa estranho, retrógrado e inadequado usar a expressão “o homem” quando se quer referir algo tão cheio de matizes e sutis diferenças como a humanidade. Isso comprova que nossa linguagem é performativa, cria realidade e a configura, fazendo acontecer as coisas que não são para dentro do reinado do ser. Hoje está em curso um outro processo de linguagem inclusiva. Refere-se ao espaço em que habitamos, ao continente em que vivemos, o lado de cá da Terra, que compreende do Alasca

à Patagônia e é o único do mundo que pode ser percorrido inteiramente por terra, sem interrupções. Refiro-me à América, “descoberta” por Cristóvão Colombo em 1492, mas já habitada anteriormente por diversas tribos e nações de imensa riqueza cultural e diversidade linguística. A parte norte do continente, colonizada por ingleses, desenvolveu-se muito, enriqueceu notavelmente, incluindo nesse processo de desenvolvimento o massacre das tribos indígenas, a escravidão dos africanos e o saque a territórios pertencentes a outros países, como o México. A parte sul, denominada “Pátria Grande”, também tem pecados de opressão e colonialismo a confessar, mas não conseguiu a pujança de enriquecimento dos irmãos do Norte. Permanece marcada pela pobreza, desigualdade e opressão. Disso redundou um isolamento da parte norte do continente que passou a autocompreender-se como desligado do sul, assumindo para si apenas o nome que pertencia a todo o conjunto encontrado por Colombo: América. América passou a ser o outro nome dos Estados Unidos, nação grande e poderosa, rica e dominadora, que defende truculentamente suas fronteiras e mantém uma política externa opressiva e temida. Diante de seu potencial bélico e sua agressividade comercial, tremem os povos fracos e os países pobres. O sul do continente teve dupla colonização: espanhola e portuguesa, e os países correspondentes aos diversos vice-reinados receberam nomes diferentes. Cada um deles é

Instruções de aeroporto

A morte nutre o capital Frei Betto é escritor, autor de “O que a vida me ensinou” (Saraiva), entre outros livros

P

ara preservar nossas vidas, os governos proíbem o fumo em locais públicos. Os maços de cigarro exibem estampas horrorosas dos efeitos letais do vício. “Fumar mata!”, adverte o Ministério da Saúde. Há pouco, nos EUA, foi proibido o cigarro eletrônico. Por que, se apenas exala um vapor d’água inodoro e não contém substâncias químicas? Ora, os legisladores entendem que é um mau exemplo. O cigarro virtual pode induzir ao cigarro real... Porém, o mesmo país joga no mercado global filmes Tudo que com cenas de excessiva engorda violência, e nem por isso a lei o capital entende que crimes virtuais gerar assassinatos é proibido podem reais... proibir. De que Dirigir em alta velocidade viveriam as também mata. No Brasil, a funerárias se cada ano, cerca de 45 mil perdem suas vidas as mortes não pessoas no trânsito. No entanto, fossem tão o Ministério das Cidades facilitadas? não exige da indústria automotiva limitar o potencial de velocidade dos veículos. A lei e o Judiciário são condescendentes com essa forma de risco letal. Motoristas que ceifaram vidas sob as rodas de seus carros gozam de boa saúde, plena liberdade e... carteiras de motorista! Ingerir álcool também é prejudicial à saúde. Mas, ao contrário do tabaco, as bebidas alcoólicas têm assegurados propaganda e consumo livres. Sabemos que a agricultura brasileira é a campeã mundial de uso de agrotóxicos. O que se reflete na crescente incidência de câncer em nossa população.

rico cultural e linguisticamente, mas muitas vezes carente de recursos materiais. Seus habitantes têm a autoconsciência de sua identidade em termos de país, mas não a de ser um grande continente, chamado desde o princípio América. O Papa João Paulo II propôs, em 1996, que a Igreja fosse uma só em toda a América. De lá para cá não parece ter havido muitos progressos nesse sentido. O Papa Francisco também fez tentativas em suas visitas ao continente e muito especialmente em seu discurso ao congresso dos EUA, onde defendeu abertamente a causa dos migrantes que entram naquele país atrás do chamado “sonho americano” de prosperidade e melhoria de vida. Creio que deve-se somar a esses esforços de conscientização uma transformação da linguagem. Ao falar, pensar, escrever sobre esta parte do mundo, deve-se usar a grafia América, seguindo a grafia hispânica, que foi a primeira que o continente conheceu e com a qual foi batizado. Assim, paulatinamente, o nome América poderá ir trabalhando as mentes, corações e consciências, no sentido de que os índios guaranis e ianomâmis, os quéchuas e os aymaras, os afro-brasileiros e os latinos migrantes nos EUA são tão americanos como os anglo-saxões. Poderemos, assim, esperar que a linguagem faça seu caminho no imaginário dos povos, incluindo todos em uma mesma denominação. E que se faça verdade o que disse Barack Obama no discurso em que anunciou a retomada das relações com Cuba: “Somos todos americanos”.

FREI BETTO

Contudo, não se proíbe o paradoxo: regar com veneno o alimento de que necessitamos para manter a vida! E certas substâncias químicas vetadas em outros países não são proibidas aqui. O Ministério da Agricultura deveria estampar na embalagem dos alimentos: “Comer é prejudicial à saúde!”. Não se sabe ainda qual é o real efeito dos transgênicos no organismo humano, embora sejam usados em larga escala. Nem mesmo a advertência ao consumidor de que tal alimento contém transgênico obtém a proteção da lei. Por que dialogamos tão descaradamente com a morte? Primeiro, porque dá lucro, e a acumulação do capital rege o mercado que, por sua vez, dirige a economia, à qual se submete a política. Segundo, porque o risco de vida passou a figurar na pauta do mercado. Dá dinheiro. Vide Fórmula 1, lutas de MMA e certos esportes radicais, como base jump, sky surfing e o wing walking. À adrenalina dos esportistas se soma à do público, excitado como crianças no circo ao observar volteios de motos no globo da morte. As drogas são proibidas por tornarem seus usuários irresponsáveis. As bebidas alcoólicas, ingeridas em grande quantidade, produzem o mesmo efeito. Atrás do volante, o motorista se torna um potencial suicida ou assassino. Ou as duas coisas. A Lei Seca tenta reduzir o abuso. Porém, não se tem notícia de motoristas provocarem acidente por fumar ao volante. Por que essa política de dois pesos e duas medidas? E as motos? São 12 mil mortos em acidentes de moto a cada ano no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, tais acidentes são responsáveis pelo aumento de 115% em internações em hospitais públicos! Ora, tudo que engorda o capital é proibido proibir. De que viveriam as funerárias se as mortes não fossem tão facilitadas?

Escritor, compositor e intérprete de músicas.

A

lgumas pessoas são confiáveis como vozes de aeroporto. Isto é: não são. O que elas dizem não merece crédito. Espere por outras instruções, porque as primeiras raramente valem. Há o lado ruim e o lado bom. Pelo que há de bom acho que devo agradecer quem dá aquelas instruções atabalhoadas porque graças a elas tenho caminhado cerca de dois Talvez seja quilômetros por hora de voo, e de mala voltarmos à na mão. Pratico, assim, um sadio catequese e halterofilismo. deixarmos o Quem viajar achismo que de avião com tomou conta frequência e de alguns semanal embarcar no púlpitos e aeroporto de mídias Congonhas religiosas certamente não levará vida sedentária. O que isso tem a ver com religião? É que as pessoas dependem daquelas vozes de aeroporto para subir aos céus num avião e muitas vezes são obrigadas a correr como baratas tontas de um lado para outro por falta de melhores instruções. Reina a desinformação. Não é muito diferente com as igrejas que chamam o povo para

PE. ZEZINHO passar pelos seus templos se quer ir para o céu. Lá, supostamente os fiéis receberão as instruções. Mas também lá, a depender do pregador e da linha vigente na igreja ou no templo, como baratas tontas os fiéis não sabem o que é certo ou errado porque um pregador diz uma coisa e outro diz outra; um interpreta de um jeito e outro de outro. Basta ligar o rádio e a televisão para ver o que as igrejas ensinam em nome do cristianismo. Jesus falou, Jesus mandou, Jesus me disse, Jesus não quer, Jesus quer... Nunca se sabe qual a porta de acesso a Jesus porque cada pregador tem uma chave! Estamos muito longe da unidade no essencial. Não há unidade na pregação. Depois fica difícil explicar ao fiel que seguiu aquele pregador que São Paulo não disse aquilo daquele jeito, que isto é pecado e aquilo não é e que, quando alguém peca, não enfia mais um espinho na cabeça de Jesus, nem que orar em línguas é sinal de maturidade na fé. Alguém inventa e depois não há quem tire a ideia da cabeça do fiel mal instruído pela voz não se sabe de quem... Talvez seja hora de voltarmos à catequese e abandonarmos o achismo que tomou conta de alguns púlpitos e mídias religiosas.


CORREIO RIOGRANDENSE • Caxias do Sul, 25 de janeiro de 2017

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Panorama geral

Cármen decide o futuro

Presidente do STF conduz escolha de relator, após morte de Zavascki José Cruz/ABr/CR

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futuro da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção envolvendo políticos e empresários, está nas mãos da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. Com a morte do então relator do processo, ministro Teori Zavascki, na quinta 19, vítima de acidente aéreo, cabe à presidente do STF definir qual ministro assumirá a relatoria do processo, em substituição à Zavascki. Cármen Lúcia tem pelo menos três alternativas, com base nos regimentos do STF. Uma opção é sortear o novo responsável entre os integrantes da 2ª turma do STF, onde tramita a Lava Jato. Aí figuram os ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Outra alternativa seria fazer o sorteio entre todos os membros da Corte, considerando que algumas autoridades sob suspeita (incluindo o presidente Michel Temer) só poderiam ser julgadas por todos os ministros, pois têm foro privilegiado. Nessa hipótese, Cármen Lúcia fica de fora, pois, por ser presidente, não pode acumular relatorias. A terceira possibilidade é chegar a uma decisão por consenso. Até o fechamento desta edição do CR, na segunda 23, a presidente do STF não havia

Zawascki: morto em acidente aéreo sinalizado qual caminho adotará. Já a indicação de um novo ministro para ocupar a cadeira deixada por Teori Zavascki cabe ao presidente da República Michel Temer. No entanto, ele garantiu que só indicará o substituto depois que a Corte definir o novo relator da Lava Jato. Nos últimos meses, Zavascki havia analisado mais de 800 depoimentos de 77 delatores, executivos da Odebrecht, que revelaram atos de corrupção ou caixa 2 de 229 políticos. Havia a expectativa de que a homologação das delações premiadas saísse

em fevereiro. Além disso, mais de 5,3 mil processos tramitavam no gabinete do ministro. Óbito - Teori Zavascki morreu aos 68 anos. Ele já era viúvo e deixou três filhos. O avião em que ele viajava caiu no mar de Paraty, na Costa Verde do Rio de Janeiro. O avião, um bimotor, saiu de São Paulo (SP) e caiu a dois quilômetros de distância da cabeceira da pista. Na hora do acidente, chovia forte em Paraty e a região estava em estágio de atenção. O corpo foi velado e sepultado em Porto Alegre, no Cemitério Jardim da Paz. Outras três pessoas estavam a bordo e também morreram: Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, empresário; Osmar Rodrigues, piloto do avião; Maira Lidiane Panas Helatczuk, massoterapeuta de Filgueiras; e Maria Ilda Panas, mãe de Maira. A Justiça decretou sigilo das investigações sobre a queda do avião. Membro do STF desde 2012, Teori Zavascki foi nomeado pela então presidente Dilma Rousseff. O ministro nasceu na cidade de Faxinal dos Guedes (SC). Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, construiu sua carreira jurídica e tinha residência e família em Porto Alegre.

# NÃO-ME-TOQUE Não-Me-Toque está investindo em educação e reconhecendo a dedicação de um trabalhador educacional. Por isso, o colégio, em obras no bairro Vila Nova, leva o nome de Escola de Ensino Fundamental Professor Iraldo Ângelo Borghetti. O nome partiu da proposta do vereador Valdir Alberi Kirst. Em dezembro, a prefeita Teodora Lütkemeyer, acompanhada de outras autoridades municipais, recebeu familiares do professor Borghetti (foto), falecido em julho de 2014. “Homenagear um professor que tanto fez pela educação dos nossos jovens, denominando a maior escola já construída em Não-Me-

Divulgação/CR

Professor Iraldo Ângelo Borghetti é homenageado

-Toque, é uma forma de reconhecimento a quem tanto fez por amor à profissão e ao dom de ensinar”, destacou a prefeita. Orlanda Borghetti falou em nome da família. “Registro nossa alegria pela bela homenagem a quem tanto amou

a educação e dedicou sua vida na formação de alunos”, declarou. Orçada de R$ 3,54 milhões, o prédio terá 12 salas. Os recursos são provenientes do Ministério da Educação e atendem ao projeto elaborado pela administração.

Loterias LOTERIA FEDERAL 21/01/2017 1º .............................15.871 2º .............................01.919 3º .............................21.189 4º .............................28.127 5º .............................46.958

QUINA Concurso 4286 22 – 25 – 46 – 70 – 73 Concurso 4287 37 – 39 – 46 – 54 – 70 Concurso 4288 40 – 48 – 49 – 74 – 79

Concurso 4289 23 – 34 – 43 – 68 – 69 Concurso 4290 15 – 22 – 25 – 26 – 28 Concurso 4291 09 – 41 – 51 – 70 – 80 LOTOFÁCIL

marcelino@jornalcr.com.br

Senai-RS completa 75 anos de fundação O Serviço Nacional de Apren- quanto pelos cursos em educadizagem Industrial (Senai-RS) ção à distância. Criado no dia 22 está completando 75 anos de de janeiro de 1942, o Senai-RS criação. Para marcar a data, quer cumpre sua missão de capacitar expandir seus serviços por meio trabalhadores para a indústria e da mobilidade e virtualidade, apoias as empresas por meio de tanto pelas unidades móveis serviços técnicos e tecnológicos. Div/CR

# OPERAÇÃO LAVA JATO

Caxias do Sul: Instituto Senai de Mecatrônica, próximo à UCS Meta é ampliar a oferta de serviços “Nosso objetivo é ampliar do instituto. Neste sentido, no ainda mais a oferta de serviços dia 9 de fevereiro haverá a Jore contribuir para o crescimento nada da Educação Senai, que e o aumento da competitivi- reunirá cerca de 700 docentes dade da indústria”, destaca o da instituição para debater os diretor regional do Senai-RS, dez princípios da metodologia. Carlos Trein. A consolidação Evento será realizado no Teatro da metodologia Senai de Edu- do Sesi, na cidade de Porto Alecação Profissional é outra meta gre - RS. Instituição conta com 122 pontos de atendimento Em 2016, o Senai-RS regis- São 122 pontos de atendimento, trou 150 mil matrículas diretas e entre escolas, institutos, postos e indiretas, entre cursos técnicos, unidades móveis”, ressalta Trein. aprendizagem e qualificação Ele informa que este ano serão profissional e 9 mil atendimen- inaugurados 2 institutos Senai de tos em Serviços de Tecnologia e inovação – Polimentos e SoluInovação, sendo 2,5 mil clientes ções Integradas em Mecatrônica, e 160 mil horas técnicas em STI. ambos em São Leopoldo. Nova Petrópolis prepara a 28ª Festimalha Maior feira de moda tricot do Sul do Brasil, a 28ª Festimalha ocorre em Nova Petrópolis, o jardim da Serra Gaúcha, de 20 de abril a 28 de maio, de quintas a domingos. Dos 62 expositores, 47 são malharias, todas de Nova Petrópolis. Na edição de 2016, apesar da crise, as vendas e o público bateram recorde. A feira foi visitada por 106 mil pessoas de 390 municípios gaúchos e 20 estados brasileiros, e a venda atingiu 450 mil peças, 15% mais que em relação a Feira: produção local é destaque 2015. Sul/inadimplentes Agronegócio gaúcho Os estados do Rio Grande do As exportações do agroneSul, Santa Catarina e Paraná, gócio do Rio Grande do Sul que formam a região Sul, termi- atingiram US$ 11,042 bilhões naram o ano de 2016 com quase em 2016, retração de 5,07% na oito milhões de consumidores comparação com o ano anterior. inadimplentes. Ou seja, cerca O volume comercializado tamde 35,8% da população adulta bém recuou 8,1%, conforme possui algum tipo de pendência Relatório do Comércio Exterior financeira. No país, são 58,3 do Agronegócio do RS, divulmilhões de inadimplentes. gado pela Farsul.

Concurso 1462 01 – 03 – 04 – 05 – 07 09 – 12 – 13 – 14 – 16 17 – 20 – 21 – 24 – 25 Concurso 1463 03 – 04 – 06 – 07 – 10 11 – 13 – 14 – 15 – 17

Mauro Stoffel/Div/CR

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19 – 20 – 22 – 23 – 24 Concurso 1464 01 – 04 – 09 – 10 – 11 12 – 13 – 14 – 15 – 16 17 – 18 – 22 – 23 – 24

MEGA-SENA Concurso 1895

02 – 03 – 05 – 10 – 15 – 34 Concurso 1896 03 – 06 – 14 – 15 – 21 – 25 LOTOMANIA Concurso 1729 03 – 06 – 07 – 10 – 14 – 16 – 22 27 – 29 – 31 – 34 – 37 – 39 – 43 55 – 56 – 61 – 64 – 74 – 96


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# CHAPADA DOS VEADEIROS

Novos horizontes para o parque Impasse com o governo de Goiás ameaça ampliação da unidade de conservação Fotos Marcelo Camargo/ABr/Correio Riograndense

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a rodovia GO-118, que liga Brasília a Alto Paraíso de Goiás, a paisagem denuncia o avanço do agronegócio sobre o Cerrado, com lavouras de soja que alcançam a linha do horizonte. A região, uma das últimas fronteiras agrícolas de Goiás, abriga uma das mais importantes formações do bioma, a Chapada dos Veadeiros, reconhecida em 2001 como Patrimônio Natural da Humanidade. Às vésperas de completar 56 anos, o parque nacional criado para proteger a Chapada dos Veadeiros enfrenta um impasse para ampliar sua área de abrangência, que pode garantir a sobrevivência de quase 50 espécies ameaçadas de extinção e preservar formações do Cerrado até agora sem nenhuma proteção, como as matas secas. Criado em 1961 com 625 mil hectares, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros sofreu sucessivas reduções de tamanho, até chegar aos 65 mil hectares atuais, cerca de 10% da área ori-

Alto Paraíso de Goiás: Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Patrimônio Natural da Humanidade desde 2001 ginal. Em 2001, a ampliação para 240 mil hectares chegou a ser decretada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por falhas no pro-

cesso e pela não realização de audiências públicas, previstas na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que entrou em vigor em 2000.

Proposta amplia área para 222 mil hectares

Após um processo que levou mais de cinco anos, entre estudos, consultorias, audiências e negociação política, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – responsável pela gestão das unidades de conservação federais – chegou a uma proposta que aumenta o parque dos Veadeiros de 65 mil hectares para 222 mil hectares, em área contígua, garantindo a implantação de corredores ecológicos e a manutenção do habitat de grandes mamíferos, que precisam de amplas extensões. A proposta foi repassada a representantes dos governos federal, de Goiás e de Alto Paraíso, de entidades ligadas ao agronegócio e da sociedade civil. O texto do decreto de ampliação está na Casa Civil para ser assinado pelo presidente Michel Temer. No entanto, dia 29 de novembro, a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos de Goiás divulgou uma contraproposta do governo estadual que exclui da ampliação do parque todas as terras que ainda dependem de regularização fundiária. Sem essas áreas, apenas 90 mil hectares poderiam ser anexados ao parque, em um desenho descontínuo, com buracos na unidade de conservação. O principal argumento é que a desapropriação das áreas pela

Agronegócio: plantação de soja em Alto Paraíso de Goiás avança sobre o Cerrado União nas terras não tituladas vai prejudicar as famílias que vivem na faixa a ser anexada. Sem título de propriedade, os posseiros não têm direito à indenização pela terra, apenas pelas benfeitorias, como sede das fazendas, currais e demais estruturas. Segundo Rogério Rocha, do governo estadual, das cerca de 500 propriedades da área de provável expansão do parque, 230 não têm posse definitiva, a maioria de pequenos produtores. Ambientalistas, no entanto, apontam que interesses de grandes proprietários rurais e até do setor da mineração orientaram a contraproposta estadual. O governo goiano nega. A contraproposta do governo goiano não agradou o agronegócio do estado. O vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente

da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Marcelo Lessa, diz que a alternativa do governo estadual apenas ameniza os prejuízos dos produtores com a nova demarcação.“Nossa preocupação é com o direito de propriedade dos que estão inseridos na área de ampliação. Em nenhum momento a federação se posicionou contrária à ampliação, mas tem que haver segurança jurídica”. De acordo com Rocha, a estimativa é que a regularização fundiária pendente na região de ampliação do parque leve de sete a oito meses para ser concluída e, em seguida, Goiás daria a anuência para que a União leve a cabo a proposta original de dar à unidade de conservação os 222 mil hectares propostos inicialmente. Até agora, o impasse continua!

Agora, uma nova chance de rever a redução da área preservada esbarra em um impasse com o governo de Goiás, que precisa dar o aval para a ampliação da unidade pela União. “O Cerrado vem per-

dendo rapidamente sua cobertura vegetal. Proteger essas novas áreas na Chapada e integrá-las ao parque vai ajudar a assegurar o futuro desse bioma. O momento é de seguir adiante e garantir esse último naco de Cerrado do Brasil Central”, defende o professor e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Reuber Brandão, que considera a ampliação do parque uma “escolha civilizatória”. O chefe do parque, o analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Fernando Tatagiba, lista os riscos da desfiguração da abrangência da unidade federal. “O que está em jogo é a conservação de uma área de extrema relevância para a preservação da biodiversidade. O que está em jogo é a proteção de um ecossistema que hoje não está protegido pelos limites atuais do parque, e está em jogo o estabelecimento de uma extensão para o parque nacional que é adequada para a conservação de espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção.”

Comunidade está mal informada

Na feirinha de sábado de Alto Paraíso de Goiás, principal município da região da Chapada dos Veadeiros, no nordeste do estado, a ampliação do parque nacional que protege o ecossistema é assunto corrente entre moradores e turistas. Em meio a barracas que vendem produtos típicos do Cerrado, o aumento da área de conservação federal é visto com simpatia pela maioria, mas também é motivo de preocupação, principalmente entre os que produzem em áreas no entorno do território atualmente protegido. Algumas áreas terão de ser desapropriadas para dar lugar ao novo desenho do parque, e, como o processo e os valores das indenizações ainda não estão definidos, a expectativa gera insegurança em alguns moradores, como a agricultora familiar Conceição Moura Santos, do povoado do Moinho, vizinho ao Parque. “Lá no Moinho ninguém

Conceição: agricultora familiar

Paisagem: Mirante do Carrossel nunca foi, o que a gente fica sabendo é pelo rádio, pelo que as pessoas comentam, por isso a gente fica meio insegura”, desabafa. O povoado do Moinho não está incluído na proposta federal de ampliação da unidade de conservação. “Acho interessante a proposta desde que tomem cuidado com aqueles que tiram dali o seu sustento”, destaca o produtor de orgânicos Rodrigo Machado que vive e planta aos pés do Morro da Baleia, um dos principais cartões-postais da unidade de conservação. A proposta de ampliação do ICMBio leva o limite do parque até a base do Morro da Baleia, mas sem incluir as chácaras produtivas, segundo o chefe do parque, Fernando Tatagiba.


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Fauna -A lista de animais ameaçados de extinção identificados na área também inclui a onça-pintada (Panthera onca), o socó boi jararaca (Tigrisoma fasciatum), a águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus), o cachorro do mato vinagre (Speothos venaticus) e duas espécies símbolo do Cerrado: o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Para a flora, a ampliação do par-

Tamanduá-bandeira: símbolo do Cerrado

Insetos: abundantes na Chapada

que vai garantir a conservação de formações vegetais do Cerrado até agora desprotegidas, como a mata seca, predominante na região do Pouso Alto, a mais alta do Planalto Central, hoje fora dos limites oficias do parque. Além dessa, mais oito formações vegetais do bioma fazem parte do novo desenho da unidade: matas de galeria, cerradão, cerrado sentido restrito, parque cerrado, vereda, campo sujo, campo limpo e campo rupestre. Segundo especialistas em Cerra-

do, pelas características do bioma, a demarcação fragmentada das áreas a serem protegidas não garante o grau de preservação que cabe a uma unidade de conservação de proteção integral. Além disso, o modelo de “peneira”, com áreas não protegidas no interior do parque, inviabiliza a sobrevivência de algumas espécies ameaçadas, como a onça-pintada e o lobo-guará, que precisam de áreas extensas para suas atividades e reprodução, explica Mercedes.

Números Visitantes: 59.209 (jan-nov 2016) Projetos: 467 (2008-2016) Recursos: R$ 70 milhões (movimentados na economia local em 2015) Sementes: 12 toneladas (coletadas para restauração ambiental)

Reuber Brandão: pesquisador tuições. "O estado de Goiás nunca foi contra a ampliação, mas tem que ser feita com responsabilidade social. Não podemos garantir abstratamente ou juridicamente a proteção de uma área e esquecer de 230 famílias que vivem ali”, argumenta

Rogério Rocha, representante do governo estadual. Além disso, a intenção do governo de Goiás, segundo ele, é criar na região do parque a Estação Ecológica Nova Roma, um tipo de unidade de conservação de uso ainda mais restrito que um parque nacional. “É uma área com nível máximo de proteção. São 7 mil hectares só para pesquisa, e pesquisa com autorização. Isso está no meio do parque”, pondera.

Já o pato-mergulhão precisa de águas cristalinas para capturar seu alimento diretamente dos rios. Se os cursos d´água são afetados pela atividade agropecuária, instalação de pequenas centrais hidrelétricas ou até pela mineração, o bicho não consegue sobreviver e desaparece. Segundo a pesquisadora, o patomergulhão é reconhecido inclusive como espécie bioindicadora, ou seja, a presença dele em uma determinada área revela um bom estado de preservação do ambiente, justa-

mente o que está em risco na região da Chapada dos Veadeiros neste momento. “A proposta [do governo de Goiás] é como uma colcha de retalhos, é uma fragmentação tão grande do sistema que não melhora as condições atuais. Não tem valor científico, não foram levados em conta, nesta proposta, os critérios de biodiversidade”, diz a especialista em pato-mergulhão Gislaine Disconzi, coordenadora do Censo Neotropical de Aves Aquáticas no Brasil.

Unidade protege os recursos hídricos A conservação dos recursos hídricos, que dão ao Cerrado a fama de “caixa d'água do Brasil”, pela quantidade e importância das nascentes do bioma, também pode ganhar fôlego com os novos limites do parque nacional, beneficiando atividades como o ecoturismo com foco nas belas cachoeiras e até a agropecuária, essencial para Goiás. “A ampliação vai proteger centenas de nascentes que abastecem os rios da região, garantindo água inclusive para o agronegócio. Os rios que nascem na Chapada também alimentam a Bacia Amazônica”, lembra Reuber Brandão. O rio Preto, por exemplo, cuja nascente hoje está fora da área de proteção no parque, deságua no rio Tocantins, braço da Bacia Araguaia-Tocantins, uma das mais importantes do Brasil. Por causa do impacto direto das mudanças da cobertura vegetal no regime de chuvas do Cerrado, o

gestor ambiental da Fundação O Boticário, Danilo Tenfen, diz que o impacto da decisão de não proteger determinadas áreas vai muito além dos efeitos sobre a fauna e a flora. “Acima de tudo, a espécie mais vulnerável na verdade é a nossa, porque a não proteção de áreas significa devastação e desflorestamento. Converter esses ambientes naturais, florestas e fitofisionomias em plantações, monoculturas extensivas e pastos vai modificar o clima, o ciclo hidrológico e quem é mais afetado? ”, questiona. A pesquisadora e professora da UnB Mercedes Bustamante destaca que, por causa das mudanças climáticas, “as áreas de altitude estão entre as mais vulneráveis e devem ter sua proteção priorizada”, como é o caso de parte da Chapada dos Veadeiros, que chega aos 1,6 mil metros de altitude em alguns pontos ainda não abarcados pelo parque nacional.

Divulgação/CR

Pato-mergulhão: restam 200 no mundo

Lobo-guará: ameaçado de extinção

Região tem potencial para novos achados científicos

Responsável pela descoberta de 11 espécies de anfíbios, nove delas na área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o professor e pesquisador Reuber Brandão destaca o potencial de novos achados científicos na região, atividade que pode ser estimulada com a decretação da nova área do parque, ampliada em 157 mil hectares. Sua última descoberta ocorreu em novembro passado: uma rã, ainda não batizada, encontrada na Reserva Natural Serra do Tombador, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) localizada a aproximadamente 20 quilômetros do parque federal. Em 2015, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros recebeu 136 projetos de pesquisa, quase dez vezes mais do que em 2008. Considerando 2016, o total de pesquisas na unidade de conservação nos últimos nove anos chega a 467, procedentes de 38 diferentes insti-

Cacto: espécie típica da região

Fotos Marcelo Camargo/ABr/CR

Candombá: planta comum na região Divulgação/CR

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simpático pato mergulhão, de penacho na cabeça e bico longo e serrilhado para capturar peixes diretamente dentro d'água, tem apenas 200 exemplares em todo o mundo, 70 deles na região na Chapada dos Veadeiros, de acordo com o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em ecologia Reuber Brandão. Considerado uma das dez aves aquáticas mais ameaçadas do planeta, o pato-mergulhão está na lista das 32 espécies da fauna e 17 da flora que podem ser extintas caso a ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros não seja feita de acordo com a proposta formulada pelo Ministério do Meio Ambiente, contestada pelo governo de Goiás. Apesar de não ser a maior unidade de conservação do Cerrado, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros tem uma importância estratégica para a proteção da região, segundo a pesquisadora e professora do Departamento de Ecologia da UnB Mercedes Bustamante. “O parque é extremamente importante para a região e para o bioma por tratar-se de áreas de Cerrado de altitude com endemismos (representantes de flora e fauna restritos a essa região) significativos”, destaca.

Divulgação/CR

Ampliação pode proteger 50 espécies ameaçadas


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CR Agricultura 12

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# AGRONEGÓCIO

Desafios do setor persistem

Mesmo diante da supersafra, agricultores voltados ao mercado interno vão enfrentar mais dificuldades

Keyle Barbosa Menezes/Divulgação/CR

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Sinop, Mato Grosso: impulsionado pela produtividade e pelo clima, que está favorável, Brasil deverá colher 215 milhões de toneladas de grãos, crescimento de 15% em relação ao ano anterior

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Brasil deverá colher uma supersafra de 215 milhões de toneladas de grãos, crescimento de 15% em relação à 2016. Se tudo se confirmar, o ano será bom para a agricultura. Ao menos dentro da porteira. A produtividade foi recuperada e o clima está favorável. As incertezas vêm de fora. Analistas dizem que 2017 será de volatilidade nos preços externos (provocada, boa parte, pelo comportamento dos fundos de investimentos) e, consequentemente, nos internos. Esse ano também pode ser marcado pela volta do protecionismo impulsionado pelas políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Além disso, os estoques mundiais estão elevados, podendo

ainda, gastou mais com as importações desses itens. Nas importações, cresceram os gastos com produtos básicos, como o trigo, cujos gastos foram para US$ 1,34 bilhão, 9,8% mais do que no ano anterior. O pano de fundo desse cenário são a seca e a recessão internas. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que as importações de alimentos e de grãos subiram para US$ 11 bilhões no último ano, 16% mais do que em 2015. Já as exportações recuaram para US$ 69,6 bilhões no mesmo período, 8% menos. A importação de leite acelerou os gastos dos brasileiros. Importações – O Brasil per- O mercado interno, abastecido deu receitas nas exportações de principalmente pelo Mercosul, alimentos e grãos em 2016, pior desembolsou US$ 661 milhões, achatar o preço das commodities. Internamente, haverá escassez de crédito e o custo do dinheiro é elevado. Portanto, será um período que pode ser rentável, mas vai exigir muita atenção, principalmente na hora de negociar. Os agricultores voltados ao mercado nacional, como os do feijão, vão passar por angústias, devido à recessão econômica e às quedas da renda e da demanda interna – quão longe vai o desemprego?. Há ainda o problema político e as questões da demarcação de terras indígenas e da abertura do mercado para o capital estrangeiro.

54% mais do que em 2015. Outro item de peso nas importações foi o alho. O Brasil comprou 173 mil toneladas, com gastos de US$ 329 milhões. O dispêndio teve evolução de 87% no ano. Empregos - São cerca de 19 milhões de pessoas ocupadas no agronegócio brasileiro, com destaque para o segmento primário (dentro da porteira), com 9,09 milhões de trabalhadores ou quase metade do total. Agroindústria e serviços empregam, respectivamente, 4,12 milhões e 5,67 milhões de pessoas, enquanto, no segmento de insumos do agronegócio, estão outras 227,9 mil pessoas. Esses números, levantado pelo Centro de Estudos Avançados

VESTIBULAR QUEM FAZ UCS TEM LUZ PRÓPRIA

em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, referem-se ao ano de 2015 (dados mais recentes) e não incluem os trabalhadores que produzem exclusivamente para próprio consumo. No segmento primário agrícola destaca-se a quantidade expressiva de pessoas ocupadas no grupo “outras lavouras”, de 2,9 milhões de trabalhadores, correspondentes à metade do total de empregados, de 5,9 milhões. Outros 16% estão ligados a atividades com grãos e 12%, com café. No segmento primário da pecuária, por sua vez, a bovinocultura, de corte e leite, predomina no que diz respeito à quantidade de pessoas ocupadas, participando com 65% do total, de 3,16 milhões de trabalhadores.


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CR Agricultura 13

# UVAS

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pesar de ser também conhecida como moscato italiano, a moscato branco, cultivar referência da Indicação de Procedência Farroupilha para vinhos finos moscatéis, não apresenta identidade com nenhuma das centenas de cultivares de uvas aromáticas moscatos descritas na viticultura italiana. Segundo registros apresentados pela pesquisadora e coordenadora do Programa de Melhoramento Genético da Uva da Embrapa Uva e Vinho, Patrícia Ritschel, durante seminário técnico sobre a cultivar, no dia 10 de janeiro, em Bento Gonçalves (RS), a moscato branco já estava presente na Serra gaúcha em 1932, quando foi introduzida na coleção da antiga Estação Enológica para multiplicação e distribuição para os viticultores. Estudos auxiliaram na caracterização molecular por meio de testes de DNA, que confirmam que ela tem identidade e não é mistura de materiais. Também, por meio da ampelografia (análise morfológica das diversas partes da videira, como os brotos, as folhas, os cachos e as bagas), chegou-se à conclusão de que são fortes os indícios de que a moscato branco, que responde por cerca de 50% do volume de produção das uvas moscateis

Rovana Del Salvio/Divulgação/CR

Embrapa indica a cultivar moscato branco

Cultivo: Farroupilha responde por mais de 50% do plantio da uva moscatel no Brasil do país, só é cultivada comercialmente no Brasil. A próxima etapa é compará-la a cultivares do tipo moscato mantidas em coleções de outros países, o que deve resultar na prova definitiva do cultivo exclusivo em solo brasileiro. A pesquisadora Patrícia Ritschel também apresentou caracterização dessa cultivar, com o objetivo de identificar clones de valor agronômico e enológico. De acordo com Mauro Zanus,

chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, a produção da cultivar moscato é grande oportunidade para o setor. “Podemos diferenciar o vinho brasileiro e resgatar variedades históricas, como é o caso da moscato branco. Vamos fazer vinhos diferentes com variedades diferentes”, propôs. Na avaliação do agrônomo e consultor Valdemir Bellé, o trabalho que vem sendo feito é importante para a vitivinicultura. “A cultivar é histórica na região e

fazer o seu resgate, a limpeza, a identificação e a caracterização das cultivares e dos clones relacionados ao moscato e do polo produtor de Farroupilha são fundamentais para o seu uso e sua potencialidade em relação aos espumantes moscatéis”, avalia. Fabiano Fávero, produtor de uva moscato em Farroupilha, ficou entusiasmado ao falar sobre as ações apresentadas, pois não imaginava que a Embrapa estivesse fazendo um trabalho

# BENTO GONÇALVES Grandes nomes da pesquisa sobre os benefícios da uva e seus derivados estarão no III Simpósio Internacional Vinho e Saúde, que ocorre de 1º a 3 de junho, na Casa das Artes, em Bento Gonçalves (RS). As pesquisas inéditas podem ser apresentadas. As selecionadas serão publicadas em revista científica. As melhores serão premiadas. A biomédica Caroline Dani, presidente da comissão científica do simpósio, antecipa que as palestras vão abordar os benefícios da uva e seus derivados para a saúde, incluindo ganhos na prática de exercícios físicos, para a memória, para o coração, na prevenção do câncer e como aliado na perda de peso. No simpósio, que ocorre paralelo à programação do Dia do Vinho, serão discutidos os benefícios obtidos a partir do consumo de outros derivados da uva, como óleos, extratos e farinhas de sementes e cascas da fruta. Para o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Alexandre Hoffmann, o evento será importante por ampliar a rede de parceria entre as instituições de pesquisa, para aumentar o inte-

Jeferson Soldi/Divulgação/CR

ABE prepara o III Simpósio Internacional do Vinho e Saúde

Pesquisas: palestrantes vão debater benefícios da uva e derivados

resse da sociedade pelo tema. “A escolha das cultivares, o manejo adequado e as formas de vinificação que extraiam ao máximo as propriedades da uva são preocupações que repercutem nas demais áreas de pesquisa”, diz. Já o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Edegar Scortegagna, justifica o apoio da entidade ao evento por fomentar e ampliar os estudos sobre os efeitos benéficos da bebida para a saúde do ser humano. “Os enólogos, com as diferentes técnicas de vinificações, podem, inclusive, colaborar ainda mais para otimizar o poder benéfico dos vinhos”, acredita. Inscrições - As inscrições para a submissão de trabalhos abriram dia 20 de janeiro de 2017. Já as matrículas para a participação no encontro abrem no dia 20 de fevereiro. Ambas devem ser feitas pelo site www.simposiovinhoesaude.com.br . Até o dia 20 de março, o valor para a participação varia de R$ 70 (estudantes) a R$ 200 (profissionais da saúde). Para profissionais do setor vitivinícola o investimento é de R$ 150.

tão completo. “É uma esperança para nós produtores. Achei interessante a parte de limpeza do material”, observa. Paulo Adolfo Tesser, produtor de uvas moscato e engenheiro agrônomo da Cooperativa São João, uma das vinícolas associadas à Afavin, falou sobre a grande importância da cultivar no RS e em Farroupilha. Atrativos - Em termos de produção, é a uva que mais produz e que mais cresceu em área nos últimos 10 anos; sua produção é direcionada para espumante e vinhos aromáticos. “Alta produtividade, brotação tardia (o quê a faz escapar das geadas primaveris), boa procura no mercado e preço variado são os maiores atrativos”, resume Tesser Também foi parte do evento a apresentação sobre a limpeza fitossanitária, ou seja, a retirada de vírus e outros microrganismos que podem prejudicar a produção das tradicionais cultivares moscato coletadas na Serra, pela equipe do Laboratório de Cultura de Tecidos, com a coordenação da pesquisadora Vera Quecini. O coordenador do Programa de Mudas de Qualidade Superior, o agrônomo Daniel Grohs, apresentou todo o processo que vem sendo realizado para disponibilizar materiais de qualidade.

# CURSOS

Degustação A Associação Brasileira de Enologia (ABE), juntamente com a Vinidea, entidade vitivinícola italiana, realiza dois cursos práticos com o objetivo de qualificar e atualizar os enólogos brasileiros. Os encontros, ministrados pelo palestrante Giuliano Boni, serão realizados nos dias 13 e 14 de fevereiro, no Dall’Onder Grande Hotel, em Bento Gonçalves. O curso Degustação de Uvas, que ocorre das 14h30 às 18h30 do dia 13, apresenta metodologia que permite a avaliação da qualidade enológica das uvas (aromática e gustativa) e do seu nível de maturação, diferenciando as maturações tecnológica e fenólica. Já o curso Maturação e Evolução dos Vinhos, que será realizado no dia 14, das 18h30 às 22h30, tem o objetivo de mostrar as melhores formas de conservar os vinhos em tanques antes do engarrafamento. Inscrições - As inscrições para associados da ABE, ao preço de R$ 400, devem ser feitas até o dia 2 de fevereiro; não-sócios, após o 2 de fevereiro, pelo valor de R$ 600. Informações: abe.adriane@ terra.com.br ou (54) 3452.6289.


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CR Sabe -Tudo 14

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Você sabia?

SUSTENTABILIDADE

Plástico de couro?

Fotos Cláudia Velho/Divulgação/CR

Pesquisadoras da UCS trabalham com material biodegradável

• Flexível, mas poluente: a palavra “plástico” deriva do grego plastikos, que significa flexível. Assim, resinas de certas árvores conhecidas desde a antiguidade eram consideradas plásticos naturais. Já o plástico artificial surgiu com a contribuição de vários inventores, mas foi em 1907 que o químico belga Leo Baekeland criou o primeiro plástico totalmente sintético e comercialmente viável.

Palavras Cruzadas PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Grupo jihadista radical que conseguiu recrutar milhares de estrangeiros Exame que diagnostica doenças do aparelho digestivo

© Revistas COQUETEL

Consequência dos Atestado Ferramenta Caracterizam as praias de Fernando de discursos do depu- de (?): do- comum ao Noronha tado Jair cumento médico sobre pedreiro e Bolsonaro a morte do paciente ao coveiro Até (pop.) (PE)

Cavaleiro e (?): o conjunto do hipismo

Bairro carioca do estádio Moça Bonita

quer transformar o material em sacolas e embalagens. No final de novembro, a equipe foi premiada na primeira edição do programa Future Footwear – FF Enterprise. O evento foi realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Startup – Para participar do desafio, Bianca Scopel, Elizete Brandalise, Júlia Mascarello e Patrícia Poletto, orientadas pelas coordenadoras Aline Dettmer e Camila Baldasso, formaram a startup BioPlas. O próximo objetivo é a transformação da experiência em plano de negócios. O projeto recebeu propostas de incubação de outras quatro universidades gaúchas e já foi premiado no exterior, em Barcelona,

na Exporecerca Jove, em 2015. A equipe continua trabalhando no aperfeiçoamento das etapas do projeto. Além disso, ganha visibilidade na produção intelectual das pesquisadoras, sobretudo na conclusão de dissertações e teses acadêmicas. “Acreditamos que o plástico produzido a partir da gelatina extraída do resíduo de couro curtido ao cromo, por ser totalmente biodegradável quando exposto ao solo, pode ser de grande interesse para empresas que queiram associar sua marca a produtos ambientalmente amigáveis. As embalagens produzidas podem ser facilmente degradadas, e por sua composição rica em nitrogênio, acabam agindo como fertilizante na terra”, justificam as pesquisadoras.

(?) Paz, sede do governo boliviano

Membros do Congresso Nacional Página da agenda Preparar um rol

Revista semanal de variedades Flecha

Deborah (?), atriz Puma (pop.)

Passo óleo (em forma) Seleção de atletas

Partido de sustentação da Ditadura (BR)

Fazer planos para os gastos Nem, em inglês Varredor de ruas Naturalidade de José Wilker

Na (?): quieto (pop.) Transportes ilegais de trabalhadores rurais (pop.)

Reflexão sonora Sufixo de "garfada"

(?) de si: perder o controle

Ainda Gato oriental de olho azul

Tim (?): gravou "Vale Tudo" (Mús.) Pecado capital associado à impetuosidade (Catol.) Montar (?): vigiar

Satélite (abrev.) Escassa; incomum

Equipe de Sebastian Vettel (F1) Para (pop.) Estado da Ilha do Mel (sigla) Stepan Nercessian, ator e político

"Menino", no Sul do Brasil (bras.)

Cartucho de impressora a laser (ing.) Indivíduos que prejudicam outros (pop.)

BANCO

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Solução

T A SE

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N D T I A R LA O

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P O S L O E M E I S C C A R E A T D E A F P A R A SN

C E A R E N S E U N T O C

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I A N GU T A E S C O R R I Ç S A T R A L AR I E N I A A S

óculos. Nas lojas, todas as características faciais são digitalizadas e suas necessidades visuais registradas. A partir daí, um estudo constitui o modelo de armação que propicie a visão ideal e o máximo de conforto para que ela se adeque a cada rosto. Essa tecnologia foi concebida de uma parceria entre a Hoya, a Materialise, líder no fornecimento de software e serviços de impressão em 3D, e o estúdio de design Hoet.

S I A M E S

importante. “Capitalizando os avanços na tecnologia de impressão em 3D, eliminamos as limitações impostas pelos óculos tradicionais”, comenta Jon Warrick, vice-presidente de marketing da Hoya. O conceito Yuniku integra o cliente em todas as suas fases, desde a personalização, passando pela produção, até a entrega. Isso acontece para que o consumidor tenha a máxima oportunidade de criar seus próprios

S U Ç U A R A N A

Lançados primeiros óculos 3D personalizados do mundo

E E S T P A D O L I S L P A M I C T O

Matéria-prima: gelatina extraída do couro compõe o filme plástico

# TECNOLOGIA Que a ciência descobre e cria novas funções para tudo o que há ao seu redor, ninguém duvida. A Hoya Vision Care, uma das mais reconhecidas fabricantes de lentes oftálmicas do mundo, lançou recentemente os primeiros óculos personalizados em três dimensões. Batizado de Yuniku, significa “único” em japonês, e na linguagem Ocidental traz a conotação de dinamismo, inovação e exclusividade, o Yuniku é um avanço

"Capitães da (?)", livro de Jorge Amado

O camisa 10 da Seleção do Tetra (fut.)

3/nor — piá. 4/unto. 5/secco — toner. 10/asas-negras — endoscopia.

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polipropileno consiste de uma mistura de diversos compostos químicos, inclusive o petróleo. Altamente poluente, pode demorar décadas ou até séculos para se decompor, quando descartado na natureza. Conhece alguma mistura plástica de couro? Uma invenção de um grupo de pesquisadoras, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), vem dando o que falar. Estudantes de graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Química se uniram na construção de soluções inovadoras e ecologicamente corretas para os problemas que decorrem da produção de couro e calçados. “Quando pensamos nesse projeto, não imaginávamos tanto sucesso. A questão dos resíduos de couro contendo cromo sempre me preocupou e ver esta ideia dando certo é motivador para mim e para toda a equipe”, explica Aline Dettmer, uma das coordenadoras. Em linhas gerais, o projeto visa a recuperação e purificação da proteína, uma espécie de gelatina que se encontra nos resíduos sólidos de couro curtido ao cromo, e dali tirar o plástico biodegradável. Com a finalidade de contribuir para uma cadeia de produção mais sustentável, a proposta

Conceito básico dos desfiles de moda

Para imaginar e viajar Em Viagem pelo mundo num grão de pólen e outros poemas poemas, o escritor moçambicano Pedro Pereira Lopes cria versos que transportam as crianças para um universo mágico. Na viagem, por meio das palavras e das ilustrações de Filipa Pontes, as crianças podem conviver com personagens incríveis, simpáticos animais e elementos da natureza. Editado pela Kapulana, tem 40 páginas e faz parte da série Contos Moçambicanos.


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CR Teologia 15

CURSO A DISTÂNCIA

Relação dos aprovados na edição 2016 Lista dos que concluíram o Curso no ano passado, publicado pelo CR em parceria com a Estef

Correio Riograndense publica, a seguir, a relação dos aprovados do Curso de Teologia a Distância (CTD) 2016. A 12ª edição do CTD iniciou no dia 6 de abril e os três módulos do ano passado trataram dos temas: Espiritualidade e saúde; Profetismo bíblico, através do olhar periférico de Miqueias; e Jesus, o rosto da misericórdia do Pai, tema abor-

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dado por frei Vanildo Zugno e que esteve em consonância com o Ano Extraordinário da Misericórdia. Em relação aos outros anos, a publicação da lista foi antecipada (geralmente era feita em março) em virtude do fim do Correio Riograndense como impresso. Os aprovados no Curso de Teologia a Distância, edição de 2016, que desejam obter o

Aclice Batista de Queiroz - Ada Alice P. Mayer Dall'agnol - Adelina Helena Minuzzi Garlet - Adeneide Almeida Lima - Adriane Botignol - Adriane Lúcia Zanchett Ceresoli - Ágata Biesdorf - Agenor Euclides Pitt - Akiko Yura - Alcindo Luiz Vitalli - Alcione Lemos Colares - Aletéia Policarpo Silva - Alexandra Silva de Lima - Alexandra Toledo de Freitas - Alfeu Luiz Boeni - Alice Maria Ertel Sehnem - Alice Monteiro Bueno - Alice Terezinha Luft - Almida Maria Moratelli - Amaury Gomes da Silva - Ana Cristina da Rosa Variani - Ana Maria Barboza G. da Silva - Ana Maria Dewes Nienov - Ana Maria Vieira G. Cavalheiro - Ana Sirley Cargnin - Ana V. Dall’Agnol de Oliveira - Anatalia Silva Araujo - Andressa Menosso - Ângela Cristina Neu Somavilla - Ângela Maria Jorge - Angela Maria N. Graciano - Angelo Sulivan Dagostim - Anna Norma Flach - Antonia Amélia Pereira - Antonio de Moura Costa - Antonio Silva Rodrigues - Arcinda Maria Dalacosta

Ecilda Declarete A. Rodrigues

Beatriz Hoffmam Amantéa

- Beatriz Luza Bernardi - Beatriz Rorato Costa Beber - Benedita Pereira Melo - Brunhilde Schmidt - Bruno Afonso Klein

Caren Roberta Araujo de Lemos - Carla Cristine Tramontina - Cátia Regina Meng - Cecilia Maria Malagutti - Cecilia Santi - Celina Pavluk - Cirilo Jose Roque Vogel - Clarice Eberhardt Justin - Clauber Brandão de Sá - Claudette Moterle Isoton - Cleusa Maria Tronco Link - Cosmira Idalina dos Santos - Crislaine Gelenski Jaguszevski - Cristina Galliardi Costa Dagoberto Antônio Girotto - Daniela Dalla Cort - Daniele da Silva Carra - Debora Candaten - Débora Paiva de Assis Silveira - Deise Janaése Jahn Hermes - Denise Carvalho de Albuquerque Montenegro - Denise Cattani Rech - Devide Terezinha Zeni - Diamantina Lopes - Dionísio Antônio da Ros - Dulce Elia Loss Rigatti

- Edgar José Stello - Edi Enderle - Édima Dolizete Justin - Edith Cardoso do Nascimento - Edivane da Costa dos Santos - Edson Clemente dos Santos - Eduardo Grígolo - Elaine Maria Chaves Menger - Eli Terezinha dos Santos Justin - Eliana Dalmolin Lovatto - Eliane da Silva Souza - Eliane de Oliveira Eberhardt - Eliane Gomes Nunes - Eloá Moura de Freitas - Eloize Feline Guarnieri - Elvira Saúde Galvan Rossetto - Elza Joseide M. de Matos Pinali - Ema Dalzochio - Emílio Euclides Dariva - Enecle Costa Gindri - Érica Enderle Vitalli - Érico Torres - Ermínio Afonso Schoffen - Eusébio de Vargas Neto - Eva Saraiva Lopes - Evandra Nissola Giachelin

Fabiana Bolzan Vieira - Fátima Beatriz Dupont Gonçalves - Francisca Vicentina C. Cabral - Francisco Fajardo - Francisco Gialdi Gabriela Candaten - Gabriela Slaviero - Geci Geremia Tremarin - Gema Citolin Menegazzo - Gema Perachi - Gemma Toniolo Petroli - Geni Fiorezze Dariva - Geni Gerônima C. Furquim - Geni Maria Flach Arnhold - Geraldo Rodrigues da Costa - Gilberto G. Oliveira - Gilberto Hiroaki Matono - Gisele Teixeira Toledo - Gledis Adriano da Silva Antunes - Grazziani Anib Capita Fabri Helena Biesdorf

- Hilda Maria Motter Carbonera - Hildegard Selmem - Hortência Vazzoler

Ida Tereza Ceron - Ignes Angelina Vanin Rizzon - Imelda Amabile Saggin - Inelda Maria Enderle Vitalli - Inez Maria Frey - Ione D'agostini Martins - Iracilda de Souza Leão - Irdes Maria Carniel - Irineu Weiller - Iris Barbosa de Oliveira - Irma Catarina Weber - Ivanete Maria Panazzolo - Ivani de Costa Variani - Ivani Postingher Lazzari - Ivete Signor Tres - Ivone Dullius Schaefer - Izabel Viana Teixeira

Jacinto Alberto Sehnem - Jacob Roque Kolling - Jaine Marques dos Santos - Jane Beatriz Schoeler Klein - Jane Frozza Tomkiel - Janete Capeletti Confortin - Janete Marques dos Santos -Janyne N. Bonissoni Dall'Orsoletta - Jaqueline Guareze - Joana Brito Moraes - Joana de Deus Pereira - Joanete Tibolla - Joanêz Estér Frighetto - João Antonio Debastiani - João Luís Araujo Freitas - Joceli Ferrazza - José Bebber - José de Ribamar Ribeiro - José Ricardo de Oliveira - Joseane Coelho dos Santos - Josefina Catarina L. Meneguzzi - Josmarina de Souza da Silva - Jucelina Ferreira Oliveira - Julieta Bertuol - Jussara Cavedon Ughini Karina Chilanti - Karine Medeiros Cunha - Karl Marx Silva Barroso Lauri Adolfo Lancini Manfredi - Leni Menegat - Léo Brancalione - Leocadia N. Marmentini - Leoni Maria Brizola Chiochetta - Leonir Aparecida Flores - Leonôra Panisson - Leontina Klafke - Leuda Colassiol Furlanetto - Liane Tibolla Candaten - Lilian dos Santos Soares - Linley Boracini Kawahara - Lino José Webber - Lizete Marin Pastore - Lourdes Maria Fochi Simionato - Lourdes Sonda - Lúcia Taboza do Nascimento - Lucia Botta - Luciana Albuquerque Severi - Lucimar Pagno Smiderle - Lucimara Lopes da Silva - Lucione de Bitencourt Martins - Luiz Antonio Rizzon - Luiz Carlos Minosso - Luiz Carlos Pavan - Luiz Henrique Pedone - Luiza Chimanski Gomes - Luiza Dalla Costa - Luiza Dani Chinato - Lurdes Maria Radavelli - Lurdes Salete Sbaghen Madalena Michelon Pires

- Maiza Nanci Santos de Andrade - Mara Licéia de Matos Teixeira - Marcia Breginski Ganzer - Márcia Deise Fagundes Stuani - Marcia Luft Guth - Marciel Santos Albino - Margarete Aparecida Oliveira dos S. Chinale - Maria Beatriz Weber - Maria Benita Moraes Dias - Maria Berenice Guterres Oliveira - Maria Cleide Pontes Guidi

certificado de extensão, devem contatar a Estef pelo telefone (51) 3217.4567 ou pelo e-mail extensao@estef.edu.br. O certificado será enviado para o endereço postal do cursista, mediante pagamento de uma taxa (solicitar orientações e os devidos procedimentos, diretamente com a Estef). Os mesmos contatos poderão ser utilizados pelos cursistas que

verificarem erros de grafia no nome ou que não constam da lista abaixo, mas que participaram do curso e enviaram as respostas em tempo hábil (para tornar-se apto à aprovação o aluno deve ter respondido a pelo menos 75% das questões). O CTD não termina com o fechamento do CR. Leia na próxima página como será a continuidade do Curso, organizado pela Estef.

- Maria de Fátima R. Pereira - Maria de Lourdes Bevilaqua - Maria de Lourdes Nienov Boeni - Maria de Lurdes Garibaldi Cusin - Maria de Oliveira Couto - Maria do Perpétuo S. Pessôa - Maria Elisabete Bonatto da Silva - Maria Enilda Dambroz - Maria Girlene Santos - Maria Hedi Keiber - Maria Ines Pretto Guarnieri - Maria Isalete Ledur Kaspari - Maria Madalena C. Ferreira - Maria Neide Poffo Bogattoli - Maria Odete Lazzari Marchezan - Maria Reina Lopez - Maria Salete Schlickmann Kolling - Maria Teresa Schwade Geremia - Maria Theresa Thukani Karatu - Maria Thomazoni - Maria Woditski - Marília de Afonso Martins Balbé - Marilice Morsolin Marin - Marina Gelinski Chulek - Marindia da Conceição Azeredo - Marinês Bertani - Marinez Caumo Spadini - Marion Conz Prigol - Marisani Zuchi Lucian - Maristela Bortoloso Molon - Maristela Furlan - Marize Aparecida B. do Carmo - Marizete Salete Wansoshi - Marlene Basniak Burko Lopes - Marlene Hendges Ost - Marli Menezes Bonissoni - Marli Nunes Mariussi - Marli Pinto Della Flora - Matilde Barbosa - Mauro Lucian - Máxima de Fátima A. Ferreira - Melania Schmitz - Michele Wilbert - Miguel Angelo Debona - Milena Muterle - Milton Antonio Xavier Macedo - Milton Volnei Bobsin - Mirna Luiza Bays - Mônica Gelain Bolzoni - Monica Mandel Fernandes

- Patricia Pereira Lima Tolentino - Patrícia Silva de Souza - Pedro Canisio Arnhold

Nadir Maria Trentin - Nair Luísa Rockembach - Neí Guterres Dalcin - Neide Inês Gelain Alessi - Neide Louzeiro Ferreira - Neiva Maria Dalcin - Nelci Maria S. Hentschke - Nelite Elena Maggioni Rezzadori - Nelma Souza dos Santos - Nelso Alessi - Nelson Marmentini - Nicanor Antunes - Nicinete Lima Ribeiro Barbosa - Niltomar Rosca da Silva - Noilve Rodrigues de Oliveira - Normali Brustulin Benatti

Rafaela Prigol - Raimunda Vieira de Souza - Raquel de Fátima C. da Silva - Regina Célia Rodrigues - Regina de Fátima C. Chittolina - Reginel Ayres Cardozo Pereira - Rejane de Fatima B. Cecconello - Rejane Mauer Rossner - Rejane Santana de Lemos - Roberto de Oliveira Bobsin - Rogeria Broglio Borges Xavier - Rosa Amélia B. M. de Espíndula - Rosalina S. Cittadim - Roseli Gavirachi Cardoso - Rosilene Inês P. Ferrazzo - Rosimar Neto de Araújo Sandra da Silva Pacheco

- Sandra Elisa Miosso - Sandra Maria Sparrenberger - Sandra Rabuske Vandes - Sebastião Andrade Santana - Selda Cardoso Fogaça - Senno Inácio Dewes - Silmara Mayra do N.Barbosa - Simone Maria Ribeiro de Souza - Solange Alice Cardoso - Solange Gollo Debona - Suely Inês Reuse - Suzana Ercilia Fauth Frainer

Teodosia Dacechen - Teresinha Caron Fronchetti - Teresinha Derosso - Teresinha Turra - Tereza de Jesus Melo - Terezinha Lazzari - Terezinha Scarpetta Weiller - Terezinha Zulianello - Thays Inara Bonissoni Almeida - Tieni de Azambuja Rigoto Udila Salvador Bizotto Primieri Valdelice Alves de Jesus

- Valdemar L. Lorenzzetti - Valdir Raymundo Gobatto - Valnice Mesquita Goiabeira Viana - Valter Zanatta - Vanderlei Luiz Marchetti - Vanessa Lopes da Silva - Vânia Nesello - Venisio Peruchini - Vera Filomena Vitola Zanatta - Vera Lucia da Costa Braga - Vera Lúcia Guedes Pelizzon - Veranice Luft Griebler - Victória Assis da Silva - Vito Mayer - Vitoria Margarida Chinvelski - Vivia Fabian Copelli - Viviane Tibolla Candaten

Ocrilde Maria Bernardi - Oneide Oliveira Lima - Onorina Maria Barp - Orieta Barbieri

Wilson Flora

Patrícia Dalla Cort Radin

Zeni Bedin

- Patrícia Dionísio Ramalho


CORREIO RIOGRANDENSE • Caxias do Sul, 25 de janeiro de 2017

CR Teologia 16 # ESTEF

Curso de Teologia a Distância passa a ser pela internet Andreas Solaro/AFP/CR

D

CTD 2017: módulos do curso, neste ano, são dedicados ao aprofundamento e debate dos principais documentos do Papa Francisco

Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho)

Laudato si´ (Louvado sejas) Encíclica do Papa Franmo, criando uma cultura cisco sobre a Ecologia Indo descartável, inclusive tegral. Muito se tem falado humano. do sobre a crise ecológica A raiz da crise está, e a preocupação é real. Os pois, associada a uma governos, as empresas, crise de valores e a uma as instituições e as pesequivocada concepção soas individualmente têm da posição do humano encarado com seriedade no cosmos. Em que a fé e a nova condição de vida a teologia podem colabona Terra. Já não podemos rar para a compreensão e nos comportar e continusuperação dessa crise? O ar com hábitos insustenque deveríamos pensar e táveis ecologicamente. fazer para sermos mereA consciência ecológica cedores da narrativa que não é mais uma opção, é diz que somos feitos à uma necessidade de soimagem e semelhança de brevivência. Nisso não há Deus? Esse é o horizonte novidade e os relatórios e da Encíclica do profético os estudos feitos por es- Coordenação: frei Gilmar Zampieri Papa Francisco. pecialistas dão conta de nos alertar para a A proposta é oferecer chaves de leitura nova condição. para a Encíclica que é destinada para as A novidade vinda do Papa Francisco, na pessoas de fé e para todos os humanos de Laudato Si, não é tanto a descrição dessa boa vontade. crise, mas a conexão da crise ecológica Professor responsável: Gilmar Zampiecom a crise social aliada a um modelo eco- ri, frade capuchinho, mestre em Filosofia nômico e político fundado na exploração e Teologia, professor de ética, filosofia e da natureza e dos pobres, em vista do lucro, teologia no Unilasalle (Canoas) e na Estef que exige uma lógica perversa de consu- (Porto Alegre).

Evangelii Gaudium ou Alegria do Evangelho é a primeira Exortação Apostólica pós-Sinodal escrita pelo Papa Francisco. Foi publicada no encerramento do Ano da Fé, no dia 24 de novembro do ano de 2013. O tema central deste documento é como anunciar Jesus Cristo no mundo atual. Muitos afirmaram que a Exortação é uma espécie de programa do pontificado de Francisco. As lições deste módulo ajudarão a entender a Evangelii Gaudium em seu contexto, ou seja, uma herança conciliar e sinodal; um programa de Igreja e um programa de pontificado; Conexão entre a Evangelii Gaudium e o documento de Aparecida: comunidade de discípulos missionários; contexto contemporâneo a ser evangelizado; núcleo e formas da evangelização; quatro posturas para a evangelização, além do enfoque nos temas de evangelização e espiritualidade. Professor responsável: Luiz Carlos Susin, frei capuchinho, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, é professor na PUC-RS e na Ecola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Estef), em Porto Alegre. Membro

Fotos/Divulgação/CR

epois de 12 anos de circulação ininterrupta nas páginas do Correio Riograndense, o Curso de Teologia a Distância (CTD) será oferecido em plataforma digital, no site da Estef, responsável pela elaboração do curso. A mudança ocorre em razão do fechamento do CR, porém, não é somente no suporte de publicação das lições. O Curso contará, além do texto das lições, com outros materiais de apoio e aprofundamento, como vídeos, depoimentos e um canal interativo onde os inscritos poderão postar seus comentários, dúvidas e também as respostas às perguntas de cada lição. O curso de 2017 será dedicado ao Magistério do Papa Francisco (veja abaixo o resumo dos módulos) e oferecerá a possibilidade de conhecer, aprofundar e debater os conteúdos dos principais documentos do Papa Francisco: A alegria do Evangelho, Laudato Si e A alegria do amor. As lições começam a ser publicadas em abril, após a Páscoa. Seguindo a tradição do curso, ele será oferecido em três módulos com 10 lições cada módulo. As inscrições podem ser feitas no site da Estef, na secretaria, por e-mail ctd@estef.edu.br ou pelo telefone (51) 3217.4567. Nestes locais também podem ser solicitadas outras informações. Veja abaixo um resumo dos conteúdos e os professores responsáveis pelas lições.

Professor: frei Luis Carlos Susin fundador e ex-presidente da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (Soter), ministra frequentemente cursos intensivos na área de teologia sistemática, tanto no Brasil como em outros países. Autor de vários livros, entre eles: A criação de Deus; Jesus, filho de Deus e filho de Maria; Viver, Contar, Pensar. Há dezoito anos marca presença pastoral na Vila Maria da Conceição, bairro popular de Porto Alegre.

Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitiae (A alegria do amor) No dia 19 de março de 2016, festa de São José, o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica Pós-sinodal “sobre o amor na família”. O documento engloba as reflexões das duas Assembleias Sinodais realizadas em 2014 e 2015 e que se dedicou a escutar e refletir, à luz da fé, sobre a realidade das famílias no mundo de hoje. Organizada em nove capítulos, “Amoris Laetitiae” não tem como objetivo primeiro reforçar

um modelo ideal de família, mas entender a sua realidade rica e complexa que nasce da diversidade cultural em que se faz presente a Igreja Católica e da complexidade do mundo moderno do qual surgem diferentes tipos de famílias. A Encíclica convida a um olhar aberto, profundamente positivo, que não se alimente de abstrações ou

Organizador: frei Vanildo Luiz Zugno

projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade. O documento é uma leitura densa de motivos espirituais e de sabedoria prática, útil a cada casal, às comunidades e grupos eclesiais que buscam acompanhar jovens que se preparam para o matrimônio ou casais que, em meio às dificuldades da vida, buscam apoio para manter

fidelidade à família e a Deus. Professor responsável: Vanildo Luiz Zugno, nascido em Vila Flores (RS), é frade menor capuchinho desde 1985. Doutor em Teologia (EST – 2016), atua como professor na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Porto Alegre) e Unilasalle (Canoas). Além da atividade acadêmica, dedica-se à assessoria na formação de lideranças leigas e da vida religiosa consagrada.


CORREIO RIOGRANDENSE • Caxias do Sul, 25 de janeiro de 2017

@

Vita, stòria e fròtole

El ritorno de Nanetto Pipetta (901)

Padre Nostro Ary Vidal

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CR Cultura 17

marcelino@jornalcr.com.br I www.correioriograndense.com.br

Agricultor e poeta, Lapa (PR)

adre Nostro onipotente Paron de tute le maraveie, Vien in socorso dela gente Aiutando a tute le fameie.

Ghe rincure i pi bisognosi Quei che no ga el magnar, Aiuta ntela union dei sposi Che la guera no vegna capitar. Daga a tuti el bon capir Mena la speransa a tuti, Par le robe bone non finir Così podaremo dar boni fruti. Che tuto sìpia fato come te vui, Insegna i òmeni el camin dela verità, Parché el diàolo no ciape i nostri fioi Fin tel ora de arivar ntela eternità... Padre Nostro perdona i cativi Che gnessun casche tel inferno, Daghe consolassion ai morti e vivi Te domando, che te si el Paron Eterno. Amen.

Ave Maria

Ave Maria, Madre mia Aìutame tuti i di Sìpia in me compagnia, I pi bruti mestieri Porté lontan de mi. Mi son un poaro pecator Me lìbera dela crudeltà Ti che sì co Nostro Signor, Me insegna el camin dea verità Dassàndome distante dal oror, Così caminando con flessibilità.

Ilustração Derli Dutra, São José do Ouro (RS)

Mudande biodegradàvel. Viva la modernità!

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e ghe ze na roba che Nanetto no ghe piase far ze lavar e passar robe. “Questo si ze un laoro pròpio sol par done!”, el dise sempre. Chi patisse co sta stòria ze la Gelina, che ghe lava e passa le robe. I ze sestoni de pesse al colpo. A Nanetto ghe fa pecà anca, ma far cossa! Se almanco el se lavesse i calseti e le mudande! Quando la Andressa, mia nevoda, ga guadagnà na tatina, la Ayla, un giorno che Nanetto ze ndà trovarla, el ga savesto dei panesèi scartàvel. – Ma varda che bela roba che i ga inventà! Se le dòpera fin un serto punto e dopo se le trà via, sensa disturbarse lavarle. Alora el ghe domanda ala Andressa se ze sol fralde che se dòpera e dopo se trà via. Par torlo in giro, la ghe dise: - Nò, nò, ghe ze altre robe, come calseti, camise, mudande... - Anca mudande? Che robe! La modernità, ah, Dressa! El se ga pensa intrà de lu: “Se ghen cato, me compro un faldo! Ze un laoro manco ala Gelina e ghe dao mia più el gusto de scuriosar se le ga frenade de bissacleta par dopo coionarme”. Di drio el va a Forqueta, là dal magasino Radamaschi, e el ghe domanda ala Odete se la ghe vende cueche scartàvel. Catando che’l zera drio schersar, la ghe dise de si. - Vui un faldo intiero! - Ma le vien mia in faldi! Sol ntei sachetèi. Quante, mò? - Speta che fao i càlculi. Se ghen dòpero una ala setimana... te pol darme, par intanto, trenta pesse! La Odete ride de gusto ma, de vergogna de dir che la ghe gavea contà na busia, la cata fora quele più sémplice e barate e, ncora par sora, la ghe fà un bon desconto.

Marcelino Dezen Caxias do Sul - RS

Nanetto paga, ciapa el so fagoto e el va via contento. “Ma varda! Se se vol viver ben, toca mantégnerse atenti e sempre in giorno cole novità. Assa che i sofanèi scalde la testa! Nò mi!”. Passade ranquante setimane, la Gelina strània che Nanetto no ghe manda più mudande par lavar. - Ciò, bonavita, ghelo ché che no te mandi più mudande par lavar? - La modernità, cara! - Par del caso la modernità adesso ze ndar col osel a sbrindolon, lìbero dela gàbia? - Nò, ostamenta! E el ghe spiega che’l ze drio doperar mudande scartàvel, comprade a Forqueta. - ... ma par quel che sò, no ghe ze mudande scartàvel... mòstreme una che vui veder! Alora Nanetto ghe mostra un per. - Scartàvel quela roba qua?! Situ drio devendar mul par no veder che queste se pol lavarle e doperarle raquante

volte… se ben che le ze mese rampere, dele volte “made in China”… - Da mia lavarle. La Odete ga dito che le ze bioagradàvel... - Sì, credo anca mi che dopo na setimana de uso le ze altro che bioagradàvel... Comprar, doperar e trar via... Vita fàssile, ah! Dopo la ghe dise che la ga de bisogno de un laoreto: - El nostro can ze drio magnar ovi. Ghin sobra più gnanca un ntei gnari. Cosina trè ovi ntel aqua e dopo tràgheli caldi broando par chel magne. I dise che ze la mèio roba par farli assar là sto vìssio. I se brusa la léngoa e la boca e, de paùra, i passa gnanca più arente i nivi. Nanetto va, cosina sei ovi, trè par el can e trè par lu. El ghe li trà ncora caldi al can che, dopo sboconarli, se la tol scainando, fin far pecà. Più magnà ovi a casa de Àndolo. Ma giorni dopo, Bartoldo, el visino, cata Nanetto e ghe racomanda: - Dighe a Àndolo che go catà el so can ntel gnaro dele mie galine. El zera là chel sufiava i ovi e dopo li magnava de gusto, quel òstrega!

Ave Maria, Mama de Dio, Mena distante de me la tribolassion, Par portar i comandamenti de so fio Son sicur che garò la to protession, E gnessun mal me portarà drio Fin tel ora de catar el Gran Paron. Amen.

A ghemo bisogno de on poco rifleter Tra tante maraveie che Dio ga fato, Sensa rimandar i afari se pol riesser Co riguardo, femo qualche protesto. Ghemo de proar ogni di tra le tante robe In questo mondo, el ga tante novità, Ghen’è robe compagne ma anca ratatuie Sensa recular, ndemo via con la modernità. Cola natura bisogna na bona relassion Gavemo de rincurar par verla de eredità, Regalar i afari de Dio, con na bona conservassion, Rincurar el bosco, le sortive, le piante e el prà. Ringrassiar a Dio de tuto che semo a guadagnar, Rinovar tanti mestieri vanti de smarsirse E drio istradar i cei par le bele cose no perdar, E via discorendo co riguardo, sensa i brassi incrosare.

# QUILOMBO

Correio Riograndense resgata caso inédito em seus 108 anos de circulação Prestes a fechar as portas, a Boa Imprensa e além o Correio Riograndense resdisso terá um tesouro de gata, através do agente Valter recortes, porque eu os arSponchiado, de Quilombo quivarei em ordem cro(SC), uma história provavelnológica com um título mente inédita nos 108 anos de cada assunto, por exemtrajetória do jornal. Trata-se plo: Igreja, Catecismo, de um texto que seu pai, AlbiPolítica, Agricultura, no Angelo, deixou em arqui- Publicação no CR: edição de 05/04/1950 Pescaria, Jogo etc... vo, mas que o CR de 5 de abril E o meu filho, aos 20 de 1950 reproduziu. bém lhe noticio que tenho um anos, conforme sua profissão, Eis o texto que o CR publi- filhinho de 9 meses, Valter olhará um pouco para trás e cou há 66 anos, sob o título: Sponchiado, e já o fiz assinan- terá o passado para se equiliRio Branco, Severiano de te do ‘Correio Riograndense’. brar no presente e dar passo Almeida, Erechim. Tomei esta resolução pelas se- seguro para o futuro. Na vida “Do professor Albino An- guintes considerações: Porque há quem produz e conserva e gelo Sponchiado recebemos embora meu filho, com sua há quem destrói e espalha. É a seguinte carta que por ter assinatura, daqui a 20 anos te- a luta da humanidade. Desejo muito de interessante, vamos nha 500 ou mil cruzeiros a me- permanecer sempre nas fileipublicá-la. “... Com esta tam- nos, em compensação ajudou ras dos primeiros e na mesma Reprodução/CR

Ringrassiar a Dio

posição educar os meus filhos. Eis as razões porque tenho pressa em tornar assinante o meu filhinho Valter”. Prof. Albino Angelo Sponchiado. Através de e-mail, Valter enviou cópia do texto ao CR. “Peço, se possível, publicar novamente, pois me sinto honrado em talvez ser o mais jovem assinante (com apenas nove meses) do CR, como também homenageá-lo”, escreve Valter, que substituiu seu pai no cargo de agente em Quilombo. Ele conta que Albino deixou um grande acervo de recortes de muitos assuntos, preservado com carinho pela família.


CORREIO RIOGRANDENSE • Caxias do Sul, 25 de janeiro de 2017 marcelino@jornalcr.com.br I www.correioriograndense.com.br

Olhar diferente

ALDO COLOMBO

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A coragem de dar tudo

poeta Rabindranath Tagore, numa história inesquecível, narra o encontro de um mendigo com o rei. Andando pelas empoeiradas estradas da Índia, o velho mendigo batia de porta em porta, pedindo qualquer coisa. Pouca coisa recebia, até mesmo porque a miséria era muito grande. A tarde ia adiantada e ele apenas conseguira alguns punhados de trigo. A paisagem animou-se quando, no horizonte, apareceu uma imponente carruagem. Puxada por cavalos garbosos, ela conduzia o próprio rei. E a carruagem parou bem à sua frente. Hoje é o meu dia de sorte, pensou o mendigo, imaginando sonantes moedas de ouro que poderia receber do rei. Descendo da carruagem, o rei estendeu sua mão, pedindo alguma coisa. Confuso, olhou para o fundo de seu bornal e tirou alguns grãos de trigo e depositou-os nas mãos reais. O rei agradeceu, voltou à carruagem e desapareceu nas curvas do caminho. O mendigo continuou sua penosa caminhada sem nada entender. Antes de deitar, após ter comido um pedaço duro de pão e tomado um O reinado pouco de água, o mendigo as poucas esmolas eterno de despejou do dia. E, surpreso, notou Jesus tem que entre os grãos de trigo a marca da luziam alguns grãos de humildade, ouro. Eram os grãos que do cotidiano ele dera ao rei. Tardiamente arrependido, lamentou-se: e do amor porque não tive a coragem de dar tudo! No rosto do mendigo, o rosto da humanidade inteira. Desalentada, faminta, andava sem rumo pelas estradas do mundo. Foi neste horizonte que, um dia, surgiu a carruagem real. Mas esta nada tinha de real, nada tinha de majestade e poder. Numa noite luminosa, o filho de Deus armou sua tenda em nosso meio, afirma São João, no prólogo de seu Evangelho. Ele não veio para ser servido, mas para servir. Ele abriu suas mãos para receber um pouco de nossa pequenez. Ele não quis impressionar-nos com sua grandeza, mas irmanou-se em nossa pobreza. É isto o que celebramos em cada Natal. Contrariamente a uma humanidade egoísta e mesquinha, Deus Pai nos deu seu Filho único. Ele nos deu tudo. Mais ainda: iluminou nossos horizontes, santificou nossas dores, trouxe-nos a possibilidade infinita de sermos felizes. Seu reinado eterno tem a marca da humildade, do cotidiano e do amor. Jesus abriu nossos olhos a uma grandeza desconhecida por nós mesmos. Ele se fez homem para que nós pudéssemos ser deuses, sintetiza Santo Agostinho. Essa é a história que há mais de dois mil anos é contada no Natal; essa é a história que Francisco de Assis visibilizou na campina italiana de Gréccio; essa a história que merece ser vivida a cada dia do ano. Porque Ele nasceu, não mais existem razões para temer. Continuamos pobres, continuamos pecadores, mas pobres pecadores amados por Deus. E se não somos mais felizes é porque, ainda hoje, não temos a coragem de dar tudo.

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CR Igreja 18

FAMÍLIA FRANCISCANA

Seguir juntos rumo ao futuro

Ordens franciscanas se propõem caminhar unidas e crescer na comum vocação e missão

O

“Capítulo generalíssimo”, previsto para este ano de 2017, tem o propósito de, na vivência de uma autêntica e profunda reconciliação entre as famílias franciscanas, criar a possibilidade de testemunhar com maior força e clareza o carisma franciscano. O capítulo reunirá os frades da Primeira Ordem – Frades Menores Franciscanos, Frades Menores Capuchinhos e Frades Menores Conventuais – e a Terceira Ordem Regular (TOR). O grupo de coordenação dos frades franciscanos nasceu com a visita do Papa Francisco a Assis no dia 4 de outubro de 2013. No final da visita ao túmulo do Poverello, voltando-se para os ministros gerais das quatro ordens e outros frades presentes, disse: “Muito bem, vocês devem permanecer unidos”. O convite do Pontífice veio de encontro ao desejo já presente na família franciscana de “caminhar juntos e crescer na comum vocação e missão, que nos são comuns”. Uma das primeiras iniciativas foi criar o Frades Franciscanos em Capítulo, para preparar e viver juntos alguns acontecimentos marcantes na história das Ordens, como o 8º centenário do Perdão de Assis (celebrado em agosto de 2016) e da Bula do Papa Leão X “Ite vos”, denominada também “Bulla unionis” (cinco séculos em 2017), com a finalidade de projetar-se juntos rumo ao futuro de modo ainda mais significativo. A iniciativa, acolhida e divulgada pelos quatro ministros gerais das Ordens, se propõe e se proporá, na simplicidade, como experiência piloto possível para os frades que quiserem organizar percursos semelhantes em todas as partes do mundo. Numa carta, assinada pelos quatros ministros gerais, eles destacam que o capítulo generalíssimo quer ser “um itinerário compartilhado que, a partir da memória histórica, passa pela reconciliação,

Divulgação/CR

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Menores: encontro, diálogo e oração entre todos os frades produzem frutos de paz e evangelização usa o diálogo e o discernimento fraterno e nos leva a escolher e realizar em conjunto, em modo novo, iniciativas de evangelização”. Na carta, os ministros elogiam a iniciativa das Famílias Franciscanas de Assis que elaboraram um itinerário de quatro anos (2015-2018), que esperam ser a base, o encaminhamento de um processo que deverá ter continuidade no futuro. “Enquanto os frades de Assis prosseguem no

caminho que se propuseram, desejamos que toda a nossa Ordem os olhe com atenção e siga seu exemplo com criatividade, buscando itinerários semelhantes em âmbito nacional ou regional. Nesse caminho seremos ajudados por uma série de informações, provenientes de Assis, ideias e sugestões a serem copiadas ou nas quais podemos inspirar-nos a fim de inventar algo significativo nos lugares onde vivemos”.

Sala do Despojamento será elevada a santuário Entre os inúmeros lugares que atraem devotos e turistas em Assis, na Itália, encontra-se a célebre Sala do Despojamento, local que simboliza a mudança radical de São Francisco ao despir-se de suas ricas vestes e abrir mão das riquezas de sua família para vestir o hábito dos pobres e adotar uma vida de mendicância. Agora, a sala, que fica ao lado da igreja Santa Maria Maior, antiga catedral da cidade, será transformada em “Santuário do Despojamento”. O

Indagações da fé

anúncio foi feito no final de dezembro pelo bispo de Assis, dom Domenico Sorrentino. “Com o objetivo de oferecer uma nova contribuição a esta singular vocação de Assis, considerei oportuno dar maior relevo a um outro centro espiritual que tem seu ponto principal no episcopado e na igreja de Santa Maria Maior. Foi nesta área que, há oito séculos, o jovem Francisco fez o clamoroso gesto de se despojar de tudo par ser todo de Deus e dos irmãos”, afirma o bispo em nota.

BRUNO e MÁRIO GLAAB

E-mail: freiglaab@gmail.com

Objetos religiosos velhos podem ser colocados no lixo seletivo? Como proceder? Jurema Dalsin Mantovani, Caxias do Sul (RS)

Jurema, paz. Podem, sim. Objetos religiosos, mesmo bentos, não têm valor ou sacralidade em si. Objeto não é aquilo que ele representa; como por exemplo um crucifixo lembra o amor incondicional de Jesus que dá sua vida por nós, mas não é Jesus Crucificado. Ele apenas quer nos lembrar a crucificação que um dia aconteceu a Jesus. No entanto, cuidado. Não é tão simples assim. Colocar um objeto religioso no lixo pode escandalizar ou provocar indignação em pessoas menos esclarecidas; e até ofender a sensibilidade religiosa das pessoas.

Alguém pode interpretar como desprezo e agressão à sua fé, pois artigos religiosos, principalmente os ligados às devoções populares, contêm valor simbólico que vai muito além do que o artigo é em si. Outra questão, que precisa ser levada em conta, é o valor cultural e artístico dos objetos. Às vezes, em objetos religiosos se escondem verdadeiras obras de arte, e que por isso mesmo devem ser preservados. A sensibilidade levará igualmente em conta a preocupação em saber de quem era determinado objeto, ou quem o doou. Jogar no lixo, sem mais

nem menos, pode ferir os sentimentos dos antigos donos ou doadores, e isso seria falta de respeito. Portanto, ao ter que se desfazer de artigos ou objetos religiosos, que haja liberdade e não se tenha escrúpulo ou medo. Nada de ruim irá acontecer por causa disso. Porém, proceda-se com cuidado para não escandalizar ou ofender outras pessoas. O importante é respeitar a dignidade de cada um e das coisas que lhe são caras. (Por padre Mário Fernando Glaab, www.marioglaab.blogspot.com)


CORREIO RIOGRANDENSE • Caxias do Sul, 25 de janeiro de 2017

CR Igreja 19 # CARAVAGGIO

Romaria Votiva mobiliza santuário diocesano

D

Votiva: romaria é momento de gratidão dos agricultores pelas dádivas da terra Jubileu mariano – Como ação do santuário diocesano de Caravaggio, por ocasião do Ano Nacional Mariano, em comemoração pelos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul e pelo centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, em to-

# REFORMA

dos os dias 26 de cada mês a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio visitará uma comunidade da diocese dedicada a esta devoção. Para essa ação, foi confeccionado um carro andor que transportará a imagem. O veículo já está sendo utilizado durante a romaria em preparação à Romaria Votiva.

# LANÇAMENTO

Lutero é “testemunha do Evangelho” “Separando o que é polêmico das coisas boas da Reforma, os católicos são capazes de ouvir agora os desafios de Lutero para a Igreja de hoje, reconhecendo-o como uma ‘testemunha do Evangelho’. E assim, após séculos de mútuas condenações e depreciações, em 2017 católicos e luteranos irão comemorar pela primeira vez juntos o começo da Reforma”. Este é o texto redigido pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição, do Conselho Mundial de Igrejas para a “Semana de oração pela unidade dos cristãos”, celebrada de 18 a 25 de janeiro e que este ano tem como marco o 5º Centenário da Reforma Luterana. Na mensagem, tanto a Santa Sé como o Conselho Mundial de Igrejas encorajam os cristãos para “buscar a unidade durante todo o ano” e oferecem uma série de reflexões conjuntas para a Semana de Unidade e para todo o ano de 2017, um ano carregado de esperanças no caminho ecumênico. O texto destaca como, em 1517, o então sacerdote agostiniano Martinho Lutero expressou suas preocupações sobre o que ele via como abusos na Igreja de seu tempo, tornando públicas suas 95 teses. “Em 2017, temos o 500º aniversário desse evento-chave dos movimentos de reforma que marcaram a vida da Igreja ocidental por vários séculos”, salienta o texto. O documento reconhece que as teses de Lutero foram um tema de controvérsia na história das relações intereclesiais na Alemanha, inclusive nos últimos

LUIZ TURRA

Div/CR

O

santuário diocesano de Caravaggio, em Farroupilha, prepara-se para a 117ª Romaria Votiva de Nossa Senhora de Caravaggio, que ocorre no dia 2 de fevereiro. Neste ano, o evento tem como lema motivacional “Cultivar e guardar a criação”, inspirado na Campanha da Fraternidade de 2017, que tem como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”. A tradicional festa está sendo precedida de dez dias de preparação (novena), que ocorre em paróquias da região e no próprio santuário. Nos sete primeiros dias, equipes do santuário vão às paróquias. A primeira noite da novena aconteceu na capela São José, da própria paróquia de Caravaggio. Os outros seis encontros ocorrem em comunidades dedicadas a Caravaggio, nas paróquias de Nova Roma do Sul, Carlos Barbosa, Monte Belo do Sul, Nova Milano, Pinto Bandeira e Linha Julieta. No dia 2, data da romaria votiva, haverá missas no santuário às 8, 10 (solene com procissão e bênção das máquinas), 15 e 17 horas. Às 14h30 haverá récita do terço. Mais informações através do telefone (54) 3260.5166. A festa e novena serão transmitidas pela Rádio Miriam.

No coração da vida

Martinho Lutero: artífice da Reforma anos. Mas, após “extensas, e às vezes difíceis discussões” sobre a conveniência de ‘celebrar’ uma ruptura, chegou-se à conclusão de que “se a ênfase fosse colocada em Jesus Cristo e sua missão de reconciliação como centro da fé cristã; dessa maneira, todos os parceiros ecumênicos da EKD (sigla alemã de Igrejas Evangélicas na Alemanha, que congrega católicos, ortodoxos, batistas, metodistas, menonitas e outros), poderiam participar das festividades desse histórico aniversário”. Considerando que a história da Reforma foi marcada por dolorosa divisão, isto representa um importante avanço. E o documento “Do conflito à comunhão”, elaborado pela Comissão luterano-católico romana sobre a unidade, é crucial para entender o trabalho em favor da unidade e para chegar a um entendimento compartilhado da comemoração dos 500 anos da Reforma.

Os títulos de Maria

Desde outubro passado, 2017 foi instituído pela CNBB como o Ano Nacional Mariano, que recorda os 300 anos do encontro da imagem de Aparecida no rio Paraíba. Para viver esse jubileu, a Editora Ave-Maria está lançando o livro “101 títulos de Nossa Senhora na devoção popular”, de padre Roque Vicente Beraldi, obra que pretende auxiliar os fiéis neste ano especial. O livro traz explicações sobre os diferentes títulos que já foram atribuídos a nossa Senhora em cada lugar em que as graças de Deus foram derramadas por meio dela.

# FAZENDA SOUZA

Pe. João Schiavo Dia 27 de janeiro completam-se 50 anos da morte do Servo de Deus Pe. João Schiavo. Missa de ação de graças será celebrada às 19 horas da sexta-feira, na capela em que o josefino está sepultado, em Fazenda Souza, Caxias do Sul. Haverá ônibus saindo de Caxias às 16 horas, ao lado da Igreja Leonardo Murialdo. Reservas pelo telefone (54) 9138.5481. Em breve deverá ser anunciada a data de beatificação, possivelmente em outubro deste ano, nos pavilhões da Festa da Uva.

A verdade que liberta

izem que ninguém é dono da verdade. Aliás, seria um desastre se algum humano o fosse, pois estaria se igualando a Deus e se atribuindo uma falsa supremacia sobre os humanos. A história sabe do preço que sempre se pagou pelas ditaduras e totalitarismos. Toda a forma de opressão, seja política, social, econômica ou religiosa, é uma negação frontal à verdade. Não somos donos da verdade, porém necessitamos estar sempre atentos e abertos à verdade. Essa carrega em si um mistério que supera todos os esforços de formulação e utilização. Para a verdade não ser mutilada, necessitamos o suporte religioso, pois a religião é inseparável da realidade e, por consequência, também da verdade. Pela fé, nos relacionamos com a verdade que liberta. Essa sempre nos coloca numa tensão entre o ‘já’ do que sintonizamos e o ‘ainda não’ que procuramos. Somos peregrinos em busca da verdade maior. Essa verdade não se constitui num mundo à parte. Sabemos que existem os defensores de duas verdades, uma para o campo científico e outra para o campo religioso-moral. A verdade, no entanto, é um a só, embora se manifeste de muitos modos. Toda a forma Quando criamos o jogo das oposições no campo da de opressão, mesma vida, todos perdemos. seja política, A vivência religiosa precisa social, se colocar em harmonia com econômica a vivência científica e com as do dia a dia. A verdade ou religiosa, práticas que liberta é sempre dialogal. é uma Cada vez que procuramos negação aproximar as diferenças iluminar os divergentes frontal ecaminhos com a luz da fé e à verdade a prática do diálogo, mais próximos nos encontraremos da verdade. Santa Tereza de Jesus nos deixa um testemunho precioso sobre a verdade libertadora que ela acolheu na infância. Ela mesma se admira que em sua vida “tenha ficado impresso o caminho da verdade”. Após as turbulências da adolescência, na companhia de uma monja, ressuscitou a verdade que jazia no fundo do seu ser. Dizia: “Comecei a entender a verdade de quando eu era criança”. Tereza sentia a verdade que sobrevivia como brasa sob a cinza do seu ser. Deus se tornou a única verdade a motivar sua vida. As outras verdades são mediações como partículas de luz no universo das trevas. É significativa a declaração de Jesus aos judeus: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres” (Jo 8,3132). Em seguida, Jesus confirma ser Ele a verdade que liberta: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Jesus revela a verdade de Deus e também a verdade dos homens. Em tudo Jesus revela a verdade, seja no seu agir, por seu ser e em suas palavras. “Nós vimos a sua glória, glória que recebeu do seu Pai como filho único, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). No momento mais ameaçador da vida de Jesus, quando preso, disse a Pilatos: “Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Pilatos lhe perguntou: “O que é a verdade?” (Jo 18,37-38). Nenhuma resposta lhe é dada, já que o condenaria por mesquinha e mentirosa conveniência.


CR

Correio Riograndense

Caxias do Sul 25 de janeiro de 2017

PARA USO DOS CORREIOS ■ MUDOU-SE ■ CEP ■ DESCONHECIDO ■ NÃO EXISTE Nº INDICADO ■ RECUSADO ■ FALECIDO ■ INFORMAÇÃO ESCRITA PELO ■ AUSENTE PORTEIRO OU ■ NÃO PROCURADO SÍNDICO ■ END. INSUFICIENTE

www.correioriograndense.com.br I facebook.com/jornalcr

# CHAPADA DOS VEADEIROS

Preservação requer mais espaço Proposta de ampliar o parque em 157 mil hectares esbarra no governo de Goiás

Marcelo Camargo/ABr/Correio Riograndense

REINTEGRADO AO SERVIÇO POSTAL EM ___/___/___

___/___/___

_________________ RESPONSÁVEL

Palavras “Numa sociedade onde o outro me serve enquanto me é útil, a derrota é da moral e da ética” PE. ZEZINHO, músico, compositor e escritor

O mesmo executivo que teme sequestro e brada contra bandidos, abastece o crime ao consumir drogas e corromper o poder público” FREI BETTO, religioso beneditino e escritor

“Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar” Alto Paraíso de Goiás: parque nacional, hoje com 65 mil hectares, abriga quase 50 espécies ameaçadas de extinção. Pág. central

ZYGMUNT BAUMAN (1925-2017), filósofo e sociólogo polonês

Igreja no mundo Cristãos temem voltar para suas casas no Iraque

Mais um padre é assassinado no México

O número de cristãos em Israel é de 170 mil, 2% da população, segundo o Departamento Central de Estatísticas de Israel. Desses, 78,9% são cristãos árabes. Os outros são cristãos migrados a Israel. Na proporção, o número vem diminuindo. Enquanto a população judaica cresceu 1,9% e a muçulmana 2,4%, a cristã aumentou 1,5%. Selo de Lutero

Durante visita à Fundação Pon- que cerca de 75% das casas em tifícia Ajuda à Igreja que Sofre, o aldeias cristãs libertadas foram arcebispo católico sírio de Mos- incendiadas por cidadãos locais. sul, dom Yohanna Petros Mou- “Por que essas pessoas, com as che, declarou que os cristãos ain- quais nos relacionamos, fazem da temem retornar aos seus locais isso? Temos medo de continuar de origem, apesar da libertação da vivendo com essas pessoas. Será planície de Nínive, no Iraque, das essa uma maneira de nos dizerem forças do Estado Islâmico (EI). que, se voltarmos, eles nos queiDom Mouche disse que os cris- marão até a morte?”, questiona o tãos ficaram chocados ao saber arcebispo. Igrejas serviam até como campo de tiro jihadista

Incluído na Lista Mundial Sifuentes, de 42 anos, foi da Perseguição 2017, da encontrado morto no domingo organização Portas Abertas, 15 após quase duas semanas de como um dos 50 países mais seu desaparecimento, no dia 3 de hostis ao cristianismo (CR janeiro. Seu corpo foi localizado de 18/01), o México parece em Parras, junto com outros confirmar esta análise ao ter dois cadáveres. Ele apresentava mais um sacerdote assassinado. sinais de espancamento, tortura e Padre Joaquín Hernández estrangulamento. País está entre os mais perigosos para o clero

Há alguns dias, os alemães podem enviar cartas e correspondências utilizando um selo celebrativo de Martinho Lutero. O selo custa 2,60 euros e mostra uma passagem do Evangelho de Mateus (cap 27) com as traduções à margem por obra do monge agostiniano em 1541. A iniciativa faz parte dos festejos dos 500 anos da Reforma Protestante. Medalha Milagrosa No dia 20 de janeiro celebrou-se o 175º aniversário da aparição da Madonna del Miracolo (Nossa Senhora do Milagre), a Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa. O fato ocorreu no dia 20 de janeiro de 1842, em Roma, quando a Virgem apareceu ao jovem judeu Alphonse Ratisbonne, que de inimigo da Igreja católica logo tornou-se fervoroso apóstolo.

Thomas Coex/AFP/CR

Redução dos cristãos

Ruínas: igreja São João Batista, em Qaraqosh, destruída pelo EI Além das casas dos cristãos, o EI e fanáticos islâmicos da planície de Nínive destruíram igrejas, oratórios, casas religiosas e outros bens pertencentes aos cristãos. Na cidade cristã de Qaraqosh, a igreja Imaculada Conceição, libertada das forças do EI, servia de cam-

po de tiro jihadista. A igreja de São Jorge foi transformada numa fábrica de bombas e outras igrejas eram usadas exaustivamente pelo EI. As paredes de algumas serviam de ‘quadro’ onde eram escritas instruções de batalha e doutrinamento extremista.

“O México é atualmente o assumiu o atual presidente Enrilugar mais perigoso para o cle- que Peña Nieto, pelo menos 16 ro nas Américas”, disse o soci- padres foram assassinados. No ólogo Bernardo Barranco, um ano passado, foram mortos três dos mais conceituados analis- sacerdotes e quatro catequistas. tas da Igreja no México. E os Nos últimos 11 anos ocorreram números corroboram a afir- 37 assassinatos de padres no mação. Desde 2012, quando México. Palestina como Estado independente No dia 14 de janeiro o Papa Francisco recebeu o líder palestino Mahmoud Abbas por ocasião da abertura da embaixada da Palestina junto à Santa Sé. Um sinal claro de política internacional em vista da decisão anunciada por Donald Trump de transferir a embai-

xada dos EUA em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Dias antes, no encontro com o corpo diplomático, Francisco fez um apelo a um diálogo entre israelenses e palestinos para chegar a uma “pacífica coexistência de dois Estados dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas”.

Escolha macabra na Noruega Uma nova medida tomada morre. A decisão vale inclusive pela diretiva de saúde da No- para mulheres de outros países ruega definiu que mulheres europeus. A medida é conhecigrávidas de gêmeos que qui- da como “redução fetal”, eufeserem apenas um filho, pode- mismo para descrever a morte rão escolher qual vive e qual de um dos gêmeos.


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