Diversidade e inclusão marcam a 35ª edição da Bienal de São Paulo Localizada no Parque Ibirapuera até o dia 10 de dezembro, a exposição se mostra plural e inclusiva: desde os curadores, aos artistas e suas obras, com sistemas de adaptação para PCDs © Maria Ferreira dos Santos
“Coreografias do Impossível” é o tema da 35ª edição da Bienal de São Paulo
dos grupos representados – pessoas indígenas, negras, palestinas, latinas, entre outros –, com atravessamentos históricos que são capazes de traduzir conflitos sociais, humanitários e reflexões sobre arte e sociedade.
Por Beatriz Yamamoto, Fernanda Travaglini, Maria Luiza Costa e Maria Ferreira dos Santos
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© Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
cada dois anos, o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, localizado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, abriga a Bienal de Arte. O evento acontece na cidade desde 1951 e em 2023 alcança sua 35ª edição. “Coreografias do Impossível”, como foi batizada, traz ao público uma proposta plural. Para realizar essa tarefa, a curadoria nesta bienal contou com diversidade de gênero, nacionalidade, idade e raça entre os quatro curadores: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel são os principais responsáveis por selecionar a gama de discursos, artistas e obras que compõem a exposição, que ocorre do dia 6 de setembro a 10 de
Na foto, da esquerda para a direita, os curadores Manuel Borja-Villel, Diane Lima, Grada Kilomba e Hélio Menezes
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dezembro. A montagem prezou pela horizontalidade: são quatro olhares de origens distintas decidindo – sem hierarquias – sobre a edição de 2023. “Como corpos em movimento são capazes de coreografar o possível, dentro do impossível? A proposta para a 35ª Bienal de São Paulo surge como um projeto comum, ao redor de múltiplas possibilidades de coreografar o impossível. Como o título sugere, trata-se de um convite às imaginações radicais a respeito do desconhecido, ou mesmo do que se figura no marco das impossibilidades”. É assim que o projeto curatorial da 35ª Bienal de Arte de São Paulo se apresenta. O movimento sugerido se traduz em uma diferente utilização do espaço do Pavilhão. O vão livre, logo na entrada, ficou ocupado por diferentes propostas, materializando a ideia de ruptura já na experiência espacial. Os três andares do pavilhão também não seguem uma ordem direta – é indicado começar pelo primeiro andar, subir ao último e, depois, ir ao segundo. Além da composição que dá início à coreografia proposta nessa Bienal, muitas são as experiências através das obras: diferentes texturas – ainda que não seja permitido o toque – aguçam o olhar, evocando sinestesia e inúmeros estímulos. O casamento entre as percepções auditivas e visuais captam visitantes em pequenas salas dispostas nos saguões, explorando sons, memórias e vivências
Mas, afinal de contas, o que é uma Bienal de Arte? A Bienal proporciona um encontro e uma parceria cultural, que promove o diálogo entre artistas contemporâneos de diferentes origens e estilos, estimulando um ambiente enriquecedor. Inclusive, sua primeira edição, intitulada ‘Biennaledi Venezia’, ocorreu na Itália entre 1894 e 1895, inspirando todas as outras que vieram depois. Em São Paulo, além da exposição, os visitantes podem participar de atividades educativas, como palestras e workshops. A iniciativa contribui para a formação cultural do público, visto que o espaço é muitas vezes palco para debates sobre questões sociais e políticas, motivando discussões necessárias a respeito de temas relevantes. Há também apresentações de música, dança e visitas guiadas na programação da Bienal. Através do site bienal.org.br, é possível encontrar detalhes sobre os dias e horários de cada atividade oferecida. Ao Contraponto, Marcus Vinicius Fainer Bastos, professor do Departamento de Artes da PUC-SP, comenta: “A Bienal de Artes de São Paulo é sempre um panorama do que está acontecendo no circuito internacional das artes [...] ela sempre teve como curadores homens brancos héteros ocidentais, com algumas exceções para curadoras mulheres. Isto leva a uma visão específica de arte, que nem sempre está aberta à diversidade de linguagens, raças, gêneros e etnias. A 35ª Bienal de São Paulo propõe uma alternativa a este formato, ao ter como curadores um coletivo que inclui mulheres e pessoas racializadas”. Essa mudança reflete uma busca por uma visão mais diversificada do que é e de quem faz uma Bienal. Isso desempenha um papel fundamental na construção e
CONTRAPONTO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo – PUC-SP