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Editorial
Na selva de pedra, a PUC-SP destoa de seus arredores monocromáticos. É uma explosão de cores, pinturas e valores. Há 46 anos, é resistência à violência, à desigualdade, à repressão e a qualquer forma de ódio. Foi durante passagem pelo campus Perdizes que o atual presidente Lula, então candidato, antecipou seu discurso de posse ao falar sobre a principalidade da democracia e da importância da participação do povo nos próximos quatro anos. Em 2023, com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, dois nomes do corpo docente da Ponti cia ganham luz em meio às especulações da vaga ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Mônica de Melo é professora de Direito Constitucional e pró-reitora de Cultura e Relações Comunitárias da PUC-SP. Hoje, além de sua agenda movimentada entre a universidade e a defensoria pública, Mônica também participa de organizações que pautam a defesa dos direitos das mulheres, o combate à discriminação racial e a democratização do sistema de justiça.
No mesmo prédio, com sorriso estampado, uma voz carinhosa, coração aberto e uma história de luta marcada no olhar, Lucineia Rosa dos Santos é mais uma estrela viva na universidade. Doutora em Direitos Humanos, a docente pensa na transformação, na busca pelo que é melhor para todos, pela educação e pela igualdade. Lucineia é representatividade, é o povo em oito letras.
Em 132 anos, nenhuma mulher negra ocupou uma cadeira no STF. Na verdade, somente em maio de 2003, por indicação do presidente Lula, que a Alta Corte condecorou o primeiro ministro negro de sua história, Joaquim Barbosa. A primeira mulher chegou em 2000, quando Fernando Henrique Cardoso indicou Ellen Gracie ao pioneirismo. Na época, o banheiro feminino precisou ser construído no plenário. Carmen Lucia seria indicada no mesmo ano em que Ellen presidiria a Corte pela primeira vez, em 2006.
De acordo com dados do 2º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, 55,8% da população brasileira se declara negra e mais de 51% é constituída por mulheres. Em um país em que a exceção é maioria, é di cil acreditar que a cor e o gênero não são critérios eliminatórios.