BRICS 2.0: novos membros indicam era de cooperação global
Líderes da união do BRICS em Cúpula de Joannesburgo. Da esquerda para a direita: Luiz Inácio Lula da Silva – Brasil, Xi Jinping – China, Cyril Ramaphosa – África do Sul, Narendra Modi – Índia e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov no encontro em Joannesburgo
Por Ana Clara Farias, Carolina Rouchou, João Pedro Lopes, Geovana Bosak e Rafaela Freitas
E
m um cenário internacional cada vez mais dinâmico, o grupo BRICS, que tem seu nome formado pelas siglas dos países Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, está prestes a passar por uma expansão significativa com a adesão de novos membros. A entrada da Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia, Irã e Arábia Saudita no bloco, a partir de 2024, foi anunciada pelo presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, durante entrevista, em Joanesburgo. O anúncio foi recebido com expectativas e questionamentos, tanto por parte dos membros originais, quanto pelos observadores globais. Com a inclusão dessas nações, o BRICS se fortalece como uma coalizão de países emergentes, unidos por objetivos econômicos e políticos comuns. Os novos membros trazem consigo economias em crescimento, populações jovens e mercados consumidores em expansão. Espera-se que essa difusão diversifique as áreas de expertise do BRICS. Além disso, a participação dos novos integrantes na produção de petróleo se expandirá para 43,1%, quase o dobro em relação à porcentagem anterior.
Impacto A entrada de novos países no BRICS significa uma redistribuição do poder dentro do grupo. Os membros originais, especialmente China e Índia, podem ver sua influência diluída, mas ao mesmo tempo, ganham parceiros estratégicos em diferentes regiões do mundo. Haverá uma necessidade de negociar novas dinâmicas e coordenar políticas para garantir uma cooperação eficaz.
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A expansão do BRICS pode ter implicações significativas na economia global. Com os países recém-chegados, o grupo passará a ter 29,3% do PIB mundial e, com seu crescimento, poderá desafiar a supremacia econômica tradicionalmente mantida pelos países desenvolvidos. A diversidade econômica do BRICS poderia levar a um sistema econômico global mais equilibrado e menos centrado em um punhado de nações. Com a adição de novos membros, o BRICS também aumentou sua popularidade. São mais de 40 países que já demonstraram interesse em aderir ao bloco. Após o início de 2024, a união será formada por 46% da população global, mas, com o desejo de outros países de entrar no grupo, essa porcentagem pode chegar a exceder os 50%. Os países desenvolvidos estão observando de perto essa expansão. Alguns veem o BRICS como uma ameaça potencial ao seu domínio econômico global, enquanto outros veem oportunidades de comércio e colaboração. A reação varia, mas é inegável que o BRICS está agora em uma posição mais forte para influenciar as dinâmicas globais.
Vantagens e Desvantagens para o Brasil Para o Brasil, a entrada de novos membros no BRICS pode trazer vantagens significativas. A diversificação dos parceiros comerciais pode reduzir a dependência de mercados específicos, tornando a economia brasileira mais resistente a choques externos. Além disso, o nosso país pode se beneficiar do conhecimento e experiência dos novos membros em áreas como tecnologia e inovação. No entanto, também existem desafios. A competição interna dentro do BRICS pode dificultar a defesa de interesses
específicos do Brasil. Além do mais, é crucial garantir que a expansão do bloco não leve a uma diluição de seus princípios fundamentais, como a promoção do desenvolvimento sustentável e a redução das desigualdades globais. A entrada da Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia, Irã e Arábia Saudita no BRICS representa uma mudança significativa no cenário geopolítico e econômico global. O sucesso dessa expansão dependerá da capacidade dos membros originais e dos novos participantes de trabalharem juntos de forma eficaz, reconhecendo e superando as diferenças para promover objetivos comuns. © Instagram@dilmarousseff
© Gianluigi Guercia/ Pool/AFP
Inclusão de países promete transformar mercados, impulsionar inovações e redefinir as dinâmicas econômicas mundiais
Presidente do Banco dos BRICS, Dilma Rousseff, durante seu discurso de posse
Características dos novos membros Argentina: Uma das maiores economias da América Latina, traz para o BRICS uma perspectiva regional valiosa. Com uma rica base de recursos naturais e uma população educada, a Argentina poderia impulsionar a cooperação econômica e tecnológica dentro do bloco. Além disso, sua experiência em agricultura e indústria pode contribuir para a diversificação dos setores do BRICS. Emirados Árabes Unidos: Como um dos principais centros econômicos do Oriente Médio, os Emirados Árabes Unidos (EAU) oferecem um sólido conhecimento em finanças, infraestrutura e energia. Sua entrada no BRICS pode fortalecer a cooperação em setores-chave, como petróleo, gás, tecnologia e comércio. Além disso, os EAU podem facilitar a ligação entre o bloco e outras nações da região, promovendo uma maior integração geopolítica. Egito: Com sua rica história cultural e posição estratégica no Oriente Médio e no continente africano, o país traz ao BRICS uma perspectiva única. Sua economia em
CONTRAPONTO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo – PUC-SP