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Bernardo Saboya de Siqueira Abandono escolar e criminalidade

Bernardo Saboya de Siqueira

Abandono escolar e criminalidade

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A escola tem a função de preparar os jovens para as responsabilidades da vida adulta. Um dos maiores desafios que a população brasileira enfrenta é a falta de uma educação de qualidade. Existem vários fatores que contribuem para este desafio, sendo para mim o principal fator a falta de investimento do estado em educação. O investimento começou cem anos depois da maioria dos países desenvolvidos e em 1870 por exemplo apenas 6% de jovens de 5 a 14 anos frequentavam a escola. Porém o que temos que pensar é quais são as consequências que isto pode gerar, e como afeta principalmente a parte “abandonada” pelo estado, que é a população periférica. Eu acredito ser uma parte desta população abandonada pelo estado que acaba sendo empurrada para o mundo da criminalidade.

Segundo uma pesquisa do G1, a cada 1% de jovens de 15 a 17 anos fora das escolas a taxa de homicídio aumenta em 2% . O número de jovens fora das escolas é altíssimo, chega a 30% o número de jovens que não completam o ano letivo regularmente. Isso está relacionado à alta desigualdade do país. Pois sabemos que esses jovens são de origem periférica, que são abandonados pelo estado e têm pouquíssimas oportunidades e opções logo cedo. O que acontece é que há pouco investimento em educação, que acaba desestimulando os alunos a frequentarem as escolas. Muitos desses jovens também têm a necessidade de ingressar cedo no mercado de trabalho para ajudar a família em casa, o que faz com que também não tenham como focar em estudo, que para eles não iria adiantar nada, pois praticamente não tem aulas, greves, falta de infraestrutura… E assim então, quando precisam começar a ganhar dinheiro, uma parcela desses jovens escolhe o caminho mais tentador, o da criminalidade, mas isso não acontece de uma hora para outra, eles não estão estudando e de repente decidem sair da escola para cometer crimes. Esses jovens desde cedo, como já dito antes, tem poucas oportunidades, e são excluídos pela sociedade, então de certa maneira eles sempre estão no “meio do caminho”, e o exemplo perfeito disso é o Deivson Douglas do documentário “Pro dia Nascer feliz”. Onde ele fica no meio do caminho, Não é como se ele já tivesse decidido ser criminoso, ou seguir um caminho “correto”, é que a falta de estímulo para estudar, o ambiente que a escola é, acaba gerando uma “bola de neve” e faz com que o crime pareça ser o caminho mais fácil. Então constantemente existem garotos que estão divididos entre o caminho do crime e o caminho do trabalho, que por muitos é o caminho correto. Para entendermos melhor, vamos comparar alguns países com o Brasil. Na lista da OCDE, por exemplo, o Brasil ocupa a 350 posição na questão da escolaridade, ficando apenas à frente da Venezuela e Colômbia na América Latina; Já a Argentina pela UNESCO e UNICEF é uma das melhores e mais avançadas educação da América Latina. Em questão de segurança de jovens no Brasil entre 2000 e 2019, por volta de 444 mil pessoas entre 15 e 29 anos foram assassinadas por armas de fogo no Brasil e o índice de desocupação juvenil chega a 45,5%, de acordo com o SUS. E na Argentina eles apresentam a melhor segurança e o menor número de jovens infratores da América Latina. Outro país agora distante, por exemplo, é a Finlândia que é considerada o país com a melhor educação do mundo e sua taxa de abandono escolar no ensino primário é de apenas 0,2% de acordo com o Atlas mundial. E a maioria dos países com excelentes números de segurança como a Islândia por exemplo tem o seu governo focado em investimentos na educação. Portanto, o governo deve ser responsabilizado pela alta taxa de desocupação juvenil e por um dos motivos desse alto número, que é a falta de investimento em educação. Agora a solução para este problema tem que vir do governo também. Devem haver investimentos na área acadêmica e em algum tipo de apoio para que os jovens que sofrem com a exclusão escolar possam ter mais opções e oportunidades.