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Paulo Amato Sanches Filomeno Vidas Secas na cidade

Paulo Amato Sanches Filomeno

Vidas Secas na cidade

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Após dois longos dias, finalmente, Fabiano, Sinhá Vitória, o filho mais velho e o filho mais novo, chegaram à rodoviária do Tietê, na capital de São Paulo.

Assustados com tantas pessoas passando de um lado a outro, permaneceram juntos, agarrados uns aos outros, com os olhos arregalados. Não sabiam o que fazer, nem que atitude tomar. Até que um homem se aproximou e perguntou-lhes se precisavam de ajuda. Depois de cobrar grande parte das economias da família, o homem os deixou em um albergue.

Passaram-se alguns dias, Fabiano levou a família para uma nova moradia, embaixo do conhecido minhocão, lugar barulhento, onde conseguiram barracas para dormir, cobertores e sopa. Tudo oferecido pelo governo e trazido pela assistente social.

Sinha Vitória logo começou a trabalhar com reciclagem e conheceu muitas pessoas com esse novo trabalho. Colocou os meninos na escola. O

menino mais velho gostava muito da escola, mas o menino mais novo não. Dizia que a escola só servia pra levar broncas e mais nada. Quando voltavam da escola os meninos iam vender balas para as pessoas que estavam nos carros, parados no semáforo e, assim,Fabiano não se adaptou à nova vida.

Aprendeu a fumar crack, viciou-se e Sinhá Vitória o mandou embora. Ele sumiu no mundo. Os meninos

choraram muito. E choram até hoje .

Mas Sinha Vitória estava feliz da vida. Conseguiu emprego de faxineira e uma vez por semana limpava a casa de uma mulher rica. Quando a dona da casa saía, Sinha Vitória deitava na cama dela, que era uma cama de rainha, grande, bonita e cheirosa. E ela sonhava que a rainha era ela. E era mesmo.