Os sistemas formas na obra de Alvar Aalto: um estudo tipológico dos cortes

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E INTEGRAÇÃO ACADÊMICA PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO

CHRISTIANA SANTOS GONÇALVES VIEIRA

RELATÓRIO FINAL

PROGRAMA DE VOLUNTARIADO ACADÊMICO (PVA)

(Período no qual esteve vinculado ao Programa 02/2017 a 08/2018)

OS SISTEMAS FORMAIS NA OBRA DE ALVAR AALTO: UM ESTUDO TIPOLÓGICO DOS CORTES

Relatório final apresentado à Coordenadoria de Iniciação Científica e Integração Acadêmica da Universidade Federal do Paraná por ocasião da conclusão das atividades de Iniciação Científica ou Iniciação em desenvolvimento tecnológico e Inovação - Edital 2017/2018 (ano de início e término do Edital).

Marco Dudeque / Departamento de Arquitetura e Urbanismo Os sistemas formais na obra de Alvar Aalto

CURITIBA 2018

1. RESUMO

Metodologia de projeto em arquitetura possui como finalidade orientar o trabalho de arquiteto, o qual é amplo e complexo, e pode ser exercido de várias maneiras, sem que uma se sobreponha a outras. O arquiteto finlandês Alvar Aalto, é reconhecido pela importância de sua obra para o panorama arquitetônico mundial, devido à sua originalidade em um período marcado pela uniformidade, o modernismo. A proposta do trabalho é captar a essência da obra do arquiteto, por a considerar, apesar de devidamente reconhecida, ainda não completamente analisada. Dessa forma, propõese através desse estudo uma visão analítica através dos cortes de seus projetos, a fim de buscar uma análise mais abrangente de seus projetos – além de detectar suas características através da complexidade e individualidade presente em cada edifício. O estudo do corte é essencial para o portfólio do arquiteto em questão, de sorte que essa representação sintetiza a complexidade espacial do projeto, facilitando e acentuando a sua compreensão. Assim, o estudo tem como finalidade discutir o método de Alvar Aalto através do corte e descobrir, segundo esse tipo de representação, as estratégias de seu processo arquitetônico. Portanto, escolheu-se para a análise três projetos bastante significativos em sua carreira: Sanatório de Paimio (1929); Villa Mairea (1939); e a Prefeitura de Säynätsalo (1949). Através dos cortes desses projetos clássicos, é possível refletir acerca do método projetual de Alvar Aalto, assim como detectar algumas das estratégias construtivas que o possibilitaram atingir resultados tão distintos de seus demais colegas contemporâneos.

2. INTRODUÇÃO

Esse artigo objetiva a investigação dos métodos e teorias do arquiteto Alvar Aalto através do corte, ou seja, propõe-se a averiguar os princípios compositivos e as características de suas obras através dessa representação bidimensional. Essa maior facilidade de leitura que o corte oferece permite, além da maior compreensão, que o arquiteto “desenhe, investigue e entenda a anatomia arquitetônica em todos os seus aspectos físicos e materiais” (BERGHE, 2015, p. 4). Dotados de vários níveis, mezaninos e claraboias, os projetos do arquiteto finlandês possuem de alto nível de complexidade, não sendo absorvidos por completo através de uma planta – a qual inibe a riqueza presente nos diferentes pés direitos e pluralidade de níveis – ou por uma perspectiva – que apesar de excelente para transparecer a atmosfera local, falha ao tentar mostra fragmentos espaciais. Ainda segundo Berghe (2015), o corte incita a imersão do arquiteto na materialidade do projeto, ao mesmo tempo que o mostra o aspecto físico do mundo. Essa materialidade é literalmente cortada e aberta nesse tipo de representação, se tornando mais visível e compreensível, e assim se torna mais eficiente e efetivamente aplicável no processo de criação. Assim como no processo de concepção, no de análise a leitura se torna mais aguda diante do corte. Portanto, propõe-se a análise através do corte, de maneira que ela possibilite o melhor entendimento da obra do arquiteto em questão, abordando sua metodologia e complexidade.

Através da análise de cortes de obras emblemáticas, é possível evidenciar traços comuns nos projetos de Aalto, assim como distinções. Optou-se pela utilização dos cortes como meio de pesquisa, pois eles destacam as características principais e evidenciam a espacialidade como um todo. Essa maior facilidade de leitura que o corte oferece permite, além da maior compreensão, um entendimento mais profundo do edifício. Como os projetos desse arquiteto possuem vários níveis, mezaninos e claraboias, configuram alto nível de complexidade, e assim não são completamente entendidos através de uma planta – a qual anula a riqueza presente nas diferenças de pés direitos e variabilidade de níveis.

3. ALVAR AALTO Segundo Göran Schildt (1963), a atitude na obra do arquiteto e o seu desenvolvimento como professional são explicados, principalmente, pelas fortes raízes finlandesas de Aalto. Nascido em Kuortane, na Finlândia, no ano de 1898, ele se dedicou ao design de maneira geral, produzindo móveis, tecidos, trabalhos com vidro e arquitetura. Formado no Instituto Tecnológico de Helsinki em 1921, o começo de sua carreira arquitetônica teve aconteceu no contexto de um país durante o processo de industrialização, o qual configurou seus primeiros clientes como industriais.

Posteriormente estabeleceu um escritório em Jyväskylä, cidade em que passou a

infância. De acordo com Baratto (2017), seus desenhos carregam marcas de constantes pesquisas e transformações, iniciando-se do classicismo nórdico (estilo tendência na época em que se formou), passando pelo funcionalismo puro, até que se transformou em referência internacional para o Movimento Moderno, utilizandose de formas orgânicas e de materiais naturais.

O país altamente arborizado e na época recentemente independente, floresceu no arquiteto uma valorização do individual e da autoafirmação, ambas características comuns de países em crescimento. Sua arquitetura refletiu a atitude de sua nação, já que trazia a base técnica já solidificada como a democracia escandinava e o individualismo protestante, e assim não se deixou fortemente impressionar pelo modernismo. No início de sua carreira expressou alguns elementos classicamente racionalistas, porém foi pelo fato de criar uma alternativa ao modernismo – não por negar o tecnicismo – que Aalto se tornou um ícone. A utilização dos materiais naturais também advém da situação econômica finlandesa naquele momento, além de promover destaque à tradição construtiva escandinava. Assim, estabelece-se uma devolutiva bastante produtiva entre Alvar Aalto e seu meio, enquanto um influencia o outro reciprocamente.

Assim, a arquitetura de Aalto se manifesta como fortaleza, “nada sofisticada, intelectual ou sentimental, mas dotada de clareza que não elimina irracionalidade, uma minúcia de modulação que atrai o máximo de um sentimento sutil” (SCHILDT, 1963).

Lado a lado com o ambiente arborizado da Escandinávia, sua obra não se sobrepõe nem assume a natureza como superior: apenas convive harmonicamente com o meio.

Em suas construções urbanas é possível de se perceber características presentes no ambiente natural finlandês, entretanto o arquiteto não se preocupa em mascarar o aspecto humano da obra. Para Schildt, esse apontamento das características comuns entre humanidade e natureza é o núcleo da arquitetura de Aalto. Dessa maneira, é

possível dizer que o arquiteto deixou como legado uma obra pessoal, que reflete seu gosto pelo individual e seu desinteresse pelo coletivo, enquanto valoriza o convívio harmônico do homem com o meio.

3.1 A importância do corte em sua obra Segundo o arquiteto Jo Van Den Berghe, autor do artigo A Window on Drawing, a ideia de espaço na percepção humana advém de fragmentos espaciais e não da ideia do edifício. Assim, segundo o autor, a compreensão do espaço e da arquitetura como um todo acontece de fato através da descoberta de links entre esses fragmentos – configurando assim o corte como o instrumento chave do arquiteto, enquanto a planta é simplesmente a planificação do primeiro. Essa maior facilidade de leitura que o corte oferece permite, além da maior compreensão, que o arquiteto “desenhe, investigue e entenda a anatomia arquitetônica em todos os seus aspectos físicos e materiais” (BERGHE, 2015, pp. 04).

Dotados de vários níveis, mezaninos e claraboias, os projetos do arquiteto finlandês possuem de alto nível de complexidade, não sendo absorvidos por completo através de uma planta – a qual inibe a riqueza presente nos diferentes pés direitos e pluralidade de níveis – ou por uma perspectiva – que apesar de excelente para transparecer a atmosfera local, falha ao tentar mostra fragmentos espaciais. Ainda segundo Berghe, o corte incita a imersão do arquiteto na materialidade do projeto, ao mesmo tempo que o mostra o aspecto físico do mundo. Essa materialidade é literalmente cortada e aberta nesse tipo de representação, se tornando mais visível e compreensível, e assim se torna mais eficiente e efetivamente aplicável no processo de criação. Assim como no processo de concepção, no de análise a leitura se torna mais aguda diante do corte. Portanto, propõe-se a análise através do corte, de maneira que ela possibilite o melhor entendimento da obra do arquiteto em questão, abordando sua metodologia e complexidade.

Através da análise de cortes de obras emblemáticas, foi possível evidenciar traços comuns nos projetos de Aalto, assim como distinções. A observação das características mais marcantes de sua obra tornou-se quase imediata através desse modo de representação, uma vez que o arquiteto procurava representar nelas os elementos que considerava importantes para cada projeto. Em alguns casos, visualizase inclusive alguns ornamentos (trabalhos de madeira, por exemplo), os quais ele considerava essenciais para a compreensão completa da obra e da espacialidade.

Dessa forma, pode-se afirmar que através dos cortes é possível captar a essência e a complexidade da obra deixada pelo arquiteto finlandês. Assim, para facilitar a análise

de sua obra, escolheu-se três projetos bastante significativos em sua carreira, e os separou em dois períodos cronológicos importantes: o pré-guerra e o pós guerra. Essa distinção temporal foi considerada significativa devido à situação da Finlândia e ao posicionamento do arquiteto diante desse evento importante para a história da humanidade, que atuou como divisor de águas na Europa.

4. ANÁLISE DAS OBRAS

4.1 Sanatório de Paimio (1929)

Fig. 1: Sanatório de Paimio (Covre 2016)

Localizado em área montanhosa e arborizada, o Sanatório de Paimio isola-se da área urbanizada e cria, através de zonas de trabalho e zonas de silêncio, um ambiente propício para a cura. Esses dois tipos de zonas seguem a estrutura teorizada por Louis Khan, posterior ao arquiteto aqui em questão, caracterizadas como espaços de serviço e espaços servidos. O ponto crucial do projeto são os quartos individuais para os pacientes, providos de insolação e ventilação abundante – além de serem mais silenciosos que quartos para grupos. Tratando-se de um sanatório específico para tuberculose, Aalto o projeta como faria uma casa ampla e ensolarada, com abundante ventilação natural. Assim, através dessa atmosfera, a sensação de estar em um hospital é atenuada. Para Segre (2012), o projeto obteve significativa influência nos sanatórios

para tuberculosos ao aplicar o modelo das varandas horizontais contínuas que facilitavam aos pacientes o contato solar. Outra mudança que repercutiu após essa obra foi a solução do prédio alto vertical, que já tinha sido utilizada na América, e que foi trazida para a Europa por Aalto. Dessa maneira, através dos espaços servidores, o arquiteto articula a circulação dos enfermeiros e visitantes, prezando pela tranquilidade dos pacientes. Durante esse projeto ele inicia o trabalho de coexistência entre luz natural e artificial, a qual será bastante explorada por ele posteriormente, inclusive através de claraboias. A análise do edifício foi proposta justamente por sua importância para a carreira do finlandês, que após a sua construção passaria a tratar o fator luminância de maneira diferente em seus projetos. A essencialidade do corte nesse caso se dá na ênfase, dada pelo arquiteto, do trabalho com a insolação – ampla e abundante em cada quarto – como é representado na imagem a seguir, através das varandas para banho de sol.

Figs. 2 e 3: Cortes sanatório (A autora 2017)

A entrada de luz também é projetada e controlada nas áreas comuns do complexo, para que todos os cômodos em que exista a permanência de pacientes, exista boa ventilação e iluminação. O corte representa os pavimentos empilhados, qualificados através da entrada de luz democrática. Apesar de em 1929 o arquiteto ainda possuir fortemente características do Movimento Moderno no desenho, ele demonstra preciosismo com o tratamento da luz natural – a qual é fator determinante no grau de conforto em seus projetos. Dessa maneira, pode-se afirmar que, apesar do corte denotar restrito funcionalismo formal, ele demonstra a preocupação recorrente do arquiteto com

a qualidade espacial, a qual se afirma gradativamente mais durante seus anos de profissão.

4.2 Villa Mairea (1939)

Fig. 4: Villa Mairea (Sveiven 2010)

Aalto desenhou várias moradas de amigos, sendo que cada residência trazia traços da personalidade da família que ali habitaria. A casa mais importante dessa coleção é a Villa Mairea, construída na área de Noormarkku Ruukki para o casal Harry and Maire Gullichsen, industriais finlandeses.

O projeto é considerado como a obra prima do arquiteto, por juntar várias características importantes de sua obra em uma única construção. A casa foi proposta através de materiais e volumes que claramente pertencem ao contexto em que estão inseridos, produzindo esse efeito de colagem de materiais e texturas, possibilitado pela liberdade completa dada pelos clientes ao arquiteto. Apesar de sua complexidade ela se apresenta com grande coesão, harmônica com a paisagem.

Fig. 5: Corte longitudinal Villa Mairea (A autora, 2017)

A obra apresenta muitas variações de pé direito entre os volumes que a formam, produzindo dessa maneira atmosferas diferentes para cada ambiente. Essa diferença também produz delimitação dos espaços, por exemplo a separação da área social da mais íntima pelo teto mais alto. Através do corte é possível perceber também que o arquiteto, nesse caso, trabalha com elementos ortogonais para atenuar a horizontalidade da obra. Apesar da Villa se espalhar pelo terreno e ocupar grande área, elementos verticais, além de um primeiro pavimento, equilibram a composição, trazendo assim o equilíbrio compositivo. Essa distribuição em eixos é fundamental para a contextualização da obra, que dessa forma insere-se com facilidade na área de bosque.

Um exemplo da utilização dos eixos são esses elementos verticais de madeira inseridos tanto no exterior como no interior da casa, que segundo o arquiteto foram colocados em locais estratégicos a fim de evitar ritmos artificiais criados pela arquitetura (Sveiven, 2010).

Figs. 6 e 7: Elementos de madeira da Villa Mairea (Sveiven 2010)

O desenho também é fundamental para evidenciar o lado racional da obra. Os diversos materiais empregados e os corrimãos amadeirados podem passar a ideia de que a casa foi projetada de maneira instintiva e subjetiva, tendo em vista as outras construções feitas na mesma época. Entretanto, através do corte fica claro o rigor técnico do arquiteto, tanto estrutural quanto volumétrico, ao relacionar todos os elementos ao eixo xy, a fim de alcançar o ritmo e proporção definidos.

Por fim, é possível de se afirmar que a Villa Mairea simboliza a junção da técnica do arquiteto com a sua habilidade compositiva. Através da colagem de materiais texturizados e da articulação entre volumes e pés direitos, o projetista atenua o aspecto ortodoxo da estrutura regular. Aalto escolhe uma arquitetura mais próxima do humano, sem se desvencilhar da técnica.

4.2 Prefeitura de Säynätsalo (1949)

Fig. 8: Prefeitura de Säynätsalo (Fiederer 2016)

Säynätsalo configura-se como uma pequena cidade agrícola na Finlândia, a qual teve a sua sede administrativa projetada por Aalto em 1949. Nessa obra, o arquiteto trabalha com um programa de grande escala, entretanto o camufla por meio de materiais e da harmonia contextual, conseguindo criar, de acordo com Fiederer (2016), um edifício

dotado de elementos clássicos e modernos mesclados com intimidade. Esse ponto de coesão para a comunidade se coloca no terreno como se sempre estivera ali, trazendo a herança finlandesa por meio dos materiais e das texturas. O programa abrange prefeitura, gabinetes do governo local, biblioteca pública, apartamentos e um espaço destinado ao comércio. O edifício foi preparado para receber uma nova centralidade, que provavelmente seria criada pela construção da nova prefeitura, e para uma possível expansão.

A implantação do edifício no terreno se deu através de diversos níveis, tratandose assim de um corte bastante complexo. Os diferentes pés direitos advêm dos diferentes usos dispostos nos blocos, sendo que o mais alto aloja a câmara municipal.

O arquiteto utiliza-se da estratégia de desmembrar o programa e assim distribuí-lo em diversos volumes, cada qual com pé direito, qualidade de luz e ventilação necessários.

Assim, devido à grande quantidade de usos previstos no programa, a arquitetura se esparrama em vários blocos, porém mantém a coesão volumétrica típica do arquiteto em questão.

Fig. 9: Corte da prefeitura de Säynätsalo (A autora, 2017)

Dessa maneira, Aalto define os níveis chave do projeto, articulando os volumes através de um pátio central, acessado através de escadas. Esse pátio remete às praças tipicamente europeias que no período renascentista reuniam todos os edifícios públicos em um só local, como acontece em Veneza, por exemplo. O edifício da prefeitura é dotado de vários níveis, devido ao terreno acidentado. Entretanto, essa condição passa quase que desapercebidamente devido à leveza com que é tratada.

Figs. 10 e 11: Degraus de acesso e pátio (Fiederer 2016)

O projeto da Prefeitura de Säynätsalo mostra, exemplarmente, a capacidade de adaptação do arquiteto em relação ao contexto, sem virar as costas para o cenário da arquitetura mundial. Nesse projeto, diferentemente dos anteriores, há a questão da monumentalidade. Dada a grandiosidade do programa, era possível de se esperar um edifício suntuoso e intimidador. Entretanto, os elementos de grandiosidade se refletem nos pés direitos e amplitude dos espaços, e não na escala do edifício. Aalto utiliza-se da racionalidade na setorização, construção e desenho dos espaços, entretanto sempre se atenta para flexibilizá-los conforme o seu local de inserção – a Finlândia, país predominantemente rural no qual a valorização das tradições é intensa. Apesar do momento arquitetônico vivenciado ser marcado pela padronização, o arquiteto finlandês desenha o conjunto inteiro: da planta à maçaneta. Dessa maneira, fica evidente que ele não somente foi um dos grandes arquitetos do modernismo, como fica clara a sua percepção das falhas da tendência. Ao não se render ao estilo internacional, ele absorve somente as boas características da produção moderna e acaba produzindo algumas das obras mais emblemáticas e belas do século XX.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Um dos arquitetos mais influentes do século XX, Aalto se destaca por sua maneira de projetar. Munido da tecnologia do período moderno e das tradições nórdicas, ele aprende na Finlândia – país no qual nasceu e construiu a maior parte de suas obras – como absorver a identidade do entorno em sua arquitetura. Através da setorização do programa e da posterior disposição dos usos em volumes, o arquiteto cria obras inéditas e completamente adaptadas para as funções destinadas a abrigar. Por meio de materiais e revestimentos, o finlandês materializa a nação finlandesa em seus edifícios – os quais passam a ser a identidade arquitetônica do país. Suas propostas são sempre contextuais, sendo essa, provavelmente, a característica mais visível de sua metodologia. À primeira vista, Aalto preza por obras autorais, possuidoras de vários volumes articulados entre meios níveis, tetos inclinados e tijolos. Entretanto, essa é a identidade consolidada em suas obras pois essas condições eram consideradas por ele ideais para a Finlândia. Romper o programa é essencial em sua arquitetura, porém sua maneira de articular os usos se dá de maneira muito distinta dos colegas. Por fim, ele explora formalmente suas ideias através do corte e de elevações – que para ele possuíam a maior parte das informações vitais do edifício.

Grande parte de seu processo de criação fica oculto, principalmente por não ter deixado escritos sobre seus projetos. Entretanto, a partir dos cortes foi possível perceber características comuns entre os projetos analisados, advindas da metodologia comum: articulação de volumes conforme usos e cuidado extremo com a inserção contextual.

Em conclusão, este relatório evidenciou a metodologia de um arquiteto que, absorto no processo criativo, prioriza a qualidade espacial de suas obras e as preenche com valores culturais de seu país natal.

6. REFERÊNCIAS VAN DEN BERGHE, Jo. A Window on Drawing. Aarhus, Dinamarca, 2015.

Schildt, Göran. Alvar Aalto: the complete catalogue of architecture, design and art, vols. I, II e III. Nova Iorque, Rizzoli, 1994.

SCHILDT, Göran. Alvar Aalto: The complete catalogue of architecture, design and art.

SVEIVEN,

Megan.

“AD

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Villa

Mairea”.

Archdaily.

https://www.archdaily.com/85390/ad-classics-villa-mairea-alvar-aalto.

Disponível Acesso

em: em

agosto de 2018.

COVRE, Frederico. “Alvar Aalto: Paimio Sanatorium”. Divisare. Disponível em: https://divisare.com/projects/330364-alvar-aalto-federico-covre-paimio-sanatorium.

Acesso em agosto de 2018.

FIDERERER, Luke. “AD Classics: Saynatsalo Town Hall”. Archdaily. Disponível em: https://www.archdaily.com/783392/ad-classics-saynatsalo-town-hall-alvar-aalto.

Acesso em agosto de 2018.

SEGRE, Roberto. “Hospitais. Arquitetura na linha da sombra”. Vitruvius. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/12.134/4607. agosto de 2018.

Acesso

em