Papo de Montanha - Ago 2013

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que nada entendeu, reação espontânea que provocou ainda mais descontração. Difícil foi explicar para a alemã o significado malicioso daquele nome, mas alguém conseguiu: vários minutos depois, escutamos suas risadas solitárias e intensas logo atrás! A estadia vespertina no planalto propiciou uma amável surpresa: a chegada da nossa querida Miriam “bamo bamo” Gerber, em pleno test drive do seu pisante quebrado e remontado! No fim da tarde, Felipe, Fernando, Paulo e Pedro foram brincar na parede grampeada próxima ao abrigo, enquanto os demais retornavam ao aconchego do refúgio, se preparando psicologicamente para o grandioso jantar que se aproximava. A lua crescente estava alta naquela hora crepuscular e sua aparição foi festejada com a abertura da primeira garrafa de vinho. Com certeza não choveria nessa noite! Na medida em que as estrelas mais apressadinhas surgiam nas partes desanuviadas do firmamento, o cheiro tentador do yakisoba invadia os arredores e provocava uma ansiedade gastronômica quase incontrolável. O aumento do frio noturno influenciou diretamente no apetite, mas a experiente Helena, acostumada a servir famílias numerosas, soube fazer uma quantidade que ainda rendeu para o dia seguinte. Saciadas a fome e a gula, indicadores da excelente qualidade do jantar, chegou a vez da diversão! A confraternização entre os participantes é um dos maiores valores sociais do montanhismo. Pessoas de diferentes classes econômicas, profissões, práticas religiosas, pensamentos políticos, gostos culturais e gerações convergem para um

único ponto em comum: o prazer de estar nas montanhas! Alguns colegas conversavam animadamente e outros jogavam mau-mau energicamente, mas com tanta energia que não se ouvia nenhuma palavra, só risos e gargalhadas! Regra maluca imposta por alguém: não pode falar! Como eram muitos ao redor da mesa, o jogo se alongou, tendo Inês como grande vencedora. Bora dormir que o vinho acabou e o domingo promete! No auge da madrugada, Fernando registrou 4 graus positivos! Brrrrrrrrrrr! Amanheceu um belíssimo dia ensolarado, de céu absolutamente limpo e de um azul estonteante! O day after não decepcionou e quem não acreditou, perdeu! Paulatinamente a vegetação se desnudava da névoa baixa típica da estação e exibia sua beleza. Pássaros atrevidos vinham à porta do abrigo em busca de migalhas do café-da-manhã, pouco se importando com a presença humana. Fosse eu um explorador presenteado com a visão daquelas montanhas, teria alcunhado de Agulhas Douradas, amareladas que estavam pelos reflexos dos raios solares. Os tupis chamavam de itatiaia, ou pedra pontuda. As Agulhas são a grande vedete do Parque! Não é tão simples assim subir lá, precisando de algum conhecimento em técnicas de subida e descida, manejo de cordas, bom condicionamento corporal e certa dose de ousadia! Classifico sua ascensão como escalada, primeiro pelo objetivo de chegar ao cume, segundo por não haver uma trilha demarcada em terra na parte inclinada rochosa, sendo necessário o uso constante das mãos nas pedras e apoio imprescindível de outras partes do corpo, tais como joelho, cotovelo, bunda e costas a todo instante, e Agosto 2013

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