Papo de Montanha - Ago 2013

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Revista do CEL

Montanhas no CEL

O olhar de Herbert Macário pelos Parques Naturais do Brasil

PAPO DE MONTANHA ano 1 | número 3 | agosto 2013

Santa Maria Madalena Reino Mágico, 1000 metros de conquista e outras vias

Excursão do CEL

Itatiaia

Raphael Nishimura Gerenciamento de risco e prevenção de acidentes Entrevista

Software para escaladores

CroquiLab Agosto 2013

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editorial ano 1 | número 3 | julho 2013 CEL - Clube Excursionista Light Presidente: Claudney Neves Vice-Presidente: Éder Abreu Secretário-Geral: Lucas Figueira Tesoureiro: Claudio Van Diretoria de Montanhismo: Hans Rauschmayer Diretoria Social: Karla Paiva Diretoria de Ecologia: Daniel Arlotta Diretoria de Comunicação: Judith Vieira Diretoria Cultural: Claudia Gonçalves Projeto Gráfico: Paulo Ferreira Organização: Claudney Neves Editoração: Karla Paiva Revisão: Judith Vieira Foto de capa: Flávia dos Anjos na conquista da Reino Mágico, na pedra Dubois. Por Felipe Dallorto. Papo de Montanha é uma publicação do CEL - Clube Excursionista Light. As opiniões expressas pelos autores são de inteira responsabilidade dos mesmos e não representam a opinião da revista Papo de Montanha e do CEL.

Fale Conosco: cel@celight.org.br Av. Marechal Floriano, 199/501, Centro, Rio de Janeiro - RJ Tel.: +55 21 2253-5052

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Este terceiro número da Revista Papo de Montanha sai da prensa com uma nova mentalidade. Até a edição anterior publicamos matérias exclusivamente dos sócios do Clube. Nesta, abrimos nossas portas para outros montanhistas. Gente que aceitou o convite e escreveu para nossa publicação. Pensamos que assim o trabalho ficará muito mais rico em conteúdo e com assuntos de interesses diversos, desde um software para criação de croquis até a resenha de um guia de escalada, passando por entrevistas, artigos técnicos, histórias e atualidades, mas sem deixar de falar nas atividades do CEL e continuando a mostrar locais de escalada por aí. Nesta edição começaremos a trazer para vocês alguns desses assuntos. Mostraremos também o que aconteceu no Papo de Montanha neste período. Projeto que inspirou o nome da revista e acontece sempre na terceira semana de cada mês em nossa sede. Nessa seção, especificamente, falaremos do Gerenciamento de Risco e Prevenção de Acidentes. Palestra que aconteceu em junho desse ano e que mostrou como é preciso pensar cada vez mais no assunto. Esperamos que aproveitem e que o conteúdo seja útil e divertido para todos. Aguardem mais novidades. Boa leitura!

índice Excursão do CEL

Costurando pelas Agulhas Negras.. 04

Entrevista

Montanhas no CEL

Exposição sobre Parques Naturais .. 38

Raphael Nishimura .......................... 14

Escalando por aí

Santa Maria Madalena...................... 20

Papo de Montanha

Gerenciamento de risco e prevenção de acidentes..................................... 36

CroquiLab

Facilitando o seu trabalho ............... 48

Curiosidades................................... 51 Agosto 2013

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EXCURSÃO DO CEL

COSTURANDO PELAS Na noite de 17 de abril, plena quarta-feira, fiquei acordado mais tempo do que o normal. Tive que esperar o relógio marcar meia-noite para entrar no site do Parque Nacional de Itatiaia e mandar o pedido de reserva do abrigo Rebouças. Isso porque a regra é clara: reservas devem ser feitas com mínimo de cinco dias e máximo de trinta dias de antecedência, pois a excursão estava marcada para 18 de maio. Finalmente fui dormir com a sensação de dever cumprido, mas preocupado com as tarefas que me esperavam no trabalho. Vida de guia! Na manhã seguinte recebi uma ligação da secretária do PNI informando que meu pedido não poderia ser atendido na totalidade dos 16 lugares, uma vez que já havia reserva para duas pessoas. Mas como isso era possível se eu tinha mandado a mensagem à meianoite? Ela me explicou que minha mensagem tinha registro de 00:04 hs, enquanto a outra marcava 00:02 hs, prioritária portanto! Briga de foice para reservar, mas pelo menos funcionou. A lista da Femerj vem registrando várias reclamações nos mecanismos de reserva devido à nebulosidade do processo, sendo batizado como caixa-preta. Todavia, com a mudança na direção daquela unidade de conservação, é possível encontrar no site do Parque uma planilha com o mapa das reservas já efetuadas e a disponibilidade de vagas. 4

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Em tese, quem chegar primeiro consegue reservar. Sem dúvida que houve avanço! A caixa clareou, ficando acinzentada, mas ainda precisa melhorar. Por exemplo, o tal mapa é mostrado como um cronograma de barras, onde há sobreposição numérica no mesmo dia entre um grupo que sai com outro que entra, confundindo o montanhista que pesquisa por vagas livres. A origem da confusão está na apresentação do cruzamento das seguintes informações: primeira, do período da diária (início às 09:00 hs de um dia e término às 09:00 hs do outro); segunda, com as perguntas sobre os dias de entrada e saída feitas na ficha de reserva. No cronograma de barras fica marcado o dia inteiro de saída, mesmo que o grupo esteja deixando o abrigo às 09:00 hs da manhã!


S AGULHAS NEGRAS Texto por Marcus Vinicius Carrasqueira Esse sistema de reserva não é automático, ou seja, depois de preencher e enviar a ficha eletrônica, a reserva não pode ser imediatamente visualizada no site. O procedimento é feito manualmente pela secretária, após algumas horas, criando um espaço de suspense e incerteza. Na prática percebi sinceridade no trabalho daqueles servidores federais e, em ambas as ocasiões em que precisei reservar abrigo e camping neste ano, fui bem atendido (seja por telefone ou email) e tive êxito. O usuário deve conhecer as normas para transitar pelos caminhos burocráticos com sucesso. Apesar dos percalços, o saldo foi positivo: ponto para o Parque! Se a excursão às Agulhas Negras, por si só, foi objeto de interesse acima da média das pranchetas do clube, a notícia da confirmação da reserva no abrigo Rebouças alavancou ainda mais a procura, sendo motivadora da mobilização de 25 inscritos, incluindo aqueles da lista de espera. Administrar o dinamismo de reservas, ingressos, transporte, comunicação (email e telefone), alimentação, desistências e inclusões dessa turma foi um teste de doação

pessoal. Os bastidores do planejamento deste passeio foram bem frenéticos. Vida de guia! Finalmente chegou o grande dia! Às 05:00 hs da madruga, no Posto BR da Praça da Bandeira e debaixo de uma chuva fininha, a maioria dos amigos embarcou na van do Gabriel enquanto que outros foram com seus próprios veículos, todos seguindo juntos como um comboio. No “frigir dos ovos” foram ocupados 16 leitos no abrigo Rebouças e dois colegas dividiram uma barraca no camping, totalizando 18 participantes: Adriana, Amanda, Ana, Carlson, Carrasqueira, Felipe, Fernando, Helena, Inês, Judy, Luchesi, Márcia, Miriam, Norma, Paulo, Pedro, Renata e Renatinho. O Posto Marcão estava agitado quando chegamos pela manhã, por volta das 10:00 hs! Muitas pessoas querendo entrar e não havia uma fila ou ordem aparente na recepção: todos atendiam todos e todos eram atendidos por todos. Fui recebido por, pelo menos, quatro funcionários repetitivos nas suas perguntas e falando simultaneamente entre si e com os visitantes. Percebe-se que são pessoas simples, educadas, esforçadas e estão laborando com seriedade, mas carecem Agosto 2013

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de organização no trabalho. Por outro lado, o abrigo Rebouças emocionou novatos e veteranos nesse tipo de hospedagem: limpo, bem cuidado, camas com colchão, instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias funcionando perfeitamente e uma cozinha equipada com fogão industrial, botijão de gás e alguns utensílios (panela, talheres, pratos e copos).

Não há como negar que houve um salto de qualidade no PNI! As normas de conduta do abrigo e do camping estão facilmente à disposição no site e, se todos seguirem as recomendações e cuidarem do bem público, o benefício será da sociedade e o Parque estará cumprindo com sua função conservacionista, permitindo que várias gerações de montanhistas possam usufruir dos seus encantos. Se queremos ser um país civilizado, temos que nos comportar individualmente como tal. A previsão do tempo vinha sendo monitorada desde a semana anterior e, nos sites especializados, não havia indicação de chuvas para o final de semana em Itatiaia. O sábado se mostrou sem sol, seco, com temperatura agradável e nebulosidade moderada encobrindo os locais mais altos. As boas condições permitiram ao grupo realizar um reconhecimento lúdico dos principais atrativos no entorno das Prateleiras, entre os quais pedra da Tartaruga, pedra da Maçã e chaminé Willy Brackman. Infelizmente as 6

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nuvens esconderam o topo das Prateleiras (2.548 metros), desestimulando sua completa ascensão pela absoluta falta de visibilidade, mas chegamos até o platô do seu extremo oeste, à beira do precipício divisório com o vale do rio Paraíba do Sul. Empoleirado naquele mirante natural filosofei sobre o passado. As terras da região, incluindo o atual Parque Nacional de Itatiaia, foram uma concessão imperial a Irineu Evangelista de Souza voltada à exploração de madeira para produção de carvão vegetal, em outras palavras, desmatamento. Mais conhecido como Visconde de Mauá, seu nome foi emprestado ao distrito fluminense localizado às margens do rio Preto, lugar de intenso turismo de inverno desde a década de 1.980. Que reviravolta do destino! O que começou como devastação, hoje é sinônimo de preservação! A trilha para as Prateleiras passa ao lado de uma das mais populares atrações do Parque, a bela cachoeira das Flores e seu poço de mergulho e natação. Suas águas gélidas somente são acessíveis aos mais corajosos, pois é conhecida informalmente entre os freqüentadores como “encolhe-pinto”. Todos riram em uníssono da piada, exceto Inês,


que nada entendeu, reação espontânea que provocou ainda mais descontração. Difícil foi explicar para a alemã o significado malicioso daquele nome, mas alguém conseguiu: vários minutos depois, escutamos suas risadas solitárias e intensas logo atrás! A estadia vespertina no planalto propiciou uma amável surpresa: a chegada da nossa querida Miriam “bamo bamo” Gerber, em pleno test drive do seu pisante quebrado e remontado! No fim da tarde, Felipe, Fernando, Paulo e Pedro foram brincar na parede grampeada próxima ao abrigo, enquanto os demais retornavam ao aconchego do refúgio, se preparando psicologicamente para o grandioso jantar que se aproximava. A lua crescente estava alta naquela hora crepuscular e sua aparição foi festejada com a abertura da primeira garrafa de vinho. Com certeza não choveria nessa noite! Na medida em que as estrelas mais apressadinhas surgiam nas partes desanuviadas do firmamento, o cheiro tentador do yakisoba invadia os arredores e provocava uma ansiedade gastronômica quase incontrolável. O aumento do frio noturno influenciou diretamente no apetite, mas a experiente Helena, acostumada a servir famílias numerosas, soube fazer uma quantidade que ainda rendeu para o dia seguinte. Saciadas a fome e a gula, indicadores da excelente qualidade do jantar, chegou a vez da diversão! A confraternização entre os participantes é um dos maiores valores sociais do montanhismo. Pessoas de diferentes classes econômicas, profissões, práticas religiosas, pensamentos políticos, gostos culturais e gerações convergem para um

único ponto em comum: o prazer de estar nas montanhas! Alguns colegas conversavam animadamente e outros jogavam mau-mau energicamente, mas com tanta energia que não se ouvia nenhuma palavra, só risos e gargalhadas! Regra maluca imposta por alguém: não pode falar! Como eram muitos ao redor da mesa, o jogo se alongou, tendo Inês como grande vencedora. Bora dormir que o vinho acabou e o domingo promete! No auge da madrugada, Fernando registrou 4 graus positivos! Brrrrrrrrrrr! Amanheceu um belíssimo dia ensolarado, de céu absolutamente limpo e de um azul estonteante! O day after não decepcionou e quem não acreditou, perdeu! Paulatinamente a vegetação se desnudava da névoa baixa típica da estação e exibia sua beleza. Pássaros atrevidos vinham à porta do abrigo em busca de migalhas do café-da-manhã, pouco se importando com a presença humana. Fosse eu um explorador presenteado com a visão daquelas montanhas, teria alcunhado de Agulhas Douradas, amareladas que estavam pelos reflexos dos raios solares. Os tupis chamavam de itatiaia, ou pedra pontuda. As Agulhas são a grande vedete do Parque! Não é tão simples assim subir lá, precisando de algum conhecimento em técnicas de subida e descida, manejo de cordas, bom condicionamento corporal e certa dose de ousadia! Classifico sua ascensão como escalada, primeiro pelo objetivo de chegar ao cume, segundo por não haver uma trilha demarcada em terra na parte inclinada rochosa, sendo necessário o uso constante das mãos nas pedras e apoio imprescindível de outras partes do corpo, tais como joelho, cotovelo, bunda e costas a todo instante, e Agosto 2013

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terceiro pelo uso de corda e boudrier, itens de segurança recomendados em algumas passagens.

Luchesi julgou melhor não subir, pois estava acompanhado da esposa, Ana, e da irmã, Adriana, que não possuem tradição no esporte. Da mesma forma Helena, seu filho Renato e a sua nora Renata, que permaneceram nas cercanias do abrigo. Sábias decisões de guias conscientes, amparadas no princípio de Mínimo Impacto ensinado como “Planejamento É Fundamental”, especificamente aquele que aconselha ao participante a escolher as atividades conforme o seu preparo físico e a sua experiência, haja vista que o conjunto das limitações apontadas pode levar a uma exposição desnecessária de risco, podendo prejudicar a si próprio e atrapalhar o passeio do grupo, envolvidos que ficarão na diminuição de ritmo para compensar o seu fraco desempenho, ou no seu resgate, em caso de acidente ou mal 8

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súbito – esse último decorrente do esforço adicional. Carlson e Pedro se anteciparam para instalar a corda na primeira passagem, permitindo ganhar tempo. Minha preocupação era chegar ao topo antes de qualquer outro grupo e começar a descer assim que os primeiros montanhistas externos por lá aportassem. Era domingo, dia de intensa visitação, presença de grupos grandes e queria fugir dos engarrafamentos nos corredores estreitos em que só passa uma pessoa de cada vez. Procurei tirar vantagem de termos dormido no abrigo e marquei a saída para 07:30 hs, logo depois do horário de abertura da portaria. A pontualidade do grupo foi exemplar. Márcia se recuperou do mal estar do dia anterior e estava pronta para a excursão. Ao percorrer a trilha logo notei várias placas indicativas dos atrativos, repetindo a observação que fiz nas Prateleiras. Caminhos bem sinalizados favorecem a segurança dos visitantes, outro ponto para o Parque! Chegando ao local previamente combinado não encontramos a corda ou os colegas. Algo aconteceu que ficou oculto para nós. Tocamos para arriba por entre raízes, pedras e sulcos erodidos na rocha até uma estreitíssima passagem, onde deslizamos sanduichados no meio de dois enormes blocos rochosos que permitiu contornar o obstáculo. O cordelete de 15 metros que sempre levo foi útil e contribuiu para descermos com confiança, empregando técnica de chaminé com a gravidade ajudando, mas Paulo certamente entalaria ali, por isso ele veio bundeando por cima das pedras. Cont inuan d o a subida alcançamos o


último entrave a poucos metros verticais antes do topo, sem maiores dificuldades. Outra passagem a ser feita com auxílio do cordelete, dessa vez ancorado em grampos. Até ali não tínhamos cruzado com ninguém. Atingimos o cume em torno de 10:30 hs, porém estava deserto! Nenhum sinal dos nossos amigos que ficaram para trás. A situação já estava tomando contornos de um mistério hitchcokiano. Promovemos as comemorações pela conquista do nosso objetivo com muitos abraços, fotografias e o tradicional lanche. Montanhista é uma raça que está sempre comendo, basta parar um pouquinho e a fome chega! Agulhas Negras está a 2.792 metros de altitude e foi gratificante testemunhar a emoção dos estreantes em pisar pela primeira vez o cume da 6ª maior montanha brasileira. Judy realizou um feito notável, pautado pela superação pessoal. O dia permanecia lindamente iluminado e a paisagem que se descortinou para nós foi de uma beleza recompensadora! Amanda e Norma vibraram muito com o prêmio, um espetáculo! Tínhamos uma visão formidável ao redor e pudemos identificar com precisão o vale do rio Aiuruoca,

a pedra do Sino de Itatiaia, o abrigo Rebouças, as Prateleiras, a serra Fina, a crista contínua da serra do Mar e a marcante pedra do Altar, lugar da cerimônia de casamento da Miriam, com o comparecimento de 53 convidados vestidos a caráter. E pensar que todo o complexo rochoso do Parque Nacional de Itatiaia é resultado da explosão de um vulcão com 5 mil metros de altitude ocorrida há cerca de 70 milhões de anos, de acordo com estudo feito pelos cientistas do Serviço Geológico do Paraná! Aproximadamente 30 milhões de anos depois, uma colossal avalanche resultou nas gigantescas Agosto 2013

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pedras arredondadas e soltas. Nossos pés estavam tocando o que restou de uma imensa bolsa de magma que resfriou, endureceu e foi erodida lentamente pela ação das forças da natureza ao longo dos milhares de séculos. Que montanha magnífica deveria ser! Fosse nos dias atuais poderia ser avistada das cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Às 11:30 hs, vozes foram ouvidas, indicando que um outro grupo estava próximo e que chegara o momento da nossa descida. Na verdade dois grupos apareceram quase que simultaneamente. O primeiro com nove membros e o segundo com 23 participantes. Graças à gentileza do guia do segundo grupo, conseguimos passar pela passagem grampeada no breve intervalo entre ambos, quando os integrantes do maior estavam se reagrupando. E eis que surgem Carlson e Pedro ao longe. Eles tinham ido para outro ponto e nos desencontramos. Aproveitamos que os 23 participantes já tinham transposto o gargalo e, sem perder tempo, descemos, enquanto os dois colegas foram em busca do seu cume perdido! Perto do local crítico da subida encontramos um terceiro grupo, mas já estávamos fora da zona de tumulto. Improvisei uma corda com o cordelete e as solteiras, ancorei no grampo e descemos em fixa um pequeno desnível de cinco metros. Para quem fez CBM e pratica montanhismo regularmente, essa manobra técnica é moleza! De repente, saídos das rochas acima, Carlson e Pedro se reintegram definitivamente a nós. Continuamos a descer. Felipe, Fernando e Paulo tiveram um papel fundamental cerrando a fila desde o início da escalada. As botas pisaram o chão do abrigo Rebouças às 15:15 hs, demonstrando o acerto da estratégia. Lá no alto, grupos em sentidos contrários se engalfinhavam na disputa pelo domínio da trilha. Arrumamos nossas mochilas, nos alimentamos mais uma vez, limpamos as louças, varremos o piso e recolhemos o lixo. Tínhamos marcado com Gabriel às 16:00 hs, mas atrasamos para a troca do pneu do carro da Miriam. 10

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Deixamos o Parque às 17:00 hs, saudados por um entardecer multicolorido pela variedade de tonalidades do pôr-dosol que mudavam a cada instante. Ainda deu tempo de parar no Registro para reafirmarmos nossas amizades, saborear um cafezinho mineiro com deliciosos pastéis, comprar queijo, goiabada e pinhão e discutir sobre o sexo das araucárias. Cheguei em casa quase às 22:00 hs, de bem com a vida, agradecido aos colegas pela confiança, paciência e apoio e com impressão positiva do PNI. Foi o final da excursão, mas não o fim das aventuras!


O Guia A região de Itatiaia, um dos locais mais belos e tradicionais do montanhismo brasileiro, foi abençoada por Deus com inúmeras belezas naturais e montanhas fantásticas. Cortada pela Serra da Mantiqueira, a região é uma das poucas reservas de Mata Atlântica ainda existentes no país. Além disso, é também onde está situado o primeiro parque nacional brasileiro: um dos locais mais o Parque Nacional do Itatiaia, propício à prática dos esportes de montanha e das atividades relacionadas à natureza. Os primeiros registros de atividades relacionadas ao montanhismo na região de Itatiaia remontam ao século XIX, quando a principal montanha da região, o Pico das Agulhas Negras, era considerada a maior montanha do Império Brasileiro. Quando José Franklin Massena, morador da antiga vila de Aiuruoca, partiu em uma expedição científica ao Planalto de Itatiaia em 1858, a fim de efetuar medições do ponto culminante do Brasil, fixou também o marco inicial para o montanhismo na região de Itatiaia. Desde então, passaram-se 155 anos de muitas conquistas e histórias que foram cuidadosa e detalhadamente registradas no

recém-lançado guia de escaladas da região, o “Guia da Região de Itatiaia – Escaladas e Montanhismo”. Atualmente, opções aos montanhistas é o que não falta. Além de um guia completo para melhor orientação de todos, a região possui mais de 380 vias de escalada de todos os tamanhos, gostos e estilos, localizadas em mais de 30 grandes formações rochosas, fora milhares de outras pequenas formações e belíssimos locais acessíveis por caminhadas. Se apenas se aventurar por tantos destinos diferentes em Itatiaia parece tarefa interminável, imagine registrar tudo isso em apenas um livro com pouco mais de 300 páginas.

Abaixo, da esquerda para a direita, Julio, na Pedra da Maça; Tiago e Júlio na Pedra do Caramujo; Igor no Paredão Oba-Oba

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Os autores do guia, Júlio Spanner e Igor Spanner, pai e filho, contam que foram mais de três anos de um árduo trabalho de levantamento e repetição das vias de escalada e montanhismo da região, na tentativa de elaborar um guia que fornecesse informações precisas e claras a qualquer pessoa que queira escalar em Itatiaia, conhecedora ou não do local, além de realizar um bom resgate histórico de todas as vias. Segundo os autores, a ideia da elaboração de um guia de escaladas completo surgiu quando eles viram que a história das vias e do montanhismo na região estava aos poucos se perdendo. Além disso, a falta de informações sobre as vias e montanhas estava, a cada ano, ocasionando uma baixa frequência de montanhistas na região, que se restringiam a apenas realizar as vias normais das duas principais montanhas do Planalto do Itatiaia, as Agulhas Negras e as Prateleiras. Assim, inspirados pelos bons guias de escaladas de outras regiões do país, os autores decidiram, dessa forma, dar sua pequena contribuição para sua região e para o montanhismo brasileiro. Os Spanner relatam ainda que a publicação do guia foi uma tarefa mais difícil do que imaginavam inicialmente. Quanto mais pesquisavam, mais detalhes apareciam, mais informações surgiam, mais vias eram descobertas, mais histórias eram ouvidas, de modo que sempre o trabalho foi ficando cada vez melhor, maior e mais complexo. Além disso, a grande quantidade de vias, a distância entre as montanhas, a falta de informações, a dificuldade de acesso e os poucos registros de repetição das vias, associados à falta de incentivos financeiros para custear a produção do guia, foram os maiores desafios enfrentados pelos autores que, de forma independente, lançaram a publicação no final do ano passado, torcendo para que todos gostassem e que o mesmo ajude o leitor a praticar o esporte de forma mais segura, solidária, prazerosa, ética e consciente. 12

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E N T R E V I S T A

Fotos: Arquivo pessoal

Raphael Nishimura

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Pratica escalada desde 2007, a convite de um amigo, Frederick Ferreira, que depois também o incentivou a subir mais alto, chegando ao pódio no Mundial de Paraclimbing no ano passado. Apaixonado por grandes paredões, mas que agora se dedica à escalada de competição, esportiva e boulder. Em 2011 fundou o Projeto Paraclimbing Brasil, uma iniciativa inédita no país, que tem como objeto divulgar a escalada e a inclusão de pessoas com deficiência física no esporte. Com o foco em treino indoor, em 2012 participou das 3 etapas do Campeonato Brasileiro de Boulder, apesar de competir sozinho, o trabalho não foi em vão, além da criação da categoria Paraclimbing, sagrou-se Vice-Campeão Mundial de Paraclimbing, na França – Paris, conquistando assim a primeira medalha para o Brasil em um campeonato Mundial. Foi eleito Atleta do Ano 2012 pela Revista Go Outside. Raphael possui distonia muscular desde os 8 anos, mas isso não o impediu em nenhum dos seus projetos. Além de continuar treinando para os próximos campeonatos, ministra palestras onde conta sua história de superação. A Revista Papo de Montanha entrevistou esse paulista em maio deste ano.


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Raphael, é óbvio, pelo seu histórico, que a distonia não o impede de realizar seus projetos, os sintomas estão estacionados, você faz algum tratamento médico ou somente o esporte já ajuda a controlar os espasmos? Raphael: Há muitos anos que eu só faço do esporte o meu tratamento e nesse ano comecei a fazer shiatsu. Depois de sua conquista no Mundial de Paraclimbing você ganhou muita visibilidade, já deu várias entrevistas e hoje é patrocinado e apoiados por algumas empresas. No que isso mudou sua vida, quem são essas empresas que estão com você e qual o recado gostaria de passar para os empresários que podem ajudar nossos atletas em seus projetos? Raphael: Bom, vou começar pelas empresas que me ajudam, tenho patrocínio da Five Ten Brasil e os apoios da Solo, Ginásio de Escalada 90 Graus, 4Climb, Deuter e Sapo Agarras. Ter grandes empresas ao seu Premiação da Revista Go Outside. lado é muito importante, pois diminuímos os gastos com os produtos dessas empresas, de sentimentos, muita coisa nova e estar lá foi em algumas viagens tenho o apoio financeiro marcante. A ideia de participar do Mundial saiu de e em contrapartida usamos nossa imagem para divulgar as empresas. Dessa forma todos uma conversa informal com meu amigo Fred ganhamos, pois se mais pessoas compram em 2011. Em 2012 a minha ideia de participar esses produtos, mas elas podem investir acabou gerando grandes expectativas entre no esporte. Apesar do alto custo de alguns meus amigos e após decidir que iria, veio a “pior” parte da viagem, captar produtos é preciso lembrar “O campeonato foi o dinheiro necessário. Fiz que se consumimos aqui no Brasil, o dinheiro um sonho, ver todos e vários contatos e algumas empresas me ajudaram será aplicado aqui, se tudo ao vivo, competir, enviando alguns produtos consumimos “lá fora” o dinheiro também será assistir e torcer não para vender, mas para conseguir arrecadar mais aplicado lá fora. O recado que eu deixo tem como não ter sido resolvemos fazer rifas. Nossa, só de lembrar o rolo que foi aos empresários, é que bom!” isso dá vontade de chorar. acreditem em nosso Foi algo bem estressante, pois quando eu esporte, invistam, conheçam, façam parcerias, hoje existem muitos atletas precisando de mais precisava focar nos treinos, eu estava uma oportunidade e diversos projetos para vendendo rifas. Conciliar trabalho, rifas, treinos foi bem promover e divulgar a escalada. difícil, quando olho para trás eu nem sei como E como foi o projeto e a preparação para consegui, pois em mais de uma vez eu pensei representar o Brasil no Campeonato Mundial? em desistir, porque não conseguia trabalhar, Captação de recursos, treinamento, a viagem treinar e nem dormir. O campeonato foi um sonho, ver todos e em si e os dias de competição... Raphael: Isso sim daria um belo livro, o tudo ao vivo, competir, assistir e torcer não Mundial foi algo inacreditável, uma overdose tem como não ter sido bom! A estrutura, as 16

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vias, os acessos, as agarras era tudo diferente do vivemos aqui, as duas vias da qualificação foram na parede de Speed e a final na parede de Lead, no total escalei três vezes. Na minha categoria tinham 22 atletas e 6 passaram às finais, eu me classifiquei em ultimo, por pouco não fico de fora. A final eu escalei bem mais tranquilo, pois havia tirado um peso da consciência, no dia anterior eu havia pensado que não passaria às finais e estava bem frustrado. Bom, para finalizar, acho que nem meus amigos acreditavam que eu conquistaria a medalha de prata! Até hoje não consigo explicar como consegui!

Pódio do Campeonato Mundial na França.

Aqui no Brasil, onde você já escalou e onde ainda deseja escalar? Raphael: Eu já escalei em alguns lugares como, São Bento do Sapucaí, Pedra Bela; Pedra do Visual, Salesópolis, Pedra do Dib, Maria Antonia, Falésia Paraíso, Morro do

Maluf, Ubatuba, Itaqueri da Serra, Paraisópolis (MG), Serra da Piedade (MG), Lapa do Seu Antão (MG) e Platô da Lagoa (RJ). Falta muita coisa para conhecer, muitos Estados e cidades, quero visitar os principais points de escalada do Brasil. O que você mostra em suas palestras e qual mensagem passa para o público? Raphael: Eu conto a minha historia de vida, falo sobre motivação, superação através da escalada, sobre buscar seus sonhos, mostro fotos e vídeos, trabalho voluntário, histórias do Mundial, determinação para conquistar objetivos, tenho muito a contar, mas resumo tudo em uma hora, mas daria para falar muito mais! “Nunca deixe que qualquer pessoa subestime suas capacidades, apenas você sabe onde é o seu limite e cabe a você superálos quando necessário, o grande limitador está dentro da cabeça e não na condição física.” [Raphael Nishimura] Em uma outra entrevista você comentou sobre a sugestão de alguns amigos para que escrevesse um livro. Isso é um projeto real ou prefere ficar apenas com as palestras? Raphael: Esse é um assunto a se pensar, apesar de ser muito difícil de separar, eu gostaria de ser lembrado como um escalador com dificuldade física e não um deficiente físico que escala, senão parece que faço algo de outro mundo e eu não me sinto assim. Então, por enquanto me dedico às palestras, porque aí o foco é direcionado mais para a escalada. Morro do Maluf, Gurarujá, SP.

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Você tem consciência de como seu exemplo pode ter ajudado outros portadores de deficiência? Já recebeu alguma mensagem nesse sentido? Raphael: Para mim é bem difícil perceber isso, pois como disse antes não me vejo fazendo algo incomum, me sinto fazendo algo que gosto muito e que acabo me dedicando muito também. Sim, recebo muitas mensagens, algumas bem emocionantes e nessas horas a “ficha cai”, mas me sinto feliz e honrado em saber que pessoas se espelham em mim e que estou fazendo um bom trabalho na escalada, isso é um grande motivador. Você possui um site, o escalango.com, que além de ser um canal de notícias, arrecada recursos com a venda de camisetas, há um bom retorno? Há outras formas de contribuir com seus projetos? E quais são seus planos futuros? Raphael: Para o Mundial houve um bom retorno, pois a mobilização foi muito grande, atualmente o retorno é fraco, tem mês que não vendo nenhuma. Mas não tem problemas,

Distonia muscular Distonia é o termo utilizado para descrever um grupo de doenças caracterizadas por espasmos musculares involuntários que produzem movimentos e posturas anormais. É uma doença neurológica. O tratamento ideal das distonias seria aquele que pudesse eliminar sua causa. Entretanto, apesar dos recentes avanços e do nível de sofisticação obtido pelos novos métodos diagnósticos, na maioria das vezes não se encontra uma causa para a doença. Dessa forma, os esforços tendem a concentrarse em encontrar modos de reduzir a intensidade dos sintomas. Não existe um tratamento de cura definitiva das distonias e o tempo de tratamento deve estar baseado na evolução funcional. Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/

atualmente as camisetas são mais para ajudar a divulgar o Projeto Paraclimbing Brasil. Quem quiser colaborar é só entrar em contato, podemos pensar em algo bom para ambos. Meu atual projeto é formar uma equipe para competir no próximo Mundial de Paraclimbing em 2014. E na parte pessoal, escalar e conhecer mais locais que ainda não visitei. Para finalizar, qual mensagem você gostaria de deixar como incentivo para quem acha que sonhos são muito difíceis de realizar? Raphael: A melhor parte de sonhar é batalhar para que ele se torne realidade. Corra, lute, grite, tente, esforce-se, não desista e lembrese que nunca é tarde para nada!!!!!! E se não der certo, tente de novo, faça o seu sonho em partes e foque nos objetivos, tenho certeza que o resultado te trará muitas felicidades! Foto: São Bento Agosto 2013SP, por Claudio Brisighello 18 do Sapucaí,


Proteja o seu maior bem

Use capacete! Por Samanta Chu

O CEL apoia esta ideia. Agosto 2013

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Santa Maria Madalena

Reino Mágico, 1000 metros de conquista e outras vias Por Claudney Neves Colaboração: Flávia dos Anjos, Felipe Dallorto, Marcelo

Foto: Rafael Santiago

Puga, Horacio Ragucci, Boris Flegr e Carlos Arruzzo (Xuxu)

No feriado de 12 de outubro (2010) convidei alguns amigos para tentarmos conquistar uma via em Castelo, uma cidade da serra do Espírito Santo que conhecemos durante o 4º Encontro Capixaba de Escalada. Entrei em contato com o Felipe Dallorto, pedindo alguma indicação para aquisição de proteções com preço camarada, aproveitei e o convidei, juntamente com a Flavinha, para a empreitada. O tempo não ajudou. Bernardo entrou em contato com seu tio, que mora lá. Este informou que a previsão não era boa. Desistimos... O lugar é bem distante para arriscarmos uma investida com tempo ruim. Com isso o grupo se desfez, mas, como eu, Felipe e Flavinha queríamos viajar. Sugeri Pedra do Baú ou Serra do Lenheiro, mas eles vieram com uma contraproposta... Os dois já estavam, há algum tempo, investindo em Santa Maria Madalena, famosa por uma ilustre filha de lá, Dercy Gonçalves. A idéia continuava sendo conquistar. Saímos no sábado pela manhã (dia 9). Para chegar à cidade, saindo do Rio, há duas opções: a mais tradicional é feito pela serra, e possui 223 km, onde depois de deixar a Ponte Rio–Niterói, passar por fora de Itaboraí e seguir pela RJ-116, rodovia que possui 4

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praças de pedágio ao longo do percurso. Nela deverá passar por Cachoeiras de Macacú, Nova Friburgo, Bom Jardim, e após o pedágio de Cordeiro, permaneça na RJ -116 até Macuco, onde antes do centro da cidade haverá um entroncamento à direita e seguir pela RJ-172. Com mais 36 km estará completando o trajeto até chegar a Santa Maria Madalena. O outro caminho, que vem sendo bastante utilizado, é pela BR–101 e possui 250 km de percurso. Do mesmo ponto de partida do outro caminho pela Ponte Rio–Niterói mantenha-se na esquerda na BR-101, passando por Manilha, Tanguá e Rio Bonito (trecho onde termina a duplicação da pista). Depois deverá passar por Rio Bonito, Casimiro de Abreu e percorrer aproximadamente 67 km até chegar ao trevo em direção a Conceição de Macabú, e seguir através da RJ–182. Após passar pelo centro da cidade e seguindo as placas


indicativas, com mais ou menos 40 km rodados, estará concluindo o trajeto. Apesar de possuir 27 km a mais que o percurso pela região serrana, a viajem pela BR – 101 chega a ser 30 minutos mais rápida, de acordo com a experiência realizada por vários motoristas (Site da Prefeitura de Santa Maria Madalena).

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Nessa primeira vez fomos pela BR116, chegamos no início da tarde e paramos para almoçar na Venda Nova da Zezé, no caminho para a Fazenda Barra do Peixe, onde acamparíamos. Das vezes anteriores, Felipe e Flavinha ficaram na propriedade do Sr. José Dias. Fácil de achar, basta seguir as placas para a Pousada Verbicaro e continuar um pouco mais à frente. Dessa vez, passando para chegarmos lá – na Barra do Peixe -, conhecemos o Sr. Ranulfo, que ofereceu a varanda de uma das casas do seu sítio para ficarmos. Aceitamos! Arrumamos as mochilas e partimos para a Pedra Dubois, que fica ao lado do centro da cidade. Havia informações de apenas duas via nessa montanha, uma do Benito Esteves (Sinfonia do Rabo de Galo) e outra do Flavio e Cintia Daflon (À Moda Antiga). A idéia era conquistar uma nova via bem à esquerda destas. Desde o inicio estávamos preocupados em como identificar a linha da via do Casal Daflon, pois em 600m só haviam batido 4 grampos. Mas o problema não foi a via deles, descobrimos, de uma maneira não muito agradável, que havia uma outra na parede...

Chegando à base da via

Entramos na propriedade onde há uma casa com um curral ao lado. Não encontramos ninguém para pedir autorização para passar 22

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nesse dia. Seguimos a trilha que inicia nos fundos da casa e vai até a base, depois de passar, no início por um riacho, e quase no final, por baixo de uma cerca. Todo esse percurso leva cerca de 15 minutos. Vimos alguns grampos e achávamos que seriam da À Moda Antiga. Felipe começou a subir e bateu a primeira proteção. Continuou e fomos alternando até chegar minha vez. Devido à facilidade do início, as chapeletas estavam sendo batidas somente a cada 60 m, nas paradas. Quando armei a segurança e a Flavinha subiu, viu um grampo 30m abaixo de onde eu havia batido a chapeleta. Felipe Chegou e começamos a procurar outros, achamos. Exatamente 30m acima!!! Por acaso, eu havia intermediado uma enfiada de outra via. Continuamos subindo pela via desconhecida, também com proteções a cada 60 m, e chegamos a um grande platô de mato. Achamos a continuação com uma sequência de grampos da bendita via. Procuramos outra linha, vimos uma a cerca de 150m à esquerda da linha já conquistada e Flavinha bateu apenas mais uma chapa. Descemos. A decisão foi lógica e unânime, retiramos todas as nossas proteções! Praticamente perdemos um dia de conquista. Voltamos para nosso acampamento e avaliamos algumas possibilidades. A escolhida foi uma linha mais à esquerda ainda e tendendo para a o início da segunda parte da nossa via, depois do grande platô. Depois descobrimos que o projeto intermediado por engano, era de Marcos Vinícius (Marquinhos) iniciado em solitário no ano de 2006. Nos anos seguintes contou com a ajuda de Rodrigo Molinari (Show) e João Fortes (JP). Até o término desta matéria continuava como projeto. Domingo fomos à forra, conquistamos 9 enfiadas, 540m de costões com alguns lances de 3º grau. Chapeletas apenas nas paradas e uma a mais na 8ª enfiada. Chegamos à segunda parte da via. Felipe subiu, bateu uma chapa e intermediou o lance que Flavinha havia conquistado no dia anterior. Continuou e bateu a parada. 10ª enfiada pronta! Assumi a furadeira e bati mais duas chapas, quando cheguei em um lance bruto de aderência em pé. Cisquei pra um lado, cisquei pra outro e


Felipe fazendo um dos primeiros furos da via

não passei. Felipe, dizendo que Flavinha é boa em aderência, sugeriu que ela fosse, foi. No lance onde bati a proteção também não passou. Sugeri uma linha mais à direita, fez o furo e achou o melhor caminho. A proteção seguinte é que foi complicada... Já cansada, com as sapatilhas escorregando na aderência, começou a fazer o furo, meteu a mão na broca quente para não cair, chorou, mas conseguiu colocar a chapa. Final do dia de conquista. Descemos. Dessa vez utilizando como via de rapel uma parte da via desconhecida e emendando com o início da nossa. Formando, assim, uma linha reta e mais rápida para a descida. A noite no acampamento foi regada a vinho, o sono chegou cedo e dormimos conversando sobre o dia seguinte... A segunda-feira foi curta. Como a previsão não era boa, pretendíamos transportar o máximo de material montanha acima, para, na terça, realizarmos o ataque final. Mas não conseguimos chegar, sequer ao grande platô. Deixamos todo o material possível 120m abaixo do nosso objetivo, dentro de um saco estanque. A chuva fina começou a cair e a pedra, automaticamente, virou um sabão. Descemos e fomos comer no Restaurante Maná, que fica no centro da cidade, em frente à Massa Di Casa, outra boa opção para os dias mais longos de conquista, onde não há lugares abertos onde se possa comer. Esse dia foi de festa, aniversário do Felipe. Apesar do clima de comemoração, bolo, torta, vinhos e histórias, fomos dormir

cedo. A terça seria decisiva. O tempo amanheceu melhor e nós partimos. Resgatamos o saco estanque no meio da parede e chegamos ao grande platô. Arrumamos o equipamento e iniciamos. Paramos em P10. Felipe assumiu e bateu 3 chapas. Subi depois e coloquei mais 3, além da parada com um grampo. 11ª enfiada pronta! Nesse dia Flavinha não quis conquistar, Felipe assumiu novamente e conquistou uma enfiada inteira, toda em grampos. Chegando à P12. Infelizmente a noite chegou e as proteções acabaram, subestimamos a montanha e não chegamos ao cume nesse dia.vvv Rapelamos até o grande platô, colocamos tudo que era possível deixar embaixo de uma laca e dentro do saco estanque para a investida seguinte, o que só aconteceu três semanas depois. Continuamos a descer e chegamos à base, para de lá desmontarmos acampamento e voltamos para o Rio... 795m conquistados!

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Conversando depois com a Flavinha, ela me falou sobre uma matéria na Revista Fator 2 nº 17 sobre a via À Moda Antiga. Lá também falava sobre uma via conquistada por alguns escaladores com a ajuda de Ricardo Nines. Provavelmente a linha que intermediamos por acidente no primeiro dia de conquista. No dia de finados tradicionalmente chove. Desafiamos isso e voltamos à Santa Maria Madalena no final de semana desse feriado. Mais uma vez saímos na sexta, com a pretensão de terminar a via em, no máximo, dois dias, já que Flavinha precisaria trabalhar na segunda-feira (1º Nov). Dessa vez partimos direto para a base da montanha, não ficamos no Sr. Ranulfo novamente, pois perderíamos um tempo precioso no deslocamento. Chegamos por voltas das 23h e armamos as barracas na área ao redor da casa próxima do curral. Até então só havíamos conversado com o dono apenas uma vez, quando estávamos voltando da montanha. Não o encontramos novamente. Acordamos sábado dispostos a terminar a via. Escalamos a parte já conquistada, passamos pelo grande platô e chegamos à P12. Já eram quase 15h no horário de verão. Flavinha, que não tinha conquistado na última investida, começou os trabalhos. Bateu 6 chapas e avançou 35m em lances que

achamos difíceis. Chegou em uma parte mais trabalhosa e nos puxou. Felipe subiu e bateu mais uma proteção. Disse que não estava bem e pediu pra eu avaliar se era mesmo válido bater outra proteção tão próxima. Subi e achei uma agarra escondida, conseguindo vencer o lance. Bati mais 5 chapas, passei pelo que seria a P13 e continuei, avançando mais 15m, 35 no total. Flavinha e Felipe subiram e ele continuou, já com os primeiros discretos pingos de chuva caindo. Avançou mais 20m. Chegamos ao 900m de via! Um exército de bromélias gigantes em linha já nos aguardavam no cume, mas ainda não foi dessa vez. Novamente as proteção acabaram, a noite chegou, e dessa vez junto com a chuva. Deixamos tudo dentro do saco estanque e penduramos nos 900m da via. Rapelamos sem problemas até o grande platô. Ali, o que era montanha virou cachoeira, o que era trilha virou rio, o que estava seco ficou encharcado... A sensação era de estar realmente fazendo um cascating. Muita, mas muuuuita água desceu naquela noite. Tivemos que colocar corda em trechos onde descíamos caminhando, pois o perigo era rolarmos montanha abaixo com a força da água. A situação melhorou quando chegamos abaixo do platô. Continuamos por uma linha sem muita água e a chuva em si já havia diminuído.

Flavinha na segunda parte da via 24

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Faltando poucos rapéis para o final, Flavinha olha para a estrada e solta: - Aquilo não é o caminhão dos bombeiros? Não era. Havia sim um caminhão com luzes piscantes na estrada, mas era da Defesa Civil. Alguém viu pontos de luz na montanha à noite, na chuva e ligou para as autoridades. Quando chegamos à base, um guarda estava à nossa espera, perguntando se estava tudo bem e se precisávamos de alguma coisa. Dissemos que estava tudo tranquilo e ele nos conduziu até a estrada, onde fomos recebidos pelo Secretário – não lembro de qual secretaria -, que anotou nossos dados e aconselhou juízo. Sugeriu também que, da próxima vez que uma situação assim se repetisse, avisássemos, ligando para 199, que não havia problemas. Agradecemos e fomos para a cidade, depois de recolhermos o que havia dentro das nossas barracas de praia. Alagadas com tanta água. Já passava das 11h da noite. Agonizando de fome, encontramos a Massa Di Casa funcionando, mas com a cozinha fechando. Felipe contou nossa história triste e fizeram duas lasanhas para nós. Destruídas rapidamente com um bom vinho. A primeira providência foi matar a fome, a segunda seria dormir. Com nossas barracas alagadas, só nos restou a opção de pagar uma pousada. Ficamos na Pousada Kentinha, ao lado da Igreja. Banho quente e roupa seca foi bom demais. No domingo fez um sol absurdo, mas a montanha ainda estava completamente molhada. Línguas de água escorriam em todas as faces, parecia o Rio Water Planet. Aproveitamos para descansar e torcer para que tanto calor não trouxesse chuva novamente. Trouxe! Enquanto estávamos jantando, depois que voltamos de um rio com escorrega nas Terras Frias, a chuva começou a cair. Insistimos, Flavinha perderia um dia de trabalho e nós ficaríamos para terminar a via se o clima deixasse. Não deixou! A segundafeira amanheceu cinza e molhada, nos demos por vencidos, pagamos a pousada (R$ 40/dia por pessoa), espalhamos os equipamento para pegarem um pouco de sol na calçada da

Kentinha, arrumamos as mochilas e pegamos a estrada de volta, com todo nosso material de conquista na parede e sabendo que faltava muito pouco para o cume. ESPERANDO A CHUVA PASSAR... A partir daí a história começou a mudar, a cidade que nunca chove virou a cidade que chove incessantemente. Desde nosso rapel na cachoeira, apenas parou de chover no fim de abril. Mas não quer dizer que nesse intervalo não tentamos nada, tentamos mais uma vez. No dia 20 de dezembro a previsão pro fim de semana era animadora, a logística começou.....Foi nesse dia, que um email mal destinado caiu na lista de discussão da FEMERJ, ao invés de digitar “FE”-lipe, a ferramenta completou para “FE”-merj... Era um e-mail com detalhes explícitos de uma logística bem fascista de um ataque à montanha, o que claramente resultou em uma bela zoação por parte do nosso eterno Bernardo Collares. Em um telefonema, Flavia teve que contar toda a história: Bernardo: -Vocês vão chegar na cidade as 21:30 e as 22:00 vão estar dormindo? Só se for com marretada na cabeça! Flavia: - Não, não, marretada não, porque a marreta tá pendurada a 900m do chão... Bernardo: - Novecentos metros?!?!?! P&*%&, putz, boa sorte, vai lá, pois quero que vocês terminem, porque agora eu quero ir lá repetir. Se eu não tivesse indo viajar, estaria lá semana que vem, mas assim que eu voltar de Chaltén pode ter certeza que vai ser a primeira via que eu vou repetir!!! Anota isso. Dia 25 partimos para Madalena e para a desagradável surpresa, parede molhada, esperamos secar um pouco, conseguimos subir até o grande platô, resgatamos a metade do equipamento que estava ali, mas dali para cima a parede era só água e o saco estanque teve que continuar pendurado. Em Janeiro de 2011, soubemos da trágica noticia do Bernardo, ficamos muito abalados, aliás, a comunidade inteira de escalada do Brasil ficou e após este baque, decidimos mais do que nunca terminar esta via. Tivemos que esperar passar o verão e as chuvas e somente em junho de 2011 tivemos essa oportunidade. Agosto 2013

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e, o pior, uma furadeira!!!! Prejuízos à parte, continuamos, terminamos a 15ª enfiada e a montanha deitou, mais 120m de costão e fim. Havíamos conseguido! Em uma laje de pedra deixamos um livro de cume e prestamos nossa homenagem ao nosso querido e eterno amigo Bernardo Collares. Certamente foi o pôr-do-sol mais inesquecível de nossas vidas, nesse Reino Mágico onde, por meio de algum encantamento, nos sentimos as pessoas mais felizes do mundo! Bivaque no platô gigante da via

CUME Desta vez nos preparamos para fazer em dois dias, no primeiro subimos com equipamento pesado inclusive uma furadeira novinha até o platô onde passaríamos a noite. Seria uma noite perfeita se uma das redes não tivesse rasgado. Tudo bem, 120m de corda fazem um bom isolante. No dia seguinte, num clima quase patagônico onde o frio era intenso, subimos até onde havíamos parado. Encontramos, após oito meses, o saco estanque rasgado e desbotado, porém ainda com todo equipamento deixado. Tudo completamente enferrujado e sem condições de uso, foram-se 8 mosquetões, 4 clifs, batedor, brocas, parabolts, marreta

Fim da tarde e conquistadores no cume

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VOLTA PRA CASA Como está no croqui, o rapel é aconselhado pelas enfiadas finais da via, depois há uma caminhada até o projeto que encontramos nos primeiros dias da conquista, a partir daí segue-se uma linha quase reta até a base. Mas também é possível descer por caminhada, descrita no ótimo Guia de trilhas do Parque Estadual do Desengano. Como não conhecíamos a trilha, optamos pela primeira opção. Entupimos o porta-mala do carro e Flavinha dirigiu até o Rio. Aquele sentimento de satisfação nos acompanhou durante toda a viagem!


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OUTRAS VIAS O potencial para abertura de novas vias em Santa Maria Madalena é enorme. Quem conquistou por lá sabe que apenas arranhou uma pequena parte das infinitas possibilidades. Ainda há muitas montanhas sem uma via sequer e outras com diversas linhas a serem conquistadas. Além da Reino Mágico, o casal de Jacarepaguá conquistou, com ajuda de outros amigos, vias em outras montanhas da região. São os que mais investiram no lugar.

FAZENDA BARRA DO PEIXE Na Natureza Selvagem (3º III sup), ainda não possui croqui. São 4 enfiadas, rapel só é possível com 2 cordas de 60m.

Via Na Natureza Selvagem. 30

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-Big Hard Sun (3º III sup)

FALÉSIA DO BURACO

- Noite sem Fim (2º V)

Via O Buraco é Mais Embaixo. Agosto 2013

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MONTANHA DO DIEDRO - Projeto

Acima, Hillo Santana na conquista de um projeto na Montanha do Diedro.

MONTANHA DAS FENDAS - Danรงa das Formigas (4ยบ IV)

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PEDRA VERDE Em 2011, Boris Flegr, Carlos Arruzzo (Xuxu) e Ivan Azevedo investiram na Pedra Verde, dali nasceu a Gente Boa (5º VIIa), 600 m. Seguindo as indicações do mapa, procure por uma fazenda na área mais próxima da parede. Os moradores são o Flavinho e a Luzia. Os conquistadores acamparam lá durante todas as investidas. Para chegar à base da via, suba o pasto e aproxime-se o máximo possível da pedra por essa área aberta. Durante a conquista foi aberta uma trilha pela vegetação da encosta e vai direto para a base. Mas provavelmente ficará fechada por conta do pouco uso. Uma possibilidade mais estável é seguir a aresta da montanha desde o seu início, alternando trechos de rocha com inclinação suave e trechos curtos de vegetação. A linha segue a aresta desta montanha, na face oposta ao colo com a Pedra do Desengano e é, provavelmente, o caminho mais curto até o cume. Para escalá-la faz-se necessária a utilização de uma corda de 60 metros e de aproximadamente oito costuras e fitas longas. A graduação foi sugerida durante a conquista e ainda não confirmada com

Do final da via até o cume propriamente dito são cerca de 15 minutos por uma aresta com precipícios dos dois lados. A descida é por rapel, tomando cuidado na 12ª enfiada, pois possui um trecho com um pouco mais de 30 m.

Durante uma das viagens para a conquista na Pedra Verde, a mesma equipe iniciou um via na Pedra da Represa, hoje ainda é um projeto. Conquistadores e moradores locais

repetições. A técnica predominante nesta parede é a aderência, e nos trechos mais fáceis pode não ser possível visualizar o próximo grampo, mesmo assim a navegação não é das piores, pois o caminho segue razoavelmente por onde é mais óbvio. Agosto 2013

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PEDRA MANOEL DE MORAES Na edição anterior da Revista Papo de Montanha, dissemos que o Paredão CEPI seria a única via ferrata do Estado do Rio de Janeiro. Erramos. Marcelo Puga entrou em contato conosco e contou sobre uma via totalmente em cabos de aço, também em Santa Maria Madalena, no vilarejo de Manoel de Moraes. Segundo Marcelo, a via é do Centro Excursionista Brasileiro, conquistada em 1956 por Benedito Cunha, Francisco Vasco e Walter Quintas. A via possui cerca de 240 m, sem contar os 50 m de trepa-pedra até sua base. Para chegar na montanha, saia do centro de Madalena e siga pela RJ-146 até chegar no lugarejo Manoel de Moraes, de onde já será possível ver a enorme que leva o nome do lugar. Pega-se a rua em direção ao grande pasto que fica à sua direita, entrando em uma florestinha, em sua saída, já na parede, há Para acessar os mapas e croquis das vias acessem o link http://goo.gl/maps/q8bUQ

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uma trilha que continua para a direita. Vá até o trepa-pedra, em seu final já será possível ver os cabos. A descida é feita por rapel. Marcelo, Mathews Puga e José Renato repetiram a via em julho de 2012, costurando nos grampos e utilizando corda. O que mais chama atenção na via são alguns degraus de ferro que se encontram no inicio da via, em um trecho mais íngreme, conta Marcelo.

Ao lado, trecho da escalada

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Imagem GoogleMaps

Abaixo, integrantes da cordada que repetiram a via


PAPO DE MONTANHA

GERENCIAMENTO DE RISCOS E PREVENÇÃO DE ACIDENTES Texto: Guilherme Silva

O Papo de Montanha, sempre preocupado em trazer assuntos atuais e de interesse da comunidade, convidou para o mês de junho Rosangela Gelly. A palestra atraiu um público de aproximadamente 50 expectadores bastante preocupados com o aumento exponencial dos acidentes, fatais e não fatais, com a questão da prevenção, a identificação das causas e, principalmente, como gerenciar os riscos associados à prática do esporte. Um fato comum em acidentes é existir uma combinação de fatores que, juntos, levam à situação indesejada. Acidentes em potencial são a interseção entre fatores objetivos e subjetivos onde fatores objetivos são os fatores ambientais não gerenciáveis, como neve, chuva, calor, enquanto fatores subjetivos são os fatores humanos não gerenciáveis como cansaço, medo, decisão equivocada, etc. Para evitar acidentes é importante realizar a prevenção de riscos. Risco é algo que vivenciamos cotidianamente. É inerente à prática de vida. Um olhar atento aos riscos reduz as possibilidades de acidentes. Prestamos maior atenção ao risco quando fazemos algo inédito. No dia a dia relaxamos a gestão. Riscos devem ser mapeados, analisados e gerenciados de forma a serem minimizados continuamente. Ignorar a gestão de risco afeta as pessoas diretamente envolvidas, suas famílias, a comunidade montanhista, clubes, federações, médicos, hospitais, etc. Para gerenciar o risco e consequentemente prevenir acidentes é importante trabalhar um condicionamento para prevenção, intervenção, correção, e solução dos problemas. Importante lembrar que o foco na prevenção e correção economiza esforço de correção e solução. Uma situação de dificuldade não necessariamente se transforma em um acidente, se há cuidados com prevenção de riscos. Um exemplo simples é o caso de pessoas com cabelo comprido executarem a técnica de rapel com cabelo solto ou preso. Com o cabelo preso não há risco de o mesmo 36

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prender no aparelho de freio. A prevenção de risco não é uma atitude individual. Montanhismo é um esporte coletivo e isso sugere que as pessoas envolvidas intervenham quando percebam situação de risco. Quanto mais entrosado o grupo, melhor a qualidade nas ações de prevenção. Exemplos de ações de prevenção são o treinamento individual (capacitação técnica) e treinamento coletivo (resgate, orientação, comunicação, etc.).

Itens que devem ser considerados em um planejamento Preparo: - pessoas, - percurso, - material, - clima , - duração. Execução: - aproximação, - uso do material, - duração, - análise das condições do grupo. Correção: - o ideal é tender a zero. Finalização: - manutenção do material , - discussão dos pontos arriscados, - analise pós conclusão, - registro para atividades futuras, eventual comunicação com o grupo ou com a comunidade, dependendo da importância dos fatos ocorridos.


Atenção às regras de ouro que salvam vidas - Comunicação com as pessoas informando previsão de chegada, etc. Se fez o alarme e a situação se resolveu, desfaça o alarme. - Material disponível em boas condições de uso (lanterna, anorak, kit de primeiros socorros, celular,etc). - Observar o uso correto do material conforme indicado pelo fabricante (leia os manuais dos seus equipamentos), o que fazer e o que não se pode fazer? - Tempo de vida útil do material e margem de segurança, além de cuidados no armazenamento. - Supervisão para orientação adequada e fechamento dos mosquetões, sentido das forças, arestas, etc. - Orientação adequada da corda nas costuras, economia de tempo ao costurar. - Verificação dos nós, independente da experiência dos envolvidos. Treinamento individual ao ponto de condicionamento. - Ponto de ancoragem: Prender-se a pelo menos um ponto de proteção. Organizarse para garantir adequação correta, checar qualidade dos pontos, montagem adequada da ancoragem. - Descida – atenção redobrada. - Atenção à fauna e flora: peçonhentos, plantas venenosas e alergias.

Papo de Montanha sobre Prevenção de acidentes

Recentemente a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada CBME reformulou seu sistema de relatos de acidentes. A apresentação dos relatos é feita de forma completamente anônima, conta o administrador do sistema, André Moreira. Evitando que pessoas se sintam inibidas em fazer um relato, completa. Na página http://www.cbme.org.br/relato é possivel visualizar e incluir relatos, além de ser possível se cadastrar para receber um aviso sempre que um novo caso for incluído no sistema. É uma iniciativa importante para entendermos melhor as causas de acidentes e o que podemos fazer para tentar evitá-los. Sua participação é muito importante. Se você passou ou testemunhou alguma situação de risco, contribua com seu relato. Toda a comunidade agradece.

Rosangela Gelly Escaladora desde 1984 e Guia Escaladora desde 1987 com diversas vias conquistadas nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba. Foi Diretora de Divulgação do CERJ. É Sócia Fundadora do GAE e da FEMERJ. Diversas palestras ministradas, em clubes e entidades no Rio de Janeiro, São Paulo e Paraíba e Minas Gerais, em cursos Formação de Guias, Cursos de Prevenção de Acidentes, Cursos de Resgate, Cursos de Formação de Montanhistas e Escaladores (Básico).

O Papo de Montanha é uma iniciativa do Clube Excursionista Light - CEL e visa difundir conhecimento entre os montanhistas, através de um ciclo de palestras e debates que acontecem sempre na terceira semana de cada mês, às 20h, em nossa sede, na Av. Marechal Floriano, 199 5º andar, Centro do Rio de Janeiro. Agosto 2013

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Montanhas no CEL

PARQUES NATUR O montanhismo foi para mim, um encontro pessoal muito importante que definiu vários aspectos da minha vida, entre eles, a própria fotografia. Antes de percorrer trilhas, eu já fotografava, mas foi nelas que encontrei meu principal tema: a paisagem. Faço distinção entre fotografia de natureza e fotografia de paisagem. Fundamentalmente, o que me interessa são os espaços abertos, a grandiosidade das formas, a vista ampla. O que me interessa é mostrar o “em torno”, o panorâmico. A fotografia de paisagem se elabora na contramão do mundo contemporâneo. É uma criação lenta. Exige do fotógrafo paciência e tempo para o registro e o gosto por sucessivos retornos ao tema. A natureza exige tempo para a contemplação e atenção

para as sutilezas. Acima de tudo, a paisagem consome tempo. A exposição “Parques Nacionais” que apresento no Clube Excursionista Light (C.E.L.) é o resultado de algumas trilhas. No entanto, não são projetos específicos. Não fiz a trilha propriamente para fotografar os temas. São fotos “caçadas” durante a caminhada. O tempo aqui foi essencial para os retornos, até encontrar a foto. As variações de luz e clima são desafios para a fotografia de paisagem. Assim, essas fotos são o resultado de uma boa combinação. “Parques Nacionais”, no Clube Excursionista Light, é uma exposição, particularmente, feliz. Pois o Clube é formado por pessoas muito acolhedoras. Fui levado pelo querido amigo e mestre

Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Teresópolis, RJ, foto maior e acima. 38

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RAIS

Curadoria: Karla Paiva

Renatão (Renato Índio do Brasil) que me convenceu que além de caminhar, eu poderia escalar. Na verdade, acabei não fazendo muitas escaladas, mas o suficiente para conhecer novas possibilidades e, sobretudo, conhecer pessoas muito interessantes que me receberam de braços abertos no C.E.L. Atualmente, estou afastado do Clube por conta de problemas de saúde. Entretanto, mantenho um grande carinho e admiração pelo grupo que me acolheu e sempre se mostrou unido, além da trilha e da escalada. Uma família.

Iniciei na fotografia em 1985 como laboratorista em uma agência de fotojornalismo. Atuei inicialmente como fotógrafo documental e em seguida realizei alguns trabalhos para agências de moda e publicidade. Após uma rápida passagem pela graduação de Matemática ingressei no curso de Educação Artística com o objetivo de lecionar fotografia. Meus principais interesses estão voltados para a educação e a fotografia de expressão pessoal. O tema recorrente em meus trabalhos são as formas da natureza. A partir de 1992 comecei a expor meu trabalho de forma contínua, em instituições como Universidade Federal Fluminense, SESC, MAC, Centro Cultural de São Paulo, entre outras. Nos anos noventa participei como docente do curso profissionalizante de fotografia do SENAC e, posteriormente, como coordenador do curso técnico, até 2005. Cursei a Especialização Lato Senso Comunicação e Imagem na PUC-RJ. Atualmente, além de desenvolver meus projetos fotográficos, leciono em cursos livres de fotografia e sou professor de Artes no município de Petrópolis. Herbert Macário

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Parque Nacional da Tijuca

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Acima e à direita, dois angulos da Pedra da Gávea, RJ. Abaixo, Vista do Cume da Pedra da Gávea.

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À esquerda, Pico das Agulhas Negras. À direita, Planalto do Parque Nacional do Itatiaia. Abaixo, Prateleiras.

Parque Nacional do Itatiaia

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Parque Estadual do Ibitipoca

À esquerda e abaixo, dois momentos na Trilha para a Janela do Céu.

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Parque Estadual da Serra da Tiririca Acima e abaixo, Vista do Alto Mour茫o, Niter贸i.

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Acima, paisagem do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG. Ao lado, Pico do Boné.

Parque Estadual da Serra do Brigadeiro O projeto Montanhas no CEL é uma iniciativa da diretoria social do Clube Excursionista Light e tem como proposta apresentar periodicamente exposições sobre o tema montanhas, reunindo registros de amigos, fotógrafos amadores e profissionais da fotografia, sempre com foco no montanhismo e todas as suas vertentes. Agosto 2013

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SOFTWARE PARA ESCALADORES

Um laboratório onde os croquis são criados, aprimorados e facilmente corrigidos.

CroquiLab

Desde o início a ideia sempre foi mais que um programa para criar croquis, pois criar já se fazia. Não nego que facilitar o processo foi uma forte motivação. Mas a verdadeira necessidade que me fez criar o programa foi corrigir os croquis. Se eu esqueci alguma coisa? Se a via sofreu uma manutenção? Se a escala não ficou boa? Se o feijão tá queimando e eu preciso parar pra continuar depois? Com a ideia em mãos, me deparei com a dúvida de como implementar, que linha de raciocínio seguir? Para chegar à lógica do CroquiLab vou abrir um parênteses aqui e falar um pouco sobre os programas de imagens que temos por aí. No universo de programas gráficos existem duas naturezas principais, os programas de pintura, como o bom e velho Paint Brush do Windows e os programas de vetores como o Corel Draw e o Illustrator. E tem os meio lá meio cá como o Photoshop, embora no fim das contas ele seja mais um programa de pintura. E qual a diferença entre eles? Pintura, como o nome diz, é como um desenho à tinta: você vai desenhando e como ficar ficou. Corrigir dá um trabalhão, ou joga tinta branca em cima ou usa uma borracha que apaga mais do que devia. Vetor já é mais como uma colagem; você tem infinitos “adesivos” de bolinhas, quadradinhos, linhas e vai colando no papel pra fazer seu desenho. Não gostou de onde ficou? Arrasta e “cola” em outro lugar. Agora imagina essa colagem com a vantagem que só os computadores podem oferecer: para cada “adesivinho” destes você pode mudar a cor à vontade, mudar o tamanho, girar e até colar de cabeça pra baixo como bem entender. Se você é da área de artes digitais e quisesse fazer um croqui, certamente partiria pra um Corel, ou Ilustrator, mas se você 48

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Por Flávia dos Anjos

não tem a menor familiaridade com esses programas, iria usar o Paint e sofrer muito. A ideia do CroquiLab é ser uma ferramenta super fácil de usar, oferecendo ao público comum todas as vantagens do desenho em vetor, sem precisar fazer cursos desses programas complexos. O princípio é simples, no menu de ferramentas, em vez de polígonos, linhas, retângulos e círculos... o CroquiLab já disponibiliza os elementos típicos de uma escalada, isto é, grampos, árvores, paradas, blocos, diedros, e por aí vai. Este é o detalhe que faz até os designers abandonarem sua ferramenta de trabalho para usar o CroquiLab. Para começar a criar um croqui basta escolher um elemento, por exemplo, a palmeira e depois clicar na área de desenho onde a arvorezinha vai aparecer pronta. Para alterar a palmeira, você deve selecionar a ferramenta de seleção, a seta. Ao clicar no desenho você poderá escolher uma cor, alterar sua posição ou tamanho. Abaixo vemos uma palmeira sendo criada.


Logo após, a mesma palmeira selecionada, com sua cor modificada, durante o processo de alterar seu tamanho.

O CroquiLab possui 4 padrões principais de elementos: - Os elementos sólidos de tamanho fixo. São basicamente as proteções. Você pode movê-las e mudar sua cor, mas não pode alterar seu tamanho.

- Os elementos sólidos de tamanho variável. São as vegetações e alguns elementos de rocha. Você pode movê-las, mudar sua cor, e também seu tamanho.

Alguns elementos possuem mais detalhes, como chaminés e diedros que podem ter sua largura alterada. Em linhas curvas, além de manipular os vértices, você manipula a curvatura.

- Elementos de 2 pontos. Diedros, fendas, chaminés e etc. Você pode movê-lo como um todo, ou manipular uma de suas extremidades para alterar sua forma. - Elementos de vários pontos. Polígonos, linha das vias, paradas da via, etc. Você pode movê-los como um todo, ou manipular cada vértice individualmente para alterar sua forma. Além da cor e do tamanho, que já foram citados, pode-se alterar o tipo de linha para pontilhado e sua espessura, por exemplo. A ordem dos elementos também é configurável, pois à medida que criamos um elemento este ficará por cima dos outros. Fora os elementos que nos remetem ao universo de montanha, figuras livres também estão presentes no menu de ferramentas. Círculos, retângulos, polígonos e textos

Exemplo da criação de um diedro. O primeiro clique determinou o ponto de início e um segundo permitirá determinar seu fim.

A ferramenta de “imagem” permite colocar um JPG de uma montanha no fundo para fazer o traçado por cima, ou o scanner de um croqui feito à mão que você esteja querendo digitalizar para alterar. Na imagem ao lado, o exemplo do croqui de uma falésia (fictícia!) sobre uma imagem de fundo. Para personalizar os elementos foram incluídas as ferramentas básicas que até o PowerPoint possui. Agosto 2013

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podem ser usados conforme a criatividade do desenhista. Não há regras! Na figura anterior, por exemplo, a ferramenta de paradas foi utilizada para enumerar as vias da falésia. Esta ferramenta é vantajosa porque incrementa os números automaticamente. Exemplo de um croqui com diversos elementos.

Sobre o projeto O CroquiLab começou a ser desenvolvido em 2006 e foi todo feito à duas únicas mãos, nas horas vagas dessa desenvolvedora que vos escreve. Em 2007, 90% de suas funcionalidades já estavam prontas. Ao longo dos anos veio sofrendo melhorias, mas a grande lista de necessidades quase não andou. Escrever este artigo certamente fez reacender o desejo por continuar. Quem sabe uma nova versão não venha em breve. Interessados em ajudar podem entrar em contato. O CroquiLab roda apenas em Windows, mas futuras versões para Linux, Mac e Android são possibilidades reais.

E ao final de tudo? Como eu compartilho meu croqui com o mundo? Bem, o CroquiLab, por ser um programa de vetor, funciona como todos os outros citados acima. Quando você salvar seu trabalho será gerado um arquivo “.crq” que apenas o CroquiLab entende. Assim como o “.ai” só o Illustrator entende e o “.cdr” só o Corel entende. Qualquer correção ou melhoria só poderá ser feita nesse arquivo, o “.crq”. Sendo assim guarde-o! Assim como nos outros programas, para compartilhar você deve exportar a imagem. Você vai tirá-la de seu formato natural, vai capturar e perpetuar aquele momento do desenho. O CroquiLab exporta para png, jpg e pdf. Estes arquivos você imprime, manda para os amigos, publica nas croquitecas ou expõem nas redes sociais, mas não precisa guardar, se você salvou o “.crq” poderá exportar para imagem quantas vezes quiser. Agora, de quebra, algo que não foi motivação, mas veio como benefício. Se a popularidade do CroquiLab aumentar, os croquis manterão o mesmo padrão, tornando a leitura geral dos mesmos mais rápida e clara para os escaladores. 50

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Set de pincéis e canetas, ícone do CroquiLab

Seu desenvolvimento foi feito em C++ utilizando IUP e CD que são bibliotecas gratuitas e multi-plataforma de Interface com usuário de Desenho 2D. Ambas desenvolvidas pelo Tecgraf da PUC-Rio. Mais informações em: www.tecgraf.puc-rio.br/iup www.tecgraf.puc-rio.br/cd O programa pode ser baixado no site Escalada no Ceará. Flavia dos Anjos é escaladora desde 2001. Engenheira de computação e mestre em Informática pela PUC-Rio. Hoje, juntamente com Felipe Dallorto, é proprietária do Centro de Escalada JPA.


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Curiosidades

Café quentinho sem fogareiro Se você é daqueles que não vive sem um café, nem mesmo durante suas escaladas ou trilhas, o SunRocket veio para facilitar sua vida. O aparelho nada mais é que uma garrafa térmica com capacidade para meio litro de água e que aquece essa água com energia solar! Você posiciona “o bicho” no chão, ao ar livre, abre os dois painéis de alumínio polido e deixa que a energia do Sol faça seu papel. Dependendo do clima, em meia-hora a água está no ponto, e como o negócio é uma garrafa térmica, a água permanecerá quentinha por horas a fio. O SunRocket custa US$60 na Amazon. Pesa cerca de 1 Kg e tem 43 cm de comprimento. Fonte: www.amazon.com

Bebendo água do mar sem sal Uma equipe de estudantes da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, projetou um garrafa que pode ser a solução para situações críticas. O invento que separa a água potável a partir da água do mar ainda não existe - exceto na imagem que você vê aqui, mas poderá ser uma adição útil para os equipamentos de segurança de um barco, logo que estiver disponível para venda. O projeto entrou, recentemente, para o prêmio IDEA 2013. A idéia é simples: bombear um êmbolo no topo da garrafa, pressurizando a água do mar, que é empurrada através de uma membrana no fundo de uma câmara. A água doce, em seguida, entra em outra câmara. A tecnologia utilizada é a de osmose reversa. “Este é o único produto que pode fornecer água potável continuamente quando as pessoas entram em catástrofes marítimas.”, dizem os estudantes. Só nos resta torcer e aguardar a produção da garrafa. Fonte: www.fastcoexist.com 52

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sem sair de casa

Em março deste ano o Google Maps adicionou ao sistema de Street View fotos de algumas das mais altas montanhas da terra. As imagens foram capturadas com câmeras comuns, utilizando uma lente olho de peixe e tripé simples. É possível explorar o Everest, Kilimanjaro, Elbrus e Aconcágua. Além das montanhas, a equipe da expedição fotografou o que estava ao seu redor, incluindo mosteiros, bazares, e muito mais. Uma boa amostra é o Mosteiro de Tengboche http://goo.gl/maps/YUFPW que fica na trilha para o campo base do Everest. A coleção completa de imagens pode ser vista aqui: http://www.google.com/help/maps/streetview/gallery/the-worlds-highest-peaks/ Fonte: www.google.com

Escalada

é eleita como terceiro esporte mais saudável

A Forbes montou um ranking com os 10 melhores esportes e a escalada ficou em 3º lugar. Foram atribuídos valores de 1 a 5 nos seguintes quesitos: resistência cardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade e gasto calórico. Sendo 5 “excelente” e 1 “nada especial”. Enquanto isso, risco de lesão recebeu notas de 1 a 3, sendo 3 “baixo” e 1 “alto”. Nossa diversão obteve as maiores notas nos quesitos força, resistência e flexibilidade. Proporcionando a queima de até 475 calorias após 30 minutos de atividade. Confira abaixo o quadro comparativo e vamos escalar! Fonte: www.forbes.com

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Curiosidades

Explorando as grandes montanhas


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Programação permanente na sede do CEL - Todas às terças e quintas: Muro de escalada e reunião social; - Terceira semana do mês: Palestra/debate no Papo de Montanha; acesse:

www.celight.org.br e fique sabendo da programação do clube e as vantagens de se associar.

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