Câmara de Dirigentes Lojistas de Carandaí
PRATA DA CASA
Junho 2017
A relação de dona Iolanda Assis com o comércio começou cedo: aos 10 anos ela já ajudava o pai, o senhor Geraldo Neves, mais conhecido como Geraldo Dotivo, a atender os clientes na Mercearia Neves. O estabelecimento, que funciona no bairro Ponte Chave, foi fundado pelo patriarca da família no final da década de 1950. Hoje, é administrado pelo irmão da empresária, o senhor José Geraldo. Desde então, Iolanda não se afastou mais do ramo. Há 36 anos administra, junto do marido José Dornelas, o Assis, o restaurante da família. A primeira experiência do casal com o comércio aconteceu no final da década de 70. Na época, trabalharam juntos em um bar que Assis comprou em sociedade com o sogro. Apesar de ter durado poucos meses, a oportunidade foi essencial para confirmar nos dois a paixão pela atividade. Em 1980, Assis e Iolanda se casaram e mudaram-se para Belo Horizonte. Lá, o empresário assumiu a administração de uma mercearia que o senhor Geraldo havia aberto em sociedade com um ex-funcionário. Apesar do bom movimento,
Foto: Helena Amaral
RESTAURANTE ASSIS APOSTA NO TEMPERO CASEIRO COMO DIFERENCIAL DE SUCESSO
Em julho, o restaurante completa 36 anos e um dos segredos dessa longevidade é a aposta em um tempero que lembra a comida caseira
o estabelecimento vinha sendo alvo de assaltos. Assim, meses depois, prezando a segurança da família, os comerciantes venderam o negócio na capital mineira e voltaram para Carandaí. Aqui, recomeçaram do zero e o dom para comércio continuou falando alto. Em julho de 1981, abriram um bar. Apesar das dificuldades para se estabelecer, Iolanda destaca a sa-
tisfação de ver o negócio tomando forma: “É muito bom ter um sonho e ver que ele está se realizando”. No estabelecimento eram comercializados produtos de fabricação caseira, como bolos, broas e biscoitos. Também eram vendidos alimentos feitos à base de carne suína e preparados pelos próprios empresários, tais como chouriço e torresmo. À noite, eram ofere-
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cidos caldos variados e o espaço era ponto de encontro para quem queria beber uma cerveja e jogar sinuca com os amigos. As refeições, que se tornariam carro-chefe dos negócios, passaram a ser servidas tempos depois. Dona Iolanda começou preparando o almoço para o funcionário de uma oficina que fica próxima ao estabelecimento. Como o mecânico morava em um bairro mais afastado, o tempo de ir em casa e voltar era curto. Ele, então, pediu aos empresários para que pudesse fazer as refeições ali no bar. O serviço passou a ser prestado definitivamente depois que Assis e Iolanda atenderam a um grupo vindo de Belo Horizonte. Os visitantes estavam na cidade para consultar com
uma conhecida benzedeira do bairro Crespo e pararam no estabelecimento para tomar café. Como ainda teriam que aguardar para serem atendidos, perguntaram à dona Iolanda se ela não poderia servir-lhes o almoço. Mesmo pega de surpresa, ela aceitou o desafio! Foi a partir dessa mudança que o estabelecimento passou a se chamar Restaurante Assis. Ainda que, na época, os empresários não contassem com uma cozinha devidamente equipada, com o passar dos anos e a consolidação dos negócios eles puderam investir em infraestrutura e se capacitar para melhor atender aos clientes.
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mas quando a gente se propõe a trabalhar, a gente vence, alcança o sucesso”, defende dona Iolanda. E para encarar as dificuldades que foram surgindo ao longo dos anos, ela conta que foi preciso muita dedicação e boa vontade. Nesses momentos, uma das principais preocupações dos empresários é manter o compromisso com os clientes. Iolanda relembra que, com o congelamento de preços realizado durante a implantação do Plano Cruzado, era difícil encontrar certos produtos no mercado. Para manter a qualidade das refeições e atender às demandas dos fregueses, ela e Assis Superando desafios chegaram a comprar bois di“O desafio existe a cada dia, reto dos criadores. “Não tinha Foto: Helena Amaral
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Recentemente, os empresários investiram na reforma do imóvel, deixando o espaço mais acolhedor
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Foto: Helena Amaral
O novo espaço conta com uma área recreativa para as crianças, propiciando aos pais e aos pequenos momentos ainda mais agradáveis durante as refeições
carne: tudo que chegava ao açougue era vendido. Então a gente comprava o boi e cortava as peças de carne à noite, nos fundos do restaurante”, conta. Além disso, a empresária sempre apostou no tempero caseiro como um diferencial de sua cozinha e preserva ainda hoje essa característica. “Procuro continuar assim. Se eu mudar, eu sei que vai dar errado, porque muitos clientes vem aqui em busca disso”, afirma Iolanda. A comerciante também conta com a ajuda das colaboradoras do restaurante para enfrentar as dificuldades. Segundo ela, quando as funcionárias sentem que o movimento está
ruim, dão opiniões e sugestões para tentar ajudar a reverter os problemas. A ajuda dos filhos também é fundamental. Ainda que nenhum deles tenha se envolvido diretamente com as atividades do restaurante, recentemente auxiliaram os pais nas mudanças realizadas para tentar driblar a atual crise econômica. Para manter a estabilidade do negócio, os empresários decidiram retomar as atividades à noite. As mesmas haviam sido interrompidas há cerca de dois anos, quando Assis se aposentou e decidiu diminuir o ritmo de trabalho. Além disso, os comerciantes resolveram inovar: fize-
ram uma reforma no imóvel e passaram a realizar shows de música ao vivo nos finais de semana. Para fortalecer ainda mais o negócio, também investiram na divulgação do restaurante nas redes sociais. Com todos esses anos de experiência, dona Iolanda destaca que é preciso compromisso e que muitas vezes é necessário abrir mão de algumas coisas em prol dos negócios. “Você tem que levar muito a sério e ter pulso firme, ter dedicação total ao negócio. Mas é muito bom, trabalhar é muito bom”, recomenda a experiente e apaixonada empresária a quem deseja ou está começando a empreender.
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