Câmara de Dirigentes Lojistas de Carandaí
PRATA DA CASA
Setembro 2016
Foto: divulgação
LOJA SÃO FRANCISCO DE ASSIS COMPLETA 50 ANOS
A loja sempre funcionou no mesmo imóvel, mas ao longo dos anos o espaço passou por reformas e ampliação.
Tudo começou em 1945, quando o senhor Joaquim de Souza aceitou o conselho de um amigo e decidiu se mudar do campo para a cidade. Vendeu a fazenda Primavera, onde morava com a família e com parte do dinheiro comprou um imóvel em Carandaí. Depois da mudança o senhor Joaquim decidiu se dedicar ao comércio. Sem experiência, mas com muita perseverança, fundou um estabelecimento comercial
que se tornou um dos mais tradicionais do município. Mas o caminho até o sucesso não foi fácil. Logo depois de se mudar, Joaquim de Souza abriu um armazém. Devido à alguns problemas o negócio acabou não indo adiante. Algum tempo depois fundou o Minas Hotel, que marcou um bom período nos negócios da família, mas acabou sendo fechado quando sua esposa, dona Iza Almada, teve problemas de
saúde decorrentes das muitas horas de trabalho dedicadas ao estabelecimento. O empresário passou ainda por outros ramos do comércio: teve um bar, negócio que tocou por uns bons anos, e em paralelo chegou a administrar uma fábrica de bebidas. Em setembro de 1966, com o dinheiro da venda da fábrica, decidiu investir novamente na abertura de um armazém. Foi então que fundou a Loja São Francisco 1
Na sede da loja, dona Aniani entrega prêmio da Promoção Natal Premiado 2001, promovida pela CDL Carandaí. A empresária participou da luta pela instalação da entidade e do Serviço de Proteção ao Crédito no município.
de Assis, cujo nome é uma homenagem ao santo no qual ele e sua esposa tinham muita fé. Dona Aniani Bertolin, filha do comerciante e sua sucessora na administração dos negócios, conta que no início vendiam aviamentos e acessórios, como cintos e chaveiros. Tempos depois, passaram a comercializar tecidos. A partir daí os negócios foram crescendo e outros produtos foram sendo incorporados, tais como brinquedos, louças e inoxidáveis. Dona Aniani relembra que nessa época o pai também comercializava artigos funerários: forros, dobradiças e outros itens necessários à fabricação de caixões. Lembra ainda que embora a loja funcionasse na mesma sede onde se encontra até hoje, ocupava apenas uma pequena parte do imóvel. 2
Foi necessário muito esforço para que o negócio crescesse e se consolidasse. Na época em que o estabelecimento foi fundado não era comum receber a visita de representantes. O senhor Joaquim e dona Iza realizavam longas viagens de trem e, posteriormente, de ônibus para buscar mercadorias em Leopoldina, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Como os ônibus paravam no trevo, às vezes era preciso que ele fizesse várias viagens à sua loja para que desse conta de levar todos os produtos. Entre uma ida e outra, a esposa era quem ficava tomando conta dos outros itens. Apenas alguns anos depois o comerciante passou a vender roupas e calçados, artigos que hoje são carro-chefe da loja. No começo eram comprados
com cautela e em poucas quantidades. Com as indicações de parentes e clientes, foram investindo na compra de outros modelos e marcas ao longo dos anos, se capacitando para melhor atender às necessidades e demandas dos consumidores. Através de gerações Ainda hoje há quem se refira à São Francisco de Assis com loja do Joaquim de Souza ou loja da Aniani. A ligação deste tradicional comércio de Carandaí à figura de seu fundador e de sua filha, que estiveram à frente da empresa durante muitos anos, ressalta uma de suas principais características: a administração familiar. Hoje é o filho mais velho de dona Aniani, Rogério Bertolin, quem administra os negócios, que também já conta com a
Setembro 2016
colaboração da quarta geração da família. O envolvimento de dona Aniani com as atividades da loja se deu de forma mais efetiva no início da década de 70, quando passou a ajudar o pai a administrá-la. Além de auxiliar na compra e venda de mercadorias, a empresária também se encarregou das atividades de escritório, fazendo serviços bancários e a contabilidade. Em 1976, quando o senhor Joaquim de Souza se aposentou, Aniani assumiu a gerência dos negócios. O filho Rogério também seguiu os passos do avô e da mãe e se envolveu cedo com o comércio. Desde 1994 é ele quem administra a loja. “Aos 13 anos já trabalhava e depois que me formei no ensino médio parei de estudar e comecei a trabalhar integralmente. Quando cheguei à conclusão que meu futuro estava na empresa, me dediquei para fazer o melhor”, conta. O dinamismo e as novas percepções e perspectivas trazidas com a mudança de gerações tem sido essenciais para a manutenção e o crescimento da São Francisco de Assis. Quando Rogério assumiu, passou a investir em novos artigos, novas marcas e na qualificação de seus funcionários. Há alguns anos, expandiu o espaço físico da loja com fins de melhorar o atendimento e a exposição dos produtos. O empresário tam-
Câmara de Dirigentes Lojistas de Carandaí Foto: arquivo família
Setembro 2016 Foto: arquivo da loja
Câmara de Dirigentes Lojistas de Carandaí
O casal Joaquim de Souza e Iza Almada, fundadores da Loja São Francisco de Assis.
bém informatizou a empresa, agilizando o processo de venda e o controle de estoque. Para Rogério, a base familiar sólida é um dos fatores que contribui com a consolidação dos negócios. “O segredo da longevidade de nossa empresa está na sucessão: empresas familiares tem que pensar no futuro para não se perderem no momento de mudança da gerencia”, afirma. O reflexo da administração familiar bem-sucedida veio com a abertura de três novas lojas, negócios conduzidos por filhos e netos de dona Aniani: a Casa do Aviamento, fundada em 2001; a Souber Calçados, em 2004 e a Via Fashion, aberta em 2006.
Superando crises “O comércio, para sobreviver, tem que estar sempre inovando”, destaca dona Aniani ao ser questionada sobre como manter os negócios firmes nos períodos de crise. A empresária também ressalta a importância de se oferecer bons produtos, um bom preço, boas condições de pagamento e um atendimento de qualidade. Para quem está começando, dona Aniani diz ser preciso respeitar os clientes, contar com bons fornecedores e ter perseverança. Rogério corrobora e complementa a fala da mãe: “Para qualquer negócio dar certo, o empreendedor tem que acreditar, ter comprometimento e persistência”. 3