Revista O LOJISTA

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dava condições de funcionamento para 100 troncos. Inicialmente foram utilizados apenas 50, mas posteriormente a capacidade total foi atingida. Os aparelhos foram adquiridos da Ericsson, pelos próprios assinantes, que podiam parcelar o pagamento do produto. Wanderick, que na falta de Wilsonina também assumia o posto de telefonista, cita alguns números de telefones da época. O da Prefeitura Municipal, por exemplo, respondia pelo 001; o Fórum, pelo 002; a Cadeia, 003; a casa do prefeito, 004; a residência do gerente do banco local, 005. O Hospital Evangélico fechava a lista com o tronco 100, afirma. Fazendas mais próximas

da cidade também foram beneficiadas com a instalação de aparelhos; a mais distante ficava a 12 quilômetros da casa de Washington Carvalho. Como todas as ligações deveriam ser intermediadas por um telefonista, havia horário para o uso dos telefones. O funcionamento da empresa começava às 6 horas e terminava às 22 horas, mas, em caso de emergência, era permitido que contatos telefônicos fossem feitos. “A gente dormia próximo da Central. Às vezes o telefone tocava de madrugada”, fala Wanderick. Para estabelecer a comunicação, era necessário acompanhar as ligações, mas “havia muito respeito e honestidade”, garante.

MUDANÇA – Em dezembro de 1954, o vice-governador, Jonas Duarte, no exercício do governo do Estado, enviou à Assembléia Legislativa projeto de lei autorizando a instalação de telefones automáticos em Anápolis. A Prefeitura Municipal então encampou a empresa telefônica que pertencia a Washington Carvalho. Wanderick declara que as mensalidades eram baratas e dava pra sobreviver a partir delas, mas a situação financeira da família não permitiu prosseguir com a nova tecnologia que ora se apresentava. Depois de estabelecido o fim do contrato de exclusividade da exploração da telefonia para

sua família, Wanderick prosseguiu com sua vida, sem deixar de acompanhar os avanços do telefone. Apesar de avaliar os custos com o serviço atual como “muito mais caros” do que na época em que seu pai administrava uma empresa telefônica, ele destaca que a telefonia evoluiu muito. O aparelho sem fio, para ele, é um assombro; o alcance de contato, nem se fala. “Antes o interurbano só ia até Goiânia!”, compara. A única novidade que ainda não conquistou o filho do precursor da telefonia em Goiás foi o celular. “Ah! Do celular eu não sou fã, não gosto, não consegui me adaptar”, diz todo risonho.

em junho de 1922), com quem se casara em 1906, na cidade mineira de Araguari. Em Minas Gerais, nasceram os doze filhos do casal: Waltercides, Waldeck, Wilamil, Wolnei, Wanderlina, Wanda, Walter, Wioleta, Waterloo, Waldir, Wanderick e Wilsonina. Para instalar a primeira empresa telefônica goiana, Washington

Carvalho mudou-se para Anápolis em agosto de 1937 na companhia de cinco filhos (os demais já haviam constituído família). O empresário da telefonia faleceu em 15 de julho de 1957 na mesma cidade. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São Miguel, no Centro de Anápolis.

Quem foi Washington Carvalho O precursor da telefonia em Goiás, Washington Carvalho, nasceu em Morrinhos (GO) no dia 23 de julho de 1887. É o terceiro filho de Antônio de Carvalho e Mariana de Carvalho. Washington morou na cidade de Prata (MG), onde residiu com sua esposa, Luciana Carvalho de Souza (natural de Formosa e falecida

JULHO 2007 / CDL ANÁPOLIS / O LOJISTA/ 15 JULHO 2007 / CDL ANÁPOLIS / O LOJISTA/ 15


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