Cartola #4

Page 1

ÓCIO & NEGÓCIO Andre Costa / Antoine Rose / Bruno Barreto Bruno Fiorentino / FilipeAnjo / Flavio Di Renzo RAVMES / Suelen Romani / Thiago Varela / Tiago Luis novembro/2017


#EDITORIAL

N E G ÓCIO

S

empre me incomodou a ideia que grande parte das pessoas tem do trabalho. E cada pergunta como “O que você vai ser quando crescer?”, que já vinham acompanhadas de respostas como “Estude para fazer concurso”, era mais um motivo para me dedicar a algo que fizesse bastante sentido, de fato, para mim. E assim, há 3 anos, nasceu a Cartola. Hoje, aos 20, ainda penso que não importa o seu talento ou dígitos a mais na sua conta se você não faz o que ama ou trabalha com quem gosta. De um chefe mala à um líder e um job criativo que me proporcionou trabalhar em casa, com breaks para piscina e pizza, nos últimos meses a relação entre o “ócio” e o “negócio” ganhou um novo sentido para mim, aprendendo duas lições. Primeiro: trabalhe com o que gosta. Segundo: o ócio é tão importante quanto o negócio. Mas vamos lá! Pouco refletimos sobre essas duas palavras... Do latim, o “otium” significa a liberdade de qualquer obrigação e pressão, o lazer. Por outro lado, o “negotium”, literalmente, é a negação do ócio, visto como algo chato e indesejado. Mas as novas gerações vêm mudando isso com seus novos horários, relações de trabalho e empreendedorismo, constituindo novos modelos de economia - como a economia criativa. Para esta edição da Cartola, a primeira impressa, preparamos um conteúdo entre o lazer e a “vida séria”: refletimos sobre o ócio, o estresse do trabalho, as mudanças de carga horária, o fenômeno da festa e a indústria cultural. Além disso, trouxemos dicas de empreendedorismo, séries artísticas e editoriais exclusivos de 10 artistas, nacionais e internacionais. Para isso, contamos com um time de profissionais bastante talentosos, muito trabalho e, claro, lazer. Afinal, como já disse Domenico de Masi: O ócio é necessário à produção de ideias. Paulo Anjos

CARTOLA #4 Direção artística, edição e projeto gráfico PAULO ANJOS Gerenciamento VITOR FRANÇA

Textos ALANA CASCUDO, GREGORY MARTINS, PALOMA LOURENÇO, PAULO ANJOS e RAFAEL OLIVEIRA

CAPA Fotografia ANDRE COSTA Modelo MARCOS PATRIOTA Styling NESTOR MÁDENES Beleza RAPHAEL RAMOS

CARTOLA É UMA PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE DE MODA MASCULINA E ARTE EDITADA EM NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL. FICA EXPRESSAMENTE PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. OS ARTIGOS AQUI PUBLICADOS SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES E NÃO REFLETEM A OPINIÃO DA REVISTA.

@cartolamag | www.cartolamag.com | contato@cartolamag.com


20 CONTEÚDO 04 Trópico 12 Time off 20 Warped work 27 Dolce far niente à brasileira

36

28 A mudança atrasada do bater ponto 30 Distant voices 35 Distraídos todos são 36 All work all play 48 Negócio criativo

ALL WORK ALL PLAY

68

DEU PRAIA!

WARPED WORK

50 LIT 58 Dead dreams 66 Somos todos revolução cultural 68 Deu praia! 72 Light of art


TRÓ PICO Negócios à sombra de um coqueiro, no movimento das dunas e das ondas, na mistura das cores e estampas... trabalho e lazer numa cidade tropical. Não importa a estação, a tranquilidade e a beleza potiguar é encantadora Fotografia RAVMES Retouch PEDRO FONSECA Modelo LUCAS SOCOLOSKI Styling WALLACE PINHEIRO Locação ALOHA BEACH CLUB


CARTOLA cartolamag.com

5


PÁGINA ANTERIOR blazer RIACHUELO NESTA PÁGINA camisa e bermuda COLCCI




camisa e short ZARA CARTOLA cartolamag.com 9


chapĂŠu e short ZARA



TIME OFF Fotografia THIAGO VARELA Modelo LUCAS CHACON Locação PUNAÚ PRAIA HOTEL









w WARPED WORK E se fôssemos tão obcecados pelo nosso trabalho a ponto de atingirmos um esgotamento nervoso? E se um dia percebermos que não seria mais capaz de suportar nada ao nosso redor? E se até os gestos diários mais simples parecerem absurdos e surrealistas? Bem, talvez precisemos de pausas, descansos, mais tempo livre para nós mesmos. Nesta série fotográfica do artista romano Flavio Di Renzo, um homem de negócios é flanqueado por seus colegas que, aos seus olhos, são personagens imaginários, surrealistas, exaustos e loucos. Durante um trabalho no computador, uma chamada, almoço de trabalho ou indo de um escritório para outro. Tudo em torno de mudanças e deformações. Assim, o lazer, o tempo livre para nós mesmos, assume o papel de um remédio, de uma pílula de cura para o distúrbio do estresse e para as tarefas impossíveis de serem direcionadas pela nossa carreira.

Fotografia FLAVIO DI RENZO Styling DAMIANO BONGIOVANNI Modelos ANDREA MANGIERI, DAVID TALARICO e VINCENZO LAMANNA


w







#COMPORTAMENTO

Dolce far niente à brasileira

Proporcionando um sentimento de fuga da realidade, a festa cria um conflito entre a “vida séria” e a natureza humana. Uma busca pela quebra da monotonia que passa a ser essencial para a vida em sociedade RAVMES

por GREGORY MARTINS

E

nraizada na cultura nacional, a festa está em todo lugar. Abraçada por todos os grupos sociais, todas as idades e todas as diferenças, a celebração por vezes ultrapassa a necessidade de motivo e cria sua própria razão de existir, a festa pela festa. No cerne do dolce far niente à brasileira está a manifestação inesgotável daquilo o que mais apreciamos na vida: o prazer. O mercado de festas e eventos sociais brasileiro marcou crescimento consistente nos últimos anos mesmo em meio à instabilidade do cenário econômico. Se de um lado a economia luta para voltar a girar, do outro as reuniões de pessoas com o propósito de celebrar o que quer que seja cresceu, das festas infantis aos casamentos. Esta relação sem conexão direta expõe um marco latente da cultura: esteja bem ou esteja mal, na dúvida nós festejamos. Se os italianos degustam longos minutos de “não fazer”, curtimos nosso ócio fazendo festa e ela rende fortunas.

Apenas em 2016, o mercado faturou R$17 bilhões, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta). Além das formalidades e aliados ao turismo, grandes eventos têm se tornado uma opção a mais para os consumidores gerando muitos mais bilhões à soma. No passado recente, o mercado da diversão alcançou amplas cifras no Brasil e mesmo pequenas comemorações têm papel importante no giro financeiro local. O prazer recompensador move multidões em direção à catarse coletiva da validação dos esforços cotidianos, da celebração do tempo livre. A mágica acontece na ação, no celebrar, na criação de uma realidade à parte da vida séria, responsável, ordinária. O peso das escolhas, os cálculos meticulosos do cartão de crédito, o bater ponto do próximo dia ficam do lado de fora de onde tudo pode acontecer. Festejar é a recompensa, o resto é mundanidade. CARTOLA cartolamag.com

27


28

CARTOLA cartolamag.com

PAULO ANJOS


#COMPORTAMENTO

bater ponto S

“DORMIR ÀS 23H ACORDAR ÀS 6H ALMOÇAR ÀS 12H 15 MINUTOS PARA PODER SER IMPRODUTIVO 8 HORAS POR DIA PARA SER UMA MÁQUINA DE ENGOLIR SAPO SEM CONTAR AS HORAS COMO UMA SARDINHA NO ÔNIBUS LOTADO VOCÊ TRABALHA PARA MELHORAR DE VIDA, MAS A VIDA DE QUEM?” - Autor desconhecido

empre me questionei o seguinte: se temos gostos diferentes, personalidades distintas e, consequentemente, maneiras únicas de encarar a vida, por que precisamos viver em um mesmo horário? Uma sociedade de horários engessados só acarretou em picos de trânsito no final do expediente, pessoas insatisfeitas com fusos que não se encaixam aos seus horários biológicos e lucros jogados no lixo ao ignorar o perfil de produtividade de cada ser humano complexo. Mas acredito que a Geração Y (ou millennials, como preferir chamar) abalaram as estruturas retrógradas do bater ponto. Para quem ainda não tem conhecimento dessa terminologia, os millennials são aqueles que nasceram entre 1980 e 1995. A geração inquieta que já esqueceu que viveu a internet discada e está sempre conectada, buscando o caminho da sua felicidade. Ah, a felicidade! Fator essencial em todas as diretrizes de vida da Geração Y. Nada de trabalho convencional. Esses jovens estão em busca de realização completa, de bem-estar e claro, de fazer os seus horários de acordo com o que almejam. Nada de rotina bem programada, o futuro é maleável, transportável até, se você preferir. A questão toda é manuseá-lo ao seu favor. Não trabalhar para os horários, e sim os horários trabalharem para você. Um horário adaptado para cada tipo de família, trabalho, pessoa, e ritmo individual, este é o objetivo da B-Society. Calma aí, você deve estar pensando que estou inventando um termo gringo para defender um ponto de vista, mas não, querido leitor, a Sociedade B existe desde 2006 e já possui membros em mais de 50 países.

por ALANA CASCUDO

Afinal, claramente não sou a única que compartilho esse pensamento tão óbvio. Um fator imprescindível precisa ser dito: tudo isso é baseado em ciência, especificamente em uma área chamada cronobiologia, o estudo dos relógios internos dos seres humanos. Esses ritmos diários são determinados geneticamente (ser lento pela manhã não é necessariamente preguiça, viu?). Também relacionam os melhores momentos para dormir, acordar, e claro, alcançar o ápice de desempenho de cada um. Em resumo, todo este estudo provou que existem dois tipos de pessoas: Pessoas A, que acordam mais cedo e Pessoas B, que possuem dificuldade de acordar cedo e maior rendimento no fim do dia. E como seguir os horários ditados pelos As, se você é B, C, D e até Z? Afinal, até agora foi comprovado dois tipos de relógios biológicos, mas o que impede de descobrirem que existem mais? O mundo é plural e precisa começar a ser visto de tal maneira. Sim, toda essa mudança não é utópica. Já estamos subindo os degraus da transição, seja em um escritório construído por um nativo digital no qual cada um faz o seu horário, seja com o advento de um novo turno de aula em uma escola da Suécia, tendo início às 20h. Isso não significa que trabalharemos menos, apenas que buscaremos um melhor equilíbrio entre as nuances da nossa existência, ultrapassando assim a barreira dos horários predefinidos. A mudança existe em tudo, e acredito que nesta vertente dos horários está chegando até atrasada. Afinal, bater ponto, querido? Nunca mais!

CARTOLA cartolamag.com

29


D T V C

I A

N O E

Fotografia BRUNO FIORENTINO Colagens PAULO ANJOS Modelo ARTHUR KOPP Produção PEDRO DEL REI Looks D-AURA

30

CARTOLA cartolamag.com

S T I S






DISTRAÍDOS TODOS SÃO,

mas e aquele cara do telemarketing? por PALOMA LOURENÇO

É

impressionante o número de empregos e desistências no setor de telemarketing. Mas por que deveríamos nos impressionar? É uma das áreas em que a criatividade pode ficar em desuso, a falta de empatia ganha força e a criação de uma, duas, três e tantas outras personalidades são criadas em prol do cliente. Muitas vezes, não sendo bom para um, nem para outro. Pesquise qualquer coisa sobre telemarketing no seu amigo de todo dia, o Google: fadiga, desgaste, salários, terceirização, estresse, dor de cabeça, casos na justiça. O negócio tomou duas vias: a do empregador que acredita que telemarketing “ativo” ainda funciona e não muda, e a do empregado que está saturado todo santo dia por não ser valorizado, pelo contrário, explorado. De uns anos para cá algumas empresas perceberam que a palavra atendimento é de extrema importância, internamente e externamente. Em 2012 eram mais de 1 milhão de empregados no setor, segundo Marta Cavallini, do G1. Hoje, com tantas ramificações, claramente esse número já é maior. Porém, o termo “telemarketing” é tão negativo, ocioso e desesperador que poucos clientes aceitam esse tipo de palavra. Em meio a tantos profissionais cansa-

dos, estressados e sem empatia, será que há os bem-sucedidos? Há a felicidade? Ou é sempre tudo tão catastrófico e problemático? O ser humano carrega o hábito de ver o pior em qualquer coisa e, em partes, ele tem razão. Nunca é fácil. Se fosse, o Brasil não teria a desigualdade que tem, e não teria tantos problemas como tem, por exemplo. É sempre mais fácil ver o errado, as atrocidades e a loucura. É como pensar em um quadro abstrato de Jackson Pollock. É tão fácil se perder em meio a tanta informação! O telemarketing é parecido com tudo isso: os esquecimentos, o desespero, as tantas tarefas, ligações e nomes falados e ouvidos durante o dia. Mas não pense que o profissional do telemarketing é louco. Há os bem-sucedidos, os profissionais que falam com clientes fiéis, que pesquisam, estudam muito, ralam como qualquer outro brasileiro para ter o que comer e onde morar. Ele pode ser uma referência onde trabalha, vestir-se tão bem quanto qualquer um. Ao menos, pode ser o seu sonho. De um lado há a falta de criatividade, do outro, o próprio telemarketing está sendo criatividade agora mesmo. Chega de desdém e despreparo. Ou não, hora de voltar ao início do texto. Ao looping, ao problemático, senão, não tem graça. CARTOLA cartolamag.com

35


ALL WORK ALL PLAY Fotografia ANDRE COSTA Edição de Moda NESTOR MÁDENES (S7YLING) Beleza RAPHAEL RAMOS (AMAZING CREATIVE) Modelo MARCOS PATRIOTA (AMAZING MODEL)

36

CARTOLA cartolamag.com


CARTOLA cartolamag.com

37


chapéu DUQUE CHAPELARIA óculos CAMARIM PE camisa HALLOW bermuda C&A sapato SALVATORE FERRAGAMO 38 CARTOLA cartolamag.com



camisa DOLCE & GABBANA gravata ARAMIS colete WALÉRIO ARAÚJO casaco ADIDAS calça RICHARDS bolsa BETO LIMA sapato SALVATORE FERRAGAMO

40

CARTOLA cartolamag.com


camisa HALLOW bermuda MARC ANDRADE mochila BETO LIMA


NESTA PÁGINA óculos CAMARIM PE saia GUSTAVO COSTA sapato SALVATORE FERRAGAMO PÁGINA AO LADO camisa HALLOW saia GUSTAVO COSTA boné CAMARIM PE


CARTOLA cartolamag.com

43



capacete CAMARIM PE รณculos VINTAGE NATAN blusa ACRE calรงa HUIS CLOS bolsa BETO LIMA sapato DOLCE & GABBANA

CARTOLA cartolamag.com

45



รณculos SUNGLASSES PRIME camisa GUSTAVO COSTA bermuda MARC ANDRADE pochete MELISSA sapato DOLCE & GABBANA

CARTOLA cartolamag.com

47


negócio

CRIATIVO BASEADA EM MODELOS DE NEGÓCIOS LIGADOS ÀS ARTES, MODA, GAMES, ARQUITETURA, GASTRONOMIA E TURISMO, A ECONOMIA CRIATIVA É UM DOS SETORES MAIS PROMISSORES ATUALMENTE

S

egundo a astrologia, a cada 2160 anos o sol aponta para a constelação de um signo e o planeta é influenciado pelas características dele. Assim, estamos em transição da Era de Peixes para a Era de Aquário, para um futuro menos individualista e uma sociedade mais consciente, colaborativa e sustentável. Mas temos que pensar além do viés astrológico... Os economistas acreditam que entramos em uma fase de maior força coletiva, preocu-

48

CARTOLA cartolamag.com

pação com os impactos de nossas ações e os valores que serão deixados para as futuras gerações - um capitalismo consciente. O mundo necessita cada vez mais de uma sociedade com senso crítico e inovadora, capaz de criar soluções para problemas que nos desafiam há tempos. E são essas discussões que nos levam para um novo tema: economia e criatividade. Negócios criativos não são as coisas mais difíceis de se criar. Ser criativo é pensar fora da caixa, ver a realidade e imaginá-la de outra

por PAULO ANJOS

maneira. Modelos econômicos precisam de transformação, e é justamente isso que muitos vivem e experimentam atualmente. Se os negócios tradicionais da economia brasileira vivem seus dias de altos e baixos, as empresas pautadas no conceito de criatividade crescem e são provas de sucesso de um modelo cada vez mais estudado, a economia criativa. Isso porque esse modelo tem como matéria-prima elementos insubstituíveis: ideias. Mas é preciso muito mais do que elas para ter sucesso.


#EMPREENDEDORISMO

O dinheiro não é tudo. Primeiro: aqueles que têm se destacado se identificam com aquilo que estão desenvolvendo. Segundo: eles não focaram única e exclusivamente no retorno financeiro.

Para João Hélio Cavalcanti, diretor técnico do SEBRAE RN, esse modelo de economia veio fomentar novas potências de ideias. E acrescenta: “O dinheiro não é tudo. Primeiro: aqueles que têm se destacado se identificam com aquilo que estão desenvolvendo. Segundo: eles não focaram única e exclusivamente no retorno financeiro. Então os resultados obtidos, a lucratividade decorrente daquilo que ele desenvolve, foi natural. Na economia criativa, quem desenvolve o produto nem sempre está de olho na lucratividade.” De fato, é preciso pensar além do dinheiro. Empreender é correr riscos, é buscar compreender os fatores de produção (terra, trabalho e capital), administrar processos e influências internas e externas, ter bons contatos e, acima de tudo, sempre acreditar no seu potencial. Quem nunca ouviu histórias de pessoas que em meio às dificuldades começaram do nada, com ideias simples e inovadoras, e que hoje são exemplos de sucesso? É preciso pensar “fora da caixa” e enxergar as oportunidades. Afinal, sempre existiram pessoas com competências necessárias para criar produtos da cadeia criativa, assim como pessoas que desejam usufruí-los.

5 DICAS DE EMPREENDEDORISMO Tenha ideias flexíveis Boas ideias levam tempo para amadurecer e podem facilmente sofrer adaptações sem perder seus objetivos. Ter ideias flexíveis garante que o negócio tenha mais alternativas para sair do papel.

Conhecimento é a chave do sucesso Conhecimento é poder. Ter conhecimento do que é desenvolvido em cada setor participante e aprender o que é trabalhado em cada um deles ajuda a compreender o valor e a importância de cada um. Estude, viaje, converse com outros empreendedores. O SEBRAE RN, por exemplo, oferece uma série de cursos periodicamente das mais diversas áreas. Informe-se no site

O SEBRAE E A ECONOMIA CRIATIVA

sebrae.rn.br.

Bem mais do que acreditar na criatividade e no espírito empreendedor, o Sebrae - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - é uma entidade privada sem fins lucrativos que há 45 anos tem como missão apoiar e orientar empreendedores, buscando parcerias com os setores público e privado, capacitando empresas e ampliando seu acesso ao crédito, à inovação e à tecnologia. Dando maior enfoque no setor de economia criativa há pelo menos 5 anos, faz com que iniciativas inovadoras das mais diversas áreas possam evoluir de forma efetiva e paralelas ao metiê dos negócios tradicionais. Para isso, só no Rio Grande do Norte conta com 10 unidades, acompanhando o movimento dos negócios, auxiliando na formalização de novos empreendedores, oferecendo cursos, editais de fomento e cartilhas, por exemplo. Dentre outros convênios, a entidade tem trabalhado junto ao IN-MOD - Instituto Nacional de Moda e Design - incentivando a conquista de novos mercados e fortalecendo rede de parceiros nas micro e pequenas empresas do setor de moda no estado. Este ano, por exemplo, em parceria com o Senai RN promoveu o Inova Moda, projeto que tem como objetivo o fortalecimento das empresas, incentivando a tecnologia em produção inteligente para que marcas vendam além de um produto, uma ideologia.

Ter uma ampla rede de contatos é crucial para o sucesso de um negócio. A troca de experiências, independente das áreas, é rica e pode ajudar a solu-

Expanda seus contatos

cionar diferentes possíveis problemas.

Tenha diferentes formas de financiamento A captação de recursos pode ser a etapa mais difícil para um novo negócio. Ter ideias flexíveis e um bom plano de negócio é crucial para encontrar diferentes formas de financiamento. Empréstimo, eventos, financiamento coletivo, editais e leis de incentivo... o importante é estar aberto a diferentes possibilidades.

Persista, não desista! É comum no início sentir-se desmotivado por não ter conseguido sucesso nas primeiras ações, mas não desista! Boas ideias não surgem do nada e muito menos conseguem ser efetivadas da noite para o dia. Elas são frutos de resoluções de problemas e levam tempo para evoluir.

CARTOLA cartolamag.com

49


LIT Fotografia SUELEN ROMANI Direção AG ASSESSORIA Styling JOÃO NEL Maquiagem ANDRÉ MATTOS Modelos FELIPPE VIER (OXIGEN MODELS) e JOSUÉ WIESE (WAY MODEL) Assistente de fotografia GISELLE RODRIGUEZ Locação MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA

50

CARTOLA cartolamag.com


CARTOLA cartolamag.com

51


PÁGINA ANTERIOR F: casaco MARCO BARBOZA calça RICARDO ALMEIDA J: blusa MARCO BARBOZA bermuda ZOOMP NESTA PÁGINA camisão e macacão OCKSA sandália RIDER




J: camisa RICARDO ALMEIDA bermuda KARIN MATHEUS sandรกlia MELISSA F: camisa RICARDO ALMEIDA bermuda CAVALERA sandรกlia MELISSA

CARTOLA cartolamag.com

55


F: conjunto de linho KARIN MATHEUS tênis VERT J: conjunto de linho KARIN MATHEUS sandália militar MELISSA


F: calรงa RICARDO ALMEIDA J: bermuda ZOOMP


DEAD dreams

Entre o sufoco cotidiano do trabalho e o desejo pelo lazer, um jovem desdobra sua personalidade entre a obrigação e o desejo: looks de alfaiataria e looks descontraídos que representam a real vontade do trabalhador Fotografia BRUNO BARRETO Beleza LUKAS MATHIAS Styling JHONATAS JACQUES Modelo HENRIQUE GOGLIANO (ROCK MGT)


CARTOLA cartolamag.com

59


Camisa gola alta H&M Blazer ERMENEGILDO ZEGNA Calรงa ELLUS DLX Cinto GIVENCHY


Blazer HUGO BOSS Camisa marrom DIOR Camisa xadrez TOMMY HILFIGER Calรงa ELLUS


camisa gola alta H&M calça BRECHÓ VOLTA AO MUNDO tênis CONVERSE


camisa FELIPE FANAIA cueca TNG jeans DIESEL


camisa gola alta LUPO


camiseta FELIPE FANAIA short BRECHÓ MINHA VÓ TINHA


SOMOS TODOS REVO LUÇÃO CUL TURAL Texto RAFAEL OLIVEIRA Foto THOMAS ROBERTS


#ARTEECULTURA

“ C

(...) logo todos os bobos ricos, enriquecidos com o tráfico do ópio e outras maléficas, a fim de imitarem os príncipes da Renascença – já se viu! – correm às exposições e compram os quadros a preço de ouro, enquanto os pobres diabos naturais ou vivendo na Bruzundanga, que são conscienciosos do seu mister, morrem em ofícios humildes ou de sodka.

om essa passagem acima o jornalista e escritor Lima Barreto (1881-1921) reportava como era encarada a arte na República dos Estados Unidos da Bruzundanga. Os Bruzundangas é uma caricatura da sociedade brasileira do início do século XX, carregada de cores fortes sobre diversos aspectos econômicos, sociais e culturais que se apresentavam na recém-nascida república. A obra, com grandes doses de ironia, reconstrói um Brasil refém de uma categoria social, desvalorizadora do popular, do nativo, que não se afasta muito do cenário atual, apesar da distância temporal e das conquistas. O destaque para esse trecho da obra não se faz sem nenhuma intenção. Conjunto de práticas, técnicas, símbolos e valores de dados grupos sociais, a cultura por muito tempo era encarada como fator de diferenciação de classes e a educação. Por vezes grafada de forma impositiva com inicial maiúscula, a cultura passou a ganhar como função a progressão social de uma pretensa burguesia ávida pelo conquista de mais espaços políticos e poder, que viam por intermédio dela uma possibilidade de alçar posições de destaque na sociedade, trabalhando, com isso, para manutenção de um status quo. Fenômeno esse iniciado em uma Europa no auge da Revolução Industrial e que se replicou em outras espacialidades. Nessa perspectiva, como apregoado por Lima Barreto, a cultura se percebe num nível superior, quase divinizada, reservada à poucos e apenas à esses, se por berço ou se por posses, era concedida a “salvação”. A salvação, ou a cultura, estava associada ao consumo de produtos que lhe eram próprios e dentro de um lugar comum: obras de artistas de renome, europeus e que garantisse destaque entre seus pares. Aos mortais apenas era reservado o popular, o menor, o pequeno, o que não era sagrado, a “sodka”, por sorte a reprodução em massa. Para além da garantia de um lugar nesse panteão e “ao sol”, ou mais próximo dele, numa sociedade estratificada a cultura era - e ainda é - utilizada para a criação de outros espaços, objetivando, sobretudo, o controle social. Recorrentemente na história da humanidade regimes políticos de caráter totalitário, autoritário ou democrático, este último à la despotismo esclarecido, fizeram uso da lógica de uma cultura superior ou de elite, por vezes a construção de uma cultura nacional, em favor dos seus proje-

tos. Atrelada a essa formulação de cultura outros elementos se somavam ao combo: a censura e a perseguição aos que subvertiam. Esse processo foi perceptível em incontáveis períodos e sociedades, aparentemente mais presente no breve século XX, a exemplo do nazismo alemão e da Ditadura Militar no Brasil. Apesar das funções atribuídas a cultura nas linhas acima, percebemos que ela, mesmo sendo uma construção, é direito de todos. Longe da sua veste divina, superior e homogênea. Edward Shils, cientista social estadunidense, afirma que a cultura nunca é partilhada de maneira uniforme entre os membros de uma sociedade, ou seja, ela se faz plural e interativa tanto quantos forem os grupos e indivíduos que a formam, como numa teia. Recorrendo, ainda, a imagem sacra que se fez antes, alguns messias surgiram anunciando essa boa nova, a exemplo de Mário de Andrade. O escritor paulista já nas décadas de 1920 e 1930 nos trazia o entendimento de uma cultura ampla, que englobava o considerado erudito, popular, material, imaterial e tão diversa quantas forem os grupos presentes na sociedade, variando os produtos consumidos. COMPORTAMENTO UNCLASSED Atualmente, mesmo que façamos uma releitura e nos identificamos com o relato de Lima Barreto nas suas incursões por Bruzundanga, nos direcionamos para uma sociedade cuja cultura se enquadra num comportamento unclassed onde cada indivíduo se torna protagonista e não há mais a apropriação de uma cultura considerada de elite. Bauman localiza esse comportamento no âmbito de uma modernidade líquida, onde todos têm direito de expressão cultural, não mais submetidos a uma cultura superior, não mais engessada. Faz-se múltipla, mutante, liberta. Vem dos espaços antes considerados centros culturais, como a Europa, Estados Unidos e São Paulo, a confirmação de nossa liberdade. Estamos livres e não precisamos nos reverenciar ao panteão. Alguns componentes da sociedade, talvez, ainda permanecem como bruzundangas, mas no momento somos todos revolução. Somos revolução cultural, que faz cair por terra o engessamento da elite, do popular e da massa. Somos livres para (re)construir e consumir a cultura como quisermos.

CARTOLA cartolamag.com

67


Casino Royale KNOKKE 2016

68

CARTOLA cartolamag.com


#ARTEECULTURA

DEU PRAIA! Ambiente de trabalho para uns, destino de fuga do trabalho para outros. A praia é um dos ambientes mais favoráveis aos negócios e ao lazer. Instigado a capturar esse local e seus momentos únicos, o fotógrafo Antoine Rose desenvolveu uma série de fotografias aéreas em diversas praias ao redor do mundo. Natural da Bélgica, Antoine Rose teve seu primeiro contato com a fotografia ainda aos 8 anos. Ao longo do tempo sua paixão por capturar e modelar a luz em diversas viagens, da África do Sul a Istambul, por exemplo. Ganhando fama como artista publicado, suas obras são agora coletadas por museus como o Museu de Artes e Design (MAD) New York (EUA), e marcas internacionais como Louis Vuitton Moet Hennessy (LVMH) Paris (França) e Tiffany & Co (no mundo todo). Representado por quinze galerias ao redor do mundo, Rose expôs em diversas instituições e galerias como a Bel Air Fine Art. Mais recentemente, o artista teve sua primeira exibição retrospectiva para a prestigiada La Maison de La Photographie (Lille, França). Suas fotografias aéreas de praias são registros únicos em que, devido a distância, as pessoas e objetos aparecem como padrões geométricos. Com um olhar minimalista, Rose introduz questões sobre novas perspectivas, sobre o real e o irreal, sobre o lazer e o trabalho, o ócio e o negócio.

CARTOLA cartolamag.com

69


Knokke Lounge KNOKKE 2016

Red District MIAMI 2013

70

CARTOLA cartolamag.com


Shoreline Study 1 HAMPTONS 2012

Spiagge Bianche Study 2 TUSCANY 2015

CARTOLA cartolamag.com

71


Light of Art

Autodidata, o potiguar de 23 anos Tiago Luis vem conquistando prestígio Brasil a fora com colagens digitais que mesclam moda e arte

N

atural de Macau, o estudante de arquitetura Tiago Luis começou a fazer colagens há aproximadamente 1 ano. A arte com colagens digitais foi uma das formas que o jovem encontrou para ajudar a controlar o seu transtorno de ansiedade. “Nasci em Macau, e morei lá até meus 15 anos. Vim para Natal estudar, mas não tive uma boa experiência no ensino médio (ainda me rende assunto na terapia). Hoje tento manter minha saúde mental com arte,moda e fotografia.”, comenta. A divulgação de seu trabalho se dá na internet através de seu Instagram (@ 72

CARTOLA cartolamag.com

light_ofart) e da coluna mensal no site da CARTOLA. O potiguar comenta que essa forma de divulgação e comunicação com diferentes públicos favoreceu de modo significativo o seu trabalho, alcançando pessoas de diferentes estados e até países, como conta o ocorrido de meses atrás: “Fiz uma colagem e publiquei no Instagram, dias depois um cara de Nova Iorque entrou em contato querendo comprá-la. Eu não tinha a menor noção de quanto cobrar ou de quanto o cara estava disposto a pagar, então joguei um valor qualquer… 80 dólares. Para minha surpresa,

ele respondeu: ‘Ok, vou querer duas’. Apesar do ocorrido, no momento, o artista não pensa em comercializar seu trabalho. “Acho que meu objetivo com as colagens é basicamente expressar minha visão de moda e fotografia, e provocar alguma reação em quem as olha”, afirma. Sobre novos projetos, Luis pensa em cursar Artes Visuais na UFRN e desenvolver melhor seu trabalho a fim de descobrir, redescobrir, recortar e colar novas técnicas ao passo que a ‘Luz da Arte’ guie seu futuro. Veja mais em cartolamag.com


#ARTEECULTURA

CARTOLA cartolamag.com

73


74

CARTOLA cartolamag.com


CARTOLA cartolamag.com

75


76

CARTOLA cartolamag.com


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.