Entre a teoria e a prática: o uso de conhecimentos vernáculos na arquitetura

RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

CAMPUS SÃO PAULO

ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA: O USO DE CONHECIMENTOS VERNÁCULOS NA ARQUITETURA

ALUNO: ANA CAROLINA CABRAL CARNEIRO ORIENTADOR: JOÃO FERNANDO BLASI DE TOLEDO PIZA CO-ORIENTADORA: JULIANA BECHARA SAFT

NOVEMBRO DE 2018.

RESUMO “Arquitetura vernácula” ou “arquitetura popular” é aquela que é característica de um país ou região, resultado da interação entre o clima, os materiais disponíveis e a cultura de uma determinada sociedade. Inserindo-se na discussão do desenvolvimento sustentável, as construções vernáculas estão principalmente em harmonia com o meio ambiente e mantêm um diálogo saudável com o clima da região. A duração de seus materiais ao longo do ciclo de vida do edifício contribui para diminuir o gasto energético total e proporcionar ao usuário final o conforto térmico necessário.

Palavras-chave: Arquitetura vernácula. Habitação Sustentável. Construções indígenas

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ABSTRACT “Vernacular architecture” or “popular architecture” is the one that is characteristic of a country or region, the result of the interaction between climate, materials available and the culture of a certain society. Inserting itself into the discussion of sustainable development, vernacular constructions are mainly in harmony with the environment and maintain a healthy dialogue with the region’s climate. Its materials duration over the building life cycle contribute to decrease the total energy expenditure and provide to the end user the necessary thermal comfort.

Keywords: Vernacular architecture. Sustainable Housing. Indigenous constructions.

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Sumário CAPÍTULO 1

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INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 7 CAPÍTULO 2 8 PROBLEMÁTICA ................................................................................................................. 8 SUSTENTABILIDADE ..................................................................................................... 8 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL ............................................................................................................................ 10 BREVE HISTÓRICO ENERGÉTICO ............................................................................. 10 O PAPEL DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................................ 11 CERTIFICAÇÕES ............................................................................................................ 12 PRINCIPAIS SOFTWARES DE SIMULAÇÃO EM CONFORTO AMBIENTAL ....... 16 CAPÍTULO 3

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GREEN BUILDING: HIGHTECH OU LOWTECH? ......................................................... 18 HIGHTECH BUILDINGS................................................................................................ 18 LOWTECH BUILDINGS ................................................................................................ 20 A ARQUITETURA VERNÁCULA COMO UM MODELO DE SUSTENTABILIDADE 22 EXEMPLOS DE ARQUITETURAS VERNACULAS AO REDOR DO MUNDO ....... 25 OS ÍNDIOS KAINGANG DO SUL DO BRASIL ........................................................... 28 PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS EM CONSTRUÇÕES TRADICIONAIS ... 40 PROJETOS ATUAIS, UTILIZANDO TECNOLOGIAS ANCESTRAIS .......................... 42 CASA TUCSON – ARIZONA ......................................................................................... 42 CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE FICHA TÉCNICA ............................ 42 PAINÉIS PRÉ-FABRICADOS DE PALHA.................................................................... 43 CONCLUSÕES

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A APÊNDICE B

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 –Localização Institut du Monde Arab (IMA)

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Figura 2 – Processo de concepção dos painéis

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Figura 3 – Localização da UFAM

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Figura 4 – Corte do auditório e salas de aula

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Figura 5 – Mapa Worldwide Bioclimatic Classification Sysem

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Figura 6 – Mapa Mundi – Bioma e Vegetação

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Figura 7 – Habitação subterrânea Kaingang

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Figura 8 – Palhoça Kaingang

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Figura 9 – Habitação temporária Kaingang

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 –Programas de simulação em Conforto Ambiental

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Tabela 2 – Quadro de aplicação da NBR 15.220-3 nas habitações Kaingang

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Tabela 3 – Informações arquitetônicas acerca das habitações Kaingang

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o desenvolvimento sustentável vem sendo cada vez mais discutido no âmbito da construção civil no Brasil e no mundo. Este setor tem um papel de destaque na economia brasileira, mas, para tal, consome uma grande quantidade de recursos naturais e, como consequência, gera, também, uma grande quantidade de resíduos. Para que se possa almejar um desenvolvimento mais sustentável, é pertinente pensar novas estratégias. É nessa discussão que a tradição vernácula está inserida, pois é uma forma de se olhar para o futuro utilizando-se de tecnologias ancestrais conectadas a um determinado local e que funcionaram e evoluíram durante gerações, não para as copiar de forma saudosista, mas para encontrar um caminho que permita um diálogo harmônico entre a construção civil e o meio ambiente. A chamada “Arquitetura Sustentável” é aquela que busca realizar projetos adaptados ao meio, eficientes energeticamente e que respondam satisfatoriamente às especificações normativas.

Segundo Penteado (2001), é possível identificar três tipos de intervenções sustentáveis: 1) as aplicadas no desenvolvimento de comunidades pouco “desenvolvidas”; 2) aquelas típicas de cidades, ou seja, tecnológicas e mercadológicas; 3) as relacionadas ao estudo de materiais e procedimentos construtivos. Esta pesquisa busca unir os três tipos de intervenções, pensando o desenho de uma edificação que esteja em acordo com as demandas da população brasileira, que considere elementos da arquitetura vernácula (materiais, técnicas, implantação, etc.) e, ainda assim, seja passível de inserção no mercado imobiliário de edificações sustentáveis, buscando uma nova maneira de construir que seja capaz de aliar o respeito ao meio ambiente e às necessidades humanas. Atitude esta que, por séculos, foi mantida pelas comunidades tradicionais que desenvolveram suas arquiteturas empiricamente através de gerações.

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CAPÍTULO 2

PROBLEMÁTICA SUSTENTABILIDADE Rastreando as origens do termo “sustentabilidade” e da discussão em torno da mesma chega-se até o século XVIII quando a silvicultura, base da economia saxônica, foi ameaçada devido ao desmatamento de florestas inteiras para serem utilizadas como lenha para fornos de fundição. Para reverter o quadro, o inspetor geral de mineração do Estado da Saxônia, von Carlowitz, estabeleceu que, para cada madeira cortada, fosse plantado um número equivalente de árvores que pudesse voltar a crescer. Estabelecendo o “sustainable development”, o desenvolvimento sustentável (BADER, 2012).

Segundo Célia Wada (2012), alguns autores consideram a publicação do livro Primavera Silenciosa (1962) de Rachel Carson como o começo das discussões internacionais sobre o meio ambiente. Porém, por se tratar de um estudo acadêmico, seu alcance foi restrito. Em termos de repercussão entre governantes e cientistas, o Relatório Meadows, mais conhecido como Relatório do Clube de Roma, é um dos mais importantes e propõe crescimento econômico zero.

O Clube de Roma foi formado em 1968 por cientistas, industriais e políticos com objetivo de discutir e analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o uso crescente dos recursos naturais.

Segundo o Relatório de Roma (1968), os maiores problemas ambientais da época eram: a industrialização acelerada, o rápido crescimento demográfico, escassez de alimentos, esgotamento de recursos não renováveis e deterioração do meio ambiente. De uma forma geral, resumiam o grande problema como a pressão da população sobre o meio ambiente (WADA, 2012).

Em 1987, o conceito de sustentabilidade alcançou reconhecimento internacional com a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (Comissão

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Brundtland), presidida pela Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem Brudtland e intitulado “Our Common Future”, no qual aparece a definição mais utilizada do conceito de desenvolvimento sustentável como sendo aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades.

Em 1992, aconteceu no Rio de Janeiro a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio-92, que tratou de determinações de metas ambientais e políticas de desenvolvimento. Nessa conferência foi promulgada a Agenda 21, que se trata de um programa de ações para o desenvolvimento sustentável global, tornando o conceito de sustentabilidade um princípio político formal (WADA, 2012).

Na Rio-92, ficou acordado que os países em desenvolvimento deveriam receber apoio financeiro e tecnológico para alcançarem outro modelo de desenvolvimento que fosse sustentável, inclusive com a redução dos padrões de consumo — especialmente de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral). Com essa decisão, a possível união entre meio ambiente e desenvolvimento avançou (SENADO, 2012).

Na conferência da Cúpula de Copenhague e no Tratado de Amsterdã de 1997, a União Europeia formou o princípio do “Modelo de Sustentabilidade de Três Pilares”, declarando que a sustentabilidade não abrange somente o meio ambiente que transmitimos para as próximas gerações, inclui também a economia e as instituições sociais (BADER, 2012). Portando, os três pilares para um desenvolvimento sustentável são: ecológico, econômico e social. Se um deles se rompe, a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável como um todo, desmorona.

Dez anos após a RIO-92, ocorreu novamente a Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, em Johanesburgo com o objetivo de avaliar os progressos obtidos desde então.

Verificou-se que, na verdade, a situação do meio ambiente e da população havia se agravado.

Para reverter esse quadro decidiu-se por uma agenda composta de cinco áreas de prioridade a serem cumpridas até 2015, eram elas (WADA, 2012): • reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso a instalações sanitárias; • minimizar os impactos negativos sobre a saúde das pessoas; • evitar que os estoques de peixe em todo o mundo fossem reduzidos • deter a perda da biodiversidade; • desenvolver estratégias sustentáveis.

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De um modo geral, todos os relatórios trazem a mesma mensagem: o desenvolvimento sustentável não é possível com os padrões de consumo e produção atuais e há um limite para a utilização dos recursos naturais.

EFICIÊNCIA

ENERGÉTICA

NO

CONTEXTO

DAS

MUDANÇAS

CLIMÁTICAS NO BRASIL Segundo o Relatório de Avaliação Nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) divulgado no ano de 2013, o clima no Brasil terá um aumento gradativo de temperatura em todas as regiões do país entre 1ºC e 6ºC até 2100. Ao mesmo tempo, a ocorrência de chuvas deverá diminuir significativamente nas regiões central, norte e nordeste, com um aumento de chuvas no sul e no sudeste.

De acordo com o relatório, os impactos sobre as populações e setores econômicos serão sentidos de maneiras diferentes em todo o país. De modo que se deve pensar no desenvolvimento de ações, políticas, geração de energia e abastecimento hídrico de acordo com cada região, levando em conta suas particularidades. As mudanças nos padrões de precipitação nas diferentes regiões do país deverão impactar diretamente a agricultura, a geração e distribuição de energia e os recursos hídricos.

A professora Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB) é uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho 3 do RAN 1 que trata sobre Mitigação das Mudanças Climáticas. De acordo com ela, se mantidas as políticas atuais, em 2030 teremos aumentado as emissões decorrentes dos setores de energia e transporte em 97%. Dessa forma, é necessário mais eficiência energética, inovação tecnológica e políticas de incentivo ao uso de energia renovável para reverter esse quadro. As estratégias de mitigação englobam ainda o setor da construção civil e pedem que haja uma revisão do planejamento urbano de forma a garantir a sustentabilidade nas edificações, maior eficiência energética e redução o consumo de madeira.

BREVE HISTÓRICO ENERGÉTICO A evolução humana foi concomitante e dependente da evolução energética. A princípio as energias renováveis – como o sol e a madeira – possuíam um papel predominante para iluminação, aquecimento e preparo de alimentos. Aos poucos a energia eólica foi adicionada ao leque de opções servindo aos transportes – caso das embarcações à vela, bombas d’água e

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moinhos. Até esse ponto, não era possível armazenar energia e, portanto, os homens estavam completamente à mercê da natureza, por outro lado, o uso de formas de energia não armazenáveis, garantiram séculos de desenvolvimento sustentável. (FERNANDES, 2012) Até o séc. XIX, as energias renováveis tinham um papel essencial nas economias agrárias e, como fonte de energia combustível, a madeira era suficiente para satisfazer a maior parte das necessidades energéticas (MENDONÇA, 2005 apud. FERNANDES, 2012). Vale lembrar que a madeira possui baixo potencial energético, sendo suficiente para aquecer edifícios, mas não para fundir metais – ao contrário do carvão que possui uma capacidade térmica maior. A Revolução Industrial trouxe o carvão e tornou-o a fonte de energia transformada dominante, dando início à era das energias não renováveis. Em meados do século XX as posições mudaram e o petróleo e o gás natural assumiram a primazia como as fontes de energia transformadas dominantes (MENDONÇA, 2005 apud. FERNANDES, 2012). O potencial energético advindo destas fontes permitiu a introdução em massa da energia elétrica, o que acabou por criar meios para o uso indiscriminado de diversos equipamentos elétricos. As comodidades advindas tiveram como consequência um maior consumo energético e o aumento das emissões de gases de efeito estufa (FERNANDES, 2012).

Visando reduzir o consumo de energia não renovável, a construção civil tem muito a melhorar no que se refere ao desempenho térmico, e isto não significa apenas resolver a problemática da envoltória, mas capacitar os usuários finais para operá-lo de maneira sustentável, interagindo com seu entorno. Dessa forma, as construções vernáculas se apresentam como um excelente estudo de caso, de onde pode-se extrair informações construtivas que promovam a redução do consumo de energia com: a) o uso de materiais e técnicas adaptadas ao clima (garantindo maior conforto passivo e reduzindo a necessidade de sistemas ativos, como o ar condicionado), b) materiais duráveis ou biodegradáveis (que podem ser produzidos localmente, reduzindo os custos e o consumo energético com transporte, o que também resulta em uma diminuição dos resíduos gerados) e, por fim, c) a valorização dos hábitos tradicionais (podendo ampliar a consciência da finitude dos recursos disponíveis e modificar padrões de consumo). As técnicas vernáculas também podem ser uma grande fonte de inspiração para o desenvolvimento de tecnologias construtivas inovadoras mais eficientes.

O PAPEL DA CONSTRUÇÃO CIVIL O setor da Construção Civil é considerado muito importante para Bourdeau (2000), pois ela engloba toda a infraestrutura necessária para a permanência humana no território, seja para 11

morar e trabalhar, seja para transportes, comunicações, suprimento de água, esgoto e energia para atender as necessidades de uma população mundial crescente.

Segundo o quinto relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em 2014, a indústria cimenteira era uma das principais responsáveis pelo aquecimento global devido às ações humanas, juntamente com a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento. As concentrações de CO2 na atmosfera já aumentaram mais de 20% desde 1958, quando medições sistemáticas começaram a ser feitas, e cerca de 40% desde 1750. (TOLEDO, 2014) Ainda segundo a avaliação do IPCC, muitos aspectos da mudança climática vão persistir durante muitos séculos, mesmo se as emissões de gases de efeito estufa cessarem, pois, segundo o professor e pesquisador do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artacho, os processos de remoção do CO2 atmosférico são muito lentos. Para o pesquisador, a medida mais urgente é a redução das emissões de gases de efeito estufa. (TOLEDO, 2014) Segundo John e Sato (2002), uma das ferramentas para reduzir os impactos ambientais é maximizar o uso da energia e de materiais renováveis na construção civil, sempre tendo em vista a relação entre qualidade e quantidade e escolhendo o que é mais eficiente. Tendo-se em mente que o planeta não é capaz de gerar recursos naturais em quantidade suficiente para suprir a necessidade da indústria da construção de modo a substituir todos os materiais não renováveis, é possível reduzir o seu consumo optando por materiais que não envolvam grandes transformações industriais e racionalizando o processo de projeto de modo que não ajam desperdícios ou uma demanda de energia excessiva durante toda a vida útil da edificação.

CERTIFICAÇÕES A busca por um desenvolvimento sustentável tem impactos diretos na indústria da Construção Civil, que possui um grande papel na degradação ambiental. Para minimizar esse cenário, a prática de construir “green buildings”, vem crescendo nos países desenvolvidos, assim como a adoção de práticas e protocolos de certificação, aos quais as edificações são submetidas para atestar seu desempenho energético.

As certificações que antes possuíam um caráter voluntário estão cada vez mais se aproximando de se tornarem normas – ou ainda, inspirando novas normas que prezam pelo elevado desempenho energético do edifício, com isso surgem novos desafios a serem vencidos.

Alguns deles são (KWOK; GRONDZIK):

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•

Pressão da indústria: é necessário tornar o mercado de produtos duráveis e eficientes competitivo, fazendo com que os produtos poluentes e de má qualidade sejam menos atrativos ao consumidor final.

•

Problemas de crescimento: um maior número de adesões a normas e sistemas de certificações nem sempre é acompanhada de um aumento da equipe necessária para auxiliar os projetistas a se adequarem às exigências.

•

Natureza humana: o modo como as pessoas utilizam as edificações pode impactar o consumo de energia da mesma, sendo necessário oferecer ao usuário final instruções sobre como operar o edifício.

•

Complexidade: para chegar a determinados níveis de eficiência, alguns edifícios podem se tornar complexos demais, dificultando a sua operação no dia-a-dia e com uma manutenção cara.

•

Foco na pontuação: quando há uma lista de itens a seguir para receber determinada pontuação e ter uma certificação, os projetistas podem acabar deixando de lado estratégias que seriam mais eficientes para o local de implantação do projeto, apenas porque não estão listadas como uma estratégias que rendem pontos.

Principais certificações internacionais

•

HQE

Criada na França e destinada a habitações novas, existentes (reabilitação) e moradias unifamiliares.

•

PassivHaus

Foi desenvolvida na Alemanha na década de 1970. Apesar de ser uma norma, funciona de maneira muito parecida com uma certificação, pois oferece diretrizes de projeto.

•

BREEAM

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Criado no Reino Unido em 1990, é um sistema de certificação voluntária para edificações sustentáveis.

•

LEED

Surgiu no EUA em 1993 e foi baseado no BREEAM. Elevou os níveis de eficiência exigidos pelas normas locais em um sistema de certificação voluntária por terceiros.

•

Green Globes

Surgiu em 1996 no Canadá e foi adotado nos EUA em 2002, recebendo críticas por ser menos rigoroso que o LEED, visto que se baseava em relatos individuais de medidas ecológicas ou sustentáveis.

•

Living Building Challenge (LBC)

Lançado em 2006 para complementar o LEED e outros sistemas de certificação. Possui um elevado padrão, que busca criar edificações que sejam autônomas e regenerativas. Utiliza a metáfora de uma flor: O LBC é composto por 7 pétalas (áreas de desempenho) – terreno, água, energia, saúde, materiais, equidade e beleza. As pétalas são dividias em 20 itens cada, cada um deles focado em um conjunto específico de questões.

•

Norma 189 da ASHRAE

Lançada em 2009 a “Norma para o projeto de edificações sustentáveis de alto desempenho exceto para edificações residenciais baixas”. Possui muitas semelhanças com o LEED, porém, representa um avanço no quesito de normatização.

Principais certificações utilizadas no Brasil •

Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)

Analisa a eficiência energética, hídrica e a redução dos gases de efeito estufa. É dividida em quatro níveis: Simple, Silver, Gold e Platinum, e certifica oito tipologias, são elas: • • •

Novas Construções e Grandes Reformas; Edifícios Existentes – Operação e Manutenção; Interiores comerciais;

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• • • • •

Envoltória e Estrutura Principal; Lojas de varejo; Escolas; Desenvolvimento de bairros, e; Hospitais.

No Brasil, foi criado, em 2007, o GBCB - Green Building Council Brasil, assim como o USGBG, também filiado ao WGBC - World Green Building Council, que também adotou como Selo de certificação o LEED, modelo mais aceito mundialmente para orientação, mensuração e certificação das construções sustentáveis. O LEED é um conjunto de normas que abrange a concepção arquitetônica, os projetos, a execução e a ocupação. De acordo com a pontuação obtida, o empreendimento é certificado em um dos quatro níveis de sustentabilidade – Simple, Silver, Gold e Platinum. (DEEKE, 2008) •

Selo Procel Edificações

Estabelecido em 2014, tem por objetivo identificar as edificações que apresentam as melhores classificações de eficiência energética em uma dada categoria – envoltória, iluminação, condicionamento de ar e aquecimento de água. Pode se obter o selo na fase de projeto – válido até o fim da obra – ou após a construção. Antes de se obter o selo Procel, é necessário ter a Etiqueta PBE Edifica – classe A. Tanto selo quanto etiqueta são emitidos pela Eletrobrás. (PROCEL INFO).

•

AQUA

Baseada na certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité Environnementale) e adaptada à realidade brasileira, consiste em uma avaliação de 14 categorias, separadas em 3 perfis: • • •

Base (B): prática corrente ou regulamentar; Boas práticas (BP): desempenhos de boas práticas; Melhores práticas (MP): desempenho máximo nas operações de qualidade ambiental.

Para receber a certificação, o empreendimento deve atingir, dentro das 14 categorias avaliadas, um mínimo de:

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• • • •

3 no nível Melhores Práticas; 4 no nível Boas práticas; 7 no nível Base.

Selo Casa Azul

Criado pela Caixa para classificar os projetos habitacionais por ela financiados. Tem o objetivo de estimular o uso racional dos recursos naturais e reduzir os gastos em manutenção.

São 53 critérios de avaliação, divididos em 6 categorias: • • • • • •

Qualidade Urbana Projeto e Conforto Eficiência Energética Conservação de Recursos Materiais Gestão da Água Práticas Sociais

Para conseguir o selo na categoria bronze, deve-se atender um mínimo de 19 critérios obrigatórios. Quanto mais critérios atendidos, maior a categoria (prata ou ouro).

PRINCIPAIS

SOFTWARES

DE

SIMULAÇÃO

EM

CONFORTO

AMBIENTAL Abaixo, foram tabelados alguns softwares de simulação em conforto ambiental que auxiliam na elaboração de projetos mais eficientes: Tabela 1 – Programas de simulação em Conforto Ambiental* Programas de Simulação em Conforto* Programa

Ano/Origem

O que analisa

LESOCOOL

1996/Suíça

Calcula o efeito da ventilação natural na temperatura interna do ambiente.

CLA (Clima, Lugar y Arquitetura)

1992/Espanha

CLACA (Climatic Analysis for Comfortable Architecture)

Espanha

Restrição

Calcula a carga térmica para calefação e Atende apenas o clima refrigeração e o desempenho lumínico a partir dos espanhol dados da implantação e do projeto.

Avalia a carga térmica para calefação e refrigeração e o comportamento da iluminação natural no interior.

entrada de dados numérica

(Continua) Continua

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(Continuação) 1995/Itália

Calcula os coeficientes de pressão do vento sobre fachadas e coberturas dos edifícios.

COMFORT

1990/Itália

Avalia o conforto térmico através de dois índices (índices de Fanger) Predicted Mean Vote (PMV), que indica o valor médio dos votos de um grupo grande de pessoas numa escala de sensação térmica de 7 pontos, e Predicted Percentage of Dissatisfied (PPD), índice que estabelece um prognóstico quantitativo do número de pessoas termicamente insatisfeitas.

FCHART

1970;2006/ University of Wisconsin

Calcula a área de um sistema solar para aquecimento de água, considerando determinada porcentagem provida de energia solar

Luz do sol

1995/Brasil

Calcula a radiação solar para os planos vertical e horizontal, dependendo da orientação, data e nebulosidade.

SUNCHART

Itália

Permite desenhar o diagrama solar para qualquer local do globo (dada a latitude)

Troplux

UFAL/ Brasil

Serve para o cálculo da iluminação natural em edifícios. O programa se baseia nos conceitos de Ray Tracing e Daylight Coefficients.

2006/ Canadá

Simulações de iluminação natural anual e apresenta os resultados de desempenho lumínico em modelos 3D junto com gráficos mensais de consumo de energia e cargas de pico para aquecimento, refrigeração e iluminação artificial.

Brasil

O software auxilia no processo de adequação de edificações ao clima local. Utiliza tanto arquivos climáticos anuais e horários como arquivos resumidos na forma de normais climatológicas.

Transmitância

Brasil

é uma ferramenta computacional desenvolvida para auxiliar na aplicação dos métodos de cálculo de propriedades térmicas de componentes construtivos propostos pelo projeto de normalização em conforto ambiental.

APOLUX IX

Brasil

Projeto, Cálculo e Análise de Eficiência da Iluminação Natural e Artificial de acordo com a norma ISSO ABNT 8995/2013

EUA

Integra vários módulos que trabalham juntos para calcular a energia requerida para aquecer ou resfriar um edifício usando uma variedade de sistemas e fontes de energia.

CpCALC

DAYLIGHT

ANALYSIS BIO

EnergyPlus

só pode ser aplicado em edifícios de planta retangular simples

para o Brasil, disponibiliza dados de quatro cidades: Brasília, Recife, Belém e São Paulo

*Tabela elaborada com base no "Manual de Arquitetura Bioclimática Tropical para a redução de consumo energético" de Oscar Corbella e Viviane Corner, juntamente com dados oferecidos pelo LabEEE (Laboratório de Eficiência Energética) da UFSC. Fonte: Autora

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CAPÍTULO 3 GREEN BUILDING: HIGHTECH OU LOWTECH? Um green building pode ser hightech ou lowtech. Os hightech buildings são aqueles que empregam muita tecnologia (automação e domótica) para aumentar a sua eficiência energética e conforto ambiental. Os lowtech buildings buscam na arquitetura bioclimática e na arquitetura vernacular técnicas passivas de conforto ambiental que possam ser incorporadas ao projeto arquitetônico e, dessa forma, atingir os princípios de sustentabilidade. As soluções hightech não são compatíveis com a realidade da maioria dos projetos elaborados principalmente em países em desenvolvimento, cabendo buscar uma arquitetura sustentável com baixa tecnologia acrescida de novos produtos e conhecimentos tecnológicos e científicos.

A arquitetura vernácula pode estar associada tanto aos edifícios hightech ou lowtech, a principal diferença entre essas duas estratégias é a quantidade de energia que os edifícios hightech acabam demandando acrescida de elevada manutenção para garantir o funcionamento do mesmo.

HIGHTECH BUILDINGS Institut du Monde Arabe Como um exemplo de hightech building tem-se o Institut du Monde Arabe. Abaixo, uma análise das suas estratégias de conforto.

Ficha técnica do projeto: Projeto: Institut du Monde Arabe, Paris. Arquiteto: Jean Nouvel Programa: 25000 m² de museu, livraria, auditório, sala de conferência e escritórios e cafeteria.

Sistema estrutural: Estrutura metálica e paredes cortina. Materiais predominantes: alumínio e vidro.

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O projeto surgiu de um concurso de projetos para o Institut du Monde Arabe em 1981, no qual Jean Nouvel saiu como vencedor. O projeto foi construído entre 1981 e 1987.

Localização

Está localizado na Rue des Fossés Saint-Bernard, Paris, França. Possui a fachada principal voltada ao rio Sena.

Figura 1 – Localização Institut du Monde Arab (IMA).

Fonte: Google Maps.

Arquitetura O edifício incorpora elementos da arquitetura tradicional árabe – os muxarabis – combinandoos com a alta tecnologia moderna. Estão localizados na fachada sul com o objetivo de filtrar a luz natural excessiva. Foram utilizados 27 mil diafragmas, organizados em 113 painéis operados utilizando o princípio de uma lente de câmera. A “lente” se abre e se fecha, regulando a intensidade luminosa do exterior. Os painéis são controlados mecanicamente com o auxílio de sensores fotossensíveis, criando uma fachada dinâmica, que muda de acordo com o fechamento ou abertura dos diafragmas. A fachada norte, voltada para o Rio Sena, é revestida em vidro espelhado.

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Figura 2 - Processo de concepção dos painéis.

Fonte: Su, Yiming

LOWTECH BUILDINGS Os lowtech buildings são aqueles que, sem grandes tecnologias, são capazes de terem uma inserção arquitetônica em conformidade com o meio ambiente e garantir o máximo de conforto ambiental para os usuários. Foi essa a preocupação que norteou, por exemplo, o trabalho de Severiano Porto na concepção do projeto para o campus universitário da Universidade do Amazonas, em Manaus.

UFAM Localização O campus se localiza na cidade de Manaus – AM, em área de preservação, como pode ser visto abaixo:

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Figura 3 – Localização da UFAM.

Fonte: Google Maps

O campus tinha uma área disponível de 600 hectares, cercada por nascentes e envolvida pela vegetação nativa, dessa forma o projeto deveria ter o menor impacto ambiental e interferir o mínimo possível na paisagem original. O terreno contava ainda com uma topografia acidenta.

Arquitetura A cobertura é uma estrutura metálica em sistema modular que veio do Rio de Janeiro, visto que facilitava a construção e a montagem que deveria ser realizada no período da seca e ser de fácil manutenção. As divisórias internas foram concebidas em concreto ao invés de madeira devido a futuras manutenções, que seriam onerosas. A cobertura é independente dos ambientes fechados formando um colchão de ar ventilado entre a mesma e o forro de concreto, contribuindo para a redução da temperatura interna.

De modo a evitar terraplanagens e desmatamentos, os prédios adaptaram-se às curvas de nível existentes. Para privilegiar a ventilação natural, a implantação se deu no sentido LesteOeste de acordo com os ventos dominantes. As circulações entres os edifícios são cobertas e envolvidas por áreas verdes, que tem a função proteger os pedestres do sol.

As aberturas dos ambientes foram dispostas de maneira a garantir a ventilação cruzada e que o ar quente saia tanto de aberturas laterais quanto pela cobertura (efeito chaminé).

Os grandes beirais oferecem proteção à radiação solar e às chuvas, além de proporcionarem um melhor controle do movimento do ar.

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Figura 4 - Corte do Auditório e salas de aula.

Fonte: Sabbag (2003).

A ARQUITETURA VERNÁCULA COMO UM MODELO DE SUSTENTABILIDADE Segundo a Carta sobre o Patrimônio Construído Vernáculo (1999) as construções vernáculas são aquelas que apresentam as seguintes características: 1) 2) 3) 4) 5) 6)

um modo de construir emanado da própria comunidade; um carácter marcadamente local ou regional em resposta ao meio ambiente; uma coerência de estilo, de forma e de aspecto, bem como o uso de tipos arquitetônicos tradicionalmente estabelecidos; um conhecimento tradicional da composição e da construção, que é transmitido de modo informal; uma resposta eficaz às necessidades funcionais, sociais e ambientais; uma aplicação eficaz das técnicas tradicionais da construção.

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A arquitetura adequada ao clima local é aquela que ameniza as condições de desconforto, ou seja, por mais que o clima esteja rigoroso, a edificação deve ser capaz de manter, na medida do possível, o conforto dos usuários em seu interior.

O conhecimento das variáveis climáticas e das exigências humanas, assim como dos materiais disponíveis fornece a informação necessária para o estudo das construções vernáculas, que são aquelas elaboradas pelas populações nativas de cada região com os materiais disponíveis no meio e que atendem à necessidade daquela população. Abaixo temos um mapa climático global de onde podemos extrair as seguintes informações: 1) 2)

Cada clima vai solicitar estratégias de conforto ambiental diferentes; Cada local vai fornecer diferentes materiais para a construção das edificações.

Figura 5 - Mapa Worldwide Bioclimatic Classification System.

Fonte: M. Rivas; S. Rivas (1994)

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Figura 6 – Mapa Mundi – Bioma e Vegetação

Fonte: W. Ferreira (2012)

Tendo em vista os diversos condicionantes – geológicos, geográficos, econômicos e culturais – a arquitetura vernácula tende a se expressar de uma maneira única em cada local e surge em resposta aos seus condicionantes, mas sempre mantendo um aprimoramento constante em suas técnicas que são passadas de geração em geração.

Nas últimas décadas, tem-se assistido um progressivo abandono dessas técnicas em detrimento de um desenvolvimento que priorizou determinados modos de construir – nem sempre adequados ao local – e uma homogeneização dos materiais de construção civil, de forma que a arquitetura não conversa mais com o seu entorno, é dependente de energia e não é capaz de atender todas as exigências ambientais dos usuários, principalmente o conforto térmico.

(FERNANDES, 2012) O conforto térmico é a expressão da satisfação do homem em relação ao ambiente térmico que o circunda. Para isso, é necessário que haja um balanço térmico estável, de forma que não haja diferenças entre o calor produzido pelo corpo e o calor perdido para o ambiente.

Ele depende de fatores físicos, fisiológicos e psicológicos.

O estudo do conforto térmico permite analisar e estabelecer as melhores condições para um ambiente térmico adequado às condições de atividade e ocupação humana. O estudo deve ser baseado na satisfação ou bem-estar do ser humano com o ambiente térmico, na produtividade humana e na conservação de energia.

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Considerando que os seres humanos não são iguais e que sentir-se confortável é relativo de pessoa para pessoa, o ideal é buscar um mínimo de satisfação de um grupo de pessoas, ou seja, criar condições onde o maior número de pessoas se sinta confortável.

As construções vernáculas priorizam as medidas passivas de climatização para assegurar o conforto interno do ambiente. Segundo Gallo (apud. FERNANDES, 1994) diferentes estudos sobre a arquitetura vernácula demonstram que projetar edifícios que respondem ao clima de modo eficiente é fundamental para poupar energia e reduzir as emissões de dióxido de carbono. Os meios mecânicos e artificiais nem sempre são capazes de resolver os problemas advindos de um edifício mal projetado.

EXEMPLOS DE ARQUITETURAS VERNACULAS AO REDOR DO MUNDO Neste tópico, aborda-se exemplos de arquiteturas vernáculas ao redor do mundo e, quando pertinente, é apresentada uma ampliação do mapa bioclimático onde se encontram os principias grupos. As habitações foram agrupadas por proximidade, ou seja, habitações do mesmo continente estão no mesmo quadro síntese, excetuando-se as habitações do ártico, que possuem um quadro próprio. África A África é um continente predominantemente tropical com a sua porção norte e extremo sul, com clima mediterrâneo.

Considerando que boa parte do continente africano é composto de deserto, logo, as opções de materiais para construção locais são escassas. Como se pode observar, o barro é o material de construção predominante em todo o continente, possuindo variações culturais no seu uso, como é o caso das construções tradicionais de Burkina Faso, onde há o costume de se pintar as edificações. Uma outra diferença que se pode observar, é que, onde o clima permite uma vegetação mais diversificada, como é o caso da ilha de Madagascar, que possui um clima tropical pluvial estacional (com uma estação chuvosa), a população insere novos materiais à sua edificação, nesse caso a madeira. Verificar Anexo 1 para quadro sínteses das habitações Vernáculas encontradas nessa região.

América do Norte Na América do Norte vemos dois extremos – a constante busca pela ventilação e resfriamento passivo (nos climas quentes, ao sul) contra a necessidade de isolar a edificação e manter o calor no seu interior (nos climas frios, ao norte). A madeira pode ser utilizada em ambos os casos, a) associada a outros materiais, como é o caso das peles para conservar o calor e da palha para controlar a temperatura por meio da ventilação; b) ou como técnica de construção, com palafitas e frestas, caso das Chickees ou completamente fechadas, como as

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Plank Houses. Verificar Anexo 1 para quadro sínteses das habitações Vernáculas encontradas nessa região.

Ásia A diversidade de climas presente na Ásia, determina diferentes formações vegetais as quais os seus habitantes podem tomar partido, e com isso vemos o uso dos mais variados materiais. Como é o caso de Ma’dan Reed no Iraque, onde a população que habitava os pântanos utilizou-se dos juncos colhidos no local para a fabricação de suas casas. O uso do junco abrange desde a estrutura – através da junção de grandes fardos – até o piso – com o trançado do junco.

Onde a vegetação é mais abundante, faz-se uso da madeira e fibras provenientes de árvores como a palmeira, como é o caso dos Mbaru Niang, isolados em uma montanha na Indonésia, que produzem casas de 5 andares, onde cada andar possui uma função específica.

As aberturas apenas no térreo e no cume e o uso de fogueira no interior da casa permite que o ar quente tenha que passar por todos os andares, mantendo a casa aquecida por inteiro e, no processo, fumegando a palha que cobre a casa, impedindo, dessa forma, que insetos proliferem na cobertura. Verificar Anexo 1 para quadro sínteses das habitações vernáculas encontradas nessa região.

Europa Também conhecido como o “Velho Continente” possui uma predominância do clima temperado e um reconhecido uso das pedras em suas habitações, transmitido até nós através da história proveniente dos tempos medievais. Ainda assim, a Europa possui algumas particularidades, como é o caso das casas que possuem o telhado feito com algas na Dinamarca.

Devido à escassez de materiais disponíveis na ilha e a grande disponibilidade de algas marinhas, a população local começou a usar as algas na cobertura de suas casas. Por causa da salinidade das algas do local, insetos não proliferam no telhado, que no primeiro ano de sua construção ainda é uma massa mole que começa a se tornar rígida a partir do segundo ano e desde então nunca mais para de endurecer. Assim como a palha, as algas não são impermeáveis, mas, em grande quantidade, são capazes de impedir que a chuva as penetre.

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Ártico Nesse caso, podemos observar uma predominância do uso de materiais com grande inércia térmica ou que retenham calor para a construção de suas habitações. Tanto a terra quanto a madeira, possuem certa dificuldade em absorver e liberar calor, mantendo o seu interior com uma temperatura confortável. Apesar do gelo ser um material associado ao frio, a sua péssima condutibilidade de calor o transforma em um material isolante capaz de manter o calor em seu interior.

América do Sul Apesar da América do Sul contar com um vasto repertório de tipologias habitacionais ao longo do território, principalmente na região andina, esta pesquisa optou por analisar apenas as habitações em território brasileiro, devido à sua dimensão e diversidade de climas. As habitações indígenas contam com uma peculiaridade em relação às demais habitações analisadas neste trabalho: não possuem muitos estudos, nem mesmo uma iconografia acessível.

Boa parte dos dados levantados para cada tipologia são baseados em relatos de viajantes do período colonial brasileiro. E, neste fato, está implícito uma escolha feita por essa pesquisa: a de levantar apenas as habitações indígenas brasileiras com a menor interferência possível do colonizador, o que reduziu ainda mais o material de consulta disponível.

No anexo 2 se encontra um mapa com a localização aproximada de cada tribo, representado por um número que possui correspondente na tabela síntese sobre as tipologias brasileiras.

Segundo o mapa bioclimático apresentado anteriormente, grande parte do país se encontra no clima tropical, com exceção da porção mais ao sul do país, que possui um clima temperado ou sub-tropical. Como tal definição é muito genérica, optou-se por utilizar os biomas brasileiros para a classificação climática e das tipologias existentes no Brasil.

Devido à necessidade de estudos mais aprofundados sobre habitações vernáculas brasileiras, tem-se, a seguir, um estudo um pouco mais aprofundado sobre os índios do sul Brasil, baseado nas mais recentes descobertas arqueológicas.

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OS ÍNDIOS KAINGANG DO SUL DO BRASIL No Brasil a separação entre as tribos indígenas é feita através de classificação linguística.

Os índios conhecidos como “Kaingangs” falam a língua “Kaingang” e se encontram dentro do tronco linguístico “Macro-Jê”, pertencendo à família “Jê”. A língua Kaingang se subdivide em outros quatro dialetos, são eles: Kaingang do Paraná, Kaingang Central, Kaingang do Sudoeste e Kaingang do Sudeste.

Os falantes do Kaingang se distribuem ao longo de uma faixa que vai do norte do Rio Grande do Sul, cortando Santa Catarina e Paraná, o Sudoeste do Vale do Paranapanema e chegando, por fim, ao sudeste do Mato Grosso do Sul. Essa população não é necessariamente encontrada nesses pontos atualmente, mas são descritas pela literatura especializada ao longo desse caminho.

Por se distribuir em diferentes latitudes, esse grupo indígena tem contato com climas variados, que demandam diferentes técnicas construtivas. Para determinar a faixa de conforto térmico das construções para cada localização, utilizou-se como suporte o software Climate Consultant da UCLA (University of California - Los Angeles). Para isso, recorreu-se aos dados colhidos em estações meteorológicas espalhadas por todo o Brasil e que geram arquivos EPW compatíveis com o software, permitindo assim que se possa fazer uma análise adequada da região. A partir dos resultados do software pode-se perceber que essas regiões possuem temperaturas dentro da zona de conforto por um período de 17 a 23% do tempo ao longo do ano.

Com o objetivo de justificar a pesquisa e análise do ponto de vista do conforto ambiental confrontou-se os dados colhidos das habitações Kaingang com o que a Norma de Desempenho Térmico de edificações, parte 3: Zoneamento Bioclimático Brasileiro (NBR15220-3) solicita para as diferentes zonas bioclimáticas. A faixa correspondente aos índios Kaingang que se encontram nas zonas bioclimáticas 1, 2, 3 e 5 e pode ser sintetizada da seguinte maneira: Tabela 2 – Quadro de aplicação da NBR 15.220-3 nas habitações Kaingang Confrontação com a norma NBR 15.220-3

Aberturas - sombreamento das aberturas

Subterrânea

Palhoça

Temporária

Atende

Atende

Não se aplica

(Continua) 28

(Continuação) Médias - Permitir sol durante o inverno

Não atende

Não atende

Não se aplica

Parede - Leve (1 e 2); Leve Refletora (3 e 5)

Atende

Atende

Não se aplica

Cobertura - Leve Isolada

Atende

Atende

Atende

Fonte: Autora

As habitações podem ser temporárias ou permanentes, dependendo do critério adotado.

Para esse estudo, adotou-se que uma habitação é permanente se a intenção é viver ali por mais de um mês. De uma maneira geral, a literatura descreve 3 tipos principais de casas Kaingangs, são elas: a palhoça, a subterrânea e a temporária. Abaixo, a Tabela 9 descreve as informações construtivas relativas às três tipologias: Tabela 3 – Informações arquitetônicas acerca das habitações Kaingang O módulo habitacional Subterrânea

Palhoça

Temporária

Localização

PR, SC, RS

SP, PR, SC, RS

SP, PR, SC, RS

Descrição

Arqueologia

Relatos

Relatos

Tamanho

2 - 18m

~20m²

variável

Materiais

Profundidade Abrigo

Sítio

Planta

Madeira, Palha, Folhas 1 - 5m

-

-

Permanente

Permanente

Temporário para caça

estrutura semisubterrânea ou subterrânea

A céu aberto

Circular

Retangular

(Continua) 29

(Continuação) Implantação

Água

Estrutura Cobertura

e

Próximo aos topos de morros

Não há fontes que indiquem com precisão a implantação desse tipo de habitação. Há um conto tradicional que explica que, devido ao medo de inundações, constroem sempre longe dos grandes cursos de rios. Logo, supõe-se que esse tipo de habitação se localizava próxima das habitações subterrâneas

Contra o vento dominante

Afastado dos cursos principais, mas próximo à uma fonte.

Afastado dos cursos principais, mas próximo à uma fonte.

-

Telhados apoiado sobre 3 esteios (Casas Grandes). Telhado apoiado sobre um Armações de madeira cobertas com palha esteio Central (Casas ou folhas fincadas no chão e se Médias). As casas entrecruzando na cumeeira, de modo que pequenas podem não telhado e parede possuem uma ter o esteio central e contiuidade formarem uma cúpula. Possuem armação em madeira

Armação de madeira coberta com palha ou folhas apoiadas em uma escora

Nota: todos os módulos habitacionais possuem ocupação sazonal, segundo a arqueologia, sendo preferida a habitação subterrânea no inverno, a palhoça para as outras estações e o módulo temporário para a época de caça Fonte: Autora

Os índios Kaingang se distinguem dos outros Jês quanto ao posicionamento das edificações em relação à água. De maneira geral, os Jês preferem se assentar próximos a grandes rios inundáveis, enquanto que os Kaingang preferem estar em pontos mais altos, livres de alagamento, mas com uma fonte de água próxima. Isso se dá devido à uma lenda Kaingang que diz que, em tempos remotos, houve um grande dilúvio que dizimou toda a população da tribo, restando apenas um homem – Kanhru/ Kairucrê - com poderes. Esse homem criou seu irmão Kamé, também com poderes, e juntos reconstruíram a tribo originando os dois clãs Kaingang existentes até hoje, os quais levam os nomes dos irmãos.

Muitos aspectos da cultura Kaingang foram perdidos no contato com o imigrante europeu, porém, alguns aspectos permaneceram, que são eles:

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• A organização espacial e os sítios escolhidos para construção dos assentamentos e moradias, geralmente localizados em platôs que formam os interflúvios dos grandes rios do planalto meridional; • Aldeias construídas próximas a pequenos arroios e cursos menores dos rios locais (chamados de lajeados); • Mobilidade espacial dentro de territórios bem delimitados; • Agricultura de subsistência, com o pinhão como principal alimento.

Mesmo com as mudanças nos padrões construtivos e arquitetônicos, essas duas características se mantêm nesse grupo. Atualmente, os estudos mais consistentes sobre o modo de viver Kaingang são desenvolvidos pela arqueologia:

Acreditamos que entre a tradição Taquara e o índios Kaingang apenas temos uma diferença na nomeação por parte de arqueólogos e etnógrafos, pois estamos tratando com o mesmo grupo humano que teve sua difusão pelo Planalto Meridional, adaptando-se a ele e criando todo um sistema cultural que lhe serviu ao longo de sua expansão e fixação nas áreas pertencentes à região sul do atual Estado Nacional.

Temos também que considerar que pelo fato de começar a entrar em contato, ainda que de forma esporádica com o homem branco, que estaria iniciando a ocupação do território indígena, algumas expressões da sua cultura começam a mudar.

No decorrer da pesquisa, percebemos que os traços culturais dessas populações ainda se mantêm, mas sob outras formas. Se os Kaingang não mais constroem estruturas subterrâneas é porque aprenderam a fazer suas habitações de outras maneiras e com outros formatos, utilizando igualmente outras ferramentas. Os motivos para que isso tenha acontecido podem estar ligados a vários fatores como: a diminuição do território devido à penetração nas áreas nativas pelo homem branco, com a implantação de novos núcleos populacionais e exploração do antigo território indígena através da derrubada da mata, para a abertura de estradas, o plantio em larga escala e o pastoreio, fazendo com que aos poucos os remanescentes nativos sejam levados a outras áreas e lá adotem os costumes do homem branco, entre eles a construção de casas de madeira com formato retangular,

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o uso de roupa e muitos outros aspectos verificados nos estudos etnográficos já produzidos e que alteraram os elementos de cultura.

(ZUCH-DIAS, p.186-7)

Tipologia 1 – Subterrânea Figura 1 - Habitação subterrânea Kaingang

Fonte: Sandoval (2016)

São encontradas em terras altas, geralmente frias, de chuvas abundantes e associadas com a mata Araucária angustifólia.

Sistematicamente descrita pela arqueologia na chamada tradição Taquara que é a denominação arqueológica dos mais de 3.500 sítios arqueológicos (entre os quais se encontra casas semi e subterrâneas, montículos e grutas funerárias). Os dados coletados pela arqueologia apontam uma sociedade horticultora e ceramista de matriz Jê que emigrou do Planalto Central para o sul do Brasil. O uso de casas subterrâneas se trata de uma adaptação ambiental visando a proteção ao frio e aos fortes ventos da região. Os últimos registros de ocupação desse tipo de habitação datam do século XIX período marcado pelo contato desses indígenas com o europeu.

Os sítios arqueológicos identificados à tradição Taquara são de cinco tipos principais e possuem associação direta com os assentamentos humanos. Constituem-se de: casas subterrâneas, predominante nas regiões mais altas do planalto; casas semisubterrâneas, variação do primeiro tipo, porém de ocorrência nas encostas (ambas possuíam cobertura de palhas com esteio central); sítios superficiais lito-cerâmicos, indicando possíveis aldeamentos; montículos funerários (...) e, por fim, grutas funerárias, nas quais eram lançados os corpos dos mortos comuns. (SANDOVAL, p.49-50) 32

Podemos caracterizar a ocupação do planalto como uma adaptação a um ambiente rico em pinhão, por grupos baseados na organização tribal, especializados na coleta e utilização do pinhão e muito possivelmente, complementada com uma horticultura realizada principalmente na várzea dos rios. Possuíam casas subterrâneas.

Produziam uma cerâmica de pequenas dimensões e alguns artefatos líticos indispensáveis para o tratamento da madeira. Sepultavam seus mortos em abrigos e os indivíduos mais destacados em montículos.

(BEBER, p.28)

A datação provável das habitações subterrâneas indica que tenham predominado na região entre os séculos IV e XVII, a partir de quando novos registros de habitações passam a ser referidos por cronistas e etnógrafos, desta vez, grandes casas de palha, à semelhança daquelas dos seus parentes centrais e setentrionais. A reocupação das casas subterrâneas era frequente e datações de objetos encontrados no seu interior sugerem que foram utilizadas por diversos períodos diferentes, com intervalos que chegavam a mais de 100 anos. (ZUCH-DIAS, p.186) Noventa e nove por cento dos sítios com casas subterrâneas estão situados a partir dos 400m de altitude, concentrando-se em sua esmagadora maioria (89,4%) entre os 700 e 1200m (BEBER, p.198). Quanto às dimensões, variam de 2 a 20m de diâmetro, com predominância de casas no intervalo de 5 a 10m. A profundidade das casas varia entorno de 1 a 2m. E o teto é possivelmente formado por um esteio central e coberto por palhas, porém, são apenas hipóteses ainda. A maior parte das casas é circular, casas elipsoides ou alongadas frequentemente são descritas como galerias de acesso.

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Tipologia 2 – Palhoça Figura 8 - Palhoça Kaingang

Fonte: Amparo (2016)

A palhoça é um tipo de habitação permanente acima do solo usada principalmente durante o verão que, após o século XIX, passa a ser predominante. As descrições encontradas sobre ela são as seguintes:

Á medida que o ambiente se modifica em função da menor altitude, configurando uma nova composição florística, especialmente na encosta do planalto, onde a temperatura torna-se mais amena e o frio deixa de ser tão intenso, os grupos portadores da tradição Taquara adotam um tipo de assentamento sem os típicos pisos rebaixados, mas formando aldeias de grandes dimensões, nos quais são feitas cabanas, que foram identificadas pelos acúmulos dos fragmentos de cerâmica, além de suas fogueiras e artefatos líticos. (BEBER, p.251)

Passam a ser mais registradas pela literatura a partir do século XIX, quando a habitação subterrânea é deixada de lado. Apresentam planta baixa retangular, com telhado de duas águas, totalmente edificada em palha. Uma das primeiras descrições de uma grande casa Kaingang é feita em São Jerônimo, pelo alemão Franz Keller em seu relatório para o governo imperial em 1867.

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Os ranchos deles, cobertos de folhas de palmeira, apresentam na secção uma forma ogival mais pontuda, isto é, são mais altos em proporção da largura do que os dos Cayoás. O chão batido tem um declive suave dos dois lados para o centro, em conformidade com a inclinação necessária para as camas, representadas por imensos pedaços de casca grossa de um pau, e tão lisas que parecem tapetes de caoutchouc ou gutta-percha. A rede do Guarani e do Cayoá é-lhes desconhecida. No meio das duas fileiras de camas fica uma passagem livre, onde cada família faz o fogo para o preparo das comidas.

(KELLER, 1974)

Da mesma época, há a descrição do viajante inglês Thomas Bigg-Wither, sobre os Kaingangs que habitam o alto Ivaí:

Guiados pelo próprio cacique, visitamos todas as palhoças, em número de quatro. Essas palhoças eram retangulares no plano, embora fossem de tamanhos diferentes, todas de largura e altura uniformes, sendo a largura de 15 pés. A maneira de construir era peculiar e de difícil descrição. A armação consistia de vergônteas verdes, com um comprimento de 16 a 18 pés, enfiadas no chão num espaço de 2 pés entre uma e outra, em duas linhas paralelas, com uma distância de 15 pés. Estas vergônteas, nas palhoças prontas, eram curvadas em direção uma da outra, até que as pontas se encontrassem. Nesta posição eram amarradas a um pau que servia de cumieira, colocado em cima, ao comprido. Havia outros paus, servindo de sarrafos, amarrados, horizontalmente sobre as vergônteas curvadas. A coberta era de folhas de palmeira, que vinham desde a cumieira até o solo. As duas extremidades da palhoça eram tapadas com uma armação de varas de bambu, também cobertas de folhas de palmeira. A diferença estava em que, enquanto os lados eram curvos e formavam o telhado e a estrutura principal da palhoça, as extremidades eram de paredes retas, sem serem absolutamente necessárias como sustentáculo do resto da estrutura. Havia em cada lado uma abertura estreita para entrada e saída, coberta de folhas de palmeira, de maneira tal que, ao entrar ou sair uma pessoa, a única coisa a fazer era puxá-las para um lado.

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Essa é a palhoça comum de todos os índios da tribo dos Coroados, quer selvagens ou mansos. Encontramos palhoças exatamente iguais a essas habitadas pelos Coroados selvagens que vivem em Corredeira do Ferro e, então, quando, dois anos mais tarde, visitei mais outras tabas de índios do Rio Tibagi, achei que os ranchos não eram diferentes dos de Colônia Teresa.

A disposição interna era muito simples. Dos dois lados havia carreiras de folhas secas de palmeiras. Estas eram as camas dos índios, que dormem dez ou doze juntos em um rancho, com a cabeça voltada para o lado e os pés virados para o meio da palhoça. No centro havia uma passagem de cerca de 2 pés e 6 polegadas de largura e, ao longo da mesma, ardia uma fogueira ou mais. (BIGG-WITHER, [1878] 1974)

Na segunda metade do século XIX, Reinhold Hensel visitou o toldo de Caseros no Rio Grande do Sul e fez a seguinte descrição:

As suas choças são montadas sobremaneira elegante e asseadamente e se distinguem com vantagem das dos brasileiros mais pobres. Como base da construção servem dois troncos fracos, cuja extremidade superior está bifurcada. Conforme o comprimento da choça, eles são enterrados pela extremidade inferior. Sobre as forças é colocada uma barra a qual assim forma a cumieira da choça. Ao longo dessa linha central estão, do lado, duas estacas, uma na frente, outra atrás, fincadas no chão, estando também bifurcadas em cima, porém só atingem a altura de 2 - 3 pés. Sobre elas também estão barras que suportam a borda inferior do telhado. Sobre este andaime então é colocado o vigamento ou taipa, muito semelhante ao de nossas casas.

O telhado é formado de capim seco, comprido e é bem idêntico aos telhados de capim comprido, assim como se encontra em nosso país [nota: na Alemanha] no campo. As paredes laterais baixas da casa e a cumieira bastante alta se compõe de sarrafos semelhantes aos do telhado; em cima também são cobertos daquele capim pelo exterior. A porta se encontra numa das fachadas. (HENSEL, 1928:70-71)

A descrição feita por Hensel é ligeiramente distinta de todas as outras encontradas para o mesmo período.

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No século XX, Gustav von Koenigswald descreve da seguinte forma uma casa comunal no Paraná:

Assim que escolheram o lugar abrem uma clareira grande e aproveitam os troncos finos das árvores e palmeiras para construir seus ranchos compridos que servem para acolher diversas famílias. As paredes geralmente possuem 5 m. de largura e conforme o número de moradores (até 80 pessoas), 10 a 15 m., e até 30 m. e mais de comprimento, em ângulos retos. Os ranchos são construídos com troncos e estacas de madeira que são amarrados entre si firmemente com cipós. Os dois lados pela largura sustentam um telhado baixo formado por vigamento e folhas de palmeira e cuja parte maior não ultrapassa 5 metros. Menos freqüentemente são cobertos de capim e taquaras. O interior das cabanas forma um único compartimento, não existindo paredes internas e repartições. Pelo meio, na direção do comprimento, estende-se um largo corredor, um pouco mais baixo, tendo nos dois extremos uma porta estreita que conduz à saída. As camas das famílias se estendem a pequena distância nos dois lados do corredor no qual sempre, até durante toda a noite, um fogo é conservado. (KOENIGSWALD, 1903)

Tipologia 3 – Temporária Figura 9 - Habitação Temporária Kaingang

. Fonte: Juracilda (2003)

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É um tipo de habitação temporária que, com o passar dos tempos, a literatura aceitou como a habitação padrão dos índios Kaingang, sendo esta uma forma de inferiorizar esse povo durante a pacificação. Apenas na década de 1960/70 a arqueologia demonstrou que existem outras tipologias com outras funções.

Eles fincam no chão, oblíqua e paralelamente entre si, duas ou três varas. Depois eles cortam uma palmeira nos arredores e trazem as folhas dessa palmeira. Eles empregam essas folhas à guisa de cobertura e as preparam da seguinte maneira: seguram as folhas das palmeiras pelo pedúnculo no alto e, dirigindo-se para sua extremidade, vão rasgando as tiras das folhas à direita e à esquerda, com o polegar.

As tiras pendem, assim, livremente retidas pelas fibras do pedúnculo.

Segurando-se a folha horizontalmente, as tiras caem e formam uma dupla cortina espessa.

As folhas assim preparadas são dispostas horizontalmente, do lado exterior, sobre as duas peças fixadas na terra obliquamente, começando por baixo. As folhas são atadas às varas com a ajuda das tiras rasgadas, sem fazer nó, introduzindo as extremidades rasgadas numa fenda qualquer. A folha superior recobre ligeiramente a precedente, como as telhas. Às vezes a cabana é sustentada por uma estaca fincada do lado oposto, ou então se constrói, do outro lado, um outro telhado, de menor dimensão que o primeiro, obtendo assim uma cobertura de dois lados.

Uma série de habitações semelhantes formam uma espécie de corredor, mas cada proprietário tem a sua própria. (MANISER, 1930:766-767)

O inspetor do SPI (Serviço de Proteção aos Índios) em São Paulo também descreve esse tipo de habitação no momento em que está ocorrendo a “pacificação” dos Kaingang:

Os Caingangue constroem suas casas, segundo dois tipos: o primeiro, de uma só água, o segundo de duas. Sobre varas fincadas no chão com uma inclinação de 45 graus, mais ou menos, e apoiadas no terço inferior sobre uma viga horizontal amarram-se outras, também horizontais, com cipó, destinadas a representarem o papel de ripas, e

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nelas se fixam folhas de coqueiro; tem-se assim uma casa de primeiro tipo, a qual fica completamente desabrigada pela frente e pelos flancos.

O outro tipo contrói-se fechando a frente do anterior, por uma outra coberta feita segundo o mesmo processo; uma dessas duas cobertas, porém, excede superiormente a outra, a fim de obviar ao inconveniente da construção não possuir cumieira; os flancos ficam geralmente abertos, mas às vezes coloca-se em um deles uma terceira tapagem.

Sob a influência do que observam no nosso acampamento, já começaram eles a modificar as suas construções, adotando esteios e cumieiras; mas as paredes continuam a ser supridas pelo prolongamento das coberturas até ao solo.

Em viagens ou expedições, para caçadas ou outros fins, os Caingangue nunca pernoitam sem antes construírem alguns abrigos rapidamente feitos, segundo o primeiro tipo. (BARBOSA, 1947)

Análise final As influências do homem branco no modo de viver Kaingang acarretaram em mudanças substanciais no modo de construir desse povo. Até o período em que a interação entre eles se torna mais frequente, há o uso das três tipologias concomitantemente, respeitando a localização, o clima e a população a ser atendida. Verifica-se uma grande mobilidade dentro do território assim como a escolha de sítios específicos, respeitando a cultura desse povo. Com o contato com o homem branco, a tipologia subterrânea é perdida em detrimento das acima do solo as quais, com o tempo, também são modificadas para se adequar ao modelo europeu, a partir de políticas indigenistas implantadas no final do século XIX e início do século XX. Para esta pesquisa apenas interessam as técnicas construtivas originais, sem a influência do imigrante.

Quando confrontadas com a Norma de Desempenho Térmico de edificações, parte 3: Zoneamento Bioclimático Brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, tem-se que modo de construir Kaingang é adequado e responde de maneira satisfatória às diretrizes dadas, visto que: • • •

A ventilação cruzada é dada pelas portas em cada extremidade; O sombreamento das aberturas não é necessário devido a ausência de aberturas para além das portas; As paredes externas e coberturas em palha permitem a ventilação cruzada e por efeito chaminé; 39

•

A inércia térmica é garantida pelas habitações subterrâneas nos períodos de frio.

PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS EM CONSTRUÇÕES TRADICIONAIS

Em cada local, os saberes tradicionais utilizaram-se de materiais disponíveis em abundância no seu entorno. Para o desenvolvimento desta pesquisa, focou-se principalmente nas técnicas construtivas e nos materiais utilizados pelos povos indígenas, visto que a arquitetura luso-brasileira utiliza principalmente pedra e cal (calcário).

Madeira •

apresenta resistência mecânica tanto à esforços de tração corno à compressão, além de resistência atração na flexão;

•

tem resistência mecânica elevada em relação ao seu pequeno peso próprio;

•

tem resistência a choques e cargas dinâmicas, absorvendo impactos que dificilmente seriam absorvidos por outros materiais;

•

tem fácil trabalhabilidade, permitindo ligações simples;

•

possui boas características de absorção acústica e elevada resistividade térmica;

•

tem custo reduzido e é renovável, desde que convenientemente manejada;

•

apresenta diversos padrões de qualidade e estéticos.

Palha • • •

•

pode ser cultivada próximo ao local da construção; absorve dióxido de carbono enquanto cresce, resultando em emissão de carbono zero (desde que parte não seja queimada na colheita); é resistente ao fogo, desde que seja bem compactada (menor quantidade de oxigênio entre as fibras). Para diminuir o risco de incêndios, pode-se mergulhar o bloco de palha em uma mistura de água e terra e esperar secar, ou, até mesmo rebocar. Segundo o site “SustentArqui” (2016), o Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá realizou testes com paredes de fardo de palha revestidas com reboco, e o resultado apontou que elas suportam temperaturas de até 1.010ºC durante duas horas; (**provavelmente foi o gesso presente no reboco que produziu a resistência ao fogo) os fardos podem ser feitos com palha de trigo, centeio ou aveia e devem estar secos e compactados;

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•

melhora a qualidade do ar interno porque é um material permeável ao ar, permitindo que ele se renove continuamente. Importante utilizar uma pintura que permita a respiração, como tinta à base de cal e argamassa de cal;

As desvantagens são: • •

é necessário proteger a edificação do início da obra até o final da sua vida útil da água, logo, a edificação deve estar elevada do solo, para evitar a umidade; há uma considerável perda de área útil devido à espessura das paredes. (**ou a edificação terá maior projeção em planta)

Barro As construções com terra contribuem para o isolamento termoacústico. O barro pode ser utilizado em diferentes técnicas, como se pode ver abaixo: Adobe É uma técnica milenar, assim como o pau-a-pique e a palha, e utilizado no mundo inteiro.

•

• • • •

Composto de terra crua, água, palha e fibras naturais (como esterco de gado). São moldados artesanalmente em blocos e secam ao sol. Para maior eficiência, pode ser prensado em prensas manuais e caseiras; Necessita de uma boa fundação, revestimento e uma cobertura com beirais amplos.

Deve ser protegido da umidade e de contato direto com a água; Paredes robustas, de 25 a 50cm; Não serve para obras de grande porte, como pontes ou ainda fundações e coberturas; A inércia térmica advinda da terra permite maior conforto térmico e acústico no interior da habitação.

Pau-a-pique / Taipa de mão Consiste no entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais (geralmente de bambu), amarradas com o uso de cipó. Dessa forma cria-se uma grelha que, por fim, é preenchida com barro e forma uma parede.

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PROJETOS ANCESTRAIS

ATUAIS,

UTILIZANDO

TECNOLOGIAS

CASA TUCSON – ARIZONA A casa, de 2012, foi construída com o objetivo de ser um retiro de férias. Escolheu-se usar blocos de terra batida na construção para que a casa tivesse uma grande inércia térmica e, dessa forma, fosse difícil absorver calor durante o dia e difícil de liberar o calor durante a noite, mantendo a temperatura interna confortável para os moradores sem fazer uso de sistemas de refrigeração mecânicos.

CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE FICHA TÉCNICA Nome: Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) Autor: José Afonso Portocarrero Ano de inauguração: 2010 Localização: Cuiabá (MT) Prêmios: Breeam Awards 2018 - Melhor edifício sustentável das Américas pelo júri e voto popular pela Building Research Establishment – instituição inglesa responsável pela certificação Breeam.

Certificação: •

Etiqueta Procel (A), de eficiência energética (2013);

•

Breeam in Use (2016).

O projeto – inspirado no desenho das habitações indígenas brasileiras – busca mostrar que a sustentabilidade é fundamental através de um desenho apropriado a cada local e situação.

A cobertura do CSS tem duas cascas separadas por cerca de 40 cm - inspirada nas muitas camadas de palha utilizadas em ocas – que contribuem para a diminuição da temperatura interna da edificação.

A iluminação natural é priorizada, contribuindo para a diminuição no consumo de energia auxiliado ainda pela utilização de brises na fachada que minimizam a entrada de raios solares, responsáveis por aumentar a temperatura interna. Correções na claridade são feitas com a utilização de lâmpadas solares. A edificação é completamente independente de eletricidade.

42

O projeto se adequou ao terreno fazendo poucas modificações e utilizando os resíduos dessas modificações – como pedra e madeira – e conta ainda com o tratamento dos resíduos orgânicos para compostagem e tratamento da vegetação existente no terreno.

PAINÉIS PRÉ-FABRICADOS DE PALHA Em 2013, a União Europeia custeava um projeto chamado Eurocell que tinha como objetivo de desenvolver um sistema eco construtivo pré-fabricado utilizando materiais renováveis. Para atingir o objetivo, o projeto decidiu-se pelo uso da palha, que pode ser cultivada próximo ao local da obra, reduzindo os custos de transporte. As qualidades isolantes da palha contribuem para o conforto térmico e acústico da edificação. Atualmente, é possível encontrar no mercado painéis de palha.

Primeira casa urbana com fardos de palha em Roma, Itália (2013) Ficha técnica: Autores: escritório BAG Offinamobile Localização: bairro de Quadraro, Roma Materiais: Estrutura de madeira e muros de palha com uma mistura de terra local e tijolos triturados.

Partido: Reinterpretação moderna da arquitetura vernacular tradicional romana.

A edificação possui elevada eficiência térmica, permitindo ao ambiente se manter fresco no verão e quente no inverno e evitando completamente a umidade. Foi utilizado materiais de produtores locais, contribuindo para a redução dos custos com transportes.

43

CONCLUSÕES Em todas as regiões do planeta, o ser humano foi capaz de co-existir pacificamente com o meio ambiente. Ao utilizar os materiais que são ofertados em grandes quantidades no local que se encontram, ele foi capaz de construir abrigos que o protege das adversidades especificas de cada local através da construção de um conhecimento predominante oral e ancestral. Essas técnicas evoluíram e se adaptaram através dos séculos, até que, com o advento da revolução industrial, a produção em massa e a globalização das técnicas e dos materiais, esses conhecimentos foram relegados a segundo plano, enquanto viu-se a consolidação um modo de construir cada vez mais destrutivo que, mesmo impregnado de tecnologia, não é capaz de contornar as questões climáticas que cada local possui, nem mesmo oferecer conforto aos usuários finais, além de contribuir para o aumento do efeito estufa e da poluição generalizada nas grandes cidades.

As construções vernáculas não são o único modo de se buscar a sustentabilidade e um maior equilíbrio entre natureza e humanidade e o propósito dessa pesquisa não é oferecê-las como tal, mas sim como uma fonte de inspiração para projetistas que buscam maior eficiência energética em seus projetos.

44

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45

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48

APÊNDICE A

QUADROS SÍNTESE EXEMPLOS DE HABITAÇÕES VERNÁCULAS

49

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de habitação Zafimaniry

5

Figura 2 – Exemplos de habitações desérticas

5

Figura 3 – Exemplo de habitação Gurunsi

5

Figura 4 – Exemplo de habitação Batammaliba

5

Figura 5 – Exemplo de habitação Mayan

7

Figura 6 – Exemplo de habitação Wigwan

7

Figura 7 – Exemplo de habitação Long

7

Figura 8 – Exemplo de habitação Tepees

7

Figura 9 – Exemplo de habitação Grass

7

Figura 10 – Exemplo de habitação Plank

7

Figura 11 – Exemplo de habitação Wattle and Daub

8

Figura 12 – Exemplo de Brush Shelters

8

Figura 13 – Exemplo de habitação Chickees

8

Figura 14 – Exemplo de habitação Mbaru Niang

10

Figura 15 – Exemplo de habitação de Harran

10

Figura 16 – Exemplo de habitação Ma’dan Reed

10

Figura 17 – Exemplo de habitação Ab Anbar

10

Figura 18 – Exemplo de habitação Malay

10

Figura 19 – Exemplo de habitação Gassho

10

Figura 20 – Exemplo de habitação Yurt

11

Figura 21 – Exemplo de habitação Seaweed

13

Figura 22 – Exemplo de habitação Chibotte

13

Figura 23 – Exemplos e localização de tipologias vernáculas no Ártico

15

50

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quadro síntese - Habitações Vernáculas na África Tabela 2 - Quadro síntese- Habitações Vernáculas na América do Norte Tabela 3 - Quadro síntese - Habitações Vernáculas na Ásia Tabela 4 - Quadro síntese - Habitações Vernáculas na Europa Tabela 5 - Quadro síntese - Habitações Vernáculas no Ártico

52 54 57 60 62

51

Tabela 1 – Quadro síntese - Habitações Vernáculas na África Nome / Local

Clima Local / Vegetação

Estratégias utilizadas

Materiais utilizados

Reações ao ambiente

Notas

Zafimaniry / Madagascar

Tropical

Estrutura resistente aos fortes ventos da região

Madeira

Redução da temperatura em seu interior

Construções sem pregos. Conhecidos como povo da floresta.

Habitação desértica / Egito

Tamberma (Batammaliba) house / Togo, Benin

Gurunsi earth houses / Burkina Faso

Tropical/ Mediterrâneo

Tropical

Tropical

Barro - Diferentes formas de se utilizar o barro foram desenvolvidas no Egito. (Tijolos Correntes de ar para minimizar os de barro, blocos de sal e lama efeitos do calor. Ruas sombreadas e Reduz o ganho de calor, maximiza a perda de calor e (Karshif)). E a madeira - árvores e tuneladas para proteger o pedestre do controla a remoção do excesso de calor com ar palmeiras - locais para o telhado. sol. As ruas facilitam a circulação de refrigerado Os juncos e nervuras das palmeiras ar e a filtração da areia são utilizados como materiais secundários na construção do telhado.

Porta voltada para oeste. Tubulações de drenagem de água para evitar que a água da chuva entre em contato com a estrutura. Sem janelas

Aberturas pequenas e próximas ao solo

Barro e palha

Barro

Disseminação do conhecimento é predominante oral.

Reduz o ganho de calor, maximiza a perda de calor.

Conforto lumínico prejudicado.

Aproveita declives. O nome significa "Verdadeiro povo construtor da terra"

Reduz o ganho de calor, maximiza a perda de calor

Ornamentação externa com lama colorida e giz para contar histórias e diferenciar as habitações. Os desenhos são feitos com pedras e gravuras.

Fonte: Autora

52

Figura 1 – Exemplo de uma habitação Zafimaniry

Fonte: Daniel Coulaud Figura 3 - Exemplo de habitação Gurunsi

Fonte: Rita Willaert (2013)

Figura 2 - Exemplos de habitações desérticas

Fonte: Marwa Dabaieh (2011) Figura 4 - Exemplo de habitação Batammaliba

Fonte: Trip Down Memory Lane (2013

53

Tabela 2 - Quadro síntese- Habitações Vernáculas na América do Norte Nome / Local

Materiais utilizados

Reações ao ambiente

Notas

Tropical

Cobertura espessa em palha, frestas entre a madeira. Chão de terra batida.

Uma única porta

Palha e madeira ou pedra

Proteção da incidência direta do sol e ventilação constante. Não é eficiente em proteger a casa de pequenos insetos

Diferentes tipologias

Sem informações

Estrutura em madeira coberta com os tapetes e amarrada

Madeira e tapetes e folhas de birchbark

Protege o interior dos ventos externos

Utilizada por povos que viviam nas florestas. Pode ter formato de cone, cúpula, ou retangular com um telhado arqueado.

Sem informações

Estrutura em madeira coberta com os tapetes e amarrada. Térreo e primeiro pavimento, utiliza de esteiras e telas de madeira para dividir os cômodos.

Madeira e tapetes e folhas de birchbark

Protege o interior dos ventos externos

Similar à um wigwam, porém muito maior, comportando até 60 pessoas

Teppes/Sem localização especifica - EUA

Sem informações

Estrutura em forma de cone coberta com pele de búfalo. Possui cerca de 3m de altura

Madeira e pele de búfalo

Protege o interior dos ventos externos e mantem o interior aquecido.

Utilizada pelos índios nômades que habitavam a planície da américa do Norte.

Grass Houses/ Texas EUA

Temperado/Desértico

Estrutura de madeira em formato de colméia

Madeira e grama de pradaria

Mantém a casa fresca

Casa dos índios americanos das planícies do Sul

Wattle and Daub Houses/ Sudeste dos EUA

Temperado

Técnica do Pau-a-pique

Barro, fibra de cana, madeira, palha e revestida com gesso

Casa com temperatura interna agradável

Chickees/ Flórida - EUA

Tropical

Casas sobre palafita com as aberturas laterais abertas

Madeira, palha

Ventilação constante. As palafitas evitam o contato da água e animais na casa, além de propiciarem ventilação extra.

Em época de chuva protegiam a casa com lonas feitas de couro.

Plank Houses/ Norte da Califórnia até o Canadá - EUA

Desértico / Temperado

baixas, com poucas janelas (ou nenuma) e uma porta

Madeira (cedro)

isola o ambiente externo do interno, mantendo a temperatura interna agradável

Apesar de ser uma forma de construção similar à algumas encontradas na Europa, antecede a chegada dos europeus no continente.

Brush Shelters/ Sem localização especifica - EUA

Sem informações

Apenas para dormir. Com apenas uma porta ou ambas as extremidades abertas, como uma barraca

Madeira e arbustos

Ventilação constante.

Abrigo de acampamento

Mayan House / México, Guatemala Wigwam homes/ Sem localização especifica - EUA Longhouses/Sem localização especifica - EUA

Clima / Vegetação

Estratégias utilizadas

Fonte: Autora

54

Figura 5 - Exemplo de habitação Mayan

Figura 6 - Exemplo de habitação Wigwam Figura 7 - Exemplo de habitação Long

Fonte: Everything Playa del Carmen

Fonte: Native Languages

Figura 8 -Exemplo de habitação Tepees

Fonte: Native Languages Figura 9 - Exemplo de habitação Grass

Fonte: Native Languages

Fonte: Native Languages

Fonte: Native Languages

Fonte: Native Languages

Fonte: Native Languages Fonte: Native Languages Figura 10 - Exemplo de habitação Plank

Fonte: Native Languages Fonte: Native Languages

55

Figura 11 - Exemplo de habitação Wattle and Daub

Figura 12 - Exemplo de Brush Shelters

Figura 13 - Exemplo de habitação Chickees

Fonte: Native Languages

Fonte: Native Languages

Fonte: Native Languages

56

Tabela 3 - Quadro síntese - Habitações Vernáculas na Ásia Nome/Local

Mbaru Niang/ Indonésia

Houses of Harran/ Turquia

Ma'dan Reed Houses/ Iraq

Ab-andar/ Irã e Turcomenistão

Malay Houses/ Malasia e Singapura

Gassho-Zukuri houses/ Japão

Yurt/ Mongólia

Clima / Vegetação

Estratégias utilizadas

Telhado com palha espessa.

Ventilação por efeito chaminé. Uma Tropical - Pluvial única porta baixa e sombreada, janelas a cada 45 cm apenas no térreo.

A casa é elevada do chão

Materiais utilizados

Madeira, bambu, palha e fibra de palmeira

Reações ao ambiente

O telhado oferece bom desempenho térmico e Possui 5 andares. Cada andar possui acústico (período de monções). E a ventilação por uma função especial. O primeiro andar é efeito chaminé contribui por deixar a casa sem para uso da família. O segundo e o insetos (a fumaça da fogueira fumega a palha do terceiro são para guardar comida. O telhado). Ao mesmo tempo em que aquece a casa. quarto é um andar cerimonial e o último Ponto negativo em iluminação natural. é um altar para a divindade local.

Mediterrâneo

Possui pátios internos. Sua fachada oeste é sombreada. Posicionadas no eixo leste oeste. Ventilação por efeito chaminé e cruzada. Janelas pequenas.

Mediterrâneo

Juncos colhidos da água Construção com um único material (Fragmites communis), lama As diferentes formas de se trançar o junco permite em uma ilha feita pelo morador com a compactada (dragada do fundo do a iluminação e ventilação natural. lama dragada do fundo do pântano. rio)

Mediterrâneo

Tropical - Pluvial

Temperado Continental

São cisternas utilizadas para armazenar água e mantê-las em uma temperatura confortável para o consumo. A cisterna se encontra enterrada, com uma cúpula de ar sobre a água. Conta ainda com uma torre de ventilação para troca de ar.

Casa sobre palafitas. Uso de telhados inclinados e grandes beirais.

Telhado com uma inclinação de 60º

Estrutura circular em madeira que tenciona a lona de couro. Porta Tropical - Pluvial sempre voltada para o sul. Abertura no telhado. Não entra em contato com o solo.

Adobe, tijolo e pedra

Mistura de areia e argila. Coberto com uma camada (e=3cm) de argamassa impermeável. As maiores cisternas possuíam ainda uma dupla camada de tijolos coberta com saruj e revestidas em gesso duro

Notas

Resiste ao calor e ao frio. Retira facilmente o ar quente do ambiente.

Construídas rapidamente. A medida em que a família aumenta, novos quartos são adicionados.

Construída em menos de 3 dias.

Conhecidas como Mudhif e Jardins do Éden do Iraq. Destruído por Sadan Hussein, e atualmente em processo de reconstrução.

Câmara de armazenamento ventilada de A inércia térmica da água aliada a ventilação água. Se conecta à outros lugares através constante e a pouca incidência de sol, permite que de tuneis subterrâneos. Pode haver a água seja mantida fresca por longos períodos. espaços de descanso

Madeira, folhas de palmeira.

Pedras na fundação.

A casa sobre palafitas evita que animais entrem na casa, não permite que a casa seja alagada em períodos de fortes chuvas e permite uma ventilação extra.

Povoamento (Kampong) em foz de rio.

Composto de 20 a 30 casas com um edifício público. A casa pode ser desmontada e montada em um local diferente

Palha, madeira (cedro)

A inclinação do telhado permite que a neve escorregue facilmente. A grande quantidade de pessoas na casa contribui para produzir o calor necessário no sótão para permitir o cultivo.

Cultivo de bicho-da-seda no espaço criado pelo telhado. Casa de 3 a 5 andares para abrigar famílias extensas.

Construção rápida. O telhado da casa é uma construção coletiva da aldeia.

Madeira, couro

A abertura na cobertura permite que haja ventilação natural no seu interior. Para aquecimento interno utilizam um fogão em posição central e colocam mais peles no contorno da casa para aumentar o isolamento térmico.

Casa nômade. Pode ser desmontada de modo que um animal leve e remontada em meia hora em qualquer local.

Fonte: Autora

57

Figura 14 - Exemplo de habitação Mbaru Niang

Figura 15 - Exemplo de habitação em Harran

Figura 16 - Exemplo de habitação Ma'dan Reed

Fonte: Jateen Lad (2013)

Fonte: Ozdeniz, (1998)

Fonte: Messy Nessy

Figura 19 - Exemplo de habitação Gassho Figura 17 - Exemplo de Ab Anbar

Fonte: Amin Saeidin (2013)

Figura 18 - Exemplo de habitação Malay

Fonte: Ar Mohd Sahabuddin

Fonte: Jaanus

58

Figura 20 - Exemplo de Yurt

Fonte: National Geographic (2017)

59

Tabela 4 - Quadro síntese - Habitações Vernáculas na Europa Nome / Local

Clima / Vegetação

Seaweed Houses / Dinamarca

Chibotte / França

Estratégias utilizadas

Materiais utilizados

Reações ao ambiente

Notas A alga da ilha é impregnada de sal, o que faz com que ela dure mais (cerca de 400 anos se bem cuidada). As algas não são impermeáveis à água, mas devido a sua espessura, a água encontra dificuldade para infiltrar, e conforme os anos passam, o telhado se solidifica.

Tundra

Telhado espesso

Madeira, troncos, algas

descobrir pelas fotos. Porém, por ser similar à palha, ajuda a manter o calor dentro da casa

Tundra

Técnica conhecida como 'des deux peaux' (duas peles). Internamente há uma abóboda de pedras achatadas e inclinadas em um ângulo de 15º em uma sucessão de anéis de diâmetro decrescente. As pedras dispostas no exterior, possuem uma inclinação que evita que escorreguem.

Pedras

Ambiente com temperatura confortável, porém, pouco iluminado

Fonte: Autora

60

Figura 21 - Exemplo de habitação Seaweed

Fonte: Natural Homes Figura 22 - Exemplo de Chibotte

Fonte: Natural Homes

61

Tabela 5 - Quadro síntese - Habitações Vernáculas no Ártico Nome / Local

Clima / Vegetação

Estratégias utilizadas

Materiais utilizados

Reações ao ambiente

Notas

Goahti / Artico

Polar

Cúpula de terra que força a água correr ao redor, congelando e fortalecendo a estrutura pelo lado de fora

Terra

Proteção aos ventos fortes e boa resposta térmica

Habitações sazonais, permanentes e semipermanentes.

Ne'em kan / Ártico

Polar

Construída em forma de cabana utilizando madeira e coberta com peles

Madeira

Aquecido com fogo dentro

Não responde bem à frio extremo

Qallurvik / Ártico

Polar

Estrutura em madeira coberta com peles e uma proteção lateral de pedras

Madeira, peles e pedras

Melhor resposta térmica quando coberto com peles ou musgo

Iglu / Ártico

Qarmaq / Ártico

Polar

Utiliza do próprio gelo para proteção contra o frio.

Polar

Blocos de gelo formam a base e troncos ou ossos sustentam a cobertura

Blocos de gelo

O gelo é um material isolante, que quando utilizado no formato de eficiente em manter a temperatura confortável blocos, possui a propriedade de isolar em seu interior. termicamente o seu interior e protegelo dos ventos

Blocos de gelo, troncos ou Similar ao iglu, porém mais seco. A osso. Difere do Iglu porque seu possibilidade de abrir a cobertura permite que topo não precisa de blocos, o sol (quando tem) seque seu interior. utilizam peles.

Fonte: Autora

62

Figura 23 - Exemplos e localização de tipologias vernáculas no Ártico

Fonte: Mackin (2016) 63

nº no mapa

Nome / Local

Clima Local / Vegetação

Estratégias utilizadas

Materiais utilizados

Reações ao ambiente

Notas

1

Timbira (Jê) / Maranhão

Cerrado

Inércia térmica a partir do uso da terra

Barro (taipa) e folhas de palmeira

manutenção da temperatura constante dentro da habitação

Habitação do tipo permanente

2

Xavante (Jê) / Mato Grosso

Cerrado/Mata Atlântica

Apenas com uma pequena abertura para a porta

Madeira; folhas de palmeira e de taquara

Aldeia em meia lua. As casas todas possuem a Reduz o ganho de calor, maximiza a perda mesma altura e uma área entre 20 a 30m². Casas com de calor. Conforto luminíco prejudicado. um formato de meia lua

3

Nambikwara/ Mato Grosso e Rondônia

Cerrado

Apenas com uma pequena abertura para a porta

Madeira; folhas de palmeira e de taquara

Reduz o ganho de calor, maximiza a perda de calor. Conforto lumínico prejudicado.

As aldeias são geralmente conhecidas como aldeia dos mortos porque os mortos são enterrados no pátio central. São encontrados 3 tipos de habitações: 1) cônicas; 2) Grandes e compridas; 3) Pequenas e semi-esféricas

Amazônia

Abrigo para as noites, com ventilação constante. Conta ainda com uma massa arbórea externa.

Pínulas de filhas de palmeira, cipós, barrotes, folhas de bananeira

Ventilada e sombreada durante todo o dia.

Casa queimada a cada 2 anos. Aldeia- Casa. Forma poligonal com cada lado correspondendo a uma família. Casa para 50-200 pessoas. Abertura central para entrada de sol. Cada moradia Yanomami é uma seção do Shabono – toda a aldeia dentro de uma única construção.

Cerrado

Depende da tipologia.

As completamente fechadas possuem apenas uma abertura para a porta. As abertas possuem ventilação constante

Folha de babaçu ou anajá na cobertura. Folhas de palmeira nas cumeeiras.

Ventilação constante para a tipologia com aberturas e manutenção da temperatura constante nos casos em que é totalmente fechada, porém com o prejuízo da iluminação natural

Separação entre teto e parede. O fechamento pode ser: completo, menos frontal ou apenas no quarto de reclusão.

Sem informações

Circular, feita com oito ou mais galhos de árvores finos fincados no chão. Verga-se os galhos de modo a convergir para o centro. Os galhos são, por fim, entrelaçados e cobertos com folhas de palmeira. Se bem executado, é completamente impermeável à água.

4

Yanomami / Amazônia e Venezuela

5

Aldeia do ponto Timbira (Jê) / Maranhão

-

Choça Timbira (Jê) /Sem localização fixa. Utilizado como forma de acampamento pelas mulheres timbiras em excursão fora da tribo.

apenas um abrigo da chuva e dos ventos

Madeira e folhas de palmeira

Continua

64

Continuação

7

Kaiapó (Jê) / Mato Grosso do Sul e Sul do Paraná

8

Kamaiurá (Tupi-Guarani) / Mato Grosso

9

Cinta-largas Mondé (Tupi) / Mato Grosso e Rondônia

Sem informações

Cipós, madeiras, fibras e folhas de palmeiras

Sem informações

Aldeia se estrutura em volta de um grande pátio onde fica a casa dos homens.

Sem informações

Sapê, taquara e folhas de palmeira

Sem informações

Aldeias Circulares. As casas possuem teto arredondado até o chão. Casa das flautas (para rituais) se localiza no centro da aldeia.

Amazônia

Amazônia

Sem informações

Folhas de babaçu, palhas de açaí, paxiúba, madeira, barro

Sem informações

Constroem as casas em áreas de fortes ventos

10

Kaingang (Jê) / Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo

Mata Atlântica

Um tipo de habitação para cada necessidade.

No verão utilizam a maloca. No inverno faziam uso da habitação subterrânea

Permanentes: Folhas de coqueiro, sapé, taquaruçu.

Vergônteas. Temporárias: Folhas de palmeira e varas, folhas de coqueiro.

Subterrânea: terra, folhas e varas

As habitações permanentes possuem a iluminação prejudicada, visto que contam com apenas uma abertura, porém mantém a temperatura em seu interior constante. As subterrâneas contam com a inércia térmica da terra auxiliada por uma lareira no centro da casa para manutenção do calor no interior.

Permanentes: Seção Ogival. Temporárias: Com uma água ou duas e com uma inclinação de 45º.

Orientadas contra o vento dominante.

11

Kaingang/ Xokleng (Jê) / Santa Catarina, Rio Grande do Sul

Mata Atlântica

Utilizam a habitação subterrânea predominantemente

Coberturas de folhas sustentadas por madeira

A inércia térmica da terra juntamente com o uso de uma lareira central na casa contribui para a manutenção do calor no seu interior.

Casas circulares escavadas na terra ou em pedras basálticas. Tradição Taquara-Itararé.

Amazônia

Fonte: Autora

65

APÊNDICE B - LOCALIZAÇÃO APROXIMADA DAS TRIBOS ESTUDADAS

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Descrição das fases de regularização

Tribos Estudadas

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Encaminhada para registro

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La. Mirim

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Declarada

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Fontes: Mapa base: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Cadastro de Terras Indígenas 2009; e Fundação Nacional do índio - Funai.

Notas: 1. Informações até dezembro de 2009.

2. Localização estimada das tribos comnúmeros base no site “Povos Indígenas noeBrasil” https://pib.socioambiental.org .

Face à escala empregada, alguns indicativos de Parques Terrasdisponível Indígenasem: não aparecem em função da superposição de áreas.

3. Dados das estações meteorológicas em: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesautomaticas, acesso em 10/08/2017.

0

75

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Regularizada

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PROJEÇÃO POLICÔNICA -50°

-45°

-40°

-35°

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-25°

66