an t es que seja tarde
Boletim bibliográfico da Companhia das Ilhas
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Boletim bibliográfico da Companhia das Ilhas
    ISBN 978-989-9154-36-0
14x22cm
70 páginas
Abril de 2024
Teatro (peça)
Edição # 320
Colecção azulcobalto | teatro # 052
PVP 16 €
Ana Vitorino | Carlos Costa | Mafalda Banquart
Não foi fácil para o nosso departamento gráfico incorporar os desafios levantados pelo encontro entre Ana Vitorino, Carlos Costa e Mafalda Banquart, em torno de uma dramaturgia de simultaneidades e sincronias, fascinada com a crença na metamorfose como única certeza universal possível.
Neste desdobrar de um modelo alternativo de apreensão, experiência, exposição e articulação de conteúdos e temas – como a ecologia, a arte, a política – acabámos por deixar, a quem quiser ler o mais recente número da colecção azulcobalto, quatro portas de entrada num atelier mental em que se cruzam vários e deambulantes fluxos de consciência.
Unraveling é um curto-circuito, em todos os sentidos, não só pelo módico número de caracteres que necessita para se erguer, mas também pelos danos que arrisca provocar nas expectactivas dominantes acerca do que deve ser a escrita para teatro.
    Ana Vitorino (Setúbal, 1973)
Dramaturga, encenadora e actriz, fundadora do Visões Úteis.
    Carlos Costa (Porto, 1969)
Dramaturgo, encenador, actor e escritor, fundador do Visões Úteis.
    Mafalda Banquart (Porto, 1992) Criadora e actriz. Integra o coletivo artístico silentparty
    ISBN 978-989-9154-37-7
14x22cm
64 páginas
Abril de 2024
Teatro (peça)
Edição # 321
Colecção azulcobalto teatro # 053
PVP 16 €
Carlos Costa | Jorge Palinhos
Algo assombra as ruas da cidade. Fantasmas, talvez, mas feitos de pedra. Escondidos em recantos de praças, no meio de ruas e avenidas, há rostos em bronze que nos observam e nos interpelam. São as estátuas que geração após geração vão povoando o espaço público, na ansiedade de registar no tecido frágil do tempo os homens, as mulheres e as ideias que se acredita que poderão fixar eternamente o passado e o futuro do que é ser humano.
Depois de um primeiro encontro, também na Companhia das Ilhas (O Grande Museu da Consciência de Elon Musk, 2023), Carlos Costa e Jorge Palinhos regressam à ilha do Pico com um inusitado conSerto para estátuas – assim mesmo, com S.
Estas Cidades de Bronze começaram por ser um espetáculo que aterrou, na Primavera de 2023, numa praça do centro do Porto, pretendendo fomentar o pensamento crítico sobre as estátuas, nos seus aspectos culturais, históricos, simbólicos e estéticos, mas também sobre a relação afectiva e cognitiva que os espectadores estabeleciam com elas, entre a familiaridade, a indiferença e o desconhecimento.
Agora, ao integrar a colecção azulcobalto, a dramaturgia desdobra-se numa espécie de relatório acerca de um evento que correu mal, o que não nos espanta de todo, porque quando já preparávamos esta edição, o Presidente da Câmara Municipal do Porto ameaçou retirar uma estátua do espaço público por a considerar ofensiva da sensibilidade do seu círculo mais próximo.
Enfim, é difícil lidar com estátuas, é que estão cheias de ideias.
    Henrique Manuel Bento Fialho
Os 14 contos de Domesticadora de Girassóis, mais extensos do que é habitual neste autor, exploram universos fantasmagóricos com personagens que tentam equilibrar-se entre o real e o imaginário. O que há de anómalo e de paradoxal nas situações recriadas encontra na multiplicidade formal, que vai da ficção narrativa ao poético, da crónica ao drama, do relato autobiográfico à prosa ensaística e ao diário, vias de expressão para seres cuja existência está em permanente conflito com um mundo onde a separação entre caos e ordem perdeu qualquer sentido.
ISBN 978-989-9154-32-2 13x18cm
236 páginas
Maio de 2024
Ficção
Edição # 322
Colecção azulcobalto # 132
PVP 18 €
[ Visões Úteis
    Carlos Costa (Porto, 1969).
    1977) . Escritor e investigador
    “
Gosto de vir a esta parte da casa onde minha mãe amassava com as mãos. Nas traseiras vive esquecida uma mulher antiga. Observo-a curvada, apoiando-se num cajado, chapéu de palha na cabeça embrulhada em lenço negro. Veste uma saia longa de tecido pobre, blusa de flanela adornada por bordados floridos que lhe caem sobre os ombros. Chamo-lhe domesticadora de girassóis por ser deveras cuidadosa com as suas plantas. Ouço-a a falar com os insectos pousados nas corolas e é como se falasse comigo. Ela não me vê, não pode ver-me. Se me visse, por certo assustar-se-ia.
henrique manuel bento fialho (1974) é licenciado em Filosofia.
Desde 1997, publicou vários livros de poesia, ficção narrativa, ensaio e teatro. Tem obra dispersa por várias antologias, revistas e publicações colectivas vindas a lume em Portugal, Espanha, França, Itália, Brasil e Marrocos. Na Companhia das Ilhas, publicou o volume de
narrativas breves Call Center (1.ª ed. 2014; 2.ª ed., revista e acrescentada, 2019) e a peça de teatro Na Cama com Ofélia (2022), encenada por Fernando Mora Ramos. Está representado nas antologias O Desejado – Robot Bimby (2015), coordenada por Jorge Aguiar Oliveira, e Poesia, Um Dia (2012-2022) (2023), coordenada por Jaime Rocha. Em 2024, publicou, além de
Domesticadora de Girassóis, o livro de poesia De Má Condição, com pinturas de Maria João Lopes Fernandes, e, com Joseph Danan e Fernando Mora Ramos, Texto, performance e outros ensaios (Húmus, 2024). Programa, desde 2018, o ciclo de encontros diga 33 – poesia no teatro para o Teatro da Rainha.
    ISBN 978-989-9154-38-4
13x18cm
94 páginas
Junho de 2024
Teatro
Edição # 324
Colecção azulcobalto # 133
PVP 17 €
António VieiraPareceu-me que o modo mais eficaz de contar a história do imperador Juliano (a quem os pagãos chamavam Juliano o filósofo e os cristãos Juliano o apóstata) seria sob a forma dramática, e os três actos de O Oráculo inspiram-se fielmente nos acontecimentos históricos narrados. Assim, contra a sentença oracular de Apolo, Juliano decide-se a partir em campanha contra os Persas, procurando repetir os feitos de Alexandre Magno e igualar a sua glória. Mas é morto em combate logo numa primeira batalha, encerrando-se com ele a Antiguidade e calando-se definitivamente o oráculo de Delfos.
[ António VieiraA“História é um xadrez jogado entre homens e deuses. A cada lance, coisas há que não podem mais acontecer, e outras que se tornam inevitáveis.
Levarei à Sibila a pergunta precisa que o Imperador te confiou e tanto pesa sobre a sorte do mundo.
A Pitonisa está oculta. Amanhã, depois, ou quando for dia fasto, confrontará a fórmula com os Fados, escutando a voz do deus, à qual permanecemos surdos.
Até lá, sereis hóspedes do santuário e podereis percorrer a encosta, visitar as oferendas que os séculos acumularam.
Vereis o ômphalos, centro e umbigo do mundo, por onde passa o eixo central que desce do alto espaço e mergulha na terra até ao reino de Hades. Grande prodígio!
    António Vieira nasceu em Lisboa, em 1941.
Trabalhou entre a antropologia biológica, a antropologia fenomenológica e a literatura, raízes que fundamentam a sua mais recente escrita ensaística. Formulou um modelo evolucionista da origem da linguagem. Publicou romances (Doutor Fausto 2014), contos metafísicos (Dissonâncias, 1999, Olhares de Orfeu, 2013, A Undécima Praga e outros Contos, 2022) e ensaios
Ensaio sobre o Termo da História, 1994,
    ISBN 978-989-9154-40-7 14x22cm
190 páginas
Maio de 2024
Ficção
Edição # 323
Obras de Virgílio Martinho #004
PVP 18 €
Virgílio Martinho
Em O Concerto das Buzinas (1976) Virgílio Martinho relata a sua experiência de 1949-1950 na prisão do Aljube, em Lisboa. «Virgílio Martinho, autor na periferia e no prolongamento do breve e tardio Surrealismo português, aborda neste romance o tema do universo concentracionário durante a ditadura salazarista. E fá-lo utilizando uma linguagem que nada tem a ver com o que da lição surrealista permanece vital ao nível dum sumptuoso (e por vezes rebuscado) culto do onírico. Fá-lo com a consciência desassombrada de quem utiliza a literatura como forma de testemunho nitidamente histórico e pessoal.»
[ Álvaro Manuel Machado, Colóquio-Letras , 1976
Em o «O Menino Novo (1989), reconhece-se [o] carácter claramente ‘realista’ ou o sentido e consciência de que o paraíso perdido da sua infância pôde ser reconstruído pelos fios da memória, pouco complacente e nada interessada em suavizar com outras cores o que foi da sua angústia de menino pobre, nado e criado em tempos bem cinzentos e tristes, na lembrança que sempre perdura de um pai ferroviário e da mãe às voltas com os problemas da casa, enfim, um quadro social e humano igual a tantos outros, mas que Virgílio Martinho soube recriar de forma admirável e pujante [nestas] belíssimas histórias [...].»
Q“Improvisações sobre a Ideia de Deus, 2005, No Foco da Parábola, 2024).
No livro O Perceber do Mundo, o Ser e o Saber (2020), traçou as bases de uma teoria do conhecimento, em diálogo com textos de Merleau-Ponty.
Em 2021, a Companhia das Ilhas publicou Viagem pelo Brasil [1999-2000].
Diário de um Escritor Português (com edição brasileira em 2023), em 2022 o livro de ensaios Elogio da Descrença (Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho 2023) e em 2023 Entrevista.
    O singular percurso literário de Virgílio Martinho ficou marcado pela relação próxima que teve com autores que frequentaram nas décadas de 50 e 60 do século XX as várias tertúlias de cafés lisboetas, com destaque para a do Café Gelo, próxima do “movimento surrealista” (Alexandre O’Neill, António José
ue força é essa, amigo? Onde vais buscar a música venosa, a reserva de alegria, a pulsão amorosa que te faz mover a mão sobre o papel da escrita? — Assumido “filho do povo”, assim mesmo em primário e tudo, é aos “filhos do povo”, à sua projecção mítica — sal e sol da Humanidade — que te diriges. Esse o amor, essa a alavanca. Com seu contraponto fantasmático em jeito de grotesco, medonho carnaval: a choldra de arganazes — abades, onzeneiros, letrados de genuflexório, ratos de gabinete, burguesada rapace, povoléu bronco como manda a lei, tiranos à medida — que é o pano de fundo, a sustentação própria da ignomínia social: o fascismo, a treva nas cabecinhas, a cupidez dos argentários, a mão armada da “ordem”.
Forte, António Maria Lisboa, Cruzeiro Seixas, Herberto Helder, Mário-Henrique Leiria, entre outros).
Em 1958, publicou a novela, de pendor fantástico, Festa Pública na colecção A Antologia em 1958, dirigida por Mário Cesariny. O apodo de “surrealista”, que ainda hoje alguns teimam em lhe colar, teve aí um momento marcante. Seguiram-se os contos de Orlando em Tríptico e Aventuras (1961), na mesma linha, e, noutro registo, Rainhas Cláudias ao Domingo (1972) — títulos que integraram o primeiro volume das Obras de Virgílio Martinho.
Em 1970, Virgílio Martinho deu início a uma vertente que se tornará dominante na sua obra: o teatro. Publica a peça Filopópulus, na revista Grifo, antologia de inéditos organizada pelos autores (António Barahona da Fonseca,
José Forte,
por Joaquim
Pedro
em 1973), seguiram-se dezenas de outros, sempre produzidos no Grupo de Teatro de Campolide, actualmente Companhia de Teatro de Almada. Virgílio Martinho corporizou uma “liberdade livre”. Resistiu, com uma bonomia desconcertante, a modas, escolas, zangas e movimentos (surrealismo, fantástico, neorealismo, realismo poético, etc.). Quem conviveu com ele, lembrar-se-á sempre do seu riso casquinado, cerveja numa mão e cigarro noutra. É isso. Agora, deitamos novas luzes sobre os seus textos. Palcos novos para uma obra que será sempre livre.
Carlos Alberto Machado, editor
    ISBN 978-989-9154-31-5
13x18cm
90 páginas
Junho de 2024
Poesia
Edição # 325
Colecção azulcobalto # 134
PVP 16,50 €
Jorge Aguiar Oliveira
A poesia de Jorge Aguiar Oluiveira é «[...] uma poesia de forte cunho acusatório, sejam os seus temas a loucura, a homossexualidade, a morte, a repressão religiosa ou experiências pessoais que nos transportam para cenários decadentes, tugúrios, casas devolutas, latrinas, panoramas tingidos de abandono».
[ Henrique Manuel Bento Fialho
Jorge Aguiar Oliveira (Tondela, 17 de Janeiro de 1956) reuniu em 2002 a sua poesia publicada entre 1983 e 1999 no volume de 2002 Homens sem Soutien .
Na Companhia das Ilhas publicou Ranço (2014), Pena de morte (2018) e, em 2022, Aterro
“perdemos lá atrás a Semente Pátria e o pouco vagar para desfrutarmos a floração das alfazemas em ira num Maio na serralha por o maldito cheiro a gasolina mirrar o pólen das flores de resto podem seguir todos opacos e pimpões braço dado com a i-artificial por aí qu’ eu fic’ oss’ oco de roer por aqui
esperando a rusga canibal de funda na mão
    Jorge Aguiar Oliveira
Tondela, 17 de Janeiro de 1956
Livros publicados:
HOMENS SEM SOUTIEN [ reúne a maior parte da poesia publicada entre 1983 e 1999] / Ed. Autor, 2002
JOÃO ALVES / Ed. Autor, 2004
INSÓNIA EM SEGUNDA MÃO / Ed. Autor, 2010
RANÇO / Ed. Companhia das Ilhas, 2014
MANICÓMIO / Ed. Debout Sur l’Oeuf, 2014
ALMA SEM CURA / Ed. Autor, 2014
PENA DE MORTE / Ed. Companhia das Ilhas, 2018
PARASITAS MORTAIS / Ed. Debout Sur l’Oeuf, 2019
Kr – CRIPTÓNIO / Ed. Flan de Tal, 2021
ATERRO/ Ed. Companhia das Ilhas, 2022
    Imprensa Nacional — Companhia das Ilhas Direção literária: Luiz Fagundes Duarte
(em publicação)
Edição Imprensa Nacional/Companhia das Ilhas
Direcção Literária de Luiz Fagundes Duarte
Obra Completa
POESIA
I. Poesia (1916-1940)
Edição de Luiz Fagundes Duarte
II. Poesia (1950-1959)
Edição de Luiz Fagundes Duarte
III. Poesia (1963-1976)
IV. Poesia Póstuma
TEATRO E FICÇÃO
I. Amor de Nunca Mais (1920)
Edição de Chloé Pereira
Paço do Milhafre (1924)
O Mistério do Paço do Milhafre (1949)
Edição de Urbano Bettencourt
II. Varanda de Pilatos (1927)
A Casa Fechada (1937)
Edição de Luiz Fagundes Duarte com a colaboração de Francisco Maduro-Dias
III. Mau Tempo no Canal (1944)
ENSAIO
I. Sob os Signos de Agora (1932)
Conhecimento de Poesia (1958)
Edição de Ângela Correia
II. A Mocidade de Herculano (1934)
Isabel de Aragão, Rainha Santa (1936)
III. Relações Francesas do Romantismo Português (1936)
Portugal e Brasil no Processo da História Universal (1952)
O Campo de São Paulo —
A Companhia de Jesus e o Plano Português do Brasil (1528-1563) (1954)
IV. Vida e Obra do Infante
D. Henrique (1959)
Almirantado e Portos de Quatrocentos (1961)
V. Quase Que os Vi Viver (1985)
Vultos e Perfis (2003)
VI. Dispersos
CRÓNICA
I. Ondas Médias (1945)
O Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos (1954)
Edição de Cláudia Cardoso
II. Corsário das Ilhas (1956)
O Retrato do Semeador (1957)
Edição de Leonor Sampaio da Silva
III. Viagens ao Pé da Porta (1967)
Caatinga e Terra Caída (1968)
IV. Jornal do Observador (1971)
Era do Átomo Crise do Homem (1976)
V. Se bem me Lembro… (1969-1975)
VI. Jornal Disperso (1916-1978), (tomos i e ii)
A Companhia das Ilhas foi fundada em Maio de 2011, na ilha do Pico, onde tem a sua sede. Começou a publicar um ano depois.
A Companhia das Ilhas faz livros: deixa ao cuidado de outros a manufactura de sucedâneos.
A Companhia das Ilhas é uma editora livreira independente e de pequena dimensão. Se um dia, por infelicidade, vier a crescer até se tornar “média” ou “grande”, “entrega a pasta”.
Opções maiores da Companhia das Ilhas: língua portuguesa, contemporaneidade, diversidade formal.
A coerência da Companhia das Ilhas é o seu Catálogo.
A Companhia das Ilhas pratica preços justos: uma opção política, não um estratagema comercial (o que implicaria a subalternização de textos e de autores). Esta política agiliza a edição e passa ao lado das máquinas (demasiado) bem oleadas do mainstream.
A Companhia das Ilhas não serve de trampolim para autores que aspirem a “voos maiores”: não batam a esta porta, por favor.
A Companhia das Ilhas não tem editores geniais e iluminados, donos da verdade da coisa literária e poética. Já basta quem.
A Companhia das Ilhas não quer ser a melhor e a mais revolucionária editora portuguesa. Já basta quem.
A Companhia das Ilhas é um território movente que deita âncora aqui e ali: livrarias (reais e virtuais), formas várias de distribuição. Atenta às perversidades do sistema.
E sempre pronta a zarpar para outras geografias.