Memorial da escravatura e do tráfico negreiro de Cacheu | Vânia Luisa da Goia Pinto | UniEvangélica

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TC 90 cadernos de

PATRIMÔNIO

Memorial da Escravatura de Cacheu

A história que ficou para trás


issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2021-1 Expediente

Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, M. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Manoel Balbino Carvalho Neto, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Detalhamento de Maquete Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Tecnologia Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Ana Amelia de Paula Moura, M. arq. Expressão Gráfica Anderson Ferreira da Silva, Dr. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq. Secretária do Curso Simone da Silva Costa Alves (62)3310-6001


Apresentação Este volume faz parte da coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2021/1, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráfico como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a fim de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto final. A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou

as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráfica e Detalhamento de Maquete. Por fim e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados.

Manoel Balbino Carvalho Neto, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq.



O Memorial da Escravatura e tráfico negreiro visa resgatar a memória histórica da escravatura naquela região da Guiné-Bissau e suas relações com os circuitos e os destinos do tráfico negreiro pelo mundo. Particularmente pelo Brasil . Apesar de ser ensinado no Brasil que, os escravos ao chegar no país foram despidos de sua identidade, torturados e explorados. Porem pouco se conta de suas origens e seu passado. Este Memorial da Escravatura e tráfico negreiro vem suprir essa lacuna da história contando como era a vivência dos escravizados antes de chegar ao Brasil.

Tema da minha vida, tentando terminar o tcc

Vânia Luisa da Goia Pinto

Orientador: Manoel Balbino Carvalho Neto, M. arq. contato (valupinto.np@gmail.com)


Onde tudo começou


A escravidão remonta os tempos pré-históricos(Neolítico) e aparentemente foi modelada na domesticação de animais. Desde os primeiros períodos da história registrada, a escravidão foi encontrada nas regiões mais "avançadas" do mundo. A domesticação, tanto dos animais quanto das plantas, começou no Período Neolítico, um período histórico que teve início há mais de 10.000 anos. Nele, as mudanças climáticas propiciaram que as populações humanas passassem a ser sedentárias. Durante esse período, o homem precisava de uma fonte tanto de carne quanto de vegetais que não exigisse deslocamentos contínuos.Alguns exemplos dos primeiros animais que foram domesticados pelos homens durante esse período ou antes foram : cachorro,ovelhas,porco, vaca, cabras e cavalos. Em seu livro “A manilha e o libambo” o historiador Alberto Costa e Silva traz outra hipôtese que sugere que foi a experiência de escravizar pessoas que serviu de aprendizado à domesticação de animais, o que não deve excluir a possibilidade destes processos terem sido simultâneos em determinadas sociedades. As civilizações mais antigas - ao longo dos rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, Nilo no Egito, Vale do Indo da Índia e Vale do Rio Yangtze na China - tiveram escravidão. O sistema de leis mais antigo conhecido, o Código de Hamurabi, reconheceu a escravidão pois nele constavam leis adicionais regulatórias da posse de escravos.

Memorial da Escravatura

Mas a porcentagem de escravos nessas civilizações antigas era pequena, em parte porque os homens cativos de guerra eram tipicamente mortos, enquanto as mulheres eram escravizadas como trabalhadoras de campo ou concubinas. A primeira verdadeira sociedade escrava da história surgiu na Grécia antiga entre os séculos VI e IV aC. Em Atenas, durante o período clássico, os gregos antigos preferiam mulheres e crianças como escravos do trabalho doméstico, a homens rebeldes que eram simplesmente massacrados. Qualquer criança nascida de mulher escrava tinha, portanto, um pai livre - um status que também lhe era conferido. Com o crescimento das cidades gregas e a produção comercial de algodão, a demanda por escravos agrícolas cresceu, levando a um aumento da guerra. No século V aC, Atenas tinha mais escravos do que cidadãos livres. O Império Romano se espalhou por toda a região do Mediterrâneo e o comércio de escravos era um grande negócio. Os escravos eram treinados para todas as funções possíveis, com gladiadores lutando até a morte por entretenimento público no extremo. Os imperadores romanos possuíam milhares de escravos para satisfazer todos os seus caprichos. Eles atuavam como funcionários, secretárias e até agentes fiscais. Milhares deles foram mortos até a mineração de ouro e prata pelo Império. A escravidão das plantações começou em Roma no século II aC.

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LEGENDAS: [f.1] Escultura de Bronze do reino de Benin do sec XVI, Museu de Horniman. Fonte: Produção Autoral.

Jonya Desde os tempos remotos as sociedades tradicionais africanas admitiam o cativeiro, embora os cativos aparecessem em minoria nas respectivas sociedades em que foram incorporados. Tanto na Grécia quanto em Roma ou nas sociedades eslavas, euroasiáticas e orientais, a escravidão era uma forma social legalizada. Contudo, não se quere dizer comisso que a condição social dos indivíduos privados de liberdade fosse igual à dos congêneres europeus do tempo dos gregos e dos romanos ou ainda dos tempos medievais. O próprio termo “escravidão” inexistia na África, mas sim o termo Jon. Como se sabe escravidão, deriva do termo slavus que poderia se referir ao mesmo tempo a escravo e eslavo. O jonya (do termo mande jon, que significa cativo) era difundido principalmente no Sudão ocidental, assim como na região do Níger e do Chade. Um jon (jaam em Wolof, maccuba em Fulfude, bayi em Haussa) era um escravo ligado a uma linhagem. Não era cedível e possuía a maior parte do que produzia. Nas sociedades em que reinava esse sistema, ele pertencia a uma categoria sociopolítica integrada à classe dominante; era então cidadão exclusivo do Estado e pertencia a seu aparelho político. Enquanto sistema e categoria social, o jonya desempenhou um papel considerável e original nos Estados nos impérios de Gana, Takrūr, Mali, Kanem-Borno, Ashanti, Iorubá e de Monomotapa. A elite dos escravos reais (os jon tigi mande, os farba dos jaami buur, de Takrūr, e os sarkin bayi, dos haussas) pertenciam à classe dominante do Estado e da sociedade. Ela exercia certo poder, abarcava fortunas, além de poder, possuir escravos como os jombiri jon mande e escravos cativos de Daomé. Na África, indivíduos podiam ser reduzidos em cativeiro em três situações principais: compra e venda, por dívida, ou por guerra. Não resta dúvida de que, dos três o mais frequente era a guerra. A finalidade da Escravidão de linhagem não era a exploração econômica em larga escala, e também a perda de liberdade pessoal não era completa, pois os cativos

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permaneceram integrados ao grupo social dos vendedores. Como cativos ou dependentes podiam ser utilizados em trabalhos agrícolas ou na exploração de minas. Mas em geral eram incluídos no grupo vitorioso, em posição subalterna. No Congo, o termo utilizado para designar os cativos, nleke, era também o designativo de “criança”, o que sugere de imediato sua posição no seio da organização familiar. Assim, em diversas sociedades tradicionais africanas, os cativos podiam estabelecer relações com indivíduos pertencentes aos grupos livres, e seus descendentes tornavam-se , adquirindo integrais, adquirindo ou herdando bens como qualquer outro. No caso de serventes pessoais de linhagens importantes, ou governantes, podiam tornar-se comerciantes bem-sucedidos ou ministros e funcionários da corte. A explicação da existência da escravidão na África não deve ser buscada em fatores de ordem moral. Assim como cristãos não podiam ser reduzidos ao cativeiro por cristãos ou muçulmanos, os povos africanos subsaarianos não reduziam ao cativeiro seus congêneres, mas sim seus adversários ou “estrangeiros”. Sejam eles magrebinos, egípcios ou mesmo turcos.Nesse sentido, os maiores promotores da escravidão na África foram os governos, que buscavam encontrar nos contingentes de cativos do palácio uma forma de garantir sua autoridade sobre uma parcela de indivíduos não ligados por laços de sangue ou de fidelidade aos clãs e linhagens tradicionais- que sempre representavam uma ameaça à sua autoridade. Nas monarquias africanas os governantes em geral eram eleitos ou indicados por conselhos de anciãos, e a sucessão não era necessariamente hereditária. Um dos recursos encontrados por chefes que pretendiam expandir o seu poder e centralizar a administração, criando estados centralizados, era colocar à sua disposição um amplo corpo de servidores e de soldados compostos por cativos. Quando Ibn Battuta visitou o Mali em 1352-1353, reparou que a guarda pessoal do Mansa era constituída de 300 escravos trazidos do Egito.

Vânia Pinto


LEGENDAS: [f.2] Povo do Imperio de Mande. Fonte: Produção Autoral.

No reino senegalês do Kajoor, no século XVIII, os cativos dos governantes, chamados Ceddo ou Tyeddo, tinham voz no conselho dos anciãos. No entanto, a escravidão assumiu outro significado quando passou a ser integrada nas relações comerciais de longo curso. Nesse caso, mais de que reduzidos ao cativeiro, os indivíduos passavam por um duplo processo de desenraizamento. Primeiro quando eram arrancados do local e da comunidade da qual faziam parte. Ao serem deslocados para terras longínquas, submetidos as outras regras sociais e a outras formas culturais. Então os cativos passaram a sofrer a violação dos seus corpos, de que perderam controle e a violação de seus códigos culturais originais. E no segundo momento, quando eram reinseridos num grupo estranho, em posição de subordinação com a comunidade circundante. Um novo quadro ganhou forma a partir do século VIII, quando os mercadores árabe-muçulmanos e afro muçulmanos passaram a comercializar em larga escala cativos trazidos do interior do continente. Por exemplo nas relações comerciais das cidades suaíli, o tráfico de escravos, desempenhou papel de primeiro plano, antecipando em séculos a grande diáspora

negra que se abriria com as navegações através do Atlântico. Dali provinham homens e mulheres escravizados que seriam utilizados em serviços domésticos, agrícolas e artesanais nas cidades e nas propriedades rurais da Arábia, Síria e Palestina, Pérsia e em muito menor proporção na Índia e na China. Havia escravos núbios nos palácios dos califas muçulmanos, e inclusive em sua guarda pessoal. As mulheres eram empregadas nos afazeres de casa, no pequeno comercio e até na prostituição. Muitas vezes podem se ouvem dizer que “africanos venderam africanos” como escravos. Mas isso é interpretar mal a "África" pré-colonial, onde as pessoas se viam não como "africanas", mas sim como pessoas de Benin, Dahomei, Kongo, Oyo ou Songhai; da mesma forma eles não viam os aqueles vendidos como escravos “africanos”, mas como pessoas com uma experiência particular, com certas conexões de parentesco e um status particular em sua própria sociedade. Compreendendo a história da África Ocidental e da escravidão requer antes de tudo a constatação de que isso envolve o estudo de histórias africanas, e não da história africana.

[f.2]

Memorial da Escravatura

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Antes dos Colonos

Onde tudo começou


Quando se ouve falar da África e a sua história antes do período escravocrata europeu associa-se imediatamente aos povos egípcios. Ainda que estes fizeram parte do seu passado, com sua civilização e suas pirâmides, porém não era único povo com uma grande história e um passado heróico a ser lembrado. Não obstante, é importante falar da história que antecedeu esse período tendo como foco principalmente a África ocidental. Dr. Toby Green, mostra que antes de falar sobre a África é importante compreender o tipo de base de origem que foi usada para construir as narrativas dos reinos da África Ocidental. Um exemplo disso foi a metodologia utilizada para redigir o seu livro “A ascensão do comércio de escravos transatlântico na África Ocidental 1300-1589” com base em três principais fontes. O primeiro consistiu de registros escritos armazenados em arquivos em Portugal, Espanha e a América Latina, o segundo tipo era o da história oral, extraído de suas próprias entrevistas na Guiné-Bissau e Senegal, e de uma coleção de gravações da Divisão de Pesquisa e Documentação da Gâmbia Centro Nacional de Artes e Cultura, e por último, à análise antropológica de estruturas sociais que ajudam a juntar as peças do caminho em que as estruturas sociais da África Ocidental influenciaram a emergência das primeiras comunidades comerciais africanas do Atlântico.

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Green alega ser importante esse tipo de metodologia para que haja uma visão equilibrada do passado Africano. Mas usando apenas uma fonte, é mais provável uma perspectiva distorcida sobre o passado como o filósofo iluminista alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel declarou que a África não era "nenhuma parte do processo histórico", um pensamento racista que peneirou as ideias de famosos pensadores iluministas como, David Hume e Immanuel Kant. Uma outra consequência desses preconceitos foi a tendência das pessoas no Ocidente de falar de maneira muito geral sobre “África”. O filósofo congolês Valentin-Yves Mudimbe nos lembra em seu livro The Invention of Africa que o continente da "África" é em si uma invenção ocidental, que surgiu no século XVIII ao lado das idéias racistas do Iluminismo. Um senegambiano no século XV tinha muito mais em comum com alguém de Portugal do que com alguém do - digamos - Kongo: Islã era praticado na Senegâmbia e em Portugal, e havia uma língua compartilhada por alguns em árabe, onde nada disso foi o caso no Congo. Essa relaidade africana, principalmente áfrica Ocidental, deve ser estudada a partir de relação de poder nos seus diversos Imperios , o que se passa a fazer nos seguintes pontos.

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LEGENDAS: [f.3] As ruínas de Kumbi-Saleh, a antiga capital do Império de Gana. Fonte: Produção Autoral.

Império de Gana Em 200 d.C., o comércio através do Saara já existia há séculos. No entanto, esse comércio permaneceu raro e irregular por causa das condições adversas do deserto. A maioria dos animais de carga - bois, burros e cavalos - não podia viajar muito longe no Saara quente e seco sem descanso ou água. Então, no século III d.C., os nômades berberes começaram a usar camelos. O camelo podia se arrastar continuamente por distâncias muito maiores, cobrindo até 60 milhas por dia. Além disso, ele podia viajar mais de dez dias sem água, o dobro do tempo da maioria dos animais de carga. Com o camelo, os nômades abriram novas rotas pelo deserto e o comércio aumentou. As rotas comerciais cruzavam a savana através da região cultivada pelo povo. O povo Soninke chamava seu governante de Gana, ou chefe da guerra. Comerciantes muçulmanos começaram a usar a palavra para se referir à região de Soninke. Na década de 700 d.C, Gana era um reino e seus governantes enriqueciam com a cobrança de impostos sobre os bens que os comerciantes transportavam em seu território. Os dois itens comerciais mais importantes eram ouro e sal.O ouro veio de uma região florestal ao sul da savana entre os rios Níger e Senegal. Os mineiros extraíam ouro de poços com uma profundidade de

até 30 metros ou peneiravamde riachos que se moviam rapidamente. Algumas fontes estimam que até cerca de 1350, pelo menos dois terços do suprimento mundial de ouro vinham da África Ocidental. Eventualmente, os governantes de Gana se converteram ao Islã. No final do século 11, conselheiros muçulmanos estavam ajudando o rei a governar seu reino. Embora os governantes africanos de Gana aceitaram o Islã, muitas pessoas no império se apegaram ainda as suas crenças e práticas animistas. Pois mantiveram lealdade ao animismo, uma crença de que os espíritos que vivem em animais, plantas e forças naturais desempenham um papel importante na vida diária. Grande parte da população nunca se converteu ao Islã. Entretanto aqueles que o fizeram mantiveram muitas de suas crenças anteriores, que observam junto com o Islã. Entre a classe alta, o crescimento do Islã encorajou a disseminação da alfabetização, com finalidade de estudar o Alcorão, os convertidos ao Islã precisam aprender árabe. Em 1076, os muçulmanos almorávidas do Norte da África concluíram a conquista de Gana. Embora os almorávidas acabaram se retirando de Gana, a guerra interrompeu gravemente o comércio de ouro e sal. Como resultado, Gana nunca mais recuperou seu poder.

[f.3]

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Vânia Pinto


Império de Mali Em 1235, o reino do Mali havia emergido. Seus fundadores eram pessoas de língua mande, que viviam ao sul do Gana. A riqueza do Mali, como a do Gana, foi construída sobre ouro. Como Gana permaneceu fraco, as pessoas que estavam sob seu controle começaram a agir de forma independente. Além disso, os mineiros encontraram novos depósitos de ouro mais a leste. Isso fez com que as rotas comerciais mais importantes mudassem para o leste, o que enriqueceu um novo grupo de pessoas - o povo de Mali. Também permitiu que eles tomassem o poder. Sundiata conquista um império O primeiro grande líder do Mali, Sundiata, chegou ao poder esmagando um líder cruel e impopular. Então, nas palavras de uma tradição oral mande, “o mundo não conheceu outro mestre senão Sundiata”. Sundiata tornou-se a mansa de Mali, ou imperador. Por meio de uma série de vitórias militares, ele conquistou o reino de Gana e as cidades comerciais de Kumbi e Walata. Seguiu-se um período de paz e prosperidade. Sundiata provou ser um líder tão grande na paz quanto fora na guerra. Ele colocou administradores competentes no comando das finanças, defesa e relações exteriores do Mali. De sua nova capital em Niani, ele

promoveu a agricultura e restabeleceu o comércio de ouro-sal. Niani se tornou um importante centro de comércio. As pessoas começaram a chamar o império de Sundiata de Mali, que significa "onde mora o rei". Em 1324, Mansa Musa deixou Mali para o hajj em Meca. Na viagem, ele deu enormes quantidades de ouro. Por causa disso, os europeus aprenderam sobre a riqueza do Mali. Em 1375, um cartógrafo espanhol criou um mapa ilustrado mostrando o reino de Mansa Musa na África Ocidental.

LEGENDAS: [f.4] Mapa da África Ocidental Mansa Musa segurando uma pepita de ouro.Fonte: Produção Autoral.

Porém, entre os reinados de Sundiata e Mansa Musa, o Mali passou por turbulências. Houve sete governantes diferentes em aproximadamente 50 anos. Como Sundiata, Mansa Musa foi um líder militar habilidoso que exerceu controle real sobre o comércio de ouro e sal e reprimiu todas as rebeliões. Seu exército de 100.000 homens manteve a ordem e protegeu Mali de ataques. Sob Mansa Musa, o império se expandiu para cerca de duas vezes o tamanho do império de Gana. Para governar seu império de longo alcance, Mansa Musa dividiu-o em províncias e nomeou governadores, que governaram de forma justa e eficiente. Assim, atraiu juízes, médicos, líderes religiosos e acadêmicos muçulmanos de todo o mundo. Para frequentarem as notáveis mesquitas e universidades de Timbuktu.

OCEANO ATLÂNTICO

[f.4]

Memorial da Escravatura

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LEGENDAS: [f.5] Soldado do Império de Songhai.Fonte: Produção Autoral.

Império de Songhai O declínio do Mali foi, portanto, uma característica importante da vida política na região do Sahel na África Ocidental no século XV. As crescentes conexões da região com o Norte da África através do comércio de ouro deram origem a estados mais poderosos da região, que começaram a disputar posições. Uma fonte de instabilidade, também foi uma fonte de oportunidade para alguns como os Sonnis de Songhai. Mali estava em seu auge, um estado muito complexo e grande, com 36 sultões ou governantes provinciais de acordo com Al-Sa'dī. Tão extensas eram as terras do Mali, disse ele, que o “governante do Mali trouxe Songhai, Timbuktu, Mema e Baghāma e seus territórios sob seu domínio até o mar salgado [Oceano Atlântico] ”. No entanto, esse poder político veio às custas da violência que acompanhava uma força militar expansionista e gerou ressentimento. O comando militar foi dividido entre os comandantes do sul e do norte, que por sua vez tinham oficiais e soldados que foram despachados em ataques. Essa "terceirização" do poder militar "levou à tirania, arrogância e violação dos direitos das pessoas nos últimos dias de seu governo ”. O ressentimento cresceu e, quando os poderes políticos alternativos aumentaram no século 15, junto com o poder de reinos como Songhai, foi muito fácil para os Sonnis afastar os dependentes leais de Mali e, assim, apoiar sua ascensão ao poder na Dobra do rio Níger. Por quase 150 anos, o poder indiscutível no coração da África Ocidental foi constituído pelo império Songhai. No início, isso era caracterizado por uma cultura política que mesclava as tradições africanas de religião e realeza com as do mundo islâmico. À medida que o poder do império Songhai aumentava, a importância dos estudiosos islâmicos e do comércio com o mundo islâmico aumentava. Quando as divisões internas do império Songhai se tornaram muito grandes, ofereceu um caminho para a invasão do Marrocos, e a destruição do império. O comércio era rico e diversificado. Era certo que a escravidão era importante,

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o historiador português Vitorino Magalhães Godinho estimou que no século 15 o tráfico de escravos de Songhai para o Norte da África girava em torno de 800-1000 escravos por ano. Mas o verdadeiro motor do comércio era o ouro, com os impérios do Níger conhecidos como a “terra do ouro” pelos estudiosos árabes. Junto com ouro e escravos, os produtos das terras ao sul do Sudão eram comercializados: tecelões, alfaiates e ferreiros, todos fabricados produtos que viajavam para o norte através dos desertos. A prática da escravidão era certamente uma parte importante do sistema econômico imperial Songhai. ” A ascensão da escravidão foi necessária para aproveitar o potencial agrícola do império, alimentar as tropas e fornecer grãos às crescentes áreas urbanas. Assim, a consolidação do império e de seu aparato administrativo ocorreu com o aumento da falta de liberdade. Porém o crescimento do descontentamento e da discórdia. Isso teria sérias consequências quando a existência de Songhai fosse ameaçada, em parte por meio dessas crescentes conexões transnacionais, no final do século XVI. A segiu se falará da chegada dos colonos no contenentes, encontro com novo mundo, situação da escritura na Guiné e Cabo verbo e construção das fortes na terras Guineense

[f.5]

Vânia Pinto


LEGENDAS: [f.6] Mapa da ocupação dos Impérios na África ocidental. Fonte: Produção Autoral. [f.7] Cronologia dos Impérios da África Ocidental. Fonte: Produção Autoral.

Taghaza

Koumbi Saleh

Timbuctu

Gao

Djene Keno

LEGENDA: Império de Gana Império de Mali Império de Songhai

[f.6]

CRONOLOGIA DOS IMPÉRIOS DA ÁFRICA OCIDENTAL Ascensão do Império de Gana

700

800

Império de Gana prospera no comércio

900

O poder de Gao se estabelece em Songhai [f.7]

Memorial da Escravatura

1000

Ascensão do Império de Mali

1100

Queda do Império de Gana

1200

1300

Ascensão do Império de Songhai

1400

Peregrinação de Mansa Musa a Meca

Sundiata funda o Império de Mali

1500

1600

Invasão Marroquina e queda do Império de Songhai

Queda do Império de Mali 11


A chegada dos Colonos


A evolução da Senegâmbia, entre os séculos XVI e XVIII, foi profundamente marcada pelo impacto do comércio atlântico, dando início ao processo de dependência da África Negra em relação a Europa.

que gradualmente irá dominar toda a região. Paralelamente, também o Reino Mandinga do Kaabu conquistou a sua autonomia em 1537, com Sami Koli a tornar-se o seu primeiro monarca.

O sistema de escambo (que envolvia ouro, marfim, goma, couro e também escravos) sem ocupação territorial deu origem, a partir da segunda metade do século XVI, ao desvio das rotas comerciais do interior para a costa. Durante muitos séculos, de intensas disputas entre diferentes unidades étnico-políticas africanas.

Pouco depois, a batalha de Tondibi, em 1591, marcou o fim do Império Songhai. Sob o comando de Judar Pasha, mas raptado e criado em Marrocos, forças do Sultão Ahmad I al- Mansur remetem o povo Songhai para o pequeno reino de Dendi, deixando esta vasta sub-região dispersa entre pequenas unidades, controladas na sua grande maioria pelo Império do Kaabu.

As diferentes etnias que se foram instalando no território (Balantas, Fulas, Manjacos, Mandingas, Papéis, Bijagós, etc.) mantiveram relações entre elas e com grupos vizinhos, mais ou menos longínquos, através da atividade comercial local, regional ou integrada no comércio de longa distância. Esse comércio, essencialmente para consumo interno, coexistia com redes comerciais inter-regionais, controladas pelas unidades imperiais dominantes. Aquando da chegada dos navegadores portugueses no século XVI, foi com o Império do Mali, então dominante na região, que se estabeleceram as primeiras relações pacíficas: em 1556, Diogo Gomes sobe o rio Gâmbia e alcança o mercado de Cantor, um entreposto do comércio do ouro do Mali. Este era um império à beira do seu fim. Disputas sucessórias e problemas financeiros levaram à ascensão de Gao, uma antiga dependência do Mali, agora unificada como Império Songhai,

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A liderança Mandinga do Kaabu manteve-se até finais do século XIX. Expandindo-se agressivamente para territórios Wolof, Serer e Fula, alimentaram, para seu proveito, a crescente procura de escravos por parte das potências europeias, enviando milhares de súbditos, em particular Fulas, para uma vida de escravatura nas Américas. Com a criação, em 1727, do Imanato do Futa Djalon, a resistência Fula intensifica-se, culminando na Batalha de Kansala, em 1867, de que resulta o fim do Império do Kaabu. Este conturbado percurso, com múltiplas vagas migratórias, originou o mosaico humano que perdura até aos nossos dias, apesar do traçado artificial das fronteiras da atual Guiné-Bissau, estabelecido pela Convenção luso-francesa de 1886, e das “campanhas de pacificação”, já em pleno século XX.

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LEGENDAS: [f.8] Selo e Moeda representando a viagem de Nuno Tristão para o Guiné.Fonte: Produção Autoral.

Um Mundo Novo A chegada dos portugueses à região da Guiné insere-se no processo da expansão iniciada no norte da África, a partir da conquista de Ceuta, em 1415, cuja concretização foi possível graças a um conjunto de fatores de natureza diversa (económicos, políticos, sociais e religiosos), em que se destacam os avanços tecnológicos no domínio das técnicas de construção naval e de navegação. No ano de 1434, Gil Eanes dobra o cabo bojador (Cabo do medo) no atual Saara Ocidental, este foi o primeiro grande obstáculo náutico na descida para o sul. Na história foi registrada oficialmente que o primeiro navegador português a chegar a Guiné-Bissau foi Nuno Tristão, porem, no ano de 1444, Alvares Fernandes foi, na verdade, o primeiro português a desembarcar no território Guineense, mas como ele era apenas um simples comerciante que chegou ao território guineense por acaso, enquanto seguia viagem em busca de mercadoria, não foi colocado na história como o primeiro. Ao contrário de Nuno Tristão que foi enviado por Infante D. Henrique com a missão de descobrir lugares em que Portugal poderia ocupar militarmente. Outra diferença entre os dois, era que a caravela de Nuno, Santa Maria, possuía o brasão (quina) de Portugal.

Os navegadores portugueses dominaram progressivamente rotas comerciais lucrativas, instalando entrepostos comerciais em lugares estratégicos, cada vez mais a sul, gradualmente fortificados, reforçando a presença dominante exclusiva que lhes fora reconhecida pela Santa Sé. A descoberta das ilhas de Cabo Verde, entre 1456 e 1462, e de São Tomé e Príncipe, em 1470, a busca de um caminho marítimo para a Índia e o acesso direto aos mercados asiáticos de especiarias - o que veio a concretizar-se com Vasco da Gama a partir de 1498 -, e a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil em 1500, constituem os avanços fundamentais da expansão portuguesa até ao início do século XVI. E esta gente desta terra verde é toda negra e por isso é chamada terra de negros ou terra da Guiné, por cujo azo os homens e mulheres dela são chamados de Guinéus que quer dizer o mesmo que negros (Gomes Eanes de Zurara, Crónica do descobrimento e conquista da Guiné,1453).

Em 1446 Nuno Tristão e Antão Gonçalves navegam para sul do Cabo branco, permanecendo cerca de dois anos nas águas do noroeste africano, avançando até ao rio do ouro, onde adquirem ouro em pó, e até ao Golfo de arguim, na atual Mauritânia onde se apossam de 28 escravos, vindo a ser a feitoria e castelo Arguim, erguido em 1461, que foi uma base para as expedições à “terra dos negros”, ou seja, a Senegâmbia e seus cursos fluviais. Portugal conseguiu assim levar a cabo viagens de exploração da costa africana que permitiram cartografar as terras do litoral, identificar os povos e os seus sistemas de organização e reconhecer as mercadorias capazes de assegurar a rentabilidade do empreendimento, como ouro, marfim, escravos, gatos de algália, goma-arábica, malagueta ou pimenta-de-rabo.

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[f.8]

Vânia Pinto


Guiné e Cabo Verde Após a descoberta das dez ilhas do arquipélago de Cabo Verde, a Coroa portuguesa procedeu de imediato ao seu povoamento, sobretudo nas ilhas de Santiago (na zona que viria a ser a cidade de Ribeira Grande, hoje conhecida como Cidade Velha) e do Fogo. O rei de Portugal adotou o sistema de Capitães-Donatários, delegando poderes em nobres da sua confiança. Só muito mais tarde, a partir das reformas pombalinas do século XVIII, e num contexto generalizado de centralização do poder, é que a Coroa entrou diretamente na administração das terras. Com recurso a mão-de-obra escrava oriunda da vizinha costa da Guiné, os portugueses iniciaram então a exploração da cultura de cana-de-açúcar, algodão e árvores de fruto (em Santiago), vinha (no Fogo), e, mais tarde, nas ilhas da Boavista e Maio, a criação de gado. Apesar disso, a valorização económica das ilhas foi sempre indissociável do litoral africano da Guiné e do Cabo Verde. Portugueses mestiços nascidos em Cabo Verde substituíram rapidamente os reinóis como lançados na Senegâmbia, graças às imunidades adquiridas relativamente a doenças tropicais, bem como ao domínio do crioulo e das diferentes línguas, imprescindíveis no desenvolvimento de relações comerciais com as populações locais.

LEGENDAS: [f.9]Tecelões Grumetes. Fonte: Produção Autoral.

Os Portugueses tinham como primeiro objetivo ao se instalar em cabo verde traçar uma rota para Índia onde venderiam os seus produtos mas ao perceber o domínio da técnica de tecelagem da etnia manjaca de um pano que chamavam de “pano dobrado manjaco”( em crioulo panu di pinti). Então, deslocaram alguns desses tecelões em troca de ouro marfim e algodão e organizaram uma produção de tecidos altamente decorados , devido à boa qualidade de tecidos e à riqueza dos padrões, o “ panu di pinti “ chegou a exercer funções de moeda no comércio da Costa Africana. O plano ganhou um tal prestígio que a sua utilização era reservada apenas a classe nobre. Este comércio intensivo durou mais de 150 anos. Os manjacos, entre outros tecelões cativos em Cabo Verde, foram aqueles que de maneira sábia preservaram a arte de tecer, os padrões e a simbologia do pano. Assim, os principais produtos utilizados nas trocas efetuadas no litoral africano para a aquisição de escravos incluíam sal, cavalos, produtos agrícolas, tabaco, aguardente e ”panos de pinti”, sendo que estes três últimos se mantiveram no topo das trocas comerciais até finais do século XIX.

Nas últimas décadas do século XV, a expansão deste comércio cabo-verdiano associado aos lançados estabelecidos no interior continental levou a numerosas queixas por parte dos mercadores portugueses a quem a Coroa havia concedido monopólios comerciais na zona. Apesar das proibições régias, este comércio floresceu ao longo dos séculos seguintes, e embora pouco mencionado nas fontes portuguesas, outros relatos da época dão-nos uma possível imagem da dimensão do negócio: O comércio que chamamos costeiro é efetuado sobretudo, em pequenas embarcações, por portugueses que vivem na ilha de Santiago.

Memorial da Escravatura

[f.9]

15


LEGENDAS: [f.10] Ex-escravo, mostrando suas cicatrizes de chicotadas, em Baton Rouge, Louisiana, em 1863. Fonte: Produção Autoral.

Marcas Deixadas A chegada dos europeus provocou profundas mutações na região, ao nível dos equilíbrios políticos e das rotas comerciais, alargando também substancialmente a procura de escravos.

O número total de pessoas traficadas na África no qual se tem registro nesse período foram de 12.501.300 um número que equivale a população atual de São Paulo e do Rio de Janeiro juntas.

Sem prejuízo das incursões militares terrestres para captura de escravos, dirigidas ou organizados por europeus, muitas desses ataques eram executados pelos chefes locais, com vista a corresponder às crescentes solicitações da procura, trazendo esses escravos até às praças europeias no litoral, onde eram embarcados para os diferentes destinos, designadamente o continente americano.

Este é apenas os dados encontrados nos registros não constando muitos que foram levados clandestinamente, antes da oficialização e depois da abolição. Pois depois do decreto de abolição de 1866 Portugal só parou oficialmente em 1869, e o Brasil apenas em 1888.

A comercialização já existia antes de ser oficializada, mas a sua oficialização se deu no ano de 1501 e terminou em 1866. Antes da oficialização Portugal no ano de 1450 conseguiu levar cerca de 250 escravos de Cacheu para o Brasil, esses escravos antes de chegar ao Brasil fizeram inúmeras paragens em outros países, a primeira delas foi em Lagos (cidade em Algarve, Portugal), a segunda foi São Tomé e Príncipe, a terceira foi Cabo-Verde e a quarta e última paragem foi o Brasil concretamente no Maranhão. O número total de pessoas traficadas que partiram de Cacheu em um período de 400 anos pela Coroa portuguesa foi de 1.144.300, um número quase que equivalente à atual população de Guiné-Bissau.

O tráfico transatlântico teve duas fases: Exclusivo iberico Aconteceu no século XVII, onde os traficantes portugueses sabiam falar um pouco de espanhol, essa comercialização de venda de escravos e ponto de captura se dava em três lugares chamada Golfo da Guiné, Senegâmbia e Angola. Internacionalização trafee Começaram a participar outros países como Holanda, Inglaterra, França, Suécia e Dinamarca. Esses não quiseram utilizar a mesma rota que já era utilizada pelos portugueses então criaram duas novas rotas, uma que chamavam de Costa de Ouro que era no Gana, e outra que chamava de Costa dos Escravos onde levavam pessoas do Benin,Togo e Nigéria. Nos registros consta que entre 1650 a 1800 só a Inglaterra traficou 7,7 milhões de escravos.

[f.10]

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Vânia Pinto


LEGENDAS: [f.11] Representação do tráfico transatlântico de escravos (1501-1867), Fonte: Atlas of the Transatlantic Slave Trade, Eltis e Richardson, 2010

América do Norte

Europa Norte dos E.U.A

Chesapeake

Toda a Europa

27.000

Costa do Golfo

Carolinas/ Geórgia

129.000

0

9.00

211.000

22.000 1.020.000

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América do Sul

Bahia

854.000

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Pernambuco

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104.00

73.000

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Escravos Libertados de Navios negreiros

150.000

Antilhas Holandesas

33

390.000

Caribe Espanhol

fim

1.020.000

mingos Jamaica São Do792 .000

Lib

Cuba

África Centro Ocidental

Sudeste Áfricano

1.572.000

Madagáscar

Sudeste Brasileiro 2.2

96.0

00

0

Rio Prata

98.00

543.000

[f.11]

+15.500.000

Africanos foram escravizados no Comércio Transatlântico Nome do Trabalho

17


LEGENDAS: [f.12] Feitoria da Mina de1469, localizada no Gana, no litoral da África Ocidental.Assegurou o poder e o comércio de Portugal no Golfo da Guiné. Fonte: Produção Autoral.

Companhias e Feitorias No espaço português, depois de exigências de comerciantes, a Coroa (então espanhola) acede à constituição da Companhia da Navegação e Comércio da Índia em 1619, com participação de municípios e de privados. Ainda no século XVII, criaram-se, para o comércio e navegação na costa africana, duas companhias, quase especializadas no tráfico de escravos para a América luso-espanhola: Companhias de Cacheu e Rios da Guiné, fundada em 1676, e a de Cabo Verde e Cacheu, em 1680. D. João V, já no século XVIII, criou a Companhia da Ilha do Corisco (atual Guiné Equatorial), com fins esclavagistas. No período pombalino, o comércio de escravos a partir de Cacheu (e de outras praças africanas portuguesas) ganhou um novo fôlego com a criação, em 1755, da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778).

O fim da ditadura em Portugal marcou o fim das últimas companhias. A sangria populacional que provocaram em África, nunca poderia ser reposta. O papel de Cacheu nas rotas internacionais da escravatura variou com o tempo em função das dinâmicas verificadas na sub-região e no tráfico transatlântico. No entanto, manteve a sua importância como ponto de acesso aos recursos económicos da Senegâmbia, incluindo, naturalmente, os escravos. As aberturas de novas rotas comerciais mais a sul, designadamente no Golfo da Guiné e Angola, bem como a crescente entrada de outras potências europeias , ditaram o início de uma lenta decadência de que Cacheu nunca se recuperou.

Perante a proibição da escravatura indígena no já então denominado Estado do Grão-Pará e Maranhão (Brasil), esta companhia visou a importação de escravos africanos para o desenvolvimento agrícola da região. A Companhia Geral obteve o exclusivo do tráfico de escravos e os números falam por si: calcula-se que, até 1755, data de sua criação, apenas haviam ingressado três mil africanos no Estado do Grão-Pará e Maranhão, enquanto que, nos anos de 1755 a 1778, data da sua extinção, esse número saltou para cerca de trinta mil. Destes, 74% provinha das praças de Bissau e Cacheu. O fim do século XVIII vê este género de associação comercial tornar-se desajustado. As companhias foram, assim, sendo substituídas (ou transformadas) no século XIX por companhias de colonização, como as da Zambézia, de Moçâmedes, de Moçambique ou do Niassa, algumas com grande poder de ação e influência política e económica nos territórios coloniais portugueses.

18

[f.12]

Vânia Pinto


A longa Marcha Prisioneiros de guerra destinada a alimentar o comércio negreiro, e os escravizados eram vendidos em feiras ou mercados, em pontos estratégicos junto a braços do rio. Nesses mercados os comerciantes intermediários ou representantesdos negociantes europeus instalados no litoral, que se encarregavam de os comprar e transportar os escravizados até aos portos de embarque, utilizando vias terrestre, marítima ou fluvial, para revender ou entregar-los aos operadores negreiros. Assim, após a difícil marcha até aos portos onde chegavam exaustos e famintos, os africanos escravizados eram sujeitos as operações destinadas a restaurar a sua condição física, não por razões humanitárias mas para servir aos objetivos económicos dos “proprietários”. Por isso a alimentação era melhorada e frequentemente eram esfregados com óleo de palma (dendê) para revigorar a sua aparência física, permitindo assim subir os preços e angariar mais lucros para os seus captores. Os escravos ficavam instalados em cercados ou grandes armazéns rudimentares, dormindo no chão ou sobre esteiras. Nestes depósitos, conhecidos em inglês por barracoons, os homens-mercadoria eram devidamente vigiados e, em alguns casos, trabalhavam no fábrico de cestos e outros artigos de palha, enquanto aguardavam pelo embarque, que poderia ser imediato ou demorar meses.

[f.13]

As marcas na pele eram impressas a fogo, com um sinete em brasa, as marcas do proprietário ou as armas régias selavam definitivamente o destino destes homens. No peito ou no ombro, estas não eram, muitas vezes, as únicas marcas presentes no corpo dos escravizados, que antes de desembarcarem nas Américas iam acumulando marcações que podiam surgir igualmente nos braços, nas pernas e na região lombar: uma marca quando eram vendidos, outra marca colocada pelo intermediário que os transportava até ao litoral, marcas régias para atestar que haviam sido pagos os impostos devidos e, por fim, como em cada navio negreiro seguiam escravos de vários proprietários, eram necessárias marcas que os permitissem distinguir entre si.

LEGENDAS: [f.13] Desenho dos escravos sendo levados para a beira do rio para serem transportados.Fonte: Produção Autoral. [f.14] Desenho da forma como eram feitas as marcações antes do embarque.Fonte: Produção Autoral.

É aliás significativo que a palavra portuguesa “carimbo” tenha origem no kimbundu (língua falada no noroeste de Angola, incluindo a Província de Luanda) “kirimbu” (marca, sinal). Segundo o historiador Arlindo Caldeira, alguns proprietários desvalorizavam a barbaridade do gesto pelo facto de muitos africanos usarem tradicionalmente incisões e escarificações corporais, esquecendo, porém, que essas eram não só intencionais como sinais prestigiantes de identidade de grupo, enquanto as novas eram estigmas de posse, ainda mais humilhantes para quem se orgulhava das inscrições, de valor simbólico, que anteriormente podiam ser lidas na sua pele.

[f.14]

Memorial da Escravatura

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Cronologia da Escravatura

1441 O navegador português Nuno Tristão explora a costa africana. 1444 São desembarcados em Lagos (Portugal) 235 escravos. 1479 Assinatura, entre Portugal e Castela, do Tratado das Alcáçovas-Toledo. 1482 Construção da feitoria fortificada de São Jorge da Mina, no atual Gana

1515 O rei D. Manuel I mandou que se construísse em Lisboa um poço onde fosse deitado e tapado com cal os corpos dos escravos mortos. 1518 É autorizada a exportação direta de escravos para a América espanhola a partir de Cabo Verde e São Tomé.

1645 Os portugueses instalam uma feitoria em Ziguinchor, no reino de Casamansa, subordinada à capitania de Cacheu. 1685 Promulgação, pelo rei de França, Luís XIV, do “Código Negro”, que estabelecia o estatuto civil e penal dos escravos nas colónias francesas, assim como as relações com os seus proprietários.

1493 Início do povoamento efetivo da ilhade São Tomé, com a introdução da cana-de--açúcar e a importação de escravos do continente africano.

1580 Com a crise de sucessão em Portugal e a união da coroa com a Espanha.

1687 O capitão-mor de Cacheu informa ao rei português, a necessidade de construir uma fortificação em Bissau.

1494 Assinado entre Portugal e Espanha o Tratado de Tordesilhas, para dividir as terras “descobertas e por descobrir”

1588 Instalação em Cacheu da primeira feitoria portuguesa na Guiné, destinada a assegurar essencialmente o comércio de escravos.

1696 Início da construção da fortaleza da Amura, em Bissau, mas foi abandonada nos dez anos seguintes pela revolta do povo nativo.

1400

20

1512 O rei D. Manuel I proibiu que fossem desembarcados fora de Lisboa quaisquer escravos trazidos para Portugal.

1500

1600

Vânia Pinto


1807 O Parlamento inglês aprova o Slave Trade Act, que proibia, a partir de 1 de janeiro de 1808, o tráfico negreiro no Império Britânico, mas não a escravatura.

1753 A fortaleza da Amura, em Bissau, é reconstruída. 1755 O Marquês de Pombal institui, em Portugal, a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão e, em 1759, a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba. 1761 Primeiro alvará, da autoria do Marquês de Pombal, visando a abolição da escravatura em Portugal, mantendo-a, contudo, nas colónias. 1781 A tripulação do navio negreiro inglês “Zong” assassinou 133 escravos africanos destinados à Jamaica, atirando-os borda fora à medida que faltava água potável a bordo. 1794 A Convenção Nacional saída da Revolução Francesa atribui a cidadania francesa aos homens de cor e mestiços e aos escravos, abolindo assim a escravatura. Napoleão revoga essa decisão.

1700

Memorial da Escravatura

1810 Tratado de Aliança e Amizade entre Portugal e Inglaterra estabelece a abolição gradual do tráfico negreiro português, que fica desde logo limitado às suas possessões efetivas em África. 1826 Tratado pelo qual a Inglaterra impõe ao governo do Brasil, recém-independente de Portugal, o compromisso de decretar a abolição do tráfico no prazo de três anos.

LEGENDAS: [f.15] Familia pepel. Fonte: Produção Autoral. [f.16]Mulheres da etnia Manjaca. Fonte: Produção Autoral. [f.17]Forma como eram apresionados os escravos para transporte. Fonte: Produção Autoral. [f.18]Desenho da forma como eram feitas as marcações antes do embarque. Fonte: Produção Autoral. [f.19]Ferros com que eram feitas as marcação.Fonte: Produção Autoral. [f.20]Desenho de um escravo liberto. Fonte: Produção Autoral.

1836 O primeiro-ministro português Sá da Bandeira faz aprovar legislação que determinava a extinção da exportação de africanos das colónias portuguesas. 1842 Assinado em Lisboa, entre o Reino Unido e Portugal, o Tratado de Comércio e Navegação e o Tratado para a completa abolição do tráfico da escravatura. 1888 O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura.

1800

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Cat-cheu


A Guiné-Bissau possui um património cultural muito rico e diversificado, com uma infinidade de ritmos, instrumentos musicais, danças e expressões culturais. Está localizada na África Ocidental, entre o Senegal (a norte), Guiné-Conacri (leste e sul) e o Oceano Atlântico (a oeste). É constituída por uma parte continental e uma parte insular, o Arquipélago dos Bijagós, com aproximadamente 90 ilhas, das quais apenas dezessete delas são habitadas. Ocupa uma extensão de aproximadamente 36.125 km². Administrativamente, a Guiné-Bissau está dividida em oito regiões: Bafatá, Biombo, Bolama-Bijagós, Cacheu, Gabú, Oio, Quinara e Tombali e um Sector Autónomo, que é Bissau. Em Guiné-Bissau, existem entre 27 a 40 grupos étnicos. As etnias com maior expressão na Guiné-Bissau, de acordo com o censo de 2009, são os Fula (28,5%), que vivem essencialmente no leste do país Gabú e Bafatá, seguidos da etnia Balanta (22,5%) da população, que se encontra principalmente no Sul (Catió) e no Norte (Oio), a Mandinga com 14,7% no norte do país, a Papel com 9,1% e a Manjaca com 8,3%. Com menos expressão encontramos também a Beafada (3,5%), Mancanha (3,1%), etnias Bijagó (como o seu nome indica, vive no Arquipélago dos Bijagós e

Memorial da Escravatura

representa 2,15% da população total), Felupe com 1,7%, Mansoanca (1,4%) ou Balanta Mané com 1%. As etnias Nalu, Saracole e Susso representam menos de 1% da população guineense e 2,2% assumem que não pertencem a nenhuma etnia. A sua distribuição geográfica tem razões históricas, mas também pelas atividades tradicionalmente praticadas por cada um deles. Como o cultivo de arroz, a produção de caju, o comercio, a agricultura e a pecuária A língua oficial da Guiné-Bissau é o português, embora esta língua seja falada por apenas 13% da população. Os guineenses usam essencialmente o crioulo, uma língua originária do pidjin que foi criado por falantes de diferentes línguas maternas por razões de sobrevivência e necessidade de comunicar entre si com o tempo este se misturou com a língua portuguesa e outras expressões evoluído assim para o crioulo, (Cerca de 60% da população) ou um dos cerca de 20 dialetos existentes na Guiné-Bissau, como Fula, Balanta, Manjaco, Mandinga, Felupe, Papel, Bijagó, Mancanha e o Nalu, entre outros. Cacheu parte desse rico mosaico cultural não fica para trás em com sua bagagem de história.

23


LEGENDAS: [f.21] Mapa de África.Fonte: Produção Autoral. [f.22] Mapa de Guiné-Bissau. Fonte: Produção Autoral. [f.23] Mapa da Região de Cacheu. Fonte: Produção Autoral.

“Nô terra” A Região de Cacheu nasceu de uma divisão administrativa ocorrida no século XX, durante e depois da colonização portuguesa. Com uma superfície de 5.430 km2, Cacheu é limitada ao norte pelo Senegal (departamento de Ziguinchor ou “baixaCasamance”), ao sul pela Região de Biombo, a leste pela Região de Oio e é banhada a oeste pelo Oceano Atlântico. Trata-se da 4a região do país em termos de superfície e da 5a região em termos de população. A capital da região é Cacheu, cidade que foi a primeira capital da Guiné Portuguesa (sujeita à administração de Cabo-Verde), antes de Bolama1 (em 1879) e Bissau em 1941).

OIO

CACHEU 1 BOLAMA

2

Senegal

[f.21]

BAFATA

TOMBALI

SENEGAL

1-BIOMBO 2-BISSAU(Capital)

[f.22]

BIGÉNE OS G N I OM SÃO D CACHEU/ CALEQUISSE RIO BULA

CACHEU

OIO

CANCHUNGO

LEGENDA:

CAIÓ

OCEANO ATLÂNTICO

Capital da região de Cacheu Estrada Alcatroada

BISSAU [f.23]

24

GABÚ

QUINARA

Estrada Alcatroada em mau estado Parque Natural dos Tarrafes (Mangues)

Vânia Pinto


Fonte: Produção Autoral. [f.24]

A principal fonte de renda para os seus habitantes é a pesca artesanal, agricultura e pecuária. Cacheu ocupa o primeiro lugar entre as regiões produtoras de castanha de caju. A região concentra, além disto, mais de 40% das pirogas artesanais do país e continua a ser a maior região produtora de óleo de palma.

LEGENDAS: [f.24] Casas de Cacheu.Fonte: grdr.com [f.25] Exploração das minas.Fonte: grdr.com [f.26] Agricultores de Cacheu. Fonte: grdr.com

Cacheu também seria a segunda maior região produtora de cereais do país, devido à sua produção orizícola. A diversidade de produtos comercializados nas feiras semanais que interligam a região comprova uma não especialização relativa. [f.25]

As produções agrícolas familiares, responsáveis por quase toda a produção agro-halio-silvo-pastoril da região, estão tão ligadas às redes mercantis mundiais (castanha de caju) e sub-regionais (óleo de palma e produtos haliêuticos transformados), quanto às redes locais (pecuária, frutos domésticos e selvagens, produtos haliêuticos frescos, carvão, etc.). RELEVO A Região de Cacheu caracteriza-se por suas baixas altitudes (0 a 75 metros) e um relevo pouco acentuado. Esta configuração permite que as águas do Oceano Atlântico penetrem a cada maré alta nos rios que entrecortam o território: o rio Cacheu, ao norte da região, e o rio Mansoa, ao sul, assim como todos os rios secundários que se conectam a eles. CLIMA O clima da região é geralmente ameno que mantém nos 26º C a temperatura média anual ou seja é tropical, geralmente quente e húmido, com época de chuvas de junho a novembro e época seca de dezembro a maio. TIPOLOGIA A área da proposta é de sua predominância residencial, que possuem apenas 1 pavimento tendo um unico destaque na paisagem de um Hotel à beira do rio Cacheu.

[f.26]

VEGETAÇÃO Vegetação abundante e densa RECURSOS NATURAIS Uma reserva de petróleo offshore foi descoberta na zona marítima partilhada entre o Senegal e a Guiné-Bissau e uma mina de areias pesadas

Memorial da Escravatura

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LEGENDAS: [f.27]População residente nos setores da região de Cacheu. Fonte: Produção Autoral. [f.28]Principais fontes de rendimento monetário.Fonte: Produção Autoral. [f.29]Mapa da região de Cacheu.Fonte: Produção Autoral. [f.30]Mapa da cidade de Cacheu. Fonte: Produção Autoral.

GRÁFICO DE HABITANTES NA REGIÃO DE CACHEU

GRÁFICO DE RENDA

60000

50 50000

40 40000

30 30000

20 20000

10

10000

0

[f.27]

Bigéne

Canchungo

Bula

São Cacheu/ Domingos Calequisse

Caió

0 [f.28]

Outros Transferên- Comércio Apesenta- Pesca doria/Salácia rio de imigrantes

Pecuária Agricultura/Silvicultura

[f.29]

LEGENDA: Igreja Nossa senhora da Natividade Praça de Cacheu Porto de Cacheu Forte de Cacheu Memorial da escravatura e do tráfico negreiro Via Principal Via Secundária

26

[f.30] 0

20

50

100

200 Escala 1:1000

Vânia Pinto


A cidade possui alguns pontos turisticos que agregam um valor histórico à cidade alguns desses lugares importantes de Cacheu são:

Anualmente é celebrado no mês de dezembro uma grande pregrinação nacional até ao santuário.

PRAÇA A avenida principal que leva ao porto, com um separador central e duas faixas termina numa praça onde podemos encontras um padrão das comemorações Henriquinas, datado de 1960.

PARQUE NACIONAL A Guiné-Bissau é o país com a maior superfície de mangais no mundo com relação à sua superfície total7. Dos 350.000 hectares de mangais que o país tinha em 2015, 130.000 (o que corresponde a mais de 35% do total) estariam localizados na Região de Cacheu. A riqueza do meio ambiente levou à criação de um parque natural no norte da região , espaço que abriga sozinho 40.000 hectares de tarrafes (Rhizophora racemosa, Avicennia africana e Laguncularia racemosa).

IGREJA DA NOSSA SENHORA DA NATIVIDADE A Igreja da Nossa Senhora da Natividade, padroeira da Cidade , foi a primeira Igreja portuguesa edificada na África Ocidental, e recorda a chegada dos primeiros frenciscanos missionários a Cacheu, no ano de 1660.

[f.31]

LEGENDAS: [f.31] Monumento Henriquino.Fonte: blogueforanadaevaotres [f.32] Peregrinação na Igreja Nossa Senhora da Natividade. Fonte: Google Imagens [f.33] Parte do parque nacional de Mangues. Fonte: grdr.com

[f.32] [f.26]

[f.33]

Memorial da Escravatura

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LEGENDAS: [f.34] Estátua Nuno [f.1] Casas dede Cacheu Tristão, retirada da praça após a indepên[f.2] Exploração das dencia minas do país. Fonte: Google Imagens [f.35] Antigo estado [f.2] Agricultores de do Memorial Cacheu da Escravatura.Fonte: Google Imagens. [f.36]Forte de Cacheu Fonte: Autoral [f.37]Pepito.Fonte: Google Imagens.

Forte e Memorial A resistência à implantação portuguesa foi uma realidade sempre presente: logo em 1590, os habitantes da região atacaram a fortificação numa batalha que durou 3 dias. Após a vitória, o local passou a ser designado por “Nossa Senhora do Vencimento”. Mesmo sob domínio espanhol (1580-1640), os portugueses, a partir desta vitória, encetaram esforços cada vez mais consistentes para tornar Cacheu um ponto-chave da sua implantação na região. Entre 1614 e 1625 uma série de determinações régias lançaram as bases legais para o estabelecimento definitivo da Capitania de Cacheu. Esta resistência manifestou-se sob diferentes formas, sendo a mais comum a privação de acesso a pontos de abastecimento de água potável, embora ameaças de “liquidação total” não fossem incomuns. Assim, a construção do forte estendeu-se por um período de pelo menos três décadas: em 1669, o comerciante Francisco de Lemos Coelho observava que “a casa forte era forte apenas no nome”, e que consistia num edifíciode adobe, similar a outros existentes no local, com a única diferença de que, na frente virada para o rio, possuía uma plataforma com algumas peças de artilharia.

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O lugar que hoje é um memorial era umaCasa construída em pleno século 17, foi a antiga casa gouveia ( edifício comercial) depois da luta de libertação nacional se tornou o Armazém do Povo onde eram guardados vários produtos alimentares, após o liberalismo econômico 1987 o edifício permaneceu em ruínas até no ano de 2010 onde foi recuperado pela iniciativa de Carlos Augusto Schwarz da Silva (Pipito) em seu projeto chamado Cacheu caminho de escravos na sua ONG-AD/AJOP/AN de italia. Hoje em dia o edifício tem funcionado através de um projeto que se chama Cacheu sua História e Cultura. Esta reconfiguração do memorial incluí uma série de mudanças. Primeiramente a estrutura original do memorial será mantida tendo so uma alteração em seu programa, o anexo por sua vez será demolido apesar de sua estrutura recente foi elaborada de forma que sua arquitetura na agrega em nada ao memorial. A ruina que se encontra ao lado do memorial será restaurada a única parte que sobrou dela a parede lateral e frontal da construção e será construída uma nova estrutura dentro dela.

[f.34]

[f.35]

[f.36]

[f.37]

Vânia Pinto


[f.38]

LEGENDAS: [f.36] Cidade de Cacheu e Calequisse. Fonte: blogueforanadaevaotres [f.37] Cidade de Cacheu. Fonte: blogueforanadaevaotres

[f.39]

[f.40]

Memorial da Escravatura

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Projeto


LEGENDAS: [f.1] Para figuras, que incluem gráficos, fotografias, imagens, mapas, diagramas e etc. [f.2] Para tabelas.

Porque a escolha de um memorial e não um museu não é um museu não só pelo conceito distinto, mas também porque não se tratam de “estabelecimentos administrados no interesse geral” como o Conselho Internacional de Museus propôs em Paris, em 1957, pois atende aos interesses específicos de divulgação, conservação e valorização de uma memória específica de uma determinada instituição. Então não podemos concebê-lo funcionando da mesma forma que um museu. Para entender melhor o que é um memorial devemos procurar de onde surgiu a o seu significado etimológico e também o seu conceito. Segundo o dicionário de Francisco Antônio de Souza, de 1926, registra memorialis - a mesma expressão de Silva Bastos - também como "aquilo que serve a lembrança", mas chama a atenção para o derivado memoráculum, monumento que lembra.

que trabalham com a memória na sociedade como pode ser acervo e espaço e pessoal e público a que se destinam toda e qualquer coleção de objetos históricos. Outra grande diferença entre museu e memorial é que memorial não se restringe a um edifício para existir. A cidade de cacheu é toda ela coberta de História e Memórias. Com efeito, a implantação e requalificação das infraestruturas e serviços propostos, servirá de apoio ao desenvolvimento de estudos históricos, arqueológicos e antropológicos e a inserção de Cacheu nos roteiros internacionais relacionados com a temática da escravatura constituirão uma base sólida de envolvimento e valorização da população local e, ao mesmo tempo, de afirmação nacional e internacional de uma cidade e de uma região empobrecidas e fragilizadas.

Segundo Tereza Scheiner (memoriais) “...mediadores para uma compreensão entre as culturas, os museus contribuem à harmonia social. Eles ajudam as sociedades a perceber o patrimônio como um campo de possíveis, como um verdadeiro sustentador para uma cultura global mais tolerante, mais atenta aos valores de todos os seres humanos”. O conceito de Memorial deriva um entendimento sobre o papel que tem as instituições

Memorial da Escravatura

31


Diretrizes e Situação Atual PRAÇA

MEMORIAL E RUÍNA

Revitalizar a praça , que hoje em dia é pouco frequentada, colocando palmeiras de porte médio (elaeisis guineensis), trazendo a assim sombra e a beleza que antes nela existia.

Construção de um novo anexo integrando a ruina do seu lado.

Colocar um totem que contenha o etinerário do percursso cultural e informações do monumento que existe na praça. [f.41]

Colocar pequenas alimentação para comércio local.

barracas de promover o

f.43 f.45

f.47 f.49 f.46 f.48

f.48 f.50

f.51 f.49

f.41 f.44

f.47 f.45

f.46 f.44

f.42 f.43

f.42 f.40

[f.41]

32

Vânia Pinto


PERCURSSO CULTURAL

FORTE

Colocar uma árborização com árvores frutíferas como o limoeiro (citrus aurantifolia), goiabeira (parkia biglosa), “mandipli” (spondias mombin), de forma que guie o percursso cultural.

LEGENDAS: [f.38]Mapa de referência. Fonte: Produção Autoral. [f.39]Mapa da situação atual. Fonte: Produção Autoral

Colocar um totem informativo com informações sobre o forte e o mapa do percursso. Restauração das estautuas colocadas no Forte.

Colocar uma pavimentação diferente que indique o trajeto do percursso cultural.

f.50 f.52

f.51 f.53

f.52 f.54

f.55 f.53

f.56 f.54

f.57 f.55

LEGENDA: Via principal da Cidade Percursso Cultural(rua bampolco) Ponto de Vista do observador e imagem correspondente

Memorial da Escravatura

33


[f.42]

LEGENDAS: [f.42] Vista do porto para a praça. Fonte: Produção Autoral. [f.43] Vista do Monumento na praça. Fonte: Produção Autoral [f.44] Vista da Praça para o porto. Fonte: Produção Autoral. [f.45]Vista da rua principal da cidade. Fonte: Produção Autoral.

SITUAÇÃO ATUAL- PRAÇA

[f.43]

[f.44]

[f.45]

34


[f.46]

LEGENDAS: [f.46]Vista da ruína e do memorial.Fonte: Produção Autoral. [f.47]Vista da ruína.Fonte: Produção Autoral. [f.48]Vista do Memorial por trás. Fonte: Produção Autoral. [f.49]Vista da rua entre o memorial e a ruína.Fonte: Produção Autoral.

SITUAÇÃO ATUAL- MEMORIAL E RUÍNA

[f.47]

[f.48]

[f.49]

35


LEGENDAS: [f.50]Vista da praça no percursso cultural (rua bampolco). Fonte: Produção Autoral. [f.51]Vista da ruína e o memorial do percursso cultural. Fonte: Produção Autoral. [f.52]Vista do forte, do percursso cultural. Fonte: Produção Autoral. [f.53]Vista do percursso para o rio. Fonte: Produção Autoral.

SITUAÇÃO ATUAL- PERCURSSO CULTURAL(RUA BACAMPOLCO)

[f.50]

[f.51]

[f.52]

[f.53]

36


[f.54]

LEGENDAS: [f.54]Vista da entrada do forte.Fonte: Produção Autoral. [f.55]Vista do forte para o percusso cultural e o memorial. Fonte: Produção Autoral. [f.56]Vista de dentro do forte. Fonte: Produção Autoral. [f.57]Vista do forte para o rio.Fonte: Produção Autoral.

SITUAÇÃO ATUAL- FORTE

[f.55]

[f.56]

[f.57]

37


LEGENDAS: [f.58] Casa Mancanha. Fonte: Produção Autoral. [f.59] Casa Manjaco. Fonte: Produção Autoral. [f.60] Casa Fula.Fonte: Produção Autoral. Fonte: Produção Autoral. [f.61] Casa Bijagó. Fonte: Produção Autoral. [f.62] Casa Balanta. Fonte: Produção Autoral.

Arquitetura Vernacular A Guiné-Bissau possui um mosaico cultural diversificado, em seu território existem cerca de 30 etnias, cada uma com os seus usos, seus costumes e até sua forma de construir. Essa diferença construtiva sucede por vários fatores como a materialidade disponível, suas crenças e hierarquia familiar. Esse conhecimento de como construir habitações foi passado de geração em geração. As que se destacam nessas habilidades são cinco: MANCANHA A habitação dos mancanhas é geralmente perto de um pequeno bosque ou à sombra de uma grande árvore. As habitações de anciões e homens que já constituíram uma família é redonda e os de rapazes mais ou menos de 14 anos é retangular. As habitações redondas são feitas bambu e lama argilosa com a cobertura de palha geralmente feita em forma de sino, esta possui um maior conforto térmico e as retangulares que são feitas de adobe. MANJACO Após o período colonial os manjacos passaram a produzir casas retangulares pelo melhor aproveitamento do espaço. Para a construção das habitações é utilizado o barro amassado com a água e os paus de mangal. FULA O material mais usado para as habitações fulas é o bambu, onde é feita uma estrutura entrançada de bambu que serão as paredes e amarrada a estacas previamente fincadas no solo, essa estrutura é depois coberta com lama de ambos os lados. Caso as paredes da habitação tiver uma altura inferior a 2 metros cobertura pode ser feita separadamente com canas de bambu seca e capim. BIJAGÓ O povo da etnia bijagó vive em um arquipélago com ilhas muito perto uma das outras com plantas herbáceas, subarbustivas, arvores imponentes. As casas, na sua predominância circulares, localizam-se no meio da arborização, e para a construção delas é utilizado barro, cana, corda (folhas de palmeira previamente tratadas), colmo (capim trançado) BALANTA Para as habitações balantas são utilizadas

38

barro, colmo e bambu. As paredes são feitas de barro amassado com palha de arroz, aumentando assim a sua resistência, a cobertura é feita de capim trançado. [f.58]

[f.59]

[f.60]

[f.61]

[f.62]


Decisões projetuais

LEGENDAS: [f.63] Diagrama de desenvolvimento de forma. Fonte: Produção Autoral.

O projeto do Memorial e seu anexo apresentado visa resgatar esses valores outrora á muito tempo perdidos ou apagados pelo tempo, como é o caso da ruina que será integrada no projeto e o anexo que será baseado na arquitetura vernacular local. Isto será feito através do uso da materialidade e da metodologia de construção dessas habitações locais, as chamadas casas de palha. Lembrando que a ideia é fazer uma releitura dessa linguagem. Lembrando que a proposta visa em trazer uma lembrança e não uma cópia de tais valores. CONCEITO E PARTIDO Ao pensar na criação desse complexo teve-se em conta o entorno do terreno que possui uma arquitetura de poucos pavimentos e na grande maioria dela de caráter habitacional, então o complexo pedia uma arquitetura um pouco mais silenciosa de formas puras e simples mas que de certa forma se destigui-se claramente do antigo do novo. Como a volumetria da preexistência possui características da arquitetura colonial, a do anexo foi pensada de forma que lembrasse a forma piramidal das casas de palha

[f.63]

Memorial da Escravatura

39


LEGENDAS: [f.64]Mapa de situação atual.Fonte: Produção Autoral. [f.65]Mapa com o gride.Fonte: Produção Autoral. [f.66]Mapa da concepçaõ da forma.Fonte: Produção Autoral. [f.67]Mapa com a forma do edifício.Fonte: Produção Autoral.

1

Situação atual e área que será demolida que a do anexo e uma pequena habitação

[f.64]

2

Para a concepção da forma foi utilizada as proporções do edificio do memorial ja existente. Com essas medidadas foi criado uma espécie de gride em todo o terreno.

[f.65]

3

Depois da criação do gride começou-se a preencher os quadrados de acordo com a necessidade do programa e tambem de forma que houvesse uma combinação de cheios e vazios. Mas com a idéia que que esse novo edifício abraça-se o antigo. Tudo considerando a rua no meio do terreno de forma que ela se integre e conecte o projeto a cidade.

[f.66]

4

O resultado final foi uma harmônica combinação de cheios e vazios em que os cheios são a parte construida e os vazios são patios/jardins. E para conectar o edificio pré-existente com o novo foi feita passagens aéreas de um edfício para o outro.

LEGENDA: Área demolida Memorial-preexistência (área preservada) Ruína Novo anexo do Memorial

40

[f.67]

Vânia Pinto


Programa

LEGENDAS: [f.68]Programa. Fonte: Produção Autoral. [f.69]Diagrama de Programa. Fonte: Produção Autoral.

O programa do Memorial e seu anexo foi pensado de forma que atendesse todas as nesacidades do local e trazendo uma in teração entre a cidade e o memorial. Como é no caso da lanchonete e o auditório que são abertos ao público.

RH

Contabilidade 3 Residências

Copa

Coordenação

Loja

Banheiros

Café

DML

Sala de oficinas

Àrea de exposição

Acervo

Midiateca [f.68]

Depósito

Guarda Volumes

Mini Auditório

Recepção

[f.69]

LEGENDA: - Social/Cultural - Adiministração - Apoio

Memorial da Escravatura

41


O complexo do memorial de escravatura e do tráfico negreiro conta com duas estruturas, a primeira que foi uma das ruínas restauradas e a segunda que foi uma estrutura criada para servir de apoio para o primeiro. O objetivo da proposta é requalificar o primeiro edificio, retirando o fosso que existente e algumas das portas existentes nele, o suficiente para manter uma boa ventilação mas ao mesmo tempo trazer um TÉRREO

1° PAVIMENTO

LEGENDA: Área demolida Itens retirados Murreta

42

pouco de sobriedade do tema exposto no edifício para o mesmo.O anexo será demolido juntamente com uma habitação que está dentro do terreno da ruína. Na Ruína ao lado será retirada a murreta que foi colocada para demilitar o terreno, deixando exposta as paredes da ruína e mostrando assim as fases que ela passou (adobe,tijolo).


[f.70]

LEGENDAS: [f.70]Vista da ruína. Fonte: Produção Autoral. [f.71]Vista do atual anexo. Fonte: Produção Autoral.

[f.71]

43


Implantação

A

B

44


D

A

A

B

D D

0

5

10

20 45


Térreo

4

A A

1

2

B 6

LEGENDA: 1-Residências 2-Banheiro 3-DML 4-Coordenação 5-RH,Contabilidade e Copa 6-Café 7-Acervo Literário 8- Oficina 9 Armazém 10-Auditório 11-Loja 12-Recepção 13- Exposição Permanente

46

2 3

5

7


D

9 8

10

A

11

12 3 13

B

2

D

0

5

10

20 47


1° Pavimento

A

15

16

B

LEGENDA: 13- Exposição Permanente 14- Exposição Temporária 15- Midiateca 16- Área de contemplação

48


D

A

14

B

13

D

0

5

10

20 49


Corte A

+3,30 +0,00

Corte B +3,30 +0,00

Corte C +3,30 +0,00

50


-1,20

0

10

5

25

0

5

10

25

0

5

10

25 51


Tecnologias e Materialidade Concreto pintado

Treliça de Madeira

Concreto pintado Forro de Bambu

Parede deAdobe

Telha Metálica Concreto e Pedra

PAREDE FEITA DE PEDRA

A preexistência do Memorial é um edifício foi feito de uma técnica local tendo a sua fundação e paredes de pedras que são conectadas por uma liga feita de conchas, cimento e restos de alguns materiais. Sua cobertura é de telha metálica. O novo anexo possui as paredes tambem executadas por uma tecnologia local de taipa de pilão, onde o adobe é amassado com folhas de arroz.

52


MÉTODO DE TAIPA DE PILÃO

TRAMA DE BAMBU

PAREDE DE TAIPA

53


o

N

S

L

Iluminação e Ventilação

LEGENDA: Solstício de Verão Solstício de Inverno Equinócio

54


Maquete

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Bibliografia MILHEIRO,A.V;DIAS, E.C.Arquitectura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização colonial (1944-1974). Revista Arq e Urb. 05 Jan. 2010. Disponivel em : revistaarqurb.com.br. Acesso: 02 Fev. 2020. GREEN,Dr.Toby. African Kingdoms: A Guide to the Kingdoms of Songhay, Kongo, Benin, Oyo and Dahomey c.1400 – c.1800. Oxford Cambridge and RSA.2018. ROSA.M;BENZINHO,J. A Descubrir Guinea-Bissau. União Europeia. 2018. Dísponivel em: eeas.europa.eu. HALL, Stuart. Da diáspora. Identidade e Mediações Culturais. Belo Horizonte. UFMG.2003. UNESCO. História geral da África V . África do século XVI ao XVIII. Brasília. 2010. GRDR. Monographie de la région de Cacheu - Guinée-Bissau. Grdr. Mai 2018. Disponivel em : grdr.org. MACEDO,José.História da África. São Paulo. 1° Edição.Editora Contexto.2014. GILROY. Paul. O Atlântico Negro. Riode Janeiro. Editora 34. 2001. MEIRELES, M.Marinelma. As conxões do Maranhão com a África no trâfico atlântico de Escravos na segunda metade do século XVIII. Outros tempos. 2009 PORTELLA, Cristina; ZONTA, Diego.O comércio não escravista na costa da Guiné no século XIX. Crítica Histórica.2013. Disponível em: seer.ufal.br

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