Nº4 ANO 1- 09/2012
REFENO: A GRANDE FESTA DA VELA DE OCEANO
Relato emocionante conta a origem da regata Recife - Fernando de Noronha
Veja ainda NN de Laser e Hobie 16 Norte e Nordeste movimenta Maria Farinha em Setembro
Marinha Nova coluna estreia nesta edição do Gaivotas
Leonardo Veras conta como surgiu a ideia desta aventura em alto mar Falta pouco mais de um mês para o início da maior aventura náutica brasileira. Os que esperam o ano inteiro para a realização da REFENO, já estão contando os dias para o início da grande festa. Para explicar como tudo começou, RELATO DE LÉO "Hoje em dia, navegar até Noronha parece moleza, e de fato o é. Como é frequente na história, o óbvio é ocultado sob o manto da ignorância, da superstição e do pessimismo. Em meados dos anos oitenta, velejar até Fernando de Noronha era uma tarefa exclusiva para navegadores estrangeiros, com suas embarcações ditas oceânicas. Os velejadores locais tinham a crença de que o roteiro Recife-Noronha era demasiado exigente para suas embarcações, pois já haviam precedentes de outras tentativas frustradas. Este é um relato da iniciativa e da teimosia do espírito humano que, para alcançar o novo, assume riscos e contraria o senso comum. Com os recursos atuais, é fácil crer que o maior risco era o ridículo do fracasso diante dos numerosos “Não vai dar”, associados aos “Eu não disse?” Frases muito populares nos iate clubes. Foi nessa maré de descrença que três velhos ranzinzas, conhecidos como “os Pé na Cova ”, juntaram-se para realizar a primeira expedição bem sucedida Recife-Fernando de Noronha em um veleiro amador. A ideia partiu de Maurício Castro, quando - numa carraspana daquelas convenceu o comandante Veras, vulgo “ Mon Capitain”, proprietário da embarcação Odysseus, e Torreão, o “ carne de pescoço ”, a realizarem esta empreitada. Somados a estes estavam o marinheiro Abdias (afinal, alguém tinha que puxar o ferro) e, de última hora (quase como
nada melhor do que o relato apaixonado do Leonardo Veras durante a travessia que fez nascer a REFENO. Confira as palavras desse velejador e se emocione com suas histórias! clandestino), o Léo, que embarcou na qualidade do posto vitalício de filho do dono. Graças a um meticuloso planejamento com estudos de cartas piloto, roteiros e relatos de navegadores estrangeiros, a viagem ocorreu tranquilamente, apesar da tensão. Vale a pena lembrar que, na época, não havia GPS e não possuíamos o caríssimo SATNAV. A navegação astronômica que se conseguia realizar produzia mais incertezas do que a boa e velha estimada. De uma maneira ou de outra, a nossa navegação foi um sucesso. Avistamos a ilha em tempo e posições previstas. Posso afirmar que, quando a enxergamos, fomos tomados pela euforia dos navegadores do passado, pela alegria do grito de “ Terra à vista!” Além da deliciosa certeza de que todo o planejamento estava correto. Foi maravilhoso!” Esta não é uma história de heroísmo, mas certamente, relata a iniciativa de três pessoas determinadas a assumir riscos para atingir um objetivo. Talvez houvesse outros navegadores mais capacitados, com embarcações mais apropriadas para realizar o feito, talvez. No entanto, três aposentados, “Os Pé na Cova ”, demonstraram a viabilidade da Regata Recife-Fernando de Noronha. E a história foi feita assim.” Por Leonardo Veras