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she never dream for ever be nobody wifey
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As Escrituas Sagradas Enquanto Molde Primordial da discriminação feminina.
A Mulher No Casamento
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“Free” é uma música da cantora americana Ultra Naté lançada em 1997. Esta foi vista pela comunidade gay como uma música sobre empoderamento, adotando-a assim como hino.
A análise das doutrinas religiosas, como a Bíblia e o Corão, é fundamental para a compreensão da posição histórica da mulher na sociedade, uma vez que constituem pilares estruturantes da nossa cultura. Claro está que, as interpretações destas ao longo dos séculos muito influenciaram o status da mulher face ao homem, e portanto o regime patriarcal.
homem e a mulher sem distinção de género, apenas à sua imagem, com igualdade de direitos e liberdades, em harmonia com a natureza. E o termo “ajudante”, usado por Deus como a razão da criação da mulher (para “ajudar” o homem) não indica inferioridade, muito pelo contrário. Contudo, para o homem, a mulher é vista como um apêndice, que lhe pertence, que é descartável e substituível e nunca como um ser igual, que nasce com ele. O facto de Eva ter sido o último ser criado também reforça as ideias de inferioridade feminina, mas a verdade é que Deus a criou porque só depois da sua criação é que a Terra estava finalmente completa. Assim, as escrituras aos olhos das civilizações da época, certamente atendem às condições sociais em que se vivia, criando preceitos que ainda são discutidos séculos mais tarde.
decisivo para a sua integração social. Eram economicamente dependentes, e objeto da autoridade do pai, irmãos, e mais tarde marido, sem poder herdar propriedades diretamente (com raras excessões em que um pai não possuía filhos, por exemplo). Estas eram leis sociais aceites como normais e até lógicas. Considerava-se que se vivia em igualdade: a mulher cumpria os seus deveres domésticos, e o homem económicos e políticos.

Women in the Bible: Miracle

Women in the Bible, Qumran and Early Rabbinic Literature Their Status and Roles por Paul Heger As narrativas da Creação e da Queda do Homem (presentes no Genesis) foram partircularmente interpretadas de forma inferiorizante para a mulher tanto na religião Cristã, como na Judaica, retratando a Mulher (Eva) como uma personagem “secundária”, uma ajudante, que provém e depende totalmente do Homem (Adão), e que é a razão do pecado no ser humano. A posição da mulher na antiga sociedade Israelita também é justificada com estas narrativas: corroboram o dever da mulher ser submissa, e não lhe poder ser dada uma posição de independência seja no contexto social, familiar, político, entre outros. No entanto, segundo a narrativa da Creação, Deus cria o
Births, Heroic Deeds, Bloodlust and Jeolousy por John Baldock Nas Escrituras, é frequente que as mulheres não sejam referidas pelo nome, excetuando as vezes em que se destacavam por razões incomuns. Mesmo Maria, é chamada de “a Virgem” ou a “mãe de Jesus” e é raramente mencionada nos Evangelhos. Apesar de socialmente a mulher não ser aceite na vida pública ou religiosa (o que se verifica tanto no Antigo como no Novo Testamento), Jesus muitas vezes contrariava esta norma (o que causava escândalo entre os seus seguidores) abordando mulheres de forma preocupada e carinhosa numa série de episódios, como o da Mulher Samaritana. No que toca às perspetivas da Bíblia sobre o papel da mulher no casamento, observase, segundo os costumes da época, uma clara segregação com base no género, de valorização dos direitos do homem em detrimento dos da mulher. O adultério era castigado com apedrejamento apenas para a mulher, bem como outros crimes sexuais, como a masturbação e a homosexualidade. O divórcio era livremente permitido ao homem, e à mulher apenas com o consentimento do marido. As leis relativamente à virgindade e pureza da mulher não têm qualquer equivalente no que toca ao homem, e o seu cumprimento era
Al-Krenawi e John R. Graham, 1999
The story of bedouin-arab women in a polygamous marriage por Alean
os próprios filhos. Dividindo atenções com os irmãos, os filhos de comportamento agressivo onde é comum haver intimidação irmão-irmã e filho-mãe, exemplos que estes jovens vão certamente buscar ao pai. Nenhum deles acabou o ensino secundário, e muitos sofrem com abuso de substâncias e doenças psicológicas, provavelmente devido à falta de apoio da parte da família. As mulheres, objetos da autoridade castradora do marido e de agressão física e verbal recorrente, encontram na família o principal motor da sua opressão, quando este devia ser um espaço de conforto e amor. Nestes casos, todo o conjunto de género/raça/ religião/classe social, contribui para colocar a mulher e as crianças destes casamentos em risco, constituindo por isso importantes casos de estudo para a compreensão dos direitos da mulher.
Em “The story of bedouin-arab women in a polygamous marriage” é feita uma pesquisa acerca da dinâmica familiar e do papel da mulher num casamento poligâmico árabe, em Israel. A comunidade árabe tem estabelecido um sistema severamente patriarcal, onde os papéis de género são arcaicos sem serem questionados: as mulheres devem permanecer em casa e estar ao serviço do bem-estar da família. Com 73 anos, Ahmad tem seis mulheres, que entre si vão dos 30 aos 67. Com todas elas, partilha um total de 60 filhos, o mais velho com 40 anos, e o mais novo com 2 meses. Como é de esperar os problemas não acabam. O clima entre as mulheres é de tensão constante, não só entre elas como com
O dote é um costume cultural e religioso do casamento oriental com fortes raíses na Índia, consistindo na transferência de bens (monetários ou materiais) da família da noiva para a do noivo, que normalmente se casam por conveniência.

É uma prática que define o paradigma patriarcal destas comunidades, marcado pela crença de que a mulher deve residir com, ou perto da família do marido. Em termos históricos, o dote era uma forma de compensar a família do noivo financeiramente, uma vez que a mulher ia passar a viver com eles, e não podia ter independência laboral: era culturalmente inaceitável a mulher trabalhar fora do espaço doméstico. Por causa desta prática, ter filhas era visto como uma grande despesa a longo termo, mas também como uma oportunidade de ascender socialmente, dependendo do valor do dote. Este valor era de extrema importância: garantia aos pais da noiva que a sua filha seria bem tratada em casa dos genros, que geralmente lhes davam menos responsabilidades domésticas e mais liberdade se o dote fosse significativo. Quando as expectativas relativamente a esta valor não eram cumpridas, as noivas sofriam as consequências, que incluem ataques de ácido, violência física, e eventualmente a morte.
Assim como muitas outras formas de violência contra a mulher, os ataques de ácido, são fenómenos de uma sociedade que priveligia o controlo masculino através do uso da intimidação agressiva. Segundo a OMS, estes ataques devem-se, essencialmente, a três fatores: à desigualdade e descriminação de género, a disponibilidade de ácido, e à falta de legislação contra o atacante. Estas formas de violência constituem atrocidades que continuam a ser praticadas diariamente, perpetuando a condição inferior da mulher e, sejam elas relacionadas ou não com o dote. Mesmo assim, apesar deste ter sido removido da legislação em 1961, há mulheres que aceitam esta tradição, olhando para ela como uma componente normal do ritual do casamento, uma perspetiva que certamente se foi transformando numa resposta a uma sociedade cada vez mais materialista, um motivo de orgulho para estas comunidades.