Revista Representatividade - Bruna Fernandes

Revista Representatividade Edição 1

-

Novembro de 2017

-

Porto Alegre

MU LHE RES

A violência contra a mulher nos transportes em Porto Alegre. Página 10

Página 4 Torcidas femininas no Rio Grande do Sul.

Revista Representatividade

EXPEDIENTE Revista elaborada na disciplina de Projeto Interdisciplinar II – Mídias Sociais do curso de Jornalismo do IPA Coordenador de Curso Fabio Ramos Berti Professora Letícia Amaral Carlan Reportagem Bruna Fernandes Diagramação Bruna Fernandes

EDITORIAL

Estamos aqui para ocupar o nosso lugar. Não queremos o lugar de ninguém. Queremos fazer parte, de igual para igual. Queremos ser respeitadas.

Na rua, no estádio, no transporte público e no privado. Sabemos bem quais são os nossos direitos e vamos lutar para que todos eles sejam respeitados.

É sobre as mulheres, sobre o feminismo, a luta e a felicidade de fazer parte de algo que, ainda, é tão masculino. Se depender das mulheres que estão nas histórias que contei aqui, também será feminino. Em todas as partes estaremos lá representando.

Abusos, violência sexual, psicológica, verbal, física ou qualquer outro tipo de agressão contra a mulher deve ser denunciada. Procure ajuda.

SUMÁRIO A mulher e o seu lugar no futebol

4

A violência contra a mulher é um problema no transporte público e privado

8 3

A MULHER E O SEU LUGAR NO FUTEBOL As mulheres estĂŁo nas arquibancadas e onde mais elas quiserem texto e fotos Bruna Fernandes

O

termo “torcedoras” surgiu no início do século XX, no estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. A primeira torcida organizada foi criada, informalmente, pela mãe de Mário Neves, um dos fundadores do Atlético-MG. As esposas, mães e filhas dos jogadores do Galo balançavam as bandeirinhas com as cores do Alvinegro. Na década de 1920, foi em São Paulo, que aconteceu a primeira partida de futebol entre mulheres: Tremembé e Cantareira.

Torcida organizada é uma associação de torcedores de um determinado clube esportivo e seus membros usam roupas com a marca da própria torcida. A primeira torcida organizada oficial exclusivamente feminina foi criada em 2006, a Torcida Flu Mulher, pelas torcedoras do Fluminense Football Club do Rio de Janeiro. A torcida foi criada com objetivo de aumentar o número de mulheres nos estádios e diminuir o preconceito. Em 2009, torcedoras do Sport Club Internacional, no Rio Grande do Sul, criaram a Força Feminina Colorada.

A TORCIDA FEMININA QUE É REFERÊNCIA NO as torcedoras se juntam com outras torcidas RIO GRANDE DO SUL organizadas do clube e dividem os valores que incluem passagem, hospedagem e ingresso. torcida organizada feita por torcedoras do A banda da Força Feminina Colorada Internacional foi a segunda a ser criada no é formada por jovens que fazem parte do Brasil. A Força Feminina Colorada foi formada Instituto de Amparo ao Excepcional (INAMEX), no dia 24 de maio de 2009 e, hoje, tem cerca de em uma parceria conjunta com as coloradas.

120 torcedoras cadastradas - todas são sócias Hoje, mais de 20 adolescentes participam do clube. Maria Lucia Azambuja Barbará - de aulas de música, ensaiam duas vezes por conhecida como Malu -, 56, professora de semana, tocam nos jogos do clube e ganham Português e de Literatura, lidera a FFC desde lanches. outubro do ano de fundação. “Tem uma ficha “Nós sofremos mais preconceito de adesão que as torcedoras que querem fazer quando estamos juntas. O pessoal briga parte da FFC devem preencher. Elas assinam e muito conosco, principalmente, por causa eu assino também”, explica Malu. de espaço. Enchem muito a nossa paciência

Atrás da ficha, há uma lista de regras que para a gente sentar. Por que que eles pedem explicam como as torcedoras devem se portar para nós sentarmos e não pedem para os para fazer parte de uma torcida organizada. torcedores das outras organizadas? Porque Conforme a presidente da torcida, a FFC nunca nas outras organizadas têm homem, né?”, teve registros de violência e nem de brigas. relata a presidente.

Para acompanhar o time nas outras cidades, 5

A

Revista Representatividade

Além das discussões por causa de lugares dentro do estádio, Malu conta que escutam muitos xingamentos, e que os homens provocam para saber se elas entendem mesmo de futebol. “Já ouvimos muito: ‘As mulheres começaram a torcer ontem e já querem espaço no estádio!’, ‘Me diz então o que que é impedimento?’. Querem que a gente prove que somos coloradas”.

Outra torcida organizada do Internacional, a Camisa 12, também é liderada por uma mulher. Há seis anos, Juliana Comas Coutinho, 37, preside a torcida que tem cerca de 800 integrantes (homens e mulheres).

Dentro da torcida Camisa 12, há um Comando Feminino, com cerca de 40 integrantes, liderado por Letícia Mendonça de Araújo, 27.

Dados informados no site do Globo Esporte, mostram que, em 2015, os clubes de futebol mais populares do Brasil, tinham cerca de 788 mil sócios-torcedores, apenas 132.500 mil eram mulheres, cerca de 17%.

Internacional e Grêmio são os dois com maiores proporções de sócios-torcedoras em seus quadros sociais, ambos com 25%.

TORCIDAS FEMININAS

desunida porque cada mulher fica num lugar.

Uma torcedora vem com o pai, vem com o filho…

Ela não tem um grupo dela. Então, resolvemos criar uma torcida para que aquelas mulheres que querem vir ao estádio tenham onde ficar e com quem torcer”. Essa é a explicação de Kelly Plaz, 38, criadora e líder do Comando Feminino Gremista, do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. O CFG é uma torcida nova, com núcleos em diversas cidades do Estado, foi criada em maio deste ano com a intenção de manter as mulheres sempre unidas, dentro e fora do estádio, tendo jogo ou não.

Kelly explica que o CFG é composto por mulheres de todas as idades, heterossexuais e homossexuais. “A ideia é agregar mulheres que não têm como vir por estarem sem companhia ou até mesmo por dificuldades de locomoção. Muitas idosas fazem parte da nossa torcida”.

No dia da estreia do Comando Feminino Gremista, 17 de maio de 2017, as torcedoras foram a um jogo do Grêmio no estádio da Arena, em Porto Alegre. Cerca de 50 integrantes da CFG estavam em um espaço no estádio, com chapéus de mosqueteiras (fazendo referência O INÍCIO DE UMA TORCIDA ORGANIZADA ao mascote do time, que é um mosqueteiro).

Kelly relata que, a torcida Geral do Grêmio e

“O Grêmio sempre teve uma torcida o Supervisor do Departamento do Torcedor feminina muito grande, mas ela é um pouco Gremista, pediram para elas saírem daquele

Revista Representatividade

local.

A CFG e mais algumas torcidas estavam no setor inferior norte do estádio, onde ficam as torcidas organizadas e reconhecidas pelo clube. “Eles nos obrigavam a cantar. A gente cantava. Acho que o pessoal se sentiu meio incomodado e pediu que nos retirássemos e fossemos para outro lado porque aquilo ali era deles. Nós não podíamos usar aquele espaço ali”, relembra Kelly.

“Nós queremos o reconhecimento como mulheres e como torcedoras do Grêmio! Nós queremos o nosso espaço dentro do estádio!

E nós vamos lutar até conseguir! A gente sabe que fácil não é, mas nós temos objetivos e vamos caminhar para cumpri-los”, afirma a torcedora que, aos 16 anos, foi líder pela primeira vez de uma torcida organizada do Grêmio.

Kelly teve uma reunião com o clube logo após a confusão que ocorreu entre as torcidas durante a partida entre Grêmio e Fluminense.

“O Departamento do Torcedor Gremista nos deu um canto dentro da Arena. Enquanto isso, rolava o processo de reconhecimento de torcida. Quando nós comunicamos ao Grêmio que iriamos criar uma torcida feminina, o Estatuto para Torcida Feminina era um, alguns dias depois o estatuto trocou”, explica.

Segundo a líder do CFG, o atual estatuto exige que a torcida coloque 100 pessoas por jogo, que todas as integrantes devem ser sócias e precisam “estar em dia” com o Grêmio. Elas deveriam fazer isso durante um ano, só depois que o Comando Feminino Gremista seria reconhecido pelo clube. “Eles não facilitaram. É uma forma de não colocar a mulher lá dentro. É muito fácil tu colocar a mulher torcendo lá no meio de todo mundo.

Agora, tu não poder ter uma torcida feminina…

Por quê? Qual o motivo?”, questiona.

Sobre a discussão entre as torcidas, Thiago Floriano, 34, Supervisor do Departamento do Torcedor Gremista (DTG), afirma que “dois dias antes do ocorrido no jogo, as lideranças da torcida foram até a Arena e receberam a orientação de um

TORCIDAS FEMININAS

determinado local que não era ocupado por nenhuma torcida reconhecida ou pela banda do Grêmio. No dia do jogo, a orientação foi desrespeitada e a torcida feminina ocupou o centro da arquibancada, local onde a banda do Grêmio e a Geral do Grêmio ficam alocadas.

A pedido do Ministério Público, o DTG pediu para a torcida feminina cumprir a orientação que foi dada e aceita por eles e sair do local que já tem uma torcida e a banda alocada”.

O supervisor diz que o Comando Feminino Gremista não é reconhecido como torcida organizada e garante que não é verdade que o estatuto foi alterado. “O clube tem um documento aprovado pelo Conselho de Administração com as regras necessárias para reconhecimento de novas torcidas. Se essas regras forem atendidas, qualquer torcida terá a chancela do clube. Caso contrário, não terá”. Kelly afirma que toda a documentação já está sendo feita para que o CFG seja uma torcida organizada feminina reconhecida pelo time tricolor.

TORCIDAS FEMININAS AINDA SÃO RARAS NO ESTADO

Além da Força Feminina Colorada e do Comando Feminino Gremista, algumas outras torcidas apenas com mulheres existem no Rio Grande do Sul. O Comando Feminino Mancha Verde, do Juventude, o Núcleo de Mulheres Gremistas, do Grêmio, e o Rosa Grená, do Caxias do Sul, são alguns exemplos de que as torcedoras querem e estão ocupando espaços dentro do futebol que, se é lugar de homem, é cada vez mais lugar de mulher.

“Nós queremos o nosso espaço dentro do estádio!”

7

TEXTO Bruna Fernandes

A violência contra a mulher é um problema no transporte público e privado

Revista Representatividade

A cada 6.1 segundos, uma mulher é vítima de assédio físico em transporte público no Brasil

No dia 28 de agosto de 2017, a escritora Clara Averbuck relatou, em uma publicação no Facebook, sobre o estupro que sofreu por um motorista da Uber. “Bom, virei estatística de novo. Queria chamar de ‘tentativa de estupro’ mas foi estupro mesmo”, escreveu Clara, que também é colunista no jornal Zero Hora e na Revista Cláudia.

Dia 29 de agosto de 2017, uma mulher denunciou um homem que ejaculou no seu pescoço dentro de um ônibus na Avenida Paulista, uma das ruas mais movimentadas de São Paulo. O agressor foi preso em flagrante por estupro, mas liberado logo depois. O mesmo homem foi detido novamente no dia 2 de setembro, após atacar outra mulher dentro de um coletivo. Os registros contra o abusador chegaram a 17, todos por abuso sexual.

No dia seguinte, outro assédio aconteceu dentro de um ônibus, também em São Paulo. A cantora Juliana de Deus teve os seios apalpados por um homem que sentou ao seu lado. O agressor foi liberado. Em Porto Alegre, no dia 29 de setembro, ocorreu um caso semelhante ao que gerou repercussão nacional na capital paulista. Um homem foi preso em flagrante por estupro contra uma jovem dentro de um ônibus da linha T4, na Zona Norte.

Essas são apenas algumas histórias que foram divulgadas. Tantas outras não têm registros porque as vítimas têm medo de fazer o boletim de ocorrência e de se exporem. Mais de 80% das mulheres brasileiras já sofreram assédio em público. É o que aponta a pesquisa divulgada pela organização internacional de combate à pobreza ActionAid, em maio deste ano. Cerca de 500 mulheres foram questionadas sobre em quais situações se sentem com mais medo de serem assediadas.

70% responderam que ao andar pelas ruas; 69% ao sair ou chegar em casa depois que escurece; e 68% no transporte público.

Pelo Artigo 213 do Código Penal, a partir de uma reformulação feita em 2009, o agressor pode responder pelo crime de estupro

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

cuja pena é de seis a dez anos de reclusão.

Antes da alteração da lei, só era considerado estupro se houvesse a penetração. Com a atualização, sexo oral, masturbação e outros atos libidinosos começaram a valer como estupro. Oficialmente, no Brasil, ocorrem 50 mil registros de estupros por ano, dado que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima corresponder a apenas 10% do número real.

A CORAGEM DE DENUNCIAR

Clara Averbuck expôs sua história no seu perfil pessoal no Facebook e também na Revista Cláudia. Ela conta que não foi a primeira vez que foi estuprada e não iria fazer o boletim de ocorrência e, por causa disso, foi muito criticada nas redes sociais.

Juntamente com outras mulheres que também sofreram algum tipo de assédio, a escritora criou a Campanha #MeuMotoristaAbusador e #MeuMotoristaAssediador. “Infelizmente esses casos são cada vez mais comuns.

Queremos, dando voz às mulheres que já sofreram abuso e assédio, que esses serviços de transporte sejam repensados”, criticou.

Tatiana Barreira Bastos, Delegada de Polícia e Titular da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, é delegada há 13 anos e há quatro trabalha focando somente na violência contra à mulher. “Muitas mulheres não denunciam por medo de sofrer represália.

O medo do que vão falar dela, de como vão ser vistas, de como vão ser julgadas é maior do que o medo do agressor. O silêncio é o maior cúmplice da violência”, ressalta.

As empresas Uber e Cabify foram questionadas sobre seus posicionamentos em relação a mulheres violentadas pelos motoristas que prestam serviços, mas não houve resposta. A Trensurb diz que “participa sistematicamente de campanhas e atividades pela igualdade de gênero e o fim da violência contra as mulheres”. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) salienta que “faz um trabalho permanente de educação em todos os segmentos do transporte público (palestras com taxistas, nas empresas de ônibus, abordagens dos veículos, etc), 9

Revista Representatividade

além das ações diárias de fiscalização, para qualificação no atendimento da população”.

Em caso de estupro sofrido dentro de algum veículo que faz viagens por aplicativos, táxi, ônibus ou em qualquer outro lugar, denuncie sempre. Se você estiver em algum lugar distante, que você não conheça, procure uma Delegacia de Polícia ou procure o hospital mais próximo. Em qualquer situação que você se sinta ameaçada, abusada, assediada ou violentada fisicamente, psicologicamente, sexualmente, institucionalmente ou moralmente, ligue para o 190 e denuncie.

POUCAS MULHERES DENUNCIAM, MAS OS NÚMEROS DE ESTUPROS ASSUSTAM O site relogiosdaviolencia.com.br, criado pelo Instituto Maria da Penha, registra números de várias formas de violência que as mulheres sofrem a cada segundo. No dia 8 de novembro de 2017, quando esta matéria estava sendo escrita, 13.553 mulheres tinham sofrido assédio físico no transporte público.

As informações e os números apresentados nos relógios da violência têm como referência a pesquisa Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizada entre os dias 11 e 17 de fevereiro de 2017 em 130 municípios, incluindo capitais e cidades do interior, em todas as regiões do país, e divulgada em 8 de março de 2017.

No dia 8 de agosto, uma mulher denunciou um motorista do Uber, em Porto Alegre, que é suspeito de ter se masturbado na frente da passageira. O condutor perguntou se a mulher tinha sinal telefônico. Após ela responder que não, o homem tirou o pênis para fora da calça e começou a se masturbar enquanto dirigia.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

PROGRAMA DE COMBATE AO ASSÉDIO SEXUAL NO TRANSPORTE COLETIVO

Foi aprovado por unanimidade, na Câmara de Porto Alegre, o projeto de lei que cria o Programa de Combate ao Assédio Sexual no Transporte Coletivo. A proposta foi apresentada pela bancada do PSol, através dos vereadores Fernanda Melchiona, Alex Fraga e Roberto Robaina.

Conforme o texto, todo

Foto: Página no Facebook “Chega de assédio”. comportamento indesejado de caráter sexual, sob forma verbal, não verbal ou física, com o objetivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua dignidade ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador é considerado como assédio sexual.

Devem ser criadas campanhas para estimular que as vítimas denunciem para as autoridades competentes. As empresas de ônibus deverão disponibilizar serviço de ouvidoria para receber denúncias.

As concessionárias serão responsáveis por encaminhar as denúncias à polícia e disponibilizar câmeras para identificar os assediadores.

Esta reportagem termina aqui, mas a violência contra a mulher continua e denúncias (mesmo que ainda sejam poucas) são feitas todos os dias. Dados da Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul mostram que, entre janeiro e setembro de 2017, 1.134 mulheres foram estupradas no Estado.

Em Porto Alegre, ocorreram 172 estupros até outubro deste ano.

10

ELAS SOFRERAM: Daiana Camillo, estudante de jornalismo relata o assédio que sofreu com um motorista a Uber: “Foi uma coisa bem pesada. Foi logo no início do Uber, quando eu tinha instalado o app. Era tudo muito novo. Eu sentei na frente e fui conversando com o rapaz numa boa. Ele perguntou se eu pegava muito Uber, e como era início da operação do aplicativo, lá na faculdade não tinha muitos carros ainda. Então ele se dispôs a me buscar e eu aceitei. Ele me passou o contato dele para que, quando eu estivesse pronta, podia chamar ele. Quando eu saí do carro, ele tocou na minha mão, mas até aí não dei bola, achei besteira da minha cabeça. Ele também me adicionou no WhatsApp e começou a mandar mensagens.

Foi aí que ficou estranho. Ele me mandava mensagem querendo saber onde eu estava, se precisava dele, que me achava muito bonita, que eu era linda, me mandava print de fotos do meu instagram, de fotos minhas mais “sensuais” 4 começou a me ligar insistentemente. Foi um inferno e eu estava apavorada porque ele sabia onde eu morava. Então eu bloqueei ele em tudo, chamadas, mensagens, WhatsApp e denunciei ele para o Uber.”

Ketlen Figueiredo de Avila, estudante de fisioterapia: “Era um homem mais velho. Ele ficava puxando assunto (parecia ser simpático), mas ele virava toda hora para falar, ficava me elogiando muito e perguntando se eu namorava. Falava que eu era o tipo de mulher que ele gostava, que eu era meiga e etc. Não sei se é meio abusivo, mas me incomodou. Fiquei sem graça e achei desnecessário ele falar aquilo. Muito chato”.

Jéssika Cardoso, estudante de administração: “Eu tava voltando de uma festa e, para não ter que esperar até ligar para um táxi (ainda não tinha Uber), eu resolvi atravessar a rua e pegar um ali mesmo. Eu e uma amiga entramos no carro. E fomos conversando sobre a festa. Ele largou ela em casa e quando eu fui descer do carro, em frente à minha casa, o valor da viagem tinha dado R$ 13 e eu dei R$ 20 e ele não tinha troco. Ele me olhou e disse que se eu quisesse pagar de outra forma ele aceitava e botou a mão na minha perna. Eu abri a porta do carro e ele tentou fechar, mas não deu tempo. Eu disse que ia chamar meu pai para pagar de outra forma e ele arrancou o carro”.

Tuanny Farias, estudante de enfermagem: “Eu estava na parada esperando o ônibus para voltar pra casa. Um cara bem vestido com uma pasta aquelas de trabalho perguntou se o ônibus passava pelo Barra Shopping, respondi que sim. Eu entrei no ônibus e ele sentou do meu lado.

Pediu que eu avisasse quando estivéssemos perto do shopping. Até aí, tudo bem. Era inverno, estava muito frio no dia e eu estava com sono, porque tinha acordado cedo. Deixei meu celular no meu colo para não precisar abrir a bolsa, pois sabia que minha mãe ia me ligar. Encostei a cabeça na janela do ônibus e fiquei com os olhos fechados ouvindo música. Depois de um tempo eu senti algo perto da minha virilha, mas pensei que fosse meu celular mexendo, por conta do movimento do ônibus. Não abri os olhos. até que o ônibus parou em alguma sinaleira ou parada e eu senti a mesma coisa de novo, então abri os olho e vi a mão dele em mim, ele percebeu que eu vi e não tirou a mão. A pasta que ele carregava estava no colo dele, escondendo o que ele estava fazendo, eu gritei pra ele tirar a mão de mim e joguei essa pasta do chão, percebi um volume na calça dele, o desgraçado estava excitado. Dei dois socos na cara dele e fiquei empurrando pra sair do meu lado, tudo isso gritando. E ele teve a audácia de fala que foi sem querer. Tinha alguns guris no fundo do ônibus indo pro quartel que puxaram ele pra sair do meu lado e bateram nele, o cobrador também saiu do lugar dele pra ajudar. Colocaram ele pra fora na porrada! Eu estava tão chocada que nem consegui chora, os guris que estavam indo pro quartel e o cobrador do ônibus, perguntaram se estava tudo bem comigo. Enquanto isso as mulheres que estavam no ônibus, só me olhavam como se eu fosse uma louca. E eu só queria chegar logo em casa e tomar um banho.”