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CIÊNCIA & TALENTO

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CARTAS

CARTAS

Um cidadão do mundo no Metrô de São Paulo

Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”. A frase atribuída ao filósofo Confúcio (cerca de 500 anos a.C.), expressa a relação do engenheiro e consultor de transportes Peter Alouche com seu trabalho no Metrô de São Paulo, iniciado em 1972 e onde esteve até 2006.

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Nesse período, Alouche foi analista de projetos e assessor técnico, sendo responsável pelo sistema de energia, subestações elétricas e sistemas de proteção das linhas, além de participar da definição das tecnologias e projetos básicos de sistemas das linhas. Também foi coordenador dos testes de aceitação dos equipamentos da Linha 1, coordenador do Conselho de Desenvolvimento Tecnológico do Metrô e representante da Companhia na UITP (Union Internationale des Transports Publics) e do CoMET (que faz benchmarking dos metrôs mais importantes do mundo). Paralelamente, ministrou aulas na Universidade Mackenzie e na Fundação Armando Álvarez Penteado (FAAP) por quase 25 anos.

Com a experiência adquirida e muito ainda a contribuir com o transporte sobre trilhos, ao sair do Metrô de São Paulo, Alouche se tornou consultor independente, o que o fez, estudar mais e se especializar em outros modos de transporte além do metrô, como VLT, monotrilho e aeromovel.

Entre os muitos projetos em que já participou como consultor estão o Metrô do Panamá, os VLTs de Santos (SP) e de Goiânia (GO). “Meu sonho é participar um dia do Projeto de Trem de Alta Velocidade, o TAV, entre São Paulo e Rio de Janeiro. Mas acho que vou ter que esperar muito, quem sabe até a próxima reencarnação”, brinca o egípcio que chegou ao Brasil aos 14 anos de idade, estudou no Colégio São Luís (SP), se formou engenheiro eletricista no Mackenzie, fez pós-graduação para mestrado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e diversos cursos de tecnologia na Suíça e no Japão.

Alouche, que tem sua história contada no cordel “A história de Peter Alouche ou A Miragem do Destino”, do poeta e cordelista cearense Antônio Klévisson Viana, não restringe seu conhecimento à área de engenharia. Também é formado em Literatura e Civilização Francesa pela Universidade de Nancy, na França. “Assim, divido meu tempo entre a tecnologia e a poesia”, baliza o engenheiro que hoje prepara dois livros: “O Caminho dos Trilhos”, sobre sua experiência no Metrô de São Paulo, e “O Cidadão do Mundo”. Neste, conta sua história de vida e a de sua família.

O FUTURO DO ME- PETER ALOUCHE

TRÔ DE SÃO PAULO Consultor de transportes nas áreas da tecnologia. – Com 34 anos de Trabalhou por 34 anos no Metrô de São Paulo e atividade profissional foi professor universitário dedicada ao Metrô de São Paulo, o engenheiro Peter Alouche afirma que se preocupa com a condução desse empreendimento, fundado em 1968. Um dos motivos é o processo de concessão das linhas, dentro da política de privatização do Governo do Estado de São Paulo, que considerada aceleradas e “tira da Companhia do Metrô a continuidade do planejamento e controle da expansão da rede”.

“No meu entender, só o Metrô estatal pode ditar a tecnologia e as especificações técnicas das linhas futuras, como também monitorar e controlar a qualidade de serviço das atuais linhas em concessão”, avalia.

Alouche aponta, entre outras questões, que as concessões têm sido feitas sem que antes fosse criada uma agência reguladora independente e competente para garantir a qualidade de serviço estabelecido nos contratos de concessão.

“Não há mais esses grandes debates com o setor metroferroviário e com a população, internos e externamente à Companhia, para a escolha de alternativas tecnológicas. Já há alguns anos, o Governo do Estado de São Paulo impõe a escolha de novas linhas e até as novas tecnologias a serem adotadas”, conta. Segundo Alouche, os monotrilhos das linhas 15-Prata e 17-Ouro são um exemplo dessa falta de independência do Metrô e a consequência disso “foi que a Linha 15-Prata começou a operar com muito atraso, e operou graças à competência e esforço dos técnicos do Metrô e graças à atitude construtiva da fornecedora”.

Apesar das ressalvas na condução atual das decisões para o Metrô de São Paulo, Alouche lembra a importância do sistema para a população e como exemplo para outros metrôs no mundo.

No período em que esteve na Companhia, foi coordenador de um projeto de “benchmarking de metrôs”, que nasceu na União Internacional dos Transportes Públicos (UITP), e permitiu o estudo das melhores práticas entre esse modelo de transporte em todo o mundo. “A grande crítica que se faz ao Metrô de São Paulo comparado com os grandes metrôs do mundo (Londres, Paris, Nova York, Madri, México, Tóquio, Seul, sem falar dos metrôs chineses), é a extensão da sua rede. Esta é uma limitação que não depende do Metrô em si, mas dos investimentos governamentais, que têm sido limitados”, afirma.

Ainda assim, como ressalta, o Metrô de São Paulo é reconhecido nacional e internacionalmente pela sua modernidade e eficiência. No transporte público, foi um marco de qualidade no serviço oferecido a população.

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