BdF PE - Ed. 78

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ENTREVISTA | 11

BRASIL| 07

José Carlos de Oliveira

Mais Médicos

Pernambuco

Mais Médicos

Coordenador do Sindsep-PE aponta que governo tem adotado medidas que prejudicam a vida dos trabalhadores, sem diálogo com a população

Recife, 07 a 13 de dezembro de 2018

ano 2

edição 78

Arquivo Pessoal

Maior parte das vagas que ainda estão disponíveis no programa se concentram em áreas indígenas na Amazônia brasileira

distribuição gratuita

Pernambuco celebra a fé 8 de dezembro mobiliza festividades em todo o estado, com destaque para a Festa do Morro Divulgação

OPINIÃO | 05 Artigo Momentos de crise política e retrocesso na vida das trabalhadoras

PERNAMBUCO|08 Censura nas escolas

Professor Paulo Rubem comenta ameaças do novo governo à educação

ESPORTES |15 Benefícios da caminhada

Conheça as principais vantagens da caminhada para sua saúde


2 | OPINIÃO

Brasil de Fato PE

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EDITORIAL

Direito à vida digna está ameaçado DIREITOS HUMANOS. O Papa Francisco já anunciava: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direito” o r a r, t r a b a l h a r, M produzir é tão essencial quanto comer,

beber, vestir, respirar... São, todas essas, necessidades básicas de todo ser humano. No Brasil, tanto nas cidades quanto no campo, nem todos têm uma casa adequada para viver com dignidade. No nosso país, apesar de tão territorialmente extenso, mais de 4 milhões de famílias camponesas não têm direito a um pedaço de terra. Além disso, apesar de ser um país rico, mais de 12,4 melhores de brasileiros não têm emprego. O golpe fez o Brasil desmoronar, é o que mostram os números do ano passado, segundo os dados divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sobre a renda da população, estamos em queda livre, as condições de vida da população estão cada dia piores. Se-

No nosso país, apesar de tão territorialmente extenso, mais de 4 milhões de famílias camponesas não têm direito a um pedaço de terra gundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) de 2016 para 2017, aumentaram os números de pobres e de extremamente pobres no Brasil. Também números baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostra que o Brasil se tornou mais pobre e mais desigual nos

últimos anos. A severa crise na economia, e as políticas que cortam programas sociais e favorecem os mais ricos, afetaram diretamente a renda do trabalhador. Os dados aqui apresentados falam de Pobreza e extrema pobreza, valores definidos pelo banco mundial. Pobreza: Pessoas que vivem com menos de US$ 5,50 por dia, cerca de R$ 633,00 por mês. Extrema pobreza: pessoas que vivem com menos de US$ 1,90 por dia, cerca de R$ 218,00 por mês. Outro mal da desigualdade brasileira é a concentração de terras. Segundo o censo agropecuário de 2017, no Brasil ela também aumentou, entre os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares, houve aumento tanto em número, (mais 3.287 estabelecimentos) quanto em hectares (mais 16,3 milhões), pas-

Expediente Brasil de Fato PE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país, com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco. O Brasil de Fato PE circula quinzenalmente às sextas feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambuco Correio: pautape@brasildefato.com.br

Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032) | Redação: Catarina de Angola, Daniel Lamir, Marcos Barbosa, Rani de Mendonça, Vanessa Gonzaga e Vinícius Sobreira. | Revisão ortográfica: Júlia Garcia Colaboração: André Barreto, Filipe Spencer, Francisco Marcelo, Halina Cavalcanti, Stella Nascimento, Roberto Efrem Filho, Bianca Almeida. Distribuição e Administração:Iyalê Tahyrine| Diagramação: Diva Braga Conselho editorial: Conselho editorial: Alexandre Henrique Bezerra Pires, Ana Gusmão, André Barreto, Aristóteles Cardona Jr., Bruno Ribeiro, Carlos Veras, Catarina de Angola, Doriel Saturnino de Barros, Eduardo Mara, Geraldo Soares, Henrique Gomes, Itamar Lages, Jaime Amorim, José Carlos de Oliveira, José Fernando de Melo, Fernando Lima, Laila Costa, Lívia Milena, Luiz Antonio da Silva Filho, Luiz Antonio Lourenzon, Marcela Vieira Freire, Marcelo Barros, Margareth Albuquerque (in memorian), Marluce Melo, Paulette Cavalcante, Paulo de Souza Bezerra, Paulo Mansan, Pedro Rafael Lapa, Roberto Efrem Filho, Rogério Almeida, Rosa Sampaio, Sérgio Goiana, Suzineide Rodrigues, Valmir Assis. Tiragem: 20 mil Exemplares

O direito à terra, trabalho, moradia, alimentação, educação, cultura, ou seja, o direito de vida digna, só será garantido com luta e organização sando de 45% para 47,5% a participação na área total entre 2006 para 2017, somado a isso, o financiamento e outros recursos agrícolas mantêm os benefícios e valores gera-

dos nas mãos de poucos. A desigualdade é um assunto multidimensional que segura as pessoas na pobreza e compromete o desenvolvimento de todo o campo de brasileiro. Resta ao povo se organizar e lutar. O direito à terra, trabalho, moradia, alimentação, educação, cultura, ou seja, o direito de vida digna, só será garantido com luta e organização do povo. Por isso, seguimos inspirados nas palavras do Papa Francisco: “Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”, declarou, perante trabalhadores precários e da economia informal, migrantes, indígenas, sem-terra e pessoas que perderam a sua habitação.

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Brasil de Fato PE

GERAL l 3

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da semana

Mariona Batllés

FRASE

mandou

BEM

Reprodução

Raiz dos agrotóxicos está nos gases dos campos de concentração Vandana Shiva, filósofa, física e militante indiana, falando sobre o dia 3 de dezembro, o Dia de Luta Contra os Agrotóxicos.

Como foi seu ano 2018?

Reintegração Suspensa os últimos dias o quilombo N Campo Grande, em Minas Gerais, causou uma mobilização nacional contra o despejo das 450 famílias que vivem na comunidade e produzem o café agroecológico Guaií há mais de 20 anos. O despejo, que atenderia aos interesses de grandes corporações como Nescafé, Pilão, Caboclo e Seleto foi suspenso pela justiça no início dessa semana.

mandou

MAL

Reprodução

Para mim, mulher negra, mãe, trabalhadora, 2018 foi um ano difícil. Assim trilhei esses quase 365 dias de 2018: trabalhando muito, pela sobrevivência minha e de meus filhos, bem como da coletividade, pois é assim que vivo, em coletivo e não sozinha, preocupada só com o meu mundo. E, apesar de todos os desafios, ainda acredito que o amor vencerá o ódio!

Desintegração partir do próximo sábado A (08) a Estação Recife passará a funcionar com integra-

Angela Santana, comunicadora. Jackson Vicente

ção em modo temporal, ou seja, os passageiros deverão realizar a integração entre metrô e ônibus exclusivamente fazendo uso do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) nas modalidades Vem Comum, Trabalhador, Estudante e Livre Acesso. As estações Cavaleiro e Largo da Paz já funcionam do mesmo modo.


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4 ||Mundo GERAL

Curso de Sindicalismo em Petrolina campus Petrolina do IF Sertão-PE está com inscriO ções abertas para o curso de extensão “Sindicalismo no Brasil: correntes e expressões na Educação”, com car-

ga horária de 80h. Destinado a professores, sindicalistas em geral, estudantes de nível superior, gestores de educação pública ou privada e demais candidatos interessados na temática, o curso tem o objetivo introduzir os participantes no estudo científico das correntes sindicais brasileiras. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até 09 de dezembro. As aulas iniciarão no dia 13 de dezembro, no horário de 18h às 22h. Mais informações no site www. site www.ifsertao-pe.edu.br

Escambo Cultural em Paulista

A

contece neste sábado (08) a 32ª edição do Escambo Cultural Território de Lutas, a partir das 18h, na Quadra do Mangueirão, em Paratibe (Paulista). O Cavalo Marinho Boi Chatim abre a programação cultural, que conta ainda com mais de dez atrações, que se apresentarão em dois palcos (Palco Ocupe seu Bairro e Palco Poder Popular). Dentre elas, estão Batekoo Rec e Slam das Minas. O evento de luta e cultura, se propõe a debater temas como feminismo, criminalização das periferias, violência institucional, diversidade e direito à cidade, a partir da música, da poesia, cinema, literatura, exposições artísticas, entre outras formas de expressão culturai

Direitos de Fato

Fim do ministério do trabalho: por quê? É possível? a coluna desta semana vamos discutir a proposta já anunciada N pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, de fim do Ministério do Trabalho. Criado no ano de 1930, durante o Governo Vargas, o Min.

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do Trabalho, ao longo desses anos, tem por função a promoção de políticas públicas para a geração de emprego e renda e de apoio ao trabalhador; formação e desenvolvimento profissional; política salarial; fiscalização em segurança e saúde no trabalho; fiscalização das condições de trabalho, inclusive casos de trabalho escravo e degradante; mediação de conflitos sindicais; instância de registros sindicais; dentre outros. No início desta semana, representantes do futuro Governo Bolsonaro anunciaram publicamente o fim do Min. do Trabalho e a repartição das funções acima apontadas entre três futuros ministérios: toda a parte de registros sindicais, mediações de conflitos sindicais e fiscalizações das condições de trabalho no Min. da Justiça; as políticas de salário e emprego no Min. da Economia; e competências restantes, alocadas no futuro Min. da Cidadania. Entendemos que essa decisão será inconstitucional, viola a Constituição Federal no artigo 10 e 37 (que preveem a participação social em órgãos públicos trabalhistas e o princípio da eficiência pública), além de o trabalho ser um valor constitucional do estado democrático (art. 1º). *André Barreto é advogado no Recife (PE) e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173


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Artigo O que vão nos esconder sobre o Mais Médicos

bem longe de serem solucionados. Na realidade, de forma inexplicável, parece que não estão muito preocupados com esta questão. Bolsonaro, em primeiro lugar, por ter sido responsável pela saída dos médicos cubanos do Brasil. E o atual governo por ter lançado um edital às pressas e pouco compromissado com uma ocupação efetiva das vagas. Na realidade, quase todo o discurso que foi construído contra o Programa Mais Médicos foi baseado em mentiras e fake news. Inventaram de tudo e sobre tudo. Desde falsas notícias sobre a formação médica em Cuba, reconhecida mundialmente, até sobre os motivos e razões para a saída dos cubanos do Programa. Nunca é demais reforçar que o fim da cooperação cubana se deu por todas as ameaças feitas pelo futuro presidente Bolsonaro. E se tem algo que sobra em Cuba, é a dignidade daquele povo que não esperou a expulsão para se retirar do Brasil. Com a saída dos cubanos, o atual governo anunciou um edital extraordinário para ocupação das vagas em todo o país. Mas diferente de outros editais, especialmente os que saíram ainda no governo de Dilma, o atual governo não teve a mínima preocupação em estabelecer critérios de seleção ou de proteção para os municípios. O resultado disso é que houve uma verdadeira caça às vagas por parte dos médicos, mas sem critérios que

Artigo Momentos de crise política e retrocesso na vida das trabalhadoras Sidney Mamede* Tita Carneiro*

Aristóteles Cardona*

ano se aproxima do seu fiO nal, mas os problemas na saúde pública brasileira estão

OPINIÃO I 5

O atual governo não teve a mínima preocupação em estabelecer critérios de seleção ou de proteção para os municípios impedissem a criação de um vazio assistencial. O melhor exemplo para explicar ao que me refiro é o que acaba de acontecer em Petrolina-PE e Juazeiro-BA, cidades vizinhas e separadas apenas pelo Rio São Francisco. As duas cidades juntas contavam, até agora, com 4 profissionais cubanos. Com o novo edital, as 4 vagas foram preenchidas por médicos do Brasil. Porém, por conta do mesmo edital, outros 15 médicos deixaram os dois municípios. E aí está a grande farsa: no total, divulgarão, para o caso em questão, que foram 19 novas vagas ocupadas. Mas não passará de um grande engodo. Como disse um amigo, terminaremos na realidade com os mesmos médicos. Em alguns casos, como o nosso, com menos médicos. Quero deixar claro que toda a crítica não é direcionada aos médicos e às médicas que buscam o que acreditam ser melhor para suas vidas. Ainda faltam alguns dias e espero sinceramente que o máximo de vagas sejam ocupadas. Mas espero também que não insistam em nos enganar. Precisarão de muito mais do que bravatas e dedos apontados para enfrentar os problemas de nossa população. * É Médico, professor e membro da Rede Nacional de Médicos e Médicas Po-

em sido comum a afirmaT ção de que estamos vivendo um momento de retrocesso dos

direitos do povo brasileiro. Mas é disso que se trata. Desde a década de 70, a realidade das brasileiras no mercado era de uma crescente de inserção nas mais variadas profissões. Os anos seguintes se destacaram devido ao crescimento da população economicamente ativa feminina em 111,5%. Enquanto isso, a participação das mulheres entre os trabalhadores com níveis mais baixos de instrução, desde o analfabetismo ao ensino médio apresentou uma redução ao longo da década, já que o índice de mulheres analfabetas teve queda de 27,8% para 18,7%. Já entre 2004 e 2011, uma pesquisa do IBGE revelou que a ocupação de mulheres com carteira assinada teve um aumento de 9 para 13 milhões e houve o decréscimo do número de trabalhadoras não-remuneradas – de 3 para um 1.8 milhões de mulheres. Com a eleição de Bolsonaro, viveremos momentos de grande retrocesso econômico de forma articulada a um avanço do conservadorismo. Alguns destes indícios podem ser percebidos com o fim do Ministério do Trabalho e Emprego, assim como o convite à pastora evangélica Damares Alves para chefiar o novo Ministério de Direitos Humanos, Família e Mulheres, que recentemente declarou que “hoje, a mulher tem estado muito fora de casa. Costumo brincar como eu gostaria de estar em casa toda a tarde, numa rede, e meu marido ralando mui-

Um governo que exige que seu povo retroceda ao perder direitos, que tenta jogar no lixo a história de um povo tão batalhador e as suas conquistas, não está preocupado em construir uma nação que melhore a vida das famílias to, muito, muito para me sustentar e me encher de joias e presentes. Esse seria o padrão ideal da sociedade.” Uma moral conservadora tenta esconder o precipício a que estamos colocados, pois desde 2016 têm crescido o aumento da mortalidade infantil, desemprego, miséria, número de transtornos mentais e suicídios, número de pessoas vivendo de forma indigna nas ruas das grandes cidades, aumento da prostituição, tráfico de drogas, assassinatos de pessoas marginalizadas. Um governo que exige que seu povo retroceda ao perder direitos, que tenta jogar no lixo a história de um povo tão batalhador e as suas conquistas, não está preocupado em construir uma nação que melhore a vida das famílias brasileiras. Não é possível acreditarmos, portanto, que seu partido seja o Brasil. *Tita Carneiro é militante da Marcha Mundial das Mulheres


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Extinção do Ministério das Cidades enfraquece políticas de mobilidade, habitação e saneamento Araquem Alcantara

POLÍTICA. A

medida causou preocupação em prefeitos e organizações da sociedade civil, que se manifestaram pedindo a manutenção da pasta Pedro Rafael Vilela, de Brasília

O

presidente eleito Jair Bolsonaro decidiu extinguir o Ministério das Cidades e fundi-lo à pasta da Integração Nacional, para criar o futuro Ministério do Desenvolvimento Regional, que será comandado por Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto, servidor público de carreira. Representantes do poder público e da sociedade civil temem enfraquecimento das políticas públicas de habitação, saneamento e mobilidade e dificuldades no diálogo institucional entre governo federal e municípios no desenvolvimento de projetos. “Hoje temos projetos em andamento no Ministério das Cidades, principalmente as médias e grandes cidades. Estamos falando de moradia, saneamento básico, drenagem, transportes. Nos preocupa a extinção e queremos saber o que vem no lugar”, declarou o prefeito de Campinas (SP) e presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, Jonas Donizette (PSB), no fim de outubro. Em artigo recente, o

Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto foi anunciado n para o novo ministério do Desenvolvimento Regional do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

É essencial um plano nacional de desenvolvimento social e econômico que priorize a qualidade de vida nas cidades presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/ BR), Luciano Guimarães, lembrou que a criação do Ministério das Cidades, em 2003, foi uma demanda da sociedade civil e visou articular, de forma integrada, todas as políticas de desenvolvimento urbano dos municípios, onde vivem mais de 80% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Responsável pelas políticas nacionais de habitação, saneamento básico, mobilidade e desenvolvimento urbano, o Ministério das Cidades pode não estar dando conta direito de suas atribuições, mas sua extinção está lon-

ge de ser a melhor solução. Em nome do planejamento racional em termos financeiro e de infraestrutura, tais áreas exigem programas e investimentos integrados, envolvendo os setores público e privado, com participação democrática da sociedade. Para tanto é essencial um plano nacional de desenvolvimento social e econômico que priorize a qualidade de vida nas cidades, atrelando a ocupação dos territórios à economia e considerando as especificidades regionais”, afirmou.

Déficit habitacional Com um déficit habitacional de mais de 7,7 milhões de domicílios,

o Brasil ainda tem um longo desafio para garantir o direito de moradia às milhões de famílias sem-teto que vivem nas ruas ou em ocupações. O futuro governo, no entanto, ainda não confirmou se, com a extinção do Ministério das Cidades, o programa Minha Casa Minha Vida seria vinculado à nova pasta do Desenvolvimento Regional ou se seria absorvida por outra pasta. Ainda durante a campanha, em agosto, o então candidato Jair Bolsonaro afirmou, em uma entrevista à Globo News, que extinguiria o Ministério das Cidades e mandaria o dinheiro atualmente gerenciado pela pasta diretamente para as prefeituras. “E lá o prefeito vai usar essa verba no que achar melhor, no que precisar. Saneamento, casa popular, e seja o que for”, declarou. Para o arquiteto e urbanista Luciano Guimarães, esse caminho pode ser extremamente prejudicial aos municípios. “Seria um atraso social e crueldade política deixar o peso da solução desse problema apenas nos ombros dos prefeitos, ainda que o maior programa habitacional da história do Brasil, o Minha Casa, Minha Vida, tenha colapsado. Muitos dos Municípios são carentes de equipes técnicas e têm pouca capacidade de formulação de políticas estruturantes para as cidades que articulem uso do solo, habitação, mobilidade urbana e espaços públicos de forma adequada com

O que falta é planejamento e gestão comprometida com sua implementação as demandas dos cidadãos”, argumenta.

Saneamento e mobilidade No caso do saneamento básico, de acordo com dados do Instituto Trata Brasil, apenas 51% do esgoto gerado no país é coletado e só 45% passa por tratamento. Cerca de 17% da população ainda não tem acesso a água potável em suas casas. O fim da pasta das Cidades também pode atrasar projetos nessas áreas, que dependem não apenas de repasse, mas de formulação de políticas de planejamento e acompanhamento. “Segundo o Ministério, já foram gastos pela pasta mais de R$ 7 bilhões em obras que ainda não foram concluídas e ainda faltam R$ 22 bilhões para finalizar todos esses investimentos. Ou seja, é simplista demais imaginar que a transferência de verbas para a construção dessas obras para as Prefeituras ou governos estaduais significa automaticamente a solução do problema. O que falta é planejamento e gestão comprometida com sua implementação”, aponta o presidente do CAU/BR.


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Mais Médicos: áreas indígenas e estados do Norte sofrem com falta de inscrições

SAÚDE. A maior parte de vagas que ainda estão disponíveis no programa se concentram em área indígenas na Amazônia brasileira Mário Vilela /Funai

Moradores de zonas mais distantes dos principais centros urbanos são as mais prejudicadas.

Lilian Campelo, de Belém (PA)

Amazonas é o estado O da região norte com mais vagas não preenchi-

das no programa Mais Médicos. Ainda restam 14 municípios que não completaram o total de postos e, nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), até segunda-feira (3), somente 29 candidatos se inscreveram, deixando em aberto 63 posições. O edital oferece 230 vagas para os municípios e mais 92 para os DSEIs no Amazonas – 322 no total. Além do Amazonas, o Pará e o Amapá seguem em defasagem. O Ministério da Saú-

de, por meio de nota, informou que, no Pará, sete municípios ainda apresentam postos em aberto, como no DSEI Rio Tapajós, no qual das 12 ofertadas pelo programa ainda restam oito. No Amapá, até o dia 3, ainda restavam duas das nove abertas pelo programa para o distrito indígena Amapá e Norte Pará. Pelo balanço informando pela pasta, não haviam municípios com vagas abertas, contudo a coordenadora administrativa do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Amapá (Consens), Daniela Pinheiro, informou que até

com 39 vagas abertas.

Os médicos cubanos sempre abraçaram a causa, estavam sempre disponíveis, sempre tiveram uma certa motivação semana passada, pelo primeiro edital haviam 49 candidatos inscritos, mas 26 médicos não poderão assumir o cargo por incompatibilidade de horário. Nesta quarta-feira (5) o Ministério da Saúde informou que 200 médicos desistiram do Programa Mais Médicos e as vagas voltam para o edital em seus respectivos estados. O estado do Amazonas é o que se encontra em situação mais crítica, ainda restam 14 municípios

A escola e o Direito de Ensinar e Aprender

Sintepernambuco

@sintepeoficial

@sintepedigital | www.sintepe.org.br

Saúde indígena Um desses distritos se localiza na TI do Vale do Javari, em Atalaia do Norte, oeste do Amazona. Até o momento apenas um candidato se inscreveu, e ainda restam cinco oportunidades. Neon Solimões Paiva Pinheiro, antropólogo no Vale do Javari, afirma que a TI Vale do Javari é a segunda maior terra indígena no país, abrigando 54 comunidades e uma população estimada em mais de seis mil indígenas em mais de 8,5 milhões de hectares. Os médicos que trabalhavam na área eram todos cubanos. Com a saída deles e com apenas uma inscrição, Pinheiro teme que o único candidato desista da vaga. Mesmo com as dificuldades postas, o antropólogo destaca que “os médicos cubanos sempre abraçaram a causa, estavam sempre disponíveis, sempre tiveram uma certa motivação e um compro-

misso muito grande conosco e realmente fizeram um bom trabalho”.

Responsáveis A mesma realidade pode ser verificada no DSEI do Alto Rio Negro. Restam 13 das 16 vagas para São Gabriel da Cachoeira. O Diretor Presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Marivelton Baré, afirma que o estado do Amazonas concentra um grande número de povos indígenas, que são alguns dos principais prejudicados pela saída dos médicos cubanos. Ele responsabiliza o atual governo e critica o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) pelas declarações que fez ao comparar indígenas a animais em zoológicos. A Secretaria Estadual de Saúde (SUSAM) afirmou em nota que o Amazonas já teve um total de 508 profissionais atuando pelo programa e, desse total, 318 eram cubanos e a maioria trabalhava nos DSEIs. Anúncio


8 | PERNAMBUCO

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“Querem que a escola forme operários sem consciência, que aceitem as desigualdades” EDUCAÇÃO. Em conversa com o Brasil de Fato, educador fala do projeto Escola Sem Partido, que tramita no Congresso Arquivo pessoal

Vinícius Sobreira

ramita na CâmaT ra Federal o Projeto de Lei 7180/2014, apeli-

dado de Escola Sem Partido. O projeto impõe limites rígidos para o que educadores podem ou não falar em sala de aula, além de restringir debates sobre igualdade entre homens e mulheres (gênero), respeito à diversidade sexual e à pluralidade religiosa. Para o professor Paulo Rubem Santiago, que foi Deputado Federal por dois mandatos (2003 a 2010), o projeto é irresponsável e covarde. Paulo Rubem tem formação em Educação Física, foi professor da rede pública estadual, presidiu o sindicato da categoria no início dos anos 1980. Teve mandatos de vereador do Recife (199394), em seguida deputado estadual (1995-2002), além de federal. Hoje dá aulas na UFPE. Sempre teve como pauta prioritária a educação pública. Ele considera que o “Escola Sem Partido” coloca o educador como vilão da educação. “É responsabilizar o professor pelos fracassos da educação brasileira. Isso é uma irresponsabilidade, coisa de quem não tem conhecimento do que é uma rotina de um educador”, criticou. O projeto é amplamente apoiado por setores sustentados no conservadorismo moral, a exemplo da dita Bancada Evangélica, que comanda o grupo que trata do PL. Comissão de análise do projeto é presidida pelo deputado Marcos Rogério (DEM-RO) e a relatoria foi elaborada pelo deputado Flavi-

“Paulo Rubem é professor e ex-deputado pernambucano”.

Só há sentido na educação para a cidadania e desenvolvimento pessoal e profissional se estimularmos o pensamento crítico nho (PSC-SP). O vice presidente da comissão e um dos líderes em defesa do projeto é o pernambucano Pastor Eurico (PATRI). Paulo Rubem avalia que o projeto de lei é parte de uma grande movimentação para silenciar as pessoas que sonham com uma sociedade mais justa. “Esse projeto está dentro de algo maior, que é a tentativa de criminalizar todos os sujeitos sociais que não se veem passivos, mas protagonistas e ativos na construção de um projeto de educação e de sociedade”, afirma. Paulo Rubem

lembra ainda que está em curso não só a criminalização contra os professores, como também contra os estudantes que se manifestam nas escolas e universidades, contra o sindicalismo, contra os movimentos dos sem terra (MST) e sem teto (MTST). O educador lamenta ainda que o projeto busque acabar com os estímulos ao pensamento crítico nos estudantes. Segundo Santiago, “é impossível construir o processo de conhecimento sem levar o aluno à reflexão”. “O aluno precisa ser estimulado ao pen-

samento, ao raciocínio, à análise. No momento em que ele é estimulado a pensar, ele é também estimulado a fazer uma crítica à situação que está diante dele, seja no caderno, num mapa ou numa tela”, completa. O ex-deputado considera que esse é um fator fundamental para despertar a curiosidade e o interesse em qualquer disciplina escolar. Ele faz referência ainda à Constituição Federal, que coloca sobre a Educação a responsabilidade de dar uma formação integral da pessoa humana, para o desenvolvimento da cidadania e que garanta o processo de formação para o mercado de trabalho, com dignidade e todos os direitos previstos na legislação. “Só há sentido na educação para a cidadania e desenvolvimento pessoal e profissional do educando se estimularmos o pensamento crítico, analítico, com autonomia do estudante”, diz Paulo Rubem. “O jovem não é uma máquina e não pode ser educado para ser uma máquina ou uma engrenagem que se encaixe no mercado de trabalho sem ter qualquer tipo de reflexão sobre o próprio trabalho”, completa. Outro erro apontado por Paulo Rubem é a tentativa de impor uma mesma aula para professores diferentes, em escolas diferentes, dentro de contextos tão diversos. “Só defende uma proposta dessa quem não conhece as realidades de escolas na periferia do Recife, ou uma na Amazônia, no cerrado, no semiárido ou na zona da mata”, afirma. Na sua visão, o contexto socioeconômico em que os estu-

Gil Menezes

Os planos de educação não são só projetos de escolarização, mas um embrião de um projeto de sociedade

nômico do jeito que ele é”, pontua. “Por isso os planos de educação não são só projetos de escolarização, mas um embrião de um projeto de sociedade”, conclui. Uma forma de evitar isso seria ajudar os estudantes a conhecerem suas próprias histórias, a história do bairro, do seu povo, de sua cidade e país. “Por isso precisamos estudar a resistência do povo negro, dos indígenas. É preciso com-

preender por que os trabalhadores da zona da mata eram tratados debaixo da chibata e sem carteira assinada até 1960”, avalia. “Estudar por que o Acordo do Campo, de Miguel Arraes, para que os senhores de engenho finalmente assinassem as carteiras de trabalho, aqui foi visto como um ato ‘comunista’, quando em qualquer local do mundo seria um ato de cidadania, dignidade e respeito ao trabalhador”.

Pedro Menezes

dantes e a escola estão inseridos precisa ser considerado na construção do plano de ensino e dentro das salas de aula. “Se a escola não tiver professores habilitados, biblioteca, material didático, merenda, essa escola só vai somar as próprias deficiências às deficiências trazidas pelos estudantes”, diz. Ele menciona ainda a necessidade

de prática esportiva, visitas a museus e outras atividades que contribuem na formação cidadã. Também a educação deve ajudar crianças e adolescentes a compreenderem a própria realidade exterior à escola. “É o que Paulo Freire dizia: precisamos ensinar o estudante a ler a palavra, mas também a ter leitura do mundo”, diz Paulo Rubem. “E para ler

to de partida os artigos da Lei das Diretrizes e Bases (LDB) da Educação, em aprovada em 1996, que afirmam que cada escola deve ter seu projeto político-pedagógico, que deve ser construído em conjunto com a comunidade escolar (estudantes, familiares e educadores). “Doutrinação” Questionado sobre as alegações de “doutrinação” contra professores que estimulam o desenvolvimento de senso crítico, Paulo Rubem ironiza e lembra que o amplo acesso às tecnologias permite que os estudantes busquem informações por conta própria. “Quanto mais assistimos ao avanço tecnológico, mais dio mundo e a realidade ao fícil acreditar em ‘professeu redor, o aluno precisa sores doutrinadores’. Essa construir conhecimentos proposta da Escola Sem os mais diversos. É preci- Partido é que, sim, é uma so conhecer própria a his- doutrinação”, alerta. “Eles tória, a geografia local, a si- querem que a escola cumtuação do meio-ambiente pra uma função mecânica, formadora apenas de à sua volta”, completa. Essa compreensão do operários sem autonomia, mundo vem com uma sem consciência crítica, educação “contextuali- sem conhecimento de dizada”, que, lembra Paulo reitos, que aceitem as desiRubem, tem como pon- gualdades do sistema eco-

Educação à Distância Sobre Educação à Distância (EaD), Paulo Rubem alerta que a tecnologia em si não faz milagres. O ex-deputado afirma que a EaD se transformou numa mercadoria que atende ao interesse dos grandes empresários da educação privada, já que é um serviço de baixo custo e grande rentabilidade. “Essa mudança proposta não tem nenhum objetivo pedagógico. Não existe nenhum país do mundo que tenha melhorado seu sistema de educação fazendo isso”, alerta. “Eu só vejo um motivo para essa mudança: o interesse pelo dinheiro, pelo lucro, com as empresas substituindo o papel do Estado e das secretarias de educação, além de substituírem os professores por vídeos”.


10 I CIDADES

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Brasil de Fato PE

Mulheres se organizam em busca da autonomia financeira Monyse Ravena

SEMIÁRIDO. Na Paraíba, a produção e beneficiamento de frutas colhidas nos quintais foi a alternativa encontrada Monyse Ravenna, de Sousa (PB)*

ão Gonçalo é um disS trito do município de Sousa, no sertão pa-

raibano. A localidade fica situada bem próxima às margens da rodovia federal 230, na bacia hidrográfica do Rio Piranhas, cerca de 15 km da sede do munício e 450 da capital João Pessoa. O distrito de São Gonçalo, assim como todo o município de Sousa, está localizado no Semiárido brasileiro, tipo de clima caraterizado pela escassez e irregularidade das chuvas, assim como forte evaporação e altas temperaturas. Em Sousa, como em uma parte do Semiárido brasileiro não é raro a temperatura bater os 38

Antes da denúncia o grupo comercializava cerca de 4 mil reais por mês

graus e a estação chuvosa, normalmente se concentra entre os meses de janeiro e maio. A média pluviométrica da cidade é de cerca de mil milímetros, enquanto a evaporação de 2 mil mm. Com mais de 3 200 horas anuais de insolação, São Gonçalo é conhecida como a localidade onde o Sol mais brilha em todo o Brasil. É nesta localidade que encontramos um dos maiores perímetros irrigados do Brasil. Os perímetros são projetos controversos que geralmente estão sob a coordenação do Departamento Nacional de Obras contra

mas não desanimamos estamos correndo atrás da regularização a Seca (Dnocs) e que podem beneficiar pequenos e grandes produtores sendo que, em geral, grandes produtores conseguem ter mais sucesso porque têm mais acesso a créditos e subsídios governa-

mentais. Não é diferente em Sousa, o perímetro de São Gonçalo ficou conhecido na região pela produção de banana e coco. Mas não é da grande produção que falaremos aqui e sim da experiência de uma pequena fábrica de beneficiamento de popas de frutas, protagonizada por mulheres. Nessa experiência tudo que é colhido nos quintais se aproveita: acerola, goiaba, manga, graviola, caju, tamarindo, abacaxi, uva, entre outros, são 12 sabores de polpas que viram sucos. Quem nos conta é Claudete Varela, liderança da comunidade e idealizadora da pequena fábrica. Claudete também nos conta que depois de dois anos bem sucedidos tem enfrentado dificuldades depois que uma grande fábrica da cidade denunciou a pequena fábrica das mulheres pela ausência do registro da vigilância sanitária, “mas, não desanimamos, estamos correndo atrás da regularização”. Desde a denúncia elas não conseguem mais acessar o Progra-

ma Nacional de aquisição de Alimentos (PNAE) e o Programa de Alimentação Escolar (PAA) e por isso a pressa na regularização. Antes da denúncia o grupo comercializava cerca de 4 mil reais por mês e atualmente o valor é de mil reais, o que diminuiu muito a renda das famílias. Claudete relembra que antes da fábrica toda a produção de fruta colhida era entregue para atravessadores e grandes fábricas da região e que as mulheres não querem voltar para esta situação. Atualmente um agrônomo acompanha o grupo e tem contribuído com a regularização sanitária. O grupo já conseguiu emitir a certidão municipal e agora busca a nacional. *A repórter viajou a convite da IPS (Inter Press Service – América Latina). Anúncio

Extinguir o Ministério do Trabalho é precarizar as relações de trabalho

Não ao trabalho escravo! Não ao trabalho infantil!


Brasil de Fato PE

Recife, 07 a 13 de dezembro de 2018

ENTREVISTA l 11

“A essência da reforma trabalhista é fazer com que a população pense que o emprego será um favor” TRABALHO. Coordenador geral do SindsepPE aponta que medidas antipopulares estão sendo tomadas no país sem diálogo com a população.

Arquivo Pessoal

Daniel Lamir

J

osé Carlos de Oliveira é coordenador geral do Sindicato de Servidores Públicos Federais de Pernambuco, o Sindsep-PE. Em conversa com o Brasil de Fato Pernambuco, o sindicalista falou a respeito da retirada de direitos promovida na agenda do atual governo Temer, que será continuada no futuro governo Bolsonaro, a partir de cortes de gastos em serviços básicos como saúde e educação e a precarização do trabalho a partir da Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência. Brasil de Fato (BdF) – Na sua opinião, que agenda está posta para a questão do trabalho e emprego a partir das reformas previstas? José Carlos de Oliveira (JCO) – A agenda que está posta no país a partir do Golpe de 2016 é uma agenda que aponta que toda e qualquer movimentação da riqueza do país, da produção, do PIB, da riqueza gerada pelo trabalho, tudo tem que afunilar para um único setor. Tudo o que vem retirando de forma rápida e desastrosa os direitos conquistados de forma históri-

O que nós queremos é que os direitos sejam ampliados ca vai na linha de prevalecer o capital. Nem o setor produtivo nesse momento está em pauta. A equação é simples de entender: retiram-se os direitos da classe trabalhadora, que vai ser onerada em detrimento do benefício do capital. BdF – Recentemente tivemos mudanças nas regras trabalhistas, em 2017, sem haver diálogo com a população. O novo governo que assume em 2019 não realizou debates sobre o tema. Na sua opinião, um maior diálogo sobre esse tema é necessário? JCO – O diálogo é um elemento fundamental na democracia. Quando se

afronta o regime democrático, se faz de forma unilateral. O que tem acontecido de fato nesse país ao logo desses últimos anos? É um cenário de muita preocupação, porque tudo o que vem sendo implementado vai numa linha de ações estratégicas que passam obrigatoriamente pela destruição da proteção social. A começar pela Emenda Constitucional 95, que a grande mídia prestou um desserviço à sociedade brasileira quando intitulou de “PEC do Teto dos Gastos Públicos”. Os gastos públicos já são limitados pela Lei de Responsabilidade Fiscal e pela Lei Camata, então esse entulho autoritário que foi colocado diminui obrigatoriamente o tamanho do Estado, mas só no que se refere às políticas de proteção social. Se assemelha à situação da Reforma Trabalhista, ou “contrarreforma”, que serviu para desmontar a Consolidação das Leis do Trabalho sem nenhum debate. O que foi vinculado pela grande mídia foi que era “um remédio amargo, porém necessário”, que

não mexeria com direitos de ninguém e que geraria empregos, o que são grandes mentiras. Agora eu pergunto, quais foram os empregos gerados? A essência da Reforma Trabalhista, além da retirada de empregos, é tentar fazer com que emprego seja visto como favor no futuro. Tem uma gama de aspectos que apontam para a morte da classe trabalhadora, não há diálogo. BdF – Algumas pessoas colocam que melhores condições de trabalho ajudam no desenvolvimento do país. Qual sua análise sobre essa proposta de ao invés de reduzir a qualidade e condições de trabalho da população, melhorar o desenvolvimento do país? JCO –Se exige cada vez mais qualificação para jornadas de trabalho cada vez mais exaustivas, mais desprotegidas e com salários menores. Então, é oportuno analisar os últimos dados do IPEA. Além de ter aumentado a massa de trabalhadores na linha de pobreza, a média salarial do Brasil já é 18% menor do que a China, que era o país conhecido mundialmente por produzir por intermédio de

mão de obra semiescrava, com jornadas de trabalho exaustivas e salários muito baixos. O Brasil, segundo a denúncia do próprio IPEA, já tem uma média salarial inferior à praticada na China. O que pode fazer do Brasil um país que encontre suas soluções no mercado interno? O poder de compra da população. Essa linha de destruir uma das maiores políticas de distribuição de renda dos últimos anos, que não foi o Bolsa Família, mas exatamente a valorização do salário mínimo, aponta que terá uma legião de miseráveis trabalhando sem direitos e com um parco poder de compra. O que nós queremos é que os direitos sejam ampliados, que se tenha uma agenda do trabalho decente e nós não podemos concordar que cada vez vamos ter que trabalhar mais para ganhar menos. O ser humano não nasceu só para trabalhar, mas hoje nós passamos um terço de nossas vidas nos nossos locais de trabalho. Como fica a qualidade de vida dessas pessoas? Com a Reforma Trabalhista, o que eles querem é uma atividade sem risco algum para o empreendimento, todos os riscos ficam com o trabalhador. Anúncio


12 |CULTURA

O que

tu indica

Recife, 07 a 13 de dezembro de 2018

EU NÃO SOU UMA BRUXA Carolina Reis é estudante de engenharia civil

Divulgação

ste longa-metragem de E 2017 dirigido pela diretora zambiana Rungano Nyoni retrata a realidade da jovem de 8 anos Shula (Maggie Mulubwa) acusada de bruxaria por uma banalidade e obrigada a viver em uma colônia itinerante de bruxas, prestando serviços ao governo, sendo exilada para um campo de bruxas no meio do deserto. No local, ela passa por uma cerimônia de iniciação em que aprende as regras da sua nova vida como bruxa. Como as outras residentes,

ela é amarrada em uma grande árvore, sendo ameaçada de ser amaldiçoada e de se transformar em uma cabra caso corte a fita. Nesta jornada, o governo acredita que essas mulheres tem poderes sobrenaturais e como prestação de serviço as “bruxas” têm funções de trabalho peculiares devido a crença da população na Zâmbia. Uma grande obra que tem críticas à intolerância com o feminino, ao colonialismo, ao patriarcalismo, às superstições. Com uma cajadada só, a diretora expõe a problemática da exploração do trabalho, reaviva a vergonhosa ação dos “zoológicos huma-

nos” como turismo para pessoas brancas e principalmente trata da questão do controle e poder sobre o corpo feminino. Ela ultrapassa as questões românticas atreladas ao olhar que o ocidental tem muitas vezes sobre as tribos africanas, desnaturalizando a ideia de convivência harmônica intra-tribos, além de denunciar o sistema de exploração e manipulações do misticismo. Tudo isso acompanhado de uma excelente direção de fotografia e arte, as mudanças de cor da película nos aproxima muito da realidade e sensações das personagens. É inevitável não se emocionar após o seu término mesmo com a belíssima mensagem de libertação. “Eu Não Sou Uma Bruxa” é uma grande revelação que garantiu a Rungano Nyoni um prêmio BAFTA. Carolina Reis é estudante de engenharia civil

Agenda Cultural Música

Música

Sambada de Fim de Ano

Ciranda Rural

sos grupos, mestres, brincantes resgatando a essência da cultura nordestina. No dia 09 de dezembro será realizada a sambada de fim de ano, com início às 16h, na Rua Mercúrio, Água Fria, Recife. Vai ter Coco dos Véi, Coco da Bomba, Afoxé Ara Omim, Coco do Seu Benedito e mais. O evento é gratuito.

rá a penúltima edição do Projeto Ciranda Rural. O evento contará com a apresentação das Filhas de Baracho. Além disso, a Rural estará presente sob o comando de Roger de Renor e Nilton Pereira, microfone aberto para poesia, bares do Pátio funcionando, além da Igreja de São Pedro aberta à visitação. É gratuito.

Música

PE tem Capoeira Sim Senhor

projeto cultural No Alto omingo, dia 09 de dezemaracatu, maculelê, musiO Tem Coco, resiste a mais Dbro, no Pátio de São Pe- Mcalidade e muita roda de de 2 anos, trazendo diver- dro, a partir das 16h, acontece- capoeira é o que vai acontecer

no evento Pernambuco Tem Capoeira Sim Senhor. As atividades terão início às 15h30, no Parque Dona Lindu, que fica localizado na na Avenida Boa Viagem - Recife. A entrada é 1 quilo de alimento não perecível e você concorrerá ao sorteio de uma camisa do grupo Pernambuco Tem Capoeira Sim Senhor.

Brasil de Fato PE

Qual é o Bairro?

Prefeitura do Recife

Encruzilhada onto de encontro entre trens P provenientes de Recife, Olinda e Beberibe, o bairro da Encru-

zilhada recebe este nome porque era ali onde esses diferentes caminhos se cruzavam. No século XX, os trens foram substituídos por bondes elétricos da Pernambuco Tramways. Na localidade onde atualmente existe o bairro, havia um curral onde trens do interior de Pernambuco descarregavam suínos e bovinos, que ali permaneciam durante o tempo de engorda, antes de serem deslocados para o matadouro de Peixinhos. A característica de ser um bairro ligado à circulação de mercadorias se mantém até hoje, porque o bairro possui seu próprio Mercado da Encruzilhada, construído em 1924, que movimenta a cena comercial local com produtos diversos como verduras, pescados, frutas, aves, carne vermelha, entre outros alimentos, além de bares e botecos que animam a noite da Zona Norte. No Largo da Encruzilhada, cruzam-se, hoje, as importantes avenidas João de Barros e Beberibe, a Estrada de Belém e as ruas José Maria e Castro Alves.


Brasil de Fato PE

Variedades l 13

CULTURA | 13

Recife, 07 a 13 de dezembro de 2018

De Nossa Senhora da Conceição a Iemanjá, Pernambuco tem dia dedicado à fé FÉ. Marca do sincretismo religioso, dia 8 de dezembro é celebrado nas igrejas e terreiros Vinícius Sobreira

esse sábado (8) o esN tado de Pernambuco terá muitas festividades

religiosas. A maior e mais famosa delas é a Festa de Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição, zona norte do Recife, que teve início no dia 27 de novembro e chega ao fim nesse sábado (8). Mas o dia também é de festa para os adeptos das religiões de matriz afro-brasileira. Em Pernambuco, o 8 de dezembro é também o dia de Iemanjá. E as duas representações têm forte ligação. No dogma católico a Nossa Senhora da Conceição, ou Imaculada Conceição, é ninguém menos que Maria, a mãe de Jesus Cristo. Morador do Morro da Conceição, o religioso Reginaldo Veloso explica o simbolismo de Maria para a fé tradicional católica. “Existe a compreensão de que Maria teria sido concebida de modo especial. Enquanto os demais seres humanos nascem com a ‘tara’ do pecado original, ela teria nascido sem isso. E que teria sido uma pessoa toda pura, para receber em seu ventre aquele que nós cremos ser o salvador Jesus Cristo”, afirma. Presbítero leigo das comunidades eclesiais de base e assessor do Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), Reginaldo lembra que “conceição” é uma palavra antiga para o termo concepção. “Imaculada

Há décadas atrás, quando cultuar orixás era proibido, tínhamos que fazer nossas celebrações usando imagens dos santos católicos

Em Pernambuco, a Imaculada Conceição é associada a Iemanjá, divindade das águas, da fertilidade e da maternidade Conceição não é propriamente um nome, mas um atributo, uma forma de dizer que ela foi concebida sem o pecado”, diz Veloso. A comemoração no dia 8 de dezembro se dá porque a data é tida há séculos como o dia em que Maria foi concebida pelos seus pais, Ana e Joaquim, exatos nove meses antes de seu nascimento, em 8 de setembro. A mãe de Cristo é celebrada sob muitos nomes. “Alguns nomes soam estranhos, outros refletem

aspectos da pessoa, a expectativa ou sentimento que foram mais relevantes para certas comunidades”, pontua Reginaldo Veloso. O tema da Festa do Morro em 2017 foi “Muitos nomes, uma só mãe”. A Nossa Senhora da Conceição é lembrada inclusive no islamismo, religião que nasce no Oriente Médio e, portanto, bebeu das mesmas raízes que o judaísmo e o cristianismo. Os muçulmanos também são monoteístas (creem num único Deus), possuem um livro que acreditam trazer a revelação final de Deus e têm como principal líder o mais recente dos profetas, Maomé, nascido mais de 500 anos após Jesus. Algumas correntes religiosas surgidas no Brasil, a partir das misturas do cristianismo europeu com culturas e religiões indígenas e africanas, associam Maria a diferentes orixás. Em Pernambuco, a Imaculada Conceição é associada a Iemanjá, divinda-

de das águas, da fertilidade e da maternidade, representada trajando azul. Por isso em muitos terreiros pernambucanos o dia 8 de dezembro é dia de Iemanjá. “Há décadas atrás, quando cultuar orixás era proibido, tínhamos que fazer nossas celebrações usando imagens dos santos católicos. A imagem de Santa Bárbara para nós representava Iansã, já São Jorge era Ogum, Nossa Senhora da Conceição era Iemanjá. Então precisávamos ‘nos esconder’ atrás desses santos”, conta Yasmin Santos, candomblecista, filha de Iemanjá e cuidadora (yabá) do terreiro Ilê Axé Yemanjá Ogunté, no Recife. No terreiro que frequenta, de Nação Nagô, o sincretismo religioso (mistura de elementos de diversas doutrinas) é visto como algo positivo. Mas Yasmin faz a ressalva que essa não é uma visão unânime entre os adeptos das religiões de matriz africana ou afro-brasileiras. O presbítero Reginaldo Ve-

loso também vê a mistura como uma soma positiva. “Tenho muito respeito com as devoções da umbanda e candomblé. Os cultos de raízes africanas celebram a presença de Deus na natureza de maneira muito bonita. O fato de interpretarem a seu modo a figura de Maria, identificando-a com Iemanjá, de forma alguma tira o brilho da figura de Maria como nós a veneramos no catolicismo”, afirma. No Morro da Conceição, desde o dia 30 de novembro a rotina no Santuário tem sido de 5 missas diárias, às 7h, 9h, 11h, 14h e 16h. No sábado o dia começa com a celebração eucarística, às 4h da manhã, recebendo ainda a Procissão de Encerramento, quando cerca de 200 mil pessoas saem às 15h do Forte do Brum, no Cais do Apolo, bairro do Recife, e percorrem a avenida Norte até o Morro. À noite a celebração é encerrada com a última missa, o Novenário, a partir das 19h30.


14 | VARIEDADES

Recife, 07 a 13 de dezembro de 2018

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HORÓSCOPO 07 a 13 de dezembro de 2018 Áries: Com Marte em Peixes tudo ganha ares de mistério, por isto não deixe a incerteza tomar conta de você. Tu encontrarás todas as respostas se conseguir acessar tua conexão com o Sagrado. Tenha paciência e inspire. Touro: Vênus em Escorpião pode te trazer lições preciosas no que se refere às suas relações afetivas. Momento para refletir sobre seus sentimentos e emoções. Sair pra dançar é uma boa pedida para extravasar. Gêmeos: Sua capacidade de socializar ideias será potencializada se você conseguir entender o lugar de fala do(a) outro(a). É um desafio para todos(as) nestes tempos nebulosos. Você está mais criativo(a), se sairá bem. Cancêr:Não há outro momento para viver se não no agora. Lembranças do passado e expectativas do futuro funcionam bem quanto utilizadas para balizar nosso poder de ação. É preciso muita disciplina de sua parte. Leão: A imagem que as pessoas têm de você, tem mais a ver com a sensação que tu causa nelas, do que propriamente com tua imagem externa. Muitas aventuras à vista leonino(a), mas lembre-se que tudo tem consequências. Virgem: Faça deste momento um poema. É um momento de autodescobertas, de experimentar o novo. Para tudo isto é preciso cultivar a autoconfiança, Vênus em Escorpião deixa tudo mais sensual e profundo. Libra: Perder liberta, este será o mantra para encontrar seu equilíbrio nos próximos períodos. Sua motivação será a chave para melhorar todos os setores da sua vida, principalmente suas relações políticas. Escorpião: Lembre-se que quem faz sentido é soldado (foi Mario Quintana quem disse). As mudanças chegam sem maiores explicações e pedem flexibilidade e paciência de sua parte. Use sua coragem para viver as novidades. Sagitário: Sua energia pessoal incendeia a vida com tanta intensidade que é impossível olhar pra ti sem pestanejar. Sol e Júpiter transitando em seu signo te deixam assim, mais otimista. Toda via, mantenha os pés no chão, você pode se queimar. Capricórnio: Olhe para as pessoas que caminham ao teu lado, este é um momento para entender que a vida é muito mais que cumprir tarefas. Com Saturno transitando em seu signo tome cuidado com sua saúde, faça alongamentos assim que despertar.

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Aquário: Use sua energia de maneira construtiva. Duas ferramentas importantes que terás que usar no próximo período é a paciência histórica e a força do diálogo. Lembre-se: a história não está morta e nem morrerá em seguida. Peixes: Como disse um velho sábio: “não caia na tentação de imaginar como serão as cores da parede se você ainda não sabe como levantar os alicerces”. Sua intuição é poderosa, mas somente se atendida pelo prisma da realidade.


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VARIEDADES l 15

Nossa cozinha Pão de Beterraba MODO DE PREPARO 1.Corte a beterraba em pedaços e bata no liquidificador com a água que cozinhou a Beterraba

Há 1 mês meu esperma está saindo com sangue. O que pode ser isso?

2.Acrescente os 2 ovos, o fermento, o sal, o açúcar e a margarina

Nilton Messias, 45 anos, auxiliar de transporte.

3.Bata até ficar bem misturado

INGREDIENTES 1 beterraba média 1/2 xícara (chá) de água 3 ovos 15 g de fermento fresco (biológico) 1 pitada de sal 1 colher de creme de cebola 2 colheres (sopa) de açúcar 50 g de manteiga 500 g de farinha de trigo Gema para pincelar

4.Coloque em uma tigela e acrescente a farinha aos poucos 5.Amasse até formar uma massa que desgrude das mãos 6.Deixe crescer até dobrar de volume por cerca de 30 minutos 7.Modele o pão (ou os pães) e coloque em uma assadeira untada com óleo 8.Deixe crescer por mais 30 minutos 9.Pincele com a gema e leve para assar em forno moderado (170°), por 30 a 35 minutos

Caro Nilton, como este problema já está recorrente, é necessário que você procure um médico para avaliar o que está causando. Quando o esperma contém sangue, pode haver alguma infecção, inflamação ou mesmo algum ferimento na próstata, na uretra ou nos testículos. Pode tratar-se de doenças sexualmente transmissíveis, efeitos colaterais de alguns medicamentos, aumento do tamanho da próstata, inflamações nos testículos ou até mesmo algum tipo de câncer. Procure atendimento o quanto antes para diagnosticar e tratar este problema.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF

Saboreie!

ESPORTES

Esporte de baixo custo, caminhada pode prevenir doenças físicas e mentais SAÚDE. Sem equipamentos complexos e roupas caras, caminhar é uma opção barata contra o sedentarismo Arquivo pessoal

De acordo com a OMS, 30 minutos de caminhada por dia já pode

Vanessa Gonzaga

M

esmo com o crescimento de diversas práticas esportivas como o crossfit, musculação e pilates, a caminhada segue sendo uma das preferidas, especialmente pelo custo zero e a facilidade de encontrar pistas ou locais para fazer os trajetos. A Organização Mundial de Saúde (OMS)

recomenda 150 minutos de exercícios de intensidade moderada ou por semana, que pode diminuir o risco de ter doenças cardiovasculares, diabete tipo 2, derrame cerebral e alguns tipos de câncer. Isabella Carvalho tem 22 anos e retomou regularmente a prática da caminhada há poucos meses. Para ela, o principal benefício é ter mais disposição no dia a dia

“Eu vejo que sou muito sedentária. Já vi em vários lugares que fazer caminhada melhora o sono, a disposição e também pra ter um corpo melhor”. O educador físico Charles Moraes reforça os aspectos positivos para quem quiser começar a se exercitar “A caminhada não exige habilidade, e sim coordenação ao caminhar. É uma atividade barata, pode ser feitas praticamente a qualquer hora do dia, não tem restrição de idade”. Por não precisar de equipamentos, roupas especiais e infraestrutura complexa, a caminhada é uma das principais iniciativas de quem deseja ver os números na balança diminuindo. “A caminhada apresenta

maior índice de adesão aos exercícios para a prevenção de problemas e promoção de saúde, e é bom lembrar que as atividades físicas devem fazer parte de um programa global de saúde, para não causar malefícios”, reforça Charles. Além dos benefícios para a saúde do corpo, o hábito de fazer caminhadas pode também melhorar a saúde mental. Um estudo feito pela Universidade de Essex, no Reino Unido, concluiu que a caminhada, especialmente se feita em áreas verdes ou jardins pode melhorar o humor, a autoestima e ajudar a combater a depressão, devido aos níveis de endorfina liberados frequentemente. É para relaxar e melhorar a

autoestima que Vânia Furtado faz caminhadas há quatro anos. Para ela, caminhar é relaxar o corpo e a mente da rotina estressante do trabalho. Os resultados para Vânia vieram também na balança, com 10 quilos a menos. Vânia também dá dicas para manter o hábito, como vir sozinha, para evitar distrações e conversas paralelas que diminuem o ritmo da caminhada e ouvir música. Para vencer a preguiça em dias de desânimo, ela conta um segredo: “Pra pegar o hábito, é deixar a roupa de caminhar num lugar visível, porque aí você fica lembrando que não pode deixar de vir. É olhar pra roupa, vestir e pensar ‘vamos lá’”.


NA GERAL Bahia4_FelipeOliveira_ECBahia.

Divulgação

Brasil tenta voltar Copa do Nordeste Sub-20 ao topo no surf

sta semana a CBF divulgou seu Ranking de Clubes atualizado para 2019. A classificação das equipes leva em consideração a posição de cada agremiação nas competições realizadas nos últimos 5 anos. Com o título do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras (16.914 pontos) assume a liderança isolada do ranking. O melhor nordestino é o Bahia (15º, com 8.862 pontos), seguido de Sport (16º, com 8.450) e Vitória-BA (17º, com 8.329 pontos). O Ceará é o 23º no ranking, com 6.274 pontos. O Santa Cruz está em 28º, com 5.061 pts; o Náutico em 36º, com 4.063 pts; o Salgueiro em 50º, com 2.148 pts.

N

este sábado (8) tem início, no Havaí, a última etapa da Liga Mundial de Surfe (WSL). Após 10 etapas, dois brasileiros e um australiano disputam o título de melhor surfista do mundo em 2018: Gabriel Medina, campeão em 2014, tenta seu segundo troféu; seguido por Felipe Toledo e Julian Wilson, que nunca chegaram ao topo da WSL. Com transmissão online pelo site da WSL, a disputa se estende durante a semana, dependendo das condições do mar. Se Medina for finalista no Havaí já terá pontuação suficiente para ser campeão de 2018.

Final da 2ª divisão de Futebol Americano

Filipe Spenser

GOL

O

CONTRA

Pernambuco rebaixado em todas as divisões

C

om a queda do Sport da Série A para a B, o estado de Pernambuco conseguiu a marca de, num intervalo de dois anos, ser rebaixado em todas as divisões do Campeonato Brasileiro. Em 17º entre 20 clubes, o Leão caiu após cinco temporadas na primeira divisão. Já o Salgueiro, que jogou a Série C, foi rebaixado ao encerrar a competição na lanterna do Grupo A. Em 2017, na Série B, a dupla Náutico e Santa Cruz fizeram campanha pífia que os levaram ao rebaixamento para a Série C, da qual não conseguiram sair este ano. Na Série D não existe rebaixamento, mas há muito tempo uma equipe pernambucana não faz uma campanha que se aproxime do acesso à Série C.

O FANTASMA DA QUEDA Daniel Lamir

Stella Nascimento ssnascimento_24@hotmail.com

filipespenser@gmail.com

pré-temporada do Náutico começou e, com ela, várias idas e vindas. Além da manutenção da base do ano passado, o clube contratou o meia-atacante Allan Patrick, vindo do Francana-SP, e o atacante Matheus Carvalho, que disputou a Série C pelo ABC. Além das contratações, hoje, 7 jogadores campeões pernambucanos do Sub-17 treinam com o elenco principal. Mas com o retorno dos jogadores que estavam emprestados, os jovens devem voltar para a base. Há expectativa que com o fim do Campeonato Brasileiro e da segunda divisão do Campeonato Paraguaio cheguem novos jogadores nos Aflitos. Por outro lado, o volante Jhonnatan foi levado pelo CSA e há possibilidade dos pratas da casa Robinho e Luiz Henrique serem comprados em definitivo por Goiás e Bahia, respectivamente. A pré-temporada promete ser bem movimentada.

E

stá chegando ao fim a Copa do Nordeste Sub20, da qual participaram 16 clubes da região. A competição, com atletas de até 20 anos de idade, envolveu os pernambucanos Santa Cruz, Náutico e América, além de clubes do peso de Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza. O Timbu e o Periquito caíram já na fase de grupos, com 10 pontos e 4 pontos respectivamente. Já o clube Coral liderou seu grupo, com 13 pontos. A semifinal contra o Bahia foi na noite desta quinta-feira (6), em Aracaju. O jogo teve início às 21h e ainda não estava definido até o fechamento desta edição do jornal.

A

o menos com a bola oval Pernambuco vai bem. Com um time já na 1ª divisão brasileira do futebol americano (BFA), o Recife Mariners, o estado já garantiu mais uma vaga no torneio de 2019: a definir apenas se será uma vaga sertaneja ou mais uma do Recife. Isso porque a final da 2ª divisão será entre dois pernambucanos: neste sábado (8), o Petrolina Carrancas e o Recife/Santa Cruz Pirates duelam em jogo único pela vaga na elite. O confronto acontece no Estádio Paulo Coelho, em Petrolina, a partir das 17h. Ingressos a R$10.

2019 É LOGO ALI

IDAS E VINDAS

A

Diivulgação SantaCruz_Sub20

GOL DE PLACA

Santa Cruz Pirates_LightinShape

Ranking da CBF

E

Brasil de Fato PE

Recife, 07 a 13 de dezembro de 2018

16 | ESPORTES

Santa Cruz se reapresentou e agora não tem mais para onde fugir: o ano de 2019 já começou no Arruda. O elenco, que não tinha forma, começa a ganhar corpo, nomes e rostos. Até a segunda-feira (10) o dirigente Luciano Sorriso espera apresentar mais cinco reforços. Esta semana foram apresentados Luiz Felipe e Lucas Gonçalves, ambos de 22 anos e sem passagens por clubes de expressão. Luiz Felipe é meia que joga pelas pontas, enquanto Lucas Gonçalves é primeiro volante. O Tricolor será a maior vitrine deles. Mas o que realmente importa é: será que eles nos ajudarão a sair desse buraco sem fim que se chama Série C? Tenho gostado da filosofia de Luciano Sorriso como dirigente, mas se vai funcionar, só o tempo poderá dizer. O ano novo já começou, tricolores. É hora de colocar as mãos na massa.

daniel.lamir@brasildefato.com.br

A

conta não fechou na temporada 2018. Olhar com a razão é saber que o rebaixamento foi merecido pelo desastre de gestão Arnaldo Barros (2017-2018). Mas não há como negar que torcemos pela sorte nas últimas doze rodadas, regadas a uma surpreendente motivação extra. A reação desde a chegada de Milton Mendes foi um ponto fora da curva na realidade de pressão interna do clube. Um bom resultado no futebol também poderia ser usado para encobrir erros maiores. Voltamos à realidade num processo eleitoral com duas candidaturas que ainda não empolgaram. Nas finanças temos um cofre vazio e uma lista cheia de credores aguardando qualquer movimentação. Vai ser um desafio manter alguns atletas, porque a grana ficou pouca. Além disso, alguns podem estar com medo do Fantasma do Barros permanecer pela Ilha do Retiro.


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