BdF PE - Ed. Solidariedade

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BALANÇO | 02 Saiba qual o impacto das ações de solidariedade em Pernambuco

Confira a diversidade de projetos organizados pelo Mãos Solidárias

INICIATIVAS | 03 Pernambuco |

Recife, 21 a 28 de dezembro de 2021 . Ano 6 . Edição Especial 01/2021 . distribuição gratuita

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QUANDO O POVO CUIDA DO POVO

Campanha de solidariedade combina ações de saúde, doações de alimentos e incentivo à organização popular


2 | BALANÇO

Recife, 21 a 28 de dezembro 2021

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Mãos Solidárias une forças para combater a fome em Pernambuco

Ao longo dos últimos dois anos organizações e voluntários mergulharam nas comunidades da região metropolitana e interior do estado

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á dois anos, no início de 2020, o Brasil já vivia um quadro de crescimento do desemprego, da pobreza e o aumento no número de pessoas em situação de rua com um novo governo que não criou políticas para atender a população mais pobre. Em março, chega a pandemia da covid-19. Em Pernambuco os movimentos se uniram para formar a campanha “Mãos Solidárias”, que ao longo de 2020 costurou e distribuiu máscaras, cestas básicas, marmitas com refeições, ajudou a criar hortas comunitárias para a produção de alimentos e formou agentes populares de saúde para educar e cuidar a população nas comunidades a se prevenirem contra o coronavírus. A campanha continua em 2021, agregando outros parceiros, criando novas ações e se expandindo pelo estado de Pernambuco e além. O MST, o Armazém do Campo, sindicatos ligados à CUT e a Fetape, ONGs, a ASA, movimentos de juventude e luta por moradia, organizações como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), universidades públicas e privadas, igrejas protestantes e a Igreja Católica (pela Arquidiocese de Olinda e Recife) são parte dos parceiros. Um dos coordenadores da campanha Mãos Solidárias, Paulo Mansan, conta que o mergulho nos bolsões de po-

breza do Recife lhe permitiu “comprovar, na prática” que a cidade é a capital mais desigual do país (posto que ocupa há 25 anos, de acordo com a Pnad/IBGE). “Todo dia vemos novas pessoas em situação de rua e as palafitas se proliferam”, lamenta.

A campanha recebeu doações de 950 toneladas de alimentos A campanha recebeu doações de agricultores nada menos que 950 toneladas de alimentos, que foram transformadas em 750 mil marmitas distribuídas gratuita e diariamente para a população. Também funcionam ao menos cinco hortas solidárias no Recife, Olinda, Camaragibe, Igarassu e Petrolina. Paulo Mansan afirma que essas ações são fundamentais, mas não resolvem o problema da fome. “Elas ajudam a mitigar, mas é dever da Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal criarem políticas públicas que resolvam isso”. Há poucos sinais de que o cenário vá mudar nos próximos meses. Os agentes populares de saúde se tornaram peça fundamen-

Mais de três mil agentes populares de saúde foram formados em todo o estado

tal na articulação das demais ações. Com a ajuda de especialistas da Fiocruz, universidades, igrejas e sindicatos, foram mais de três mil agentes formados no Mãos Solidárias em cerca de 20 municípios só em Pernambuco. A estratégia foi “exportada” para outros estados brasileiros. Uma das voluntárias é Maria Eduarda Vasconcelos. A jovem de 22 anos é militante católica na Pastoral da Juventude Rural (PJR). Em outubro, após uma convocatória da Mãos direcionada à PJR, Eduarda decidiu se somar. “No início, ainda sem vacina, passei quatro meses sem ir para casa. Mas agora, com todo mundo vacinado, vou com mais frequência”, conta. Os voluntários, que costumam ser mais jovens, viram se somar à campanha um outro perfil: as famílias beneficiadas pelas ações passaram a se envolver nas ações como voluntários. É o caso de Ivanise, moradora de uma comunidade de palafitas no bairro do Pina. “Foi muito bom fazermos amizade com o pessoal dos movimentos. Não está mais faltando comida para a comunidade. Agradeço muito a todos”, diz ela, que agora é coordenadora voluntária de

Não está mais faltando comida para a comunidade uma cozinha popular solidária construída nas palafitas do Pina. No total foram mais de 30 mil famílias diretamente alcançadas pelas ações da campanha Mãos Solidárias no estado, somando mais de 100 mil pessoas beneficiadas – sem contar as 750 mil marmitas distribuídas, com média superior a mil por dia. A campanha não se limitou à região metropolitana e alcançou mais de 50 municípios pernambucanos, do litoral ao Sertão. A campanha precisa de doações financeiras (através da chave Pix 094.232.700.001-80) e de alimentos, além de voluntários. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone/whatsapp (81) 98182-8197 e nas páginas do Mãos Solidárias no Instagram (@maos. solidarias.pe) ou no site da campanha (www.campanhamaossolidarias.org).

Expediente Edição e Revisão: Vanessa Gonzaga | Redação: Rani de Mendonça e Vinícius Sobreira Administração: Iyalê Tahyrine | Diagramação: Ma Nascimento Tiragem: 10 mil exemplares

Em Pernambuco foram mais de 100 mil pessoas beneficiadas pelo Mãos Solidárias


INICIATIVAS | 3

Recife, 21 a 28 de dezembro 2021

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Conheça as principais iniciativas do Mãos Solidárias SOLIDARIEDADE. Atividades vão de doação de

Agência JC Mazella

alimentos até formação de comunicadores populares.

Rede de Bancos Populares de Alimentos

Formação de lideranças que atuam nas comunidades, combatendo os efeitos da pandemia através da organização popular e da defesa do SUS como um direito de todas/os. Já são mais de 3.000 agentes populares formados em todo o estado de Pernambuco.

Existe o Banco Mãe, localizado no Armazém do Campo Recife, que recebe as doações de alimentos – a maioria vindos dos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária. E de lá, os alimentos são distribuídos para os Bancos Populares de Alimentos territoriais. São mais de 30 comunidades atendidas pela Campanha Mãos Solidárias e que têm seus bancos em funcionamento.

Divulgação

Lucila Bezerra/ Brasil de Fato PE

A ação reúne diversos voluntários e voluntárias que produzem alimentos, montam marmitas e distribuem para as pessoas em situação de rua. Já somam mais de 750 mil refeições distribuídas no Recife e na Região Metropolitana. Qualquer pessoa pode participar, basta entrar em contato com a Campanha.

Agentes Populares de Saúde

Divulgação

Marmita Solidária

Cozinha Popular Solidária

Agentes Populares de Comunicação

Roçado Solidário

A primeira Cozinha Popular Solidária inaugurada funciona em uma Palafita, na beira da Bacia do Pina, no bairro que tem o mesmo nome. O espaço tem capacidade para produção de 500 refeições diárias e conta com o trabalho e organização dos próprios moradores e voluntários de outras localidades.

Em parceria com o Brasil de Fato e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Campanha Mãos Solidárias formou dezenas de Agentes Populares de Comunicação, no curso “Agentes Populares de Comunicação: Nossa História Deixa Que a Gente Conta”. Os comunicadores constroem materiais informativos nas suas comunidades.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) doou parte de suas terras nos assentamentos de Pernambuco para plantar solidariedade. Daí, as pessoas das cidades são convidadas a plantarem e colherem alimentos que são distribuídos para os Bancos Populares de Alimentos, como forma de diálogo entre o campo e a cidade.



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