Revista Boat Shopping #36

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A história da construção de barcos em

fiberglass Por Jorge Nasseh

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o mparado com a foto de um quadro antigo que eu tenho ao lado da minha mesa, onde eu contemplo todos os dias a construção de uma escuna de madeira do século 18, e de onde até se pode sentir o cheiro da madeira serrada sobre as mesas dos carpinteiros, sob o céu de uma parte da costa no sul da França; um estaleiro moderno nada se parece com isto. Ao contrário, as fábricas de hoje são instaladas em locais industriais, apertadas entre prédios de concreto e telhas de metal corrugado. O lugar é sempre muito escuro. As instalações são sempre simples. As margens de lucro são baixas. Hoje em dia poucas pessoas podem se dar ao luxo de trabalhar em uma fábrica de barcos de frente para o mar. Mesmo assim, destas compactas cavernas de concreto com um terrível cheiro de produtos químicos saem lindíssimos e bem acabados luxuosos iates. Embora, como todo mundo pode imaginar, muitas coisas tenham se modificado a partir do uso de fiberglass nos barcos, ainda assim, muitos dos aspectos da construção de barcos não mudaram ao longo do tempo. Até hoje, para todo e qualquer tipo de barco, é necessário conseguir algum bom

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desenhista que saiba com precisão gerar linhas hidrodinâmicas e aerodinâmicas, que vão ser depois desenhadas e esculpidas até virar um casco de um barco. Embora tudo seja digital hoje, nada ainda substituiu um bom Nathanael Herreshoff ou um Olin Stephens. Com um molde pronto cada construtor pode laminar e montar quantos barcos quiser, e quantos ele puder vender. Um estaleiro de hoje não é (ainda) como uma fábrica de biscoitos, até mesmo porque barcos ainda requerem muitos detalhes artesanais, mas a idéia é chegar lá. Muitos dos conceitos de construção do século passado ainda são utilizados hoje, mas no coração de um estaleiro, muitos detalhes são bem diferentes. Hoje em dia barcos precisam de engenheiros treinados para serem produzidos, como em uma linha de montagem de automóveis. Todas as etapas são gerenciadas por computadores, e mesmo na empresa que eu trabalho é difícil encontrar uma caneta ou um lápis sobre uma mesa. Estes acessórios não são mais de utilidade para os técnicos atuais, e raramente alguém consegue desenhar hoje a mão livre. Papel vegetal, tinta e curvas francesas

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