Rede de Sementes do Araguaia: Modulo 1

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REDE DE SEMENTES DO ARAGUAIA Apostila Módulo 1 Módulo 1 BJF-2022-JUN

POR

COLETAR

REDE

O

QUAIS

SUMÁRIO
QUE COLETAR SEMENTES?
PARA RESTAURAR
DE SEMENTES DO ARAGUAIA
QUE É UMA SEMENTE? FORMAÇÃO DAS SEMENTES
ESPÉCIES IREMOS COLETAR? ESPÉCIES QUE NÃO IREMOS COLETAR SOBRE O NOME DE CADA PLANTA... ONDE COLETAR SEMENTES? INTRODUÇÃO AO CADERNO DO COLETOR! 3 4 5 6 7 8 13 16 17 19 22 NOME: ENDEREÇO: TELEFONE: EMAIL: ESTA APOSTILA PERTENCE A: 2

Por que coletar sementes?

As sementes criam novas vidas nas florestas e plantações. São usadas na alimentação de humanos e animais, em artesanatos, para tirar óleos e essências, como remédio, e é claro, para recuperar áreas de floresta que foram desmatadas, o qual será nosso propósito.

Coletar para restaurar

No Brasil, é obrigatório que ao redor de nascentes e rios seja mantida – ou recuperada – a vegetação natural. Outras áreas, como as Reservas Legais, também devem ter florestas para permitir a passagem e moradia de animais, a proteção das águas, a conservação do solo e manutenção do clima.

O Instituto Black Jaguar tem como único objetivo criar o Corredor de Biodiversidade do Araguaia , reflorestando e conectando áreas de Cerrado e Amazônia do entorno do Rio Araguaia. Para isso, o desafio é grande: precisaremos plantar cerca de 1.7 bilhão de árvores nativas!

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O nosso objetivo com a criação da Rede de Sementes do Araguaia é de contribuir com esse projeto, fornecendo as sementes que serão usadas nos plantios – tanto as que serão semeadas diretamente no solo, como as que serão utilizadas para a produção de mudas em nosso viveiro – além de dar uma oportunidade para melhorar a renda das comunidades que vivem nas cidades de Santana do Araguaia, Caseara e Marianópolis.

Redes de sementes são grupos organizados de pessoas que coletam e beneficiam sementes de espécies nativas, principalmente árvores, para comercializá-las para projetos de pesquisa e restauração.

Para organizar a nossa rede de sementes, vamos aprender com outros grupos que já existem no Brasil e nos inspirar nas suas experiências, aprender juntos e praticar muito, fortalecendo as comunidades e ajudando a manter e recuperar as florestas da região.

As sementes são o meio de reprodução e sobrevivência das plantas. Elas resistem a condições desfavoráveis – como falta de água, temperaturas muito altas ou baixas - e cada semente contém um embrião, que dará origem a uma nova planta, continuando a espécie. Agora vamos entender como as sementes são formadas:

Formação das sementes DISPERSÃO Rede de Sementes do Araguaia ANOTAÇÕES O que é uma semente? ANOTAÇÕES 6 7 FLORAÇÃO POLINIZAÇÃO FRUTIFICAÇÃO

Formação das sementes

FLORAÇÃO

A formação das sementes começa na floração, que é todo o período em que a planta apresenta flores. As flores contêm os grãos de pólen (que vêm da parte masculina) e os óvulos (que estão na parte feminina).

POLINIZAÇÃO

O encontro do pólen de uma flor com os óvulos de outra é o que chamamos de polinização, momento em que acontece o cruzamento entre as plantas. Esse processo normalmente ocorre com a ajuda de insetos, como abelhas, borboletas e mariposas, de animais, como morcegos e beija-flores ou até mesmo da água e do vento.

Cada planta utiliza uma estratégia de polinização, que tem relação com o tamanho, formato, cor, aroma e horário de abertura das flores.

Beija-flores gostam de flores em formato de tubo, coloridas e que se abrem durante o dia, como a paineira. Foto: Valdison Aparecido Gil.

Borboletas foram de flores também em formato de tubo e com cheiro, como o angico. No caso das mariposas, visitam flores que se abrem à noite.

As flores que são polinizadas com ajuda do vento não precisam de cor, cheiro ou formas para atrair algum animal, mas produzem uma grande quantidade de pólen leve para ser levado pelo vento.

FRUTIFICAÇÃO

Após a polinização, a flor passa por várias modificações. O ovário da flor se desenvolve no fruto, e os óvulos polinizados se tornam as sementes. O período em que as plantas possuem frutos é chamado de frutificação.

Durante a frutificação ocorre o processo de maturação, ou seja, transformações no fruto até que as sementes estejam maduras e prontas para serem dispersadas. É muito comum vermos frutos carnosos que mudam de cor, de cheiro, ou no caso de alguns frutos secos, a sua abertura.

Abelhas gostam de flores pequenas ou grandes, coloridas e com aroma agradável, que se abrem durante a manhã, como a castanheira.

Morcegos gostam de flores grandes, com cheiro forte, branças ou “sem cor”, e que se abrem à noite, como o pequizeiro.

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O peito-de-pombo muda de cor verde para roxo.

O pequi sofre mudança na textura da casca, mas sem mudança de cor.

DISPERSÃO

Quando os frutos ficam maduros, se dá início a dispersão. Como o nome já diz, a dispersão é o momento em que as sementes são espalhadas para que cheguem a novos lugares. Assim como na polinização, esse processo também conta com a ajuda do vento, da água, e de animais, principalmente pássaros e pequenos mamíferos.

Para um coletor de sementes é muito importante saber identificar os sinais de maturação do fruto e entender a estratégia de dispersão de cada espécie, pois esses sinais nos indicam o momento ideal de coleta.

O jatobá passa de verde para marrom escuro quando maduro, e fica preto quando passado.

O fruto da paineira se abre e expõe as sementes e a paina.

As imagens foram retiradas do Calendário Rede do Cerrado, e fotografadas por Marcelo Kuhlmann.

O jacarandá amarelo possui sementes aladas, que são dispersas pelo vento.

O fruto do assacu explode quando seco, liberando as suas sementes sozinho.

A copaíba é muito apreciada por aves como o tucano e o sabiá, e por macacos.

Os ingás que vivem na beira de rios e cursos d’água podem ser dispersos pela água e por peixes, além de aves e macacos.

O jatobá possui sementes envoltas em polpa que é atrativa para antas, cutias e macacos.

Foto: Marcelo Kuhlmann
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LEMBRE-SE!

TODAS as árvores produzem flores, frutos e sementes.

Os frutos SEMPRE aparecem depois das flores

Quais espécies iremos coletar?

Como nosso objetivo é fornecer sementes para a restauração, devemos coletar apenas sementes de espécies nativas.

Espécies nativas são aquelas que são naturais daquele lugar, ou seja, que crescem espontaneamente nas florestas da região. Já as plantas exóticas são naturais de outra região ou país, que foram trazidas e cultivadas aqui.

No caso do projeto de restauração conduzido pelo Instituto Black Jaguar, utilizamos as seguintes espécies:

NOMES POPULARES

Abricó-de-macaco, cuia-de-macaco Açaí, açaizeiro Andiroba, carapá Angelim, angelim-da-mata, angelim-do-campo Angelim-saia, paricá-grande, pau-de-arara Angico, angico-branco, angico-cuiabano Aroeira, aroeira-do-campo, aroeira-preta Assacu, assacuzeiro Bacaba, bacaba-de-leque Baru, cumaru, cumbaru Cacau, cacaueiro Cajá, cajazinho, taperebá Caju, cajuzeiro Cajuí, cajuzinho, caju-do-cerrado Caroba-da-mata, carobinha, caroba-roxa, jacarandá Carvoeiro-do-brejo, taxi-branco

NOMES CIENTÍFICOS

Couroupita guianensis

Euterpe oleracea

Carapa guianensis

Andira vermífuga

Parkia pendula

Anadenanthera spp.

Astronium urundeuva

Hura crepitans

Oenocarpus distichus

Dipteryx alata

Theobroma cacao

Spondias mombin

Anacardium occidentale

Anacardium microcarpum

Jacaranda copaia

Sclerolobium sp.

ANOTAÇÕES
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NOMES POPULARES

Cedro-do-brejo, cedro-cheiroso

Copaíba, copaíba-vermelha Cupuaçu, cupu, pupu Embaúba, embaúva Fedegoso, fedegoso-gigante, mata-pasto Gonçalo-alves, guarita Ingá, ingá-vera, ingá-banana, ingá-de-metro Ipê-amarelo, ipê-amarelo-cascudo Jatobá, farinheira

Jatobá-do-cerrado, jatobá-de-casca-fina Jatobá-de-brinco, pau-roxo, falso-jatobá Jenipapo, jenipapeiro Jequitibá-vermelho, cachimbo-de-macaco Guanandi, landi Guapuruvu, paricá, ficheira Mamoninha-do-mato, melzinho, canudeiro Mirindiba, tarumarana Mogno, mogno-brasileiro Monguba, paquira, cacau-falso Monjoleiro, paricá-branco

Murici, murici-do-campo, muricizãoda-mata, muricizinho, murici-do-varjão

Mutamba, mutambo, envireira Orelha-de-macaco, tamboril, timbaúva Orelha, fava-de-rosca, favela

NOMES CIENTÍFICOS

Cedrela odorata

Copaifera spp.

Theobroma grandiflorum

Cecropia pachystachya

Senna allata

Astronium fraxinifolium

Inga spp.

Handroanthus serratifolius Hymenaea courbaril

Hymenaea stigonocarpa

Peltogyne confertiflora

Genipa americana

Cariniana rubra

Calophyllum brasiliense

Schizolobium parahyba

Mabea spp.

Buchenavia tomentosa

Swietenia macrophylla

Pachira aquatica

Senegalia polyphylla

Byrsonima spp.

Guazuma ulmifolia

Enterolobium contortisiliquum

Enterolobium schomburgkii

NOMES CIENTÍFICOSNOMES POPULARES

Paineira, paineira-rosa, paineirabranca, paineira-barriguda

Pau-formiga, pajaú, novateiro

Pau-balsa, pata-de-lebre Peito-de-pombo, fruta-de-pombo, cafezinho Pente-de-macaco, escova-de-macaco Pequi, piqui Rosquinha, jacaré Sangra d’água, urucurana Seringueira, seringa Sombreiro, palheteira Sumaúma, paina-lisa, árvore-da-seda Tinguí, tigui-do-cerrado Urucum, colorau Xixá, chichá, xixá-do-cerrado

Ceiba spp.

Triplaris spp. Ochroma pyramidale

Tapirira guianensis

Apeiba timbourbou

Caryocar coriaceum

Chloroleucon spp.

Croton urucurana

Hevea brasiliensis

Clitoria fairchildiana

Ceiba pentandra

Magonia pubescens

Bixa orellana

Sterculia spp.

Quais espécies iremos coletar? Quais espécies iremos coletar?
ANOTAÇÕES 14 15

Espécies que não iremos coletar Sobre o nome de cada planta...

No nosso dia a dia somos acostumados com muitas plantas exóticas, que por serem muito bem adaptadas ao nosso clima e cultivadas há muito tempo, podem dar a falsa ideia de que são naturais da nossa região. Por isso temos que ter cuidado com as plantas que selecionamos para a coleta, e sempre confirmar com o comprador se há interesse por aquela espécie.

Algumas espécies exóticas que não iremos coletar:

Você percebeu que na tabela anterior (páginas 13, 14 e 15), na coluna da esquerda temos vários nomes para se referir à mesma planta? E que na coluna da direita temos um nome esquisito, que também serve para se referir a essa planta?

Esse nome esquisito é o nome científico da planta. É como se fosse o nome que está no RG da planta, enquanto que os nomes populares são como seus apelidos.

É muito comum que regiões diferentes conheçam a mesma planta por nomes diferentes,

assim como pode acontecer de usarmos o mesmo nome para nos referirmos a mais de uma planta.

O nome científico existe justamente para que todos “falem a mesma língua”, mesmo em diferentes regiões e até países, e é sempre composto por duas partes:

A primeira é o gênero a que a planta pertence. Quando duas plantas possuem o mesmo gênero, significa que são da mesma família, e são como primas. Já a segunda parte é o nome específico, que dá uma característica para a planta.

Marcos Antônio Drumond
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ANOTAÇÕES 17

Onde coletar sementes?

Theobroma grandiflorum Theobroma cacao

Essa informação é muito importante para a qualidade das sementes comercializadas. Sempre iremos separar os lotes por espécie, e registrar qual o nome popular e científico da espécie em questão.

PARA PLANTAS QUE NÃO SABEMOS A ESPÉCIE, PODEMOS:

Coletar um galho com folhas, flores e/ou frutos e deixar guardado no meio de jornais e debaixo de algo bem pesado para preservar; Tirar fotos do tronco, folhas, flores, frutos e sementes; Coletar algumas sementes

Com esse material, podemos então consultar um especialista que nos ajude a identificar. Nesse caso, é importante também anotar as informações de coleta, como dia e local.

Em primeiro lugar, temos que identificar as áreas onde existam as espécies de interesse, que falamos anteriormente. Elas podem estar em florestas fechadas, no nosso quintal ou até mesmo na rua.

O ideal é sempre preferirmos Áreas de Coleta (AC) mais conservadas, com maior extensão, que tenham várias espécies e sejam próximas do local onde vamos beneficiar as sementes.

Dentro das ACs, devemos então selecionar as matrizes, ou seja, as árvores-mães das quais iremos coletar as sementes.

Como nosso objetivo é fornecer as sementes para restauração, para cada lote devemos tentar coletar sementes do maior número possível de indivíduos.

ANOTAÇÕES

X CUPUAÇU CACAU
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Isso porque, para a formação de uma nova floresta, é importante termos plantas com diferentes características. Assim, caso haja algum evento adverso, como um incêndio, período de seca ou doença, teremos maior possibilidade de que pelo menos algumas árvores sobrevivam.

Já se as plantas forem todas “aparentadas” e com características muito parecidas, muitas delas podem morrer por causa de um mesmo problema.

Sendo assim, devemos coletar sementes de árvores com frutos maiores ou menores, mais altas

ou mais baixas, com a copa mais ou menos frondosa e outras características.

No entanto, é importante coletar sementes apenas de árvores que produzam frutos e sementes de qualidade e saudáveis, sem doenças ou cupins, por exemplo.

Após a identificação dessas árvores matrizes, devemos fazer a sua marcação. Podemos fazer isso com o auxílio de plaquinhas, fitas ou tintas, além de GPS e mapas. Também devemos fazer uma “ficha”, anotando as informações mais importantes sobre aquela árvore.

A marcação facilita no dia a dia da coleta, pois se torna mais rápido identificar as árvores no campo, e ainda garante a procedência dessas sementes, ou seja, podemos informar ao comprador de onde vieram.

ANOTAÇÕES

ANOTAÇÕES
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Qual é essa árvore?

Qual é essa árvore?

Qual a localização dessa árvore?

Como são suas flores?

Qual a localização dessa árvore?

Qual é essa árvore?

Qual é essa árvore?

Qual(is) pode(m) ser seus polinizadores?

Como são suas flores?

Qual a localização dessa árvore?

Como são suas flores?

Qual a localização dessa árvore?

Você nota a presença de algum polinizador? Qual?

Qual(is) pode(m) ser seus polinizadores?

Qual(is) pode(m) ser seus polinizadores?

Como são suas flores?

Na mesma árvore, já existe também algum fruto?

Você nota a presença de algum polinizador? Qual?

Você nota a presença de algum polinizador? Qual?

Qual(is) pode(m) ser seus polinizadores?

Outras observações:

Na mesma árvore, já existe também algum fruto?

Na mesma árvore, já existe também algum fruto?

Você nota a presença de algum polinizador? Qual?

Data do registro:

Outras observações:

Outras observações:

Na mesma árvore, já existe também algum fruto?

Data do registro:

Data do registro:

Outras observações:

Data do registro:

ANOTAÇÕES

ANOTAÇÕES

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Qual é essa árvore?

Qual é essa árvore?

Qual a localização dessa árvore?

Como são seus frutos?

Qual a localização dessa árvore?

Qual é essa árvore?

Qual é essa árvore?

A árvore apresenta frutos maduros? Qual o indicativo?

Como são seus frutos?

Qual a localização dessa árvore?

Como são seus frutos?

Qual a localização dessa árvore?

De qual tipo pode ser sua dispersão?

A árvore apresenta frutos maduros? Qual o indicativo?

A árvore apresenta frutos maduros? Qual o indicativo?

Como são seus frutos?

Você nota a presença de algum animal nessa árvore? Qual?

De qual tipo pode ser sua dispersão?

De qual tipo pode ser sua dispersão?

A árvore apresenta frutos maduros? Qual o indicativo?

Outras observações:

Você nota a presença de algum animal nessa árvore? Qual?

Você nota a presença de algum animal nessa árvore? Qual?

De qual tipo pode ser sua dispersão?

Data do registro:

Outras observações:

Outras observações:

Você nota a presença de algum animal nessa árvore? Qual?

Data do registro:

Data do registro:

Outras observações:

Data do registro:

ANOTAÇÕES

ANOTAÇÕES

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CONTATOS: E-mail: l.santos@black-jaguar.org Whatsapp: (94) 98436-1389 Escritório: Rua Pedro Miranda, 75, QD 4, LT 14 - Santana do Araguaia - PA CEP: 68560-000 SIGA NOSSAS REDES SOCIAIS! Visite nosso site: www.black-jaguar.org @blackjaguarfoundation /blackjaguarfoundation /the-black-jaguar-foundation

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