33ª Bienal de São Paulo (2018) - Guia

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MEDIAÇÃO E AUDIOGUIA visitas mediadas

visitas para pessoas com deficiência visual

A mediação da 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas assume que o estado de atenção prolongada e intencional pode contribuir para um encontro significativo entre o visitante e as obras de arte. Com diferentes formatos de visitas, como laboratórios e exercícios de atenção, os trabalhos são apresentados como são, sem a necessidade de que sejam “decodificados” de acordo com um conjunto predeterminado de questões. visitas espontâneas

Procure os balcões de atendimento nas entradas da exposição. ter, qua, qui e sex: 10h, 11h30, 14h e 16h30 / sáb e dom: a cada 30 minutos a partir das 10h até as 17h Noturnas: qui e sáb: 18h e 20h ​ Duração: 1 hora visitas agendadas

Para grupos a partir de 10 pessoas. ter, qua, qui, sex e sáb: horários diversos Duração: 2 horas Diverte Cultural +55 11 3883 9090 / exposicao@divertecultural.com.br visitas em inglês, espanhol e libras

ter, qua, qui, sex e sáb: horários diversos Duração: 2 horas Agende online com 48 horas de antecedência

ter, qua, qui, sex e sáb: horários diversos Duração: 2 horas Agende online com 48 horas de antecedência cadeira de rodas

Os visitantes que precisarem de cadeira de rodas devem dirigir-se aos balcões de atendimento nas entradas da exposição. As visitas com cadeirantes têm o auxílio de funcionários da Bienal para condução nas rampas. audioguia No audioguia da 33ª Bienal, os artistas utilizam o som e as narrativas como extensão de suas práticas. Com cerca de 50 faixas, o projeto pode ser acessado via QR Codes disponíveis no espaço expositivo, no site e no aplicativo mobile da 33ª Bienal, além do perfil da Fundação Bienal no Spotify. playlists Encontre seleções musicais curadas pelos artistas da 33ª Bienal no perfil da Fundação Bienal no Spotify, player oficial da mostra. bienal online app33.bienal.org.br bienal.org.br


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FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO

fundador

Francisco Matarazzo Sobrinho 1898–1977 · presidente perpétuo conselho de administração

Tito Enrique da Silva Neto · presidente Alfredo Egydio Setubal · vice‑presidente membros vitalícios

Adolpho Leirner Alex Periscinoto Álvaro Augusto Vidigal Beatriz Pimenta Camargo Beno Suchodolski Carlos Francisco Bandeira Lins Cesar Giobbi Elizabeth Machado Jens Olesen Julio Landmann Marcos Arbaitman Pedro Aranha Corrêa do Lago Pedro Paulo de Sena Madureira Roberto Muylaert Rubens José Mattos Cunha Lima membros

Alberto Emmanuel Whitaker Ana Helena Godoy de Almeida Pires Andrea Matarazzo Antonio Bias Bueno Guillon Antonio Henrique Cunha Bueno Cacilda Teixeira da Costa Camila Appel Carlos Alberto Frederico Carlos Augusto Calil Carlos Jereissati Filho Claudio Thomas Lobo Sonder Danilo Santos de Miranda Daniela Villela Eduardo Saron Emanoel Alves de Araújo

Evelyn Ioschpe Fábio Magalhães Fersen Lamas Lambranho Geyze Marchesi Diniz Heitor Martins Horácio Lafer Piva Jackson Schneider Jean-Marc Robert Nogueira Baptista Etlin João Carlos de Figueiredo Ferraz Joaquim de Arruda Falcão Neto José Olympio da Veiga Pereira Kelly Pinto de Amorim Lorenzo Mammì Lucio Gomes Machado Luis Terepins Marcelo Eduardo Martins Marcelo Mattos Araújo · licenciado Marcelo Pereira Lopes de Medeiros Maria Ignez Corrêa da Costa Barbosa Marisa Moreira Salles Miguel Wady Chaia Neide Helena de Moraes Paula Regina Depieri Paulo Sérgio Coutinho Galvão Ronaldo Cezar Coelho Sérgio Spinelli Silva Jr. Susana Leirner Steinbruch Victor Pardini


conselho fiscal

Carlos Alberto Frederico Carlos Francisco Bandeira Lins Claudio Thomas Lobo Sonder Pedro Aranha Corrêa do Lago conselho consultivo internacional

José Olympio da Veiga Pereira ·

presidente Susana Leirner Steinbruch ·

vice‑presidente Barbara Sobel Bill Ford Catherine Petitgas Debora Staley Eduardo Costantini Frances Reynolds Kara Moore Lonti Ebers Mariana Clayton Patricia Phelps de Cisneros Paula e Daniel Weiss Sarina Tang diretoria

João Carlos de Figueiredo Ferraz ·

presidente Eduardo Saron Lidia Goldenstein Flavia Buarque de Almeida João Livi Justo Werlang Renata Mei Hsu Guimarães Ricardo Brito Santos Pereira Rodrigo Bresser Pereira


Em 1951, em um Brasil em vias de urbanização, onde os mais antigos museus dedicados à arte moderna ainda não haviam completado cinco anos, a 1ª Bienal de São Paulo atraiu 100 mil pessoas à Esplanada do Trianon. Com obras que influenciaram profunda e diretamente o rumo que a arte brasileira tomaria a seguir, a Bienal estabeleceu, já na primeira edição, sua afinidade com o que há de mais contemporâneo no pensamento e produção artísticos, assim como sua capacidade de aproximar a arte do grande público. Muito mudou na Bienal desde então, como não poderia deixar de ser. Diversos conteúdos, suportes e linguagens foram incorporados. Para permanecer pertinente, a estrutura da mostra teve de se manter maleável, adaptando-se a modelos e formatos mais adequados ao seu tempo. Nesta 33ª edição, a Bienal continua a abrir caminho para o novo. Mais uma vez, outra conformação é experimentada, agora como alternativa ao “sistema operacional” amplamente adotado nos últimos vinte anos pelas grandes exposições de arte contemporânea, entre as quais a própria Bienal se inclui. A Fundação Bienal, criada em 1962, surgiu com a mesma vocação inovadora e crítica do evento que motiva sua existência. Ao longo de quase sessenta anos, também ela assumiu diversos modelos de funcionamento e gestão, em busca de constante aprimoramento na realização de sua missão e nos diversos processos necessários para alcançá-la. O escopo de sua atuação cresceu, assim como seu alcance. Hoje, a mostra Bienal continua sem dúvida o seu principal projeto, mas é apenas uma das inúmeras atividades desenvolvidas pela Fundação Bienal. Dentre elas, destaca-se o seu exitoso programa de itinerâncias, promovido através de inúmeras parcerias culturais – em especial com o Sesc São Paulo –, iniciativa que leva a presença inovadora e transformadora da Bienal para além da capital paulista e dos limites nacionais.


A 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas não seria possível sem o apoio do Ministério da Cultura e da Secretaria do Estado da Cultura por meio de suas leis de incentivo; da Secretaria de Estado da Educação; dos patrocinadores master Itaú e ISA CTEEP; e de todos os nossos patrocinadores, apoiadores e parceiros, em especial a Prefeitura de São Paulo, a Secretaria Municipal da Cultura, a Secretaria Municipal da Educação, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e o Parque Ibirapuera. É na articulação com esses agentes, a comunidade artística e o público que a Fundação Bienal espera continuar a contribuir para a formação de uma sociedade aberta ao diálogo e ao novo, cada vez mais criativa, tolerante e plural.

João Carlos de Figueiredo Ferraz Presidente da Fundação Bienal de São Paulo


Um novo olhar Criada em 1951, a Bienal Internacional de São Paulo cumpriu ao longo de quase sete décadas um papel fundamental no panorama da cultura e da arte no Brasil. Aproximou milhões de pessoas da produção nacional e internacional de arte contemporânea, conectando-as a um universo cujo acesso é normalmente restrito. Desse modo, realizou de forma exemplar o que quase sempre se busca com a política cultural. Ampliou o acesso, compartilhou experiências estimulantes, contribuiu para engrandecer o repertório de muitas pessoas, movimentou o mundo da arte, despertou inquietações, provocou o debate, abriu as portas da percepção. Agora, em meio à segunda década do século 21, a Bienal propõe novos desafios: reinventar-se; ressignicar-se. Em um contexto no qual predominam a aceleração e o excesso, em que as pessoas são bombardeadas diariamente por um turbilhão de imagens e informações, a Bienal segue na contramão dessa tendência. Seus milhares de visitantes terão, em 2018, uma experiência nova e potencialmente transformadora. Os artistas passam a ter mais protagonismo em relação ao espaço e à experiência geral nesta edição da Bienal, em que o curador compartilhará com sete artistas a tarefa de conceber a exposição. O foco e a atenção têm prioridade. Sem dispersão. Sem fragmentação. Mas com a intensidade de sempre. Reinventar-se é um ato de coragem. Abandonar conceitos tradicionais que um dia foram revolucionários, navegar contra a corrente, contrapor-se ao espírito do tempo para valorizar o território da arte…


Não é fácil. Mas é preciso ousar. Parabenizo a organização da 33ª edição da Bienal por, mais uma vez, apostar na diferença. “A arte é o exercício experimental da liberdade”, afirmou num artigo o grande crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), cuja obra inspira o título desta edição da Bienal: Afinidades afetivas. É na arte que encontramos o espaço pleno da liberdade, em que princípios constitucionais de caráter vital tornam-se objetivos, concretos, reais. A arte também é economia e desenvolvimento. Temos enfatizado muito esta dimensão no Ministério da Cultura. Não custa repetir, pois nem todos se dão conta disso. As atividades culturais e criativas são vocações deste país e contribuem muito para a geração de renda, de emprego, de inclusão e de felicidade. E já são responsáveis por 2,64% do Produto Interno Bruto brasileiro, por cerca de 1 milhão de empregos diretos, por 200 mil empresas e instituições e pela geração de mais de R$ 10,5 bilhões em impostos diretos. Neste contexto, convido a todos que participam desta edição da Bienal a refletir sobre uma mensagem simples: a cultura gera futuro. É o momento de dar à cultura o lugar que ela merece; de encarar a política cultural como política de promoção do desenvolvimento que desejamos para nossa sociedade. Um desenvolvimento que não apenas gera e distribui riqueza, mas que também transforma, estimula, reinventa e potencializa os indivíduos e o país – exatamente o que faz a arte, com suas dimensões simbólica e econômica. E a Bienal de São Paulo contribui muito para isso. A todos, uma excelente Bienal.

Sérgio Sá Leitão Ministro da Cultura


Acreditamos que o acesso à cultura é essencial para a construção da identidade de um país e um dos caminhos para a promoção da cidadania. Por isso, apoiamos e incentivamos as mais diversas manifestações artísticas e culturais e pelo quinto ano consecutivo patrocinamos a Bienal de São Paulo, a maior mostra de arte contemporânea do hemisfério sul. O mundo das pessoas muda com mais cultura. O mundo da cultura muda com mais pessoas.

Itaú. Feito para você.


Ao promover conexões, aproximamos elementos distantes, possibilitando seu contato e, muitas vezes, criando algo transformador. Estabelecer conexões que contribuam para o desenvolvimento do país e da sociedade é o propósito do nosso trabalho. Pela infraestrutura da ISA CTEEP trafegam 60% da energia consumida na Região Sudeste e quase 100% da energia consumida no estado de São Paulo. Nossas conexões vão além de interligar, por meio da energia, diferentes pontos do Brasil: nosso objetivo é conectar pessoas. Pois somos parte de um todo e por isso queremos deixar um legado para a sociedade e para as futuras gerações. Essa preocupação com o desenvolvimento humano se alinha à parceria de sucesso com a Fundação Bienal para promover o acesso à arte a um número cada vez maior de pessoas. A empresa se orgulha de apoiar projetos culturais dessa relevância, que estimulam a reflexão e a evolução dos cidadãos.

ISA CTEEP


A cultura e a educação formam um binômio indissociável. Essa ideia está presente na ação de diversas instituições que têm o campo da arte como foco de trabalho. Assim, reconhecer o caráter irredutível da arte em relação a outras formas de conhecimento e de ação passa pela observação de sua capacidade de operar transformações no cotidiano de pessoas e de coletividades, explicitando seu potencial educativo. Com base nessa premissa, o Sesc e a Fundação Bienal de São Paulo mantêm profícua parceria, fruto da compatibilidade de suas missões para a difusão e o fomento à arte contemporânea. Nos últimos anos, essa parceria vem sendo intensificada e ampliada por meio de ações formativas de curadoria, encontros abertos com o público, seminários e coprodução de obras, culminando com a itinerância de trabalhos selecionados por unidades da rede Sesc no interior e no litoral do estado de São Paulo. Dar prosseguimento a essa cooperação representa um valor fundamental do trabalho do Sesc, ligado à continuidade de ações cuja potencialidade seja explorada diversamente ao longo do tempo. Apostando em modos de compreensão e de recortes da realidade que tenham em perspectiva as noções dominantes do mundo, o objetivo almejado é que os processos de trabalho possam constituir plataformas permanentes de processos educativos.

Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo



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Ministério da Cultura, Fundação Bienal de São Paulo e Itaú apresentam

33bienal/sp [afinidades afetivas] 7 de setembro – 9 de dezembro de 2018


sumรกrio


16  afinidades afetivas gabriel pérez-barreiro [curador] 22  convite à atenção

térreo

30  antonio ballester moreno [artista-curador]

1

36  alejandro corujeira

2

44  alejandro cesarco [artista-curador]

38  sofia borges [artista-curadora]

48  claudia fontes [artista-curadora] 52  lucia nogueira 54  luiza crosman 56  maria laet 58  nelson felix 60  tamar guimarães 62  wura-natasha ogunji [artista-curadora]

3

68  aníbal lópez (a-1 53167) 70  denise milan 72  feliciano centurión 74  mamma andersson [artista-curadora] 78  siron franco 80  vânia mignone 82  waltercio caldas [artista-curador]

+

88  bruno moreschi 90  lista de artistas e créditos


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afinidades afetivas gabriel pĂŠrez-barreiro


Em seu romance Afinidades eletivas, de 1809, Goethe conta a história de um casal burguês cuja vida idílica é perturbada pela introdução de dois novos personagens em sua relação: a filha adotiva da esposa e um amigo de infância do marido. Como costuma acontecer nessas histórias, novas relações são forjadas para além das convenções sociais da época. Até aí, tudo muito típico. Contudo, quando os quatro protagonistas estão na vasta biblioteca desfrutando de uma noite de música e leituras, um deles pega um tratado científico da estante e lê, em voz alta, sobre as reações de certos elementos e moléculas, e como alguns se atraem e outros se repelem, assim como óleo e água. Goethe parece estar nos convidando a traçar um paralelo entre as afinidades eletivas do mundo natural e as conflituosas vidas emocionais e espirituais dos personagens do romance. Se nossos gostos e afinidades são governados por leis que não entendemos totalmente, talvez estejamos diante de um sistema de organização que não é exclusivamente moral ou cultural ou biológico, mas um estranho amálgama dos três, no qual nossas afinidades, sejam elas conscientes ou inconscientes, nos conduzem. Quase um século e meio depois, em um Brasil no limiar de uma revolução nas artes (reforçada pela criação da Bienal de São Paulo em 1951), o crítico de arte e ativista político Mário Pedrosa escreveu sua tese “Da natureza afetiva da forma na obra de arte”. 1 Nesse texto, ele usa a teoria da gestalt para discutir os modos como o espectador ativamente constrói um entendimento de uma obra de arte qualquer, estabelecendo um diálogo entre as características formais da obra e a estrutura psicológica do espectador. A natureza dialética dessa construção e sua adoção tanto da análise formal quanto da subjetividade se mostrariam transformadoras para o desenvolvimento da arte brasileira desde o início dos anos 1950 até o presente. Simultaneamente enfatizando e relativizando o espectador individual, Pedrosa articulou uma perspectiva


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profundamente humanista pela qual é possível entender a arte e seus efeitos (ou afetos, para usar sua terminologia), independentemente do campo de batalha ideológico dominante no qual uma forma de arte x é considerada inerentemente superior a uma forma de arte y. Para Pedrosa, a arte devia ser julgada essencialmente em termos de sua capacidade de criar uma relação produtiva entre a intenção do artista e a sensibilidade do espectador. Um dos mais importantes ativistas políticos do século 20, Pedrosa era também bastante claro quanto ao potencial revolucionário da arte dentro dessa estrutura de emancipação individual, resistindo à proposta de uma arte “política” no âmbito de seus conteúdos narrativos. Eu diria que as ideias de Goethe e de Pedrosa, aplicadas à nossa realidade atual, podem oferecer um modo útil e enriquecedor de pensar os desafios e as contribuições de uma bienal de arte contemporânea. Será que os conceitos de afinidade e afeto fornecem uma estrutura ou sistema operacional diferentes, dentro dos quais é possível organizar uma Bienal? Para a 33ª edição da Bienal de São Paulo, proponho que a Bienal centralizada, discursiva e de cima para baixo – que hoje é o protocolo padrão para as bienais internacionais – possa evoluir para uma experiência mais diversificada, na qual a hierarquia entre arte e prática curatorial possa ser repensada. Sendo assim, convidei sete artistas para compor a equipe curatorial e para organizar uma exposição independente dentro do pavilhão, na qual suas próprias obras estivessem incluídas, ao lado das/ dos artistas de sua escolha. Com este modelo, espero mostrar como os artistas constroem suas genealogias e sistemas para entender suas próprias práticas em relação às de outros artistas, permitindo ao mesmo tempo que os temas e as relações surjam organicamente do processo da feitura da exposição, em vez de partir de um conjunto prédeterminado de questões. Essa escolha também reflete um desejo de reavaliar a tradição dos artistas


como curadores, que é uma parte central da história da arte moderna e contemporânea e também particularmente relevante no Brasil, onde os artistas há muito tempo organizam suas próprias plataformas discursivas.2 Cada artista-curador trabalhou com total liberdade ao determinar a lista de artistas, o projeto expográfico e a lógica curatorial interna de suas exposições. A diversidade de metodologias curatoriais resultante é inteiramente intencional. Além dessas sete exposições coletivas, escolhi doze projetos individuais de artistas que considero notáveis por diferentes motivos e que não necessariamente têm uma relação temática entre si. Desses doze projetos, três são exposições póstumas de artistas fundamentais dos anos 1990 que não receberam a atenção merecida na história da arte recente: Lucia Nogueira, Aníbal López e Feliciano Centurión. Além deles, o artista Siron Franco participa com uma seleção de sua icônica série Rua 57 (1987), momento transformador na produção do artista, e também na história da arte brasileira, em reação a um acontecimento catastrófico do ponto de vista ambiental e social. Se uma das críticas ao modelo atual das bienais é que existe um descompasso entre os princípios discursivos afirmados e a experiência física efetiva de estar no espaço expositivo, essa questão deveria estar no centro de qualquer proposta de renovação. Para a 33ª edição, essa preocupação informa tanto a distribuição física das obras de arte no pavilhão (baixa densidade e espaços expositivos claramente demarcados), quanto o programa educativo. As duas principais bienais brasileiras (a de São Paulo e a do Mercosul) deram grande prioridade à mediação e à educação, e, para mim, essa tradição as distingue da maioria das bienais, nas quais, se essa preocupação existe, geralmente se situa no nível das boas intenções, e não se reflete em termos de recursos concretos. Nesta edição, o foco conceitual do programa educativo é a atenção: como administramos ou não nossa


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capacidade de concentração àquilo que está à nossa volta. Embora essa seja uma preocupação antiga, em nossa época a questão da atenção se tornou especialmente pronunciada. Estamos apenas começando a entender o impacto catastrófico das mídias sociais em nossas vidas interpessoais e políticas. A nossa atenção se tornou o principal produto que as plataformas “livres” tentam revender, enquanto continuam a seduzi-la em nossas horas de vigília.3 Aos visitantes da 33ª Bienal serão oferecidos diversos exercícios ou protocolos, através dos quais poderão experimentar de modos diferentes a exposição, na tentativa de compensar a dispersão natural desse tipo de mostra de grande escala. A ênfase na atenção também se associa à noção de Pedrosa da forma afetiva, estimulando o espectador a criar sua própria relação com o objeto e, depois, compartilhar essa experiência com os outros. O conceito de Afinidades afetivas opera em dois níveis nessa edição da Bienal. Os projetos dos artistas-curadores demonstram como os artistas podem fornecer um modelo para pensar um tipo de relação entre as obras que surge de relações longas e produtivas dentro do campo em que trabalham. Por outro lado, ao apresentarmos uma Bienal diversificada e fragmentada, livre de uma estrutura temática abrangente, o espectador fica livre para construir sua própria experiência das diferentes propostas, sem a sensação de que obterá sucesso ou fracasso na medida em que corresponder ou não a um conjunto de princípios centrais e declarados. No cerne desta edição há um desejo de reafirmar o poder da arte como lugar único para concentrarmos a atenção no mundo e em favor do mundo. Se pudermos pensar na arte e em suas exposições essencialmente como experiências, e não como declarações, talvez possamos imaginar uma Bienal em que os artistas, curadores e espectadores são tratados como iguais, todos capazes de construir suas próprias afinidades afetivas com a arte e com o mundo além dela.


1

Mário Pedrosa. “Da natureza afetiva da forma na obra de arte” (1949). In: Otília Arantes (org.), Forma e percepção estética: Textos escolhidos 2 / Mário Pedrosa. São Paulo: EDUSP, 1996, pp.105-177. 2 Sobre o artista como curador, ver Jens Hoffmann (org.) The Next Documenta Should be Curated by an Artist. Frankfurt: Revolver, 2004; Elena Filipovic (org.) The Artist as Curator. Londres: Koenig Books, 2017. No contexto brasileiro, estou pensando em projetos como a revista Malasartes, e nas experiências de artistas que deram aulas nos primeiros anos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, assim como em exemplos contemporâneos como o Projeto Fidalga e o Pivô em São Paulo, ou a Escola de Arte do Parque Lage no Rio, todas experiências que propõem relações mais horizontais entre artistas e curadores. 3 Sobre a atenção e seus efeitos políticos contemporâneos, ver Jonathan Crary. 24/7: Late Capitalism and the Ends of Sleep. Londres: Verso, 2014 [ed. bras.: 24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono, São Paulo: Ubu, 2017, tradução de Joaquim Toledo Jr.], e John Lanchester, “You Are the Product”. London Review of Books. vol. 39, n. 16, agosto de 2017, pp.3-10.


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convite à atenção


Os exercícios de atenção aqui apresentados são práticas concentradas no contato entre uma pessoa, ou um grupo de pessoas, e uma obra de arte. Eles oferecem uma estrutura que organiza esse contato, sem predeterminar o resultado. Constituem um tipo de mediação que enfatiza a abertura ao que possa emergir da experiência de dedicar atenção a uma obra de arte por um tempo prolongado. Apresentamos aqui três propostas de atividades, que fazem parte da publicação educativa. A versão integral pode ser acessada em 33bienal.org.br. Cada exercício compõe-se de quatro etapas: 1. encontrar uma obra / 2. dedicar atenção a ela / 3. registrar a experiência / 4. compartilhá-la

como utilizar modo individual

• • • •

Deixe seu celular no modo avião. Escolha uma das propostas nas páginas seguintes. Providencie um marcador de tempo para a realização da etapa 2. Mantenha-se em silêncio, a menos que as instruções indiquem o contrário.

modo coletivo

• No uso coletivo, uma pessoa deve assumir a mediação. • Oriente os participantes a deixarem o celular no modo avião e a se manterem em silêncio, a menos que as instruções indiquem o contrário. • Providencie um marcador de tempo para a realização da etapa 2. • Reúna o grupo e apresente a proposta do exercício. • Ao final, realize a etapa 4.


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encontrar uma obra Até o encontro, há um caminho a ser percorrido. Observar seus passos, suas escolhas, o que está à sua volta. Se desejar, peça a alguém que lhe indique uma obra.

dedicar atenção 5 min: Investigar a obra: o que é? 5 min: Desviar-se da obra e desfazer os pensamentos e as sensações anteriores, caminhando livremente. 5 min: Retornar à obra e perguntar do que ela necessita.

registrar a experiência Afastar-se da obra. Recolher-se por alguns minutos. O que seu corpo quer depois da experiência que você teve com a obra? Reconhecer esse desejo e guardar essa sensação.


encontrar uma obra Até o encontro, há um caminho a ser percorrido. Observar seus passos, suas escolhas, o que está à sua volta. Deixar-se fisgar pela obra.

dedicar atenção 5 min: Investigar a obra generosamente. 5 min: Observar seu corpo e sua respiração diante da obra. Perceber como você se comporta. 5 min: Retomar a atenção à obra.

registrar a experiência Afastar-se da obra. Recolher-se por alguns minutos. Fechar os olhos. Rememorar a experiência que você teve com a obra. Abrir os olhos. Registrar aquilo que você viu com os olhos fechados.


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encontrar uma obra Até o encontro, há um caminho a ser percorrido. Observar seus passos, suas escolhas, o que está à sua volta. Arriscar-se a escolher a obra que mais desafie você.

dedicar atenção 5 min: Investigar a obra generosamente. 5 min: Perguntar a ela sobre suas memórias: Como ela foi feita? Por onde passou? 5 min: Agora, reconhecer o que há de você nela.

registrar a experiência Afastar-se da obra. Recolher-se por alguns minutos. Com base na experiência que você teve com a obra, anotar em uma folha de papel o que ela te fez sentir.


compartilhar Escolher uma das propostas de compartilhamento ou criar uma nova proposta.

modo individual • Com base em seu registro, conversar com alguém sobre o que você vivenciou durante o exercício. • Compartilhar seu registro em exercicio33.org.br. Nesse site, você terá contato com os registros de outras pessoas. • Presentear-se com o registro e escolher um lugar para guardá‑lo. Reencontrá-lo depois de um mês. • Convidar um grupo e realizar o exercício de atenção no modo coletivo. modo coletivo • Reunir o grupo e relatar como foi a sua realização da etapa “Encontrar uma obra”. • Orientar a cada pessoa do grupo que relate a realização das etapas “Dedicar atenção” e “Registrar a experiência”. • Organizar a ordem das falas, assegurando que todos se escutem e que a palavra circule sem hierarquias. • Evitar que os participantes se interrompam. • Garantir que os relatos não sejam discutidos ou comentados antes que todos terminem.


QV

p.30  antonio ballester moreno [artista-curador]


p.30

T


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antonio ballester moreno [artista-curador] madri, espanha, 1977. vive em madri

sentido/comum Somos todos diferentes. Cada um vê o mundo de uma forma distinta. Cada vez que nos movemos, o fazemos com nosso mundo. O que nos rodeia a cada momento é parte de um universo particular que se move conosco. O ambiente faz o mundo. Dito isso, e consciente da infinidade de linguagens que se apresentam no também particular mundo da arte, tratamos aqui daquilo que nos une, uma experiência comum em que compartilhamos os costumes mais básicos de nossa própria natureza e da natureza que nos rodeia, e da qual inevitavelmente somos parte. Recuperar a continuidade entre a experiência estética e os processos naturais da vida para dissolver o pensamento dualista – a arte culta versus a popular, o estético em contraste com o prático, o artista em oposição às pessoas supostamente “normais” – implica em aceitar a separação entre as coisas e as pessoas, os pensamentos e os sentimentos, a humanidade e a natureza, o eu e o mundo. Todas as vidas, sem exceção, são criativas, e o fim de toda criação não é a verdade pura do conhecimento em si, mas simplesmente melhorar a existência. Porque ver as coisas unidas, em sua infinita diversidade, é mais enriquecedor e satisfatório. [ABM]


artistas participantes: alberto sánchez / andrea büttner /  antonio ballester moreno /  benjamín palencia / friedrich fröbel /  josé moreno cascales / mark dion /  matríztica (humberto maturana e ximena dávila) /  rafael sánchez-mateos paniagua


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antonio ballester moreno, lluvia [chuva], 2016 / antonio ballester moreno, sol (negativo), 2016 / benjamín palencia, arquitectura sensible [arquitetura sensível], 1931 / friedrich fröbel, the second gift [o segundo dom], c. 1890


andrea bĂźttner, untitled (pink-blue) [sem tĂ­tulo (rosa-azul)], 2017


p.38

p.36  alejandro corujeira p.38  sofia borges [artista-curadora]


p.36

1


36

alejandro corujeira buenos aires, argentina, 1961. vive em madri, espanha

Eu gostaria que os materiais que utilizo, tanto a madeira quanto o cobre do solo, atuassem como materiais de modulação afetiva, de forma que as pessoas se encontrem em relação direta com eles. Considero o desenho a semente, o germe de qualquer atividade artística. Para mim, desenhar pode ser, inclusive, caminhar de um lugar até outro. Esse trajeto pode se manifestar como um percurso de desenho. É uma atividade de contemplação que leva, implicitamente, a uma atitude respiratória, uma meditação. Há momentos em que acho difícil falar, pois não quero carregar o espectador com um conceito que anteceda seu encontro com a obra. Sempre penso que esse encontro deve se dar a partir de um lugar mais despido, de contemplação. Um lugar no qual os olhos de quem contempla estejam um pouco calados, silenciados de conceitos, para que possa surgir, daí, uma experiência inédita. [ACo]

los ojos callados [os olhos calados], 2018. detalhe



38

sofia borges [artista-curadora] ribeirão preto, sp, brasil, 1984. vive em são paulo, sp, brasil, e paris, frança

a infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um

O fogo o fogo o lindo fogo. O branco o puro branco. O fulguroso intacto diferente incontornável. O infinito do tudo era um só. A junção do sentido era um círculo. O vazio do vazio era inteiro. A porta do fim não fechava. E no aberto não cabia mesmo o um. Porque o vão entre o tudo era um ovo. A luz que emitia era um vaso. E o ausente que havia era um só. A verdade não continha o presente. O passado um uníssono sim. O equívoco era uma espécie de antigo. A floresta era uma forma de medo. E a palavra só sabia o maior. O dourado não era sequer existente, já que sabia, a si mesmo, ser sem fim. Onde tudo cabia sem forma. O lugar do sem fim era um só. O círculo era sempre uma reta. E a volta era só o início. Cada coisa que havia era o tudo. E a verdade sequer sabia seu som. Assim, tudo podia mudar. Era um fogo brilhante. Ali no meio das coisas onde o inverso persiste. No meio das coisas onde o inverso persiste. Nunca se encontra. O tênue rasgo do real. É um em si, não por opacidade. [SB]


artistas participantes: adelina gomes / ana prata /  antonio malta campos /  arthur amora / bruno dunley /  carlos ibraim / jennifer tee /  josé alberto de almeida /  lea m. afonso resende /  leda catunda / martín gusinde /  rafael carneiro / sara ramo /  sarah lucas / serafim alvares /  sofia borges / sônia catarina agostinho nascimento /  tal isaac hadad / thomas dupal /  tunga / outros artistas serão incluídos ao longo da exposição


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tunga, the bather [o banhista], 2014 / jennifer tee, da série ether plane – material plane, abstraction of a shape, form or presence [plano etéreo – plano material, abstração de formato, forma ou presença], 2016


sarah lucas, silver hippie [hippie prateado], 2016 / sofia borges, vĂŠu, 2017


p.56

p.48

p.54

p.58

p.44  alejandro cesarco [artista-curador] p.48  claudia fontes [artista-curadora] p.52  lucia nogueira p.54  luiza crosman p.56  maria laet p.58  nelson felix p.60  tamar guimarães p.62  wura-natasha ogunji [artista-curadora]

p.52


p.62

p.44 p.60

2


44

alejandro cesarco [artista-curador] montevidéu, uruguai, 1975. vive em nova york, ny, estados unidos

aos nossos pais Aos nossos pais é uma dedicatória, uma oferenda, uma forma de tratamento, uma definição de público. É o reconhecimento do passado, e de sua contínua presença no presente. Dedicar a exposição a uma relação primordial (biológica ou adotiva, literal ou metafórica) é um modo de construir uma genealogia e de tentar se aproximar do cerne de nossos entendimentos, métodos, inibições, possibilidades, expectativas etc. Algumas das perguntas postas pela exposição são como o passado (nossa história) ao mesmo tempo permite e frustra possibilidades, como reescrevemos o passado com nosso trabalho e como a diferença é produzida na repetição. De modo geral, a exposição chama a atenção para as estruturas que permitem certas narrativas e silenciam outras. O trabalho de ressignificar e repetir ao reapresentar, reajustar e reafirmar é abordado de diversas maneiras pelos artistas de diferentes gerações incluídos na exposição. O impulso de deslocar ou recontextualizar implica certas investigações sobre as políticas cultural e estética. Uma rosa é uma rosa é uma rosa, até que deixa de ser. [AC]


artistas participantes: alejandro cesarco / andrea büttner /  cameron rowland / henrik olesen /  jennifer packer / john miller /  louise lawler / matt mullican /  oliver laric / peter dreher /  sara cwynar / sturtevant


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sturtevant, warhol flowers [flores de warhol], 1970 / louise lawler, still life (candle) (traced) [natureza morta (vela) (traรงado)], 2003/2013 / jennifer packer, say her name [diga o nome dela], 2017


alejandro cesarco, learning the language (present continuous ii) [aprendendo a lĂ­ngua (presente contĂ­nuo ii)], 2018. still de vĂ­deo


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claudia fontes [artista-curadora] buenos aires, argentina, 1964. vive em brighton, reino unido

o pássaro lento O Pavilhão Ciccillo Matarazzo é um ponto de encontro de vida humana e não humana, cada uma com sua temporalidade e seus modos, quase opostos, de estar no mundo. Essa exposição toma essa polaridade como premissa e propõe a imagem do pássaro lento como um antídoto ao ideal de velocidade que o edifício representa, com a ambição de gerar condições de observação que atraiam e retenham a leitura atenta do visitante. O pássaro lento não funciona em nossa exposição como um tema ou ideia a ilustrar, e sim como uma figura ambígua oferecida como território comum a partir do qual os artistas convidados iniciaram processos criativos únicos e diversos entre si. Acompanha as obras um conto policial no qual se desvelam aspectos do voo curatorial do pássaro lento: considerar o espectador como leitor, o curador como tradutor, o fato artístico como evidência de um enigma, e a certeza de que esse enigma tem tantas possibilidades de resolução quanto leitores. [CF]


artistas participantes: ben rivers / claudia fontes /  daniel bozhkov / elba bairon /  katrín sigurdardóttir /  pablo martín ruiz /  paola sferco / roderick hietbrink /  sebastián castagna /  žilvinas landzbergas


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žilvinas landzbergas, hidden sun [sol oculto], 2018. still de vídeo / paola sferco, la respuesta de las cosas [a resposta das coisas], 2018. still de vídeo / katrín sigurdardóttir, content [conteúdo], 2018


roderick hietbrink, the living room [a sala de estar], 2011. still de vĂ­deo / claudia fontes, nota al pie [nota de rodapĂŠ], 2018


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lucia nogueira goiânia, go, brasil, 1950 – londres, reino unido, 1998

Embora tenha nascido no Brasil, Lucia Nogueira desenvolveu sua carreira em Londres, Inglaterra. Estudou na Chelsea College of Art e na Central School of Art and Design e teve participação relevante na cena artística londrina dos anos 1990. Viveu na cidade até sua morte prematura, aos 48 anos. Em suas obras, a artista usa objetos cotidianos para criar uma sensação inquietante de suspensão e estranheza. Ao combinar e confrontar móveis, engradados, tubos plásticos e vidros, provoca diálogos misteriosos e envolventes, que parecem oferecer mais perguntas que respostas. Como brasileira radicada em Londres, ela fala da noção de deslocamento e dos questionamentos que resultam de viver em uma cultura diferente, situação em que o cotidiano e o óbvio podem se tornar desconcertantes. Talvez por ser uma consequência desse deslocamento, a língua é uma referência central em seus trabalhos; os títulos em inglês geralmente jogam com duplos sentidos e com as idiossincrasias dos termos gramaticais da língua. Apesar de ter sido valorizada e respeitada como membro da cena artística britânica – uma “artista de artistas” –, Lucia Nogueira ainda é relativamente desconhecida no Brasil. Esta seleção de alguns de seus trabalhos mais icônicos pretende apresentar sua obra ao público de seu país, na esperança de criar uma nova relação com a história da arte brasileira recente.[GPB]

full stop [ponto final], 1993



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luiza crosman rio de janeiro, rj, brasil, 1987. vive em gante, bélgica, e rio de janeiro

Vou partir dessa imagem, a trama, pois ela já configura uma relação: práticas que vêm de diferentes direções, possibilidades especulativas que podem ou não ter continuidade e que, em algum momento, se entrelaçam, e depois seguem suas próprias direções. O TRAMA pensa práticas que são instituintes, mas não precisam permanecer atadas. E aí entram as colaborações com a Zazie Edições, Pedro Moraes e Negalê Jones. A ideia de colaboração, aqui, não envolve apenas a reunião de uma série de pessoas em um projeto, é como uma maximização de efeitos para dar conta de uma questão de escala. Uma Bienal pode instituir práticas que têm tamanho, mas, não necessariamente, escala; enquanto práticas de espaços menores podem não ter tamanho, mas vir a adquirir escala. Ou seja, podem produzir efeitos para além delas mesmas, ou que não se encerram no espaço expositivo. Dito isso, um dos objetivos era justamente recalibrar a escala da Bienal para uma potência que ela pode ter, por exemplo, de ser uma ferramenta de imaginação política de operações institucionais. O que me interessa é entender que já existem esforços nesse sentido, e distribuir os recursos da Bienal para determinadas iniciativas externas a ela. Uma colaboração que passa por várias camadas no mundo da arte, entre artistas, arquitetos, editores, advogados, produtores e por aí vai. Então é, de certa forma, uma dissolução da figura ou da ideia do/a artista que age sozinho/a, ou que impulsiona, sozinho/a, uma transformação no mundo. [LC]

trama, 2018. esboço de feitiço n.1


dar forma ao sistema

megaestrutura

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um espaço de arte

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economia moral

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maria laet rio de janeiro, rj, brasil, 1982. vive no rio de janeiro

Identifico-me e me encanto por coisas que vivem mais em silêncio, que acontecem sem ser tão notadas, em paralelo a um mundo que fala mais alto. É um processo intuitivo, como se esse universo me chamasse para o diálogo. Quando eu vim ao Pavilhão da Bienal, me impressionou o vazio imenso criado pela arquitetura que se impõe, tão forte. E justamente por ser tudo tão grande e importante, minha atenção se voltou ainda mais para as sutilezas desse espaço vazio, o que há de mais frágil e silencioso naquele contexto, o que não está sendo visto. O contraste entre esses mundos, e onde eles se encontram, é muito potente para mim. Eu acho que a atenção no meu trabalho tem muito a ver com um pensamento que vaga, um devaneio. Aonde você vai encontrar o que te toca, sem procurar. É um tipo de atenção que se deixa encontrar. [ML]

abismo das superfícies ii, 2018. still de vídeo



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nelson felix rio de janeiro, rj, brasil, 1954. vive em nova friburgo, rj, brasil

A escala deste trabalho é composta de três momentos: o primeiro, uma ação em dois pontos da América e, por isso, continental; depois, uma peça sintética colocada em um espaço externo na cidade de São Paulo; e, por último, como efeito de tudo isso, em espaço interno, a série de esculturas realizadas para o prédio da Bienal. Minha percepção de espaço expositivo se caracteriza por um emaranhado de questões, muitas vezes díspares, esquizofrênicas até. O que tenho como espaço, hoje, engloba a poesia e o desenho. Nesse sentido, uso esculturas, objetos, fotografias, ações, coordenadas geográficas, ou mesmo deslocamentos, para construir uma ideia de espaço que, muitas vezes, não recorre só ao local imediato da obra instalada, mas também ao próprio espaço global. Sua natureza não é puramente concreta; sua base é poética. Sua referência não se baseia unicamente na dimensão métrica. Está carregada de percepções, significados, história, sentimentos, desejos, memórias. Um esforço se faz necessário por parte do observador. A obra requer tempo para que você possa tatear e começar a ver sua estrutura. Nesse trabalho, fui a dois lugares na América: Anchorage, no Alasca, e Ushuaia, na Argentina, “o início e o fim” de duas cordilheiras que considero uma: a soma das Montanhas Rochosas e dos Andes. Eu as vejo, poeticamente, como uma coluna vertebral do globo terrestre. Nesse exagero de elementos articulados nasce uma noção de paisagem, uma noção de espaço em que se mesclam espaço natural, operações poéticas e espaço construído. [NF]

esquizofrenia da forma do êxtase, 2017-2018



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tamar guimarães viçosa, mg, brasil, 1967. vive em copenhague, dinamarca

Eu cresci em Belo Horizonte, e o que havia lá eram cineclubes. Minhas referências foram documentários subjetivos, o cinema verité [verdade], ensaios, cinema experimental e autoral. Gosto de ensaios, pela tensão entre repetição e diferença, pelo estado de espera por aquilo que você já conhece, mas que vem potencialmente renovado por mudanças internas de relações entre as partes. Por causa dessa obsessão por ensaios, eu procurava um texto para um ensaio a ser filmado, e queria trabalhar com um texto que falasse de um modo de ser e estar no Brasil. Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, me cativou muito porque há um ceticismo em relação ao progresso e uma leitura crítica afiada sobre a sociedade brasileira. Em 1880, oito anos antes da abolição da escravidão no Brasil, ele teve a clareza de dizer que “aqui vai haver a abolição da escravidão, mas a estrutura básica da sociedade não vai mudar”. Queria trabalhar com uma leitura do livro, assim como com a problemática de como você adapta um texto, se você adapta ou não, e o que faz com as diferenças de contexto e a passagem do tempo. Partes do roteiro foram sugeridas e, às vezes, escritas por pessoas que estão dentro do elenco e da equipe de produção do filme, principalmente entre os atores não profissionais. A produção do roteiro fez parte de uma conversa com o elenco de atores não profissionais, e pessoas em seu entorno, que durou muitas semanas. Nos ensaios, houve uma tentativa de estabelecer um processo de escuta e de escrita, uma escrita a várias mãos. [TG]

o ensaio, 2018


um filme de / a film by Tamar Guimarães

O ENSAIO Seria um evento ímpar… O caixão, o defunto falante, o emplastro, os soluços das amantes, as falas baixas dos homens, o barulho da chuva nas folhas da moita…

com / with Isabél Zuaa, Germano Melo, Camila Mota, Julia Ianina, Kelner Macêdo, Silvio Restiffe, e convidados / and guests  direção de fotografia /  cinematography Bárbara Alvarez  trilha sonora original / original soundtrack Arto Lindsay  roteiro / script Tamar Guimarães, Melissa de Raaf e Lillah Halla, com a colaboração do elenco e equipe / with the collaboration of cast and crew


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wura-natasha ogunji [artista-curadora] st. louis, mo, estados unidos, 1970. vive em lagos, nigéria

sempre, nunca ruby onyinyechi amanze, Nicole Vlado, Youmna Chlala, Lhola Amira, Mame-Diarra Niang e Wura-Natasha Ogunji apresentam novos trabalhos que exploram o espaço e o lugar em relação ao corpo, à história e à arquitetura. Suas investigações criativas abrangem do íntimo (corpo, memória, gesto) ao épico (história, país, cosmos). Desenvolvidos em um diálogo aberto entre artistas, seus projetos individuais e práticas entrecruzam ideias e questões sobre coragem, liberdade e experimentação, aspectos centrais do processo artístico. Em suas práticas criativas, elas aceitam e exploram o desconhecido: a fissura, a falha, o nó, a costura, a espinha, a fresta, a dobra, a aparência, o não território. amanze cria desenhos em papel que se dobram, suspendem e avançam no espaço. Vlado, artista e arquiteta, concentra-se em captar as superfícies dos corpos, os entornos construídos, e os espaços entre eles. As Appearances [Aparições] de Amira invocam o passado e o futuro. Chlala considera a espinha uma representação da conexão entre presciência e memória. As videoinstalações de Niang constituem ao mesmo tempo territórios novos e não territórios. Os desenhos de Ogunji, bordados dos dois lados da folha, revelam uma beleza misteriosa em seu avesso. São essas fissuras que se tornam terreno fértil para experimentações e um profundo respeito por tudo o que elas não conhecem. [WNO]


artistas participantes: lhola amira /  mame-diarra niang / nicole vlado /  ruby onyinyechi amanze /  wura-natasha ogunji /  youmna chlala


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lhola amira, lagom: breaking bread with the self-righteous ii [lagom: partindo o pão com os hipócritas ii], 2017 / mame-diarra niang, since time is distance in space [uma vez que o tempo é distância no espaço], 2017. performance


youmna chlala, loveseat process 10 [processo para namoradeira 10], 2018 / wura-natasha ogunji, desenho de projeto, 2018 / nicole vlado, registro de pesquisa, 2018 / ruby onyinyechi amanze, bird dance #1 [danรงa dos pรกssaros #1], 2018


p.70

p.78

p.74

p.80 p.68

p.68  aníbal lópez (a-1 53167) p.70  denise milan p.72  feliciano centurión p.74  mamma andersson [artista-curadora] p.78  siron franco p.80  vânia mignone p.82  waltercio caldas [artista-curador]

p.72

p.82


3


68

aníbal lópez (a-1 53167) cidade da guatemala, guatemala, 1964 – 2014

Aníbal López, ou A-1 53167 (número de seu documento de identidade), foi pioneiro da performance de inspiração política, embora sua produção cubra todo um espectro de práticas experimentais. A obra de López desconstrói os diversos rituais e crenças que governam nossa vida cotidiana, desestabilizando-a (com uma tonelada de livros em uma avenida movimentada), ou levando convenções tácitas ao limite do ridículo (ao permitir apenas a entrada de “pessoas bonitas” em uma abertura de exposição). A obra de López é permeada por um profundo compromisso com a ética e um desejo de desmascarar todo tipo de hipocrisia. Trabalhando em um contexto extremamente violento na Guatemala, muitas vezes abordava os temas mais difíceis daquela sociedade, do genocídio dos povos indígenas por militares à proliferação de sicários, ou matadores de aluguel, um dos quais o artista levou para ser entrevistado pelo público em um evento de arte na Alemanha. López também direcionou seu olhar crítico preciso para o mundo da arte e seus rituais, questionando como os valores são determinados e como a arte se relaciona com a economia. Em um de seus trabalhos mais icônicos, El préstamo [O empréstimo], o artista narra como assaltou, com uma arma, um senhor na Cidade da Guatemala para financiar a produção de uma exposição sua em uma galeria. Essa convergência de arte, economia e crime percorre a produção do artista. Apesar de sua morte abrupta, López continua sendo uma figura central e uma inspiração para toda uma geração de artistas, principalmente na América Central. [GPB]

guardias de seguridad [guardas de segurança], 2002. registro de ação



70

denise milan são paulo, sp, brasil, 1954. vive em são paulo

Eu fui olhando as pedras cada vez mais como seres humanos, porque elas tinham formas humanas. E quanto mais fui olhando para isso, para sua narrativa, mais elas foram me contando. Fui encontrando testemunhos da analogia entre o ser humano e a pedra, e do quanto, no fundo, a gente foi imaginado pela Terra. Temos uma ilusão tão grande de ser um objeto separado. Acho que é o que entristece o ser humano: ele esqueceu que foi imaginado, que faz parte da imaginação da Terra. Se você se sentar de frente para uma pedra, ela vai narrar a história dela pra você. E quanto mais você senta e escuta, é extraordinário, porque ela está falando da criação da Terra, mas também de sua conexão com o universo, porque a Terra faz parte do trajeto do universo. Então, imediatamente você deixa de ser um ser isolado e se torna um ser que pertence a um discurso telúrico, do sistema solar, do universo, dos sistemas maiores. Não o sistema econômico. Um sistema de outra dimensão. [DM]

quartzotekário xiv, 2018



72

feliciano centurión san ignacio, paraguai, 1962 – buenos aires, argentina, 1996

Nascido no Paraguai, Feliciano Centurión foi um artista fundamental na renovação artística ocorrida nos anos 1990 em Buenos Aires, em torno do Centro Cultural Ricardo Rojas. Os artistas dessa geração exploraram a subjetividade de diversos modos, muitas vezes incorporando elementos da cultura popular que anteriormente seriam considerados kitsch ou inapropriados. A obra de Centurión se caracteriza pelo uso dos tecidos e do bordado, campos de criação femininos por tradição e que são centrais na cultura paraguaia desde a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), ou Guerra do Paraguai, quando o país perdeu noventa por cento da população masculina. Os primeiros trabalhos de Centurión costumavam apresentar retratos extravagantes de animais, pintados em cobertores baratos. Ele também fez uma série de tecidos bordados, nos quais expressava desejos ou vontades, quase como um diário íntimo. Quando foi diagnosticado como HIV positivo, começou a relatar aspectos de sua doença nas obras, culminando na série de travesseiros apresentados no final dessa exposição. O uso do sentimento e das linguagens visuais tradicionalmente femininas colocam Centurión no contexto de artistas que começaram a explorar gênero e sexualidade ao longo dos anos 1990. Embora sua carreira tenha sido tragicamente curta, ele continua sendo uma figura central, mas pouco reconhecida, da história da arte contemporânea recente. [GPB]

cordero sacrificado [cordeiro sacrificado], c. 1996



74

mamma andersson [artista-curadora] lula, suécia, 1962. vive em estocolmo, suécia

stargazer II A arte é uma linguagem visual. Pode ser encontrada em um museu, uma igreja de pedra do século 13, uma revista de histórias em quadrinhos, ou em um filme de 1912 estrelado por baratas. A arte pode ser educativa, criada segundo regras, ou aprendida de forma independente. Seja como for, é absolutamente essencial para a vida. Interessam-me sobretudo os artistas solitários, que encontram sua voz em uma expressão única e própria. Esses artistas são, muitas vezes, marginais natos, embora alguns tenham se tornado marginais com o tempo. Os artistas que apresento aqui são todos diferentes uns dos outros, ainda que, para mim, estejam todos conectados. Todos foram cruciais para o meu próprio processo criativo, em diferentes etapas da minha vida. O foco principal é a pintura, uma vez que sou pintora. Mas, se me sinto tocada por uma obra de arte, não importa se é peça sonora, filme, fotografia, escultura ou desenho. As obras de minha autoria que incluí na exposição foram feitas nos últimos oito anos. Eu as escolhi pensando nas outras obras expostas aqui, por sentir que conversam com elas. [MA]


artistas participantes: åke hodell / bruno knutman /  carl fredrik hill / dick bengtsson /  ernst josephson / gunvor nelson /  henry darger / ícones russos /  ladislas starewitch / lim-johan /  mamma andersson / miroslav tichý


76

miroslav tichĂ˝, sem tĂ­tulo, s.d. / carl fredrik hill, utan titel (gran vid vattenfall) [sem tĂ­tulo (pinheiro e cachoeira)], 1883-1911 / mamma andersson, stargazer [observador de estrelas], 2012


gunvor nelson, my name is oona [meu nome é oona], 1969. still de vídeo / ladislas starewitch, la revanche du ciné-opérateur [a revanche do cinegrafista], 1912. still de vídeo


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siron franco goiás velho, go, brasil, 1947. vive em aparecida de goiânia, go, brasil

Em setembro de 1987, um catador de sucata em Goiânia encontrou uma máquina de raio X abandonada em um terreno baldio na rua 57 do Bairro Popular. Quando abriu parte da máquina, encontrou uma cápsula de césio 137, substância altamente radioativa usada para fins terapêuticos e que deveria ter sido descartada profissionalmente, e não jogada no lixo comum. Ignorando suas propriedades letais, o catador ficou fascinado com a substância, que brilhava no escuro, e a levou para casa, onde a mulher e a filha brincaram com ela. Em 24 horas, diversas pessoas adoeceram gravemente. Assim que a causa foi identificada, foi declarado estado de emergência nuclear em Goiânia, o mais grave depois de Chernobyl. A cidade inteira ficou em quarentena. O artista Siron Franco, que cresceu a poucos quarteirões do local do acidente, voltou a Goiânia na época e começou a produzir uma série de desenhos para registrar as imagens chocantes do desastre. Uma seleção de obras dessa série, chamada Rua 57, está exposta nesta sala, ao lado das pinturas que o artista fez em homenagem às quatro primeiras vítimas da catástrofe e de uma seleção de materiais da imprensa da época. Naquela ocasião, Siron Franco era um dos mais bem-sucedidos jovens artistas brasileiros. A série Césio marcou uma mudança dramática em sua linguagem e em seu comprometimento político com as realidades do Brasil contemporâneo e representa uma grande afirmação do potencial da arte para registrar e comentar tragédias humanas e sociais. [GPB] terceira vítima, 1987



80

vânia mignone campinas, sp, brasil, 1967. vive em campinas

Meu trabalho de desenho e pintura tem uma enorme influência da música popular brasileira. Achava a música que eu ouvia tão linda que precisava fazer algo, dentro dos meus recursos, que fosse tão bom quanto. E isso envolve também algo que a música tem: diferente do desenho e da pintura, ela entra por todos os lados. Você sente. Para mim, essa série de pinturas é como se fosse uma emoção baseada em certos contextos do dia a dia, em informações, coisas que li, aprendi, escutei, e que se juntam e me fazem produzir um grupo de trabalhos. São individuais, mas vêm todos dentro de uma mesma ideia. Então não é exatamente uma série. É o resultado de um período. Tem alguma coisa muito rápida, um ar de que existiria uma sequência entre eles. Existe uma ideia de história em quadrinhos, de filme, de que todos eles têm um começo, um meio e um fim. Não têm, mas há esse ambiente. [VM]

sem título, 2018



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waltercio caldas [artista-curador] rio de janeiro, rj, brasil, 1946. vive no rio de janeiro

os aparecimentos Não preciso da operação curatorial se posso exercer três atividades correlatas: a do artista que realiza uma obra, a do artista que tem preferências, e a de um terceiro que pensa a relação entre os dois anteriores. Assim, posso tratar as questões como gostaria, sem torná-las discursivas, colocando sob suspeita as justificativas e teorias estéticas. Apresento minhas escolhas como uma composição musical, evitando quaisquer conceitos ou excessos que tentem minimizar a experiência com as obras. A música resultante seria a forma explícita da relação entre o espectador e o que ele tem diante de si. É sempre bom lembrar que as verdadeiras obras de arte ignoram qualquer discurso que as desvirtue, e são suficientemente eloquentes para desautorizar interpretações oportunistas. Substituindo a ideia de demonstração pela de apresentação, pretendo tornar claro o que acontece ali, na diversidade das obras selecionadas; e reconheço neste confronto algo mais importante do que uma suposta autoridade curatorial sobre elas. Essa autonomia, essa linguagem própria das obras, beneficia a experiência, pois agora cabe somente aos trabalhos falar do desconhecido que os justifica. Partindo do princípio de que existem riscos bem‑humorados, acredito que a arte pode melhorar a qualidade do desconhecido. E nos resta a questão: como alterar as regras em benefício do que ainda não sabemos? [WC]


artistas participantes: anthony caro /  antonio calderara / antonio dias /  armando reverón / blaise cendrars /  bruce nauman / cabelo /  friedrich vordemberge-gildewart /  gego / jorge oteiza / josé resende /  miguel rio branco / milton dacosta /  oswaldo goeldi / richard hamilton /  sergio camargo / tunga /  vicente do rego monteiro /  victor hugo / waltercio caldas


84

victor hugo, tache dentelle [mancha de renda], 1855-1856 / josĂŠ resende, sem tĂ­tulo, 2012 / waltercio caldas, talco, 2008


antonio calderara, spazio luce [luz do espaรงo], 1961


p.88  bruno moreschi


+


88

bruno moreschi maringá, pr, brasil, 1982. vive em são paulo, sp, brasil

Encaro este projeto como um convite para pensar a Bienal de uma maneira não tradicional. Quatro perguntas me interessam: o que é presença, hoje? O que os não especializados têm a dizer? O que reverbera (do prédio para o parque e para a cidade)? E o que fica? São perguntas propositadamente amplas. Relembro à equipe que trabalha comigo (Gabriel Pereira, pesquisador parceiro, Bernardo Fontes, programador, e Nina Bamberg, produtora) que não precisamos provar nada. Queremos constituir um arquivo de experiências que não são aquelas de um arquivo oficial. Num futuro próximo ou distante, alguém vai estudar a 33ª Bienal e se deparar com o arquivo oficial esperado, mas também com outro conjunto de documentos resultante de nossas ações. Gosto de imaginar que isso será um estímulo para que as pesquisas sobre o passado sejam mais experimentais. O que aconteceu sempre está em construção. Para ficar só em um exemplo, pensar no que os não especializados têm a dizer é escutar os guardas e o pessoal do setor de limpeza da Bienal, mas também as inteligências artificiais (IA), que não são familiarizadas com a leitura de imagens de obras de arte – uma das IAs leu uma parede expositiva da Bienal como “vasto horizonte”; outra interpretou os vidros do prédio como “cercas”. Alguém pode encarar a interpretação não especializada como algo a não se considerar seriamente, como um erro. Nós pensamos essas leituras como ampliações. [BM] outra 33ª bienal de são paulo, 2018. interferências geradas por inteligências artificiais sobre imagem de arquivo da 1ª bienal de são paulo (1951)


pessoa 0.7

carro 0.84

pessoa 0.70

pessoa 0.71

pessoa 0.70

gravata 0.96

pessoa 0.76

pessoa 0.75

pessoa 0.73

pessoa 0.87 pessoa 0.99

gravata 0.83 pessoa 0.89

pessoa 0.98 pessoa 0.96

gravata um grupo de pessoas em pĂŠ em um campo


90

lista de artistas e crĂŠditos


LISTA DE ARTISTAS exposições coletivas aos nossos pais   p.44 Alejandro Cesarco [artista-curador] / Andrea Büttner / Cameron Rowland / Henrik Olesen / Jennifer Packer / John Miller / Louise Lawler / Matt Mullican / Oliver Laric / Peter Dreher / Sara Cwynar / Sturtevant sentido/comum

p.30

Alberto Sánchez / Andrea Büttner / Antonio Ballester Moreno [artista‑curador] / Benjamín Palencia / Friedrich Fröbel / José Moreno Cascales / Mark Dion / Matríztica (Humberto Maturana e Ximena Dávila) / Rafael Sánchez-Mateos Paniagua

p.48 Ben Rivers / Claudia Fontes [artista-curadora] / Daniel Bozhkov / Elba Bairon / Katrín Sigurdardóttir / Pablo Martín Ruiz / Paola Sferco / Roderick Hietbrink / Sebastián Castagna / Žilvinas Landzbergas o pássaro lento

stargazer ii  p.74 Åke Hodell / Bruno Knutman / Carl Fredrik Hill / Dick Bengtsson / Ernst Josephson / Gunvor Nelson / Henry Darger / ícones russos / Ladislas Starewitch / Lim‑Johan / Mamma Andersson [artista-curadora] / Miroslav Tichý a infinita história das coisas

ou o fim da tragédia do um   p.38 Adelina Gomes / Ana Prata / Antonio Malta Campos / Arthur Amora / Bruno Dunley / Carlos Ibraim / Jennifer Tee / José Alberto de Almeida / Lea M. Afonso

Resende / Leda Catunda / Martín Gusinde / Rafael Carneiro / Sara Ramo / Sarah Lucas / Serafim Alvares / Sofia Borges [artista-curadora] / Sônia Catarina Agostinho Nascimento / Tal Isaac Hadad / Thomas Dupal / Tunga / outros artistas serão incluídos ao longo da exposição os aparecimentos  p.82 Anthony Caro / Antonio Calderara / Antonio Dias / Armando Reverón / Blaise Cendrars / Bruce Nauman / Cabelo / Friedrich Vordemberge-Gildewart / Gego / Jorge Oteiza / José Resende / Miguel Rio Branco / Milton Dacosta / Oswaldo Goeldi / Richard Hamilton / Sergio Camargo / Tunga / Vicente do Rego Monteiro / Victor Hugo / Waltercio Caldas [artista-curador] sempre, nunca   p.62 Lhola Amira / Mame-Diarra Niang / Nicole Vlado / ruby onyinyechi amanze / Wura-Natasha Ogunji [artista-curadora] / Youmna Chlala

projetos individuais Alejandro Corujeira  p.36 Aníbal López (A-1 53167)  p.68 Bruno Moreschi  p.88 Denise Milan  p.70 Feliciano Centurión  p.72 Lucia Nogueira  p.52 Luiza Crosman  p.54 Maria Laet  p.56 Nelson Felix  p.58 Siron Franco  p.78 Tamar Guimarães  p.60 Vânia Mignone  p.80


CRÉDITOS DE IMAGENS

alejandro cesarco

p.47 Learning the Language (Present Continuous II) [Aprendendo a língua (Presente contínuo II)], 2018. Vídeo HD (cor, som), 15’25’’. Cortesia do artista e Tanya Leighton Gallery, Berlim. alejandro corujeira

p.37 Los ojos callados [Os olhos calados], Série Al despertar, flotaban [Ao despertar, flutuavam], 2018. Aquarela e acrílica sobre tela, 130 × 120 cm. Coleção Cecilia Brunson Projects, Londres. Foto: Francisco Fernandez / Unidad Móvil. andrea büttner

p.33 Untitled (Pink-Blue) [Sem título (rosaazul)], 2017. Xilogravura sobre papel, 200 × 140 cm (peça esquerda), 201 × 130 cm (peça direita). Cortesia: Hollybush Gardens, Londres; David Kordansky Gallery, Los Angeles; Galerie Tschudi, Zuoz. © Andrea Büttner / VG Bild-Kunst, Bonn 2018. Foto: Andy Keate. aníbal lópez

p.69 Guardias de seguridad [Guardas de segurança], 2002. Registro de ação realizada em Fuori Uso Ferrotel, Pescara, Itália. Coleção Acumulação Cultural. Foto: Aníbal López.

antonio ballester moreno

p.32 Sol (negativo), 2016. Colagem, papel cartão colorido, 35 × 25 cm. Cortesia: MaisterraValbuena, Christopher Grimes e Pedro Cera. Lluvia [Chuva], 2016. Colagem, papel cartão colorido, 35 × 25 cm. Cortesia: MaisterraValbuena, Christopher Grimes e Pedro Cera. antonio calderara

p.85 Spazio Luce [Luz do espaço], 1961. Óleo sobre painel, 27 × 36 cm. Coleção Fondazione Calderara, Vacciago. © Fondazione Antonio e Carmela Calderara.

benjamín palencia  p.32 Arquitectura sensible [Arquitetura sensível], 1931. Óleo e areia sobre tela, 54 × 72 cm. Coleção Miguel Palencia. Foto: Ramón Palencia. bruno moreschi  p.89 Outra 33ª Bienal de São Paulo, 2018. Interferências geradas por Inteligências Artificiais sobre imagem de arquivo da 1ª Bienal de São Paulo (1951). Colaboradores: Gabriel Pereira (pesquisador), Bernardo Fontes (programador), Nina Bamberg (produtora). Foto original: Cav. Giov. Strazza / Fundação Bienal de São Paulo. carl fredrik hill  p.76 Utan Titel (Gran vid Vattenfall) [Sem título (Pinheiro e cachoeira)], 1883-1911. Giz de cera sobre papel, 36,5 × 22,7 cm. Coleção Malmö Konstmuseum.


claudia fontes  p.51 Nota al pie [Nota de rodapé], 2018. História de detetive e ornamentos de porcelana quebrados por oito pássaros em 5500 fragmentos, cobertos por tecido de algodão feito à mão, 750 × 120 cm. © 2018 Bernard G Mills. All rights reserved. denise milan  p.71 Quartzotekário XIV, 2018. Impressão sobre papel de algodão, 90 × 70 cm. © Denise Milan / Fotógrafo: Thomas Susemihl. feliciano centurión  p.73 Cordero sacrificado [Cordeiro sacrificado], c. 1996. Acrílica sobre cobertor de poliéster, 236,2 × 130,8 cm aprox. Coleção Blanton Museum of Art, da University of Texas at Austin (Adquirido com fundos fornecidos por Donald R. Mullins, Jr., 2004‑2004.173). Foto: Rick Hall. friedrich fröbel  p.32 The Second Gift [O segundo dom], c. 1890. Construído por J. W. Schermerhorn & Company, Nova York. Madeira e barbante, dimensões variáveis. Coleção Norman Brosterman. Foto: Kiyoshi Togashi. gunvor nelson  p.77 My Name is Oona [Meu nome é Oona], 1969. Still de vídeo, 10’. Cortesia: Moderna Museet, Estocolmo. jennifer packer

p.46 Say Her Name [Diga o nome dela], 2017. Óleo sobre tela, 101 × 122 cm. Cortesia da artista.

jennifer tee

p.40 Ether Plane – Material Plane, Abstraction of a shape, form or presence [Plano etéreo – Plano material, Abstração de formato, forma ou presença], 2016. Papel Hahnemühle Museum Etching 350g, 65 × 100 cm. Cortesia da artista e Galerie Fons Welters, Amterdã.. Foto: Gert Jan van Rooij. josé resende

p.84 Sem título, 2012. Aço, cobre e bronze, 12 × 80 × 31 cm. Coleção: Paulo Darzé Galeria. Foto: Andrew Kemp. katrín sigurdardóttir  p.50 Content [Conteúdo], 2018. Papel e madeira exportadas do Brasil para os Estados Unidos, dimensões variáveis. ladislas starewitch  p.77 La Revanche du Ciné-opérateur [A revanche do cameraman], 1912. Filme de animação stop-motion, 2’35’’. Coleção Martin Starewitch. Foto: Ladislas Starewitch. lhola amira  p.64 LAGOM: Breaking Bread with the Self-Righteous II [LAGOM: Partindo o pão com os hipócritas II], 2017, Série, LAGOM: Breaking Bread with the Self‑Righteous. Impressão giclée sobre Hahnemühle PhotoRag Baryta Diasec, 91 × 145 cm. Coleção: Skövde Art Museum, Tiroche DeLeon, Robert Devereux, Bob & Reneé Drake. Foto: Annie Hyrefeldt.


louise lawler  p.46 Still Life (Candle) (traced) [Natureza morta (Vela) (traçado)], 2003/2013. Adesivo vinílico, dimensões variáveis. Cortesia da artista e Metro Pictures, Nova York.

nelson felix  p.59 Desenho 19 do caderno de artista Esquizofrenia da Forma do Êxtase, 2017–2018. Nanquim sobre papel, 40 × 30 cm aprox. Foto: Pedro Ivo Trasferetti / Fundação Bienal de São Paulo.

lucia nogueira  p.53 Full Stop [Ponto final], 1993. Poste de aço, bobina de madeira para cabo, 102 × 57 × 73 cm. Espólio de Lucia Nogueira. Cortesia: Anthony Reynolds. © Espólio de Lucia Nogueira.

nicole vlado  p.65 Registro de pesquisa (2018). Gesso. Foto: Nicole Vlado.

luiza crosman  p.55 TRAMA, 2018. Esboço de Feitiço n.1. Dimensões variáveis. Coleção editorial TRAMA. Colaboradores: Negalê Jones, Pedro Moraes e Zazie Edições. mame-diarra niang  p.64 Performance de Mame-Diarra Niang na videoinstalação Since Time Is Distance in Space [Uma vez que o tempo é distância no espaço], Joanesburgo (setembro, 2017). Foto: Nina Lieska | REPRO. mamma andersson

p.76

Stargazer [Observador de estrelas], 2012. Óleo sobre painel, 160 × 100 cm. Cortesia da artista e Stephen Friedman Gallery, Londres. © Mamma Andersson / Foto: Stephen White. maria laet

p.57

Abismo das superfícies II, 2018. Still de vídeo, 3’44’’. Coleção da artista. miroslav tichý p.76 Sem título, s.d. Impressão em gelatina de prata, 15,2 × 22,1 cm. Cortesia: Zeno × Gallery, Antuérpia.

paola sferco  p.50 La respuesta de las cosas [A resposta das coisas], 2018. Projeção de vídeo (multicanal), 11’; 3 paredes (2,80 × 3 m, 5 × 3 m, 3 × 3 m). roderick hietbrink  p.51 The Living Room [A sala de estar], 2011. Still de vídeo, 8’05’’. Coleção Stedelijk Museum, Amsterdã. ruby onyinyechi amanze

p.65 bird dance #1 [dança dos pássaros #1], 2018. Impressão a jato de tinta em papel semi mate, 185,4 × 97,8 cm. sarah lucas  p.41 Silver Hippie [Hippie prateado], 2016. Meia-calça, espunha, cadeira, 215 × 180 × 65 cm. Cortesia: CFA, Berlin e Sadie Coles HQ, Londres. © Sarah Lucas / Foto: Jochen Littkemann. siron franco  p.79 Terceira vítima, 1987, Série Césio. técnica mista sobre tela, 155 × 135 cm. Coleção particular. Foto: Paolo Giorlando Ribeiro. sofia borges  p.41 Véu, 2017. Impressão de pigmento mineral em papel algodão, 150 × 230 cm (variável).


sturtevant  p.46 Warhol Flowers [Flores de Warhol], 1970. Polímero sintético e serigrafia sobre tela, 56 × 56 cm. Cortesia Galerie Thaddaeus Ropac London, Paris, Salzburgo. © Estate Sturtevant, Paris / Foto: Charles Duprat. tamar guimarães

p.61 O ensaio, 2018. Pôster de filme. Cortesia da artista, Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo e Dan Gunn Gallery, Londres. Foto: Mauro Restiffe.

tunga  p.40 The Bather [O banhista], 2014. Tripé de ferro, resina, cerâmica, gesso, papel de algodão, 220 × 150 × 150 cm. Coleção: Instituto Tunga, Rio de Janeiro. Cortesia: Luhring Augustine, Nova York; Galeria Millan, São Paulo. © Instituto Tunga, Rio de Janeiro. vânia mignone  p.81 Sem título, 2018. Acrílica com colagem sobre papel, 51,1 × 36 cm. Coleção da artista. Foto: Daniel Malva / Fundação Bienal de São Paulo. victor hugo  p.84 Tache dentelle [Mancha de renda], 1855-1856. Aguada de tinta marrom sobre papel fino, 6,4 × 10,4 cm. Coleção Maison de Victor Hugo, Paris, inv. 2012.3.1 © Maisons de Victor Hugo / Foto: Roger-Viollet. waltercio caldas  p.84 Talco, 2008. Mármore, aço inoxidável e acrilico gravado, 12 × 43 × 50 cm. Foto: Paulo Costa.

wura-natasha ogunji  p.65 Desenho do projeto, 2018. Tinta sobre papel, 21 × 13 cm. youmna chlala

p.65 LoveSeat Process 10 [Processo para namoradeira 10], 2018. Tinta sobre papel velino, 45 × 30 cm. Foto: Youmna Chlala. žilvinas landzbergas

p.50 Hidden Sun [Sol oculto], 2018. Still de vídeo, 6’40’’. Câmera: Mikas Zukauskas.


33ª BIENAL DE SÃO PAULO − AFINIDADES AFETIVAS FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO [EQUIPE] superintendência

projetos

Luciana Guimarães · superintendente

executiva

produção

Dora Silveira Corrêa · superintendente de

Felipe Isola · gerente de planejamento

projetos

e logística

Emilia Ramos · superintendente

Joaquim Millan · gerente de obras

administrativo-financeira

e expografia

administrativo-financeiro financeiro

Amarildo Gomes · gerente Cristiane Santos · coordenadora Fábio Kato · assistente Silvia Andrade Branco · assistente planejamento e operações

Marcela Amaral · coordenadora Danilo Alexandre Machado de Souza ·

assistente Rone Amabile · assistente recursos humanos

Albert Cabral dos Santos · assistente gestão de materiais e patrimônio

Valdomiro Neto · gerente Larissa Di Ciero · assessora – gestão predial Vinícius Araújo · assessor – compras Angélica de Oliveira · assistente Daniel Pereira Nazareth · assistente –

compras

Waleria Dias · coordenadora Dorinha Santos · produtora Felipe Melo Franco · produtor Gabriela Lopes · produtora Heloisa Bedicks · produtora Veridiana Simons · produtora Bianca Volpi · assistente Graziela Carbonari · assessora –

conservação Viviane Teixeira · assistente programa educativo

Cláudia Vendramini Reis · gerente Laura Barboza · coordenadora Anita Limulja · assessora Bianca Casemiro · assessora – difusão Elaine Fontana · assessora Janaína Machado · assessora Regiane Ishii · assessora – conteúdo arquivo bienal

Ana Luiza de Oliveira Mattos · gerente Ana Paula Andrade Marques · assessora Fernanda Curi · assessora Melânie Vargas de Araujo · assessora Pedro Ivo Trasferetti von Ah · assessor

Wagner Pereira de Andrade · auxiliar –

gestão predial

tecnologia da informação

Leandro Takegami · gerente Diego Rodrigues · assistente

Cristina Fino · coordenadora – editorial Thiago Gil · pesquisador


comunicação

serviços terceirizados

Felipe Taboada · gerente Caroline Carrion · coordenadora Ana Elisa de Carvalho Price ·

bombeiros: Alpha Secure Serviço e Multi Serviço. consultoria de engenharia elétrica: Sinsmel Engenharia. limpeza / manutenção predial: Tejofran Saneamento e Serviços. motoboy: ATNTO Transporte Rodoviário. portaria e vigilância: Plansevig Terceirização de Serviços. assessoria jurídica: Olivieri

coordenadora – design Diana de Abreu Dobránszky · assessora

– editorial Julia Bolliger Murari · assessora – conteúdo Victor Bergmann · assessor – internet Adriano Campos · assistente – design Eduardo Lirani · assistente relações institucionais e parcerias

Flávia Abbud · gerente Eduardo Augusto Sena · coordenador –

projetos especiais Irina Cypel· coordenadora Mariana Sesma · assessora – internacional Raquel Silva · assistente – gestão de espaços Rayssa Foizer · assistente Paula Signorelli · consultora da superintendente executiva secretaria geral

Maria Rita Marinho · gerente Josefa Gomes · auxiliar projeto acervos

Leandro Melo · consultor de conservação assistentes: Aline Midori M. Yado, Amanda Pereira Siqueira, Antonio Paulo Carretta, Bruno César Rodrigues, Daniel Malva Ribeiro, Elaine de Medeiros, Fernanda Cícero de Sá, Jéssica da Silva Carvalho, Marcele Souto Yakabi, Nayara Maria Ayres de Oliveira, Pollyana Pereira Marin. estagiária: Olívia Tamie Botosso Okasima

– Consultoria Jurídica em Cultura e Entretenimento; Pannunzio, Trezza, Donnini Advogados; Montenegro Castelo Advogados Associados; Gusmão & Labrunie Propriedade Intelectual; Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques – Sociedade de Advogados; Tepedino, Migliore, Berezowki e Poppa Advogados


33ª BIENAL DE SÃO PAULO − AFINIDADES AFETIVAS curadoria

colaboradores temporários

Gabriel Pérez-Barreiro · curador‑geral

projetos

artistas-curadores

Alejandro Cesarco Antonio Ballester Moreno Claudia Fontes Mamma Andersson Sofia Borges Waltercio Caldas Wura-Natasha Ogunji

produção

Marina Scaramuzza · produtora –

transporte Carolina Kimie Noda · assistente Manoel Borba · assistente audiovisual

Maxi

conselho curatorial

cenotécnica

Antonio La Pastina Jacopo Crivelli Visconti

Cinestand

Laura Cosendey · assistente Gabriela Saenger Silva ·

Ana Carolina Laraya Glueck, Cristiane Basilio Gonçalves, Frederico Bertani Ferreira, Tatiana Sontori

conservação

curadora convidada (Aníbal López) Norman Brosterman ·

curador convidado (Friedrich Fröbel)

iluminação

Lux Projetos arquitetura

Alvaro Razuk equipe: Bruna Canepa, Daniel Winnik, Ligia Zilbersztejn, Victor Delaqua

Gala

editorial

Axa Art | Geco Brasil corretora de seguros

montagem

seguro

Fabiana Werneck · consultora transporte

projeto educativo

Lilian L’Abbate Kelian · consultora Helena Freire Weffort · consultora

Art Quality Log Solutions Waiver Arts

identidade visual

projeto educativo

Raul Loureiro

Mediadores: Affonso Prado Valladares Abrahão, Amanda Preisig, Amanda Navarro, Ana Beatriz Silva Domingues, Ana Gabriela Leirias, Ana Maria Krein, Ana Lívia Castro, Anderson Barreto


Pereira, André Luiz de Jesus Leitão, André Rosa, Anne Magalhães, Bianca Leite, Bruno Ramos, Carolina Rosa, Célia Barros, Daiana Ferreira de Lima, Daniel Manzione, Darlan Gonçalves Teles, Denise Rodrigues, Dione Pozzebon, Diran Castro, Émerson Prata, Erica da Costa Santos, Fabio Moreira Caiana, Isis Andreatta, Isis Gasparini, Janaína Grasso, Josiane Cavalcanti, Julia Monteiro Viana, Juliana Biscalquin, Juliana Melhado, Kim Cavalcante, Laura da Silva Monteiro Chagas, Leandro de Souza, Leila Rangel da Silva, Leo Lin, Luana Robles Vieira, Lucas Itacarambi, Lucas Oliveira, Luciano Wagner Favaro, Lucimara Amorim, Ludmila Costa Cayres, Luiza Gianesella, Luna Borges Berruezo, Marcia Falsetti, Maurício Perussi, Monika Jun Honma, Natalia Homero, Nina Clarice Montoto, Paula Berbert, Paula Nogueira Ramos, Pedro Ermel, Priscila Nascimento Pires, Rafael Gatuzzo Barbieri, Renato Ferreira Lopes, Roberta Browne, Rogério Da Col Luiz Pereira, Rômulo dos Santos Paulino, Sansorai de Oliveira, Suzy da Silva Santos, Tailicie Paloma, Thiago Franco, Vinebaldo de Souza Filho. estagiários: Laura Frare, Jailson Xavier, Camélia Paiva, Gabriel Santos

administrativo-financeiro gerência de serviços da exposição Anna Riso · gerente Thomás Bobadilha · assistente

ambulância e posto médico

Premium Serviços Médicos bombeiros

Local Serviços Especializados compras

Victor Senciel · auxiliar elétrica

Francisco Galdino de Oliveira Junior Instalações Elétricas limpeza

MF Serviços de Produções de Eventos em Geral orientação de público

EWA Serviços de Apoio Empresarial Ltda segurança

Prevenção Vigilância e Segurança Ltda wi-fi New Telecom

comunicação

acessibilidade

assessoria de imprensa nacional

Museus Acessíveis

Conteúdo Comunicação

agendamento

assessoria de imprensa internacional

Diverte Logística Cultural Ltda

Pickles PR


audioguia

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO

Renato Parmi design

organizado por

Manu Vasconcelos · assistente

Gabriel Pérez-Barreiro Laura Cosendey · assistente

editorial

Rafael Falasco · assistente

coordenação editorial

publicidade

Cristina Fino Diana de Abreu Dobránszky

Tech & Soul projeto gráfico conteúdo audiovisual

Dreambox, Zeppelin Filme

Aninha de Carvalho Price Adriano Campos Manu Vasconcelos

registro videográfico

F For Felix, Um Audiovisual

editor‑assistente

Rafael Falasco international weekend

Mônica Novaes Esmanhotto ·

autores

consultora

Alejandro Cesarco – AC Alejandro Corujeira – ACo Antonio Ballester Moreno – ABM Bruno Moreschi – BM Claudia Fontes – CF Denise Milan – DM Gabriel Pérez-Barreiro – GPB Luiza Crosman – LC Mamma Andersson – MA Maria Laet – ML Nelson Felix – NF Sofia Borges – SB Tamar Guimarães – TG Vânia Mignone – VM Waltercio Caldas – WC Wura-Natasha Ogunji – WNO

produção de eventos

Patrícia Galvão · consultora


traduções

Alexandre Barbosa Janaína Marcoantonio John Norman preparação e revisão de provas

John Norman Teté Martinho Richard Sanches transcrições

Janaína Marcoantonio Débora Donadel Maria Claudia Mattos produção gráfica

Signorini Produção Gráfica Eduardo Lirani pré-impressão e impressão

Ipsis

© Copyright da publicação: Fundação Bienal de São Paulo. Todos os direitos reservados. As imagens e os textos reproduzidos nesta publicação foram cedidos por artistas, fotógrafos, escritores ou representantes legais e são protegidos por leis e contratos de direitos autorais. Nenhum uso é permitido sem a autorização da Bienal de São Paulo, dos artistas e dos fotógrafos. Todos os esforços foram feitos para localizar os detentores de direitos das obras reproduzidas, mas nem sempre isso foi possível. Corrigiremos prontamente quaisquer omissões, caso nos sejam comunicadas. Este guia foi publicado por ocasião da 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas, realizada entre 7 de setembro e 9 de dezembro de 2018, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, São Paulo.


patrocĂ­nio master

patrocĂ­nio


parceria cultural

apoio

apoio mídia

player oficial

apoio comunicação


apoio internacional

apoio institucional

realização


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

33ª Bienal de São Paulo: afinidades afetivas : guia / Fundação Bienal de São Paulo [et al.]; curadoria Gabriel Pérez-Barreiro]. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2018. Outros autores: Gabriel Pérez-Barreiro, Alejandro Ballester Moreno, Alejandro Cesarco, Claudia Fontes, Mamma Andersson, Sofia Borges, Waltercio Caldas, WuraNatasha Ogunji. Bibliografia isbn 978-85-85298-64-7 1. Arte – São Paulo (sp) – Exposições; 2. Arte – Século 21; 3. Bienal de São Paulo (sp) I. Pérez-Barreiro, Gabriel; II. Ballester Moreno, Alejandro; III. Cesarco, Alejandro; IV. Fontes, Claudia; V. Andersson, Mamma. VI. Borges, Sofia; VII. Caldas, Waltercio; VIII. Ogunji, Wura-Natasha; VIII. Fundação Bienal de São Paulo. 18-12899 cdd-709

Índices para catálogo sistemático: 1. Bienais de arte: São Paulo: Cidade 709.8161 2. São Paulo: Cidade: Bienais de arte 709.8161


ministério da cultura, fundação bienal e itaú apresentam

33bienal/sp [afinidades afetivas] 2018 ISBN 978-85-85298-64-7

guia


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