a revista que está com a bola toda
Entrevista com RENATA SAPORITO
CAMAROTE:
VI CONGRESSO DA ACEB Associação dos Cronistas Esportivos do Brasil
GOL DE PLACA: Como surgiu a expressão?
CORINTHIANS
QUEBRA O TABU Contra o Santos
ZICO, 71 anos
Um dos nossos mais conceituados comentaristas A MULHER NO FUTEBOL
AYRTON SENNA
Ele faria 64 anos
ENTREVISTA COM MAURÍCIO NORIEGA
1 - 2024
EDIÇÃO 5 Ano
EDIT RIAL
São 35 anos de uma carreira bem-sucedida, carreira de sangue na veia, pois é filho de Luiz Noriega, dono da voz clara, forte e bonita que durante anos pôde ser ouvida (e vista) na TV Cultura de São Paulo.
Nesses 35 anos, desde que se formou em jornalismo na Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, em São Paulo, teve passagens por veículos importantes do jornalismo brasileiro, como Folha da Tarde, A Gazeta Esportiva, Diário Popular, Lance!, SportsJá!, Rádio Bandeirantes e SporTV. Também colaborou com veículos internacionais, como "El Heraldo de México" e TVs da Austrália e Argentina.
Atualmente, é comentarista da Rádio Transamérica e da CNN. Esse é o convidado especial da Bem Bolada número 5, a revista que está com a bola toda.
Noriega trafega bonito, fácil, pelos mundos do Jornalismo e do Esporte. Ambos com letras maiúsculas.
Do pai, herdou a facilidade da comunicação clara, objetiva e a seriedade no trabalho.
Maurício Noriega ganhou o prêmio Ford ACEESP de melhor comentarista esportivo por seis vezes: em 2005, 2006, 2007, 2010 , 2011 e 2015. Essa premiação é considerada o Oscar do Jornalismo Esportivo.
Em nossas páginas, as mulheres sempre têm sua vez. E a vez deste número é da apresentadora e comentarista Renata Saporito, que foi levada ao jornalismo esportivo em razão de sua grande paixão pelo São Paulo. Entre outras coisas de sua carreira, conta que um dos jogos mais importantes de sua vida é a vitória do São Paulo sobre o Liverpool, em 2005.
Ainda falando de jornalismo esportivo, você vai saber onde está o narrador Jota Júnior, o Jotinha.
Eduardo Galeano é o personagem de nossa Biblioteca, com seu saboroso livro “Futebol ao sol e à sombra”. Imperdível.
E, pulando para dentro das quatro linhas, falamos do grande Zico, que chega agora aos 71 anos.
Homenageamos o grande repórter Fábio Seródio, que conta o momento difícil pelo qual está passando.
Na seção Camarote, o importante Congresso da ACEB – Associação dos Cronistas Esportivos do Brasil, realizado em Manaus.
E não poderia faltar o tão aguardado Quiz, além de outras interessantes matérias preparadas com muito carinho por mim e pelo Silvio Natacci.
Mário Marinho
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- Entrevista com Maurício Noriega
Saporito
- Camarote
- Gol de Placa
- A Mulher no Futebol: Renata
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- Zico, 71 anos
- Airton Senna, 64 anos
- Cadê Você?
- Corinthians: quebra do tabu conta o Santos
- Biblioteca
- Quiz 24 - Fábio Seródio FONE: +55 11 99695-6793 revistabembolada@gmail.com COMUNICAÇÃO INTEGRADA MÁRIO LÚCIO MARINHO mariomarinho@uol.com.br SILVIO NATACCI silvionatacci@terra.com.br DIRETORES E JORNALISTAS RESPONSÁVEIS PROJETO GRÁFICO NETO OLIVEIRA neto.oliveira@gmail.com Filho de peixe... 12 ÍNDICE 10 04 ÍNDICE 16 2
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MAURÍCIO NORIEGA
Seguindo os passos de seu saudoso pai, Luiz Noriega, ele conta como construiu sua sólida e bem-sucedida carreira.
Como foi a infância do menino Maurício, filho de um dos grandes ícones da nossa narração esportiva, o Luiz Noriega? Ia muito aos estádios? Muito, muito. Tive uma infância privilegiada nesse aspecto. Eu vi o Moreno jogando voleibol, a Norminha jogando basquete, o Pelé jogando futebol, o Ubiratan jogando basquete... Eu tive quase que uma faculdade em esportes acompanhando meu pai. Acompanhei futebol, natação, judô, motonáutica... Graças à credibilidade do meu pai, pude conhecer muitas pessoas legais. Isso me enchia de orgulho. Hoje eu entendo que segui essa carreira por tudo o que vivi na infância.
Como começou a carreira?
No início, eu não queria ser jornalista. Na época do vestibular, eu me inscrevi para Jornalismo, Psicologia e Educação Física. Psicologia, acabei desistindo; prestei Jornalismo, passei; e no dia do vestibular de Educação Física, eu não fui... Fui ficando no Jornalismo... Mas eu comecei
minha carreira na assessoria de imprensa da Federação Paulista de Basquete, em 1987. Estava no segundo ano da Faculdade Cásper Líbero. Em 1989, quando me formei, apareceu uma chance de trabalhar na Folha da Tarde. Fiz um teste e fui aprovado pelo Chico Lang e pelo José Roberto Malia. Comecei a trabalhar na área internacional, não era nem esporte. Nos finais de semana, comecei a ajudar no esporte, chamado pelo Fábio Sormani. Depois, fui transferido em definitivo para o esporte. Fiquei lá até 1991. Aí, tive um convite do Diário Popular, através do Arnaldo Branco e do Nelson Nunes. Permaneci lá até 1994. Fui trabalhar com meu pai na assessoria de imprensa dele. Daí, fui para a Gazeta Esportiva, em 1996, e, depois, para o Lance, em 1997. Voltei para a Gazeta Esportiva, em 1998. Fiquei até o começo do ano 2000, quando fui convidado para montar um portal chamado SportsJá!. Fiquei até 2002. Tive uma passagem muito rápida pela Rádio Bandeirantes. De lá, fui para a SporTV, onde fiquei 21 anos. Saí em abril de 2023.
E atualmente, onde você está atuando?
Na CNN e na Rádio Transamérica. Escrevo, também, para o portal Trivela.
E você gosta mais de fazer Rádio, TV ou Internet?
Hoje eu gosto mais da TV. Aprendi a fazer TV no SporTV. Eu gosto muito da SporTV. Comentei duas finais de Copa do Mundo, trabalhei em Olimpíada, Jogos Pan-Americanos, Eurocopa, Copa América... Aprendi de gostar da TV, principalmente a TV ao vivo. Mas eu gosto de escrever também e sou um ouvinte de rádio. Era um ouvinte da velha Rádio Jovem Pan que, infelizmente, não existe mais. Meu pai era muito amigo do Fernando Vieira de Mello, que inventou o padrão Jovem Pan de Jornalismo. Atualmente tenho o prazer de trabalhar na Transamérica, graças a um convite do Éder Luiz.
Foto: Divulgação/Reprodução
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Para quem gosta de exclusividade. Jardim Paulista R. General Mena Barreto, 766 (11) 3884-1022 Whatsapp: (11) 95840-4422 donatellihouse.com.br Vila Madalena R. Delfina, 277 (11) 3814-9958 Chácara Santo Antônio R. Antônio das Chagas, 626 (11) 5181-5659
Falando de Seleção... O que você achou daquela ideia inicial da CBF de convocar um técnico “tampão” à espera do Ancelotti e esse técnico ser o Diniz?
Foi uma bobagem muito grande. Foi um ato meio de desespero do novo presidente da CBF. Foi uma comédia de erros. Não tenho nada contra técnicos estrangeiros, mas não dessa forma como foi elaborada. Gostaria muito de ver, por exemplo, o Guardiola na Seleção. Mas, temos bons treinadores aqui no Brasil. A escolha do Diniz foi precipitada. Não era o momento dele. Ele tem uma ideia de futebol muito particular, que precisa de muito treino. E deu no que deu.
O que você acha do Dorival na Seleção?
Acho ele um cara prático. Ele faz o simples muito bem e isso é muito sofisticado. Não é fácil. Ele faz o que é melhor para os jogadores. A chance dele ser mais feliz do que o Diniz na Seleção é grande por causa disso. O Diniz quer impor o sistema dele aos jogadores e o Dorival não é assim.
Alguns gostariam de ver o Abel Ferreira na Seleção... Por que não? Eu não sei se o Abel aceitaria o sistema. A politicagem da CBF... O Abel fala o que pensa, de forma muito direta. Ele não vem da cultura brasileira de futebol. Como treinador, ele é indiscutível. Basta ver os títulos do Palmeiras.
Mas o Brasil tem chances para a Copa de 2026?
Sempre tem. Mas não acho que seja o favorito. Por exemplo: a Seleção Francesa, hoje, é muito mais talentosa do que a Brasileira. A Inglaterra, a Espanha, a Alemanha, a Argentina têm bons times. Está tudo muito equilibrado. Mas eu não acho o Brasil favorito.
Você gostou da primeira convocação do Dorival?
A cara dele. Coerente e conciliadora. Os jogadores voltaram a ter vontade de jogar pela Seleção. O próprio Dorival disse isto: uma das missões dele é reaproximar a Seleção do torcedor. E eu traria o Neymar de volta, quando ele tiver condições.
Quais os comentaristas esportivos que você aprecia?
Algumas pessoas me influenciaram bastante, aprendi muito com elas. Quando eu era bem pequeno, eu gostava do Mauro Pinheiro. Nos dias atuais: Henrique Guilherme, com quem tive a honra de trabalhar. Gostava demais do Juarez Soares, aprendi muito com ele. Um gênio. Outros grandes nomes: Mário Sérgio, Casagrande, Falcão, Júnior. Dos colegas jornalistas, gosto muito do Paulo Calçade. E gosto do Tostão escrevendo.
Dos jogos que você comentou ou assistiu, qual foi o mais marcante?
Aquele Gana e Uruguai, pelas quartas-definal da Copa de 2010, aquele pênalti no final do Suárez... As finais de Copa do Mundo que eu comentei: Espanha e Holanda, em 2010, e França e Croácia, em 2018. A de 2010 foi a melhor Copa do Mundo de que participei. O meu entrosamento com o Milton Leite foi muito bom. E nós ganhamos como prêmio transmitir a final. As finais da Euro e as finais da Copa América também me marcaram muito.
E com relação à narração feminina em jogos
masculinos, o que você acha?
Não vejo nenhum problema. Eu acho que a gente tem que se acostumar. Só faço uma observação e peço que as minhas colegas entendam que é uma observação construtiva: eu acho que as mulheres não devem imitar os homens. Elas têm que buscar o estilo de transmissão delas. Imitar os homens não é o caminho. Elas têm que ter o jeito feminino de transmitir o futebol.
Quanto ao Brasileirão, você gosta dos “pontos corridos”?
Sim, gosto. Eu era contrário, porque eu adoro jogo eliminatório. Eu gostava de uma grande
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final. Só que, com o passar do tempo, os pontos corridos foram me convencendo. Para você aferir qual o melhor time, numa competição longa, tem que haver uma jornada.
Com relação aos Campeonatos Estaduais, devem ser mantidos?
Eu sou fã dos Estaduais, mas não do jeito que eles são feitos hoje. As Federações costumam fazer campeonatos que satisfazem muito mais a elas do que ao futebol. Eu acho que eles têm que passar por uma reformulação. Só que eu não acredito que isso vá acontecer. Por uma questão política.
Quais são seus planos para 2024?
Eu estou muito feliz na Transamérica e na CNN. O convite da CNN me deixou muito feliz. Eu fui
muito feliz no SporTV até 2018. De 2019 a 2023, eu quase fiquei doente. Uma doença mental. Um ambiente tóxico. Não tenho nenhum medo de falar isso. Eu fui sacaneado, me passaram uma rasteira. Eu estava ficando doente. Eu escrevi quatro cartas de demissão, mas a minha esposa não deixou entregar. Eu estava no meu limite. Ter sido demitido pelo SporTV evitou que eu ficasse doente. Eu tenho muita gratidão ao SporTV pelo que eu aprendi lá. Mas até 2018. De 2019 a 2023, eu passei os piores momentos da minha vida profissional. Então, hoje eu me sinto muito leve, muito feliz. Eu recuperei a alegria de acordar para ir trabalhar. Eu acordo com prazer para ir trabalhar na CNN e na Transamérica. Não tem preço que pague isso.
Seu hobby: Jogar Beach Tennis.
Tipo de música preferido: Rock (Genesis e Phil Collins) e música brasileira mineira (Milton Nascimento, Beto Guedes, Zeca Baleiro, 14 Bis...)
Programa de TV preferido: Eu gostava muito do Jô Soares no SBT. E eu gostava de novela.
Melhores narradores de Rádio: Eu ouvi a gravação da final da Copa de 50 e achei fantástico: Pedro Luiz. Depois, quem marcou muito a minha geração: José Silvério.
Melhores narradores de TV: Luiz Noriega, Luciano do Valle, Galvão Bueno e Milton Leite.
Prato preferido: Bife à milanesa.
Cantor brasileiro preferido: Milton Nascimento.
Cantora brasileira preferida: Elis Regina.
JOGORÁPIDO
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A MULHER NO FUTEBOL
RENATA SAPORITO
Apaixonada pelo São Paulo, fascinada por tênis, frequentadora do Morumbi desde pequena, Renata Saporito, hoje mãe de duas meninas, não poderia ter outra vocação: abraçou o jornalismo esportivo.
O que levou você ao futebol?
Verdade que foi sua paixão pelo São Paulo?
Com certeza, o São Paulo foi o grande responsável pela minha ida ao jornalismo esportivo. Meu pai, um são-paulino fanático, logo quando nasci me colocou sócia do clube. Praticava esporte lá todo final de semana. Ia do clube para o estádio, desde muito pequena. Eu e meus irmãos. Minha mãe acompanhava também a gente. Isso virou rotina na minha vida. Eu tinha 10 anos de idade, o São Paulo conquistou a primeira Libertadores. Depois, a segunda, a terceira... Os Campeonatos Mundiais... Naquela época ganhava tudo... Telê Santana... Tudo isso contribuiu muito para que eu me encaminhasse para o jornalismo esportivo. Pratiquei muito esporte lá. Eu queria ser ginasta.
Conte um pouco de sua trajetória...
Comecei no Grupo Bandeirantes, em 2001, no CAT - Central de Atendimento ao Telespectador. Logo depois, foi inaugurado
o BandSports, sob o comando do Luciano Borges, que foi um cara muito importante nesse meu começo de carreira, assim como o Ricardo Fontenelle. No BandSports comecei como estagiária, fiquei na redação durante muitos anos, participei da produção, edição... E, quando tinha oportunidade, participava da apresentação... Fui me aprimorando... Depois de muito tempo, virei só apresentadora. Tive algumas passagens pela TV aberta. Mas minha carreira se construiu mesmo como apresentadora no BandSports. E lá ganhei um programa de tênis, que eu apresentei por mais de 10 anos e se chamava Ace Bandsports. Eu falo que o futebol é o meu amor e o tênis, minha paixão.
No início, 15 anos atrás, você sentiu alguma pressão machista?
Sim, muito mais do que hoje. Mas, como eu sempre ficava no estúdio, eu não sentia tanto. Não enfrentei muito isso de perto. E mesmo no estúdio, eu sempre soube lidar muito bem com isso. Eu sempre respondia com trabalho. Ninguém estava ali para
Foto: Divulgação
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competir com ninguém: estava para somar. E a mulher tem uma visão diferente das coisas. A mulher hoje ocupa um espaço cada vez maior.
Como você concilia tantas atividades? Esposa, mãe de duas meninas, jornalismo esportivo...
A gente se vira nos 30... Até há pouco tempo, eu tinha dois empregos, hoje tenho só um... Quando tive as meninas, minha vida mudou competamente. Hoje, elas têm 5 e 7 anos. Eu trabalhei até o último dia de gravidez das duas. Mas eu acho que o trabalho é a minha força também e é o meu exemplo para elas. Elas sabem o quanto o trabalho é importante para mim. Elas entendem.
O que você achou da ideia inicial da CBF de a Seleção ter um técnico “tampão” e esse técnico ser o Diniz?
Eu sou Dinizista... Mas os números foram ruins e o brasileiro é imediatista. As coisas na CBF andam muito atrapalhadas e isso foi um exemplo.
Finalmente veio o Dorival. O que você acha dele?
Eu gosto muito dos dois, do Diniz e do Dorival. Com o Diniz, a Seleção precisaria ter mais tempo para treinar. A gente sabe que ele tem a convicção dele e ele não vai mudar. Fiquei triste com a saída do Diniz, mas gostei da escolha do Dorival.
Alguns gostariam de ver o Abel Ferreira como técnico da Seleção. O que você acha da ideia?
Eu gosto também da ideia. Ele está no futebol brasileiro, é estudioso, eu acho que poderia dar certo. Não sei se agora, mas um dia, talvez. Acho que agora é a vez do Dorival e tomara que dê certo.
Você acha que em 2026 o Brasil tem chance?
O Brasil sempre tem chance. Apesar de que
para muita gente ele está desacreditado. Nós temos jogadores ainda protagonistas em seus clubes, como Vinícius Jr., Rodrigo, Endrick, o Richarlyson ainda, o Neymar que talvez se recupere, Vitor Roque, Beraldo... Temos que mesclar jogadores experientes com os mais jovens.
Quais os repórteres/comentaristas esportivos que você aprecia, de todas as épocas?
O Mauro Beting acho que é um cara unânime. Trabalhei com ele, aprendi muito com ele. Não há quem não goste do Mauro. É uma boa pessoa, um bom coração, um bom pai. Como repórteres, gosto muito do Mauro Naves e do Fernando Fernandes. Aprendi muito com a Silvia Vinhas. Tem muita gente boa.
Entre os jogos que você assistiu, qual o mais marcante?
São alguns. Como são-paulina, o primeiro título da Libertadores, contra o Newell’s Old Boys, em 1992, no Morumbi. Eu estava lá, nas cativas, com meu pai, minha mãe, meus irmãos. Vitória nos pênaltis. Em 2000, São Paulo campeão do Paulistão em cima do Santos, com uma cobrança de falta perfeita do Rogério Ceni. O meu maior ídolo como são-paulina é o Rogério. O Mundial de 2005 contra o Liverpool, vitória de 1 a 0, com aquela defesa incrível do Rogério... Esse foi o mais tenso, o mais nervoso.
Com relação à narração feminina em jogos masculinos, o que você acha?
Eu gosto! Estão batalhando, lutando, buscando espaço... É uma tendência e é uma questão de adaptação. Assim como a locução masculina, nunca ninguém vai agradar todo mundo. A mulher tem todo o direito de narrar.
Quais são seus planos para 2024? Fiquei 22 anos no Grupo Bandeirantes, de 2001 a 2023. Entrei na Transamérica em 2020. O rádio foi um presente na minha vida porque eu sempre quis fazer rádio. Faço também um podcast semanal chamado Semana Tricolor. Estou com um projeto para voltar a fazer tênis. Tenho um outro projeto de um programa feminino, com mais duas colegas, que é surpresa... A gente só vai falar de mulheres que tenham relação com o esporte.
Seu hobby: Ir ao estádio!
Tipo de música preferido: Sou muito eclética, só não gosto daquele rock pesado. Sou do samba, do pagode, MPB.
Programa de TV preferido: Esporte: Tênis e Futebol.
Melhores narradores esportivos de Rádio: José Silvério, Éder Luiz e Nilson César..
Melhores narradores de TV: Galvão Bueno.
Prato preferido: Comida japonesa.
Cantor brasileiro preferido: Alexandre Pires.
Cantora brasileira preferida: Rita Lee.
JOGO
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CAMAR TE
VI CONGRESSO DA ACEB Associação dos Cronistas
Esportivos do Brasil.
Nos dias 21, 22 e 23 de março foi realizado, em Manaus-AM, o VI Congresso da ACEB – Associação dos Cronistas Esportivos do Brasil. O terceiro e último dia foi reservado para a aprovação de contas dos exercícios 2022 e 2023, além da eleição da Diretoria para o próximo período de dois anos.
A eleição se deu com chapa única, sendo reeleito o presidente Erick Castelhero, assim como o 1º vice-presidente Rogério Amaral e o 2º vice-presidente Benedito Lopes Magalhães.
Foi eleita a nova Diretoria para os próximos dois anos, sendo reeleito o atual presidente Erick Castelhero (está sentado no centro da foto).
A Diretoria ficou assim constituída: Presidente: Erick Castelhero (SP); 1º Vice-Presidente: Rogério Amaral (RS); 2º Vice-Presidente: Dito Lopes (BA); Diretor Secretário: Elialdo Silva (PB); Diretor Financeiro: Eraldo Leite (RJ); Diretor de Assuntos Nacionais, Marketing e Credenciamento: Greyson Assunção (PR); Diretor de Assuntos Internacionais: Maurício Noriega (SP); Diretor da Região Norte: Eduardo Monteiro de Paula (AM); Diretor da Região Nordeste: Pedro Vitorino (RN); Diretor da Região Centro-Oeste: Wpresley (TO); Diretor da Região Sudeste: Ivanildo Santos (MG); Diretor da Região Sul: J. B. Telles (SC).
Dezesseis associações estaduais de cronistas esportivos participaram do encontro, discutindo os principais assuntos relativos à classe.
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Erick Castelhero, reeleito presidente por mais dois anos.
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Diretor Financeiro Eraldo Leite (RJ), 1º Vice-Presidente Rogério Amaral (RS), Presidente Erick Castelhero (SP) e 2º Vice-Presidente Dito Lopes (BA).
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Luiz Ademar, Eraldo Leite, Luiz Carlos Gomes (de costas), Nelson Nunes e Ana Marina Maioli.
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Diretor da Região Nordeste Pedro Vitorino (RN), Presidente Erick Castelhero (SP), Liszt Coutinho Madruga (RN) e Walfran Valentim (RN), ambos membros do Conselho Especial.
Fátima e René Simões, Eduardo José Cavalcanti Monteiro de Paula e Nelson Nunes.
J. B. Telles, Walfran Valentim (de camisa rosa), Liszt Coutinho Madruga, Rogério Amaral, Pedro Vitorino, Luiz Ademar e Wpresley.
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Jorge Luiz Rodrigues, oficial de mídia da Conmebol, explicou os critérios adotados no credenciamento dos jogos da entidade.
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Técnico e jornalista René Simões falou sobre as relações de trabalho entre os “atores” do futebol (técnicos, jogadores e dirigentes) e os profissionais de imprensa.
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Antônio Assis/Divulgação 13
4 Fotos:
E ASSIM NASCEU O...
GOL DE PLACA
Há 63 anos, exatamente no dia 05 de março de 1961, um domingo ensolarado, “nascia” o famoso “Gol de Placa”! Mas... Quem o marcou? Quem o batizou?
A competição era o Torneio Rio-São Paulo. Segunda rodada. O palco era o Maracanã. E os artistas eram os jogadores do Santos, de Pelé, e do Fluminense, do ponta-direita Telê Santana. O jogo terminou com vitória do Peixe por 3 a 1, com gols de Pelé (2) e Pepe para o Santos, e Jaburu para o Fluminense. Mas, no caso, o resultado é o que pouco importa.
O que vale mesmo é o que aconteceu aos 41 minutos do primeiro tempo. O jogo já estava 1 a 0 para o Santos, gol de Pelé.
E foi ele mesmo, Pelé, o Rei do Futebol, então com 20 anos, quem realizou a obraprima. Começou com o grande goleiro Gilmar despejando a bola para a lateral do gramado. Recebeu Dalmo, que a entrega para Pelé, que estava na sua intermediária, perto da área de Gilmar.
Pelé controla a bola e imprime velocidade. Vai avançando e alcança o campo tricolor, sempre acossado por adversários. Vem sobre ele Pinheiro. Pelé se livra dele e avança em direção à área tricolor. Dribla de passagem Clóvis, desvia de Jair Marinho e se vê diante do excelente goleiro Castilho.
Pelé dribla Castilho e faz o gol histórico. Os próprios torcedores do Fluminense aplaudem de pé, encantados com aquilo que viram. Foram quase dois minutos de palmas.
ACONTECEU EM 1961...
Jânio Quadros assume a presidência da República em 31/01,
Quem estava assistindo ao jogo no estádio, ao lado de Nelson Rodrigues, era o então jovem jornalista esportivo, de apenas 24 anos, Joelmir Beting, na época trabalhando para o jornal “O Esporte”.
Empolgado, Joelmir sugeriu ao jornal que fizesse uma placa em homenagem ao fantástico gol, para ser fixada no saguão do estádio. A partir de então, todo golaço passou a ser chamado de “Gol de Placa”.
sucedendo a Juscelino Kubistchek. Renuncia em 25/08. O vice João Goulart assume em 08/09 • A população brasileira é de 71,75 milhões de habitantes • John Kennedy toma posse na presidência dos EUA • O astronauta soviético Yuri Gagarin sobe ao espaço e informa: “A Terra é Azul” • É erguido o Muro de Berlim, com cerca de 4 m de altura e 107 km de comprimento • Nascem: Antonio Calloni, Beth Goulart, Cássio Gabus Mendes, Fernanda Abreu, Herbert Vianna e Tássia Camargo • Morrem: Ernest Hemingway, Gary Cooper e Max Weber.
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O famoso Gol de Placa de Pelé.
71 ANOS
O GALINHO DE OURO
Para se tornar um dos maiores jogadores do futebol brasileiro de todos os tempos, o jovem Arthur Antunes Coimbra teve que enfrentar pelo menos dois grandes problemas.
Melhorar o seu físico, ganhar massa muscular para se livrar do apelido, que era até carinhoso: Galinho de Quintino.
Sim, era carinhoso, mas remetia à sua pouca altura, físico franzino, esmirrado, nada condizente com o que se espera de um grande atleta.
Já profissional, precisava se livrar da fama de “artilheiro do Maracanã”. É bem verdade que ele fazia muitos gols lá, mas não só no Maracanã, então templo do futebol.
Em 1969, aos 16 anos, Zico foi mandado para a Bahia para realizar avaliação no Fluminense de Feira. Devido ao seu físico, foi dispensado e voltou ao Flamengo. Foi nessa época que ganhou o apelido
de “Galinho de Quintino”, bairro onde morava na Zona Norte do Rio de Janeiro. Alguns anos depois, Zico foi submetido a intenso trabalho físico para melhorar sua força física.
Após esse trabalho totalmente realizado lá no Flamengo, Zico ganhou músculo e chegou aos números que carregou durante toda a sua vida profissional: 72 quilos, 1,72 m de altura.
Só para se ter uma ideia, Pelé chegou à Copa do Mundo do México, 1970, com 1,73 de altura, pesando 72 quilos. E assim o apelido “Galinho de Quintino” voltou a ser uma homenagem e não maldosa crítica.
Já no começo dos anos 1980, goleador e campeão pelo Flamengo, Zico ainda era, maldosamente, tratado como artilheiro do Maracanã.
Zico fechou sua carreira no futebol ganhando, merecidamente, o título de maior artilheiro do Maracanã, por seus 334 gols em 447 jogos. Mas, não foi só lá.
Antes de mais nada, a quantidade de gols no Maracanã era facilmente explicável: era lá no Maracanã que o Flamengo mandava seus jogos. Portanto, marcar muitos gols lá era absolutamente normal. Não, claro, para os adversários do Rio e de outros Estados.
Mas, Zico teve atuações memoráveis fora de lá.
Como a vitória, em 1982, sobre o Guarani, em Campinas, 3 a 2, três gols de Zico. Também por 3 a 2, o Internacional foi batido em Porto Alegre, com dois gols de Zico.
4 a 3 no Náutico, em Recife, no mesmo ano de 1982, com dois gols de Zico.
Ou o gol marcado na vitória sobre o São Paulo, também em 1982, no Morumbi, 4 a 3. Olha só o Timaço do Mengo: Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. E muitos mais.
Zico jogou na Copa do Mundo de 1978 (marcou um gol no jogo contra a Suécia, mas o juiz apitou fim de primeiro tempo
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quando a bola já vencia o goleiro sueco). Foi uma das estrelas daquele inesquecível time de Telê Santana, em 1982, eliminado pela Itália de Paolo Rossi.
Aliás, nesse jogo, Zico sofreu um pênalti claríssimo, quando o zagueiro italiano tentou pará-lo dentro da área e até rasgou sua camisa. Só o juiz não viu. Sua última Copa do Mundo foi em 1986, no México.
Zico entrou durante o transcorrer do jogo e perdeu um pênalti, coisa raríssima em sua carreira. O jogo terminou 1 a 1. Se ele tivesse convertido a cobrança, o Brasil teria vencido por 2 a 1 e se classificaria. Mas, com o empate, a decisão foi para os pênaltis. Zico marcou, mas Sócrates e o zagueiro Júlio César perderam suas cobranças e o Brasil foi eliminado.
A carreira internacional de Zico começou na Itália, no modesto Udinese da cidade de Udine.
Nome Nascimento
Ele não chegou a ser campeão, mas sua passagem foi tão marcante que, anos depois, ele ganhou o título de Cidadão Honorário de Udine.
Sobre essa passagem do craque brasileiro, escreveu o jornalista Luigi Maffei, do jornal “Il Gazzettino”:
“Para nós, Zico tem o mesmo significado de um motor da Ferrari colocado dentro de um Fusca. Sentimo-nos os únicos no mundo a possuir um carro tão maravilhoso e absurdo.”
Zico voltou ao Flamengo, onde encerrou sua carreira em 1989.
Dois anos depois, retornou ao futebol, para disputar o ainda incipiente futebol japonês. Lá, ele jogou pelo Sumitomo Metals e pelo clube originado desse, o atual Kashima Antlers, de 1991 a 1994, quando deixou definitivamente os campos.
Ele ainda emprestou sua competência e carisma em diversas partes do mundo como dirigente.
ACONTECEU EM 1953...
Arthur Nunes Coimbra
Rio de Janeiro, 3 de março de 1953
Número de jogos profissionais: Número de gols como profissional:
860 744
Equipes que treinou:
Principais títulos como jogador:
Principais títulos como técnico:
Principais títulos como diretor:
Total de gols no Maracanã:
Total de gols no Flamengo
334 508
Kashima Antlers, Japão (diretor técnico), 1996-2002; Seleção Brasileira (coordenador técnico), 1998; CFZ, Rio de Janeiro, 2001; Seleção Japonesa, 2002 a 2006; Fenerbahçe, Turquia, 2006-2008; Bunyodkor, Uzbequistão, 2008-2009; CSKA, Moscou, 2009; Olympiacos, Grécia, 2009-2010; Seleção do Iraque, 20112012; Al-Gharafa, Catar, 2013-2014; Goa, Índia, 2014-2016; e, finalmente, Kashima Antlers, Japão (diretor técnico), 2018.
Flamengo: Copa Intercontinental: 1981; Copa Libertadores da América: 1981; Campeonato Brasileiro: 1980, 1982, 1983; Copa União: 1987; Campeonato Carioca: 1972, 1974, 1978, 1979, 1979 (Especial), 1981, 1986.
Seleção Brasileira Sub-23: Jogos Olímpicos: 2016.
Seleção Japonesa: Copa da Ásia: 2004. Fenerbahçe: Campeonato Turco: 2006–07; Supercopa da Turquia: 2007.
Bunyodkor: Campeonato Uzbeque: 2008; Copa do Uzbequistão: 2008.
CSKA Moscou: Copa da Rússia: 2008–09; Supercopa da Rússia: 2009.
Kashima Antlers: Liga dos Campeões da AFC: 2018; Campeonato Japonês: 1996, 1998, 2000, 2001; Copa do Imperador: 1997, 2000; Copa da Liga Japonesa: 1997, 2000, 2002; Supercopa do Japão: 1997, 1998, 1999.
O jogo que marcou o fim de sua carreira como jogador de futebol foi contra o Fluminense, disputado na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, vencido pelo Mengão, 6 a 0. Zico marcou um e se disse muito feliz:
“Era tudo o que eu queria. Terminar com um gol e justo do jeito que eu mais gosto: de falta.”
O Brasil é presidido por Getúlio Vargas, que assumiu em 31/01/1951 • A população brasileira é de 56,73 milhões de habitantes • John Kennedy casa-se com Jacqueline Bouvier • Inauguração da TV Record • Heitor Villa-Lobos apresenta-se nos Estados Unidos • Charlie Chaplin é proibido de retornar aos Estados Unidos por causa de suas “opiniões comunistas perigosas” • Na Inglaterra, coroação da rainha Elizabeth II • Criada a Petrobras • Nascem: Chico Pinheiro, Guilherme Arantes, Kim Basinger, Lilian Witte Fibe, Lulu Santos, Sidney Magal,
Stepan Nercessian e Zezé Polessa • Morrem: Charles Miller, Graciliano Ramos e Josef Stalin.
(maior artilheiro do estádio)
(maior artilheiro do clube)
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AIRTON
64 ANOS
Trinta anos após a sua morte, Ayrton Senna continua sendo reverenciado, homenageado e pranteado.
A data do acidente fatídico, em Ímola, na Itália, é o dia Primeiro de Maio, por sinal feriado internacional.
As homenagens na Itália começaram no dia 21 de março e vão até o dia 2 de junho, quando a Itália recebe a Fórmula 1.
As homenagens foram preparadas e organizadas pelo Ministério Público da Itália.
- Devemos lembrar de Ayrton pelo que ele deixou. Ele foi uma referência importante e ainda é, depois de 30 anos, destacou Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1, falando remotamente na apresentação do calendário.
As comemorações culminarão no dia 1º de maio, aniversário da morte de Senna, com diversos momentos de recordação no autódromo de Ímola. Na data, às 14h17 (horário do acidente), haverá uma cerimônia na curva Tamburello, a curva fatal.
A série de eventos será realizada pelo município italiano, em colaboração com a região de Emilia-Romagna, o Ministério das Relações Exteriores e o Instituto Ayrton Senna.
A pista de Ímola fez parte da Fórmula 1 entre 1980 e 2006, sob o nome de GP de San Marino, e é muito lembrada por ter sediado um dos finais de semana mais trágicos da história da categoria: em 1994, o local foi o palco dos acidentes fatais dos pilotos Senna e Ratzenberger.
Nosso Ayrton Senna foi um dos maiores brasileiros de todos os tempos e, sem dúvida, uma lenda do automobilismo. Seus expressivos números ajudam a explicar por que o piloto ganhou status de lenda ou mito do esporte: foram três títulos mundiais de F1, 41 vitórias, 65 poles e 80 pódios entre 1984 e 1994.
Sua primeira vitória em Interlagos foi um feito heroico:
Seu carro simplesmente teve pane na terceira, quarta e quinta marchas. Usando
apenas a primeira, a segunda e a sexta marchas ele, literalmente, levou o carro no braço até a vitória naquele domingo, 24 de março de 1991.
Seus embates contra o francês Alain Prost, nas pistas, foram memoráveis.
A incrível habilidade e a ousadia no comando de seus carros, tornavam cada corrida um espetáculo único.
Espetáculo que se tornava verdadeiro filme de suspense se estivesse chovendo ou fosse na difícil e histórica pista de Mônaco, onde ele venceu seis vezes: em 1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993.
Ele nasceu em São Paulo, no dia 21 de março de 1960, e faleceu de maneira trágica em 1º de maio de 1994, em Ímola, Itália. Teria feito neste mês de março, portanto, 64 anos.
Faleceu. Mas permanece vivo na memória e no coração dos admiradores do automobilismo.
ACONTECEU EM 1960...
O Brasil é presidido por Juscelino Kubitschek, que assumiu em 31/01/1956 • A população brasileira é de 69,73 milhões de habitantes • Inauguração de Brasília • Éder Jofre conquista o título mundial dos galos • Inauguração da TV Excelsior • Inauguração do estádio do Morumbi • John Kennedy vence Nixon nas eleições presidenciais dos EUA • Começa, no Uruguai, a primeira Copa Libertadores da América • O filme “Ben-Hur” ganha o Oscar • Nascem: Arnaldo Antunes, Ayrton Senna, Carla Camuratti, Léo Jaime, Leila Pinheiro, Lídia Brondi, Taumaturgo Ferreira e Tony Bellotto • Morrem: Clark Gable e Newton Mendonça.
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CADÊ
V CÊ ?
Jota Júnior está na ativa
AILTON FERNANDES
Os locutores de transmissões esportivas são profissionais raros que se destacam pelo talento, brilho e carisma. Conquistam legiões de fãs e se tornam referência na profissão. Jota Júnior é um deles. Nascido em Americana, iniciou a carreira em rádios de Americana e fez sucesso na Rádio Gazeta e na Rádio Bandeirantes. Também Integrou a equipe de Luciano do Valle na TV Bandeirantes e cobriu três Copas do Mundo. Durante 24 anos, trabalhou também no SportTV, canal de esporte fechado da Rede Globo, onde fez grandes clássicos do futebol brasileiro e jogos internacionais. Foi demitido há um ano. Sua saída era esperada, “bola cantada”, como chegou a comentar, porque nos últimos tempos seu nome aparecia pouco nas escalas e apenas em jogos da série B do Campeonato Brasileiro.
Mas sua história na emissora ainda não terminou: entrou com processo contra a emissora pedindo o reconhecimento de direitos trabalhistas ao longo dos 24 anos em que trabalhou na emissora e pede R$ 15,8 milhões em compensações financeiras por adicional noturno, hora extra e acúmulo de função.
Aos 75 anos, torcedor (não fanático) do Palmeiras e do Rio Branco, de Americana, continua na ativa. Faz participações diárias na Vox90, FM de Americana. Também vai montar um canal de Podcast pelo Youtube para entrevistar personalidades do futebol.
Pela sua maneira de ser, conquistou muitos amigos ao longo da carreira. Um registro: No final de 1980, Jota Junior, na Rádio Gazeta, preparava-se para narrar a tradicional corrida de São Silvestre daquele ano. De repente, um rapaz bate na porta da viatura estacionada na Avenida Paulista:
- Sou do “Jornal da Tarde”. Posso entrar e acompanhar a corrida com vocês?
- Não dá. Tá lotado – diz, secamente, o comentarista Osmar de Oliveira (já falecido).
Jota Júnior dá a palavra final:
- Gente, vamos deixar entrar o garoto. Aperta aí que dá sim!...
O repórter em questão é o autor dessas linhas, na época jovem foca do Jornal da Tarde.
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CO RIN THI ANS O FIM DO TABU!
Em pé: Osvaldo Cunha, Edson, Luiz Carlos, Diogo, Ditão e Maciel. Agachados: Buião, Paulo Borges, Flávio, Rivellino e Eduardo.
Foi justamente em 1957, ano em que Pelé estreou como titular no fantástico time do Santos, com apenas 16 anos, que começou esta “via crucis” do Corinthians: a de ficar quase 11 anos sem vencer o time da Vila Belmiro no Campeonato Paulista.
A primeira partida que Pelé jogou contra o Corinthians foi um amistoso na Vila Belmiro, em 11 de abril de 1957, e o Peixe ganhou por 5 a 3. Pelé fez o quarto gol.
O segundo jogo foi pelo Torneio Rio-São Paulo, em 1º de maio de 1957, no Pacaembu, e terminou empatado: 1 a 1. Pelé jogou, mas não marcou.
O terceiro jogo, já pelo Campeonato Paulista, o Corinthians venceu no Pacaembu, mesmo com Pelé atuando: 2 a 1, em 21 de julho de 1957.
O quarto jogo foi histórico: terminou empatado, 3 a 3, pelo Campeonato Paulista, em 03 de novembro de 1957, e Pelé fez os três gols santistas.
Esse jogo foi histórico porque o Corinthians empatou aos 44 minutos do segundo tempo, através de Paulo. Com esse empate, o Timão completou seu 25º jogo sem perder e
conquistou em definitivo a Taça dos Invictos. O atacante Paulo jogou improvisado como zagueiro.
O Corinthians permaneceria ainda mais dez jogos sem perder. Essa partida, porém, foi histórica também por um outro motivo: foi a primeira de uma série de 22 sem vitórias sobre o Peixe pelo Campeonato Paulista nos próximos 11 anos, dando início ao sofrido tabu.
O Timão ainda realizou um quinto jogo contra o Peixe em 1957. Foi na Vila Belmiro, em 22 de dezembro, pelo Campeonato Paulista. O Santos venceu por 1 a 0 e o Corinthians perdeu a invencibilidade no campeonato, em sua penúltima partida. Em sua última partida pelo Campeonato Paulista de 1957, em 29 de dezembro, o Corinthians também perdeu para o São Paulo, 3 a 1, no Pacaembu, e acabou perdendo o título para o Tricolor.
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Chegamos a 06 de março de 1968. Não vamos nos esquecer que, além de estar há quase 11 anos sem vencer o Santos no Campeonato Paulista, o Timão já estava há 14 anos sem conquistar o título.
Nesse período, houve, é verdade, algumas vitórias esparsas do Timão sobre o Peixe. Porém, não foram pelo Campeonato Paulista.
No Rio-São Paulo de 1958, por exemplo, o Timão venceu por 2 a 1. No Rio-São Paulo de 1960, o Corinthians venceu também por 2 a 1 e, em 1961, a vitória foi por 2 a 0, também pelo RioSão Paulo. Pela Taça São Paulo, a vitória foi de 3 a 1 contra um time misto do Santos. E foi só.
Para este 06 de dezembro de 1968, o Corinthians tinha três grandes novidades: o técnico Lula, que havia dirigido o histórico time do Santos desde 1954 e que desde novembro de 1967 estava comandando o Timão; o ponta-direita Paulo Borges, o “Risadinha” (em razão de seu constante sorriso), vindo do Bangu e que havia estreado dois jogos antes; e o ponta-direita Buião, vindo do Atlético-MG e que estava estreando neste jogo.
Era uma quarta-feira à noite e mais de 43 mil torcedores compareceram ao Pacaembu. O Santos era treinado por Antoninho, que havia substituído Lula. No primeiro tempo, o Corinthians foi melhor, mas não saiu do 0 a 0.
Na segunda etapa, Rivellino manda uma bola na trave. Logo após, aos 13 minutos, Paulo Borges desce pela esquerda, tabela com Flávio, recebe na frente e, mesmo desequilibrado, chuta com o pé esquerdo de fora da área para fazer 1 a 0.
Aos 31 minutos, novamente Rivellino começa a correr com a bola de área a área. O passe sai para Eduardo, um zagueiro rebate, mas Rivellino recupera e serve a Flávio. Um chute forte, violento, enterra o tabu.
Na saída do Pacaembu, a torcida corinthiana, feliz, gritava:
“Com Pelé, com Edu, nós quebramos o tabu!”.
Flávio e Paulo Borges marcaram os gols do Corinthians.
CORINTHIANS SANTOS 2 0
Data: 06 de março de 1968.
Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo.
Árbitro: Roberto Goycochea (Argentina).
Público: 43.977
Renda: NCr$ 153.390,50.
Corinthians: Diogo; Osvaldo Cunha, Ditão, Luís Carlos (Clóvis) e Maciel; Édson Cegonha e Rivellino; Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo.
Técnico: Lula.
Santos: Cláudio; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel (Oberdan) e Rildo; Lima e Negreiros; Kaneko, Toninho, Pelé e Edu.
Técnico: Antoninho.
Gols: Paulo Borges 13 e Flávio 31 do 2º
ACONTECEU EM 1968...
O Brasil é presidido pelo general Costa e Silva, que assumiu em 15/03/1967 • A população brasileira é de 87,56 milhões de habitantes • Estreia da novela “Beto Rockfeller” na TV Tupi • Dr. Euryclides de Jesus Zerbini realiza, em São Paulo, o primeiro transplante de coração no Brasil • Presidente Costa e Silva assina o AI-5, fechando o Congresso e instaurando a censura • Assassinado nos EUA o líder pacifista negro Martin Luther King • Nascem: Carolina Ferraz, Celso Portiolli, Eduardo Moscovis e Fernanda Torres • Morrem: Assis Chateaubriand, Manuel Bandeira, Sérgio Porto, Vicente Celestino e Iuri Gagarin.
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BIBLI TECA
O escritor uruguaio Paco Espínola não se interessava por futebol. Mas, numa tarde de verão de 1960, procurando escutar o rádio, Paco pescou por casualidade a transmissão de uma partida.
MÁRIO MARINHO
Era o clássico local. O Peñarol levou uma goleada: 4 a 0 para o Nacional.
Quando caiu a noite, Paco estava tão triste que decidiu jantar sozinho, para não amargurar a vida a ninguém.
De onde vinha tanta tristeza?
Ele já estava quase acreditando que era uma tristeza sem razão, que era só a pena de ser mortal neste mundo, quando, de repente, percebeu que estava triste porque o Peñarol tinha perdido.
Só então ele se conscientizou que era torcedor do Peñarol e não sabia”.
A paixão do futebol nessa e outras histórias de “Futebol ao sol e à sombra” mostra que o futebol está em nosso corpo e alma antes mesmo de nascermos.
Eduardo Galeano foi um jornalista e escritor uruguaio. Nasceu em Montevidéu em 1940 e lá morreu em 2015.
É autor de mais de 40 livros que já foram traduzidos em vários idiomas. Suas obras costumam juntar na mesma história, na mesma linha, ficção, jornalismo, política e História. Tudo em um texto saboroso.
FICHA TÉCNICA
E são textos curtos, historinhas saborosas.
A história que abre essa matéria, intitulada originalmente de “Fervor da camisa”, segue contando história de um torcedor do Boca Juniors que passou a vida todo odiando o grande rival, o River Plate.
Pois, assim reza o mandamento do futebol: “Odiarás seu inimigo por toda sua vida.” Sim, inimigo, pois assim deve ser tratado aquele que não torce pelo seu time.
Mas, seu dia chegou. No leito da morte, ele pediu o impensável: que envolvessem o seu corpo nu em uma bandeira do River Plate, o inimigo maior. Ante o espanto de todos, justificou-se antes do último suspiro:
- Assim, morre um deles. Outra história saborosa.
“Certa noite de muita chuva, enquanto morria o ano de 1937, um torcedor inimigo enterrou um sapo no campo do Vasco da Gama e lançou sua maldição.
- Que o Vasco não seja campeão por 12 anos seguidos! Se existir um Deus no céu, que o Vasco não seja campeão!
Título: Futebol ao sol e à sombra
Ano: 1995
Autor: Eduardo Galeano
240 páginas (pocket) - Editora L&PM
O HOMEM QUE ODIAVA O FUTEBOL
O nome desse torcedor de um time humilde que o Vasco da Gama tinha goleado por 12 a 0 era Arubinha. Enterrando um sapo com a boca costurada, nas terras do vencedor, Arubinha estava castigando o abuso e a humilhação.
Durante anos, torcedores e dirigentes procuraram o sapo no campo e em seus arredores. Nunca o encontraram. Crivado de buracos, aquilo mais parecia uma paisagem lunar.
E o Vasco contratava os melhores jogadores do Brasil, organizava equipes cada vez mais poderosas, mas continuava condenado a perder.
Finalmente, em 1945, o time ganhou o Troféu Rio e quebrou a maldição. Tinha sido campeão, pela última vez em 1934. Onze anos de seca.
Eufórico e aliviado, o presidente do Vasco declarou: - Deus fez um descontinho.
Um bom diálogo.
Um jornalista pergunta a uma professora:
- Como a senhora explicaria o que é felicidade a um garoto?
- Não explicaria, diz ela. Lhe daria uma bola de presente.
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Quando o estádio do Pacaembu recebeu o nome de Paulo Machado de Carvalho?
Qual clube foi o primeiro Campeão Paulista no Pacaembu, em 1940?
Você é mesmo bom de bola?
Teste seus conhecimentos
Quantos títulos do Campeonato Paulista o Palestra/Palmeiras possui?
Quem foi o prefeito de São Paulo que colocou o nome de Paulo Machado de Carvalho no Pacaembu?
Quem apelidou Paulo Machado de Carvalho de “Marechal da Vitória”?
Quantos títulos do Campeonato Paulista o São Paulo possui?
Quem era o governador de São Paulo quando o Pacaembu foi inaugurado, em 1940?
Quantos títulos do Campeonato Paulista o Pelé possui?
Quantos títulos do Campeonato Paulista o Santos possui?
Quem era o prefeito de São Paulo quando o Pacaembu foi inaugurado, em 1940?
Quantos títulos do Campeonato Paulista o Corinthians possui?
Resultados:
a a a a a a a a a a a b b b b b b b b b b b c c c c c c c c c c c d d d d d d d d d d d 1959 Corinthians 25 Faria Lima Geraldo José de Almeida 20 21 Adhemar de Barros 10 Fábio da Silva Prado 27 1960 Palmeiras 26 Prestes Maia Silvio Luiz 21 22 Jânio Quadros 11 Lineu Prestes 28 1961 São Paulo 27 Adhemar de Barros Thomaz Mazzoni 22 23 Lucas Nogueira Garcez 12 Prestes Maia 29 1962 Santos 28 Jânio Quadros Joelmir Beting 23 24 José Macedo Soares 13 Armando de Arruda Pereira 30
página 1 2 3 4 5 9 6 10 7 11 8 c b a b d c a a b c d
Respostas no pé da
1 5 9
6 10 11
7
23
2
3
4 8 QUIZ
Fábio Seródio
Um salto na escuridão
Fábio Seródio foi sempre um repórter muito ativo. Marcou fortemente sua passagem pela rádio Jovem Pan e também como assessor de Imprensa do Corinthians.
Ultimamente, Seródio participava de um podcast com o ótimo repórter Luís Carlos Quartarollo, antigo companheiro da Jovem Pan.
Com presença marcante também nas redes sociais, Seródio começou a se distanciar nos últimos meses.
Reapareceu agora para contar a dura luta contra um impiedoso tumor.
Eis o seu depoimento:
“Os amigos, seguidores e colegas de profissão devem ter notado que, desde novembro, não estou presente nas redes sociais. Também tive que interromper o programa FUTEBOL EM REDE no YouTube, que fazia junto com meu amigo e irmão Luis Carlos Quartarollo. Nunca é demais
agradecer aqueles que lembraram do meu aniversário e pela primeira vez ficaram sem resposta. Vamos ao fato.
Em novembro, eu, minha esposa e minha filha pegamos Covid. Meu braço esquerdo começou a tremer sozinho. O médico suspeitou que poderia ser efeito da Covid.
Não era. Dia 26, já com vários exames realizados, o braço tremeu muito e perdi força na mão esquerda. O fato alarmou a todos em casa. Fui para o Pronto-Socorro e encontrei lá o neurologista para descobrir o mistério. Feita a tomografia, descobriu-se um tumor no cérebro. Dois dias depois a primeira cirurgia na cabeça.
O tumor era maligno, já era metástase de um tumor no estômago e outro no fígado. Nunca tive problemas sérios de saúde. Jamais senti dores ou incômodos. A notícia caiu como uma bomba nuclear. Fiquei dias sem contato com o mundo externo e pensando nas consequências
de tudo isso. Daí em diante minha rotina é quimioterapia, radioterapia e infecções das mais variadas que renderam mais três internações.
A única saída é fazer tudo o que é possível para sobreviver. Fazer tratamento e viver dia após dia. Outra solução é sentar-se na praia e esperar a morte chegar. Em meio à escuridão, resolvi reagir. Devido a duas cirurgias na cabeça, ainda não posso postar vídeos, chocaria as pessoas a cicatriz. A luta continua. Quero viver ao máximo e ser feliz até o último momento. Quero agradecer aos médicos, enfermeiros e todos que me ajudaram nos últimos dias. NINGUÉM mais especial do que minha esposa, Cristina, uma guerreira, faz por mim coisas que eu não sei como reagiria se fosse ao contrário. Viver e não ter a vergonha de ser feliz, mesmo que dure um dia, uma semana, um mês ou um ano. Meu objetivo daqui pra frente.”
Que Deus te proteja, Seródio.
Luís Carlos Quartarollo e Fábio Seródio.
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