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panorama

Na visão do presidente do Lean Institute Brasil (LIB), José Roberto Ferro, há uma crise séria nos sistemas de saúde com custos exponenciais e qualidade inadequada. E há uma convergência crescente sobre a necessidade de transformar o sistema de gestão ao redor do mundo. “No Brasil, o problema não é diferente”, resumiu. Cinco passos do Lean De acordo com o LIB, são cinco os princípios que norteiam o pensamento Lean. O primeiro é definir o sentido de valor. Diferente do que muitos pensam, não é a empresa, mas o cliente que o define. Para Flávio Battaglia, diretor do Instituto, a necessidade gera o valor e cabe às empresas determinarem qual é essa necessidade, procurar satisfazê-la e cobrar por isso um preço específico. O segundo princípio significa dissecar a cadeia produtiva e separar os processos em três tipos: aqueles que efetivamente geram valor; aqueles que não geram valor, mas são importantes para a manutenção dos processos e da qualidade e, por fim, aqueles que não agregam valor, devendo ser eliminados imediatamente. Na avaliação de Battaglia, apesar de continuamente olharem para sua cadeia produtiva, as empresas continuam a focalizar em reduções de custos não acompanhadas pelo exame da geração de valor. “Ïsso acontece porque elas vão pelo que é mais fácil. Olham apenas para números e indicadores, no curto prazo, ignorando os processos reais de fornecedores e revendedores. As empresas devem olhar para todo o processo, desde a criação do produto até a venda

final”, ensina. O terceiro está relacionado ao fluxo contínuo, momento de dar ‘fluidez’ aos processos e atividades que restaram. Isso exige uma mudança na mentalidade das pessoas. Elas têm de deixar de lado a ideia que têm de produção por departamentos como a melhor alternativa. Constituir o f luxo contínuo com as etapas restantes é o quarto passo, que pode ser sentido na redução dos tempos de concepção de produtos, de processamento de pedidos e em estoques. Ter a capacidade de desenvolver, produzir e distribuir rapidamente dá ao produto uma ‘atualidade’: a empresa pode atender a necessidade dos clientes quase que instantaneamente. Já a produção puxada permite inverter o fluxo produtivo: as empresas não mais empurram os produtos para o consumidor (desovando estoques) por meio de descontos e promoções. O consumidor passa a puxar o fluxo de valor, reduzindo a necessidade de estoques e valorizando o produto. O LIB defende que a busca do aperfeiçoamento contínuo em direção a um estado ideal deve nortear constantemente todos os esforços da empresa, em processos transparentes onde todos os membros da cadeia (montadores, fabricantes de diversos níveis, distribuidores e revendedores) tenham conhecimento profundo do processo como um todo, podendo dialogar e buscar continuamente melhores formas de criar valor. Eliminar o excesso Assim como em qualquer outra empresa, em um hospital o acúmulo de desperdícios é frequente. O Institute of Medicine

(IOM) e o Institute of Health Improvement (IHI) dos Estados Unidos afirmam que entre 30% e 50% de tudo o que é gasto com saúde é puramente desperdício. “Cerca de 95% das atividades em uma operação são desperdícios. E, no geral, uma empresa, quando busca uma melhoria, está olhando para os 5% produtivo. Se o gestor conseguir olhar com atenção para esses 95%, já vai conseguir um ganho muito elevado: terá uma empresa mais ‘leve’, que não carrega tanto desperdício com ela”, comenta o gerente de Unidade de Negócios do Kaizen Institute Brasil, Fabio Oliveira. Entre os principais desperdícios encontrados na saúde estão: transporte, atividades ou processos desnecessários, movimentação, estoques, defeitos ou falhas, espera e superprodução, além de problemas nas interfaces entre áreas ou mesmo empresas, comunicação e má utilização dos recursos e conhecimentos específicos.“Pacientes não querem pagar por tais desperdícios e, se pegarmos como exemplo uma falha, a simples ocorrência desta pode custar uma vida”, recorda o consultor da Porsche.

As empresas olham apenas números e indicadores, ignorando os processos Flávio Battaglia, do Lean Institute Brasil

Foto: Divulgação

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revista Fornecedores Hospitalares

04.10.10 20:05:17


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