FH 205

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A NOV

VOLUME, PROFISSIONAIS CAPACITADOS E PESO DO NOME ESTÃO ENTRE AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS CONSIDERADAS NA HORA DE DECIDIR PELO MODELO DE NEGÓCIO EM MEDICINA DIAGNÓSTICA

Gustavo Campana - sócio-diretor da Formato Clínico

Paulo Bonadio - fundador e diretor-executivo do Grupo Infinita

Luiz Gastão Rosenfeld - diretor de Relações Institucionais da Dasa

Luis Roberto Natel - diretor de Medicina Diagnóstica e Preventiva do Albert Einstein

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novembro de 2012 • FH 205

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PersonaLIdades otto Philipp braun representa a 6a geração da família no comando da gigante alemã b. braun

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Conexão saúde web

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Pensadores antoine Geissbuhler, presidente da associação Internacional de Informática Médica (IMIa), discute o acesso à informação de saúde

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IT MÍdIa debaTe os dilemas do crescimento no mercado de medicina diagnóstica

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PonTo de VIsTa Cabeças disputadas: os gestores respondem se o mercado de trabalho está propício para os cargos de liderança

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enTre eLos santa Casa de são Paulo, Logimed e Hospital Geral de Guarulhos trabalham para a economia e melhoria dos processos logísticos

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MUndo aFora amiran Jacob Gafni, economista da saúde, aborda os modelos de relação entre médico e o paciente.

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saúde CorPoraTIVa a importância do programa de benefícios de medicamentos nas empresas

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saúde bUsIness sCHooL Mobilidade nos Hospitais e Cloud Computing

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oPeradora Conheça a Fundação Cesp, que oferece plano de saúde e previdência aos funcionários e, hoje, é o maior fundo de pensão brasileiro com r$ 20 milhões

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IndúsTrIa as soluções verdes para os hospitais

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TeCnoLoGIa Como o combate as informações dos silos pode ajudar no cuidado ao paciente

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na baGaGeM Com daniela Pontes, do Hospital Moinhos de Vento

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LIVros

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VITrIne

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PaPo aberTo objetivos em comum

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HosPITaL João octaviano neto, da aaCd, conta sobre a nova fase da entidade

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Foto: Bruno Cavini

EDITORIAL

RELAÇÕES

SUSTENTÁVEIS Na última FH do ano, pelo menos com essa “carinha” de FH, trazemos um debate sobre o que realmente faz o setor: as relações. Sustentáveis, questionáveis ou tantas vezes inspiradoras, são elas que impulsionam a Saúde ao desenvolvimento. Essa é a proposta do “Entre Elos”, seção que tem o objetivo de trazer iniciativas envolvendo os elos do setor. Inauguramos o espaço na última revista e nas próximas páginas você vai ler mais uma iniciativa, na Santa Casa de São Paulo. Enfatizo que o nosso objetivo é divulgar essas práticas, mas dependemos das empresas (os elos) para tornar isso possível. Portanto, não tenham medo de divulgar, conhecer ou se inspirar em um projeto que deu certo e só contribui mais para esse relacionamento. E o tipo de relacionamento que você tem com seu médico também é pauta desta edição. Entrevistamos um economista de Saúde, que aborda as relações entre o paciente e o médico. O diálogo entre ambos e a forma que essa relação se dá é fator-chave para o sucesso do tratamento. Mas será que estamos preparados? Mesmo com a enxurrada de informações, a intensificação do acesso a elas e a educação da população, ainda há uma relação paternalista, principalmente no caso de doenças graves. Ainda sobre sustentabilidade das relações, trazemos

uma reportagem sobre as soluções sustentáveis que a indústria oferece hoje para as instituições hospitalares. Tema que tem sido abordado, cada vez mais, nas páginas da FH, queremos, por meio de informações, ajudar o setor a entender o seu papel no universo da sustentabilidade e na adoção de melhores práticas, coisas que vão muito além das obrigações regulatórias. Também trazemos a cobertura do IT Debate, uma iniciativa que começamos este ano e pretendemos intensificar no próximo. Neste mês, o tema discutido foi medicina diagnóstica, em que abordamos as principais dificuldades deste mercado. Player essencial no setor de saúde, esse elo tem crescido e mudado nos últimos tempos. O cenário engloba fusões e aquisições, mas ao mesmo tempo, se mostra muito pulverizado. No debate, questões como terceirização, verticalização e falta de mão de obra qualificada vieram à tona. Explicando a “última FH do ano”, no mês de dezembro, vocês receberão o Referências da Saúde, um estudo realizado pela IT Mídia em parceria com a PWC. O conteúdo da publicação será inteiramente dedicado aos resultados do estudo em 2012 e aos cases na área de medicina diagnóstica, operadora, hospital e homecare. Boa leitura!

Maria Carolina Buriti Editora da revista FH 4

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FH | CONEXÃO SAÚDE WEB

CUrTAs

Você sabia? Toda vez que você ver estes ícones pode acessar nosso portal e consultar fotos, vídeos e podcasts

www.saudeweb.com.br CERTIFICAÇÃO O Hospital Santa Joana, de Recife, obteve acreditação Internacional da Joint Comission International (JCI), a primeira da região Norte e Nordeste do País. A instituição elegeu dois pilares rumo ao reconhecimento: a segurança do paciente e a qualidade do atendimento hospitalar. Atualmente, apenas 22 hospitais do Brasil possuem a JCI.

TECNOLOGIA Vendas online de medicamentos se consolidam como mais um canal de negócio, estabelecendo o tripé: vendas pessoais, telemarketing e e-commerce. O comércio online de medicamentos representa, em média, 20% do negócio das distribuidoras, mas a tendência mostra que essa fatia está aumentando. A InterSystems Corporation, multinacional de software para saúde, e a eHealth Technologies, empresa de soluções de imagem para registros eletrônicos de saúde, anunciaram parceria para prover acesso rápido a imagens para diagnósticos como raios–X, tomografias, ressonâncias magnéticas e ultrassons. Com a solução, as imagens externas, que levariam horas ou dias para ficarem prontas, serão entregues junto com os resultados.

VAI e Vem

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REGULAÇÃO A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), após análises técnicas, aprovou a transferência do controle societário das operadoras de planos de saúde controladas pela Amil Participações S/A para a operadora norte-americana UnitedHealthcare.

A ABIMED (Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares) está processando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por demora para aprovar a entrada de novos produtos e equipamentos médicos no mercado brasileiro. Segundo a associação, que representa 60% do setor, os pedidos de registro de novos produtos estão represados na agência, sem resposta, desde maio de 2010.

Raquel Sabatini assume TI do Hospital Paulista

Valdesir Galvan é novo superintendente do Graacc

A executiva já atuou no Hospital Infantil Sabará e conta com mais de dez anos de experiência no setor de saúde . Na nova casa, a missão será consolidar o departamento de TI, de forma que a área sirva de apoio e suporte para os demais gestores.

O executivo deixou a diretoria do Hospital São Camilo para assumir o cargo de superintendente administrativo financeiro no Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer (Graacc ). Sérgio Petrilli continua na superintendência geral da instituição.

Eduardo Noronha é nomeado COO da Qualicorp

A Qualicorp contratou Eduardo Noronha para o recém-criado cargo de Executivo Chefe de Operações (COO, sigla em inglês para o termo Chief Operating Officer). Recentemente, a companhia anunciou a saída de Heráclito de Brito Gomes, diretor - presidente, por “razões estritamente pessoais” e o fundador José Seripieri Filho, por enquanto, permanece no lugar.

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números

10 doenças mais comuns no mundo corporativo

Ministério quer economizar

R$ 940 milhões por ano

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O ministro da Saúde assinou acordos para a formalização de 20 novas Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs) para a produção nacional de medicamentos e vacinas. Com as parcerias, a expectativa é que o ministério tenha uma economia de aproximadamente R$ 940 milhões por ano – 40% do que o governo federal atualmente gasta com a compra dos 21 produtos contemplados pelas PDPs assinadas hoje.

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Rinite

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Dor de cabeça frequente

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em três meses

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Excesso de peso

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Dor no pescoço/ ombros

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Certificações ONA crescem

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Alergia de pele

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Asma ou bronquite

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Insônia

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são informatizados e utilizam PEP em Santa Catarina

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De agosto até o início de outubro, 34 processos foram homologados, entre novas certificações e recertificações de serviços de saúde em todo o País

Quatorze é a quantidade dos hospitais estaduais informatizados em Santa Catarina pela Micromed Sistemas, sediada em Joinville. Desde que venceu a licitação da Secretaria de Estado da Saúde (SES/SC), em 2009, a empresa de soluções faz a integração de diferentes processos da gestão, desde o desempenho de profissionais e equipamentos, a consumo de materiais hospitalares e administrativos, além de todo o processo assistencial ao público.

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hospitais

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Colesterol alto

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Dor crônica nas costas

* Pesquisa realizada pela operadora Omint com uma amostra formada por 15 mil profissionais entre média gerência e o alto escalão de grandes companhias com atuação no País.

planos de saúde terão carteiras alienadas

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou a alienação compulsória da carteira de beneficiários das seguintes operadoras: Toledo e Lins, Pulmonar Clínica de Pneumologia e Cirurgia Toráxica, Conmed Saúde e Assistência Integrada, Unimed Valença, Clínica de Assistência Médica Permanente, Odmed Serviços Odontológicos e Santa Casa de Misericórdia Sr. dos Passos de Ubatuba.

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FH | CONEXÃO SAÚDE WEB

mULTImÍDIA COMO O EINSTEN E A DASA LIDAM COM A ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA? O radiologista é um dos profissionais mais em falta na área de medicina diagnóstica. Veja como as instituições resolvem esse gargalo 00:00 PLAY

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Veja na Saúde TV: http://migre.me/bGr9H

MOMENTOS DO IT MÍDIA DEBATE SOBRE MEDICINA DIAGNÓSTICA Líderes de instituições como Dasa, Formato Clínico, Einstein e Grupo Infinita, juntamente com plateia, discutiram os modelos de medicina diagnóstica presentes no mercado. Confira os destaques! Veja na Saúde TV: http://migre.me/bGruE

NOVA REVISTA FH! Depoimento da equipe IT Mídia sobre a nova FH, reformulada para o leitor ficar mais próximo do setor de saúde e aprimore, ainda mais, seu conhecimento em gestão 00:00 PLAY

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Veja na Saúde TV: http://migre.me/bGrPo

BLoGs

Leia e discuta com nossos colaboradores os assuntos mais quentes do mês: www.saudeweb.com.br/blogs

SAÚDE CORPORATIVA Alberto Ogata Guloseimas no caixa do supermercado: um fator de risco para doenças crônicas Especialista em qualidade de vida fala sobre intervenções efetivas para a mudança de hábitos. “Isso vai exigir a superação de algumas barreiras, inclusive econômicas, filosóficas e políticas” POLO DE SAÚDE CONECTADA Empresas do pólo de tecnologia do SEBRAE MG A saúde do colaborador além da visão de benefício saúde Post fala sobre as propostas de reajustes de operadoras de saúde ou corretoras para as empresas; e por que isso ocorre TECNOLOGIA & FARMA Eric Vinicius Neves Parcerias estratégicas no mercado farma são ainda mais vitais Executivo traça diretrizes para fechar negócios que agreguem valor e ajudem na evolução tanto de fornecedores como dos processos produtivos. POLÍTICAS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA Roberto Latini Me desculpe, mas e daí...? Advogado considera incongruente medida da Anvisa, que cria uma fila paralela para atender empresas com liminares para a auditoria da Certificação de Boas Práticas de Fabricação no exterior

eU LeIo A FH A INFORMAÇÃO É O INÍCIO DA MUDANÇA. E A REVISTA FH LEVA A SEUS LEITORES A REALIDADE DA SAÚDE NO BRASIL E NO MUNDO, NOS FAZENDO VISLUMBRAR DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO SEGMENTO. POR MEIO DE SUAS MATÉRIAS E ARTIGOS, NÓS, EMPREENDEDORES, ALÉM DE OUTROS PROFISSIONAIS DA ÁREA, PODEMOS TRANSFORMAR INFORMAÇÃO EM ATITUDE PARA UM PAÍS MAIS SAUDÁVEL. Roberto Ribeiro da Cruz, CEO da Pixeon Medical Systems

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FH | pensadores

Para o presidente da iMia, antoine Geissbuhler, a confiança é uma questão-chave Para a suPeração dos obstáculos de acesso à informação em saúde. assim, a informática médica Pode ajudar a melhorar a eficiência, qualidade e seGurança dos sistemas do setor

QuesTão de

conFiança Thaia duó | thaia.duo@itmidia.com.br

a informática na saúde no século 21 será tão essencial quanto o estetoscópio no século 19. atraído por este pensamento, antoine Geissbuhler mergulhou no tema ti em saúde e hoje acredita que a tecnologia tem impacto transformador no setor. o executivo é presidente da associação internacional de informática médica (imia, da sigla em inglês) e professor do departamento de tecnologia do hospital universitário de Genebra, na suíça. o suíço, nascido e criado naquela cidade, onde atualmente vive, passou cinco anos de sua vida nos estados unidos para se aprimorar no desenvolvimento de sistemas e soluções tecnológicas para a saúde mundial. um de seus projetos inclui a telemedicina em diversas regiões da áfrica. Geissbuhler conversou com a fh sobre esta experiência e o cenário mundial da saúde. veja os principais trechos a seguir.

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perfil

Quem

Presidente da Associação Internacional de Informática Médica (IMIA, da sigla em inglês) O que faz

• Professor de Informática Médica da Universidade de Medicina de Genebra, na Suiça, onde é presidente do departamento de Radiologia e Informática Médica. Também é diretor do Serviço de TI em saúde dos hospitais universitários da região • Autor de mais de 50 publicações científicas em revistas e jornais especializados, sua pesquisa atual concentra-se no desenvolvimento de sistemas de informação baseados em computador para melhorar a qualidade e eficiência dos processos de atendimento • Coordenador do projeto de Telemedicina na África

Foto: Divulgação

• Participou do desenvolvimento de sistemas de informação clínica e de gestão do conhecimento na Vanderbilt University Medical Center

Revista FH: Em sua visão, como está a saúde global e como a informática médica pode ajudá-la a se transformar para melhor? Antoine Geissbuhler: os sistemas de saúde estão enfrentando grandes dificuldades em todo o mundo por causa do financiamento insustentável ou em razão do acesso desigual aos cuidados de saúde. Assim, a informática médica pode ajudar a melhorar a eficiência, a qualidade e a segurança dos sistemas de saúde, fornecendo ferramentas capazes de aprimorar a circulação da informação, tornando-a disponível onde e quando for necessário, além de fornecer conhecimento adequado para ajudar os profissionais a tomarem melhores

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ConForMe a InForMÁTICa eM saÚde auMenTa a dIsponIBILIdade e TransparÊnCIa das InForMaÇÕes, a ConFIanÇa Torna-se uMa QuesTãoCHaVe para a superaÇão dos oBsTÁCuLos de aCesso. o CIdadão TeM de ConFIar nos proFIssIonaIs de saÚde e GoVernos, assIM CoMo os proFIssIonaIs de saÚde TeM de ConFIar uns nos ouTros. as InsTITuIÇÕes TaMBÉM preCIsaM IMpLanTar FerraMenTas para auMenTar a ConFIaBILIdade das InForMaÇÕes de saÚde

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Foto: Divulgação

FH | pensadores

decisões, principalmente em questões clínicas e gerenciais. o advento da conectividade móvel acessível está ampliando o papel das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e também permitindo que outros interessados participem mais ativamente, incluindo doentes e cidadãos. FH: Mas como enfrentar os obstáculos políticos, financeiros e de abastecimento para o acesso às informações em saúde? Geissbuhler: Conforme a informática em saúde aumenta a disponibilidade e transparência das informações, a confiança torna-se uma questão-chave para a superação dos obstáculos de acesso. o cidadão tem de confiar nos profissionais de saúde e nos governos. Assim como os profissionais de saúde têm de confiar uns nos outros. e as instituições precisam implantar ferramentas para aumentar a confiabilidade das informações de saúde, como a Honcode fornecida pelo Health on the net Foundation, que ajuda os usuários da web a entenderem o quanto eles podem depositar sua confiança em um determinado site médico. FH: Incentivar a comunidade global a criar uma mudança transformacional, reivindicando soluções inovadoras e parcerias público-privadas, que coloquem a saúde no coração da equação, pode ser outra solução? Geissbuhler: As parcerias público-privadas podem desempenhar um papel significativo para o desenvolvimento de soluções inovadoras, desde que as respectivas funções de cada parceiro sejam bem compreendidas. em particular, os parceiros públicos devem assumir a responsabilidade de construir a confiança e assegurar o acesso equitativo a essas soluções.

FH: O Brasil ainda pode ser muito explorado na questão de sistemas de informação para saúde. Mas a questão da convergência de sistemas sempre acaba sendo a grande culpada pela falta de avanço. Qual a sua opinião sobre isso? Geissbuhler: Interoperabilidade é uma das questões fundamentais que os sistemas de informação de saúde estão enfrentando. É essencial que mais trabalho seja feito para promover qualidade e padrões abertos. e, ainda, usar esses sistemas desde o início dos projetos pode ser fundamental. em paralelo, as instituições, independente da região e país, devem desenvolver quadros de interoperabilidade como parte de sua estratégia eHealth, a fim de garantir que os vários componentes do sistema sejam capazes de trabalhar em conjunto, nos níveis técnicos e semânticos. FH: Quando os temas são mídias sociais e mais acesso à informação, você acredita em uma revolução na saúde? Esse acesso é realmente para todos? Geissbuhler: As mídias sociais estão dando um novo lugar para os pacientes e os cidadãos. essas ferramentas permitem mais eficiência, uma comunicação direta de paciente para paciente e, assim, promovem a sabedoria coletiva, como um desafio às fontes de conhecimento estabelecidas. Isto é tanto uma grande oportunidade para que os pacientes sejam – e se sintam- mais envolvidos nos seus cuidados quanto um desafio para os profissionais de saúde, que precisam entender como lidar com estes novos canais. FH: A saúde tem sido cada vez mais alvo de sites, comunidades e grupos em mídias sociais, como Facebook e Twitter. Se, por um lado, as pessoas se sentem mais preparadas e esclarecem mais suas dúvidas, por

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outro, isso pode induzir ao erro do autodiagnóstico, a automedicação e ,em alguns casos, colocar o médico em uma situação delicada. Qual sua opinião sobre isso? Geissbuhler: Assim como a maioria dos espaços de informação não é regulamentado, a internet também não é, além de ser a casa da melhor e da pior informação. É difícil para os usuários da internet conseguirem algum tipo de orientação e essa é nossa responsabilidade como profissionais de saúde: garantir que os pacientes não fiquem prejudicados por informações inadequadas. As informações da internet devem ser levadas a sério e discutidas com os pacientes durante suas consultas. estamos também trabalhando no conceito de "receita de informação", em que os profissionais de saúde "prescrevem" informações aos seus pacientes, a fim de ajudá-los a aprender mais sobre sua condição ou tratamento, a partir de fontes consideradas confiáveis pelos cuidadores. FH: Sem esses consideráveis benefícios da informática médica, você acredita em uma possível saúde global? Geissbuhler: embora eu acredite que as ferramentas de informática médica são essenciais para construir sistemas de saúde sólidos, a verdade é que as evidências do impacto dessas ferramentas ainda são poucas. nós, como uma comunidade profissional, devemos fazer mais para avaliar e documentar o impacto da informática médica e do eHealth nos resultados do setor. FH: O fato de escolher a informática para trilhar a medicina tem a ver com a sua forma de pensar a saúde do presente e futuro? O que o influenciou a seguir este caminho? Geissbuhler: Ao testemunhar o rápido crescimento na quantida-

de de informação, conhecimento médico e complexidade dos sistemas de saúde, ficou claro para mim que a informática seria essencial para os cuidados profissionais no século 21, assim como o estetoscópio tornou-se essencial para os médicos no século 19. Precisamos construir uma ponte sobre o mundo da informática com o mundo da medicina, a fim de criar sinergias entre aquilo que os humanos fazem melhor e o que os computadores fazem bem. Isto é, na sua essência, o papel da informática médica. FH: Uma de suas 100 publicações científicas destaca o desenvolvimento de soluções inovadoras, sistemas de informação baseados em conhecimentos habilitados e ferramentas baseadas em computador para melhorar a qualidade, segurança e eficiência dos processos de atendimento ao paciente. Sem falar do desenvolvimento de uma educação à distância e grande rede de telemedicina em países em desenvolvimento. Todo esse esforço já tem resultado? Geissbuhler: nós desenvolvemos sistemas de informação avançados em hospitais de países desenvolvidos, tecnologias que os usuários não aceitariam mais ficar sem, depois do experimento. nesse meio tempo, percebeu-se que esse potencial também se aplicaria a países em desenvolvimento, onde a capacidade de mover a informação sem ter de deslocar pacientes ou especialistas poderia fazer uma enorme diferença para uma prestação de cuidados de saúde de melhor qualidade. FH: Você esteve envolvido na coordenação do desenvolvimento de uma rede de telemedicina na África. Conte um pouco mais sobre essa experiência e como ela pode ajudar a saúde global. Geissbuhler: educação continuada dos profissionais de saúde e acesso a aconselhamento especializado são as chaves para melhorar a qualidade, eficiência e acessibilidade do sistema de saúde. nos países em desenvolvimento, essas atividades são geralmente limitadas às capitais regionais, e os profissionais deslocados não têm acesso a essas oportunidades, nem mesmo ao material didático adaptado às suas necessidades.

Isso limita o interesse desses profissionais em permanecerem ativos na periferia, onde são mais necessários para implementar estratégias eficazes para a prevenção e cuidados de saúde de primeira linha. A fim de atender a estas necessidades, os hospitais universitários de Genebra (Suíça) desenvolveram uma rede de telemedicina na África, chamada de rAFT, réseau en Afrique Francophone pour la Télémédecine,primeiro em mali, em seguida na mauritânia, marrocos, Camarões e, desde 2004, em burkina-Faso, Senegal, Tunísia, Costa do marfim, madagascar, níger, burundi, república do Congo, Argélia, Chade, benin, Guiné e república Democrática do Congo. A atividade principal do rAFT é o webcasting de cursos interativos destinados a médicos e outros profissionais de saúde, com temas propostos pelos parceiros da rede. os cursos são semanais e gratuitos, acompanhados por centenas de profissionais que podem interagir diretamente com o professor. Cerca de 70% desses cursos são agora produzidos por especialistas da África. A banda larga de 30 kbits por segundo, a velocidade de um modem analógico, é suficiente e permite a participação de hospitais remotos ou mesmo cibercafés. outras atividades do rAFT incluem teleconhecimento médico, teleultrassonografia e desenvolvimento colaborativo de material educacional online. FH: A telemedicina tem atraído empresas para o Brasil, por ser um país de grande extensão e pouco explorado nesse aspecto. Se comparado a outros países emergentes, como o Brasil está em relação à telemedicina? Geissbuhler: vários projetos brasileiros de telemedicina têm sido bem sucedidos, eles estão crescendo e alcançando escalas significativas, às vezes servindo vários milhões de cidadãos. Comparado com outros países, com resultados muito menos significativos, este sucesso pode ser explicado pela qualidade da infraestrutura de TI existente, o dinamismo da economia e o empreendedorismo, além da presença de profissionais de informática médica bem treinados. Para a telemedicina, o brasil não é apenas um exemplo a ser seguido por países em desenvolvimento, mas também uma fonte de inspiração para as nações mais ricas.

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em depoimento à Cylene Souza

FH | personalidades

regulação, obstáculos geográficos e as particularidades do mercado brasileiro entraram na agenda de OttO PHiliPP Braun há três anos, quando, representando a 6ª geração da família, assumiu a gestão da subsidiária brasileira da b. braun. confira suas opiniões sobre os desafios e oportunidades em nosso mercado emergente

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Para que uma empresa centenária se mantenha inovadora é preciso... estar constantemente atualizada, em busca de novas tecnologias e, principalmente, trocando informações com clientes e parceiros. Manter uma estrutura familiar em uma economia marcada por empresas S/A significa... fazer constantes investimentos em tecnologia e buscar sempre trazer soluções modernas e eficientes, capitalizando o investimento e buscando a constante sustentabilidade do negócio. Com a crise econômica na Europa, focar em países emergentes é.... investir em economias relativamente estáveis, com mercado consumidor atraente e grande potencial de crescimento. O Brasil é um País que tem crescido em ritmo exponencial. Já é a 6ª potência econômica mundial e uma das quatro economias emergentes mais promissoras do mundo, junto com Rússia, Índia e China. Entrar na área de diagnóstico genético... nos a judará a aprimorar diagnósticos em saúde, contribuindo para o bem-estar e a qualidade de vida de pacientes em todo o mundo. A parceria com a CeGaT reforça o papel da B. Braun de estar sempre em busca das mais novas tecnologias em prol do desenvolvimento da saúde em todo o mundo. Há sempre muita polêmica no que diz respeito aos limites da relação indústria x médicos. Nossas regras de conduta funcionam como... norteadoras de nossas ações, produtos e serviços. Em 2011, lançamos oficialmente nosso próprio Código de Ética, que elenca diretrizes de conduta ética identificadas como necessárias e aplicáveis no País. Com isso, buscamos garantir a confiabilidade junto a nossos diversos públicos e reafirmar a ética como valor fundamental para nossa empresa. Começamos nossa operação no Brasil com a aquisição do Laboratório Americano. Hoje, 45 anos depois, nossos planos incluem... investimento maciço em tecnologia – estamos modernizando nossas fábricas em São Gonçalo (RJ) com novos equipamentos, mais velozes, eficientes, sustentáveis e modernos -, em novos produtos - com a importação de mais itens do nosso portfólio -, investimentos nas quatro divisões B. Braun (Avitum, Hospital Care, OPM e Aesculap) e a expansão das unidades fabris – além da Unidade Pharma, que produz soluções parenterais de grande volume, estamos construindo um novo Complexo Industrial em Guaxindiba (São Gonçalo – RJ), com o objetivo de aumentar e otimizar nossa produção de equipos. Superar os obstáculos logísticos de se atuar em um país de dimensões continentais é ... utilizar nossos centros de distribuição de maneira eficiente e estratégica, procurando dar um suporte personalizado por meio de nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, criado este ano especificamente para melhor administrar solicitações de pedidos e otimizar o fluxo de entrega de produtos. A Anvisa, como órgão regulador, acerta quando...promove avanços importantes, como, por exemplo, a NR32, que assegura o uso de materiais perfurocortantes com dispositivo de segurança, buscando garantir mais segurança para profissionais de saúde e pacientes em todo o País.

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E erra quando... esbarra em processos burocráticos, no que diz respeito à aprovação e liberação de medicamentos e novos produtos de saúde. Minha formação em Finanças e passagem por bancos e empresas de outros segmentos, como no caso da Dr. Oetker, contribuem hoje no meu dia a dia...para saber como gerenciar custos e in vestimentos, bem como ter uma noção estratégica de todas as áreas da companhia, buscando sempre a integração e um processo Lean, enxuto, sem desperdícios. Nas horas de lazer com a família, o que mais gosto de fazer é... correr, aproveitando as paisagens lindas do Rio de Janeiro, e ficar com minha filha, recém-nascida, e com minha esposa.

Foto: Divulgação

Para mim, o melhor do Rio... são as paisagens naturais espetaculares e o Carnaval. Uma música: “Para não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré. “Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer”

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FH | It MídIa debate

dIleMas do

crescimento Paulo Bonadio - fundador e diretor-executivo do Grupo Infinita. A empresa é especialista em diagnóstico por imagem e possui forte atuação em mercados emergentes do País. O rápido crescimento e a expansão influenciada pela inclusão de clientes vindos da nova classe média brasileira tornaram o grupo referência em serviços nessa nova configuração de mercado.

Gustavo Campana - sócio-diretor da Formato Clínico. A empresa de consultoria em medicina diagnóstica tem aproveitado os bons ventos da economia e se tornado uma das importantes marcas do setor. Sua atuação tem ajudado empresas na elaboração e revisão de planejamentos estratégicos, educação e na transferência de conhecimento em saúde.

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Gilberto Pavoni Junior* | editorialsaude@itmidia.com.br Fotos: Ricardo Benichio

Diante Da expansão Do mercaDo De meDicina Diagnóstica, muitas DúviDas ronDam a cabeça Dos gestores De instituições De saúDe. terceirizar ou não esta operação? É viável usar a força Da marca para obter receita com este serviço? como enfrentar a escassez De mão De obra e a concorrência entre organizações com Diferentes moDelos De negócios? estas foram algumas Das DúviDas aborDaDas por gestores Do setor, que participaram Do IT MídIa debaTe. confira a cobertura Luis Roberto Natel - diretor de Medicina Diagnóstica e Preventiva do Albert Einstein, uma das principais instituições médicas do Brasil e com forte atuação nas decisões sobre o setor de saúde. O crescimento da marca vem ocorrendo com a abertura de novas unidades de atendimento, ensino, diagnóstico, pesquisa e ações sociais.

Luiz Gastão Rosenfeld - diretor de Relações Institucionais da Dasa, maior player do mercado na América Latina e quarta maior empresa de medicina diagnóstica do mundo. A empresa tem ampliado sua atuação por meio de aquisições e recentemente investiu R$ 82 milhões numa modernização que incluiu novos equipamentos de imagem, sistemas automatizados e mudanças de processos.

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FH | It MídIa debate

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om PersPeCtIvA De CresCer 8,3% AInDA este Ano, AtInGInDo reCeItAs De r$ 20,2 bILHões e reALIzAnDo 98 exAmes Por HAbItAnte (De ACorDo Com PesquIsA DA ConsuLtorIA FormAto CLínICo), o setor De meDICInA DIAGnóstICA se DePArA Com DILemAs PArA ConseGuIr mAIs eFICIênCIA e LuCrAtIvIDADe em suAs oPerAções, entre eLAs, oPtAr ou não PeLA terCeIrIzAção, o que FAzer Frente às InICIAtIvAs De vertICALIzAção DAs oPerADorAs e Como LIDAr Com A FALtA De mão De obrA esPeCIALIzADA em seus servIços. o FoCo que o brAsIL GAnHou nA eConomIA munDIAL , o Aumento DA oFertA De emPreGos FormAIs e, Consequentemente, De beneFICIárIos nos PLAnos De sAúDe, e A entrADA De PossíveIs PLAyers que Irão AProveItAr os movImentos De outsourCInG – ConsAGrADo em outros setores – AquIsIções, APrImorAmento ProFIssIonAL, ADequAção às reGrAs InternACIonAIs De PrestAção De servIços e InovAção são CenárIos que Irão FAzer PArte DAs DeCIsões estrAtéGICAs DAs emPresAs que querem PermAneCer no merCADo.

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o debate ocorreu no dia do Médico, 18 de outubro. quem compareceu foi homenageado

TeRCeIRIzação e veRTICaLIzação: quesTão de esTRaTéGIa A terceirização é uma onda que vem conquistando adeptos em diversos setores há mais de uma década. A proposta se encaixa perfeitamente nas tendências de expansão rápida das operações, corte de custos, foco no core business e globalização. A estratégia já é consagrada em empresas de segmentos tradicionais como o automotivo, tecnologia e algumas verticais de serviços. na área de medicina diagnóstica, o assunto vem ganhando corpo nos últimos dois anos devido à expansão econômica e gargalos para o crescimento. De acordo com o fundador e diretor-executivo do Grupo Infinita, Paulo bonadio, a medicina diagnóstica vive o dilema de escolher entre terceirizar e verticalizar. mas o caminho a seguir depende da atuação da empresa e seus planos para o crescimento. “nos grandes hospitais, as marcas são fortes e carregam estes serviços, que se tornam fonte de receita. nos menores, a oferta direta destes serviços mais onera do que gera lucro”, diz. o diretor de relações Institucionais da Dasa, Luiz Gastão rosenfeld, complementa: “Para que a operação se torne possível, as instituições precisariam cobrar caro ou procurar clientes de fora. A viabilidade econômica fica difícil, considerando-se a média de 50 leitos nos hospitais brasileiros.” o diretor de medicina Diagnóstica e Preventiva do Albert einstein, Luis roberto natel, reforça que a questão financeira determina a decisão e o posicionamento da instituição no mercado. “nosso avanço em diagnóstico é cada vez maior, mas entendemos que a área funciona como uma fábrica e é volume-dependente. Com volume pequeno, a conta não

fecha”. o executivo destaca também a carência de mão de obra, o que deve ser levado em conta antes de se pensar na abertura de um novo serviço como estratégia de negócio. “Há poucos radiologistas se formando e, se todo mundo internalizar o serviço, não haverá profissionais disponíveis para todas as instituições.” no setor público, terceirizar também parece ser a melhor saída. “Podemos entrar onde o governo não tem capacidade técnica nem operacional para fazer o serviço”, avalia bonadio. Com atuação no norte, nordeste e Centro-oeste, a empresa é responsável pela realização de exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética em um dos hospitais públicos de rondônia e já chegou à marca de 2,5 mil procedimentos realizados. Para o sócio-diretor da Formato Clínico, Gustavo Campana, a abrangência da atuação também determina a decisão sobre terceirizar ou verticalizar. “em grandes centros, uma unidade de negócio de medicina diagnóstica para os hospitais é viável, em mercados menores, é preferível um parceiro”, comenta. De acordo com o executivo, a busca por novas fontes de receita irá direcionar qualquer decisão nos próximos meses. “no médio e longo prazos os hospitais sofrerão pressão do mercado para buscar novos negócios e diversificação da receita”, argumenta. e operadoras poderão olhar com mais carinho para esse ramo de diagnóstico ao notarem uma chance de lucratividade. “mas há aspectos desse setor que complicam a decisão para quem não tem uma marca forte”, completa.

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IT Mídia Debate abordou o tema: Medicina Diagnóstica – confira a galeria de imagens em: http://migre.me/bMIk0

Para os gestores, médicos não estão tão preparados para pedir exames e isso gera excesso e duplicação de serviços

íNdICes ReLaTIvos de CusTo No LaBoRaTÓRIo aMBuLaToRIaL X HosPITaLaR PoR PoRTe estudo realizado por Luiz Gastão rosenfeld, da Dasa, comprova que serviços próprios de diagnóstico só valem a pena em instituições de grande porte: quanto maior o volume de exames, mais caro o custo por procedimento. Ambulatorial núcleo técnico + 2 milhões exames/ mês

Hospitalar

Hospitalar

Hospitalar

Hospitalar

Hospitalar

5.000 a 10.000 exames/mês

10.000 a 20.000 exames/mês

20.000 a 30.000 exames/mês

30.000 a 50.000 exames/mês

50.000 a 100.000 exames/mês

Equipamentos (bioquímica + Hematologia) Índice relativo de custo Amortização+manutenção/teste

1 (0, 028)

15,7 -0,44

7,8 -0,22

4,6 -0,13

3 -0,08

3 -0,08

Reagentes (bioquímica + Hematologia) Índice relativo de custo Custo médio/teste cobrado

1 -0,33

9,3 -3,07

7,3 -2,4

6,4 -2,12

5,8 -1,9

3 -0,99

Técnicos Índice relativo de produtividade exame/técnico/mês

1 -6.746

5,3 -1.250

3,1 -2.175

2,2 -3.039

1,5 -4.444

1,2 -5.600

Coleta Índice relativo de produtividade Coleta/Colhedor/hora contratada

1 -6,1

6,8 -0,9

5,3 -1,15

3,5 -1,75

2,3 -2,6

1,8 -3,4

Área Física Índice relativo de custo área ocupada Custo/exame

1 -7.000 -0,03

22 -100 -0,66

16,6 -150 -0,5

13,3 -200 -0,4

12,3 -300 -0,37

9 -400 -0,27 Fonte: Luiz Gastão Rosenfeld, Dasa

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FH | It MídIa debate

durante o debate, os executivos pontua ram desafios como: falta de mão de obra qualificada

saiba mais

Desafios Do setor

FoRMação e aPaGão PRoFIssIoNaL o setor de saúde vive grande avanço tecnológico e de crescimento. embora esse quadro seja bom para a maioria das empresas, tal expansão e transformação têm impacto direto na qualidade dos profissionais. equipamentos mais modernos e complexos exigem melhor qualificação e políticas de retenção. em contrapartida, a falta de mão de obra, juntamente com o crescimento, gera uma inflação de salários mesmo em profissionais com pouco gabarito. A empresa que não conseguir equilibrar essa equação corre o sério risco de ver a qualidade dos serviços cair ou sofrer com a fuga de profissionais para a concorrência. A solução para isso depende de cada caso. o einstein, por exemplo, sentindo a necessidade de formar enfermeiros, criou uma unidade educacional especializada nisso para atender a demanda. Atualmente, 70% dos profissionais formados são aproveitados na própria instituição. na radiologia, o hospital começou a fornecer residência para evitar fuga de mão de obra e formar melhores técnicos de acordo com os seus padrões. no Grupo Infinita , os profissionais são treinados para atingir o volume esperado, as promoções acontecem por meritocracia e a remuneração é variável. o diretor executivo, Paulo bonadio, aconselha as entidades a focarem na formação profissional e na qualidade e modernização de processos para suportar o crescimento dos próximos anos. “no centro-norte do País, a telerradiologia é uma febre, mas não há profissionais disponíveis, mesmo com boas ofertas de salários e benefícios. quem conseguir adequar essa demanda com uma oferta que seja boa para o cliente, será beneficiado”, diz. na outra ponta, de quem solicita o exame, também falta qualificação. muitas vezes por insegurança os médicos pedem exames por rotina mesmo que os pacientes sejam saudáveis acabam passando por procedimentos sem necessidade. “85% dos exames são negativos”, afirma bonadio. é comum que os pedidos cheguem aos centros de diagnósticos sem informações clínicas ou que sejam solicitados procedimentos que não são os mais indicados para os casos que se pretende investigar. “Devíamos nos negar a realizar exames sem informações clínicas”, sentencia rosenfeld. Para contornar o problema, o Grupo Infinita se apoia em ferramentas como o Pacs e prontuário eletrônico e faz até mesmo conferências por skype para encontrar os melhores exames para o diagnóstico buscado pelo médico solicitante. “é preciso ter mais protocolos. quando a técnica não é bem aplicada, o médico acaba pedindo um novo exame”, explica bonadio. Além de protocolos, é preciso definir melhor os critérios de uso. “temos de reinventar nossa posição como especialistas em diagnósticos. Hoje, se cria a demanda e a oferta acompanha. o cenário poderia ser diferente se o uso da medicina diagnóstica fosse mais racional”, finaliza Campana.

Globalização – com o Brasil entrando no foco das grandes empresas internacionais, o setor de saúde tem como clara a chegada de novos players internacionais nos próximos anos. Há aspectos legais e burocráticos que diferenciam o mercado local de outros como Europa e Estados Unidos. Mas a sensação geral é que as empresas que não conquistarem espaço com a marca e satisfação do cliente terão muita dificuldade em se posicionar no futuro. Fortalecer marcas– Grandes, médias e pequenas empresas estão envolvidas nesse desafio. A estratégia pode variar da atuação em nichos à economia de escala. Não há uma regra básica, a não ser, defini - la de acordo com o poder de investimento, região onde atua e conhecimento total do mercado. Formação Profissional – A escassez de profissionais qualificados é um dos problemas que afligem vários setores da economia nacional e não é diferente na saúde. A falta de médicos capacitados faz com que a demanda por exames aumente e, nessa ponta, a dificuldade vira um gargalo quase intransponível. Especialistas e executivos do setor estão recomendando a formação de mão de obra internamente e a adoção de políticas de carreira e benefícios para evitar a fuga para a concorrência. Contratos – as diversas modalidades de contrato de serviços existentes é apontada como um dos problemas crônicos do setor. Há modelos de todos os tipos e isso exige uma criatividade das empresas na hora do fornecimento do serviço. Embora isso possa ser visto como uma virtude, também dificulta a comparação das competências e exige custos burocráticos maiores.

* Colaborou Cylene Souza

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Veja alguns momentos do encontro 1

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1. Fernando Alberto (Fleury) • 2 e 6. Convidados recebem homenagem no Dia do Médico • 3, 5 e 7. Durante o intervalo, participantes fazem relacionamento • 8. A diretora editorial, Stela Lachtermarcher, abre o encontro • 9. Verena Souza (editora do Saúde Web) apresenta os debatedores • 4. Ne1 Marinho (Hospital San Paolo) • 10. Joel Schmillevitch (Centro Diagnóstico Schmillevitch) • 11. Luiz Gastão Rosenfeld (Dasa) concede entrevista à Maria Carolina Buriti (editora da revista FH)

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FH | PONTO DE VISTA

CABEÇAS DISPUTADAS Cylene Souza | csouza@itmidia.com.br

AS MOVIMENTAÇÕES DE EXECUTIVOS FORAM INTENSAS EM 2012. E, NÓS DA FH, APROVEITAMOS PARA PERGUNTAR: O MERCADO DE TRABALHO ESTÁ PROPÍCIO PARA CARGOS DE ALTA GESTÃO? POR QUÊ? SIM. OS NEGÓCIOS NO SETOR DA SAÚDE ESTÃO EM FRANCO CRESCIMENTO, O QUE ABRE NOVAS POSSIBILIDADES E EXIGE PROFISSIONAIS MAIS EXPERIENTES E COM MAIOR NÍVEL DE ESPECIALIZAÇÃO

Foto: Divulgação

GERALDO REPLE SOBRINHO, EX-SUPERINTENDENTE DO HOSPITAL MÁRIO COVAS E ATUAL SUPERINTENDENTE PARA NOVOS PROJETOS E DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS DA HOME DOCTOR

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Foto: Ricardo benichio

Foto: Divulgação

O MOMENTO NÃO PODERIA ESTAR MAIS PROPÍCIO. NA ÚLTIMA DÉCADA, VERIFICAMOS A FALTA DE INVESTIMENTOS MACIÇOS EM SAÚDE, OCASIONANDO ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA NO SEGMENTO. JÁ NOS ÚLTIMOS ANOS, DEVIDO À FORÇA DA ECONOMIA, AGENDA DE GRANDES EVENTOS NO PAÍS E INCENTIVOS GOVERNAMENTAIS PARA O SETOR,VAGAS FORAM E ESTÃO SENDO CRIADAS. TAMBÉM, A PROFISSIONALIZAÇÃO, FORTEMENTE CRITICADA NO SEGMENTO SAÚDE, ESTÁ GERANDO A NECESSIDADE DA TROCA DE EXECUTIVOS. ASSIM, HÁ MUITA OFERTA DISPONÍVEL PARA POUCOS PROFISSIONAIS QUALIFICADOS, PRINCIPALMENTE EM CARGOS DE ALTA GESTÃO, OCASIONANDO AINDA DISPUTA POR TALENTOS FRANCISCO FIGUEIREDO, EX- SUPERINTENDENTE GERAL DO HOSPITAL DA BALEIA E ATUAL CONSULTOR NAS ONCOCLÍNICAS DO BRASIL

NÃO PODEMOS ATRIBUIR FATOS PONTUAIS DE MUDANÇAS EMPRESARIAS, COMO OCORRIDO EM 2012, PARA DIZER QUE O MERCADO ESTÁ PROPICIO PARA ALTA GESTÃO. NÓS, DA ÁREA DA SAÚDE, ESTAMOS ACOSTUMADOS COM UMA LONGA PERMANÊNCIA DO “C LEVEL”, INDEPENDENTE DA PERFORMANCE DOS MESMOS E DAS ORGANIZAÇÕES. NESTE NÍVEL PROFISSIONAL QUE NOS REFERIMOS E O GRAU DE EXIGÊNCIA QUE É DEMANDADO, ACREDITO QUE TODOS ACABAM TENDO UM CICLO TEMPORAL PARA SUAS REALIZAÇÕES, POIS AS MUDANÇAS SÃO NECESSÁRIAS. ENTRETANTO, COM UMA DEMANDA DAS ORGANIZAÇÕES POR MELHORES RESULTADOS, TALVEZ ESTE CICLO COMECE A SER MAIS CURTO E PRECISAMOS NOS ACOSTUMAR A ISSO LUIZ DE LUCA, EX-DIRETOR GERAL DO HOSPITAL 9 DE JULHO E ATUAL SUPERINTENDENTE CORPORATIVO DO HOSPITAL SAMARITANO

Foto: Ricardo Benichio

ACREDITO QUE SIM, O MERCADO DE GESTÃO EM SAÚDE ESTÁ EM ALTA E NECESSITANDO MUITO DE PROFISSIONAIS EXPERIENTES E QUALIFICADOS, PRINCIPALMENTE OS DE ALTA DIREÇÃO. A EXPANSÃO DA MAIORIA DOS HOSPITAIS REQUER PROFISSIONAIS CAPAZES DE REALIZAR E IMPLANTAR PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E FERRAMENTAS DE GESTÃO, JÁ QUE POUCOS HOSPITAIS ADOTAM ESTAS PRÁTICAS, APESAR DE ANTIGAS EM OUTROS MERCADOS. ACREDITO QUE SE AS INSTITUIÇÕES QUEREM PROSPERAR COM QUALIDADE, DEVEM INVESTIR EM GESTÃO, O QUE MUITAS JÁ ESTÃO FAZENDO VALDESIR GALVAN, EX-DIRETOR GERAL DA REDE DE HOSPITAIS SÃO CAMILO DE SÃO PAULO E ATUAL SUPERINTENDENTE ADMINISTRATIVO FINANCEIRO DO GRAAC

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FH | ENTRE ELOS

CONHECIMENTOS

COMPLEMENTARES

Cylene Souza | csouza@itmidia.com.br

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om mais de quatro séculos de serviços prestados à população paulistana e reconhecida como hospital de ensino, a Irmandade Santa Casa de São Paulo ainda se deparava com um problema comum às instituições de saúde: os altos custos para garantir seus estoques de materiais e medicamentos, que costumam representar de 23% a 30% do custeio destas organizações. O problema se agravava pelo alto volume de atendimentos – em 2011 foram mais de 46

mil cirurgias e 1,8 milhão de atendimentos de emergência – e pelo número de instituições administradas: 13 unidades hospitalares, duas policlínicas e uma unidade de pronto atendimento (UPA) em Guarulhos, três prontos-socorros municipais e a microrregião Jaçanã/ Tremembé, composta por 11 unidades básicas de saúde (UBS). Nas instituições administradas no modelo de Organização Social de Saúde (OSS), como o Hospital Geral de Guarulhos, a principal forma

de trazer eficiência na gestão dos recursos públicos era também evitar os desperdícios e perdas. Para a Logimed, empresa do grupo Andrade Gutierrez dedicada ao gerenciamento da cadeia de suprimentos médico-hospitalares, estava aí uma oportunidade de negócio: sua capacidade de investimento e conhecimento em gestão, TI, logística e distribuição se encaixavam perfeitamente com as necessidades deste complexo de saúde.

IRMANDADE SANTA CASA DE SÃO PAULO

HOSPITAL GERAL DE GUARULHOS

LOGIMED

Surgiu há mais de quatro séculos e hoje é reconhecida pelas áreas de ensino, pesquisa e por ser mantenedora do maior hospital filantrópico da América Latina. Hoje, administra diretamente ou como OSS cerca de 40 unidades assistenciais.

É a unidade de referência para o município e para a região do Alto Tietê. Possui 299 leitos em ginecologia/obstetrícia, pediatria, clínica médica, clínica cirúrgica, ortopedia e neurocirurgia, além de 36 leitos de UTI adulto, neonatal e pediátrica.

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Empresa do grupo Andrade Gutierrez, especializada em logística, distribuição e gestão de suprimentos médico-hospitalares. Fechou 2011 com faturamento de R$ 110 milhões e almejar chegar a R$ 1 bilhão em cinco anos, atendendo grandes grupos de saúde e participando de parcerias público-privadas.

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om mais de 8 mil atendimentos por dia, a Santa Casa de São Paulo enfrentava dificuldades para manter um controle efetivo de almoxarifado e distribuição de materiais e medicamentos. “Comprávamos estes insumos diretamente, mas não conseguíamos pagar à vista, precisávamos de 30 a 60 dias. Com isso, o custo era muito maior”, relembra o superintendente geral, Antônio Carlos Forte. Além disso, havia dificuldade para saber como estava o estoque e, por vezes, faltava material. A solução encontrada foi contratar um parceiro que se responsabilizasse pela compra, logística e distribuição dos insumos. “Escolhemos a Logimed, que é uma empresa do grupo Andrade Gutierrez e que tem um capital importante para aquisição dos materiais. Eles compram à vista, o que nos traz folga de recursos. Também têm um centro de distribuição grande, trabalham com volume maior e ganham em escala.” Hoje a Santa Casa trabalha com estoques para 15 a 20 dias e controla online quanto gasta por centro de custo. “Em grandes números, na rede de hospitais, 26% do custeio era para materiais e medicamentos. Hoje este percentual é de 17%”. A Santa Casa homologa os insumos que serão utilizados e a Logimed efetua a compra com base nesta lista. A empresa parceira também faz sugestões para substituir alguns materiais, que só são trocados, de fato, após a homologação.

PESO DE MAT/MED NO CUSTEIO PASSOU DE 26% PARA 17%

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pós a experiência bem-sucedida no Hospital Central, o modelo foi replicado nas outras unidades administradas pela Santa Casa, seja de forma própria ou como Organização Social de Saúde (OSS). Uma das primeiras instituições administradas pela Santa Casa a adotar o novo modelo de gestão de insumos foi o Hospital Geral de Guarulhos, com 335 leitos de especialidades e UTI e 23.690 m2. “A parceria com uma empresa de logística trouxe evolução no gerenciamento de processos que envolvem materiais e medicamentos. As atividades se tornaram melhores, a organização, mais apropriada, e também notamos diminuição do estoque e do DISPENSAÇÃO ACONTECE POR HORÁRIO giro de materiais”, conta a coordenadora das OSS estaduais sob gestão E, COM ESTOQUE MENOR, HÁ MENOS da Santa Casa de São Paulo, Agnes Mello Farias Ferrari. PERDA DE MEDICAMENTOS Para diminuir os riscos de desperdício e perdas, as entregas acontecem de manhã, a tarde e a noite e tudo que não é utilizado é devolvido. “Há também muita sinergia com a assistência farmacêutica. A dispensação acontece por horário e, com estoque menor, os medicamentos não início da parceria da Logimed com vencem e não se acumulam.” Irmandade se deu em 2008 e, desde Outro fator de ganho na unidade foi a revisão e padronização então, o número de unidades assistenciais a da listagem de medicamentos: são utilizados apenas os da entrar no escopo do contrato só aumentou, até linha SUS e as prescrições são, obrigatoriamente, por prinque todas estivessem contempladas, em 2010. “Na cípio ativo, para permitir a utilização de genéricos. Santa Casa, nossa oferta passou por gestão de supriO HGG está começando a definir novos protocolos mentos, operação, logística, TI e Sistemas”, relembra o e vê possibilidade de evolução da parceria. “Ainpresidente da empresa, Alexandre Dib. da temos espaço para otimizar mais custos e Nas unidades administradas no modelo de Organização Soganhar com rastreabilidade e segurança para cial de Saúde, a Logimed segue o manual de compras da Secretao paciente”, conclui Agnes. ria de Estado de Saúde de São Paulo, que determina a tomada de três preços e a justificativa por determinada escolha. Para o executivo, a redução de gastos responde, principalmente, pelos três princípios para geração de economia estabelecidos pela empresa: compra centralizadas e segmentadas, escala e cotações e fechamento de contratos por princípio ativo, não por marca. Hoje, a organização trabalha com 10 mil itens e 500 fornecedores. Além de compra, armazenagem e distribuição, a empresa institui processos dentro do ambiente hospitalar para otimizar o uso dos insumos e reduzir os estoques ao mínimo necessário. “A perda de materiais e medicamentos no ambiente intra-hospitalar gira em torno de 15%. Por isso, focamos em geração de economia, controle e monitoramento e melhoria da qualidade”, explica o presidente da Logimed, Alexandre Dib. O próximo passo no setor público é expandir a atuação em Parcerias Público-Privadas (PPP). A empresa venceu a liciEMPRESA TRABALHA COM 10 MIL ITENS E 500 FORNECEDORES, ACOMPANHADOS COM CINCO tação do Hospital Metropolitano do Barreiro, na Grande INDICADORES DE QUALIDADE Belo Horizonte, que deve entrar em operação em janeiro de 2014, e participa de outros processos em Manaus, São Paulo, Espírito Santo, Brasília, Salvador e Natal.

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FH | mundo afora

Verena Souza | vsouza@itmidia.com.br

Médicos precisaM estar preparados para os Mais variados tipos de relação coM o paciente. econoMista descreve três Modelos básicos eM voga: paternalista, inforMado e coMpartilhado – todos praticados de acordo coM as particularidades de cada caso a ser tratado

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natal, os shoppings estão preparados para o consumo, e a mãe diz à criança apontando para os mais variados tipos de brinquedo. – Pode escolher o que quiser! o olho brilha diante de tantas cores, formas e tamanhos. As múltiplas opções foram dadas e, agora, é com o “pequeno”. essa pode ser uma das formas de relação entre o médico (mãe) e o paciente (filho) – muitas vezes não tão prazerosa - denominada modelo Informado, por Amiram Jacob Gafni, eleito pelo banco mundial um dos cinco economistas da Saúde mais influentes do mundo. Atento à evidente busca dos pacientes pelo maior envolvimento na hora de decidir seu tratamento, Gafni reconhece a complexidade das relações e elenca três modelos básicos: o Paternalista, em que o médico determina a conduta; o Informado, em que o paciente conhece seu diagnóstico e, exposto às opções de tratamento, escolhe o melhor segundo seu julgamento; e o Compartilhado, quando o paciente, munido de informações clínicas, e o médico, a par de todo o contexto pessoal do indivíduo em tratamento, entram em um consenso sobre os próximos “passos”. De acordo com o economista e também professor do Departamento de epidemiologia Clínica e bioestatística da mcmaster University, no Canadá, e membro do Centre for Health economics and Policy Analysis (CHePA), os três modelos, entre muitos

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MÚLTIPLA ESCOLHA

INCONGRUÊNCIAS Entretanto, apesar das inúmeras diferenças envolvidas, há dois cenários em comum acontecendo em países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Brasil, entre muitos outros. De um lado, os médicos são pressionados a atender cada vez mais pacientes e, para isso, o modelo paternalista é mais fácil e rápido. Enquanto, do outro, os pacientes estão cada vez mais informados e questionadores, demandando um atendimento mais personalizado, ou seja, mais próximos aos modelos Informado e Compartilhado. O impacto nos custos, segundo Gafni, ainda não está claro, entretanto, para ele é óbvio que “se você quer reduzir custos, não fornece opções de escolha às pessoas.” A sociedade é peça fundamental

Paternalista: o médico determina a conduta, podendo ser de forma autoritária ou por escolha do paciente, que geralmente acontece em casos bastante graves. Informado: em que o paciente conhece seu diagnóstico e é exposto às opções de tratamento, incluindo possíveis resultados satisfatórios e contra-indicações, podendo conversar com familiares e amigos para a decisão final.

Gafni: Consenso entre médico e paciente não é fácil de atingir. A decisão compartilhada nem sempre vai acontecer

nesse contexto antagônico, em que questões sociais e econômicas estão fortemente entrelaçadas. “Nos Estados Unidos, por exemplo, muitas mulheres que tiveram câncer de mama começaram a se mobilizar, pois estavam sentindo que os médicos não ligavam para seus interesses. Elas começaram a pedir mais envolvimento e conseguiram”, enfatiza, deixando evidente que os modelos podem ser aplicados de acordo com a área da medicina e suas necessidades. O movimento “Não Decida Sem Mim”, na Inglaterra, que prega o envolvimento do paciente nas questões de seu próprio tratamento, está ganhando força, segundo o economista. POSTURA MÉDICA A complexidade das resoluções humanas impõe um grande desafio ao médico que, de acordo com o pro-

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outros, coexistem e são colocados em prática de acordo com o perfil de cada caso, tendo relação direta com aspectos comportamentais, culturais, etários e estruturais do sistema de saúde local. “Por exemplo, a decisão tomada por uma paciente do Canadá com câncer de mama, semelhante a uma brasileira, pode ser diferente”, explica Gafni, supondo que uma senhora canadense poderia preferir a Mastectomia (remoção completa da mama) ao invés da Lumpectomia (retirada de parte da mama, com sessões de radioterapia) por habitar em um país frio e, portanto, habituada a roupas invernais e por ter um marido que a apoie. Já uma brasileira, que costuma usar roupas mais leves devido ao clima, poderia escolher pela Lumpectomia. “É típico ver países como o Brasil procurando soluções fora. Mas, para mim, elas devem sempre ser construídas dentro de “casa”. O Brasil é muito diferente, possui um mix de culturas e um sistema de saúde particular, dividido entre público e privado”.

Compartilhado: relação de parceria e confiança estabelecida entre os dois. O paciente é munido de todas as informações clínicas - incluindo possíveis resultados satisfatórios e contra-indicações - e o médico também fica sabendo do histórico e preferências do “doente” para, juntos, decidirem o tratamento a ser seguido.

fessor, precisa ser sensível e flexível em relação ao paciente para, assim, criar um ambiente onde possa sentir a abertura para uma relação de parceria e igualdade. “O consenso entre os dois não é fácil de atingir. A decisão compartilhada nem sempre vai acontecer”, diz o economista, esclarecendo que o modelo paternalista não vai morrer, pelo contrário, ele é propício para casos bastante graves, em que muitos pacientes preferem não se envolver e deixar a decisão nas mãos do médico. Para colocar em prática tal amadurecimento nas relações entre médico e paciente, Gafni apoia-se na força da educação, voltada tanto para o médico como para o paciente. O professor tem trabalhado em documentos que ensinam os profissionais a explicar, em linguagem simples, todas as possibilidades de escolha da pessoa em tratamento.

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Como dizia o poeta Cartola: "As rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti..." assim também atua a IT Mídia; colhe de todos nós, da cadeia da Saúde, de forma criativa e ética, a essência do conteúdo e da prática e, de forma inovadora permeia e distribui dadivosamente estes conceitos, criando uma onda positiva e envolvente para todos os atores do setor. Assim como a poesia, que estes valores sejam duradores! Francisco Balestrin Presidente do Conselho da ANAHP e VicePresidente Executivo do Grupo VITA

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A IT Mídia, por meio da Revista FH, consolidou-se como principal veículo da área da Saúde, facilitando a comunicação, a divulgação das inovações e os negócios entre as instituições, além de promover a aproximação das pessoas desta comunidade. Funciona assim como um grande catalisador do progresso do setor da Saúde. Prof. Dr. Antonio Sérgio Petrilli Professor Associado Livre Docente do Setor de Oncologia – Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina e Diretor Técnico do Instituto de Oncologia Pediátrica GRAAC – INIFESP – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer

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FH | saĂşde corporativa

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Sua Saúde patricia santana | editorialsaude@itmidia.com.br

é o nosso negócio Estima-sE quE menos de um terço das prEscriçõEs dE rEmédios concrEtiza-sE Em tratamEnto. alErtas a isso, cada vEz mais as organizaçõEs sE EnvolvEm com a saúdE dos colaboradorEs, aumEntando a adErência a programas dE bEnEfícios dE mEdicamEntos

A

pontada como a principal despesa com a saúde entre as famílias brasileiras, a responsabilidade com os gastos com medicamentos pode ser compartilhada com as organizações. Comum em países como os estados Unidos, o Programa de benefícios em medicamentos (Pbm), que oferece subsídio para a compra de remédios, ainda está em fase de maturação no brasil. Implantado há pouco mais de uma década, o modelo Pbm ainda é pouco disseminado no país. estudos em curso pela Associação brasileira das empresas operadoras de Pbm apontam para um número perto de 3,5 milhões de beneficiários (entre trabalhadores e dependentes em que a empresa coparticipa no acesso aos medicamentos prescritos pelos médicos). “esse número ainda é muito pequeno quando comparado, por exemplo, aos 48 milhões de brasileiros que têm plano de saúde”, critica o presidente da Associação, Luiz Carlos monteiro. A expectativa da entidade é chegar a 20 milhões de beneficiários em

cinco anos. Para o executivo, o que pode contribuir para esse crescimento é a criação, pelo governo, de incentivos fiscais para os empregadores, a exemplo do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). “Dentro deste possível cenário, subiria consideravelmente o número de empresas interessadas em oferecer Pbm aos seus funcionários”, avalia o presidente da associação. A empresa que adota o Pbm pode oferecê-lo de duas maneiras aos colaboradores: desconto em folha (o crédito oferecido pela empresa para a compra do remédio é deduzido do salário); ou subsídio de medicamentos (a empresa participa financeiramente sobre o valor dos medicamentos). De acordo com monteiro, este tipo de benefício, além de contribuir para o acesso à medicação, busca preservar a integridade do plano terapêutico definido pelo médico, reduzindo riscos de fraude e manipulações indevidas. “Dados americanos mostram que para cada dólar investido na adesão medicamentosa e programas de acompanhamento, chega-se a reduzir até US$ 7 nos

custos projetados de internações hospitalares e outras condições acarretadas por essas doenças em seus estágios mais avançados”, conta. Como as empresas que usam enxergam este benefíCio? De acordo com uma pesquisa realizada pelo setor com 120 empresas que já subsidiam a compra de remédios, e que juntas ultrapassam a marca de 520 mil funcionários, 78% dos gestores de rH concordam que o benefício melhora a saúde e aumenta a satisfação dos funcionários. Além disso, 68% avaliam que este tipo de benefício aumenta o nível de adesão dos colaboradores ao tratamento medicamentoso. estima-se que menos de um terço das prescrições de remédios concretiza-se em tratamento. Ao todo, 66% concordam que há uma redução no nível de absenteísmo e aumento da produtividade da empresa, como resultado deste programa. A redução da sinistralidade e dos custos de saúde da empresa ainda divide as opiniões das áreas

rEtorno sobrE o invEstimEnto • Aumento da adesão ao tratamento médico • Melhora da saúde do colaborador • Elevação do grau de satisfação do colaborador • Redução de absenteísmo e aumento da produtividade • Diminuição da sinistralidade e custos com planos de saúde

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FH | saúde corporativa

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80

milHõeS

De brASILeIroS São ADePToS Do USo De reméDIoS Sem PreSCrIção méDICA

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36%

41%

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não vão Ao méDICo

PoSSUem eSToqUe De meDICAmenToS em CASA

**

48%

dilema

DAS mULHereS USAm AnALGéSICo Por ConTA PróPrIA

A automedicação

* Segundo a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (ABIFARMA) ** Segundo a literatura

de recursos humanos. Apenas 40% acreditam que há uma ligação entre o benefício de remédios e a redução do uso dos planos de saúde. gestão integral da saúde dos Colaboradores na Philips brasil, o benefício de acesso a medicamentos faz parte de um programa de gestão da saúde de toda a organização, que é composto por uma série de iniciativas de Saúde e bem estar em prol dos colaboradores. De acordo com diretor da Philips brasil, renato barreiros, o objetivo é fazer um acompanhamento da saúde do colaborador. “o benefício medicamento está associado a uma gestão integrada de saúde”, diz. na Philips, os colaboradores podem receber desconto de 15% a 60% em lojas da rede credenciada à gestora do benefício para a aquisição de medicamentos (de marca ou genéricos) para tratar a maioria das patologias ambulatoriais. Além disso, os remédios usados no tratamento de doenças crônicas têm o subsídio total da companhia. “Apenas para a principal medicação para a doença base”, ressalta o diretor. Além do colaborador, o benefício também é estendido aos familiares. entretanto, a identificação é individual por meio de carteirinha específica que deve ser apresentada na loja das redes credenciadas junto com a receita médica. Para barreiros, gerir a saúde do colaborador de forma ampla é ir além do plano de saúde, e isso agrega

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valor para a empresa, garante mais prestígio entre os colaboradores e contribui indiretamente para a retenção de talentos. “o fato de se obter descontos significativos na compra dos remédios também tem um reconhecimento muito positivo”, pontua. e os resultados do programa mostram que este tipo de ação contribui para reduzir o uso indiscriminado do convênio médico e melhorar a saúde dos colaboradores. em 2011, 94% dos participantes do programa de benefícios em medicamentos da Philips apresentaram estabilização do quadro clínico, 74% tiveram redução na quantidade de consultas externas e 95% alegaram melhora na saúde. mais do que isso, o diretor da Philips acredita que este tipo de programa aliado a outros elementos podem fazer com que o colaborador continue o tratamento em casa, ou seja, contribui indiretamente para a saúde pública. A companhia possui há alguns anos um esforço na prevenção de doenças e promoção da saúde, realizando ações e programas para ajudar as pessoas a viverem mais e melhor. exemplo desta atuação é o Programa de Gerenciamento de Condições e Doenças Crônicas como Diabetes, cardiopatias, Hipertensão, doenças respiratórias crônicas e dislipidemias. “os resultados obtidos desde a implantação deste programa são bem expressivos, havendo a estabilização do quadro clínico dos participantes e a diminuição da procura por pronto-socorro e serviços de emergência, além da redução dos custos com absenteísmo e plano de saúde”, conclui.

o grande vilão dos programas de benefícios de medicamentos é a automedicação. quando a empresa atribui para si o compromisso de custear parte ou todo o remédio do colaborador, traz consigo a responsabilidade sobre tal ato. por isso, os programas de benefícios fazem um controle rigoroso da prescrição médica. “é importante ressaltar que a compra do medicamento é baseada na obrigatoriedade da apresentação da receita médica. além disto, realizamos ações educativas, abordando os riscos da automedicação”, conta o diretor da philips brasil, renato barreiros. para o presidente da associação brasileira das Empresas operadoras de programa de benefício em medicamentos (pbma), luiz carlos monteiro, as iniciativas de benefício de medicamentos desestimulam a automedicação. “normalmente, a cobertura só se aplica aos medicamentos prescritos pelos médicos ou odontólogos. a elegibilidade eletrônica, em tempo real, garante a segurança do processo”, posiciona.

novembro 2012 revistafh.com.br

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Saúde BuSineSS School Os melhOres cOnceitOs e práticas de g e s t ã O , a p l i c a d O s a O s e u h O s p i ta l

módulO 11

Mobilidade nos hospitais 35

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saúde business school

introdução depoiS do SuceSSo doS primeiroS Saúde BuSineSS School continuamoS com o projeto. eSte ano, falaremoS SoBre tecnoloGia da informação em Saúde na busca por auxiliar as instituições hospitalares em sua gestão, trouxemos no terceiro

na organização de seus departamentos de ti e na interação da

ano do projeto saúde Business school

área com os stakeholders.

o tema tecnologia da informação em

em cada edição da revista Fh, traremos um capítulo sobre o

saúde. ainda que exista literatura sobre

tema, escrito em parceria com médicos, professores, consultores

o tema, a nossa função aqui é construir

e instituições de ensino, no intuito de reunir o melhor conteúdo

um manual prático para a geração de um

para você.

ambiente de tecnologia hospitalar mais

Os capítulos, também estarão disponíveis para serem baixados

seguro, que auxilie e oriente as equipes

em nosso site: www.saudeweb.com.br

o projeto envolve oS SeGuinteS temaS: módulo 1 - infraestrutura de ti nos hospitais módulo 2 - O papel do ciO módulo 3 - governança de ti nos hospitais módulo 4 - erps módulo 5 - segurança dos dados módulo 6 - terceirização de ti em hospitais módulo7 - prontuário eletrônico módulo 8 - a integração entre engenharia clínica e ti módulo 9 - ris/pacs módulo 10 - gestão dos indicadores módulo 11 - mobilidade nos hospitais módulo 12 - cloud computing

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moBilidade: a outra parte da relação médico-paciente por GuStavo de martini

introdução 1.1. VisãO geral esta é uma introdução à mobilidade em saúde. por ser um assunto amplo, serão destacadas as principais aplicações, benefícios e riscos na adoção deste tipo de tecnologia. a mobilidade em saúde ou m-health, como é chamado em inglês, é a prática da medicina ou da saúde pública com a utilização das telecomunicações, da utilização de dispositivos móveis tais como smartphones (celulares inteligentes), pda (assistente digital pessoal), tablets, notebooks ou netbooks ou, mais especificamente, coletores de dados e monitores. desta forma, a mobilidade implica em uma plataforma tecnológica rápida, robusta e confiável para transmissão de dados, imagens e voz, com o objetivo de dar resposta aos desafios da saúde, tais como acessibilidade, qualidade, velocidade e otimização de custos. Quando começou a ser discutida de forma mais estruturada no início da década passada, o conceito de mobilidade na saúde estava focado na telemedicina, que buscava aproveitar o avanço nas telecomunicações com o objetivo de comunicar médicos e pacientes separados fisicamente. esta plataforma poderia apoiar desde o diagnóstico até uma intervenção cirúrgica, passando pelo tratamento e acompanhamento do paciente, porém, com o rápido avanço das diversas tecnologias, este conceito se expandiu para o uso de qualquer recurso tecnologia móvel que possa apoiar a saúde. nunca é demais lembrar que o objetivo principal de qualquer iniciativa no setor da saúde é a melhoria do acesso e da qualidade dos serviços e, no caso de mobilidade não é diferente. graças à enorme dimensão dos serviços de saúde, desde a prevenção até o tratamento de pacientes crônicos, diversas soluções tecnológicas para mobilidade vêm surgindo como resposta.

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por exemplo, o uso de smartphones (celulares inteligentes) por equipes de atenção primária para oferecer serviços a comunidades, leva a atenção continuada à saúde diretamente aonde as pessoas vivem e facilita o acesso ao sistema de saúde, além de possibilitar a manutenção das informações dos cidadãos. a mobilidade complementa a relação médico-paciente, otimizando-a em diversos casos, mas jamais em detrimento da qualidade do atendimento. além disso, possibilita uma maior proximidade do sistema de saúde com os cidadãos. este é um dos casos que evidencia como, com telefones celulares, a saúde móvel encontra uma plataforma viável. no caso do Brasil, o enorme crescimento do número de linhas de celulares vendidas representa uma boa oportunidade, conforme podemos ver ao lado:

evolução anual do número de terminaiS celulareS

300.000.000 250.000.000 200.000.000 150.000.000 100.000.000 50.000.000

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além disso, a evolução dos celulares, enquanto dispositivos inteligentes significa um potencial significativo de desenvolvimento de soluções mais rápidas, seguras e amigáveis o que se traduz em curvas mais aceleradas também na entrega e efetiva utilização de novas aplicações móveis na saúde. por outro lado, é justamente graças à ampla oferta de plataformas de desenvolvimento e comunicação que a padronização se torna um grande desafio, principalmente, se levando em consideração a necessidade de integração dos sistemas de informação “legados”. 1.2. elementOs impulsiOnadOres como falado anteriormente, um dos elementos impulsionadores da mhealth ou mobilidade na saúde é a disponibilidade da tecnologia, condição esta necessária, mas não suficiente. Outro fator é a própria factibilidade de uso, ou seja, a real aplicação da tecnologia, desde a dimensão funcional até a cultural, passando pelo custo da implantação da solução. esta é uma questão também fundamental pois, se a tecnologia envolvida representar um custo superior às soluções atuais ou alternativas, o investimento se torna inviável. em outras palavras, a conhecida relação custo-benefício é linha de corte na adoção de novas tecnologias, além de outros aspectos, como um baixo resultado funcional que diminui o impacto e consequente relevância desta iniciativa. e vale lembrar que, enquanto o setor privado busca mais eficiência, o setor público tem o desafio de melhorar a acessibilidade e a qualidade dos serviços. portanto, o mais importante elemento impulsionador da mobilidade é a necessidade, ou seja, a real possibilidade da aplicação da tecnologia na viabilização ou melhoria nos diversos campos da saúde. tendo em vista esta perspectiva, podemos destacar três grandes áreas da saúde que apresentam grandes benefícios tangíveis e intangíveis na utilização da mhealth no Brasil: • Telemedicina • Monitoramento de pacientes crônicos • Cuidado dos pacientes em ambiente extra-hospitalar ( ou Home Care)

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1.3. ecOssistema O ecossistema da mobilidade da saúde ou mhealth sobrepõe três distintas dimensões; tecnologia, saúde e finanças, conforme a figura 1: englobando estas dimensões, está a influência governamental que, através das leis, políticas, estratégias e regulação afetam e interferem diretamente na adoção e utilização da mobilidade. por se tratar de um assunto relativamente novo, é fundamental uma visão ampla e que ao mesmo tempo contemple os diferentes envolvidos e seus papéis pois qualquer que seja a iniciativa de implantação de soluções de mobilidade, é fundamental que sejam avaliadas todas as dimensões, suas influências e impactos. ao mesmo tempo, este ecossistema evidencia a necessidade da avaliação da mobilidade sempre contextualizada no Brasil, para que as experiências existentes em outros países possam ser corretamente compreendidas e inteligentemente aproveitadas. por exemplo, na dimensão “tecnologia”, podemos destacar que apesar da disponibilidade de tecnologias de transmissão de dados mais rápidas e baratas, o fator confiabilidade é ainda uma grande preocupação pois a estabilidade e qualidade dos serviços varia muito entre os serviços oferecidos no mercado. na dimensão “saúde”, a necessidade de adequar as soluções e treinar as equipes assistenciais são chave para o sucesso da implantação de aplicações mhealth. nesta mesma dimensão, a mobilidade pode oferecer soluções de alto impacto para a cadeia de suprimentos de materiais e medicamentos. Já a dimensão financeira contempla os atores responsáveis pelo funding (financiamento) dos projetos de mobilidade. por esta razão, a viabilidade econômico-financeira mencionada anteriormente e os modelos de financiamento destes investimentos são determinantes no processo de amadurecimento da mhealth no Brasil. portanto, as fontes de investimento podem ser um desafio, já que as tecnologias novas ainda têm preços altos, o que dificulta os estudos de viabilidade em termos de prazo de retorno dos investimentos e outros indicadores, tais como taxa interna de retorno e valor presente líquido. no âmbito governamental, o sistema de saúde no Brasil tem particularidades muito importantes, o que também se torna fator condicionante da mhealth. neste quesito, vale lembrar dos mecanismos de compras

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públicas que podem ser um grande desafio em investimentos em novas tecnologias e, principalmente, frente às exigências de uma boa prestação de serviços de saúde, versus sistemas de compra que privilegiam o preço em detrimento dos requerimentos técnicos.

2. principaiS aplicaçÕeS são inúmeras as áreas da saúde que podem ser beneficiadas pela mobilidade, porém focaremos neste trabalho a telemedicina, o monitoramento de pacientes crônicos e o cuidado dos pacientes em ambiente extra-hospitalar. 2.1. telemedicina telemedicina consiste na prestação de cuidados de saúde à distância por meio da troca de dados, voz e imagem pela infraestrutura de telecomunicações desde consultas e diagnósticos até o tratamento dos pacientes. a telemedicina tem muitas variantes e tem sido chave enquanto resposta à necessidade de prestação de melhor serviço de saúde, principalmente em países em desenvolvimento, que tem uma baixa razão médicos/população, por vezes agravada pelas distâncias e dificuldades de transporte. este quadro é ainda mais delicado quando associamos o envelhecimento da população, que demanda um atendimento de maior qualidade e com menor custo, além de ter maior dificuldade de locomoção. além disso, a telemedicina ainda pode promover a descentralização dos serviços de saúde, permitindo que determinados procedimentos de média complexidade possam ser realizados em unidades básicas de saúde que estão mais próximas da população, além de expandir a atuação dos profissionais de saúde, com custo mais baixo e sem prejuízo do tempo de deslocamento das equipes ou pacientes.

FIGURA 1

Governamental legisladores reguladores sistema Jurídico ministérios

Saúde sistema de saúde profissionais da saúde cadeias de suprimentos pacientes

aplicaçÕeS de mhealth

financiamento da Saúde preStação de ServiçoS mhealth

tecnoloGia desenvolvedores de softwares Operadoras de telefonia móvel Fabricantes de dispositivos móveis

financeira Bancos companhias de seguros investidores privados Filantropos doadores usúarios individuais e titulares

Fonte: Qiang et al. 2012 (adaptado para o português)

podemos citar alguns exemplos de aplicação de telemedicina: • Centrais de diagnóstico, onde especialistas analisam exames provenientes de diversas localidades diferentes e envia os laudos eletronicamente via internet; • Médicos podem avaliar seus pacientes, mesmo estando fora do país, analisando resultados de exames, observando sinais vitais e até em contato com o paciente e a equipe local 2.2. mOnitOramentO de pacientes crônicOs a mobilidade permite que doenças crônicas tais como cardíacas, pulmonares e diabetes possam ser monitoradas na casa do paciente com dispositivos que transmitem e recebem dados via rede celular. informações como pressão, batimentos cardíacos e oxigenação do sangue podem ser medidas em horários específicos e alertar imediatamente a equipe médica em caso de alterações. Outro exemplo é a utilização do serviço de mensagens (sms), que lembra o paciente de tomar o medicamento em determinados horários. além do evidente ganho na qualidade de vida do paciente, esta aplicação diminuir sensivelmente a taxa de internação dos portadores de doenças crônicas. este tipo de aplicação de mobilidade na saúde se viabiliza, inclusive, em termos de custo de transporte, principalmente em área rurais ou de difícil acesso, como a telemedicina, muito comum em países em desenvolvimento. 2.3. cuidadO dOs pacientes em amBiente extra-hOspitalar as soluções de mobilidade, na forma de comunicação, telemedicina e monitoramento, facilitam o tratamento dos pacientes sem a necessidade de que se desloquem até os hospitais ou mesmo tenham que ser tratados em leitos hospitalares. Quando observamos a disponibilidade e custo dos leitos e a dificuldade de escala para atender à crescente demanda da população, soluções como o cuidado domiciliar ou home-care têm evidente benefício e viabilidade econômico-financeira. sistemas inteligentes podem ajudar os pacientes a entender e acompanhar seus tratamentos, além de trazer informações relevantes e forma simples e amigável, aproximando-os do sistema de saúde e favorecendo a prevenção de doenças por meio da conscientização e educação da população. algumas aplicações podem, ainda, instruir as equipes de saúde quanto à prescrição de determinados medicamentos, bem como sua administração e dispensa, além de alertas de reações adversas. alguns casos de sucesso já são registrados na áfrica, por exemplo.

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além disso, em casos de visitas, os médicos podem acessar os dados dos pacientes através de smartphones ou tablets. novamente, o fator de envelhecimento da população se torna um forte impulsionador destas aplicações, pois a crescente demanda pode não encontrar resposta no sistema atual.

3. deSafioS e riScoS 3.1. integraçãO dOs sistemas nenhuma solução tecnológica pode ser avaliada isoladamente. isso significa que as aplicações de mobilidade em saúde devem ser planejadas sempre de maneira integrada com os diversos sistemas de informação em uso ou a serem implantados. por exemplo, o coração de um sistema de informações de saúde é o prontuário eletrônico do paciente (pep) que consiste em todas as informações sejam cadastrais ou administrativas, até dados clínicos que serão essenciais no cuidado deste paciente. e para que esta integração ocorra é condição necessária que esta informação seja padronizada, ou seja, tanto o formato como o conteúdo dos dados a serem compartilhados devem obedecer um modelo comum. neste sentido, este já é um grande desafio, pois o mercado apresenta diversos modelos de pep, o que representa um entrave para o processo de integração e os casos de desenvolvimento de soluções isoladas se mostram caros, pouco efetivos ou até inviáveis a longo prazo. Os protocolos de intercâmbio de informação (Webservices, por exemplo) também devem ser cuidadosamente escolhidos, tendo em vista as aplicações atuais utilizadas e as novas tendências de plataforma tais como cloud computing. 3.2. cultura dOs prOFissiOnais em todos os casos de implantação de novas tecnologias, o maior desafio é o fato humano. a natural resistência à mudança, o conservadorismo de alguns profissionais, a falta de conhecimento e até o medo da tecnologia são obstáculos que podem por a perder até o mais importante projeto. portanto, é fundamental informar, treinar e, principalmente, envolver os profissionais da saúde nos projetos de mobilidade. além do conhecimento prático, estes profissionais conhecem os riscos e são os detentores da relação com o paciente, portanto, seu valor agregado é inegável. um dos caminhos mais eficazes é a criação de equipes multidisciplinares que se responsabilizam pelo projeto, desde sua concepção até sua efetiva implantação, inclusive entre os prestadores de serviço público e privado para que se consolide uma base sólida para a mobilidade. 3.3. inFraestrutura e tecnOlOgia conforme mencionado anteriormente, apesar da oferta de serviços de comunicação de dados e acesso à internet, a qualidade deste serviço pode ser um grande fator de risco em qualquer projeto na saúde. Basta imaginar um monitor que não consiga enviar um alerta à equipe médica remota ou a indisponibilidade do prontuário de um paciente durante uma emergência e já temos uma ideia da dimensão deste risco. portanto, desde a escolha do software, sistemas de informação, equipamentos até o serviço de comunicação, todo o cuidado e rigor técnico é pouco. uma ferramenta muito útil são os sla (service level agreement ou contrato de nível de serviço) que define a qualidade esperada dos serviços em termos de disponibilidade e funcionamento. da mesma maneira que o cuidado com a integração é tomado no nível dos sistemas de informação, este fator é chave na infraestrutura lembrando que a fragmentação do projeto pode levar à duplicação dos investimentos e a grandes problemas de interoperabilidade.

Outro fator de risco que deve ser cuidadosamente gerenciado é a segurança da informação, tanto na transmissão como no gerenciamento e armazenamento do dado, passando pelos sistemas de informação. 3.4. ViaBilidade ecOnômicO-Financeira conforme citado anteriormente, os investimentos em qualquer nova tecnologia implicam na sua viabilidade financeira. este fato se contrapõe diretamente à maturidade das soluções e o ganho de escala em sua adoção, que se desdobram na redução do custo da tecnologia, o que impacta diretamente em algo novo como as soluções de mhealth. por outro lado, existem ganhos que transcendem a dimensão financeira, e a mobilidade traz esta oportunidade ao se configurar como uma solução capaz de salvar ou melhorar a qualidade de vida das pessoas. e a boa notícia é que já existem diversas implantações com sucesso em todo mundo, mais notoriamente em países em desenvolvimento, com ganhos evidentes e mensuráveis. O Brasil não é exceção e, além de projetos já implantados, existem várias soluções desenvolvidas no país em fase bastante avançada. 3.5. legislaçãO É indiscutível a necessidade de uma legislação que oriente a incorporação de soluções de mobilidade com muita rapidez, principalmente no que tange à integração com o sistemas públicos. O grande risco é que fornecedores desenvolvam soluções e sejam feitos investimentos em tecnologias que possam não estar aderentes à futura legislação, o que se traduz em perdas financeiras e operacionais. e, se este cenário se confirmar, o próprio paciente será o maior prejudicado.

4. concluSão novas aplicações vêm surgindo,também no Brasil, incluindo a localização de médicos especialistas por gps, portais de educação para os médicos e profissionais da saúde e software de prescrição eletrônica para apresentação de medicamentos. também no Brasil, já existem soluções em cloud computing que têm como conceito a descentralização da saúde, em que o paciente é um sujeito ativo nos cuidados e gestão de sua própria saúde. dispositivos como monitores de gestação e sistemas de imagem portáteis baseados em ultrassom se conectando a smartphones e enviando os dados para o médico já existem e auxiliam nos caso de gravidez de alto risco. soluções que trazem o prontuário eletrônico do paciente em smartphones e pdas reduzirão erros de diagnóstico, tratamento e prescrição e estes mesmos dispositivos poderão trazer imagens e exames em tempo real. as possibilidades são enormes mas, talvez, um dos benefícios mais particulares da mobilidade seja justamente a possibilidade de que os pacientes se tornem agentes no cuidado preventivo, com o uso dos celulares que podem ser uma plataforma simples e eficiente de conscientização. e, se desenvolvido de maneira correta, ao invés de levar o paciente a se tornar independente do médico sem ter conhecimento para isso, este tipo de solução poderá conscientizar o paciente dos riscos do autodiagnóstico e da automedicação, além de facilitar o acesso ao sistema de saúde. de qualquer perspectiva, a mobilidade tem um enorme benefício para o paciente, para o sistema público em seus vários níveis e para o sistema privado de saúde. com tantas possibilidades, o grande desafio é saber escolher, priorizar, planejar... e implementar!

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caSo de SuceSSo moBilidade à Beira leito hOspital paulistanO inVeste em taBlets para O cOntrOle da administraçãO de medicamentOs. próximO passO É usar O dispOsitiVO para eVOluir Os pacientes thaia duó - thaia.duo@itmidia.com.br há cerca de um ano o hospital paulistano, na capital de são paulo, focado nos padrões da Joint commission international em garantir a administração correta dos medicamentos dentro da instituição, optou por adquirir tablets para gerir o uso e preparação de remédios à beira leito. mesmo com um controle de rastreamento já adotado, a instituição ainda não confiava 100% no sistema, fato que a levou para o caminho da mobilidade. “garantir o medicamento certo, para o paciente certo e na hora certa não é fácil. devemos fazer o máximo para evitar erros, que são bem possíveis de acontecer e a mobilidade propicia uma garantia, pois o medicamento é preparado dentro do quarto, com a prescrição já inserida no tablet”, explica a gerente administrativa-financeira, roneide cursino. de acordo com a executiva, o código de barras, tanto da pulseira do paciente quanto do remédio, também é conferido no próprio dispositivo móvel. e somente após conferência o uso da medicação é liberado. O grande objetivo aqui é garantir maior segurança e qualidade ao paciente, que normalmente tem o medicamento preparado longe de seus olhos, no posto de enfermagem. “a diferença é que tudo é feito na frente do paciente e com a verificação eletrônica do processo”, avalia. antes de decidir pelo uso de tablets, o hospital paulistano testou outras soluções possíveis para evitar erros. Foram avaliadas ferramentas como um desktop em cada leito e notebooks, com experimento na mão de enfermeiros e em carrinhos de corredor. destas, roneide destaca o motivo da escolha: “chegamos ao tablet pela facilidade e praticidade, por ser menor, ocupar menos espaço, ser leve de carregar e, principalmente, pela aprovação dos próprios colaboradores.” o dispositivo É claro que os tablets adquiridos não são comuns se comparados aos de uso pessoal. O aparelho tem resistência considerável. não sofrerá danos com uma simples queda, nem apresentará problemas na parte eletro-eletrônica se a sua tela entrar em contato com líquidos. “tudo foi testado e aprovado. além disso, passamos por um período de adaptação não só do hardware, mas também da infraestrutura do hospital”, diz a executiva, referindo-se à rede Wi-Fi com velocidade necessária para trafegar todos os dados necessários. hoje, o projeto está na etapa final, com previsão de conclusão para novembro deste ano. O último setor a contar com a mobilidade é o pronto-socorro. “por ser em Box (a área do ps) e considerado um espaço bastante cheio, com maior concentração de pessoas, especificamente aqui adotamos o all in One, que acaba fazendo o mesmo trabalho do tablet. a diferença é que fica fixo dentro de cada um dos Boxes”, conta. próximo passo assim que o projeto seja finalizado no paulistano, a ideia é entrar, ainda este ano, com o mesmo conceito no hospital Vitória e, em 2013, no alvorada moema e total care. “Vamos trabalhar para que os médicos, no futuro, utilizem tablets não apenas para administração de medicamentos, mas também para fazer uma prescrição, evolução de um paciente, entre outras atividades que facilitem seu dia a dia.” passado um ano da experiência, a executiva acredita que o uso do dispositivo ainda pode evoluir bastante. “tecnologia sempre vai, no início de tudo, esbarrar em uma coisa normal do ser humano, que é a resistência. toda novidade envolve mudança cultural, por isso a resistência é natural e comum. para superar estes obstáculos, investimos bastante em treinamento e procuramos mostrar os ganhos que os usuários teriam”, diz roneide. hoje, nas auditorias, o paulistano tem adesão de mais de 90%, sem opção de papel.

SoBre o autor autor

Gustavo de martini cursou administração de empresas, com extensão em gestão empresarial pela Bsp e em sistemas de saúde pela FgV, possuindo diversos cursos internacionais de liderança, gestão de projetos, técnicas de vendas consultivas, entre outros. com experiência de 29 anos em ti, foi principal executivo de empresas no Brasil e américa latina e consultor, tendo atuado no setor da saúde desde 2005.

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saúde Business school é uma iniciativa da it mídia. todos os direitos reservados.

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cloud computinG: conhecendo e uSufruindo! por anderSon fiGueiredo Vinte e cincO anOs após assistirmOs a chegada dOs primeirOs cOmputadOres pessOais aO mercadO de traBalhO e acOmpanharmOs a transFOrmaçãO que eles prOVOcaram em nOssOs háBitOs e nOs prOcessOs das empresas; estamOs nOVamente de Frente cOm uma reVOluçãO prOVOcada pelOs aVançOs da ti, que apenas se inicia e já se mOstra muitO mais cOntundente e presente nO dia-a-dia das pessOas e cOrpOrações

1. a terceira plataforma de ti e telecom até o início da década de 80, os grandes computadores (“mainframes”) eram a única referência quando o tema informática entrava em discussão e sua utilização estava praticamente restrita às empresas. como podemos ver na figura 1, nessa época todo o processamento era centralizado e realizado por um único dispositivo que ficava em um único e protegido lugar e que era acessado e utilizado em horários pré-determinados e por profissionais altamente especializados para atender diversos usuários remotos. em resumo, um dispositivo (one device), um único lugar (one place) e um tempo delimitado (one time). entre os anos de 1985 e 1986, os computadores pessoais (pcs) começam a migrar do ambiente doméstico, para o qual haviam sido originalmente criados, para os ambientes corporativos. essa migração atingiu rapidamente todos os segmentos econômicos e auxiliada pela constante e rápida evolução nos produtos e soluções desenvolvidas pela indústria de ti, como as redes locais e a internet, possibilitaram o uso de computadores, de forma distribuída, por um número maior de usuários (múltiplos devices) que podiam ser utilizados em qualquer horário (anytime) e em diversos lugares (“n” places)desde que conectados aos servidores que gerenciavam as redes locais e globais das empresas. essas duas plataformas computacionais, os mainframes e os computadores pessoais, sobreviveram e conviveram por todo esse período (e por muito mais tempo!); no entanto a idc vem apontando há pelo menos três anos que ingressamos em uma nova plataforma que inclui novos produtos e soluções tanto de ti quanto de telecomunicações e que é suportada por quatro grandes pilares: mobilidade, redes sociais, Big data e cloud computing. uma realidade em que os usuários querem ter acesso com qualquer dispositivo, em qualquer lugar e a qualquer hora (any device, anytime, anywhere).

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2. conceituando cloud computinG nesse artigo, vamos nos ater ao tema cloud computing que é um novo modelo de negócio que está presente em todas as discussões dos gestores de ti no Brasil, independente de qual segmento econômico seja a empresa em que eles atuam. ao apresentar os principais conceitos sobre cloud computing, mostrar o estágio atual e as tendências dessa nova oferta de ti e telecom no mercado brasileiro e buscar alinhar essas características às necessidades e estratégias do segmento de saúde, esse documento objetiva normatizar o conhecimento e ampliar a disseminação do modelo cloud computing da forma mais eficiente e eficaz. como já citado anteriormente, apesar de contar com os mais modernos recursos tecnológicos, cloud computing trata-se de um novo modelo de negócio que consolida diversas práticas até então utilizadas na comercialização de produtos, serviços e soluções de ti e se caracteriza pelo atendimento a quatro requisitos principais, conforme apresentado na Figura 2:

a) Elasticidade / Flexibilidade / Compartilhamento: As empresas não têm mais interesse em adquirir produtos em formatos / tamanhos / capacidades não aderentes e inadequados às suas necessidades. O modelo Cloud Computing se propõe a fornecer esses produtos de maneira flexível e elástica, ou seja, oferece ao comprador a possibilidade de efetuar ampliações ou reduções na quantidade, na forma e no momento que desejar, compartilhando os recursos com outras empresas, sem qualquer obrigatoriedade de atendimento a padrões pré-determinados. b) Rápida aquisição e provisionamento de recursos: No cenário atual, os tempos necessários para atendimento de requisições são cada vez menores e o modelo Cloud Computing possibilita a rápida aquisição de novos produtos / recursos, reduzindo o tradicional ciclo de compra e de entrega desses produtos / recursos, uma vez que a disponibilização dos mesmos é quase que imediata após a concretização online da sua aquisição.

c) Cobrança granular e pagamento por serviço: Essa é, certamente, a característica do modelo Cloud que mais tem atraído a atenção dos gestores da TI na avaliação dessa nova oferta. Reduzir a imobilização dos recursos financeiros que ocorre com a compra dos produtos (Capex) e passar a pagar apenas pelos produtos utilizados quando forme realmente utilizados em operação (Opex) é um fator extremamente positivo tanto para os gestores de TI (p.ex. CIO) como para os gestores financeiros das empresas (p.ex. CFO) que podem se planejar para aproveitar essa disponibilização de recursos financeiros e realizar novos investimentos para atender à questões estratégicas da companhia. d) Acessível via Internet: Num mundo em que a mobilidade é uma realidade cada vez mais presente e, em que o acesso às redes sociais se faz dos mais variados dispositivos, torna-se fundamental que o acesso possa ser realizado de qualquer lugar e a qualquer momento, ou seja, os recursos devem estar sempre disponíveis e acessíveis e a Internet se apresenta como a grande facilitadora para o atendimento dessas requisições.

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3. o cenário atual de cloud computinG no BraSil como o conceito cloud ainda não está totalmente consolidado, ainda há dúvidas que inibem as empresas na adoção de soluções em cloud computing e a principal delas diz respeito ao receio de compartilhar ambientes e recursos com outras empresas. esse é um aspecto meramente cultural sem nenhuma justificativa técnica e que será rapidamente superado à medida que aumente o número de empresas aderindo a soluções em cloud. Outras preocupações, também decorrentes do pouco tempo da oferta de cloud no mercado, referem-se a esse novo modelo de cobrança (haverá redução de custos?) e também à possibilidade de ocorrer indisponibilidade dos dados devido a problemas com acesso via internet. rapidez de aquisição e implantação aliado à possibilidade de pagamento por uso são considerados, pelos responsáveis pelas áreas de ti, os aspectos mais positivos das ofertas cloud. Os gestores tem uma grande expectativa que essas características deverão proporcionar uma redução significativa em muitos dos gastos atuais com ti. todos os estudos realizados pela idc Brasil mostram que cloud computing veio para ficar e que as receitas provenientes de soluções cloud apresentam uma tendência de aumento significativos nos próximos cinco anos, atingindo variações anuais superiores a 60% nas receitas de implementações na modalidade iaas (infraestrutura como serviço) e crescimentos próximos a 75% nas receitas originadas em projetos orientados à modalidade saas (software como serviço).

4. como entrar neSSe mundo cloud? além dos aspectos de aculturamento no novo conceito, de pouca compreensão do modelo financeiro e da dúvida pertinente com relação a algo novo; os temas técnicos também representaram, até o momento, grandes inibidores para um avanço mais rápido na adoção de soluções cloud. temas e termos como “cloud pública (ambiente externo e recursos compartilhados)”, “cloud privada (ambiente interno ou externo com recursos exclusivos)” “iaas (infraestrutura como serviço)”, “saas (software como serviço)” e “paas (plataforma como serviço)” ainda estão sendo mais bem compreendidos e assimilados pelos gestores de ti das empresas presentes no território brasileiro. simplificando a equação necessidades x novas soluções, a idc Brasil recomenda às empresas: a) Validar, em todos os níveis, se a oferta apresenta um ROI (Retorno sobre Investimento) adequado, ou seja, se realmente haverá uma redução nos custos com a implantação da nova solução. b) Que além de incorporar novos recursos de hardware através de provedores de Cloud Pública, utilizem-se dessa modalidade para a migração de aplicativos que sejam periféricos aos sistemas essenciais da companhia, como por exemplo, aplicativos de colaboração (p.ex. MS-Office), softwares de segurança (p.ex. antivírus e anti-spam). c) Avaliar quais aplicações podem ser migradas para um ambiente de Cloud Privada, levando em consideração, principalmente, a agilidade e flexibilidade que a provedor apresente quanto à aquisição de novos recursos e também quando do momento de devolução de alguns desses recursos contratados como serviço. d) Buscar no mercado casos de implantação bem-sucedidas, em especial junto a empresas com características semelhantes no que tange ao segmento de atuação, tamanho da empresa e presença no mercado brasileiro e estágio do ambiente e da área de TI.

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5. e o SeGmento Saúde dentro deSSa nova realidade? como todos os demais segmentos econômicos, a área de saúde está se transformando num grande usuário de soluções cloud. se considerarmos as constantes movimentações desse mercado em que é grande o número de aquisições e/ou fusões de hospitais, podemos afirmar que o aumento da capilaridade é significativo e nesse aspecto o conceito de ter os dados acessíveis por todos, a qualquer instante e a partir de qualquer dispositivo / lugar ganha uma importância definitiva. se analisarmos as implicações da verticalização que ocorre no setor com a junção de hospitais, laboratórios e operadoras de saúde devem ser considerados os seguintes aspectos: a etapa de desenvolvimento de processos e procedimentos para possibilitar a integração e coexistência de diversos perfis de profissionais e sistemas de origens e características distintas; a consolidação de sistemas essenciais ou apenas periféricos; a necessidade de recursos adicionais de infraestrutura, num primeiro momento, para efetuar essa consolidação e integração e que, ao final dessas etapas não serão mais necessários (escalabilidade, flexibilidade). considerar que, em muito pouco tempo (agilidade), todas as aplicações devem estar acessíveis por todos, preferencialmente via internet (a mobilidade nos exige isso!) e com a maior qualidade e rapidez possíveis. essas necessidades devem estar também na prioridade dos gestores de ti das empresas de saúde que não passaram ou não estejam passando por um momento de aquisição, fusão ou incorporação. avaliar a migração de alguns recursos para o modelo cloud computing é uma das principais atividades para os gestores, em busca de melhoria operacional, econômica e financeira de suas empresas. Finalmente, há que se considerar o impacto proveniente da atuação do principal elo dessa cadeia de negócios que são os clientes das empresas de saúde, quer sejam hospitais, laboratórios ou operadoras. todo cliente, hoje em dia, possui um dispositivo móvel e, grande parcela dessa população é usuário contumaz da internet tanto em suas empresas como na vida privada, atuando quase que integralmente num mundo digital em que a manutenção de acompanhamento através de documentos em papel, quer sejam receitas, resultados, etc., acaba refletindo de forma negativa na avaliação das empresas prestadoras de serviços de saúde. informações ao alcance de um toque em seu dispositivo e a possibilidade de efetuar online os agendamentos de consultas, exames e procedimentos e a obtenção dos resultados de exames, sem a necessidade de se saber onde essas informações estão sendo armazenadas e processadas é um das principais reivindicações desses usuários. poder interagir com as empresas de saúde no mesmo nível de agilidade, eficiência, confiabilidade e qualidade que já desfrutam com companhias de outros segmentos da economia é primordial na avaliação do cliente atual: móvel, social e usuário assíduo de recursos na nuvem, ainda que não o saiba. em resumo, ir para a nuvem é questão de tempo; quem melhor e mais rápido se integrar a essa nova realidade, certamente estará numa posição de vantagem em relação aos seus concorrentes.

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caSo de SuceSSo a nuvem é SeGura para aplicativoS de Saúde? alguns prOVedOres de serViçOs de saúde cOntinuam hesitandO em enViar dadOs de pacientes e aplicatiVOs clínicOs paraa nuVem. eis cOmO lidar cOm tal apreensãO marianne Kolbasuk mcGee | informationWeek eua Organizações de saúde estão, aos poucos, optando pela nuvem para rodar aplicativos. isto é especialmente verdade entre os pequenos provedores de serviços de saúde, que não possuem equipes de ti ou os recursos necessários para implementar e suportar novos aplicativos locais, além de hardware, redes e outras infraestruturas necessárias de ti. todavia, enquanto alguns provedores de serviços de saúde começam a adotar saas para os negócios – e para aplicativos relacionados a administração – eles ainda se recusam a mover softwares clínicos e dados de pacientes. É o caso da clínica springfield, um grupo com diversas especialidades médicas e 280 médicos atendendo dois milhões de pacientes, em 14 locais na região central do estado americano de illinois. a clínica springfield tem crescido rapidamente, acrescentando entre 30 e 40 médicos por ano, por meio de esforços de recrutamento e fusões. a clínica precisava de uma maneira de trazer esses médicos para o grupo com rapidez e eficiência. por isso, há cerca de um ano, o grupo começou a explorar serviços de aplicativos de gestão do fornecedor de serviços baseados em nuvem, navisite, para rodar e suportar os aplicativos de rh, folha de pagamento e financeiro. a nuvem tem tornado mais fácil e mais barato para a clínica springfield adicionar capacidades aos sistemas quando novos médicos se juntam ao grupo, disse o ciO da clínica springfield, jim hewitt, em uma entrevista para a informationWeek healthcare. Os médicos recém-chegados à clínica “ainda precisam de treinamento e conversão” dos sistemas anteriores, “mas, não precisamos nos preocupar sobre expandir infraestrutura de ti para conseguir isso, hardware ou software”, disse ele. a clínica também usa o software baseado em nuvem, Followmyhealth, como portal de paciente, que permite que eles acessem histórico médico, se comuniquem com médicos de forma segura e agendem consultas. porém, para acessar o portal baseado em nuvem, os pacientes devem fazer cadastro voluntário para utilizar os serviços e consentir que seus dados sejam acessados via web. “isso evita riscos”, disse hewitt sobre algumas das preocupações da springfield. por enquanto, cerca de 14.000 pacientes já utilizam o serviço. mas, como muitas outras instituições de saúde, a clínica springfield não está preparada para enviar os dados de seus 2 milhões de pacientes para a nuvem, movendo emr, disse hewitt. “nosso fornecedor de emr [allscripts] está considerando saas, mas há muita resistência de usuários como nós”, contou ele. Organizações de saúde temem enviar informações pessoais de saúde dos pacientes para a nuvem devido às exigências do hipaa (health insurance portability and accountability act), disse. “eu sou o responsável pelo seu histórico médico, mas, você, paciente, é o proprietário”, explicou. “se eu, como provedor de serviços de saúde, adotar um serviço em saas, terei criado uma relação entre negócio e sócio, e o paciente não sabe quem está com seus dados”, disse hewitt. por outro lado, se o paciente utiliza os serviços do portal, ele é avisado sobre seus dados estarem na web. “se eu vou colocar os dados de 2 milhões de pacientes na nuvem, é necessário que haja um alto nível de confiança”, afirmou. Violações ao hipaa – além de trair a confiança do paciente – podem sair extremamente caras para o provedor de serviços de saúde, conta. “se eu tiver um incidente com os históricos médicos de 2 milhões de pacientes na nuvem, eu tenho de pagar um ano de proteção de crédito, no valor de us$ 40 por cada um desses 2 milhões de pacientes, que podem ter tido a identidade violada, e são us$ 800 milhões só para começar”, sem falar em multas federais e outras multas e custos associados com a solução do problema. com esses riscos em mente, “seremos diligentes com saas” antes de levar prontuário eletrônico do paciente ou outros sistemas clínicos para a nuvem.

SoBre o autor autor

anderson figueiredo é gerente de pesquisa & consultoria da área de enterprise da idc Brasil. lidera a equipe de analistas e consultores na elaboração de trackers de hardware, software e serviços e no desenvolvimento de projetos customizados de consultoria para grandes corporações de ti.

SoBra a empreSa

a idc é provedora global de inteligência de mercado, serviços de consultoria e eventos para as indústrias de tecnologia da informação e telecomunicações. a companhia apoia profissionais de ti, executivos de negócios e investidores na tomada de decisões relativas a compras de tecnologia e estratégias empresariais.

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saúde Business school é uma iniciativa da it mídia. todos os direitos reservados.

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para os

negócios Maria Carolina Buriti | mburiti@itmidia.com.br

Em uma virada histórica, a AACD foca na profissionalização da gEstão E Em govErnança corporativa para obtEr mais rEcursos para sua opEração

S

João Octaviano Neto, da AACD:

Foto: Divulgação

Governança corporativa ajuda a angariar recursos

ábado, 10 de novembro. no palco, vários artistas fazem shows e pedem doações do público em um encontro transmitido pelo SbT durante 24 horas. o grande evento é o Teleton, que há mais de uma década contribui para a receita da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). este ano, a arrecadação superou a cifra de 2011, de r$ 26,8 milhões, atingindo r$ 30,1 milhões, e o montante já corresponde a 10% da receita da entidade. mas voltemos ao palco. Quem está lá, ao lado do Silvio Santos, é regina Helena Scripilliti velloso. A executiva é voluntária na instituição há 12 anos e tem sua história totalmente ligada à AACD: seu pai, Clóvis Scripiliti, comprou o Teleton. e não é só. este ano, ela começou a presidir o conselho administrativo da instituição, em um momento de busca por profissionalização e desenvolvimento das práticas de governança corporativa. “A regina assume num momento inovador, em que se deixa de ter diretoria voluntária e passa-se a ter como órgão gestor um conselho com 105 membros”, explica o Ceo, João octaviano neto, um dos executivos contratados para tocar o dia a dia na entidade. A história de octaviano neto com a AACD também não começou agora. Há 12 anos na instituição, o executivo já passou por diversos cargos de forma

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AACD EM NÚMEROS 30, 1 milhões no Teleton 2012

TECNOLOGIA

2.186 colaboradores Cerca de 1500 voluntários 6 fábricas que produzem 65 mil itens/ ano 14 unidades distribuídas pelo Brasil, 2 em construção e parceria com duas escolas conveniadas

HOSPITAL ABREU SODRÉ 111 leitos, incluindo internação e UTI 10 salas cirúrgicas 877 médicos especialistas credenciados Foto: Divulgação

voluntária e agora está à frente da operação, com um grupo de mais cinco contratados nas áreas de marketing e captação, institucional, operações, administração e finanças e superintendência clínica. o modelo substitui 25 diretores e um presidente que atuavam como voluntários até então. essa é a primeira vez que a instituição tem profissionais contratados em seu corpo diretivo. A guinada rumo às melhores práticas significa profissionalizar a gestão, mas também funciona como vitrine de atração de recursos para uma organização que tem em sua origem a filantropia e o voluntariado. o começo dessa mudança ocorreu há seis anos, com o trabalho de consultoria do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (InDG), que foi financiado pela brava. “o novo modelo de Governança Corporativa foi desenhado com conselho de administração e, dentro dele, o presidente do conselho com seis vice-presidentes, mais os outros vice-presidentes natos, que são da diretoria voluntária”, explica octaviano neto, acrescentando que o modelo foi desenhado durante os mandatos de Horácio Lafer Piva e eduardo Carneiro, ao longo de dois mandatos de três anos.

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Fabricante de suas próprias peças, a AACD tem parceria com a Microsoft para desenvolver software para reabilitação por meio da plataforma Kinect.A parceria permite desenvolver os sistemas com a plataforma do Kinect e depois compartilhar com a Microsoft a patente. A entidade possui uma área de engenharia clínica para a prospecção de novas tecnologias. Uma delas substitui os moldes feitos de gesso por imagens escaneadas do coto do paciente. Assim, a produção é digital, por meio de um sistema computacional chamado de CAD-CAM (desenho assistido por computador), que ajusta e emite as informações para uma máquina, que esculpe o molde em um bloco de espuma e serve de base para a prótese do paciente. “Essa tecnologia é nova, de ponta e melhora a precisão da prótese, diminui o tempo de fabricação e melhora a qualidade para o paciente”, diz. Com o sistema, o paciente não precisará se dirigir à fábrica da AACD, por exemplo, pois as informações serão passadas digitalmente para a linha de produção. Em 2012, também ocorreu a incorporação do Lar Escola São Francisco, que também atuava com portadores de deficiência física. A entidade, que era custeada pelo SUS, será o novo centro de pesquisa da AACD, com prospecção de novas tecnologias na área de técnicas cirúrgicas, materiais de implantes, hospitalidade e centro de reabilitação. O centro já conta com parceria com cinco laboratórios.

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outros 70% são boas práticas se receitas geratornam questão das por cirurgias de sobrevivência. particulares e “o que procuradoações. Todos mos é que, com a são receitas geradas por os pacientes governança corporativa, se tenha cirurgias particulares e doações dos centros de IMÃ DE RECURSOS reabilitação são De caráter voluntário, a instituição a maior autossusde 62 anos hoje é um conglome- tentabilidade possível, ou seja, que custeados com os recursos do rado que reúne seis fábricas, onde se possa gerar recursos e participar sistema público e cerca de um são produzidas as órteses e próte- de leis de incentivo e toda a mecâ- terço das cirurgias tem parte do ses e cerca de 65 mil itens por ano. nica de financiamento do terceiro custo coberto pelo SUS. A pretensão é chegar a 16 unidades setor. Porque sempre precisaremos “e é aí que a AACD complementa e de reabilitação até o final de 2012, de bons doadores - frequentes per- entra o caráter filantrópico. Tanto já com os recursos do Teleton. e é manentes e fidelizados, que aju- no centro de reabilitação, quanto para garantir essa expansão que o dam a nossa associação no ponto na oficina de órteses e próteses e modelo de governança corporativa de vista do equilíbrio orçamentá- no hospital, em grande medida, há necessidade de complementar vem sendo tão trabalhado. Afinal, rio”, diz o Ceo. se a transparência na prestação de o Hospital Abreu Sodré, localiza- essa receita. em alguns casos o SUS contas é importante para qualquer do na capital paulista e mantido cobre 100% das receitas, mas nem ANUNCIO FORN HOSP CARESTREAM VUE 26,6x15,2cm.pdf 1 14/11/12 AACD, é14:13 um desses exem- sempre”, explica o executivo. entidade, quando se trata de uma pela organização que depende de doa- plos. entre 30% e 35% dos recur- e é justamente no recebimento ções e, portanto, credibilidade, as sos são provenientes do SUS.os dos repasses que octaviano neto na estrutura atual há comitês coordenados por conselheiros que se relacionam diretamente com a presidente: planejamento e finanças, jurídico, nomeação, médico e auditoria.

enfatiza a importância da transparência e qualidade na prestação de contas, um dos requisitos da governança implantada. “otimizamos os atendimentos do sistema público para recebermos o máximo possível do enquadramento SUS, porque às vezes erramos no enquadramento e recebemos menos”, explica, e aconselha: “as entidades precisam se adequar ao regramento do SUS de forma muito mais coerente e convergente com as tabelas e o modelo. Isso faz com que se diminua muito o processo de perda no repasse SUS.” neto traz a experiência de quem trabalhou no governo como secretário municipal de Serviços e obras. Segundo ele, o conhecimento ajuda a entender os mecanismos e as estruturas internas do governo e os trâmites burocráticos.

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cylene souza | csouza@itmidia.com.br

antecipando-se à

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Há mais de 40 anos, a Fundação Cesp atua na oferta de benefício saúde e Previdência aos funcionários ativos e inativos das comPanHias de energia do estado de são Paulo e constitui-se, Hoje, no maior fundo de Pensão brasileiro, com r$ 20 bilHões

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riada em 1966, após a fusão de 11 empresas, a Companhia energética do estado de São Paulo (CeSP) logo percebeu a necessidade de oferecer benefícios adicionais a seus funcionários. A então maior geradora de energia elétrica do País criou, em 1969, a Fundação de Assistência aos empregados da Cesp (Faec), que não só contava com assistência médico-hospitalar e odontológica, como também disponibilizava empréstimos pessoais em condições mais vantajosas do que as praticadas no mercado. este foi o primeiro passo para a consolidação do hoje maior fundo de pensão brasileiro, a Fundação Cesp (Funcesp), com r$ 20 bilhões em caixa e cinco ofertas de plano de saúde, no modelo de autogestão, que juntas somam 85 mil vidas. A partir da privatização, em 1996, que passou a Cesp ao controle de diversas empresas, a organização trabalhou para evitar a contaminação da carteira de previdência pela de saúde. “Houve uma grande preocupação pós-privatização para evitar isso, o que é característico dos fundos de pensão”, relembra o presidente da Funcesp, martin Goglowsky. os planos previdenciários vigentes foram saldados e substituídos por novos modelos que mesclam benefício e contribuição definida e, em 2006, os patrimônios previdenciários foram alocados individualmente, para que se distinguisse a aplicação dos recursos de cada plano. As operações de saúde também foram isoladas, pra evitar riscos de contaminação entre as despesas de saúde e o patrimônio dos planos de previdência.

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Posteriormente, foi a vez de organizar o plano de saúde, separando os participantes ativos dos participantes assistidos. o AmH/Digna funciona no modelo de autogestão, com pós-pagamento, e tem como público-alvo os funcionários ativos, coligados ou autopatrocinados das empresas patrocinadoras. o Plano especial de Saúde (PeS), o extensive e o nosso Plano foram destinados aos participantes assistidos, que incluem aposentados e pensionistas, e funcionam no modelo coletivo empresarial, com pré-pagamento. “o plano para os inativos é autossustentável e reajustado de acordo com cálculos autuariais. Como não temos comissionamento e lucro, como as operadoras de mercado, os reajustes servem apenas para cobrir os gastos e fazer as reservas exigidas pela Agência nacional de Saúde Suplementar (AnS). Com isso, conseguimos trabalhar com mensalidades aceitáveis e, no ano passado, nosso aumento foi menor do que o autorizado pela agência reguladora”, conta o gerente executivo de Saúde da Fundação Cesp, Amir Salemi. os planos foram reajustados em 7,38% e o limite da AnS foi de 7,93%. o desafio, agora, é migrar todos os inativos para o nosso Plano, lançado em agosto de 2011 para atender às novas necessidades do mercado de saúde. “esta oferta estabelece valores de pagamentos diferentes por faixa etária, não por renda. os planos anteriores contavam com este subsídio cruzado, em que quem ganhava mais, pagava mais pelo mesmo procedimento, o que pode gerar distorção”, comenta Goglowsky.

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QuEm É mARTIn GoGLowSky Presidente da Fundação Cesp, está na companhia há 13 anos e também consta em seu currículo um longo período de experiência em instituições financeiras: 17 anos no Citibank. “Percebi rápido que a Funcesp não era um banco. Aqui, a preocupação é mais com pagar do que com receber”, brinca. Do setor bancário, o executivo mantém até hoje a atenção aos processos, antecipação de demandas e problemas e a estruturação e organização para a definição e execução de estratégias e ações.

participação

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o envolvimento das patroCinadoras Após a privatização, em 1996, a Companhia Energética do Estado de São Paulo (Cesp) foi dividida em 13 partes e nove empresas: AES Eletropaulo, AES Eletropaulo Telecom, AES Tietê, Bandeirante, Cesp, CPFL Paulista, CPFL Brasil, CPFL Piratininga, CPFL Geração, CTEEP, Duke Energy International, Elektro e Emae. Estas nove empresas têm assento no conselho deliberativo, junto com outros nove representantes dos participantes. Todas as grandes mudanças, como alteração do regulamento do plano de saúde ou reajus-

tes passam por aprovação. “É um sistema democrático, em que todos são envolvidos na decisão”, conta Goglowsky. Para o executivo, o envolvimento de empresas e funcionários na Funcesp estabelece um canal formal para troca de informação, o que os torna mais engajados e responsáveis na utilização dos recursos disponíveis. A instituição também estruturou uma área de relacionamento com as patrocinadoras, para torná-las mais cientes sobre prevenção de doenças, gestão da carteira e a importân-

cia de o RH orientar o participante sobre a melhor utilização do plano de saúde. “Este relacionamento requer conquista, a equipe desta área tem meta de visitar as empresas e ser proativa no que diz respeito às soluções, não pode só atender os problemas passivamente. Entendemos que as empresas que adotam o modelo de autogestão para o plano de saúde querem ofertar algo mais a seus empregados, não só oferecer o benefício como um produto de prateleira”, conclui Goglowsky.

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números 120 mil participantes nos planos de previdência e saúde r$ 20 bilhões em caixa 37.272 beneficiários no PES, com idade média de 55 anos 35.003 beneficiários no AMH/Digna, com idade média de 31 anos 11.931 beneficiários no Nosso Plano, com idade média de 44 anos 12 pessoas com mais de 100 anos entre os beneficiários. O mais velho tem 114 anos 9 patrocinadoras

benefício

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visão Global de saúde

QuEm É AmIR SALEmI o gerente executivo de saúde é um médico, especializado em clínica médica, que logo no início da carreira deixou os consultórios para dedicar-se aos problemas administrativos do setor. “Descobri que identificar problemas, criar processos e estruturar soluções era muito mais difícil que tratar pacientes e quis dar minha contribuição neste sentido”, comenta. Com passagens por diversas áreas da Intermédica, marítima Seguros, SulAmérica e Hospital São Luiz, o médico administrador vivenciou os problemas dos dois lados do balcão e, há quase dois anos, colocou esta experiência a serviço da Funcesp. “estas experiências me enriqueceram muito e hoje é gratificante colocar o conhecimento adquirido a serviço de um plano de saúde que não se preocupa só com custo e que não tem compromisso com o lucro”.

o presidente da Funcesp coloca como meta dar mais sustentabilidade financeira e manter serviços de qualidade aos beneficiários de saúde. “A migração anda nesta direção. nosso grande desafio é conviver com o envelhecimento da população, o que acarreta em mais aposentados e um número

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menor de profissionais contratados. É preciso fortalecer a gestão, buscar mais eficiência e detectar os problemas com antecedência. mais que continuidade, queremos segurança para nossos participantes, para que tenham um plano longevo, que os acompanhe até falecerem”, conclui.

Sem fins lucrativos, a Funcesp reinveste todos os recursos disponíveis após pagamento dos serviços utilizados e geração de garantias exigidas pela Anvisa em novos benefícios para seus usuários. “nosso auxílio medicamento, por exemplo, é muito antigo e quase todos os participantes têm acesso. oferecemos de 10% a 50% de subsídio para os remédios de uso contínuo e temos nisso mais um filtro de informações para estruturarmos nosso programa de gerenciamento de doenças”, explica Salemi. Com base em informações geradas com os benefícios adicionais e com a própria utilização dos serviços, a autogestão estruturou, em abril deste ano, o Programa mais Saúde, que conta com um programa de gerenciamento de casos e doenças e orientação às patrocinadoras e participantes em eventos na capital paulista e no interior de São Paulo. “no caso do gerenciamento, dividimos os participantes em risco primário, em que os monitoramos para que não desenvolvam as doenças crônicas, risco secundário, que são os doentes crônicos sem complicações, e risco terciário, em que evitamos a descompensação da doença”, explica o gerente. os pacientes classificados nesta terceira faixa recebem acompanhamento domiciliar temporário, em que profissionais especializados em gerenciamento de doenças preparam cuidadores para que o paciente possa ser tratado em casa depois da alta hospitalar e monitoram seu progresso. outros benefícios oferecidos pela fundação incluem reembolso parcial para aquisições de órteses e próteses que não requeiram intervenção cirúrgica, como óculos, e assistência aos portadores de incapacidade, com reembolso parcial de despesas com reabilitação e escola especial, por exemplo. “Estas ações cabem no nosso orçamento e se refletem em um alto índice de satisfação dos beneficiários”, conclui.

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FH | indúStria

InstItuIções hospItalares e a próprIa IndústrIa buscam alternatIvas para garantIr a preservação do meio ambiente e reduzIr custos

rumo ao

verde Patrícia Santana | editorialsaude@itmidia.com.br

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o

setor de saúde é responsável por mais de 8% do Produto Interno bruto (PIb) brasileiro. A contribuição do sistema de saúde e de todos os seus atores para a economia é incontestável. De 2003 a 2008, ou seja, em cinco anos, a preocupação com a saúde vem pesando mais no orçamento das famílias brasileiras. Dados do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IbGE) apontam que a parcela dos gastos mensais, no total do orçamento mensal familiar, destinada à assistência à saúde subiu de 5,7% para 5,9%. Sendo a saúde um fator de impacto na economia, há de se ponderar também a sua representação sob o viés ambien-

tal e social. Práticas sustentáveis que já estão evoluídas em outras indústrias ainda estão em discussão no ramo hospitalar. Iniciativas como a organização Não Governamental (oNG) Hospitais Saudáveis, que buscam mobilizar o setor para a proteção do meio ambiente e para a questão social, discutem formas de fazer com que entidades de saúde sejam mais ativas nestas questões. Entretanto, a evidente realidade é que os hospitais buscam cumprir as legislações ambientais e ainda julgam ações filantrópicas como soluções sustentáveis. Por isso, a FH buscou no mercado e nas próprias indústrias algumas soluções sustentáveis, que extrapolam apenas o discurso do ecologicamente correto e fazem, de fato, a diferença na gestão hospitalar, reduzindo não só o impacto ambiental e social, mas também interferindo nos custos das instituições. tanto na área de geração e manutenção de energia, quanto na alimentação encontramos empresas e hospitais apostando em propostas sustentáveis. Para o sócio diretor da Lanakaná Princípios Sustentáveis, rodrigo Henriques, o principal equívoco das instituições hospitalares reside em tratar a su stentabilidade de forma sepa rada das outras iniciativas de gestão.

“Já estive em organizações onde tratavam os temas de qualidade de forma totalmente isolada das ações de sustentabilidade, ocorrendo inclusive resistência das pessoas envolvidas em incorporar os princípios de sustentabilidade por acharem que se tratava de um assunto ‘paralelo’ e não central na gestão”, conta o consultor. Henriques propõe que a sustentabilidade seja imersa em todo o modelo de gestão da organização, se relacionando com sua estratégia e visão de longo prazo. Para as soluções sustentáveis e a própria sustentabilidade ganharem importância na gestão hospitalar, o consultor avalia que é preciso envolver outros atores, além da indústria e dos complexos hospitalares. “Depende de regulamentações e fiscalizações”, defende. Mais do que a preocupação ambiental, os gestores hospitalares têm em sua lista de prioridades um item importante: o resultado financeiro. Assim, se faz necessário mensurar os ganhos de economia pelo racionamento de recursos naturais. Além dos resultados tangíveis, existem os ganhos intangíveis, como a marca, reputação, gestão do risco, qualidade da gestão, humanização, saúde do colaborador e inovação. “A premissa que acompanha o tema sustentabilidade é trocar a visão de curto prazo pela de longo prazo”, pontua. EnErgia vErdE Quando se trata de energia e preservação ambiental, a primeira alternativa comercial para as instituições hospitalares é o uso do gás natural. Mas, ainda assim, há emissão de gases que impactam nas mudanças climáticas. Na Comgás, há um serviço chamado cogeração, em que, da geração de energia elétrica e outras utilities a partir de um motor gerador a gás ou turbina, a energia térmica para gerar outras ener-

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a sodexo tem um caderno de receitas sustentáveis, com medidas adequadas ao ambiente caseiro, que é distribuído aos clientes e colaboradores, sempre que necessário, devido ao grande interesse das pessoas. “os pacientes e colaboradores passaram a enxergar valor nas receitas e querem replicar isso em casa. a sustentabilidade também é um trabalho de conscientização”

gias é recuperada, o que em um projeto convencional seria descartado. “Fazendo uma recuperação a vapor, conseguimos gerar uma ou mais energias com uma fonte”, resume o gerente de Cogeração & Climatização da Comgás, Pedro Luiz da Silva Jr. A ideia da cogeração é recuperar o calor que seria jogado na atmosfera e transformá-lo em energia novamente. “Isso é sustentabilidade e racionalização do uso do recurso, o que contribui para aquisição de selos verdes. Você está deixando de emitir gases pela eficiência energética”, argumenta o executivo da Comgás. Essa solução, que já é homologada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é chamada de geração distribuída por meio de cogeração qualificada. De acordo com Júnior, é possível atingir uma redução de emissão de gases estufas de 15% a 20%, se comparada à geração de termoelétrica a gás. Além da contribuição para a preservação do meio ambiente, a cogeração tem atributos que podem agregar valor aos hospitais, como: Segurança da energia: A cogeração faz com que o hospital se torne um auto-produtor de energia segura e de qualidade. Custo operacional: Dependendo do perfil e do balanço energético, os hospitais têm demanda de vapor e água quente, principalmente aqueles que possuem lavanderia própria. “Essa energia pode ser gerada a partir de uma caldeira no modo tradicional. Mas é possível substituir essa queima direta pela eficiência energética da cogeração, o que traz menor impacto ambiental”, reforça. Tarifa diferenciada: A Agência reguladora de Serviços do Estado de São Paulo oferece uma tarifa que chega a ser até 50% menor do que a convencional (queima direta) para instituições que fazem cogeração. De uma forma geral, Silva avalia que a cogeração é uma forma de diversificar a matriz energética dos hospitais. Apesar dos benefícios, o gerente da Comgás avalia que ainda existe uma resistência em usar a solução por parte dos hospitais, por falta de cultura. “Em geral, os hospitais fazem a gestão interna de serviços que podem ser terceirizados e, para operar uma usina, é preciso ter conhecimento técnico. Como a grande parte das instituições não sabe operar uma usina e não há capacitação, falta confiança para entregar a um terceiro”, posiciona-se. A Comgás está hoje em negociação avançada com uma instituição hospitalar de São Paulo para a implantação da cogeração.

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maiS do QuE a PrEoCuPaÇÃo amBiEntaL, oS GEStorES HoSPitaLarES tÊm Em Sua LiSta dE PrioridadES um itEm imPortantE: o rESuLtado FinanCEiro. aSSim, SE FaZ nECESSÁrio mEnSurar oS GanHoS dE EConomia PELo raCionamEnto dE rECurSoS naturaiS No que se referente especificamente à energia, a Dalkia opera e gerencia toda cadeia, desde a aquisição, produção e transformação ao consumo energético. Na Dalkia, o mercado de saúde brasileiro representava de 5% a 10% do faturamento em 2007. Hoje, o segmento é responsável por 35%. Segundo o desenvolvedor de negócios da área de hospitais da Dalkia brasil, Maurício Almendro, o mercado de saúde está começando a procurar alternativas energéticas aliadas à redução de custo. “o principal motivador para buscar uma opção energética é a redução de consumo e custos. Por isso, soluções que envolvem altos investimentos são declinadas na maioria dos casos”, avalia. Na opinião de Almendro, existem soluções energéticas, como o uso da biomassa, mas o mercado hospitalar ainda tem que passar pela fase inicial da gestão de utilities, revisão contratual e soluções corriqueiras de geração de energia de ponta, com o aproveitamento do ar condensado na geração do vapor, varejadores de água, tratamento de efluentes, revisão da iluminação, rotinas de equipamentos, caldeiras, aquecedores, etc. “Estas soluções já são usuais na indústria, mas ainda não são corriqueiras nos hospitais”, sinaliza.

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a agricultura é responsável por 70% do total do consumo de água potável e água subterrânea em nível mundial. Estima-se que uma redução de 50% do desperdício de alimentos em nível mundial permitiria economizar cerca de 1.350 km³ de água a cada ano. Fonte: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO)

o Hospital do Subúrbio, localizado em Salvador (bA), buscou uma alternativa construindo placas de aquecimento solar, o que garantiu a eficiência energética, aproveitando o próprio clima do Estado. “Na bahia, o número de dias de sol por ano é maior do que em São Paulo e o hospital é horizontal, o que favoreceu o sucesso do projeto. Esse tipo de solução ainda é pouco explorado em hospitais do nordeste brasileiro, por exemplo, mesmo que existam linhas de crédito específicas para este tipo de projeto”, exemplifica o executivo da Dalkia. Comida sustEntávEl Hospital Metropolitano, de São Paulo, tem um projeto de promover a sustentabilidade por meio da alimentação. Para isso, possui receitas sustentáveis (com aproveitamento total dos alimentos), faz a reciclagem do óleo produzido na cozinha da entidade, promove a segregação de resíduos orgânicos e inorgânicos, faz uso de equipamentos de menor consumo / plano de manutenção, utiliza temperos naturais nas preparações das refeições do hospital e usa produtos de limpeza biodegradáveis. todas estas ações garantiram para a entidade o selo Green Kitchen, em abril deste ano. “reduzimos em 20% a quantidade de óleos, sal e açúcar nos sachês oferecidos para que as pessoas temperem sua própria refeição. Isso também é uma forma de induzir as pessoas ao comportamento sustentável”, conta a diretora de sustentabilidade da Sodexo Puras, Ana Cristina Coleti. Esta iniciativa implantada no Hospital Metropolitano faz parte de um programa mundial de sustentabilidade da Sodexo Puras. Dentro de um conceito que atua com soluções sustentáveis para nutrição, saúde e bem estar, preservação do meio ambiente e desenvolvimento das comunidades, a empresa elabora ações adequadas à realidade brasileira. Com o viés da nutrição, saúde e bem estar, existe o projeto de aproveitamento total do alimento, em que a Sodexo desenvolveu um cardápio com receitas sustentáveis, que aproveitam todos os itens dos alimentos, inclusive talos e cascas, que usualmente são descartados. Nas receitas e no preparo, há uma redução do uso de óleo e outros itens químicos que impactam no meio ambiente. “Além de trazer mais qualidade de vida aos pacientes e colaboradores, reduzimos o impacto com o meio ambiente e conseguimos diminuir de 15% a 20% a produção de lixo orgânico dos hospitais”, conta a diretora. Hoje, todos os clientes hospitalares da Sodexo fazem parte do programa de aproveitamento total do alimento. o projeto surgiu em setembro de 2011, quando a empresa buscava ampliar o receituário com sustentabilidade. Na ocasião, a entidade treinou 945 pessoas e investiu 3.780 horas de treinamento para o projeto receitas sustentáveis. “Não mudamos a forma de trabalho, apenas precisamos ensinar a tratar, armazenar e usar insumos que antes iam para o lixo”, reforça Ana.

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FH | tecnologia

michelle mcnickle, da InformationWeek

Estudo da PwC afirma quE mElhor comunicação EntrE prEstadorEs dE sErviço E opEradoras dE saúdE rEsultará no mElhor cuidado do paciEntE

combate aos silos S

e prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde quiserem melhorar os cuidados assistenciais, precisarão juntar forças para aumentar a quantidade de dados dos pacientes disponíveis para os clínicos, afirma o relatório da PwC. A incorporação dessa grande quantidade de dados dentro das organizações será crítica, conforme o cenário evolui para uma abordagem com base nos resultados. Segundo o relatório, os dados podem servir como “uma poderosa arma” na briga para res-

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tringir os custos, mas, hoje, tendem a ficar presos em silos, seja na farmácia, na operadora, no consultório do médico ou no computador do paciente. Como resultado, os benefícios da informática ultrapassaram largamente os do paciente. operadoras e prestadores têm “um tesouro em dados”; a junção desses dados precisa ocorrer para transformar-se em informação valiosa. Alguns já começaram essa transição, juntando fontes díspares. Isso inclui experimentos dentro

da formação de accountable care organizations (ACo – grupo coordenado de prestadores de serviços para atender um determinado grupo de pacientes. neste modelo, o reembolso está vinculado às métricas de qualidade e redução de custos), bem como a mobilização para compartilhamento do plano de saúde. o diretor de vendas da Digitech Systems, Sean morris, confirmou as descobertas do relatório durante uma entrevista a Information Week Healthcare, observando que dois problemas

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saiba mais

utiliza sistema de gestão Para as aPliCações ClíniCas

25% 75%

não, as aplicações clinicas fazem parte do sistema de gestão de mesmo fabricante Sim

ComPartilha informações ClíniCas dos PaCientes Com outras instituições:

5% 14% 38%

19% 24% não compartilha ainda, mas é importante é necessário não e não há necessidade para compartilhar informações clínicas Sim, algumas informações já são compartilhadas com outras instituições de saúde não compartilha ainda, mas há um planejamento e real necessidade para compartilhar informações clínicas entretanto não há planos para isso

os equiPamentos de sadt estão integrados Com o sistema de gestão hosPitalar:

26% 41%

33% Fonte: Antes da TI, a Estratégia em Saúde (2012), realizado pela IT Mídia

não Sim Parcialmente

surgem quando se fala em formar um sólida parceria entre operadoras e médicos: a tecnologia e a falta de confiança existente entre os dois grupos. Ambos têm o histórico de não confiar um no outro, devido aos incentivos financeiros pelos quais competem e ao atual sistema de serviços por taxa. “Uma grande quantidade de informação única dos pacientes reside separadamente em bases de dados de operadoras e consultórios médicos. Quando essa informação é combinada, há uma visão muito mais completa da condição do paciente, levando o médico diretamente à melhoria do cuidado e, consequentemente, melhores resultados. Umas das dificuldades das duas partes é juntar essas tecnologias para implantar sistemas que compartilhem informações”. enquanto a indústria se afasta do atendimento individual (que utiliza dados de pedidos médicos para fornecer serviços) para o atendimento personalizado, que visa a integração da informação clínica, social, genética e ambiental da pessoa para melhorar sua saúde como um todo, ainda está para ser construída a tecnologia requerida para apoiar este nível de conhecimento avançado. mas a indústria está chegando lá e o primeiro passo é usar a tecnologia de informação em saúde para casar as informações em posse das operadoras, com a “profunda informação clínica coletada pelos prestadores de serviços”, de acordo com o relatório. Isso permitirá que as operadoras construam um “registro de paciente longitudinal e completo”, resultando em uma visualização abrangente do histórico do paciente. Para fornecedores, isso resulta em um aumento da eficiência nos consultório, redução de erros médicos e melhoria das iniciativas com foco na qualidade, como o Uso Significativo (meaningful Use). o compartilhamento de dados tem o potencial de coordenar o cuidado e alinhar o reembolso com a melhoria dos resultados para os pacientes. “A partir daí, é um passo muito mais curto para o objetivo final de redução de custos e melhoria de qualidade”. Parcerias entre as operadoras que tenham capacidade tecnológica e prestadores de serviços que tenham a expertise clínica “criam a perfeita combinação de habilidades. este time recém-formado pode, juntamente, estabelecer metodologias para medir efetividade e reportar os resultados alcançados com os pacientes, tudo concebido para dar mais autonomia tanto para o médico quanto para o prestador.” Fundir as informações armazenadas nos servidores das operadoras e dos prestadores oferece um enorme potencial para efetivamente atingir a saúde da população, o estudo conclui. “Indo além e incorporando informações da farmácia, local de trabalho, características da comunidade e as próprias observações do paciente, será possível fazer a promessa da informática se tornar realidade. não faltam oportunidades para inovar e ser o o próximo gerador de manchetes da indústria de amanhã.” Tradução: Alba Milena, especial para a revista FH

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Foto: Cristiano Sant’Anna

FH | na bagagem

Foto: Arquivo pessoal

A gerente de marketing do Hospital Moinhos de Vento, Daniela Pontes, participou da 5ª edição do World Medical Tourism & Global Health Care, em Miami.

gastronoMia

Foto: Arquivo Pessoal

No restaurante STK. Da esq. p/ a dir. Salvador Gullo (hospital São Lucas PUC-RS) Danielle Guersoni Marcia Fernanda (Mãe de Deus) Camila Soares (Mãe de Deus) Aline Ritter (Santa Casa - RS) Daniela Pontes (Moinhos de Vento)

Foto: Internet

1 Washington Ave miami beach, FL 33139 (305) 673-2800 www.smithandwollensky.com

Daniela Pontes, gerente de marketing do Hospital Moinhos de Vento

Foto: Internet

Foto: Arquivo pessoal

Para estreitar o relacionamento com os participantes do evento, sugiro restaurantes como o Smith & Wollensky, dentro da Costa, e STK, super badalado e bem frequentado.

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Foto: Thinkstock

o Encontro...

a ciDaDE.. Quem não conhece miami, e quer aproveitar a cidade fora do circuito do evento, não pode deixar de visitar as famosas praias e os outlets

Faço parte do grupo do Porto Alegre Health Care Cluster e participei do World medical Tourism & Global Health Care Congress, que aconteceu durante os dias 24 e 26 de outubro, em miami (eUA). o encontro ocorre todos anos nos estados Unidos, cada edição é em um local diferente. o intuito é aproximar as entidades das companhias de seguro. Sempre há novidades em termos de hospitalidade, mas o principal é fazer relacionamento com as companhias.

Evento: World Medical Tourism & Global

Health Care Congress Data: 24 a 26 de Outubro Local: Miami Foto: Internet

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Foto: Thinkstock

Foto: Internet

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BOA LEITURA

O LIVRO “TRIBUTOS E MEDICAMENTOS”, LANÇADO PELA INTERFARMA E ORGANIZADO PELOS PROFESSORES E PESQUISADORES EM ECONOMIA (PUC/SP) MARIA CRISTINA AMORIM E EDUARDO PERILLO, E PELO PRESIDENTE EXECUTIVO DA ASSOCIAÇÃO, ANTÔNIO BRITTO, REÚNE PESQUISAS SOBRE ESTRUTURA TRIBUTÁRIA DO SETOR FARMACÊUTICO NO BRASIL. VEJA AS PRINCIPAIS IDEIAS DA OBRA.

Analice Bonatto | editorialsaude@itmidia.com.br

Foto: Divulgação

FH: O estudo do professor de Políticas de Saúde do Imperial College em Londres Nick Bosanquet mostra a liderança brasileira em impostos sobre medicamentos. Quais os principais dados responsáveis por esta estrutura tributária do setor farmacêutico do país? Eduardo Perillo: A estrutura tributária do Brasil caracteriza-se por graves distorções. Fatores de produção como capital e trabalho são tributados preferencialmente à renda, lucro e patrimônio, dificultando o desenvolvimento econômico e a distribuição da renda. O capitalismo de pedágio é constituído por uma infinidade de instâncias arrecadatórias, municipais, estaduais, federais e sindicais, cada uma absorvendo uma parcela do valor gerado pela produção de bens e serviços. FH: De que forma estes resultados afastam o desenvolvimento do setor e penalizam a população? Perillo: No âmbito da justiça fiscal, os tributos sobre o consumo oneram principalmente os cidadãos de menor renda, todos pagam o mesmo tributo, independentemente do nível de renda. No âmbito da organização, a grande quantidade de tributos e a complexidade da legislação instituem um ‘capitalismo de pedágio’ - a expressão é do economista Ladislau Dowbor -, impondo custos elevados às organizações e contribuintes, alimentando processos parasitários às atividades produtivas. Não é exagero afirmar que no Brasil, o crescimento econômico se dá apesar da estrutura fiscal. A indústria farmacêutica brasileira, naturalmente, está inserida no capitalismo de pedágio, arcando, assim como outros setores, com tributos contraproducentes, custos administrativos desnecessários (se a parafernália fiscal fosse mais

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simples), perda de competitividade e de estímulos ao investimento. Porém, diferentemente de outros setores econômicos, as farmacêuticas ofertam medicamentos, um bem essencial ao cidadão e, que, por isso mesmo, é comprado pelo Estado (o gasto federal com saúde que mais cresceu foi com a compra de medicamentos). A essencialidade do bem, a magnitude do gasto público e as disposições legais sobre o orçamento federal destinado à saúde tornam a situação dos tributos ainda mais dantesca no setor farmacêutico, quando comparado a outros setores. FH: O livro traz bem-sucedidas experiências brasileiras e internacionais visando à redução da carga tributária. O que é possível aprender com estes modelos? Perillo: Ele nos mostra que países com sistemas públicos de saúde, não tributam (Reino Unido e Austrália) ou tributam de forma diferenciada (França) os medicamentos de prescrição. Não é o que acontece no Brasil, que possui o maior sistema de saúde público do mundo, o SUS, e tributa pesadamente os medicamentos, mesmo aqueles que são adquiridos pelo governo para os programas de assistência farmacêutica. É isso mesmo - o governo também paga impostos quando adquire medicamentos. O modelo introduzido pelo Paraná merece ser acompanhado de perto, pode servir de aprendizado para outras áreas da cadeia produtiva da saúde. Tributos e Medicamentos Editora: Interfarma Autor: Organizadores Eduardo Perillo, Maria Cristina Sanches Amorim, Antônio Britto Número de páginas: 170 Preço: Gratuito

ENTRE A VIDA E A MORTE – MEDICINA E RELIGIÃO

TRATADO DE UROLOGIA PEDIÁTRICA

Depois de 20 anos de trabalho como capelão no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o padre Anísio Baldessin reúne neste livro muitas histórias, algumas delas situações-limite, vividas ao longo desses anos no HC.

O livro tem como foco a atualização do tratamento cirúrgico de doenças urológicas pediátricas. Nele, os autores enfocam os aspectos mais importantes da urologia pediátrica buscando levar a uma visão mais abrangente do que seja a atual prática nesta área.

Editora: Loyola

Editora: Sparta

Autor: Pe. Anisio

Autor: Drs. José Carnevale, Edinaldo Gonçalves de Miranda, Antônio Ernesto da Silveira e Moacir Astolfo Tibúrcio, com colaboração de diversos especialistas.

Baldessin Número de páginas: 160 Preço: R$ 23

Número de páginas: 800 Preço: R$ 457

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REVISTA FH

A revista FH é uma publicação mensal dirigida ao setor médico-hospitalar. Sua distribuição é controlada e ocorre em todo o território nacional, além de gratuita e entregue apenas a leitores previamente qualificados. As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicados refletem unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídiaou quaisquer outros envolvidos nessa publicação. As pessoas que não constarem no expediente não têm autorização para falar em nome da IT Mídia ou para retirar qualquer tipo de material se não possuírem em seu poder carta em papel timbrado assinada por qualquer pessoa que conste do expediente. Todos os direitos reservados. É proibida qualquer forma de reutilização, distribuição, reprodução ou publicação parcial ou total deste conteúdo sem prévia autorização da IT Mídia S.A.

VERENA SOUZA Editora do Saúde Web vsouza@itmidia.com.br

FRANCISCO YUKIO PORRINO Editor de Arte e Vídeo fporrino@itmidia.com.br

GAB THAIA DUÓ Repórter de saúde thaia.duo@itmidia.com.br

gmar BRUNO CAVINI Produtor de Arte e Vídeo bcavini@itmidia.com.br

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CONSELHO EDITORIAL REVISTA FH Cláudio Giulliano A. da Costa • Presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde Gonzalo Vecina Neto • Superintendente corporativo do Hospital Sírio-Libanês João Carlos Bross • Superintendente da Bross Consultoria e Arquitetura Osvino Souza • Professor e Pesquisador da Fundação Dom Cabral Paulo Marcos Senra Souza • Diretor da Amil Sérgio Lopez Bento • Diretor técnico da Planisa

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ANDRÉ CAVALLI Gerente Executivo de vendas acavalli@itmidia.com.br

ERIC OUCHI Gerente de Marketing Digital eric.ouchi@itmidia.com.br

GABRIELA VICARI Gerente de Marketing Revistas e Comunicação gvicari@itmidia.com.br

STELA LACHTERMACHER Diretora Executiva Editorial stela@itmidia.com.br

GABY LOAYZA Gerente de Estudos e Análises gloayza@itmidia.com.br

.br MARCELO MALZONI BARRETO Gerente Comercial de Saúde mmalzoni@itmidia.com.br (11) 99637-7665

EMERSON MORAES Gerente de Marketing Fóruns emoraes@itmidia.com.br

GABRIELA MARCONDES Gerente de Negócios gmarcondes@itmidia.com.br (11) 97144-2543 DANIELLA IGLESIAS Executiva de Contas daniella.candia@itmidia.com.br (11) 97144-2542

RODRIGO MORAIS Executivo de Contas rmorais@itmidia.com.br (11) 99655-6413

SUELLEN MARQUES Executiva de Contas suellen.marques@itmidia.com.br (11) 99639-7527

MÁRCIO LIMA Gerente de Relacionamento com Clientes mlima@itmidia.com.br

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Foto: Magdalena Gutierrez

PAPO ABERTO

OBJETIVOS

EM COMUM Em um dos nossos últimos Papos Abertos, que tratou do tema Colaboração na Prática, eu mencionei sites que reúnem colaboradores em torno de um objetivo comum, seja este um projeto cultural ou uma ação social ou mesmo algum tipo de negócio em gestação, nos quais estes colaboradores podem participar via Web como contribuintes, aderindo à causa com ajuda financeira, por exemplo, ou até mesmo se juntando a ela oferecendo algum tipo de suporte. Algumas pessoas me procuraram para entender melhor como estes sites funcionam na prática por terem achado a ideia interessante. Um destes sites é o Catarse. Especializado em projetos culturais, ele atua como um catalisador lançando informações sobre projetos que precisam de financiamento. “Faça acontecer os projetos em que você acredita”, diz a home do site, acrescentando: financie projetos de maneira colaborativa e torne-se parte de algo maior. Promova uma catarse coletiva! Você é a peça que falta nesta história.” Sob o título de Movere.me, o site convida os leitores (internautas) a moverem ideias, pessoas,”mova o mundo”, acrescentando que o Movere coloca em suas mãos o poder de financar e realizar projetos maravilhosos. “Aqui as pessoas se unem, investem dinheiro em projetos legais e fazem acontecer”, e pergunta “E você, o que te move?” Entre os cases de sucesso

está a gravação de um CD em homenagem ao músico Nelson Cavaquinho que dependia de um ivestimento de R$ 34mil e arrecadou pouco mais de R$ 35 mil. Outro destes sites tem o sugestivo nome de Vaquinha e trata da arrecadação que vai desde uma comemoração coletiva, tipo churrasco da turma, até a contribuição para a realização de algum sonho de alguém que necessita de um suporte financeiro, como um empreendedor com uma ideia na cabeça e sem dinheiro no banco. O valor a ser financiado é dividido em cotas e é estabelecido um prazo dentro do qual o projeto deve ser viabilizado para que o dinheiro arrecadado pelo site seja repassado aos autores e a ideia colocada em prática e transformada em realidade. Uma ação de marketing? Pode-se dizer que sim, um marketing web based, ou baseado em iniciativas que tem o ambiente virtual como cenário. E que reforça, também, o conceito de marketing de experiência. Neste caso, o colaborador pode se sentir como uma espécie de coprodutor do projeto à medida em que está investindo em algo em que acredita. É o consumidor fazendo acontecer uma iniciativa com a qual concorda e quer participar de alguma maneira. Mais uma vez o consumidor é peça central para que um projeto se concretize e as ferramentas sociais são a forma para que ele se viabilize.

Stela Lachtermacher Diretora Editorial IT Mídia 82

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