CRISTIANISMO E ISLAMISMO
A R Q U I T E T U R A E C I D A D E
EQUIPE: ANA CLARA MARINHO ANA PAULA LINS MARIA JATANIELE
ABRIL 2021
Arquitetura Paleocristã
O islamismo: o surgimento do islamismo
Sunitas e xiitas: uma luta por sucessão
Fé islâmica no Oriente e no Ocidente
Arte Islâmica
Malhas urbanas islâmicas e portuguesas: Urbanização e expansão islâmica Formação das cidades portuguesas e espanholas
Malhas urbanas islâmicas e portuguesas: Características das cidades islãmicas
Malhas urbanas islâmicas e portuguesas: Estruturas administrativas em Portugal Referências
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S U M Á R I O C R I S T I A N I S M O E I S L A M I S M O
Arquitetura Paleocristã
Podemos compreender a influência religiosa na arte, arquitetura e urbanismo, sob o olhar do cristianismo com o surgimento da arte paleocristã no ano 2 d C, inicialmente com reuniões subterrâneas, devido as perseguições, e sendo legalizada por Constantino em 313 d C Depois disso os cristãos tiveram o direito de construir suas edificações, pois, a religião tornou se oficial no Império Romano e as realizações dos cultos que antes eram em residências privadas, e sugiram as catacumbas, os cemitérios subterrâneos, por consta das proibições antes existentes
Logo as basílicas romanas foram adaptadas para a religião cristã, pois ofereciam grandes espaços para acomodar os adeptos As basílicas cristãs tinham características comuns em todas elas Surgiram as martyria, capelas construídas em memória de santos em locais importantes para a fé cristã. Os mausoléus construídos para guardar os túmulos de pessoas importantes, onde possuía uma planta centralizada E os batistérios, construções para a realização do sacramento do batismo Simples e improvisada a arte paleocristã era aplicada por novos cristãos e não artistas, mas os elementos simbólicos existentes ainda são encontramos os nos dias atuais.
Na Alta Idade média, após a era cristã primitiva, surgiram novos períodos artísticos e arquitetônicos, com as invasões dos bárbaros surgiram diferentes estilos, eles eram habilidosos nos trabalhos em metal e talhas em madeira, e puderam acrescentar sua arte na construção das igrejas
Em 330, Constantino transfere a capital do Império para Constantinopla, pois era mais segura em relação as invasões, e em 337 ele morre, posteriormente em 395 o então Imperador Teodósio divide o Império Romano em Ocidente, com capital em Ravena, e em Oriente com a capital em Constantinopla As obras em Constantinopla são as chamadas bizantinas, conhecidas pelas cúpulas, e suas plantas baixas, uma em forma de basílica, normalmente retangular e centralizada, e outra de formato arredondado Outra característica é a cruz grega que possui os quatro braços do mesmo tamanho e representam o equilíbrio entre o divino e o terreno Como ornamentação nas paredes, encontram se mosaicos luxuosos, representando figuras da Virgem Maria ou Jesus Cristo, com uma auréola em torno da cabeça, indicando sua posição sagrada
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O Islamismo
O S U R G I M E N T O D O I S L A M I S M O
O islamismo é a mais jovem das grandes religiões mundiais e, mesmo assim, já é considerada a segunda maior do mundo, chegando perto do cristianismo. Para o islamismo, Deus é Alá e Maomé é o seu profeta e fundador
Maomé nasceu no ano de 570 d C em Meca, um lugar famoso principalmente nessa época Sabemos que vinham visitantes e peregrinos de toda Arábia para ver uma pedra, um meteorito que havia caído ali; embora não se saiba exatamente a data desse fato, tal pedra acabou chamando a atenção de todos e sendo cultuada Assim, foi construído em volta dela um santuário que hoje chamamos de Caaba e que levou a muitas crenças e rituais, como dar sete voltas em torno desse local tal ritual é, hoje, chamado de Hajj, que significa peregrinação e representa um desapego, um momento para o mulçumano fazer suas reflexões pessoais
Ele era empregado de Khadija, mulher muito rica que, logo depois, tornou se sua esposa Com isso, sua vida mudou completamente, pois o casamento fez com que se ascendesse socialmente e, assim, não precisou mais trabalhar como pastor de ovelhas
Essa nova vida favoreceu Maomé no sentido de que pôde dedicar se mais às meditações que fazia nas grutas e cavernas perto de Meca Então, aos 40 anos de idade, teria recebido a visita do anjo Gabriel, que lhe mostrou um livro e pediu que o lesse Segundo a tradição, Maomé havia se desculpado por não saber ler, mas a insistência do anjo fez com que ele lesse sem dificuldades As revelações de Deus a Maomé, durante um período, ficou restritas a um pequeno grupo de amigos mais próximos e, com isso, seu grupo foi se fortalecendo até chegar ao ponto em que Maomé, após três anos de preparação, iniciou suas pregações publicamente
Maomé, nesse momento, já se portava como um profeta de Deus, o que causou muitas intrigas entre o povo, que queria provas de que ele era realmente um escolhido de Deus, ou seja, um profeta Com tantos opositores, sua vida estava em perigo
As pregações de Maomé contra o politeísmo não agradavam a muitos, que, por exemplo, lucravam com as práticas de árabes que buscavam a cidade para suas adorações As pregações de Maomé não só condenavam o politeísmo, mas também essas práticas de lucro com tais adorações politeístas, das quais muitos se beneficiavam Instaurar uma religião monoteísta seria, portanto, abrir mão das explorações da fé e do dinheiro que isso proporcionava.
Maomé e seus seguidores atacaram e conquistaram as vilas ao redor de Medina, tentando entrar em Meca, mas foram impedidos pelos clãs do local Tal tensão entre os grupos fez com que eles assinassem um contrato de paz entre Meca e Maomé, e foi por esse acordo que os mulçumanos tiveram permissão para peregrinar, no ano seguinte 629 , a Meca Sabemos que nem todos em Meca estavam convertidos ao islamismo, mas Maomé estabeleceu, assim mesmo, a religião monoteísta, expurgando todos os deuses pagãos que eram cultuados por lá Maomé não viveu por muito tempo mais Ele morreu em 632, dois anos após a conquista de Meca, o que fez com que nascesse outro problema: quem seria o seu sucessor? Maomé havia morrido sem deixar nenhum herdeiro homem. Seu sucessor, além de ter que administrar uma religião com o vigor da fé em Alá, teria também que lidar com os embates políticos das lutas por sucessão que levariam o povo mulçumano a muitas secessões
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Sunitas e Xiitas: uma luta por successão
Após a morte do profeta Maomé, aos seus 62 anos, nasce o problema sobre sua sucessão, e, devido a isso, temos até hoje uma divisão do islamismo, que são duas vertentes dessa religião Esse cargo deveria ser ocupado por alguém fiel e piedoso, para que, da mesma maneira, mantivesse em equilíbrio o poder religioso e político. Ou seja, o profeta foi substituído por uma autoridade religiosa, o califa, que “reúne em si duas funções que deveriam manter se separadas em todo o ser humano: a função militar de comandante dos crentes e a função religiosa do Iman dos muçulmanos” (ELIADE; COULIANO, 1993, p 166)
Os sucessores do profeta deveriam continuar a missão através do que chamavam a Sunnah (a tradição viva) e, por isso, eles foram chamados sunitas, porque somente aceitavam o Corão e outros ensinamentos, ditos, mandamentos e citações que depois foram escritos em fascículos chamados de Hadiths (as tradições escritas) (MUBARAK, 2014, p 34)
As sucessões foram vários eventos de separações entre os mulçumanos Já os xiitas queriam estabelecer uma teonomia na Terra e representam “Corrente do Islã que acredita na liderança espiritual hereditária, ou seja, que os líderes mulçumanos devem ser parentes do profeta Muhammad” (COSTA, 2016, p 56) Assim, os xiitas continuaram sua religião enraizada em um tipo de martírio pela causa de Husayn e pela continuação dos laços sanguíneos com o profeta Maomé Além dessa divisão entre os sunitas e xiitas que já é muito complexa por si só, havia outra corrente, conhecida como sufismo, que, no seu início, criticava os líderes que se apegavam demasiadamente ao dinheiro ou ao poder financeiro e ensinava o caminho do ascetismo O sufismo era uma forma de viver a religiosidade com desapego dos luxos para encontrar um caminho místico com Deus Assim, temos tanto os sunitas quanto os xiitas presentes dentro do sunismo
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Fé islâmica no
Oriente e no Ocidente
O islamismo é uma religião fundada pelo profeta Maomé no século VII e que surgiu entre os árabes, mas representa, hoje, uma parcela muito pequena da comunidade mulçumana, apenas 15% É a predominante no “Oriente Médio, na Ásia Menor, na região caucasiana e no norte do subcontinente indiano, na Ásia do Sul e na Indonésia, na África do Norte e Oriental” (ELIADE; COULIANO, 1993, p 163), mas também está espalhada no mundo inteiro Quando falamos sobre os mulçumanos, é comum encontrarmos imagens estereotipadas, com homens barbudos ou ligados de alguma maneira ao terrorismo Temos também o estereótipo de homens muito ricos, com muitas mulheres e donos de petróleo, mas essa imagem, mais comum no Ocidente, faz com que muitos homens mulçumanos bons e honestos sofram com os preconceitos gerados de uma forma errônea. Será que atacamos porque queremos destruir ou simplesmente porque desconhecemos? Uma das maneiras de falar de uma cultura diferente é olhar para ela como olhamos para nós mesmos
A visão ocidental da maneira com que o Islã declara uma “guerra santa” não é exatamente a de uma cruzada ou, como poderíamos dizer, uma reconquista do espaço perdido, mas essa guerra acontece também motivada porque Deus quer, ou seja, Alá não fica em paz enquanto não visualizar a fé islâmica espraiada pelo mundo A religião e a política andam jutas, ideia de civilização que se espalha e permanece com todas as suas leis e seus seguimentos religiosos
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Arte Islâmica
A Arte islâmica é a denominação dada a arte criada nas regiões onde o Islã predomina como religião. Embora muito ligada a religião, a Arte Islâmica está vinculada a todo tipo de arte produzida no mundo islâmico Dessa forma, Arte Islâmica não está ligada apenas a peças criadas por artistas muçulmanos para a religião muçulmana, mas compreende obras produzidas para qualquer religião
Com a constituição do islamismo, religião monoteísta, pelo profeta Maomé no século VII, unificaram se vários povos de regiões diferentes como povos da Península Arábica, Pérsia, Ásia Menor e Norte da África, adotando o árabe como idioma Essa união de povos também deu origem a uma arte que em função do cotidiano nômade do princípio, demorou um pouco para estabelecer uma estética singular. Nessa cultura nômade as tendas e cabanas eram com frequência decoradas com tecidos e tapetes que eram ricamente decorados com desenhos de formas geométricas e abstratos já que o islamismo condena a representação de homens e animais e cores vivas A medida que a nomadismo foi se desfazendo, os tapetes ganharam função decorativa nos palácios e mesquitas Os tapetes ainda têm grande importância na cultura islâmica; os mais valiosos são os tapetes persas.
Na arquitetura a arte islâmica se destacou especialmente na construção de mesquitas que são locais sagrados de oração, além de túmulos e escolas religiosas ou casas de estudos e retiros denominadas madrasas As mesquitas são as peças da arquitetura islâmica mais conhecidas, as primeiras foram construídas entre os séculos VII e VIII, de acordo com o modelo da casa de Maomé em Medina que consistia numa planta quadrangular, com pátio voltado para o sul e duas galerias com teto de palha e colunas de tronco de palmeira
Nos séculos seguintes a arquitetura sagrada foi deixando de ter a austeridade e os materiais e elementos rústicos da casa de Maomé, embora tenha se mantido a preservação de algumas formas geométricas A Cúpula da Roca em Jerusalém e a Grande Mesquita de Damasco são exemplos desse tipo de arquitetura
Outra construção bastante representativa que exemplifica esse tipo de arquitetura é o Taj Mahal, na Índia. O Taj Mahal é um suntuoso mausoléu construído em meados do século XVII e feito em mármore branco e pedras preciosas como jade, ametista, turquesa, lápis lazúli, cristais e outros A construção serviu para abrigar o corpo da princesa Aryumand Banu Begam, esposa do imperador Shah Jahan
Nas artes plásticas a arte islâmica se destacou, sobretudo, na pintura de afrescos e miniaturas que eram, geralmente, usadas na decoração de paredes e palácios ou de edifícios públicos A pintura sofreu forte influência da arte helênica, indiana, bizantina e também, chinesa Infelizmente poucas obras dessas categorias chegaram aos dias atuais em bom estado de conservação. Ainda é possível encontrar elementos pictóricos na decoração de cerâmica, além da arquitetura.
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Para entender a formação de Espanha e Portugal, é necessário entender o processo de expansão e formação islâmico, que foi determinante no processo de urbanização dos dois países ibéricos
Os primórdios dessa civilização foram influenciados por aspectos presentes nas arquiteturas de gregos, romanos, bizantinos, persas, entre outras Especificamente, o processo de urbanização islâmico é intimamente ligado a questões religiosas. A expansão do povo islâmico se deu a partir de meados do século VII, sendo tanto em âmbito territorial quanto religioso Esse domínio foi capaz de chegar a leste e a oeste, de onde surgiu o islamismo, ou seja, da Ásia Central à Península Ibérica Além desses territórios, expandiu se em todo o norte da África.
Mesmo cidades consolidadas, que existiam antes dessa ocupação, tiveram seus territórios fortemente influenciados pelo Islã, adaptando seu traçado a novos costumes
Malhas urbanas islâmicas e portuguesas
Portugal e Espanha estão inseridas dentro da Península Ibérica e já tiveram seus territórios dominados por diferentes povos Cada uma dessas dominações acaba deixando um legado, que influenciou a formação urbana das cidades portuguesas e espanholas
URBANIZAÇÃO E EXPANSÃO ISLÂMICA FORMAÇÃO DAS CIDADES PORTUGUESAS E ESPANHOLLAS
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Malhas urbanas islâmicas e portuguesas
Os muçulmanos conseguiram levar as características marcantes de seu urbanismo, arquitetura, cultura e língua para as cidades e locais em que foram se instalando Dessa forma, a identificação desses sítios pode se tornar bastante clara a partir da análise das características mais presentes nas cidades islâmicas Por outro lado, mesmo cidades que já tinham sido fundadas anteriormente à ocupação islâmica acabaram por incorporar as características mouras, como, por exemplo, a cidade de Lisboa, em Portugal.
O estilo de vida muçulmano é orientado pela vida religiosa, sendo o espaço sagrado uma combinação entre as estruturas tribais do clã familiar com a vida religiosa O sagrado se espalha por todo o tecido urbano, não somente se encontrando em um elemento isolado. A Medina é o centro da cidade, onde se encontra o ensino de religião, a administração, os mercados (souk) e os banhos/ termas Esse núcleo central, normalmente amuralhado, era circundado pelos arrabaldes Os arrabaldes, palavra originada pela expressão árabe arrabad, eram uma espécie de subúrbio, zonas residenciais situadas fora das muralhas, isto é, dos limites de uma cidade Em paralelo, a vida privada era caracterizada por ser secreta As casas são voltadas para seu interior, que continha um pátio interno “O islã acentua o caráter reservado e secreto da vida familiar Várias características dessa formação das cidades e espaços são diretamente ligadas ao clima das cidades na Península Arábica, que foram reproduzidas nas demais cidades de domínio islão Os espaços públicos são estreitos, com proteção contra o vento e o sol forte. Muitos dos pátios internos tinham fontes, para umidificar o ambiente As construções são caiadas de branco para refletir o sol
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C A R A C T E R Í S T I C A S D A S C I D A D E S I S L Â M I C A S
Malhas urbanas islâmicas e portuguesas
A estrutura urbana e fundiária de propriedade privada portuguesa se consolidou com o domínio islâmico em Portugal As noções de propriedade são bastante específicas, em terras lusitanas, influenciadas pelos costumes dos muçulmanos, em que cada grupo étnico religioso possui seu bairro distinto A estrutura de uma paróquia era considerada como uma divisão dentro do espaço da igreja, em que o pedaço que ia do arco até o altar e a capela mor tinha como responsável o pároco. Já o espaço que correspondia à nave da igreja era o setor que pertencia à comunidade e no qual se reuniam os “fregueses” Os altares laterais eram mantidos pelas confrarias ou irmandades (consideradas minúsculas freguesias) O nascimento de um herdeiro de uma freguesia dava o direito a pertencer a essa estrutura. A segunda forma de fazer parte do grupo era por imigração e naturalização
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E S T R U T U R A S A D M I N I S T R A T I V A S E M P O R T U G A L
R E F E R Ê N C I A S
ALEGRETTI, Carla. Teoria e história da arquitetura e urbanismo I. Sagah: Soluções educacionais integradas
HUYER, André. Teoria e história da arquitetura e urbanismo I. Sagah: Soluções educacionais integradas
OTTE, Marina. Planejamento Urbano E Regional: Dimensionamento. Sagah: Soluções educacionais integradas
LACERDA, Tiago Eurico de. História Das Religiões. Sagah: Soluções educacionais integradas. Arte Islâmica. Disponível em: https: / / www.historiadasartes.com / nomundo / arte medieval / arte islamica /