Fotovolt Setembro 2025

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FotoVolt - Setembro - 2025

Desafios do curtailment e oportunidades para o futuro das renováveis Jucele Reis, da Redação de FotoVolt

O

Izilda França

s cortes de geração de energia têm se tornado um desafio crescente para o setor elétrico brasi‑ leiro. Segundo dados da Volt Robotics, o curtailment passou de 51 MWm no pri‑ meiro semestre de 2022 para 105 MWm em 2023. Em 2024, o fenômeno registrou uma explosão, atingindo 570 MWm, e, em 2025, al‑ rão no curto prazo — e possivelmente cançou impressionantes 2.810 MWm. nem no médio. Ele relata que hoje Além de reduzir a receita de os bancos de desenvolvimento, como empreendimentos em operação, o o BNDES e o BNB, já demonstram aumento expressivo do curtailment preocupação com o financiamento de tem gerado preocupação entre inves‑ projetos que enfrentam tidores de novos dificuldades devido ao projetos, que preci‑ curtailment. “Esse risco ten‑ sam incorporar esses de a ser incorporado nos riscos aos modelos cálculos, elevando o custo de negócio e aos médio da energia gerada contratos de energia, por essas fontes, e natural‑ para garantir a via‑ mente precisará ser consi‑ bilidade financeira e derado no Project Finance a continuidade dos desses ativos”, explica. investimentos no Ricardo Barros, coorde‑ setor renovável. nador do grupo de traba‑ De acordo com lho de geração centrali‑ Vinícius Nunes, ana‑ Vinícius Nunes (BNEF): “Bancos de desenvolvimento, como o BNDES e o BNB, zada da Absolar – Asso‑ lista de pesquisa da já demonstram preocupação com o BNEF, essas restri‑ financiamento de projetos que enfrentam ciação Brasileira de Ener‑ gia Solar Fotovoltaica, ções não desaparece‑ dificuldades devido ao curtailment”

Os cortes de geração no Brasil têm crescido de forma expressiva, pressionando investidores e desafiando a evolução dos projetos de energia solar. Ao mesmo tempo, novas cargas, como baterias, hidrogênio verde, data centers e mobilidade elétrica, oferecem oportunidades para equilibrar oferta e demanda, reduzir riscos de curtailment e viabilizar empreendimentos renováveis. também salienta a questão da precificação desse ris‑ co. “Enquanto os inves‑ tidores não conseguirem precificar adequadamente os cortes de geração, difi‑ cilmente veremos grandes negócios, exceto em áreas muito específicas em que o modelo de negócios já contempla formas de miti‑ gar esse impacto”, explica. Para Barros, o cenário traz um aler‑ ta para consumidores. “Infelizmente, a tendência é de preços mais altos. Se temos mais riscos, precisamos compen‑ sá‑los. Se temos menos receita devido a cortes de geração, isso também pre‑ cisa ser compensado”, destaca. De acordo com Rodrigo Borges, diretor – líder do mercado do Brasil da Aurora Energy Research, uma simulação recente comparou dois cenários de PPA: um sem precificação de risco e outro incorporando volati‑ lidade intradiária, curtailment, etc. No estudo, verificou‑se que um desenvol‑ vedor de projeto solar precisa de cerca de R$ 109 por MWh no PPA apenas para cobrir esses riscos. “Esse valor é necessário para equilibrar o fluxo de caixa e permitir que o projeto pague a dívida de forma saudável”, explica. Shutterstock

Flexibilidade

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