Grandes projetos
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FotoVolt - Setembro - 2023
Projeto do sistema de aterramento de uma UFV de grande porte Paulo Edmundo da Fonseca Freire, da Paiol Engenharia; Marcos Willian Rodrigues e Allyson José de Sousa Gomes, da Araxá Engenharia
tos até 64 m. O segundo levantamento revelou resistividades bem mais baixas, com a curva média de resistividades aparentes apresentando tendência descendente. Devido aos resultados conflitantes entre as duas campanhas rasas, optou-se pela contratação de um terceiro levantamento, desta vez pelo método audiomagnetotelúrico (AMT), que confirmou o segundo levantamento, com um bom ajuste das curvas de resistividades aparentes rasa (SEV) e nearsurface (AMT). O conjunto das sondagens SEV e AMT permitiu a construção de um modelo geoelétrico com meio quilômetro de profundidade, visto da malha de aterramento da subestação coletora. Com base neste modelo foi possível dar andamento ao projeto do sistema de aterramento da UFV. A partir do layout completo da UFV, foi traçada a malha de aterramento considerando a localização de todos os seus componentes ― subestação elevadora, eletrocentros, arranjos fotovoltaicos e valas de cabos de baixa e de média tensão. A cerca, em Essentia Energia
S
istemas de aterramento de grandes usinas fotovoltaicas possuem dimensões quilométricas, e seu projeto envolve a solução de dois problemas: a modelagem geoelétrica (que é um problema indireto) e a simulação do sistema de aterramento (que é um problema direto). A tecnologia para a construção de modelos geoelétricos profundos (1D), abrangendo toda a crosta terrestre (40 km), foi desenvolvida para o projeto de eletrodos de aterramento de sistemas de transmissão CCAT. Mas, para projetos de aterramento de sistemas em corrente alternada, é suficiente um modelo geoelétrico da ordem de 1 km de profundidade. A usina fotovoltaica (UFV) objeto deste artigo está localizada na Bahia, em um terreno com uma diagonal de cerca de 5,5 km. Sua malha de aterramento utiliza 200 km de cabo de cobre nu e de aço cobreado, de seção 50 mm2, com custo da ordem de U$
O artigo descreve o primeiro projeto de sistema de aterramento de uma usina fotovoltaica de grande porte (500 MW)no Brasil,com um modelo geoelétrico de centenas de metros de profundidade.De natureza interdisciplinar,o projeto aplicou conhecimentos de geofísica para resolver um problema de engenharia elétrica,com abordagem pioneira para determinação de modelo geoelétrico 1D compatível com um UFV de grande área.
1.000.000 somente em condutores, sem incluir soldas e conectores. A modelagem geoelétrica para este projeto tem uma história interessante. O primeiro levantamento de resistividades do solo utilizou um terrômetro com arranjo de Wenner e espaçamentos de até 32 m. Essa primeira campanha, que foi considerada não-confiável, revelou um subsolo de alta resistividade, com a curva média de resistividades aparentes de tendência ascendente. Optou-se, portanto, pela contratação de uma segunda campanha de sondagens elétricas verticais (SEV), desta vez com uma empresa de geologia, que utilizou um resistivímetro com arranjo de Wenner e espaçamen-