FotoVolt Outubro 2025

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Carta ao leitor

Notícias

Congresso e feira

In tersolar S ummi t e a re tomada no S ul do País

Depois de um hiato forçado pela catástrofe de 2024, a segunda edição do Intersolar Summit Brasil Sul volta a reunir congresso e feira de tecnologias e negócios em outubro no Rio Grande do Sul

Mobilidade elétrica

Desa os da in f raestrutura de recarga elé trica em condomínios

A expansão da frota elétrica no Brasil exige a adaptação de garagens de condomínios para a recarga segura e acessível A qualidade das instalações e a clareza das regras são peças-chave para o avanço da eletromobilidade

Informação técnica

Os 100 anos de uma publicação essencial

Matéria celebra o centenário da revista técnica alemã de - das elektrohandwerk, uma das mais conceituadas no meio eletrotécnico e há anos parceira editorial de FotoVolt

Inversão do uxo de po tência em instalação industrial

A adoção crescente de sistemas fotovoltaicos em indústrias traz desafios à estabilidade e à qualidade da energia Em plantas com demanda variável, a interação entre geração e rede pode causar inversões de f luxo e afetar a vida útil dos equipamentos

Inversores híbridos

O levantamento apresenta a oferta de inversores híbridos com bateria incorporada, que estão ganhando espaço nas instalações fotovoltaicas por reunir três funções estratégicas: inversão de energia, gestão do sistema e armazenamento

Desempenho de sistemas individuais de geração com fon te in termi ten te na Amazônia L egal

Os SIGFIs requerem dimensionamento criterioso para garantir estabilidade e autonomia energética O artigo avalia o desempenho de três SIGFIs com mesma configuração técnica, submetidos a diferentes perfis de consumo

Veículos elétricos

Projeto Instalação

Fios fatos Solar FV em foco

Produtos Publicações

Índice de anunciantes

I n st a l a ç ã o d e e st a ç õ e s d e r e c a rg a : s e m g ra n d e s n o v i d a d e s
J

As estações de carregamento de veículos elétricos sempre mereceram atenção de FotoVolt. Tecnologias em g rande parte complementares, os veículos elétricos e os geradores solares fotovoltaicos percorrem lado a lado o caminho da transição energética, se bem que, em termos de disseminação no mercado, estes experimentaram um boom muito mais acelerado do que aqueles, amparados pelo amadurecimento e também por uma legislação motivadora.

As resistências foram e são poderosas: a maioria das gigantes montadoras de veículos demorou a f incar pé para valer na seara dos elétricos porque investimentos monumentais em criação, linhas de montagens de carros a combustão e em cadeias de abastecimento, de um lado, e de revenda, de outro, milimetricamente direcionadas para estes, além de toda uma cultura construída em um século, não se descartam do dia para a noite Do lado da energia solar, principalmente a distribuída, há as distribuidoras de energia elétrica, que resistem à evasão de receita e, mais recentemente, aos efeitos, alegados ou reais, que concentrações de geradores solares conectados inf ligem às redes de energia.

Para completar a, por assim dizer, tríade da moder nidade energética na ponta do consumo, adicionam-se à equação as baterias, elementos que prometem f inalmente conferir ao cidadão a sonhada independência em relação a for necedores de energia Não por acaso, muitos dos chamados integradores, que começaram especializando-se em sistemas solares fotovoltaicos, ao longo do trajeto incor poraram as estações carregadoras de veículos à oferta e, agora, começam a oferecer também os sistemas de armazenamento de energia em baterias, aos quais se costuma referir pela sigla em língua inglesa BESS.

Quanto às estações de carregamento, a reportagem de Marcelo Furtado, matéria de fundo desta edição, trata de uma questão af litiva do ponto de vista dos síndicos de condomínios residenciais, ou dos gestores de prédios comerciais, principalmente aqueles que possuem garagens subterrâneas: como ag regar, de forma segura, ef icaz e econômica, estações de carregamento a essas edif icações supondo que a instalação já tenha sido aprovada nas respectivas assembleias, o que representa outra batalha mas não é o foco aqui

A questão é menos complicada em relação a prédios ainda em projeto (se bem que sempre haverá a dúvida sobre quantas pontos de carregamento prever). Nos edifícios existentes, no entanto, a situação f ica mais complexa porque instalações em operação têm em boa parte dos casos de ser adaptadas, a começar pela carga contratada à distribuidora E em todos os casos, mesmo que a edificação tenha capacidade “sobrando” (é raro mas pode acontecer em edifícios mais antigos, como se verá), é necessário fazer inspeções para verif icar o estado dos componentes. Por f im, como em todo trabalho de instalação elétrica, os ser viços de inspeção e adequação do sistema elétrico e de instalação das estações de recarga devem ser feitos por prof issionais capacitados e habilitados. Ou seja, nada diferente do que sempre tem de ser.

Diretores: Edgard Laureano da Cunha Jr , José Roberto Gonça ves e José Rubens Alves de Souza ( n memor am )

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Editor: Mauro Sérg o Crestani ( orna ista responsáve – Reg MTb 19225)

Editora-assistente: Jucele Menezes dos Re s

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ISSN 2447-1615

I

N T E R S O L A

R S O U T H A M E R I C A

A maior feira & congresso da

América Latina para o setor solar

A I nt e r s o l a r S o u t h A m e r i c a , a m a i o r fe i r a &

co n g re s s o d a A m é r i c a L a t i n a p a r a o s et o r s o l a r,

e n fo c a o s r a m o s d e fot ovo l t a i c a , p ro d u ç ã o F V

e t e c n o l o g i a s t e r m o s s o l a re s . O eve nt o re ú n e

f a b r i c a nt e s , fo r n e ce d o r a s , d i s t r i b u i d o r a s ,

p re s t a d o r a s d e s e r v i ço s e p a rce i r a s d o s et o r

s o l a r, i n ce nt i va n d o u m m e i o a m b i e nt e m a i s

l i m p o , a ce s s o u n i ve r s a l à e n e rg i a e re d u ç ã o

d e p re ço s . S o l i d a m e nt e e n r a i z a d a n a A m é r i c a

L a t i n a , a fe i r a d e s t a c a s e u ex p re s s i vo p ot e n c i a l

s o l a r A I nt e r s o l a r S o u t h A m e r i c a s e r á re a l i z a d a

d e 2 5 a 2 7 d e a g o s t o d e 2 0 2 6 n o m o d e r n o

e b e m l o c a l i z a d o E x p o Ce nt e r No r t e , e m S ã o

Pa u l o , d e nt ro d o eve nt o T h e s m a r t e r E S o u t h

A m e r i c a , a m a i o r a l i a n ç a d e eve nt o s p a r a o s et o r

e n e rg ét i co d a A m é r i c a L a t i n a .

E E S S O U T H A M E R I C A

O evento essencial para baterias e sistemas de armazenamento de energia na América Latina

A ees South America, o evento essencial para baterias e sistemas de armazenamento de energia na América Latina, enfoca soluções de armazenamento de energia que apoiam e complementam sistemas energéticos com número crescente de fontes renováveis de energia, integrando prossumidores e veículos elétricos. Com presença consolidada na região, o evento reflete a crescente importância da

integração entre eletricidade, calor e transportes

A mostra especial Element1, integrada à ees, destaca especificamente o alto potencial do hidrogênio verde no Brasil. A ees South America será realizada de 25 a 27 de agosto de 2026 no moderno e bem localizado Expo Center Norte, em São Paulo, dentro do evento The smarter E South America, a maior aliança de eventos para o setor energético da América Latina.

E L E T R OT EC+E M-P O W E R S O U T H A M E R I C A

A feira de infraestrutura elétrica e gestão de energia

A E l e t r o t e c + E M - P o w e r S o u t h A m e r i c a é o

e v e n t o d e i n f r a e s t r u t u r a e l é t r i c a e g e s t ã o d e

e n e r g i a n a A m é r i c a L a t i n a A f e i r a d e s t a c a a s

t e c n o l o g i a s d e d i s t r i b u i ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a ,

b e m c o m o s e r v i ç o s e s o l u ç õ e s d e i n f o r m á t i c a

p a r a g e s t ã o d e e n e r g i a e m r e d e , d e s e r v i ç o s

p ú b l i c o s e d e e d i f i c a ç õ e s S o l i d a m e n t e

e s t a b e l e c i d a n o c o n t i n e n t e , a f e i r a c o n e c t a

p r o f i s s i o n a i s e e m p r e s a s d a s á r e a s d e p r o j e t o , i n s t a l a ç ã o e m a n u t e n ç ã o – d a g e r a ç ã o

d i s t r i b u í d a a t é a d i s t r i b u i ç ã o d e e n e r g i a p o r

r e d e s a é r e a s e s u b t e r r â n e a s . S e r á r e a l i z a d a d e

2 5 a 2 7 d e a g o s t o d e 2 0 2 6 d e n t r o d o e v e n t o

T h e s m a r t e r E S o u t h A m e r i c a , a m a i o r a l i a n ç a

d e e v e n t o s p a r a o s e t o r e n e r g é t i c o d a A m é r i c a

L a t i n a .

P O W E R2D R I V E S O U T H A M E R I C A

A feira e congresso fundamental para infraestrutura de recarga e eletromobilidade na América Latina

Power2Drive South America: a feira & congresso fundamental para infraestrutura de recarga e eletromobilidade na América Latina Solidamente estabelecido no continente, o evento evidencia a importância do veículo elétrico para um futuro sustentável de transporte e para sua crescente contribuição na matriz energética A feira

reúne fabricantes, fornecedoras, instaladoras, distribuidoras, administradoras de frotas e de energia, fornecedoras e eletromobilidade e novas empresas. Será realizada em São Paulo, dentro do evento The smarter E South America, a maior aliança de eventos para o setor energético da América Latina

GD solar já chega a 7% dos consumidores

Aenergia solar distribuída segue

ganhando espaço nos telhados brasileiros Entre janeiro e julho deste ano, foram instalados 500 mil novos sistemas, fazendo com que 7% de todas as unidades consumidoras passem a ter geração própria No total, já são 3,75 milhões de projetos em operação, de acordo com o Infog ráf ico

Solfácil, relatório mensal que compila dados da Aneel

O avanço é puxado principalmente pelo setor residencial, que responde por 82% das conexões Pequenos projetos, entre 3 e 6 kWp, ganham destaque: em 2017 representavam 35% das instalações e hoje já somam 46% Os setores comercial e rural participam com 8% cada, enquanto o industrial responde por 1%

Segundo Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfácil, a atratividade econômica explica o ritmo de crescimento “O retor no sobre o investimento da energia solar é rápido, normalmente em menos de três anos, e a conta de luz não para de subir”, af irma o executivo

Entre os estados, São Paulo lidera com 143 mil novos sistemas em 12 meses, seguido por Minas Gerais (69 mil) e Bahia (62 mil) Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Pará, Per nambuco, Goiás e Rio de Janeiro completam o ranking das dez unidades da federação com mais novas conexões

Regionalmente, o Centro-Oeste se destaca proporcionalmente, com 9,5% das unidades consumidoras atendidas por energia solar Na sequência estão o Sul (7,6%), Norte (5,6%), Sudeste (5,2%) e Nordeste (5,1%)

O levantamento também mostrou as cidades com maior volume de instalações no último ano Campo Grande (MS) lidera com 10 mil sistemas, seguida por Cuiabá (MT), com 9 mil, e Belém (PA), com 8 mil. Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e Teresina (PI) aparecem com 7 mil cada.

País soma mais de

Outros destaques são Goiânia (GO), Petrolina (PE) e Fortaleza (CE), todas com 6 mil novas conexões Na faixa de 5 mil sistemas estão Várzea Grande (MT), Mossoró (RN), Rondonópolis (MT), Natal (RN) e Maceió (AL) 4,5 GW e R$ 11 bi - Por sua vez, um estudo divulgado pela consultoria Greener aponta que o mercado de geração solar distribuída no Brasil

instalou 4,5 GW no primeiro semestre de 2025, com investimentos acima de R$ 11 bilhões. Entre suas conclusões, o relatório destaca a resiliência do setor mesmo em cenário de juros altos e instabilidade econômica

As importações de módulos fotovoltaicos somaram 10,6 GWp no período, repetindo o volume de 2024 O semestre, no entanto, foi marcado por contrastes: um pico no primeiro trimestre, diante da corrida provocada pela elevação do imposto de importação de 9% para 25%, seguido de retração de 38% no segundo trimestre

O estudo mostra que o segmento residencial alcançou recorde de participação, mesmo com queda de 46% no volume médio mensal de orçamentos frente ao ano anterior A taxa de con-

E ó l i c a e s o l a r s u p e r a m u m t e r ç o d a g e r a ç ã o e l é t r i c a n o B r a s i l

Aenergia eólica e a solar ultrapassaram pela primeira vez a marca de um terço da geração elétrica no Brasil em agosto de 2025, somando 19 TWh e alcançando 34% do total, aponta levantamento da consultoria Ember O resultado supera o recorde anterior de 18,6 TWh estabelecido em setembro de 2024.

A solar respondeu por 13% da eletricidade gerada no mês, crescimento de seis vezes em cinco anos, sobre os 2,2% de agosto de 2020. Já a eólica alcançou 21%, frente aos 15% registrados em 2020. Em conjunto, as duas tecnologias mais que dobraram sua par ticipação desde 2019, quando representavam 9,9% da ofer ta Durante todo o ano de 2024, as duas geraram 24% da eletricidade do Brasil

Apesar do avanço, a hidrelétrica per maneceu como a principal fonte, com 48% da geração em agosto Foram produzidos, porém, 27 TWh, o menor volume para o mês desde 2021 Foi apenas a segunda vez que a fonte hídrica ficou abaixo da metade da matriz nacional, reflexo da queda de chuvas na estação seca

O papel da hidrelétrica, aliás, segundo o estudo, tem se transfor mado De for necedora predominante, passou a atuar como fonte flexível, ajustando sua produção para complementar a variabilidade das renováveis não convencionais, eólica e solar Essa dinâmica per mite maior resiliência do sistema e preser va água dos reser vatórios em períodos críticos

Mesmo com a baixa hídrica, a geração fóssil se manteve contida em 14% (7,8 TWh), bem abaixo dos 26% obser vados em agosto de 2021, auge da crise de escassez hídrica O avanço da eólica e da solar evitou aumentos maiores no uso de car vão e gás, reduzindo custos e emissões

Recorde com 19 T W h de renováveis e 3 4% da mat r i z

A expansão da renováveis, segundo os dados da Ember, se refletiu positivamente nas emissões do setor elétrico brasileiro, que atingiram o pico em 2014, com 114 MtCO2, e desde então caíram 31%, chegando a 79 MtCO2 em 2024 As fontes adicionaram 168 TWh de geração em uma década, crescendo 15 vezes, mais do que suficiente para suprir o aumento da demanda

A demanda elétrica cresceu 22% entre 2014 e 2024, e deve seguir avançando a taxas acima da média histórica

Projeções apontam expansão de 3,4% ao ano até 2030 Para a Ember, esse cenário representa opor tunidade para consolidar a transição energética, mas exige políticas claras e investimentos consistentes em transmissão e integração das renováveis

O ritmo de expansão, no entanto, apresentou sinais de desaceleração No primeiro semestre de 2025 foram instalados 7,1 GW de solar, abaixo dos 9,9 GW do mesmo período de 2024 Entre os entraves, destacam-se gargalos de conexão, incer tezas regulatórias e redução de incentivos.

3,7 5 mil hões de projetos em operação

versão, por sua vez, aumentou 20% em relação a 2024, sinalizando consumidores mais cautelosos e seletivos.

Os preços também recuaram Em junho de 2025, os sistemas residenciais estavam 4,5% mais baratos que no mesmo mês de 2024, enquanto os comerciais de pequeno porte registraram redução de 10% no período O payback médio para sistemas residenciais de GD II f icou em 3,2 anos, melhora de 4% na comparação anual

A pesquisa evidencia ainda a pressão da infraestrutura A inversão de f luxo de potência atingiu 28% dos integ radores, levando 34% das empresas a perder clientes por não conseguir viabilizar vendas Como resposta, 71% dos integ radores já incor poram sistemas híbridos com baterias em sua oferta.

O relatório também destaca o risco de o curtailment, já presente em projetos de geração centralizada, se estender à GD. Caso haja restrições à injeção de excedentes na rede, modelos de negócio baseados em compensação de créditos, com destaque a GD compartilhada, podem ser diretamente afetados.

Para a Greener, a combinação de preços mais baixos, avanços tecnológicos e maior participação do consumidor residencial sustentou a expansão da GD no semestre Mesmo diante da concorrência acirrada e do ambiente regulatório em transformação, o setor segue em trajetória consistente de crescimento no País

Copel leva solar a comunidades isoladas

ACopel assinou contrato para for necimento de energia solar a comunidades isoladas do litoral paranaense O investimento, de cerca de R$ 20 milhões, prevê o atendimento a 215 moradias em Paranaguá e Guaraqueçaba. Serão benef iciadas 21 unidades na Ponta Oeste da Ilha do Mel, 17 na aldeia indígena Pindoty, na Ilha da Cotinga, e 177 em nove comunidades tradicionais

do Parque Nacional do Superagui

As instalações devem ser concluídas até março de 2026. O projeto prevê sistemas fotovoltaicos individuais em cada residência, sem custo para os clientes As estruturas utilizam f ibra de vidro ou alumínio, materiais mais resistentes à corrosão típica de áreas litorâneas.

Cada sistema garante potência de 1 250 watts, tensão de 127 volts e produção mínima de 80 kWh por mês, podendo alcançar 128 kWh no verão As baterias for necem autonomia de 48 horas, acima das 36 horas exigidas pela Aneel, permitindo suprimento mesmo em períodos de baixa insolação

As unidades serão instaladas próximas às moradias, com área de segurança de três metros em tor no dos equipamentos para garantir acesso a técnicos em vistorias e manutenções

O início das obras marca uma nova etapa após um processo de consultas iniciado em outubro de 2024 Por envolver áreas de preser vação ambiental e de tombamento cultural, o projeto contou com participação de órgãos como o Ministério Público Estadual, Instituto Água e Terra, Secretaria de Cultura, além de autoridades estaduais e municipais

No contrato, a Copel assume a responsabilidade de for necer o mínimo de 80 kWh por mês, realizar manutenções preventivas e atender emergências Já os consumidores devem zelar pelas estruturas, manter cadastro atualizado e comunicar ocorrências à companhia

O projeto abrange, além da Ponta Oeste da Ilha do Mel e da Ilha da

Cotinga, as comunidades de Abacateiro, Ararapira, Barbados, Barra do Ararapira, Canudal, Saco do Morro, Sibuí, Vila Fátima e Vila Rita, no Parque Nacional do Superagui, em Guaraqueçaba

Sala São Paulo terá usina FV

ASala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), vai contar com uma usina solar fotovoltaica de 51,8 kWp O sistema será complementado por um conjunto de baterias para armazenamento, possibilitando o uso da eletricidade renovável também no período notur no A iniciativa integ ra um projeto de ef iciência energética desenvolvido pela Enel Brasil em parceria com a Fundação Osesp O investimento total de R$ 4,5 milhões inclui ainda a substituição de

Além da geração própr ia de energia, projeto prevê moder ni zação da sala de concer tos na capi tal paulista

128 pontos de iluminação por tecnologia LED de alta ef iciência e a instalação de equipamentos de climatização de maior performance. Com essas medidas, a estimativa é de economia de 478 MWh por ano, volume equivalente ao consumo médio de cerca de 200 residências paulistanas, além da redução de 119 kW na demanda de energia durante o horário de ponta. Além do projeto energético, a Enel se tor na uma das maiores patrocinadoras da Fundação Osesp, apoiando a Temporada Osesp 2025, que será lançada em outubro, e iniciativas como os Encontros Históricos na Sala

São Paulo, série que aproxima a música de concerto da produção popular brasileira.

A parceria também contempla ações para democratizar o acesso à música clássica, como a distribuição de ing ressos, prog ramas educativos e ativações culturais ao longo da temporada

Classe média lidera adesão à solar no Brasil

Um levantamento da energytech 77Sol revelou que o consumidor típico da microgeração fotovoltaica no Brasil é formado por famílias com contas de eletricidade em torno de R$ 600 Esse grupo responde por 31% das aquisições registradas na plataforma da 77Sol A principal motivação, segundo o estudo, é reduzir os gastos mensais com energia e proteger o orçamento doméstico diante do aumento das tarifas

Na sequência, 13% dos consumidores têm faturas entre R$ 720 e R$ 950, enquanto 11% concentram-se em contas de R$ 1 200 a R$ 1 800 O relatório aponta ainda que a percepção de retor no a médio prazo, o acesso a crédito e incentivos f inanceiros pesam na decisão de compra Para o CEO da 77Sol, Luca Milani, o movimento reforça a democratização da energia solar no país

“A energia solar deixou de ser associada a luxo ou g randes propriedades. Hoje está no centro das decisões f inanceiras das famílias, especialmente da classe média, que busca reduzir despesas e dar previsibilidade ao orçamento”, af irmou Milani.

O estudo mostra também que pequenos e médios empresários ampliam sua presença no mercado, usando a energia solar como estratégia para conter custos operacionais em um cenário econômico instável Para Milani, esse comportamento sinaliza amadurecimento do setor, no qual a tecnologia passa a ocupar espaço central no planejamento financeiro de famílias e empresas

O ticket médio dos sistemas no Brasil gira em tor no de R$ 12 mil para kits de 8 kWp, incluindo módulos, inversores e estruturas de f ixação O valor, porém, varia conforme a marca, as condições de f inanciamento e as especif icidades técnicas de cada projeto.

Scatec forma trabalhadores para

usina

Aempreendedora norueguesa de renováveis Scatec está utilizando na construção da sua usina solar fotovoltaica Rio Urucuia, de 142 MW, em Pintópolis, no sertão de Minas Gerais, mão de obra formada por seu prog rama de qualif icação batizado de “Força de Minas”

Com meta de treinar moradores locais como montadores de módulos solares, ao f inal do curso, que atendeu 120 pessoas, 29 trabalhadores foram contratados para atuar na obra, atingindo a meta de reser var ao menos 50% das vagas para pessoas da região. A formação teve duração de dois meses, somando 180 horas de aulas,

L evantamento da 7 7Sol most ra que famílias com contas de R$ 600 são maior ia
P rograma capaci tou 120 pessoas no ser tão mineiro e já cont ratou 2 9

parte delas online e parte prática em campo O conteúdo incluiu noções técnicas de montagem, segurança e até orientações básicas sobre elaboração de currículos e encaminhamento a empresas da construção A taxa de conclusão foi de 100%, com mais da metade dos alunos aprovados com notas acima de 8

Segundo a Scatec, a iniciativa buscou superar barreiras culturais e a percepção inicial de que a população não se interessaria por empregos temporários Antes do curso, a equipe do projeto percorreu casas no entor no da usina, ouvindo cerca de 1.200 a 1 400 pessoas para mapear potenciais interessados. A adesão superou a expectativa, com 50 candidatos em lista de espera.

Entre os 29 contratados, 11 são mulheres, que devem atuar em etapas mais detalhadas da montagem, como os ser viços de conexão elétrica. A inclusão feminina já havia sido destaque em projeto anterior da Scatec no Rio Grande do Norte, onde 76% das 120 mulheres treinadas foram inseridas no mercado de energia durante a construção da usina de Mendubim, de 531 MW

No caso mineiro, novas seleções estão previstas, ampliando o número de prof issionais locais contratados. A entrega da usina está prevista para o f im do ano.

Monte Rodovias adota GD compartilhada

AMonte Rodovias, concessionária que administra trechos rodoviários na Bahia e em Pernambuco, f irmou parceria com a Prime Energy para contratar energia via geração distribuída compartilhada, boa parte dela de fonte solar O acordo contempla 26 unidades consumidoras nas áreas de concessão da Neoenergia, sendo 17 na Bahia e 9 em Per nambu-

co, totalizando 55,11 MWh de energia contratada A estimativa é de uma economia anual de cerca de R$ 100 mil. Segundo comunicado, a parceria foi estruturada para ampliar a ef iciência energética da concessionária, responsável pelas rodovias Bahia Norte e Litoral Norte, na Bahia, e Rota dos Coqueiros e Rota do Atlântico, em Per nambuco Além dos créditos de compensação para serem descontados pelas unidades consumidoras da Monte, a Prime também mig rou 14 unidades da concessionária para o mercado livre de energia Os contratos foram assinados em agosto de 2023 e a mig ração ocorreu entre janeiro de 2024 e maio de 2025

A combinação entre GD e MLE faz parte da estratégia de transição energética da Monte Rodovias, que busca diversif icação das fontes e previsibilidade no consumo Segundo a empresa, o objetivo é aumentar a ef iciência e reduzir despesas com eletricidade.

A Prime Energy é responsável pela gestão dos contratos da Monte Rodovias tanto no MLE quanto na GD A empresa atua como for necedora de soluções Shell Energy no Brasil e tem projetos voltados ao for necimento de energia renovável e ef iciência energética.

A Monte Rodovias administra cerca de 150 km de rodovias em Per nambuco e mais de 120 km na Bahia As concessões incluem sistemas de pedágio, monitoramento e manutenção em corredores estratégicos para a mobilidade e logística regionais

Solar lidera na UE no segundo tri

Aenergia solar foi a principal fonte de geração de eletricidade na União Europeia (UE) no segundo trimestre de 2025, quando produziu 122,317 GWh e contribuiu com 19,9% do mix total de geração de eletricidade, informou a consultoria GlobalData Durante o trimestre, as fontes renováveis geraram 54% da eletricidade líquida da UE, acima dos 52,7% no mesmo período de 2024, de acordo com dados da EU citados pela consultoria

Em junho de 2025, a energia solar se tor nou a principal fonte de eletricidade na UE pela primeira vez, respondendo por 22% do total da eletricidade gerada. Este valor superou a energia nuclear, que contribuiu com 21,6%, seguida pela eólica com 15,8%, pela hidrelétrica com 14,1% e pelo gás natural com 13,8%.

No trimestre, a Dinamarca liderou os países da UE com a maior percentagem de energias renováveis na geração líquida de eletricidade, com 94,7%. Foi seguida de perto pela Letônia com 93,4%, Áustria com 91,8%, Croácia com 89,5% e Portugal com 85,6% Já a Eslováquia teve a menor quota de energias renováveis, com 19,9%, Malta com 21,2% e República Checa com 22,1%.

Ainda no segundo trimestre deste ano, 15 países da UE registaram um aumento da participação de fontes de energia renováveis na sua geração líquida de eletricidade Luxemburgo e Bélgica apresentaram o crescimento

Fontes renováveis geraram 5 4% da elet r icidade líquida do bloco, acima dos 52,7 % no segundo t r imest re de 202 5

anual mais signif icativo, com aumentos de 13,5 pontos percentuais e 9,1 pontos percentuais, respectivamente, impulsionados em g rande parte pela expansão da energia solar.

A maior parte da eletricidade gerada a partir de fontes renováveis foi proveniente da energia solar (36,8%), seguida da energia eólica (29,5%) e da energia hidrelétrica (26,0%) Os combustíveis renováveis contribuíram com 7,3%, enquanto a energia geotérmica representou 0,4%

MME e EPE lançam portal do hidrogênio

OMinistério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançaram o Portal Brasileiro de Hidrogênio, plataforma pública on-line que centraliza informações estratégicas sobre o setor no País

A iniciativa foi desenvolvida sob coordenação do MME, com apoio da EPE e recursos do UK-SIP, implementados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) O portal integ ra as ações do Pacto Brasileiro para a Energia do Hidrogênio, compromisso assumido pelo gover no federal durante o Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia em 2021

OO portal está organizado de acordo com os eixos temáticos do Prog rama Nacional do Hidrogênio (PNH2). Entre os eixos, fazem parte dados sobre capacitação de recursos humanos, com informações sobre instituições de ensino e cursos; neoindustrialização, mercado e competitividade, que reúne incentivos f inanceiros e linhas de crédito; e fortalecimento científ ico-tecnológico, com prog ramas de pesquisa e desenvolvimento

Além disso, o portal tem informações sobre arcabouço normativo e regulatório, com leis e normas técnicas, sobre planejamento energético, que dispo-

instituto de pesquisas alemão Fraunhofer ISE, da Alemanha, desenvolveu uma platafor ma de pesquisa voltada a novas técnicas de produção de células a combustível e eletrolisadores O objetivo é criar métodos escaláveis e de menor custo e atender à crescente demanda por tecnologias de emissão zero em transpor te pesado e geração de hidrogênio verde

As pesquisas se concentram em processos contínuos, como a manufatura rollto-roll, capazes de aumentar a velocidade de produção e reduzir custos. Esses avanços são considerados fundamentais para a fabricação em larga escala do membrane electrode assembly (MEA), conjunto eletrodo-membrana que funciona como o núcleo reativo tanto da célula a combustível quanto do eletrolisador

nal. “É absolutamente estratégico para atração de investimentos e para a estruturação do mercado de hidrogênio no Brasil”, af irmou, acrescentando que a ferramenta reforça a liderança do país na transição energética

O presidente da EPE, Thiago Prado, destacou a relevância do hidrogênio nos cenários projetados pelo Plano Nacional de Energia 2055 Segundo ele, o portal oferece transparência ao reunir estatísticas, marcos regulatórios, iniciativas e mapas de projetos, o que “ajuda a separar fato de opinião”

O endereço do portal é https:// h2portal com br/

Inst it uto alemão aposta em processos cont ínuos e escaláveis para reduz ir custos e acelerar a economia do hidrogênio

A platafor ma cobre toda a cadeia de valor, desde o desenvolvimento de novas for mulações de tintas catalíticas até a obtenção do MEA completo, composto por sete camadas, incluindo membrana central, camadas de catalisador, subgaxetas e difusores de gás

Segundo o instituto, plantas piloto em escala industrial per mitem simular a produção completa e realizar testes de qualidade em linha. “Somos o único instituto de pesquisa com infraestr utura de escala industrial, o que garante transferência rápida do laboratório para a produção”, afir mou o chefe do Depar tamento de Células a Combustível do Fraunhofer ISE, Ulf Groos

Entre as técnicas avaliadas estão, além do revestimento por slot die, métodos como serigrafia rotativa e impressão por gravura indireta Essas rotas são vistas como caminho para atender aos requisitos futuros de desempenho e durabilidade, inclusive com MEAs de estr utura diferenciada

O trabalho também contempla pesquisas específicas para a eletrólise, abrangendo membranas de troca de prótons (PEM) e membranas aniônicas (AEM), com vista a ampliar a competitividade da produção de hidrogênio verde

A qualidade do processo é monitorada em todas as etapas com sistemas de medição e rastreamento integrados à linha de produção. De acordo com a pesquisadora Linda Ney, o controle per mite acompanhar variações do processo e seus impactos na qualidade final, mesmo em ritmos de alta produtividade

nibiliza dados e estatísticas de produção, consumo e transporte, sobre cooperação internacional, com acordos entre gover nos e instituições estrangeiras Para o secretário nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Gustavo Ataíde, o portal é um instrumento de consolidação da política nacio-

Complexo de 300 MW entra em operação

Entrou em operação o complexo fotovoltaico Panorama, localizado em Ribeiro Gonçalves, no Piauí O empreendimento da Car valho Energia Renovável faz parte do prog rama federal Novo PAC e dispõe de 99 unidades geradoras divididas em três

P lata

Empreendimento em R ibeiro G onçalves integra o Novo PAC

usinas, que somam 300 MW de capacidade instalada

O complexo é formado pelas usinas Panorama 1, 2 e 3, conectadas à rede básica do Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio da subestação Ribeiro Gonçalves A energia gerada foi contratada no 35º Leilão A-5 de Energia Nova, realizado em 2021, com suprimento garantido até 2040

No eixo de Transição Energética, subeixo Geração de Energia, a carteira do Novo PAC soma atualmente 534 usinas, das quais 322 já concluídas, incluindo projetos solares, eólicos, hídricos e de biomassa.

O licenciamento ambiental foi conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (SEMARHPI), que emitiu as licenças de operação das três usinas e da linha de transmissão associada O projeto também conta com benefícios fiscais do Reidi - Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura

Hamburgo inaugura UFV com cores do arco-íris

Acidade de Hamburgo, na Alemanha, tem um novo marco: o primeiro sistema fotovoltaico do mundo com as cores do arco-íris foi inaugurado no telhado da arquibancada norte do Estádio Miller ntor, do FC St. Pauli, time de futebol da primeira divisão da Bundesliga.

O projeto conjunto da LichtBlick, empresa alemã

for necedora de energia renovável com sede na cidade, e do FC St Pauli, envolve 1.080 módulos coloridos que devem gerar cerca de 285 000 kWh de eletricidade por ano o equivalente ao consumo de cerca de 80 residências multifamiliares.

A tecnologia utilizada é a Mor pho (Mor phocolor), que se inspira em princípios de refração vistos em asas de borboleta para tor nar as cores visíveis, mantendo ef iciência Segundo os responsáveis, os módulos alcançam cerca de 87% da ef iciência de módulos convencionais.

O sistema fotovoltaico colorido foi desenvolvido em estreita cooperação com empresas especializadas, entre elas a Megasol Energie (Suíça), ECM - Energy Consulting Mai, K2 Systems e a SMA Solar A Megasol é a for necedora dos módulos que aplicam o revestimento inter no para controlar a luz ref letida e produzir as cores, sem comprometer muito a ef iciência

“Esta usina mostra que a transição energética é mais do que tecnologia é um projeto social O Miller ntor Stadium agora tem um marco que representa Hamburgo, a inovação e a diversidade”, disse Marc Wallraff, CEO da LichtBlick

Do ponto de vista f inanceiro, o clube não arca com os custos da instalação a iniciativa foi realizada por meio de um acordo de contrato de energia (onsite PPA), no qual o FC St Pauli comprará a eletricidade gerada pelo sistema da LichtBlick

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Além disso, segundo comunicado, para o clube de futebol o projeto também tem valor simbólico “Com o novo sistema fotovoltaico, não estamos apenas nos concentrando em energias renováveis, mas também combinando sustentabilidade com atitude: um sinal forte e amplamente visível da diversidade e do que o FC St Pauli representa, para ser visto todos os dias no meio de Hamburgo”, disse Esin Rager, responsável por sustentabilidade no comitê executivo do clube

Thopen inaugura UFV própria

AThopen inaugurou sua primeira usina solar fotovoltaica própria em Goiás, a UFV Sítio Nogueira, localizada no município de Silvânia O empreendimento tem 5,3 MWp de potência instalada e faz parte de um plano de investimentos de cerca de R$ 140 milhões no estado para a implantação de 11 unidades de energia limpa

As novas usinas em Goiás, para geração distribuída, somarão 45,98 MWp de capacidade instalada, volume suf iciente para atender o consumo médio de mais de 35 mil residências Atualmente, a companhia já opera 18,3 MWp no estado, incluindo usinas de terceiros. Com os novos projetos em construção, a capacidade adicionada será de 27,68 MWp.

O modelo adotado de GD compartilhada atende empresas e comércios de diferentes portes Segundo a empresa, há economia mínima de 10% nas contas de luz dessas empresas Residências com faturas acima de R$ 300 também podem aderir ao ser viço

Segundo o CEO da Thopen, Gustavo Ribeiro, Goiás é considerado estratégico para o crescimento da empresa. “O investimento de R$ 140 milhões reforça nossa crença no potencial da energia limpa e nos aproxima das metas de expansão”, disse.

Além disso, em 2025 a empresa realizou quatro g randes aquisições e investiu aproximadamente R$ 2 bilhões no setor Com a inauguração em Goiás, a Thopen passa a contar com 286 ativos sob gestão, totalizando 600 MWp de potência, o suf iciente para abastecer o consumo médio de 321 mil residências Presente em 22 estados brasileiros, a plataforma já administra mais de 250 mil unidades consumidoras e pretende atingir a marca de 1 milhão de clientes nos próximos anos

Microusina solar beneficia famílias em SP

Entre março de 2024 e agosto de 2025, 154 famílias da Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos, SP, economizaram mais de R$ 110 mil na conta de luz com a energia de uma usina solar fotovoltaica instalada pela EDP

A microusina, localizada em Roseira, SP, tem 75 kW de potência e já produziu mais de 480 MWh, valor convertido em créditos aplicados diretamente nas faturas dos moradores da favela

O empreendimento foi inaugurado em fevereiro de 2024 com investimento superior a R$ 500 mil, em parceria com a Gerando Falcões Os créditos de energia são divididos entre as famílias associadas, proporcionando redução mensal variável de acordo com a geração.

A usina em Roseira atenderá a comunidade até 2026 e, nos 17 anos seguintes, será destinada a outras localidades em situação de vulnerabilidade social que participam do prog rama Comunidade In, desenvolvido pela EDP em sua área de concessão no estado de São Paulo.

Para viabilizar a implantação, foram regularizadas as instalações elétricas da Favela dos Sonhos e promovidas melhorias em 55 residências em conjunto com a ONG Habitat As inter venções aumentaram a segurança da rede e a ef iciência energética nas moradias

A comunidade também recebeu iluminação pública com 30 postes solares instalados em outubro de 2024, em parceria com a organização Litro de Luz. A iniciativa buscou reduzir riscos em áreas que antes permaneciam sem iluminação à noite.

No último ano, a EDP ampliou em 34% os aportes em projetos sociais de transição energética, alcançando cerca de R$ 1,4 milhão. Essas iniciativas incluíram 45 kWp em novas instalações renováveis e mais de 200 atividades educativas em comunidades atendidas

Sabesp inaugura mais uma usina FV

ASabesp inaugurou uma nova usina solar fotovoltaica em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, em São Paulo, ampliando seu parque de geração solar para 33 unidades em operação Com a entrega, a capacidade instalada totaliza 46,85 MW, volume equivalente ao consumo de uma cidade com porte semelhante ao de Socorro (SP), que tem pouco mais de 40 mil habitantes.

A unidade de Cachoeira Paulista recebeu investimento de quase R$ 13 milhões e tem potência de 2,5 MW A energia gerada será utilizada em 116 instalações operacionais da companhia de saneamento paulista.

Empresa

Condutores 2 5mm2 a 6mm2

Diâmetro externo condutor 4,7 a 7mm

Faixa de Temperatura Ambiente -40°C a +85°C

Temperatura Máxima Limite 120°C

Grau de Proteção (IP) IP68

Classe de Proteção/Segurança II

Classe de Sobretensão III

Tipo de Conexão Crimpagem

Material de contato Cobre Estanhado

Material de isolamento PA

Tensão nominal (Vdc) 1500V

Corrente Nominal 2,5/4/6mm2 25A/35A/45A

Classe de chamas (flamabilidade) UL94: V-0

O conector KSE K4 é usado para conexão serial segura e simples de módulos solares fotovoltaicos, em uma única solução atende condutores de 2,5 a 6mm2 Por possuir moderna tecnologia de produção, sistema de conexão multicontato, componentes e matéria-prima de alta qualidade, oferta alta estabilidade e segurança nas conexões para todo o sistema.

De acordo com a Sabesp, toda a energia produzida pelas usinas solares é aplicada diretamente em processos essenciais, como o bombeamento de água para residências, comércios e indústrias, além do transporte e tratamento de esgoto em seu sistema Atualmente, mais de 2 400 unidades operacionais são atendidas pelo parque de geração distribuída da estatal.

Com a nova instalação, companhia chega a 3 3 usinas fo tovoltaicas, com capacidade to tal de 4 6,85 MW

Neste ano, outras quatro usinas foram entregues em Aguaí, Pindamonhangaba, São Manuel e Peder neiras, com investimento de quase R$ 30 milhões Juntas, elas abastecem 403 unidades operacionais, o que corresponde ao consumo médio de 24 mil pessoas por mês A usina de Peder neiras tem potência de 3 MW, a de São Manuel, 2 MW, a de Aguaí, 1,75 MW, e a de Pindamonhangaba, 1 MW

“A Sabesp é um dos maiores consumidores de energia do país A adoção de fontes renováveis contribui para a transição energética, reduz emissões de

gases de efeito estufa e coopera para a preser vação dos recursos naturais”, af irmou a diretora de gestão e energia, Gisele da Cunha Abreu

O prog rama de geração de energia fotovoltaica da Sabesp prevê a implantação de 44 usinas no estado, com potência total de 60 MW A maior parte será instalada em áreas de estações de tratamento de esgoto, aproveitando infraestrutura já existente Quando concluído, o prog rama permitirá suprir 60% da energia consumida em baixa tensão pela companhia.

A empresa estima um investimento adicional de R$ 90 milhões para concluir o prog rama A previsão é que outras quatro usinas entrem em operação ainda neste ano, ampliando o volume de energia limpa disponível para seus sistemas

Notas

Operação renovável - A Iguá Rio, concessionária de saneamento, passou

a operar com 100% de energia renovável a partir de fonte solar com a entrada em operação de terceira usina solar fotovoltaica exclusiva para a companhia, em Cabo Frio, RJ, operada pela Faro Energy Antes disso, em 2024, duas usinas, com mesma capacidade da nova, passaram a gerar créditos verdes exclusivamente para unidades consumidoras da Iguá Rio, com produção equivalente a 2,3 mil MWh/ano cada. A energia é utilizada na modalidade de autoconsumo remoto Além disso, atualmente cinco unidades da companhia Iguá Rio, Águas Cuiabá (MT), Paranaguá (PR), Sanessol (SP) e Atibaia (SP) são abastecidas por energia solar do complexo solar Janaúba, em Minas Gerais, da Elera Renováveis, na modalidade de autoprodução.

Acesso à energia - A Litro de Luz Brasil, organização que atua com soluções solares sustentáveis em comunidades sem acesso à iluminação, teve um projeto selecionado pela iniciativa Heineken Floating Bar, que destinou o lucro do bar f lutuante para a criação de um edital voltado à implementação de soluções sustentáveis em Curitiba. A Comunidade Dona Cida, ocupação localizada na região industrial de Curitiba, foi escolhida como territóriofoco para instalação de 30 postes sola-

res, benef iciando cerca de 450 famílias. O projeto oferecerá também um curso de formação em instalação de sistemas fotovoltaicos para moradores da região, ampliando o acesso à energia limpa e promovendo capacitação prof issional e geração de renda.

Franquia - A Energy+, rede de tecnologia em energias renováveis, inaugurou sua primeira unidade inter nacional no Paraguai. O projeto teve investimento inicial de aproximadamente US$ 38 mil e aposta em fatores como proximidade logística, baixa concorrência e alta demanda por soluções de autogeração e irrigação A meta é consolidar a operação até o f inal de 2025 e, nos próximos cinco anos, expandir para pelo menos cinco unidades no território paraguaio

Crédito para solar - A f inanceira do Santander prevê aumentar em 20% a concessão de crédito para a implementação de sistemas de geração de energia solar no segundo semestre deste ano, em comparação com o primeiro semestre de 2025 Somente em 2024, a f inanceira praticamente dobrou o volume de crédito concedido, registrando um crescimento de 96% em relação a 2023 No ano passado, a concessão de crédito para aquisição de equipamentos e infraestrutura de sistemas fotovoltaicos em empresas e residências aumentou 225% na região Norte, seguida das regiões Sudeste, com 103%, Centro-Oeste, com 86%, e Nordeste, com 56% Já o crescimento na região Sul avançou 43%

O Santander também f inancia projetos de baterias para sistemas fotovoltaicos

Financiamento - A Solfácil criou uma nova funcionalidade para integradores que utilizam sua plataforma de financiamento para a geração distribuída, chamada Repescagem, que permite reanalisar automaticamente propostas de crédito recusadas anteriormente O objetivo é ampliar a taxa de conversão e recuperar negócios considerados perdidos

A ferramenta realiza semanalmente a reanálise das propostas negadas e envia notif icações personalizadas aos integ radores, indicando quais projetos foram pré-aprovados

A f icha de crédito já vem preenchida, reduzindo a carga de trabalho das equipes de venda, destaca a companhia A solução está disponível para todos os integ radores que utilizam a plataforma de f inanciamento da empresa

Doação - A BYD doou mais de 2 200 módulos fotovoltaicos ao Hospital Regional de São Jerônimo, no Rio Grande do Sul O sistema, com capacidade para gerar 120 000 kWh mensais, foi implantado em parceria com o integ rador Sonne, e visa assegurar o funcionamento contínuo de setores essenciais, como UTIs, centro cirúrgico e pronto-atendimento.

C o n g r e s s o e f e i r a

I n t e rs o l a r S u m m i t e a re t o m a d a n o S u l d o Pa ís

Depois de um hiato forçado pela catást ro fe de 2024, a segunda edição do Intersolar Summi t Brasil Sul volta a reunir congresso e feira de tecnologias e negócios nos dias 2 8 e 2 9 de out ubro no Cent ro de Eventos da FIERGS

Ageração de energia solar no Brasil

passa por um novo momento em 2025

Se antes o debate era sobre a regulação gover namental

e a fundamentação legal das atividades do setor, ocorrida com o Marco Legal da Geração Distribuída (Lei 14 300/2022), agora outras questões abrem debates, oportunidades e até polêmicas, dos preços dos equipamentos ao excesso de energia, tanto nas redes das distribuidoras quanto no sistema interligado nacional

Para contribuir com a sociedade e o desenvolvimento regional, o congresso e feira Inter solar Summit Brasil Sul 2025 será realizado nos dias 28 e 29 de outubro no Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre

O evento, que tem assinatura do principal encontro latino-americano focado em energia solar, o Inter solar Sout h Amer ica, é uma realização da Solar

Promotion Inter national GmbH, da Alemanha, em parceria com a Aranda Eventos e Cong ressos, de São Paulo O Inter solar Summit Brasil Sul 2025 já conta com mais de 30 g randes empresas conf irmadas que atuam no segmento, tanto na região Sul, quanto nacionalmente e até mundialmente. É o caso da gigante chinesa Sung row, líder em pesquisa e desenvolvimento de inversores

solares e sistemas de armazenamento de energia, e das gaúchas Tramontina (Divisão de Energia Solar) e Serrana Solar Os organizadores esperam receber 2000 visitantes e 350 cong ressistas, além de reunir os expositores, seus produtos e tecnologias em área de 4000 m2

Momento exato para a retomada

O Intersolar Summit Brasil Sul 2025 realiza-se exatamente quando o estado do Rio Grande do Sul implementa um plano de grande amplitude para a reconstr ução, adaptação e resiliência perante eventos climáticos extremos O chamado Plano Rio Grande (PRG) é a resposta para atenuar os impactos das enchentes que assolaram o ter ritório gaúcho em 2024, afetando um milhão de pessoas Decor rido um ano da catástrofe, um balanço das ações do PRG demonstra um investimento total de R$ 6,9 bilhões em diversas frentes.

Além disso, foi elaborado um abrangente Plano de Desenvolvimento Econômico de longo prazo Merecem destaque a expansão de cober tura da infraestr utura, em especial nos diversos modais de logística; e a implementação de um Plano Estadual de Transição Energética e Descarbonização, visando a dirigir incentivos públicos para energias renováveis confor me as características regionais, economias de escala e desenvolvimento estratégico “Neste cenário de diversificadas opor tunidades para a indústria, o Summit é o fór um ideal para discutir a contribuição da energia solar fotovoltaica, do ar mazenamento de energia, da agrivoltaica e temas cor relatos”, afir ma o consultor sênior do congresso Summit Brasil Sul da Intersolar, Celso L P Mendes

A s excelentes perspect ivas para o R io Grande do Sul e região na edição de 202 3 serão retomadas com ainda maior ênfase em 202 5

PROGRAMAÇÃO DO CONGRESSO

Cerimônia de abertura

10h30 - 11h30

Saudações dos organizadores e associações convidadas

Panorama da GD na região Sul

11h30 - 12h30

Números, desafios, atualização regulatória e apresentação de projeto da UFRGS sobre energias renováveis e equidade de gênero

Hidrogênio verde no Brasil: uma visão abrangente

14h00 - 15h30

As perspectivas do hidrogênio verde em nível nacional a par tir de fontes renováveis de energia e suas aplicações, inclusive na agricultura

Sistemas isolados e armazenamento de energia

16h00 - 17h30

Abordagem tecnológica e regulatória do ar mazenamento de energia como reser va de capacidade e para sistemas isolados

DIA 29 DE OUTUBRO

Agrivoltaica: aplicações agrícolas de energia solar

10h30 - 12h00

Como a sinergia entre a energia solar fotovoltaica e a agricultura pode trazer benefícios econômicos e ambientais

Expansão da GD: impactos tecnológicos e regulatórios

14h00 - 15h30

Desafios operacionais e regulatórios para o sistema elétrico diante da expansão das fontes de energia variáveis na GD, e as soluções possíveis

Instalações elétricas com energia solar FV

16h00 - 17h30

Projeto e instalação de sistemas fotovoltaicos: ater ramento confor me a revisão da ABNT NBR 16690 Análise, diagnóstico e prevenção de acidentes elétricos em estabelecimentos r urais

Segundo o CEO da empresa alemã Solar Promotion, Dr Florian Wessendorf, os números sobre energia solar no Brasil tomaram proporções gigantescas há mais de uma década. “Estamos tratando de algo relevante, muito maior do que o âmbito dos negócios, das empresas, do consumo e da economia. Sustentabilidade é pauta mundial e fontes renováveis de energia são realidade e não mais planejamento Portanto, abrir espaço para o conhecimento, as melhores práticas, a eficiência de sistemas, as responsabilidades governamentais e privadas e as pesquisas e as inovações que surgem a cada momento nos motivam a realizar essa segunda edição

Florian Wessendorf, Diretor Executivo da Solar Promotion GmbH

Celso Mendes, Consultor da Aranda Eventos e Aranda Editora

Rodrigo Sauaia, Presidente Executivo da Absolar – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica

Markus Vlasits, Diretor-Geral da NewCharge Energy e Presidente da Absae – Associação Brasileria de Soluções de Ar mazenamento de Energia

Rodrigo Sauaia, Presidente Executivo da Absolar

Aline C Pan, Professora e Pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Ricardo Rüther, Diretor do Laboratório de Energia Solar Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina

Jurandir Picanço, Consultor de Energia da FIEC – Federação das Indústrias do Estado do Ceará

Paulo S Schneider, Professor, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Markus Vlasits, Diretor-Geral da NewCharge Energy e Presidente da Absae

Paulo Faria, Gestor de Engenharia - EDP Brasil

Leandro Michels, Professor Associado da Universidade Federal de Santa Maria

Marcelo Rodrigues, V ice-Presidente de Novos Negócios e Inovação da UCB Power

Ricardo Rüther, Diretor do Laboratório de Energia Solar Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina

Laís Vidotto, Pesquisadora/Doutoranda em Fotovoltaica, Universidade Federal de Santa Catarina

Palestrante a confir mar

Leandro Michels, Professor Associado da Universidade Federal de Santa Maria

Ricardo J F Bortolini, Gerente de projetos de PD&I da Universidade Federal de Santa Maria

Frederico Boschin, Diretor Executivo da Noale Energia

João G Cunha, Diretor da Miomega Engenharia

Caroline D. Raduns, Engenheira Eletricista e Professora da UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande Do Sul

Vinicius Ayrão Franco, Engenheiro Eletricista da Sinergia Consultoria

no Rio Grande do Sul”, enfatiza ele. A primeira edição do evento Inter solar Summit Brasil Sul ocorreu em 2023, também na FIERGS

Segurança nos negócios – Para contribuir e esclarecer o que se passa no con-

Os minicursos do Intersolar Summit Brasil Sul

• 28/10, 10h30 – Como aterrar os seus equipamentos para que não queimem durante uma descarga atmosférica – João Cunha | Diretor – Mi Omega

• 28/10, 13h30 – Estruturação de Redes de Recarga - Visão estratégica: Como planejar a implantação da rede Posicionamento estratégico dos pontos de recarga – Rafael Cunha | COO – movE Eletromobilidade

• 28/10, 16h00 – Uso de BESS como solução do horário de ponta Dimensionamento e especificação – V inícius Ayrão | Engenheiro Eletricista – Sinergia Consultoria

• 29/10, 10h30 – Projeto de sistema de recarga de veículos elétricos – João Cunha | Diretor – Mi Omega; e Rafael Cunha | COO – movE Eletromobilidade

• 29/10, 13h30 – Grid Zero - requisitos e proteção para geração distribuída – V inícius Ayrão | Engenheiro Eletricista – Sinergia Consultoria

• 29/10, 16h00 – Boas Práticas: Como minimizar problemas em instalações fotovoltaicas – Trajano V iana | Professor, Diretor – TrajanoV iana com

texto nacional e regional, principalmente em aspectos estratégicos como aplicações no agronegócio, uma vez que os estados do RS, SC e PR são responsáveis por boa fatia da produção nacional agrícola e pecuária, a prog ramação prevê, por exemplo, apresentações sobre armazenamento de energia com baterias e sistemas solares of f-grid (fora da rede). No caso do Rio Grande do Sul, após as consequências da enchente de 2024, há oportunidades para uma economia forte a partir de investimentos bilionários

em hidrogênio verde. Dados do painel de geração distribuída fotovoltaica no RS, constantemente atualizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), indicam que, até o final de setembro de 2025, havia 3,47 GW instalados em 371 098 instalações ativas no Estado, sendo 76,44% residenciais; 14,41% rurais; 7,60% comerciais; 1,30% industriais; 0,24% do poder público e praticamente zero em iluminação ou ser viço público

O programa – Para este ano, a programação do cong resso conta com seis sessões de apresentações e debates com especialistas da indústria, academia e associações do setor Por exemplo, “Panorama da Geração Distribuída Fotovoltaica no Sul do Brasil”, tema da primeira sessão, no dia 28, vai expor números, desaf ios, atualização regulatória e um projeto da UFRGS sobre energias renováveis e equidade de gênero. Já o painel seguinte tratará das perspectivas do hidrogênio verde em nível nacional (Veja a prog ramação do cong resso na página 24)

Minicur sos – Um formato que já provou seu sucesso nas edições da Intersolar é a prog ramação paralela de minicursos, com aprendizado prático e conhecimento exclusivo de tendências que transformam o setor solar e área correlatas, ministrados por renomados especialistas. Em Porto Alegre serão seis os minicursos, cuja prog ramação está na página 24

S e r v i ç o

O credenciamento para visitar a feira é gratuito As inscrições para o congresso e os minicursos devem ser feitas pelo site https://www intersolar-brasil com/ inicio Estudantes recebem desconto de 70%

OD

e s a f i o s d a i n f ra e st r u t u ra d e r e ca r g a e l é t r i ca e m c o n d o m ín i o s

A expansão da f ro ta elét r ica no Brasil expõe um gargalo: adap tar garagens de condomínios para a recarga segura e acessível. Est udo da McK insey projeta

1,4 mil hão de elét r icos em 2030, exigindo 5 80 mil car regadores 490 mil pr ivados

A qualidade das instalações e a clareza das regras de nirão se a elet romobilidade poderá crescer com segurança e escala nas grandes cidades

avanço da eletromobilidade no Brasil trouxe para o centro do debate um tema incontor nável: a adaptação dos condomínios residenciais e comerciais à instalação de estações de recarga de veículos elétricos O assunto conecta engenharia elétrica das instalações, segurança contra incêndio, modelos de negócio, gover nança condominial e regulação pública, e tem implicações diretas na velocidade de adoção dos veículos elétricos nas g randes cidades

Mantidas as condições mais normais de “pressão e temperatura”, a estimativa, segundo estudo da consultoria McKinsey Brasil, é o país chegar em 2030 a 1,4 milhão de veículos elétricos (incluindo os híbridos plug-in)

Para atender à demanda, serão necessários cerca de 580 mil carregadores, dos quais 90 mil públicos e 490 mil privados (residenciais e de frotas)

Com essa demanda puxada pela recarga domiciliar, que deve se consolidar como o padrão preferencial de uso por seu menor custo e melhor experiência proporcionada ao consumidor, a garagem do prédio tende a se transformar no campo de prova da

transição dos transportes A meta aí vai ser tor nar a operação segura, mas também viável e economicamente racional para síndicos, condôminos e administradoras

No plano técnico, o consenso entre especialistas é que o elo fraco ainda é a qualidade das instalações Para Evandro Mendes, CEO da Eletricus, empresa especializada em instalação de estações de recarga, o principal risco para o setor não está nos veículos nem nos carregadores, mas nas ligações malfeitas

Para Mendes, isso ocorre porque a aparência de simplicidade engana Um carregador lento permanece ligado por até oito horas, submetendo circuitos a estresse contínuo. Além disso, equipamentos rápidos em corrente contínua trabalham com altas potências e geram

harmônicas de corrente, exigindo cálculos de queda de tensão, ag rupamento de cabos e proteções adequadas Na análise do executivo, entre os erros mais comuns estão o uso de cabos “desbitolados”, que parecem ter determinada seção, mas trazem menos cobre do que o declarado. “Você paga barato em um cabo de 10 mm2, mas na verdade ele tem 6 mm2 de cobre Esse tipo de material aquece além do aceitável e pode causar incêndio”, af irma

Outro erro recorrente é ignorar a inf luência da temperatura ambiente sobre os disjuntores termomagnéticos. “Se estou no Nordeste, com 40 °C, um disjuntor que deveria atuar a 100 amperes pode abrir já em 90 Isso leva a quedas constantes de operação ou, pior, a falhas na proteção”, disse Para compensar, seria necessário superdimensionar cabos e disjuntores, mas essa prática é pouco considerada.

D i a g n ó s t i c o e c o n t r o l e d e r e c a r g a

O engenheiro Paulo Barreto, diretor da Barreto Engenharia, empresa

Marcelo Furtado, especial para FotoVolt

especializada em inspeção, comissionamento e consultoria de instalações elétricas, reforça que o despreparo técnico é hoje um dos maiores entraves à expansão segura dessa infraestrutura no Brasil Segundo ele, há empresas que baseiam seus estudos em medições pontuais da demanda máxima sem análise teórica complementar.

B ar reto (B

Engenhar

acesso a pontos de recarga. Se um pode, todos devem poder Num prédio de 100 apartamentos, por exemplo, isso signif icaria cerca de 370 kW só para os carregadores inviável para quase qualquer condomínio”, diz

sionados como risco ordinário 2 com chuveiros de resposta rápida Além disso, a extração mecânica de fumaça precisa ter, no mínimo, 10 trocas de ar por hora além de parâmetros de resistência ao fogo (TRRF) para a área de garagem

“Aplicar cont role de demanda em vez de cont role de recarga é um er ro concei t ual: pode inter romper car regamentos e exigir religamento manual ”

“Há quem ache que basta medir a demanda do condomínio por uma semana e subtrair da capacidade instalada Isso é um g rave equívoco”, alerta Barreto explica que um levantamento correto deve considerar fatores como o clima, a ocupação e o padrão real de consumo, exigindo tratamento analítico, não apenas medições empíricas

Ele acrescenta que estudos precários podem comprometer o funcionamento das estações e a segurança do edifício, provocando sobrecargas, derretimento de cabos ou até incêndios Barreto também destaca a importância de não confundir controle de demanda com controle de recarga

O primeiro, usado na indústria, apenas desliga cargas para evitar ultrapassar limites O segundo, adequado à recarga dos VEs, distribui dinamicamente a potência entre os carregadores via software “Aplicar controle de demanda em vez de controle de recarga é um erro conceitual: pode interromper carregamentos e exigir religamento manual”, af irma

Outro problema g rave, segundo ele, é o uso de tomadas comuns em garagens, prática divulgada em muitos novos prédios “O princípio da isonomia impede que apenas alguns moradores tenham

Barreto recomenda o investimento em wallboxes inteligentes, integ rados a sistemas de controle de recarga e conformes às normas NBR 5410 (de instalações elétricas em baixa tensão) e a NBR 17019:2022 (específ ica para instalações elétricas de recarga de veículos elétricos) As duas normas se complementam: a primeira estabelece os fundamentos de segurança e dimensionamento elétrico, enquanto a segunda trata das condições específ icas de recarga, modos de carregamento e controle inteligente de potência

Ele também enfatiza que a inspeção física posterior ao estudo de carga é indispensável, verif icando o estado real de cabos, quadros e dispositivos de proteção Barreto obser va que, surpreendentemente, condomínios antigos podem ter maior reser va de carga por terem sido projetados com folga elétrica, o que facilita a adaptação

Diretrizes da Ligabom

A lacuna de prevenção motivou o Conselho Nacional dos Cor pos de Bombeiros, a Ligabom, a publicar, em agosto de 2025, a Diretriz Nacional (Portaria nº 029/2025) sobre ocupações destinadas a garagens e locais com sistemas de alimentação de veículos elétricos, batizados de SAVE Embora ainda não tenha força de lei, o documento visa embasar instruções estaduais dos Bombeiros com parâmetros de segurança contra incêndio para garagens com pontos de recarga O documento prevê, entre outros pontos, que novas edif icações com garagens tenham sistemas de detecção de incêndio e sprinklers dimen-

Segundo a diretriz, há indicação de uso de disjuntores dedicados próximos às vagas, pontos de desligamento de emergência e restrições de equipamentos em áreas fechadas vedando, por exemplo, o uso de carregadores portáteis modo 2 em subsolos e sobressolos

Com prazos de adequação distintos para edif icações novas e existentes, há parâmetros comuns a todos os estados, como a adoção exclusiva dos modos de recarga 3 e 4 em locais inter nos e os pontos de desligamento manual próximos às estações e à entrada da garagem Além disso, também é recomendada identif icação clara dos disjuntores, afastamento mínimo de 5 metros de rotas de fuga onde haja apenas uma saída, sinalização específ ica e corte de energia dedicado entre as estações e a rede do prédio

A justif icativa técnica da Ligabom para a diretriz é que a carga de incêndio potencial nas garagens evoluiu, com veículos moder nos integ rando baterias de lítio, novos materiais e maior densidade de parkings, o que exigiria reforço de proteção ativa e passiva De acordo com o documento, não só carros elétricos, mas híbridos e a combustão, concentram maior carga de incêndio devido ao g rande uso de polímeros, eletrônica e pneus maiores, em um ambiente com depósitos anexos nas garagens

Reações do setor

Para Paulo Barreto, a diretriz é bem fundamentada e positiva no geral, sobretudo ao privilegiar o uso de wallboxes fixos e proibir carregadores

Paulo
ar reto
ia):

portáteis em áreas inter nas. “A decisão faz sentido técnico, porque os wallboxes são projetados para operação contínua e podem integrar sistemas de gestão de carga. O carregador portátil foi pensado para uso eventual, não permanente”, defende

Para ele, os carregadores portáteis não são para serem usados em garagens de condomínios, mas mais limitados a residências, pois são equipamentos sem lógica de controle. “Você pluga na tomada e ele é zero ou um ou está ligado, ou desligado Isso é inviável em condomínios, porque impede o gerenciamento da carga elétrica e eleva o risco de sobrecarga”, explica

O engenheiro reforça que o uso de wallboxes inteligentes, conforme previsto pela diretriz da Ligabom, é a solução técnica correta “O wallbox é projetado para operação contínua e permite integ rar o sistema de recarga ao software de controle, garantindo segurança e isonomia entre os moradores”, af irma

Como ponto de atenção, porém, Barreto critica na diretriz o item que prevê um ponto de desligamento geral de todos os carregadores, considerando-o uma fragilidade prática: “Em condomínios, isso é difícil de implementar e manter Pode gerar insegurança, porque qualquer manutenção malfeita pode inutilizar o sistema”

Ele explica que desligamentos individuais já previstos nos projetos são suf icientes e que o desligamento centralizado vira um ponto frágil na hora de uma manutenção com um prestador de ser viços sem conhecimento técnico

Outros agentes do setor reconhecem a preocupação legítima com segurança dos Bombeiros, mas apontam desequilíbrios Para Evandro Mendes, da Eletricus, o foco está deslocado do ponto de maior risco: “Estão preocupados com a bateria do carro, quando estatísticas mostram que veículos

íst icas most

que veículos elét r icos têm r isco 63 vezes menor de incêndio que os a combustão O maior r isco está na instalação elét r ica”

elétricos têm risco 63 vezes menor de incêndio que os a combustão. O maior risco está na instalação elétrica” Mendes critica a restrição a carregadores portáteis, de menor potência. “Há carregadores portáteis modo 2 muito mais seguros do que vários wallboxes que entram no mercado. Limitar o equipamento pelo formato não faz sentido”, diz Segundo ele, a questão poderia ser resolvida se todos os carregadores fossem certif icados pelo

Inmetro e com infraestrutura seguindo as normas técnicas.

Para ele, outro ponto polêmico é que a diretriz se concentra em medidas de combate a incêndio, mas não estabelece mecanismos ef icazes de f iscalização da instalação elétrica em si. “O bombeiro vai olhar se tem sprinkler, mas não vai olhar se o cabo usado era o correto, se a queda de tensão foi calculada, se o disjuntor foi dimensionado para a temperatura ambiente E é aí que está o maior risco”, critica

Sob esse ponto de vista, ele reforça que a responsabilidade deveria recair sobre a qualif icação dos prof issionais “A norma deveria obrigar que só engenheiros habilitados f izessem projetos e que houvesse ART registrada no CREA Isso elevaria o nível técnico das instalações ”

Também para Hélio Ferraz, o CEO da EnergySpot, outra empresa especializada em instalações de recarga, o elevado g rau de exigências – que tem potencial até para inaugurar uma nova era da construção civil – apresenta sérios riscos Aplicada de forma

indiferenciada aos cerca de 700 mil condomínios do país, o principal é o de poder criar um custo proibitivo e desestimular projetos sobretudo em prédios antigos com limitações físicas, como pé-direito baixo e pouca área para eletrocalhas

As consequências práticas das diretrizes, segundo ele, podem ser perversas Primeiro, desestimulam a mobilidade elétrica, já que moradores podem desistir da compra de um veículo por falta de condições de recarga em casa Segundo, obrigam usuários a depender de eletropostos públicos, onde a carga rápida predomina o que, paradoxalmente, acelera a degradação das baterias e aumenta a probabilidade de falhas térmicas.

Hélio Fer raz (EnergySpo t): “O ideal em condomínios é usar car regadores de menor po tência, que consomem menos energia e per mi tem atender a mais veículos”

Ferraz reconhece a legitimidade da preocupação dos Bombeiros, mas ressalta que a solução não pode ser generalizada. “O resultado será travar a expansão dos veículos elétricos nas cidades”, diz Para ele, o arcabouço técnico já disponível ABNT NBR 5410 (baixa tensão), NBR 17019 (infraestrutura de recarga, publicada em 2022 e referenciada à IEC 60364-7-722) e NBR 5419 (proteção contra descargas atmosféricas) seria suf iciente para orientar instalações seguras, desde que acompanhado de gestão ativa de carga para evitar reforços caros da entrada de energia.

Menos incêndios

Para Ferraz, inclusive, a percepção de risco dos Bombeiros precisa ser relativizada, a se guiar por alguns

Evandro Mendes (E let r icus):
Estat
ram

estudos. Análise da EV FireSafe, da Austrália, por exemplo, indica que apenas 15% dos incêndios em veículos elétricos ocorrem durante a recarga, contra 85% ligados a colisões ou falhas posteriores Além disso, levantamentos compilados pela AutoInsuranceEZ, com dados do NTSB, sugerem 25 incêndios por 100 mil unidades em elétricos, frente a 1 529 em veículos a combustão e 3 474 em híbridos

Além do excesso de sistemas antiincêndio, que se estendem a todas as vagas do estacionamento, um ponto que ele também critica da diretriz da Ligabom é a determinação de que apenas carregadores Tipo 3 e 4 sejam admitidos em áreas inter nas “O ideal em condomínios é usar carregadores de menor potência, inclusive portáteis, porque eles consomem menos energia e permitem atender a mais veículos Não faz sentido forçar o uso de wallboxes de 22 ou 30 kW em prédios que mal suportam ar-condicionado em todas as unidades”, af irmou

Para ele, a ênfase da regulação deveria ser na verdade estimular o uso de carregadores de baixa potência em condomínios, e não os restringir Isso também porque pesquisas acadêmicas mostram que a carga lenta, além de mais segura, preser va a vida útil das baterias, reduzindo a deg radação térmica

Além disso, a recarga notur na com os carregadores de baixa potência atendem ao perf il de uso residencial “Por que acelerar uma carga em três horas se o carro f icará oito ou dez horas estacionado? A pressa em condomínios é artif icial e só aumenta o risco para a rede elétrica e para as baterias ” Na avaliação de Ferraz, mais do que as precauções exageradas com incêndios, o caminho para tor nar as instalações mais seguras seria também adotar sistemas de controle de demanda e balanceamento de carga. Esses recursos permitem medir a energia disponível e distribuí-la de forma di-

nâmica e igualitária entre os veículos, garantindo recarga dentro da capacidade do prédio

“O pico de consumo residencial é das 18h às 23h. Não faz sentido carregar carros nesse horário com potência máxima O sistema precisa distribuir a carga ao longo da madrugada, quando há energia sobrando.”

Essa gestão de demanda, para ele, é o eixo de viabilidade em edifícios multifamiliares Com balanceamento e controle, é possível distribuir dinamicamente a potência disponível, priorizar por f ila, perf il ou horário, e aproveitar a madrugada (fora do pico residencial das 18h às 23h) para recargas mais longas e brandas, preser vando a vida útil das baterias

Mas, segundo Paulo Barreto, o problema dos carregadores portáteis em condomínios está justamente na dif iculdade de se fazer controle de recarga “No wallbox, se o sistema detecta que há 100 kW disponíveis e 20 carregadores ligados, ele divide automaticamente: cada um recebe 5 kW Nenhum deles precisa ser desligado É um processo contínuo, seguro e previsível Já o carregador portátil não tem essa capacidade ou liga tudo ou desliga tudo ”

É por conta disso que o especialista aponta que o carregador portátil foi projetado para uso eventual, em uma residência unifamiliar “No condomínio, a carga simultânea é imprevisível e o risco de sobrecarga é alto Por isso, o ideal técnico é o uso de wallboxes com controle de recarga ”

D e s a f i o s p r e s e n t e s

Além dos desaf ios futuros com as novas exigências dos Bombeiros, no presente o cenário também não é fácil, a despeito do ritmo de crescimento acelerado nos pedidos Segundo o CEO de outra empresa especializada, a Vox Ecopower, Renan Verli, os problemas atuais já começam na fase de

implantação. “A palavra mais difícil em condomínio é consenso ” , disse, lembrando que assembleias de condomínios costumam travar debates, muitas vezes por falta de informação técnica

Além disso, há problemas de infraestrutura: muitos prédios, sobretudo antigos, têm sistemas elétricos subdimensionados, incapazes de suportar a demanda adicional

Segundo ele, os riscos são variados

Uma instalação mal planejada pode levar à sobrecarga da rede predial, disparo do disjuntor geral ou até acidentes elétricos

Em regiões como Copacabana, no Rio de Janeiro, por exemplo, onde f ica a sede da empresa, a situação é crítica: transformadores já operam acima de 100% de sua capacidade, inviabilizando projetos de recarga sem g randes reformas estruturais.

Verli explica que existem dois modelos principais para implantação O primeiro é o coletivo, em que um sistema centralizado e balanceado gerencia os pontos de recarga Nesse caso, uma empresa especializada controla a distribuição de carga por meio de aplicativos em nuvem, realiza a cobrança individualizada e repassa os valores ao condomínio Ele compara esse modelo à manutenção de elevadores: exige responsabilidade técnica e acompanhamento contínuo

O segundo modelo é o individualizado, no qual cada carregador é conectado diretamente ao medidor da unidade Embora mais simples, ele pode gerar riscos de picos simultâneos

Renan Verli (Vox Ecopower): “A palavra mais di f ícil em condomínio é consenso ”

de consumo, principalmente à noite, além de comprometer o sistema elétrico do edifício Por isso, é viável apenas em condomínios pequenos, com baixa demanda.

Outro ponto fundamental é a viabilidade técnica Mesmo que haja demanda econômica ou seja, muitos moradores interessados , a instalação só é possível se a infraestrutura elétrica comportar Caso contrário, reformas na entrada de energia do prédio se tor nam indispensáveis, elevando custos e exigindo aprovação em assembleia

Os condomínios antigos enfrentam ainda outra dif iculdade: mesmo sem carros elétricos, muitos já operam com sistemas elétricos obsoletos e sobrecarregados Nesses casos, a moder nização é inevitável não só para viabilizar recarga, mas para garantir o próprio seguro do edifício Essa pode ser uma oportunidade para incluir a demanda adicional da eletromobilidade nos projetos de retrof it

Já para o diretor da Barreto Engenharia, Paulo Barreto, a percepção de que prédios antigos teriam mais dif iculdades para receber estações de recarga não se conf irma na prática “Pela minha experiência, os condomínios mais antigos têm reser va de carga

maior. É mais fácil fazer a adaptação neles do que em muitos edifícios novos ” , af irma

O engenheiro explica que, nas décadas passadas, as construções eram projetadas com maior folga elétrica e equipamentos menos ef icientes, o que resultava em entradas de energia mais generosas. “Já cheguei a estudar edifícios da década de 1950 em que a carga disponível era equivalente à de outro prédio inteiro igual àquele”, diz

Segundo ele, essa folga pode ser determinante para viabilizar a infraestrutura de recarga sem g randes obras “Muitos condomínios antigos conseguem instalar os carregadores apenas com ajustes inter nos, sem precisar ampliar a entrada de energia ”

O engenheiro alerta, contudo, que a idade da instalação exige cautela. “Mesmo quando há reser va de carga, é indispensável fazer uma inspeção física completa ver o estado dos cabos, dos quadros e dos dispositivos de proteção”, destaca

Essa verif icação, segundo Barreto, identif ica eventuais pontos frágeis e def ine se é necessário algum retrof it parcial “A condição elétrica e física precisa ser avaliada Às vezes, basta reforçar conexões ou substituir um disjuntor, sem custos altos”, af irma.

Já nos casos em que a reser va de carga é insuf iciente, as reformas na entrada de energia podem variar muito de preço, alerta Barreto “Vai depender do que precisa ser feito. Eu já vi adequações custarem de R$ 300 mil a R$ 1,5 milhão”, diz

Ainda assim, ele ressalta que investir em um estudo técnico bem-feito pode evitar gastos desnecessários “Um levantamento completo de R$ 20 mil pode economizar R$ 500 mil em obras que, na prática, talvez nem sejam necessárias”, obser va

Ve r t i c a l i z a ç ã o n o B r a s i l

Apesar dos desafios, a tendência é clara O crescimento acelerado da frota de veículos elétricos no país e no mundo tor na inevitável a expansão da infraestrutura de recarga “ em casa ” , onde a experiência da eletromobilidade é melhor para os donos e de menor custo do que a pública ou semipública.

Mas para atender a demanda futura, tanto no Brasil como no mundo, algo precisará ser feito para reverter o quadro atual global da recarga privada, onde as recargas são mais acessíveis para usuários em moradias “unifamiliares” (casas) do que nas “multifamiliares” (condomínios).

Segundo a Agência Inter nacional de Energia (IEA, em inglês), em países como os Estados Unidos e o Canadá, onde a casa unifamiliar predomina, cerca de 83% e 80% das recargas, respectivamente, acontecem no domicílio O cenário empurra moradores de condomínios para recargas públicas

Na Europa, o avanço regulatório busca reduzir essa lacuna Uma nova versão da Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), aprovada em 2024, exige pré-cabeamento e metas de pontos de recarga em novas edif icações residenciais e nas que passarem por reformas relevantes, além de prever smart charging e, quando aplicável, bidirecionalidade

Estudo para o mercado norte-americano, do NREL, chega à mesma conclusão, com recomendações para estímulo de estações de recarga em condomínios Quem não tem acesso à recarga residencial tende a arcar com um custo

total de propriedade maior, além de enfrentar mais barreiras práticas no dia a dia

Já no Brasil a discussão ganha maior escala à medida que a verticalização avança O Censo 2022 do IBGE mostra que 12,5% da população já reside em apartamentos, participação que subiu de 8,5% em 2010. Em algumas capitais e no Distrito Federal, o percentual é ainda muito superior Esse dado demog ráf ico é decisivo: quanto mais famílias em prédios, maior a pressão por infraestrutura condominial de recarga e por reg ras claras de medição, cobrança e segurança

Pelo lado da oferta, a rede pública brasileira evoluiu rapidamente, mas segue insuf iciente para substituir o carregamento domiciliar Em fevereiro de 2025, estudo da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) com a Tupi Mobilidade mapeou 14 827 eletropostos públicos e semipúblicos

no país, crescimento de 22% em três meses e expansão especialmente forte em DC rápido

Ainda assim, a maior parte das sessões de recarga continuará acontecendo em ambientes privados, nas garagens residenciais e estacionamentos de destinos, como constata o estudo da McKinsey Brasil de que para 2030 a previsão é de 490 mil carregadores privados A diferença de experiência e custo entre recarga residencial e pública reforça a necessidade de soluções dentro de condomínios Mas para isso ocorrer a um ritmo aceitável basta o excesso de exigências dos Bombeiros e os problemas com as instalações não se tor narem obstáculo

I n f o r m a ç ã o t é c n i c a

O s 1

0 0 a n o s d e u m a p u b l i c a ç ã o

e s s e n c i a l

Quando, em 2004, a revista Eletricidade Moderna firmou um acordo de colaboração editorial com a revista alemã “de” (das elektrohandwerk), sabia o que estava fazendo País que sempre esteve na vanguarda na eletrotécnica mundial, cuja entidade normalizadora das áreas elétrica, eletrônica e de TI, a VDE, elabora normas pioneiras em diversos aspectos da engenharia eletrotécnica (a ponto de ser virem de base, em vários casos, para as próprias normas IEC correspondentes), a Alemanha produzia o que de melhor havia em termos de literatura técnica, em que pontificava a revista “de”, então com “ apenas ” 76 anos de publicação Nosso editor à época, o g rande José Rubens Alves de Souza, conf iou ao consultor Celso L P Mendes a missão de ir à Alemanha negociar o acordo. “Fui gentilmente recebido em Munique pelo engenheiro Andreas Stöcklhuber, editor da “de”, e f irmamos com a editora Hüt hig GmbH (na época, Hüt hig & Pf laum) um acordo muito honroso para a Aranda Editora, e desde então

Celebramos aqui o centenár io da revista técnica alemã de - das elekt rohandwerk , uma das mais concei t uadas do mundo no meio elet ro técnico e há 2 1 anos parceira edi tor ial de FotoVolt e de EM – E let r icidade Moder na.

passamos a selecionar artigos para a pauta de EM (e depois de FotoVolt), e publicá-los sob licença exclusiva dos editores”, lembra Celso “Esta possibilidade de comparação com as práticas

alemãs foi e é um diferencial importante, muito bem recebido pelos nossos leitores”, completa Pois em 2025 a revista “de” está completando 100 anos de publicação A capa da edição comemorativa, que mostramos aqui, trouxe um mosaico com capas selecionadas desde 1925, além de um excelente editorial escrito pelo editor Andreas Stöcklhuber, que temos o prazer de reproduzir, pela qualidade do texto, pelo ótimo retrospecto da atividade do prof issional de eletricidade e pelo prognóstico de que, com eletricidade tor nando-se a fonte de energia cada vez mais dominante, esse prof issional tende a assumir sempre maior protagonismo Ficam aqui registradas, portanto, nossas felicitações e ag radecimentos a esta excelente e longeva publicação, que sobreviverá enquanto existirem engenheiros e técnicos de eletrotécnica por mais 100 anos? 1000 anos? Quem arisca um palpite?

Mauro Crestani, editor de EM e FotoVolt

A história às vezes se repete A história às vezes se repete

“de”

Em comparação com outros ofícios, o de eletricista é bastante recente Por volta de meados do século XIX, a eletricidade tornou-se de uso geral e só a partir dessa época surgiram os campos de atividade correspondentes. Em 1902, foi f inalmente fundada em Frankfurt/M a “Associação das Empresas de Instalações Eletrotécnicas da Alemanha”, antecessora da entidade atual [ZVEH, na sigla em alemão] Em 1923, foi publicada pela primeira vez uma revista técnica específ ica para o prof issional de eletricidade No entanto, só em 2025 celebramos o nosso 100º aniversário [em razão de uma pausa na atividade da revista, forçada pela situação do pós-guerra]

no futuro e conquistará também, além das aplicações existentes, as áreas de aquecimento, refrigeração e mobilidade, que ainda são dominadas por outras matérias-primas Este cenário é geralmente designado All Electric Society

No século passado, diversos eventos marcaram a sociedade alemã, tanto negativos, como a hiperinf lação de 1923 ou a Segunda Guerra Mundial, quanto positivos, como a reunif icação da Alemanha. O desenvolvimento tecnológico também avançou a passos largos Muito do que hoje nos parece natural era, naquela época, um objetivo ainda distante. Assim, por exemplo, no f inal da década de 1920, apenas cerca de 50% das residências em Berlim tinham conexão à rede elétrica

Atualmente, estas efemérides propiciam, além de uma retrospectiva, também a oportunidade de vislumbrar o futuro. E isso me deixa muito otimista em relação ao nosso setor A eletricidade se tornará a fonte de energia dominante

Estamos no meio deste processo de transformação, e esta é também a razão pela qual às vezes ele nos parece um tanto “acidentado” É claro que tais mudanças nem sempre ocorrem de forma 100% linear; há desvios e até retrocessos (a última lanterna a gás em Munique, por exemplo, só foi desativada em 1966). Contudo, o desenvolvimento aponta claramente uma direção Somente em perspectiva este processo se af igura linear A prof issão de acendedor de lanternas desapareceu.

O petróleo e o gás como fontes de energia vêm sendo substituídos pela eletricidade – esta evolução pode ser observada na atualidade, por exemplo, nas bombas térmicas e na eletromobilidade A história e os avanços tecnológicos às vezes parecem se repetir. Não posso avaliar se, ao longo deste curso, outras prof issões desaparecerão, mas uma coisa é certa: o ofício do eletricista não está entre elas. Diz um ditado alemão que o ofício técnico tem terreno fértil (Handwerk hat goldenen Boden) Eu gostaria de acrescentar: o futuro da nossa sociedade repousa sobre um terreno eletrotécnico Saudemos, pois, os próximos 100 anos!

G e r a ç ã o d i s t r i b u í d a

I n v e rs ã o d o f l u xo d e p ot ê n c i a e m
i n st a l a ç ã o i n d u st

r i a l

Gabriel Fernandes Ferreira, Fernando Nunes Belchior, Antônio Melo de Oliveira e Marcelo Stehling de Castro, da UFG - Universidade Federal de Goiás

Aprog ressiva integ ração de fontes renováveis ao sistema elétrico, em especial da geração fotovoltaica (SFV), tem trazido novos desaf ios e oportunidades. Nesse contexto, tor na-se essencial compreender os impactos técnicos e econômicos da interação entre geração distribuída (GD) e consumo, sobretudo em ambientes industriais, caracterizados por demandas energéticas dinâmicas e intensas. Este artigo apresenta um estudo realizado em uma unidade fabril na cidade de Aparecida de Goiânia, GO, com o objetivo de investigar a qualidade de energia elétrica e os fenômenos associados à inversão do f luxo de potência Para isso, foi utilizado um instrumento digital de medição e análise, que permitiu capturar dados em alta resolução e avaliar a dinâmica energética com precisão

Fundamentação teórica

A presença crescente de sistemas fo tovoltaicos em ambientes indust r iais tem revelado desa os relevantes para a estabilidade e a qualidade da energia. Em plantas com demanda var iável, as interações ent re a geração local e a rede podem causar inversões abr up tas de uxo, a fetando a con abilidade e a vida út il dos equipamentos, re forçando a impor tância de est udos voltados à operação e ciente e segura.

Em indúst r ia com planta fo tovoltaica de 300 kWp, est udo avaliou a relação ent re geração local e cur va de po tência demandada, ver i cando a ocor rência e intensidade da inversão do uxo de po tência

possibilitando benefícios signif icativos, como redução de emissões de gases de efeito estufa e diminuição da dependência de combustíveis fósseis No entanto, essa transição também apresenta desaf ios técnicos, entre os quais se destaca a inversão do f luxo de potência, um fenômeno que pode afetar a estabilidade e a qualidade da energia elétrica for necida.

A crescente adoção de sistemas GD, principalmente a partir de fontes solares fotovoltaicas, tem transformado o panorama energético global,

A análise de f luxo de potência envolve um conjunto de equações não lineares que descrevem o equilíbrio de potência em cada barramento. Trata-se de uma ferramenta fundamental em engenharia elétrica para avaliar a operação dos sistemas, permitindo determinar as tensões, correntes e f luxos de potência em todos os componentes de um sistema sob condições de operação

estáveis Com o crescente uso de fontes de GD e o consumo variado das unidades consumidoras, a análise de f luxo de potência tor na-se ainda mais crucial para garantir a ef iciência e a conf iabilidade da rede elétrica

A cur va do pato Durante o dia, especialmente nas horas de maior insolação, a geração fotovoltaica pode exceder signif icativamente a demanda local de energia Isso resulta em um f luxo de potência reverso Ou seja, o excesso de energia gerada pelos sistemas fotovoltaicos não é consumido localmente, mas sim exportado para a rede elétrica

Como se vê na f igura 1, essa inversão de f luxo de potência se manifesta durante o período de menor demanda (o “vale” da cur va), geralmente no início da tarde. Neste período, os SFV enviam energia para a rede, acentuando o vale da cur va, criando desaf ios de estabilidade e gestão, haja vista que o sistema elétrico precisa lidar com a injeção de energia em períodos de baixa demanda

Quando o sol começa a se pôr e a geração solar diminui rapidamente, o f luxo de potência volta ao normal, e a rede tem de suprir a demanda crescente das cargas, o que causa a rápida ascensão da cur va no f inal da tarde e início da noite. Esse comportamento ressalta a importância de estratégias como armazenamento de energia e controle avançado de carga para gerenciar a inversão do f luxo de potência e manter a estabilidade da rede

A f igura 1 [1] ilustra o balanço energético entre a demanda de consumo e a oferta de energia elétrica proveniente de fontes renováveis A cur va azul representa a demanda de consumo ao longo do dia 22 de outubro de 2016, no estado da Califór nia, EUA. Ao subtrair a potência gerada pelas fontes solar e eólica (cur va laranja), obtém-se a demanda que deve ser suprida pelas demais fontes de energia elétrica, como combustíveis fósseis, hidrelétricas e termonucleares, entre outras

Embora reduzir a dependência de fontes não renováveis seja o principal objetivo das indústrias eólica e fotovoltaica, o problema surge quando a demanda não é suf iciente para absor ver toda a energia gerada. E, diferentemente das fontes convencionais, a geração eólica e solar não pode ser facilmente interrompida para equilibrar demanda e for necimento. Este fenômeno, quando o for necimento supera a demanda local, é chamado inversão do f luxo de potência

Essa injeção excedente de potência pode, inclusive, ultrapassar as capacidades nominais do sistema, provocando a atuação de equipamentos de proteção, sobrecargas nos transformadores e elevação dos níveis de tensão em turbogeradores síncronos, em função da baixa demanda líquida

E s t u d o d e c a s o

A indústria referenciada neste artigo é especializada na fabricação de painéis elétricos e eletrocentros, sendo localizada em Aparecida de Goiânia, Goiás A unidade em análise possui uma planta de geração fotovoltaica (SFV) de 300 kWp. Neste estudo, o objetivo foi analisar a dinâmica de inversão do f luxo de potência, particularmente em cenários com GD, como a solar, e suas interações com a demanda de potência Foi avaliada a relação entre a geração local e a cur va de potência demandada, verif icando a ocorrência e intensidade da inversão do f luxo de potência

As medições foram realizadas diretamente na barra do quadro de

transferência automática (QTA), o que permitiu uma análise abrangente dos f luxos de potência e de sua dinâmica no sistema Essa conf iguração permitiu monitorar tanto a injeção quanto o consumo de potência, possibilitando uma obser vação precisa dos momentos de inversão

A f igura 2 indica o local escolhido para a instalação dos instrumentos de medição Conforme mencionado, o estudo foi realizado no QTA, responsável pela comutação entre a rede da concessionária e o g rupo gerador, no caso de uma falha da rede Este painel concentra a corrente resultante (líquida) consumida pela indústria.

Para as medições, foi selecionado o analisador de energia Fluke 1775, capaz de for necer múltiplos parâmetros essenciais para uma análise abrangente da qualidade de energia elétrica, e que possui conformidade com as normas IEC 61000-4-30 [2] Classe A, IEC 61000-4-7 e IEC 610004-15, as quais são fundamentais para garantir o atendimento dos dados capturados a padrões de qualidade e precisão exigidos em estudos de conformidade e comparação

O Módulo 8 do Prodist estabelece, em 2 5 1 1, que: “O conjunto de leituras para gerar os indicadores individuais deve compreender o registro de 1008 leituras válidas obtidas em inter valos consecutivos (período

F ig 1 - Medição horár ia de carga sem cont r ibuição eólica e solar [1]

de integ ralização) de 10 minutos cada, salvo as que eventualmente sejam expurgadas” [3]

Para iniciar a análise, verif icou-se a conformidade da tensão de alimentação com os limites entre 202 V e 231 V, estabelecidos pelo Módulo 8 do Prodist, considerada adequada para sistemas de baixa tensão em 380 V/220 V, conforme f igura 3 e tabela I

A f igura 4 mostra a cur va de potência consumida e a injetada na rede da concessionária. Os dados revelam a potência líquida injetada no ponto de conexão com o transformador e, consequentemente, com a concessionária de energia elétrica. A cur va apresenta tanto momentos de exportação de potência excedente, associados aos períodos de pico do SFV, quanto de consumo líquido, quando a carga local supera a geração

O funcionamento contínuo próximo ao limite de capacidade do trans formador pode comprometer a vida útil do equipamento e afetar a qualidade de energia for necida A avaliação contínua da potência líquida ao longo do período é indispensável para validar a viabilidade operacional do sistema e identif icar a necessidade de ajustes

Nas cur vas analisadas, nota-se um comportamento diário consistente, com exceção dos dias 23 e 24/03/2024 (f im de semana), quando a atividade fabril foi signif icativamente reduzida. Com a queda da demanda, o sistema apresentou predominância de injeção de energia gerada pelo SFV, aproximando-se perigosamente da capacidade nominal do transformador Essa situação suscita preocupações quanto à segurança operacional do equipamento, sobretudo em relação ao impacto térmico e risco de sobrecarga

A análise destaca a inf luência das variações operacionais da planta industrial na dinâmica de potência do sistema Durante os dias úteis, o consumo da atividade fabril modula a

F ig 3 - Tensão média medida ent re

Tensão de atendimento Faixa de variação da tensão de leitura (V)

Adequada (350 ≤ TL ≤ 399)/(202 ≤ TL ≤ 231)

Precária (331 ≤ TL < 350 ou 399 < TL ≤ 403)/(191 ≤ TL < 202 ou 231 < TL ≤ 233)

Crítica (TL <

relação entre geração e injeção de potência, enquanto aos f inais de semana, a menor demanda permite uma análise mais isolada da contribuição do SFV e do comportamento do sistema em condições de baixa carga

A f igura 5 ilustra a injeção de potência do SFV ao longo do período analisado A f im de permitir uma análise mais clara, o dia 25/03/2024 foi adotado como referência para detalhar as medições realizadas, por evidenciar os efeitos da inversão do f luxo de

potência no ponto de conexão com a rede da concessionária Neste dia, é possível identif icar o fenômeno da “ cur va do pato” Nas primeiras horas da manhã, obser va-se uma elevação signif icativa no consumo de energia da concessionária, o que ref lete um período com baixa irradiação solar Esse aumento no consumo é prog ressivamente amortizado com o avanço da manhã, à medida que a potência gerada pelo SFV cresce e passa a suprir parte da demanda local

2 1 e 2 8/3/2024
Tab I - Pontos de conexão em tensão nominal igual ou inferior a 2,3 kV (380 V/220 V) [3]
F ig 4 - Po tência at iva nos bar ramentos do QTA

Por volta do meio-dia, período em que se obser va a máxima geração do SFV, ocorre uma acentuada redução no consumo de energia da fábrica Essa queda é intensif icada pela pausa temporária das atividades industriais, já que boa parte dos colaboradores se encontra em inter valo para o almoço Nesse mesmo período, a geração fotovoltaica atinge seu pico, resultando no ápice da inversão do f luxo de potência, registrado às 11h50, quando houve uma injeção líquida de 145,31 kW na rede da concessionária

Por sua vez, o retor no das atividades após o almoço traz um desaf io signif icativo: a demanda por potência cresce de forma abrupta, sendo suprida pela concessionária de energia

Essa variação repentina de carga imposta à rede elétrica pode desencadear diversos impactos técnicos no sistema de potência

Quando ocorre uma mudança súbita na solicitação de potência, os geradores conectados ao sistema precisam ajustar rapidamente sua saída para manter o equilíbrio entre geração e consumo, o que pode levar a variações na frequência do sistema Além disso, a rápida alteração na demanda pode provocar afundamentos ou elevações transitórias nos níveis de tensão, especialmente em sistemas com baixa inércia ou limitada capacidade de resposta dinâmica. Para subestações e transformadores, há um aumento do estresse térmico devido ao crescimento

F ig 6 - Fator de po tência
F ig 5 - Po tência at iva for necida pela usina fo tovoltaica

momentâneo da corrente elétrica, o que pode reduzir a vida útil desses equipamentos ou causar sobrecargas

Analisando a geração do SFV em 25/03/2024, obser va-se que o pico de produção ocorreu às 11h45, quando a usina fotovoltaica for neceu 239,66 kW para o consumo da fábrica Esse valor representa a máxima geração do dia, suf iciente para atender integ ralmente à demanda da unidade industrial, com o excedente sendo injetado na rede da concessionária de energia elétrica. Esse comportamento caracteriza um momento de inversão do f luxo de potência, em que a geração solar supera a necessidade da fábrica, resultando em injeção líquida de energia na rede

Entretanto, em razão das condições meteorológicas obser vadas no dia, a geração fotovoltaica foi ligeiramente inferior ao valor projetado para o sistema de 300 kWp O perf il da cur va de geração, apresentado no g ráf ico, evidencia uma redução na produção de energia, com ocorrência de sombreamentos ao longo do período

Essas análises destacam o impacto signif icativo do perf il de consumo da carga sobre o funcionamento da rede elétrica O pico da geração fotovoltaica ocorre justamente no período em que a demanda da fábrica é reduzida de forma abrupta, fazendo com que a energia excedente gerada pela usina precise ser direcionada à rede

A figura 6 mostra o comportamento padrão do fator de potência (FP) ao longo da semana de medição O gráfico revela tendências, como a ocorrência de valores negativos em determinados períodos, especialmente durante a madrugada, mesmo quando o sistema está consumindo potência ativa da concessionária. Esse fenômeno está relacionado à direção da potência reativa no sistema, que pode inverter o sinal do FP sem que a potência ativa seja exportada.

O FP negativo ocorre quando a potência reativa é predominantemente

for necida pelo sistema local para a rede Isso pode ser resultado da operação de inversores de frequência, bancos de capacitores ou outros equipamentos que geram potência reativa em excesso Outro fator relevante é o comportamento de cargas não lineares ou desequilibradas, que podem impactar a medição e a inter pretação do FP. Essa condição reforça a necessidade de uma análise detalhada das contribuições de potência ativa e reativa, bem como das conf igurações de dispositivos de compensação no sistema

Essas análises são fundamentais para compreender o comportamento do FP em sistemas com GD e identif icar oportunidades de otimização, como ajustes em inversores, balanceamento de cargas ou reavaliação de compensadores reativos.

A f igura 7 apresenta a relação entre as potências ativa e reativa, justif icando o que foi apresentado na f igura 6, com valores do FP negativo em diferentes períodos, tanto na madrugada quanto durante a inversão do f luxo de potência

Essa exportação de potência reativa, geralmente resultante do excesso de compensação gerada por inversores, bancos de capacitores ou outros dispositivos, é a principal causa do FP negativo nesse período Apesar de o sistema consumir potência ativa, a predominância da exportação de potência reativa inverte o ângulo entre corrente e tensão, gerando o sinal negativo do FP

No momento de inversão do f luxo de potência, a energia ativa gerada pela usina fotovoltaica excede a demanda local e é injetada na rede Nesse caso, o que se inverte é a potência ativa; a potência reativa mantém seu comportamento, sendo consumida ou for necida conforme a demanda das cargas e o ajuste dos dispositivos de compensação Essa dinâmica evidencia que, enquanto na madrugada o fator de potência negativo decorre da predominância da potência reativa exportada,

durante o período de inversão do f luxo de potência ele resulta da mudança no sentido da potência ativa gerada pelo SFV

A análise detalhada desses cenários ressalta a importância de se considerar tanto a potência ativa quanto a reativa para compreender o comportamento do fator de potência. Os resultados reforçam a necessidade de ajustes nos sistemas de geração e compensação reativa, como conf igurações adequadas de inversores e bancos de capacitores, além de um monitoramento contínuo para otimizar a operação e assegurar a conformidade com as normas de qualidade de energia. Tais aspectos têm impacto direto na cobrança de encargos como Energia Reativa Excedente (ERE) e Demanda Reativa (DRE), regulamentados pela Resolução nº 1000 da Aneel [4]

C o n c l u s õ e s

O estudo destacou a complexidade envolvida no gerenciamento de sistemas elétricos industriais, e reforçou a importância de aliar conhecimento teórico à prática para enfrentar desaf ios técnicos e promover soluções ef icazes

Um avanço relevante para as conclusões seria a expansão do estudo para outras unidades consumidoras adjacentes conectadas ao mesmo ramal

de alimentação. Essa abordagem possibilitaria identif icar padrões recorrentes no sistema, incluindo eventos transitórios de tensão e variações na potência demandada da subestação de distribuição durante a retomada de carga após inversões do f luxo de potência

R e f e r ê n c i a s

[1] Califor nia ISO A curva do pato da Califórnia - Lições para energias renováveis na Índia? Disponível em: <https://pt linkedin com/ pulse/cur va-do-pato-da-calif%C3%B3r nia-li%C3%A7%C3%B5es-para-energias-na-botteon> Acesso em 15/8/2025

[2] IEC 61000-4-30 - Electromagnetic compatibility (EMC) - Part 4-30: Testing and measurement techniques - Power quality measurement methods 2021 Disponível em: <https://webstore iec ch/en/publication/68642> Acesso em 25/8/2024

[3] Prodist Módulo 8 - Qualidade da Energia Elétrica Disponível em https://www2 aneel gov br/cedoc/aren2021956 2 7 pdf Acesso em 15/8/2025

[4] Agência Nacional de Energia Elétrica Resolução 1000 da Aneel, seus direitos sobre energia elétrica, agora num só lugar! (2022) Disponível em: <https://www gov br/aneel/pt-br/ assuntos/campanhas/resolucao-1000-daaneel-seus-direitos-sobre-energia-eletricaagora-num-so-lugar-2022> Acesso em 15/8/2025

I n v e r s o r e s h í b r i d o s

Os inversores híbr idos com bater ia incor porada ganham espaço nas instalações fo tovoltaicas por reunir, em um único equipamento, t rês f unções est ratégicas: inversão de energia, gestão do sistema e ar mazenamento Este guia apresenta a o fer ta nacional desses equipamentos, com dados sobre po tência, t ipo e tensão das bater ias, e ciência e out ras caracter íst icas técnicas Da Redação de FotoVolt G u i a Obs : Os dados constantes deste guia foram for necidos pelas próprias empresas que dele par ticipam, de um total de 107 empresas pesquisadas Fonte: Revista Fotovolt, outubro de 2025 Este e muitos outros guias estão disponíveis on-line, para consulta Acesse https://www arandanet com br/revista/fotovolt/guias e confira Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias Basta preencher o for mulário em www arandanet com br/revista/fotovolt/guia/inserir/

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brasil@saj-electric com

S i s t e m a s o f fg r i d

D e s e m p e n h o d e s i s t e m a s i n d i v i d

u a i s d e g e r a ç ã o c o m

f o n t e i n t e r m i t e n t e

n a A m a z ô n i a L e g a l

OProg rama Mais Luz para a Amazônia (MLA) foi instituído pelo Decreto nº 10 221, de 5 de fevereiro de 2020, com vistas à universalização do acesso à energia elétrica na Amazônia Legal, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e executado em parceria com as distribuidoras regionais. A iniciativa prioriza a instalação de sistemas fotovoltaicos em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas A meta inicial era atender até 70 mil famílias em áreas remotas

Até 2023, foram instalados mais de 11 mil kits SIGFI, benef iciando cerca de 44 mil pessoas. O Manual de Operacionalização do MLA estabelece critérios técnicos, f inanceiros e sociais para a implantação e manutenção dos sistemas. A Aneel, por meio da Resolução

Normativa nº 940, de 29 de junho de 2021, regulamenta o prog rama, def inindo prazos e responsabilidades às distribuidoras da Amazônia Legal

O prog rama, originalmente previsto para vigorar de 2020 a 2022, foi estendido até 31 de dezembro de 2030 por meio do Decreto de julho de 2022

A iniciativa representa avanço estraté-

gico no combate à pobreza energética e na promoção do desenvolvimento sustentável na região amazônica

Os três SIGFIs abordados neste artigo foram instalados em 2022 no município de Cruzeiro do Sul (AC), no contexto do prog rama federal Mais Luz para a Amazônia (MLA)

Os SIGFIs representam uma solução técnica viável para expansão do acesso à energia em áreas isoladas Operando em modo of f-g r id, requerem dimensionamento cr i ter ioso para garant ir estabilidade e autonomia energét ica Neste ar t igo, são analisados t rês SIGFIs com mesma con guração técnica, submet idos a di ferentes per s de consumo, a m de avaliar como a var iação da carga impacta o f uncionamento, a manutenção e a longevidade dos componentes.

A tabela I lista os componentes dos SIGFI de 80 kWh/mês, todos com estrutura idêntica: painéis solares, banco de baterias de íons de lítio, inversores e controladores de carga As características técnicas estão descritas na tabela II.

Os sistemas contam também com estrutura de f ixação dos módulos (poste e mão francesa em alumínio ou aço galvanizado, conforme ABNT NBR 6669), cabos e conectores certif icados pelo Inmetro, e gabinete de proteção para abrigar inversor, controlador e baterias, garantindo segurança e ventilação adequadas.

As análises consideraram dados de 31 dias de operação contínua, extraídos dos controladores de carga e sistemas BMS das baterias.

Cada unidade consumidora foi classif icada conforme seu padrão de consumo em relação ao projeto original, seguindo as diretrizes do prog rama MLA

Valdemar Norberto Sens Neto, da Araxá Serviços

SE É SIL, PODE CONFIAR!

Tab. I – Componentes típicos de um SIGFI de 80 kWh/mês

Componente

Módulos fotovoltaicos

Controlador de carga (MPPT)

Banco de baterias (Íons de Lítio)

Inversor (CC/CA)

Estr utura de supor te

Descrição/Função Características técnicas

Conver tem a energia solar em eletricidade (CC)

Regula a tensão e cor rente que vai das placas para as baterias

Ar mazena energia elétrica para uso notur no ou dias nublados

Conver te cor rente CC em CA para cargas domésticas

Supor te mecânico dos módulos com inclinação otimizada

Potência: 300 a 550 Wp Qtd confor me dimensionamento

Tecnologia MPPT

Tensão: 48 V

Capacidade útil: 110 – 138 Ah Com BMS integrado

Potência: ≥1 250 W

Tensão saída: 110/220 V

Aço galvanizado ou alumínio

Cabos e Conectores Interligação entre componentes Cabos 6 – 10 mm², conectores MC4

Sistema de proteção Disjuntores, fusíveis, DPS

Monitoramento

Proteção contra sur tos e sobrecor rente

(BMS + datalogger) Registra operação e falhas Inter face USB/SD/GSM/LoRa

Ater ramento e SPDA Protege contra descargas e sur tos Ater ramento específico FV

Manual e treinamento Orienta o usuário para operação segura

Entrega técnica + capacitação

Tab II – Características técnicas de um SIGFI de 80 kWh/mês

Descrição SIGFI 80

Consumo (Wh/dia) 2 667

Demanda máxima (W) 1 250

Tensão do sistema CC (V) 48

Autonomia projetada até 36 horas

Tipo de sistema Off-grid (isolado da rede elétrica)

Fonte de geração Energia solar fotovoltaica (Módulos fotovoltaicos)

Tipo de bateria Íons de lítio (com BMS – Battery Management System)

Manutenção

Preventiva programada + cor retiva sob demanda

R e s u l t a d o s e d i s c u s s ã o

A f igura 3 apresenta a evolução do consumo diário nas três unidades consumidoras ao longo do período analisado.

S I G F I 1 – S o b r e c a r g a f r e q u e n t e

Neste sistema, a adição de cargas não previstas resultou em frequentes manu-

tenções corretivas por parte da empresa que realiza as inspeções em campo e o acompanhamento da vida útil dos equipamentos. Cada atendimento pode custar até R$ 1 950,00, dependendo da localidade, sem contar possíveis trocas de equipamentos, como inversores, baterias, controlador de carga, cabeamentos e necessariamente novo comissionamento completo do sistema em campo O estresse causado pela sobrecarga no sistema pode reduzir de forma acentuada a vida útil dos componentes e comprometer a viabilidade técnica e econômica do sistema instalado no local

S I G F I 2 – P i c o s o c a s i o n a i s

Funcionou dentro dos limites técnicos especif icados. No entanto, em alguns momentos, a potência de consumo diária do sistema ultrapassou o limite aceito pelo prog rama, como pode ser visto nos dias 9 e 26 do período determinado na f igura 3 Este desvio de consumo acentuado pode

Consumo do SIGFI Wh × período em dias

Média de consumo (Wh)

causar problemas nos componentes do sistema Neste caso, por terem sido consumos pontuais e não necessariamente contínuos, foi possível manter a qualidade no for necimento de energia ao consumidor, exigindo apenas manutenções preventivas no sistema, conforme pré-determinado O desempenho estável sugere que, quando bem dimensionado e utilizado de forma adequada, o SIGFI pode atingir sua vida útil máxima, contribuindo para a universalização da energia em áreas remotas

S I G F I 3 – Operação ideal

Funcionou dentro dos limites técnicos especif icados, exigindo apenas manutenções preventivas O desempenho estável sugere que, quando bem dimensionado e utilizado de forma adequada, o SIGFI pode atingir sua vida útil máxima,

contribuindo para a universalização da energia em áreas remotas Para o caso em que o SIGFI ficou dentro do consumo diário dimensionado para o sistema, a vida útil dos equipamentos pode se prolongar em comparação aos outros SIGFIs analisados, haja vista o sistema manter temperaturas internas estáveis e não trabalhar em sobrecarga para alimentação energética da unidade consumidora atendida

C o n c l u s õ e s

A comparação realizada dentro do período de 31 dias entre os três SIGFIs evidencia que o comportamento do usuário final quanto ao consumo em kWh/dia tem impacto direto sobre a performance do sistema e sua durabilidade. A sobrecarga, conforme identificado nos SIGFIs 1 e 2, pode reduzir a vida útil dos equipamentos de forma significativa, elevando sua temperatura

inter na e causando estresse elétrico e mecânico sobre os componentes eletrônicos dos equipamentos

Isso pode gerar também custos adicionais de manutenção corretiva; uma visita técnica, sem troca de equipamentos em campo, custa cerca de R$ 1 950,00

Haja vista que o uso consciente permite operação ef iciente e econômica, para garantir o sucesso de programas como o MLA, é essencial investir em:

x treinamento dos usuários, com foco em consumo consciente;

x monitoramento técnico contínuo, para detecção precoce de desvios de consumo fora do padrão; e

x design robusto do SIGFI, com margens operacionais realistas

Esses fatores são decisivos para a sustentabilidade técnica e econômica dos SIGFIs, principalmente em regiões de difícil acesso logístico

C a r r e g a d o r e s e m

c o n d o m í n i o s : o q u e m u d a ?

“ Mui tos condomínios ainda ten tam instalar carregadores sem considerar o impac to no quadro alimen tador, na en trada de energia ou no trans formador da edi cação”

Ainstalação de carregadores de veículos elétricos em condomínios deixou de ser uma tendência e passou a ser uma realidade que exige atenção técnica Atualmente, muitos dos interessados desejam poder carregar seus veículos nos próprios prédios, para não depender exclusivamente de carregadores públicos Mais do que instalar tomadas nas garagens, é preciso tratar o tema com o mesmo rigor aplicado às instalações prediais. O projeto elétrico, o dimensionamento e as proteções tornaram-se fatores determinantes para garantir segurança, ef iciência e conformidade normativa.

O projeto elétrico como ponto de partida

A implantação de carregadores em condomínios exige o mesmo cuidado aplicado às instalações prediais complexas. O projeto elétrico é o ponto de partida e deve ser elaborado por profissional habilitado, com emissão de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica)

Muitos condomínios ainda tentam instalar carregadores sem considerar o impacto no quadro alimentador, na entrada de energia ou no transformador da edif icação. Essa prática pode gerar sobrecarga, aquecimento de condutores e riscos de incêndio. O projeto elétrico precisa contemplar o cálculo de demanda total, a avaliação das cargas existentes e a previsão de expansão, garantindo que o sistema suporte o aumento g radual de potência nas garagens

Também é essencial prever alimentadores dedicados e quadros de distribuição específ icos para os pontos de recarga Essa estrutura facilita futuras ampliações e simplif ica a operação em casos de manutenção ou emergência Projetos bem elaborados consideram ainda ventilação, ag rupamento de cabos e distâncias de trajeto, fatores que inf luenciam diretamente a temperatura dos condutores e a ef iciência da instalação.

Dimensionamento e alimentação

O dimensionamento dos condutores deve seguir rigorosamente as normas ABNT NBR 5410 e NBR 17019, considerando o uso simultâneo de todos os pontos de recarga O fator de demanda igual a 1 é fundamental, pois as recargas podem ocorrer durante toda a noite, aumentando a simultaneidade Contudo, pode haver exceção desse fator caso exista um controlador de demanda instalado a montante, que garanta a possibilidade de modular a potência das recargas e, assim, permitir a simultaneidade sem riscos à instalação Um cabo subdimensionado pode causar quedas de tensão e comprometer a integ ridade da instalação

A alimentação deve ser planejada de forma centralizada O método de conexão direta nos medidores individuais, ainda comum em muitos condomínios, tende a ser descontinuado. Além das restrições de distribuidoras

como Celesc e Copel, o novo entendimento dos Cor pos de Bombeiros, por meio da Diretriz recentemente publicada, sugere que todos os carregadores possam ser desligados simultaneamente por um dispositivo de seccionamento geral Sistemas dispersos, com tomadas ligadas a unidades individuais, não conseguirão atender às novas exigências de segurança e evacuação É importante ressaltar que a Diretriz não entrou em vigor, mas por se tratar de uma diretiva nacional, é provável que alguns Estados adotem este padrão, inviabilizando a mencionada arquitetura

A solução mais recomendada é a criação de uma unidade consumidora exclusiva para as recargas. Essa abordagem facilita a medição e o rateio de consumo entre os usuários, além de permitir controle mais preciso da demanda e da operação dos carregadores. Com o avanço das plataformas de gestão e medição individualizada, o condomínio pode manter total controle sem comprometer a segurança.

Proteções indispensáveis: DR, DPS e seccionamento

A segurança das instalações depende da correta aplicação dos dispositivos de proteção O dispositivo diferencialresidual (DR) é obrigatório em todos os circuitos de recarga e deve ter corrente diferencial nominal compatível com o tipo de carregador instalado, sendo recomendado o uso do DR tipo A, que oferece maior proteção contra correntes residuais contínuas pulsantes. Essa proteção é essencial para evitar choques elétricos, especialmente em garagens e áreas úmidas

O dispositivo de proteção contra surtos (DPS) protege os equipamentos contra descargas atmosféricas e sobretensões na rede Sua ausência pode resultar em danos irreversíveis a carregadores e veículos O projeto deve prever DPS nos quadros de recarga e também na entrada principal do condomínio, devendo ainda obser var a NBR 5419 a f im de verif icar se as medidas de proteção contra surtos estão sendo atendidas e quais dispositivos devem ser utilizados. Outro ponto importante é o seccionamento centralizado. A instalação de um quadro geral com disjuntor principal dedicado às recargas garante que, em caso de emergência, seja possível interromper toda a alimentação dos carregadores de forma imediata e segura. Essa prática será, em breve, uma exigência formal nas diretrizes de segurança contra incêndio

Modo 2

O modo 2 de recarga utiliza um cabo portátil com unidade de controle integrada (IC-CPD) conforme a IEC 62752, conectado a uma tomada NBR 14136 da instalação fixa A NBR 17019 define o modo 2 e o trata como um SAVE Portanto todos os requisitos de segurança, proteção e comando aplicáveis a sistemas de alimentação de veículos elétricos também se aplicam aqui

Do ponto de vista do projeto, o circuito deve ser exclusivo para cada ponto de tomada destinado à recarga e considerado com fator de demanda igual a 1 Na prática, é comum encontrar IC-CPDs conf igurados para 3,6 kW em 220 V, 16 A ou 4,4 kW em 220 V, 20 A O disjuntor e a seção do condutor devem ser coordenados para conduzir essa corrente continuamente, com queda de tensão dentro dos limites normativos

Quanto às proteções, a NBR 17019 estabelece a obrigatoriedade do DR tipo A individual por circuito, para circuitos de recarga em modo 2 A própria norma deixa claro que o IC-CPD não dispensa os dispositivos de proteção, seccionamento e comando da instalação f ixa

Em condomínios, o modo 2 pode ser adotado com segurança quando: existe projeto elétrico prevendo circuito exclusivo por ponto, quadro dedicado às recargas com DPS e DR tipo A, identif icação dos pontos de tomada e inspeção periódica Deve-se ainda obser var a NBR 5419 para proteção contra surtos e integ rar os pontos ao seccionamento centralizado do condomínio

Há, contudo, a possível proibição destes métodos por parte dos Cor pos de Bombeiros dos Estados, pois a Diretriz já indica esta restrição em locais fechados, sendo permitido somente em locais abertos. Apesar de ser um modo seguro, é preciso aguardar as exigências normati-

vas de cada CB, de modo que, caso se opte pela implantação imediata, isso pode ser feito, mas com a ciência de que poderá haver proibição futura

Em síntese, o modo 2 é normatizado e seguro quando projetado, instalado e operado conforme as normas A escolha entre modo 2 e modo 3 deve considerar segurança, operação e expansão futura do condomínio

Diretrizes das distribuidoras e planejamento futuro

As distribuidoras de energia também desempenham papel decisivo nesse processo A Resolução Normativa Aneel 1000 define limites de carga para ligação em baixa e média tensão

Edif icações com cargas instaladas acima de 75 kW podem necessitar de transformadores próprios ou subestações inter nas O projeto deve avaliar o impacto das recargas na demanda total e, se necessário, propor soluções como ampliação do ponto de entrega ou implantação de sistema de gerenciamento de carga.

Tecnologias como balanceamento dinâmico de carga e deslocamento de recarga ajudam a otimizar o uso da energia disponível. Elas distribuem a potência entre os carregadores em tempo real, evitam o acionamento de disjuntores e reduzem a necessidade de reforços na infraestrutura.

O futuro das garagens caminha para o conceito de microrrede condominial, integ rando recarga, geração fotovoltaica e armazenamento de energia Condomínios que planejarem suas instalações com visão de longo prazo estarão prontos para receber mais veículos elétricos sem comprometer a segurança nem a ef iciência energética

Conclusão

A engenharia brasileira desempenha papel essencial na consolidação da infraestrutura elétrica para a mobi-

lidade, combinando inovação, conhecimento técnico e responsabilidade social

Desde sempre, o uso das normas técnicas e de um projeto elétrico adequado foi essencial para garantir segurança, viabilidade e otimização das instalações São esses elementos que asseguram que cada componente do sistema funcione de maneira coordenada, reduzindo riscos e evitando custos desnecessários com retrabalho ou falhas.

Agora, com a nova Diretriz dos Cor pos de Bombeiros e o avanço das exigências normativas, essa atenção tor na-se ainda mais importante. Mais do que nunca, é preciso seguir cada detalhe com rigor, aplicando os critérios de projeto, dimensionamento e proteção em conformidade com as normas da ABNT e as boas práticas de engenharia.

As instalações elétricas dos condomínios apresentam desaf ios específ icos, especialmente pela limitação de demanda e pela infraestrutura existente No entanto, é plenamente possível realizar a implantação de sistemas de recarga de forma segura, ef iciente e com custo acessível, utilizando tecnologias de balanceamento de carga, controladores de demanda e sistemas inteligentes de gestão

A engenharia sempre foi o caminho para unir segurança e viabilidade técnica, e agora assume papel central na transformação da mobilidade elétrica Projetar com critério, respeitando as normas e aplicando soluções tecnológicas moder nas, é o que permitirá que os condomínios brasileiros avancem com segurança nessa nova etapa da eletrif icação

* R afael Cunha é engenheiro eletricista e COO da startup movE Eletromobilidade Nesta coluna, discute aspectos da mobilidade elétrica: mercado, estrutura, regulamentos, tecnologias, af inidades entre veículos elétricos e geração solar fotovoltaica E-mail: veletricos@arandaeditora com br, mencionando no assunto “Coluna Veículos Elétricos”

U s i n a s M M G D d e i n v est i m e nt o –

b o m n e g ó c i o ? ( p a r t e 6 )

“ Os resul tados nanceiros variam bastan te con forme as tari fas de energia das distrib uidoras e os impostos aplicáveis na região onde a usina for instalada”

Na edição anterior, consegui números fantásticos de TIR para usinas de investimento

Desta vez, vamos completar com as demais análises f inanceiras

Como todas as análises se baseiam no f luxo de caixa, a tabela correspondente é reproduzida a seguir (tabela I) Vale consultar a edição anterior para ver como ela foi construída

Conforme apresentado na edição anterior, a TIR foi de:

• Em 5 anos: 26% a.a.

• Em 10 anos: 39% a a

• Em 25 anos: 41% a a

Entendendo a TIR

Relembrando o conceito, a TIR mostra quanto um projeto realmente rende por ano, considerando só o dinheiro que entra e sai dele É a taxa que faz o investimento “ se pagar ” ao longo do tempo

A decisão racional, ao analisarmos a TIR, é realizar o investimento apenas quando ela for maior que o custo do dinheiro (Há considerações adicionais sobre risco, mas vou simplif icar os puristas que me desculpem )

Entre deixar o dinheiro na poupança ou investir em uma usina solar, é mais lógico optar pela usina.

Mas quanto dinheiro eu realmente “crio”? Af inal, se o retor no for de 100% sobre R$ 1, eu certamente não f icarei rico

Vinícius Ayrão* Tab I – Fluxo de caixa

esperaria em outra aplicação Quando o VPL é positivo, o projeto cria riqueza; quando é negativo, destrói O detalhe é que o cálculo do VPL depende dessa taxa de desconto, que varia conforme o perfil de cada pessoa ou instituição

A taxa de desconto representa o custo do dinheiro ao longo do tempo e ela muda conforme o cenário e o risco do projeto Quando o capital está caro ou o projeto tem mais incertezas, a taxa sobe. Quando o ambiente econômico é estável e o crédito é acessível, ela tende a cair

Ano

VPL

Aliás, pelos números que apresentei, o mesmo valor aplicado no Tesouro Direto renderia menos que nossas usinas hipotéticas.

O VPL (Valor Presente Líquido) mostra quanto um investimento realmente gera de ganho ou perda em dinheiro de hoje Ele faz isso ao trazer todos os f luxos de caixa futuros o que entra e o que sai para o valor presente, já que o dinheiro no futuro vale menos do que o dinheiro agora Essa conversão usa uma taxa de desconto, que representa o custo do capital ou o rendimento que o investidor

Na prática, a taxa de desconto ref lete o retor no mínimo esperado pelo investidor, considerando fatores como custo de capital, inf lação esperada, prazo do investimento e risco envolvido É o que equilibra o valor do dinheiro de hoje com o de amanhã, permitindo comparar projetos de forma justa e entender se o investimento vale a pena

E qual valor devemos usar para apresentar aos possíveis investidores?

Particularmente, gosto de mostrar diferentes cenários embora isso, reconheço, acabe dif icultando a decisão do cliente

Ainda assim, não considero aceitável adotar uma referência inferior ao retorno dos títulos do Tesouro Direto. Na consulta ao site, encontrei taxas prefixadas de 13,8% ao ano para 2032.

Calculando o VPL com essa taxa, teremos os seguintes resultados:

• Em 5 anos: R$ 88.366,77.

• Em 10 anos: R$ 341 450,54

• Em 25 anos: R$ 760 980,51

Falta agora determinar o payback

Payback

O payback mostra em quanto tempo o investimento se paga Ou seja, quantos anos são necessários para que a soma das economias ou receitas geradas pelo projeto iguale ao valor investido

Chamamos de payback simples quando o cálculo desconsidera o valor do dinheiro no tempo, apenas somando os f luxos de caixa até zerar o investimento inicial É rápido de calcular, mas pouco indicado para projetos de longa duração Em minha opinião, ser ve apenas para uma análise inicial e bastante superf icial

Já o payback descontado leva em conta o valor presente de cada f luxo de caixa, aplicando uma taxa de desconto Ele tende ser maior quando comparado ao simples, e ref lete melhor a realidade f inanceira do projeto

Vamos utilizar a mesma taxa de desconto, de 13,8% Nessa condição, o tempo de retor no do investimento f ica entre 3 e 4 anos.

Os poréns...

Como podemos ver, os números são realmente animadores Quem não investiria em solar? Não, minhas contas não estão erradas, mas f iz diversas premissas otimistas sobre o futuro. Então, surge a pergunta: e se a geração for inferior ao previsto? Veja a tabela II.

Entre as causas para geração inferior, podemos listar:

• estimativa inicial errada;

• fatores climáticos;

• falta de estudo de sombreamento ou estudo incorreto;

• módulos de baixa qualidade (fake power);

• má instalação; e

• falhas de inversores

Já presenciei casos em que usinas de investimento não estavam performando nem 50% da capacidade

E se a inf lação energética for inferior?

Ao invés de 7,5% ao ano, se as tarifas de energia subirem 5% ao ano, teremos os valores apresentados na tabela III

Reparem que nesse cenário o VPL saiu de R$ 760 980,51 para R$ 555 035,94

E como estimar a inf lação energética? A resposta é: não sei Costumamos olhar para trás, e replicar essa expectativa Porém, o custo da energia é alto para o consumidor e aumentos médios de 7,5% a a em 25 anos é impensável para qualquer economia, mas, no Brasil, tudo é possível

E se a partir de 2031 apenas compensarmos a TE?

Esse é o ponto que mais me incomoda na venda de usinas para investimento Não sabemos quais serão as reg ras após 2031 para ser transparente, nem sei se, para quem instalar uma usina agora, as reg ras valem até 2029 ou 2031 E isso não tem sido informado aos investidores.

Muitas pessoas, de boa-fé, estão investindo nessas usinas confiando em renda passiva garantida por 25 anos, sem conhecer os riscos.

Na minha opinião, um cenário responsável a ser considerado é a hipótese de compensarmos apenas a TE

Vejo essa possibilidade como bastante provável, devido à abertura do mercado livre para clientes do g rupo B. Não faria sentido termos reg ras muito diferentes entre os dois casos; ou seja, a solar remota deverá concorrer com o mercado livre em condições comerciais semelhantes

Explicado meu ponto, considerando em nosso f luxo de caixa que a partir de 2031 compensaremos apenas a TE,

Tab IV – Comparação da regra atual vs compensação apenas da TE

nossos números passam a ser os da tabela IV

Conclusão

Em todos os cenários apresentados, quando a usina remota é de propriedade de quem vai utilizar a energia, mesmo os cenários mais pessimistas na região da Light são bastante interessantes

Escolhi propositalmente a Light devido aos altos custos de energia

Os resultados f inanceiros variam bastante conforme as tarifas de energia das distribuidoras e os impostos aplicáveis na região onde a usina for instalada.

Portanto, se você quer oferecer essa solução, o primeiro passo é levantar esses valores para sua região E, já adiantando, os números na região da Light estão entre os melhores

E se estivermos alugando a usina?

Nesse caso, damos desconto ao cliente, e a percepção f inanceira muda completamente

Na próxima edição, falaremos sobre isso Até lá!

* Engenheiro eletricista da Sinergia Consultoria, com grande experiência em instalações fotovoltaicas, instalações de MT e BT e entradas de energia, conselheiro da ABGD - Associação Brasileira de Geração Distribuída e diretor técnico do Sindistal RJ - Sindicato da Indústria de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Rio de Janeiro, Vinícius Ayrão apresenta e discute nesta coluna aspectos técnicos de projeto e execução das instalações fotovoltaicas Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões pelo e-mail: fv projetoinstalacao@arandaeditora com br, mencionando em “assunto” “Coluna Projeto e Instalação”

Tab II – Resumo com geração inferior à prevista
Tab III – Inflação energética - Resumo

“ O desa o é posicionar o in tegrador solar como agen te de trans formação climá tica (...) Mais do que vender sistemas, tra ta-se de vender impac to, conec tando energia limpa com desenvolvimen to local e inclusão social”

Arealização da COP30 no Brasil, em 2025, representa muito mais do que um g rande evento climático inter nacional É uma janela histórica para reposicionar o País, e, em especial, o setor de energia, como protagonista global da transição energética

No mês de novembro, Belém do Pará se transformará em um g rande palco de debates sobre neutralidade de carbono, f inanciamento climático e inclusão energética Mas, além do simbolismo político, há fortes implicações econômicas e oportunidades concretas para empresas e prof issionais do setor solar.

O Brasil chega à COP30 com uma matriz elétrica já majoritariamente renovável, mas com desafios evidentes na descarbonização da indústria, do transporte e do uso térmico da energia. Esse contexto abre espaço para soluções solares integ radas: desde o autoconsumo industrial e a hibridização com armazenamento até a geração distribuída rural, o ag rivoltaico e os modelos de autoprodução cor porativa em larga escala

Além disso, o novo impulso para o Mercado Livre de Energia, que será plenamente acessível a todos os consumidores até 2026, cria uma sinergia

No Norte e Nordeste, em especial, as oportunidades se multiplicam Projetos fotovoltaicos podem se integ rar a prog ramas de eletrif icação de comunidades, infraestrutura resiliente e cadeias produtivas sustentáveis, com apoio de cooperações internacionais e agências de fomento. C O P 3 0 : O p o r t u n i d a d e s p a ra o s et o r s o l a r e a t ra n s i ç ã o e n e rg é t i ca n o B ra s i l

direta com as metas climáticas Empresas que buscam reduzir emissões poderão fazê-lo com ef iciência econômica, contratando energia renovável sob medida, com rastreabilidade e certif icação de origem

A COP30 também deve acelerar a chegada de fundos climáticos e mecanismos de crédito de carbono voltados ao Brasil Isso inclui linhas de f inanciamento verde, garantias de performance e instrumentos de blended f inance: áreas em que integ radores, desenvolvedores e consultorias podem atuar com protagonismo, conectando tecnologia e viabilidade f inanceira.

O desafio, portanto, é posicionar o integrador solar como agente de transformação climática, capaz de entregar soluções técnicas e socioambientais Mais do que vender sistemas, trata-se de vender impacto, conectando energia limpa com desenvolvimento local e inclusão social.

A COP30 é uma vitrine, mas também um espelho: mostrará ao mundo o quanto o Brasil é capaz de alinhar crescimento e sustentabilidade Para o nosso setor, é o momento de agir com inteligência estratégica, ocupar espaço nos debates e transformar oportunidades em resultados duradouros.

* Carlos Dornellas é diretor da Alma Solar Energia; Marcelo Gregol e João Bortotti são sócios na Dínamo Energia
Carlos Dornellas, Marcelo Gregol e João Bortotti*

Pro d u to s

Baterias portáteis

A Powersafe comercializa no Brasil as baterias portáteis EcoFlow, cujas aplicações vão de backup residencial a viagens, acampamentos, atividades em praias, trilhas, veículos 4×4, f ilmagens exter nas e até operações de

foodtrucks e pequenos comércios Segundo a empresa, as estações portáteis são plug-and-play, reunindo bateria, controlador de carga, inversor e MPPT (Maximum Power Point Tracking) A linha River, compacta e leve, é voltada ao lazer, deslocamentos e aplicações prof issionais de campo, indicada para carregar notebooks, câmeras, roteadores e ferramentas leves, com recarga rápida e possibilidade de uso com painéis solares portáteis Já a Delta, mais robusta, foi desenvolvida para backup residencial e cargas essenciais, como geladeiras, TVs e sistemas de comunicação Possui expansão de baterias, integ ração a geradores inteligentes e pode sustentar uma casa por horas, com a opção de prolongar a autonomia via painéis solares

www power safe com br

Localizador de falta à terra

A Fluke lançou recentemente o localizador de faltas à terra GFL -1500, desenvolvido, segundo a empresa, para reduzir o tempo de diagnóstico e solução de problemas em usinas fotovoltaicas e aumentar a segurança de técnicos em campo ao identif icar o ponto

exato da falha. De acordo com a companhia, a solução foi projetada a partir de demandas relacionadas à rotina em campo O GFL -1500 reúne transmissor, receptor e pinça de rastreamento em um único conjunto, com o objetivo de reduzir o tempo gasto na identif icação de falhas e aumentar a ef iciência da manutenção O equipamento emite um sinal sonoro que pode ser acompanhado pelo operador, permitindo localizar o ponto de falha, sem necessidade de paradas de produção extensas ou desconexões sucessivas Possui nível de proteção CAT III 1500 V

https://www f luk e com

Geradores

A Ecori está oferecendo aos integradores kits prontos de geradores, montados com inversores da marca GoodWe e módulos da Leapton Os kits monofásicos 220 V oferecem diferentes faixas de potência, variando conforme o número de módulos de 585 Wp e o

modelo de inversor utilizado A configuração de 3,51 kWp utiliza o inversor GW3.3K-XS com seis módulos, enquanto o sistema de 5,85 kWp emprega o mesmo inversor associado a dez módulos Para potências maiores, há opções com o inversor DNS-G3 de 5 kW e quinze módulos, totalizando 8,77 kWp, e outra com o modelo DNS-G3 de 6 kW e dezoito módulos, resultando em 10,53 kWp. As versões superiores incluem o inversor GW8000-MS-C30, com 22 módulos e potência de 12,87 kWp, e o GW10K-MS-30, com 30 módulos e 17,55 kWp. Todos os conjuntos incluem cabos e conectores

www.ecor i.com.br

Medidores inteligentes

A Fotus for nece medidores inteligentes (smart meters) com função de medir e controlar a injeção de potência, a fim de garantir que a energia seja consumida localmente ou exportada dentro dos limites estabelecidos, evitando a inversão de f luxo O dispositivo monitora em tempo real a relação entre geração e consumo, e ajusta o desempenho dos

inversores. Entre as opções disponíveis estão o GM330, da Goodwe, indicado para sistemas com um único inversor trifásico, e o SEC1000, que pode gerenciar múltiplos inversores em paralelo. Ambos contam com precisão de medição de 0,5% e comunicação via RS485. Da Solplanet, a companhia comercializa os modelos Eastron V2 e Eastron V2 MID, voltados para sistemas monofásicos e trifásicos, e compatíveis com a tecnologia grid zero, possibilitando que toda a energia gerada seja consumida no local, sem exportação à rede

https://fotus.com.br

Inversores

O SG250HX-20, da Sung row, é um inversor string de múltiplos MPPTs com ef iciência máxima de 99% e capacidade de suportar até 6 MPPTs, adaptado para sistemas de 1 500 Vcc Oferece proteção contra corrente reversa e monitoramento em tempo real, além de ser projetado para operar em ambientes hostis, com proteção IP66 Segundo a empresa, o inversor é econômico, com funções de geração de reativos e diagnóstico inteligente, e atende a requisitos inter nacionais de rede www.sung rowpower.com

204,000+

4,700+

10,000+

Mercado de GD – A Greener divulgou em setembro o Estudo Estratégico de Geração Distribuída, com resultados referentes ao primeiro semestre do ano O levantamento mostra estabilidade na importação de módulos fotovoltaicos

10,6 GWp, volume idêntico ao de 2024 e investimentos superiores a R$ 11 bilhões em novos sistemas, que somaram 4,5 GW instalados O segmento residencial registrou queda média de 4,5% nos preços f inais; na área comercial de pequeno porte, a redução foi de 10% O payback médio para sistemas residenciais de GD II ficou em 3,2 anos no semestre, sinalizando melhora de 4% em relação ao mesmo período de 2024. Por sua vez, a inversão de f luxo afetou 28% dos integ radores, impactando diretamente a receita: 34% das empresas perderam clientes e não concretizaram vendas Apesar da retração de 38% nas importações no segundo trimestre e da redução de 46% nos orçamentos médios mensais, a taxa de conversão das vendas cresceu 20% sobre 2024, indicando um consumidor mais seletivo O estudo também destaca o avanço dos

sistemas híbridos com bateria já ofertados por 71% dos integradores e traz análises sobre geração compartilhada, carregadores para veículos elétricos e mercado livre de energia A publicação está dividida em seis partes: Contexto regulatório, Importação, Integ ração, Preços, Consumo GD e Novos modelos de negócios A consultoria também publicou uma atualização do seu estudo sobre sistemas de armazenamento de energia, trazendo dados mais relevantes sobre o mercado atual, haja vista as transformações em curso, como queda nos custos das baterias, surgimento de novos modelos de negócio e avanços regulatórios. A publicação aborda as mudanças mais recentes no setor, as oportunidades emergentes no mercado nacional e casos práticos e análises aplicadas para orientar decisões estratégicas. Os estudos podem ser acessados através dos links https:// estudo-gd-2025 g reener com br e https://www.g reener. com br/pt-BR/estudos-guiase-boletins/estudo-estrategico2025-armazenamento-deenergia. Í n d i c e

Contratações no mercado solar – Um estudo realizado pela RH Renováveis, consultoria especializada em gestão de pessoas, recrutamento e seleção de prof issionais no setor de energia, revela que as empresas que atuam no mercado de geração própria de energia solar devem contratar cerca de 109 mil novos prof issionais em 2025 no Brasil, sobretudo para cargos nas áreas comerciais, vendas e marketing Segundo o relatório, as novas contratações, embora reforcem o papel relevante do setor solar na geração de empregos no País, indicam rotatividade média nas empresas do segmento superior a 61% em 2025 A pesquisa, feita a partir da base histórica da consul-

toria e de dados de mercado, alerta para o impacto dessa rotatividade: o custo anual com desligamentos pode chegar a R$ 2,7 bilhões Caso as empresas conseguissem reduzir esse índice para 35%, a economia seria maior que R$ 1,1 bilhão Já com 25% de turnover, a economia seria acima de

R$ 1,6 bilhão. Atualmente, o segmento de geração solar distribuída emprega cerca de 340 mil prof issionais O relatório indica ainda que as funções comerciais continuam dominando o setor, com 45% dos prof issionais alocados em vendas e marketing. Engenharia e instalação representam 36%, enquanto operações e suporte somam 19% dos postos de trabalho. Entre as empresas que mais contratam, os integ radores lideram, com mais de 70% da representatividade no mercado e cerca de 83 mil novas admissões previstas para 2025. Na sequência aparecem distribuidores, fabricantes e outros modelos de negócio Entre os integ radores, o turnover estimado é de 66% Já nos distribuidores, 49%. A pesquisa também revela que os próprios acionistas ocupam a maioria dos cargos de direção em PMEs do setor. Nos integ radores, esse índice chega a 87%; nos distribuidores, 60%; e nos fabricantes, 40% O relatório completo está disponível em https://rhrenovaveis rhrenovaveis.com.br/ebookestudo-de-remuneracao-eempregabilidade.

B at e r i a s : a s n o va s p r ot a g o n i sta s s i l e n c i o s a s d a t ra n s i çã o e n e rg é t i ca

“ Com a for te queda no preço das ba terias e dos sistemas fo tovol taicos, os consumidores passaram a ter uma grande opor tunidade para tornar suas edi cações mais resilien tes”

OBrasil e os consumidores de energia elétrica atravessaram os últimos três meses com o desa o da bandeira vermelha patamar 2 na conta de luz, a mais alta do sistema Isso reduz a competividade do setor produtivo e corrói o orçamento das famílias, pois trata-se de um custo adicional pago pela sociedade, que pressiona a in ação. Em paralelo, mas não menos desa ador, os brasileiros sofreram, no nal de setembro, com chuvas intensas e quedas de eletricidade que atingiram várias cidades do País, sobretudo nas regiões Sudeste e Sul, resultado do ag ravamento dos eventos climáticos extremos, cada vez mais rotineiros com o aquecimento do planeta.

O tempo médio do brasileiro sem eletricidade é de 14 horas por ano, segundo mapeamento da consultoria Greener

O estudo mostra que o Brasil passa, em média, por oito interrupções de energia por ano Em algumas regiões mais extremas, esse patamar pode chegar a impressionantes 38 vezes no ano.

O atual cenário adverso de clima instável, quedas de energia localizadas e aumentos na conta de luz, está cada vez mais presente na vida do brasileiro, na casa das pessoas, nos pequenos negócios e nas propriedades rurais

A boa notícia, por outro lado, é que há soluções viáveis e atrativas para os consumidores que buscam segurança energética, autonomia, redução de custos e sustentabilidade.

Trata-se do uso de baterias, ou seja, de sistemas de armazenamento de energia elétrica, que representam uma das novas

e distribuição de energia elétrica e da própria operação do sistema elétrico nacional, for necendo exibilidade operativa, controle de ativos e reativos, controle de tensão e frequência, entre outros ser viços ancilares ao setor.

opções para os consumidores enfrentarem tais desa os Quando combinados com geração própria solar, os benefícios aos consumidores cam ainda maiores

Com a forte queda no preço das baterias e dos sistemas fotovoltaicos, os consumidores passaram a ter uma g rande oportunidade com a combinação dessas duas tecnologias para tor nar suas edi cações mais resilientes, sustentáveis, valorizadas e seguras quanto ao for necimento de eletricidade e enfrentamento de apagões e blecautes Estas soluções também se aplicam a empresas, comércios, indústrias, propriedades ruais e prédios públicos, cada vez mais dependentes do for necimento ininterrupto de eletricidade e do aumento de competividade a partir de redução de custos operacionais

A mudança de comportamento dos consumidores, a maior busca por tecnologias sustentáveis e a crescente preocupação com a instabilidade da rede elétrica é percebida pelo aumento no interesse em baterias combinadas com energia solar

Há no mercado uma ampla gama de tecnologias disponíveis, tanto para pequenos imóveis residenciais, com con gurações portáveis e estacionárias, quanto para estabelecimentos comerciais e cor porativos de maior porte, com bancos de baterias robustos que protegem processos produtivos delicados de qualquer disrupção indesejável. A diversidade tecnológica também atende às necessidades de g randes geradores renováveis, de empresas de transmissão

O crescimento econômico e sustentável do Brasil se bene cia fortemente da integ ração entre baterias e fontes renováveis, ampliando a oferta de energia elétrica limpa, competitiva, con ável, segura e contínua. A nal, sem energia não há desenvolvimento, e sem energia limpa e sustentável não há transição energética

A disponibilidade ininterrupta de eletricidade é essencial tanto para os lares, quanto para setores estratégicos como data centers, telecomunicações, hospitais, instituições nanceiras, serviços de segurança, monitoramento em tempo real e demais estruturas críticas. Nesses ambientes, interrupções no for necimento não são meros contratempos – são ameaças inaceitáveis. Nesse cenário, os sistemas de baterias assumem o papel de pilares silenciosos e discretos, mas fundamentais, da resiliência energética

As empresas e residências que reconhecem esse valor não apenas evitam perdas nanceiras, como também asseguram continuidade, previsibilidade e robustez às suas operações Em um mundo onde cada instante de funcionamento é decisivo, antecipar-se não é apenas uma escolha técnica, mas sobretudo uma estratégia de sobrevivência e competitividade

* André Ribeiro é Gerente de operações na área de renováveis da Powersafe e vice-coordenador estadual da Absolar em São Paulo; Rodrigo Sauaia é CEO da Absolar; e Ronaldo Koloszuk é Presidente do Conselho de Administração da Absolar

André Ribeiro, Rodrigo Sauaia e Ronaldo Koloszuk*

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