Revista FotoVolt Novembro 2025

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Projeto & Instalação

Veículos elétricos

Fios & fatos Solar FV em foco

A nova era do sistema elétrico brasileiro

A queda da participação hidrelétrica e o avanço acelerado da geração solar estão impondo desafios operacionais e exigindo novas soluções. Inversores grid forming, microrredes e sistemas zero grid surgem como alternativas emergenciais para garantir flexibilidade ao sistema.

Chaves seccionadoras de corrente contínua

Utilizadas para conexão e desconexão segura da parte de corrente contínua de sistemas fotovoltaicos, as seccionadoras de c.c. garantem o isolamento elétrico durante manutenções ou emergências, evitando riscos de choque elétrico e de incêndio. O guia lista fornecedores e as características dos produtos.

A geração distribuída de energia sem injeção na rede

Com as dificuldades para conectar sistemas fotovoltaicos às redes elétricas em locais com risco de sobrecarga ou fluxo reverso, além da impossibilidade de consumidores livres participarem do sistema de compensação, uma solução pode ser o sistema zero-grid, descrito no artigo, juntamente com cuidados para instalação, exigências normativas, e casos reais.

Sul

con rma potencial de expansão do mercado solar

Realizado em Porto Alegre, RS, o Intersolar Summit Brasil Sul 2025 confirmou o dinamismo do segmento fotovoltaico na região. Especialistas debateram desafios e oportunidades em geração distribuída, armazenamento, hidrogênio verde e sistemas agrivoltaicos, enquanto a feira apresentou inovações e tecnologias do setor

Certi cadores de dados solarimétricos para usinas fotovoltaicas

A certificação de dados solarimétricos é empregada para embasar tanto dimensionamentos precisos e otimizações quanto solicitação de cadastramento e habilitação técnica de empreendimentos de energia solar. O guia lista empresas especializadas e seu portfólio de serviços.

Produtos Publicações

Índice de anunciantes

Capa Helio Bettega Foto: Miha Creative/Shutterstock

O Nordeste vive o momento mais promissor da energia solar no Brasil

A edição 2025 foi um sucesso absoluto, consolidando a Intersolar Brasil Nordeste como o principal encontro profissional da região.

Em 2026, a expectativa é ainda maior: mais visitantes qualificados, mais oportunidades e mais marcas disputando espaço em um mercado que não para de crescer.

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Garanta sua presença no evento que está moldando o futuro da energia no Brasil e explore um mercado exuberante.

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O p r i n c i pa l e v e n t o d o s e t o r s o l a r b r a s i l e i r o

p o t e n c i a l i z a n d o o s n e g ó c i o s F V n o N o r d e s t e

B r a z il ’ s m o s t s u c c e s s f u l s o l a r e v e n t

b o o s t i n g t h e N o r t h e a s t ’ s P V b u s i n e s s

O Intersolar Brasil Nordeste está confirmado para 2026 e volta a Fortaleza em um cenário extraordinário para a energia solar.

A região lidera o avanço da geração centralizada no país, cresce de forma acelerada na geração distribuída, atrai investimentos bilionários em Hidrogênio Verde e se posiciona como o maior polo de expansão fotovoltaica até 2034.

Marcas que desejam ampliar presença, gerar novos negócios e fortalecer relacionamento com integradores, EPCs, distribuidores e investidores encontram aqui o ambiente ideal.

Do início ao fim, o evento reúne profissionais qualificados, conteúdo técnico e oportunidades reais de mercado.

E m b u s ca d e u m
n ov o p o n t o d e e q ui l íb r i o

Carta ao leitor

Ageração fotovoltaica já é uma realidade consolidada. Mas, ao mesmo tempo em que o Brasil comemora a marca de 61,8 GW de capacidade solar instalada, somando geração distribuída e centralizada, o sistema elétrico nacional começa a sentir o peso dessa transformação. A matriz, antes dominada por hidrelétricas despacháveis e previsíveis, dá lugar a uma rede complexa e descentralizada. Surge, então, a necessidade de um novo ponto de equilíbrio entre geração, consumo e operação, a fim de garantir a estabilidade elétrica.

Esse tema esteve em destaque em um dos painéis do congresso Intersolar Brasil Sul, realizado em Porto Alegre, e é abordado na reportagem especial desta edição. O debate deixou claro que o desafio não é apenas gerar energia limpa, mas também fazê-la coexistir em harmonia com um sistema concebido para outra era. O avanço simultâneo da geração distribuída e da eletrificação da mobilidade expõe gargalos que não podem mais ser ignorados. De um lado, microrredes e inversores grid forming surgem como promessa tecnológica para emular inércia e melhorar a estabilidade da rede. De outro, o conceito zero grid se consolida como alternativa prática e imediata para aliviar o estresse das redes de distribuição já saturadas.

O artigo de Rui Esteves, também publicado nesta edição, por um lado ajuda a compreender por que o zero grid tem ganhado força e por outro apresenta cuidados para instalação, exigências normativas e casos reais. A solução permite gerar e consumir localmente, sem exportar excedentes, evitando o chamado fluxo reverso. Trata-se de um modelo que pode sustentar o avanço da energia solar em regiões onde a infraestrutura elétrica já não comporta novas conexões.

A convergência desses temas mostra que o setor solar fotovoltaico entra em uma nova fase: não apenas de expansão, mas de gestão energética. Já não basta instalar painéis; é preciso integrar baterias, inversores programáveis, softwares de controle e sistemas híbridos. O integrador ganha um papel central: de vendedor e instalador de equipamentos, ele passa a gestor de sistemas complexos, nos quais cada componente precisa se comunicar e interoperar para garantir eficiência e segurança. Por sua vez, o consumidor, mais informado e autônomo, percebe que a rede pública pode deixar de ser o eixo central, tornando-se um apoio estratégico. Produzir, armazenar e gerenciar a própria energia tornou-se não apenas possível, mas desejável. Contudo, o caminho para a resolução dos desafios é longo. Como a tecnologia avança mais rápido que a regulação, ainda não existem normas claras para o zero grid e outras soluções emergentes. O avanço de um sistema mais equilibrado também esbarra na necessidade de desenvolver modelos tarifários que reflitam, de forma mais fiel, a dinâmica entre oferta e consumo.

Diretores: Edgard Laureano da Cunha Jr., José Roberto Gonçalves e José Rubens Alves de Souza (in memoriam )

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Editor: Mauro Sérgio Crestani (jornalista responsável – Reg. MTb. 19225)

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ADMINISTRAÇÃO

Diretor Administrativo: Edgard Laureano da Cunha Jr.

PROJETO VISUAL GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Helio Bettega Netto

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ISSN 2447-1615

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MP 1304 é aprovada e segue para sanção presidencial

OCongresso enviou no dia 3 de novembro ao Presidente da República o Projeto de Lei de Conversão (PLV) 10/2025, derivado da Medida Provisória 1304, que moderniza o marco regulatório do setor elétrico. A proposta altera algumas leis estruturantes do setor, com medidas voltadas à abertura do mercado livre, revisão de subsídios, estímulo ao armazenamento de energia e atualização das regras de autoprodução e compensação por restrições de geração.

Na abertura do mercado livre, o texto define cronograma para todos os consumidores, incluindo os de BT: indústrias e comércios poderão migrar para o ambiente de contratação livre (ACL) em até 24 meses e os residenciais em 36 meses após a promulgação da lei. Antes da abertura plena, o governo deverá implementar um plano de comunicação para conscientização dos consumidores, regulamentar o Suprimento de Última Instância (SUI) — que garantirá energia em caso de falência de fornecedores — e definir tarifas específicas para os dois ambientes. O texto também prevê encargos para ratear custos de sobrecontratação entre consumidores livres e regulados.

Em geração distribuída, o texto confirma a retirada da proposta de cobrança de R$ 20 a cada 100 kWh sobre novos sistemas, mantendo os incentivos à expansão da micro e minigeração solar fotovoltaica. A CDE continuará financiando os benefícios tarifários dessa modalidade, nos termos da Lei 14.300/2022.

Quanto à autoprodução, o PLV consolida a figura do consumidor equiparado a autoprodutor, exigindo demanda contratada mínima de 30 MW, composta por unidades de pelo menos 3 MW cada, e participação societária mínima de 30% no capital votante do empreendimento gerador. Também

garante a continuidade dos contratos celebrados sob o regime anterior até o fim de suas outorgas.

Na área de armazenamento de energia, a Aneel passa a regular e fiscalizar a operação de sistemas conectados ao SIN, autorizando o uso de baterias por geradores, distribuidores, comercializadores e consumidores. Esses sistemas poderão prestar serviços de flexibilidade e potência ao sistema elétrico. O texto institui a possibilidade de inserção dos sistemas de armazenamento no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), que reduz a carga tributária sobre equipamentos e projetos de infraestrutura.

O PLV também cria regras específicas sobre o curtailment — cortes na geração eólica e solar por limitações da rede. As usinas serão ressarcidas pelos Encargos de Serviço do Sistema (ESS) sempre que o corte for causado por restrições externas, e não por sobreoferta renovável. O ONS deverá apurar os cortes desde setembro de 2023 e a CCEE calcular as compensações em até 90 dias após a publicação da lei. Entre outras medidas, a proposta impõe ainda um teto de arrecadação da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), corrigido pela inflação a partir de 2027, e direciona 100% da receita das outorgas de hidrelétricas à CDE pelos próximos sete anos. Também autoriza o descomissionamento antecipado de térmicas a carvão e

prioriza a interligação elétrica entre Manaus e Porto Velho, para reforçar o suprimento na Amazônia.

O Presidente da República pode aprovar ou vetar o projeto, totalmente ou parcialmente. Até o fechamento desta edição, o prazo ainda não havia expirado.

Cemig e Concert testam microrrede com baterias

AConcert Technologies apresentou no Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE) o projeto “Microrrede em rede de distribuição de média tensão utilizando sistemas de armazenamento com baterias”, desenvolvido em parceria com a Cemig. Os testes, realizados na UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais e no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG), demonstraram o potencial dos sistemas de armazenamento de energia com baterias (SAEB) para aumentar a confiabilidade da rede elétrica e permitir a operação ilhada de microrredes em casos de contingência.

A partir dos resultados obtidos em Belo Horizonte, a Cemig estruturou o projeto da microrrede de Serra da Saudade, menor município do País, que combina geração solar, baterias de armazenamento e sistemas de medição inteligente. O objetivo é garantir fornecimento contínuo de energia elétrica a toda a cidade, reduzindo custos e melhorando a qualidade do serviço em áreas remotas.

Com capacidade de 1 MWh e potência nominal de 750 kVA, o conjunto de baterias pode ser operado remotamente pelo Centro de Operação da Distribuição (COD) da Cemig, com suporte de um sistema de gerenciamento de recursos distribuídos (DERMS, na sigla em inglês). O modelo permite maior autonomia e precisão no controle do fluxo de energia.

A Concert foi responsável pela

O presidente do Senado Davi Alcolumbre ao lado do relator da MP, Eduardo Braga, do presidente da comissão mista, deputado Fernando Coelho Filho: texto não onerou a injeção de energia pela GD, como se previa Agência
Senado

Testes demonstraram potencial dos sistemas de armazenamento de energia com baterias para aumentar a con abilidade e permitir a operação ilhada de microrredes. Resultados embasaram projeto de microrrede em Serra da Saudade (MG), município menos populoso do País (833 habitantes, pelo Censo 2022).

especificação, aquisição de equipamentos, simulações, comissionamento e execução dos testes, em parceria com a Fundação de Inovação Tecnológica (Fitec), o Instituto de Tecnologia em Energia e Meio Ambiente (ITEMM) e a UFMG. Segundo a Concert, o modelo também pode ser aplicado em outros contextos, como plantas industriais, data centers e redes de distribuição, ampliando a flexibilidade e a resiliência do sistema elétrico.

Aneel: sandboxregulatório para eletrificar comunidades isoladas

AAneel lançou recentemente um projeto de sandbox regulatório denominado Energias da Floresta, cujo objetivo é criar um ambiente experimental para testar soluções inovadoras voltadas à eletrificação de regiões isoladas e remo-

tas da Amazônia Legal, habitadas por povos e comunidades tradicionais — indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhos.

A iniciativa surge em parceria com o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) e pretende “identificar problemas regulatórios, construir alternativas de soluções, aprimorar políticas públicas, modernizar a legislação e regulação setorial e atuar na redução da pobreza energética” nas regiões prioritárias. No dia 30 de outubro, em evento na Aneel, além do lançamento do projeto, a agência assinou termo de cooperação com o IEMA.

Um sandbox regulatório é um ambiente controlado de testes criado por órgãos reguladores para permitir que empresas e instituições experimentem modelos inovadores de produtos, serviços ou normas sob supervisão, com regras temporariamente flexibilizadas, antes de uma aplicação em larga escala.

Segundo a Aneel, este sandbox permite que empresas, distribuidoras e cooperativas apresentem modelos de fornecimento de energia adaptados às condições locais, com testes em ambiente controlado pela agência, fora dos moldes tradicionais, mas com supervisão regulatória.

difícil de implantar em regiões de difícil acesso.

A expectativa dos agentes regulatórios é que o projeto contribua para avanços na universalização do acesso à energia elétrica, na melhoria da qualidade dos serviços prestados e no atendimento a critérios como segurança, sustentabilidade e equidade social nas regiões atendidas.

Estima-se que cerca de 1,2 milhão de pessoas ainda vivam sem energia elétrica nos estados que compõem a Amazônia Legal (Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e oeste do Maranhão), em razão de desafios logísticos, ambientais e sociais.

ONS lança página sobre curtailmentcom painel interativo

OOperador Nacional do Sistema

Elétrico (ONS) lançou uma nova seção em seu site dedicada ao tema curtailment, prática que se refere à limitação temporária da geração de energia, principalmente eólica e solar, em situações de excesso de oferta ou restrições operativas no Sistema Interligado Nacional (SIN).

O novo espaço reúne, de forma integrada, dados atualizados e detalhados sobre o assunto, mostrando como o ONS tem feito a gestão dos excedentes energéticos. A iniciativa inclui materiais de apoio, notícias, vídeos informativos e relatórios, com o objetivo de tornar mais ágil e transparente o acesso às informações.

As soluções que poderão ser experimentadas variam de microrredes combinadas com solar fotovoltaica e armazenamento até aplicações híbridas de fontes renováveis, à medida que o fornecimento convencional se mostra

Entre os principais destaques, está o painel dinâmico “Acompanhamento das Restrições de Geração Eólica e Fotovoltaica”, desenvolvido em Power BI. A ferramenta oferece uma visão detalhada do curtailment no SIN, com atualização diária e possibilidade de consultas personalizadas. O painel apresenta dados sobre a “Geração Não Realizada Apurada” (GNRa),

Sandoval Feitosa apresenta o projeto na solenidade de lançamento – 1,2 milhão de pessoas ainda sem acesso à eletricidade no Brasil
Aneel/reprodução
Prefeitura de Serra da Saudade/Reprodução

causas das restrições, evolução dos volumes ao longo do tempo e distribuição por estado, submercado, fonte de geração e ponto de conexão.

A criação da página atende a uma solicitação da Aneel, que recomendou ao ONS ampliar a transparência nas ações de gestão de excedentes. Segundo o Operador, a nova seção faz parte das ações contínuas de aprimoramento da governança e da divulgação de dados operacionais.

O painel é alimentado por dados estruturados disponibilizados na plataforma Dados Abertos do ONS, assegurando atualização online e acesso público às informações. A expectativa é que o recurso se torne uma ferramenta de referência para agentes do setor e pesquisadores interessados no acompanhamento da operação e da integração das fontes renováveis.

Para acessar a nova página, visite https://www.ons.org.br/Paginas/ faq_curtailment.aspx

Baywa r.e. deixa Ribeiro Solar e atividades no Brasil

ARibeiro Solar anunciou a retomada de suas operações sob a liderança de sua fundadora e ex-CEO, Liciany Ribeiro (foto), após dois anos de gestão pelo grupo alemão BayWa r.e. Solar Trade. A transição ocorre após a decisão da multinacional de concentrar esforços em mercados globais considerados prioritários, deixando as atividades no Brasil.

Segundo comunicado, com o retorno à administração original, a empresa pretende acelerar projetos estratégicos e fortalecer a atuação comercial, mantendo o foco em qualidade dos equipamentos, equipe técnica especializada e sustentabilidade. Liciany Ribeiro também é coordenadora da regio-

Liciany: Foco em sistemas de armazenamento

nal Paraná da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

A Ribeiro Solar oferece soluções completas para geração solar em residências, comércios e indústrias — desde o projeto e instalação até a manutenção e o suporte técnico. A empresa também fornece sistemas autônomos (off-grid) com armazenamento em baterias para locais sem acesso à rede elétrica convencional.

Entre as prioridades da nova fase está a ampliação das soluções em armazenamento de energia, linha já presente no portfólio desde 2023. “Nosso foco está nos sistemas de armazenamento. Não vendemos apenas produtos — entregamos soluções completas em geração de energia”, afirma a gestora.

Novas normas ABNT para ensaios e inspeção de módulos

AABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas publicou em outubro as normas técnicas ABNT NBR IEC 61215-1-1:2025 – Módulos fotovoltaicos terrestres – Qualificação de projeto e aprovação de tipo – Parte 1-1: Requisitos especiais de ensaios de módulos fotovoltaicos (FV) de silício cristalino; a revisão da

Ensaios e testes: compromisso com qualidade e segurança
Reprodução
TUV Rheinland

ABNT NBR IEC 61215-2:2025 – Módulos fotovoltaicos terrestres – Qualificação de projeto e aprovação de tipo – Parte 2: Procedimentos de ensaio; e a ABNT NBR 17258:2025 (inédita) – Critérios de inspeção de eletroluminescência em módulos fotovoltaicos.

As duas primeiras normas, pertencentes à série ABNT NBR IEC 61215, atualizam e revisam os requisitos e procedimentos de ensaio aplicáveis à qualificação de projeto e aprovação de tipo de módulos de silício cristalino, promovendo o alinhamento técnico com as normas internacionais da International Electrotechnical Commission (IEC). Segundo a Absolar - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, que divulgou nota sobre o assunto, esses documentos trazem maior consistência aos métodos de teste, definem parâmetros mais precisos e fortalecem a confiabilidade dos resultados obtidos por laboratórios e organismos de certificação.

Já a inédita ABNT NBR 17258:2025 estabelece critérios nacionais para avaliação de defeitos detectados em ensaios de eletroluminescência (EL) — técnica empregada rotineiramente durante a fabricação de módulos fotovoltaicos de silício cristalino, com a finalidade de identificar fissuras, microtrincas e interrupções em células solares. “Esta aplicação ocorre principalmente em ambientes fabris e laboratoriais, podendo distribuidores e consumidores solicitar comprovação do atendimento aos critérios de qualidade definidos pela norma”, diz a associação.

Embora as normas técnicas da ABNT tenham aplicação voluntária, as determinações são amplamente reconhecidas como referência em regulamentos, contratos e programas de certificação, tornando-se de observância obrigatória nesses contextos. Na avaliação da Absolar, as recentes publicações reforçam “o compromisso do setor fotovoltaico brasileiro com a segurança, a rastreabilidade, a performance e a excelência técnica, contribuindo para elevar o padrão de qualidade e a confiabilida-

de dos equipamentos utilizados em todo o mercado brasileiro”.

Mercado global de módulos e inversores: US$ 115,8 bilhões até 2030

Ovalor mundial de mercado de módulos e inversores fotovoltaicos deve atingir US$ 115,8 bilhões até 2030, impulsionado principalmente pela região da Ásia-Pacífico (APAC) com fortes iniciativas políticas, metas ambiciosas de energia renovável, investimentos

em larga escala, rápida urbanização, custos de tecnologia em declínio e expansão da fabricação e inovação solar nas principais economias.

O relatório “

Solar PV Modules and Inverters

segmentos público, comercial e residencial.”

Mudanças recentes na política comercial, incluindo tarifas dos EUA, estão remodelando as cadeias de suprimentos e acelerando os esforços de localização em toda a região da ÁsiaPacífico. Na Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês), os mercados de módulos estão sendo moldados por iniciativas políticas focadas em qualidade, capacidade industrial doméstica e compras estratégicas, particularmente no Oriente Médio.

Market Size, Share and Trends Analysis by Technology, Installed Capacity, Generation, Key Players and Forecast to 2030” (Tamanho, participação e análise de tendências do mercado de módulos e inversores fotovoltaicos por tecnologia, capacidade instalada, geração, principais players e previsão 2024-2030), da GlobalData, indica que o mercado global de módulos fotovoltaicos deve atingir US$ 80,7 bilhões, e o de inversores fotovoltaicos US$ 35 bilhões, até 2030.

Segundo comunicado, o mercado está passando por expansão significativa, impulsionada pela aceleração da busca por soluções de energias sustentáveis e metas de emissão zero líquida. “Fortes incentivos governamentais e inovações tecnológicas em módulos de alta eficiência e sistemas de inversores avançados estão fomentando a adoção em larga escala nos

A região da Ásia-Pacífico continua sendo o principal polo de produção, enquanto o Oriente Médio e a África estão emergindo como áreas de crescimento que exigem inversores de alta capacidade e preparados para armazenamento para projetos de grande escala e integração com redes fracas. O valor do mercado global de inversores fotovoltaicos é liderado pela região da Ásia-Pacífico, com US$ 19,8 bilhões, seguida pelas Américas, com US$ 7,7 bilhões, e pela região EMEA, com US$ 7,6 bilhões.

“A dinâmica do mercado global de módulos e inversores fotovoltaicos está sendo influenciada por políticas industriais nacionais, reformas regulatórias e mudanças nas práticas de aquisição. Diferentes regiões estão respondendo de maneiras diversas: a

Módulos Inversores
Valor do mercado mundial de módulos e inversores solares FV, em 2024 e 2030 (em bilhões de dólares)

região Ásia-Pacífico está expandindo a capacidade produtiva e a fabricação local; a região EMEA está se concentrando na qualidade, na produção nacional e em aquisições estratégicas; e os EUA estão ajustando incentivos e políticas comerciais, mantendo o ritmo de implantação. Esses desenvolvimentos continuarão a impactar as cadeias de suprimentos, a adoção de tecnologia e os fluxos de investimento em todo o setor de energia solar fotovoltaica,” disse Bhavana Sri Pullagura, analista da GlobalData.

UFSC inaugura sistema agrivoltaico em parceria com Epagri

AUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC) inaugurou em outubro um sistema agrivoltaico no Laboratório de Energia Solar Fotovoltaica, localizado no Sapiens Parque, em Florianópolis. O sistema foi desenvolvido em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), com o objetivo de avaliar a viabilidade técnica, econômica e ambiental da combinação entre geração fotovoltaica e cultivo agrícola.

O projeto integra módulos solares instalados em estruturas elevadas sobre

Estado do Rio de Janeiro terá primeira usina agrivoltaica

AGNA, a SUNfarming e a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) firmaram parceria para implantar usina agrivoltaica. O projeto, que contará com investimentos de cerca de R$ 15 milhões, será viabilizado pelo Decreto de Compensação Energética, elaborado pela Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar (Seenemar), do governo fluminense. O empreendimento será instalado na Escola Técnica Agrícola Antônio Sarlo, em Campos dos Goytacazes (RJ), onde permitirá a produção simultânea de até 1,5 MW de energia solar e o cultivo agrícola em uma mesma área. Além de alcançar a autossuficiência energética, a unidade contará com um centro de treinamento e pesquisa, com cooperação entre instituições brasileiras e alemãs, oferecendo capacitação em técnicas agrícolas, eletricidade e instalação de painéis solares para as comunidades locais.

A SUNfarming, parceira no projeto, tem mais de uma década de experiência em usinas agrivoltaicas, com 680 MWp construídos em diversos países. Já a GNA, joint venture formada por bp, Siemens Energy, SPIC Brasil e Prumo Logística, é responsável por parque termelétrico a gás natural localizado no Porto do Açu, no Rio de Janeiro.

as plantações ou em cercas solares, permitindo o uso simultâneo do solo para produção de energia e alimentos. A proposta busca otimizar o aproveitamento da terra e ampliar a geração de energia limpa sem comprometer a produtividade agrícola.

As pesquisas incluem o cultivo de diferentes espécies vegetais, para identificar aquelas que melhor se adaptam à redução parcial de luz causada pelos módulos. Também serão avaliadas variáveis como sombreamento, espaçamento e altura das estruturas, a fim de maximizar simultaneamente o rendimento energético e agrícola.

A Epagri é responsável pelas atividades agrícolas e a UFSC coordena as soluções fotovoltaicas. O projeto conta com financiamento da espanhola Repsol Sinopec, além de apoio de outras instituições parceiras. Entre os benefícios esperados estão o aumento da produtividade do solo pelo uso múltiplo da terra, a redução de impac-

Projeto integra geração solar e produção agrícola, com apoio da Repsol Sinopec

tos ambientais e o fortalecimento da resiliência frente às mudanças climáticas.

Mesmo com aumento de custos, Brasil segue competitivo em H2V

Apesar da elevação global dos custos de produção do hidrogênio verde e seus derivados no último ano, o Brasil mantém posição de destaque em competitividade internacional. É o que aponta o Índice LCOX Brasil, elaborado pela consultoria Clean Energy Latin America (Cela), que estimou o custo nivelado de produção do combustível entre US$ 2,94/kg e US$ 7,38/kg, conforme a localidade e as condições energéticas.

Para a amônia verde, o custo estimado pelo Índice LCOA Brasil varia entre US$ 648 e US$ 1781 por tonelada, enquanto a produção a partir de combustíveis fósseis (hidrogênio cinza) oscila entre US$ 360 e US$ 897/ton. Os dados foram calculados com base em informações atualizadas até setembro de 2025, fornecidas por fabricantes, operadores e empresas de manutenção, refletindo o cenário real das plantas renováveis do País.

Segundo a Cela, o custo de produção subiu em média 11% para o hidrogênio verde e 40% para a amônia verde no Brasil nos últimos 12 meses, acompanhando a tendência mundial de aumento nos preços de equipamentos e energia. No contexto nacional, o movimento também é atribuído aos cortes de geração renovável (curtailment), que reduziram receitas e elevaram o custo nivelado dos projetos.

“O Índice LCOX é um marco para o mercado brasileiro, pois fornece um parâmetro objetivo e atualizado sobre o custo real de produção do hidrogênio verde e seus derivados”, afirmou Camila Ramos, CEO da Cela. “Ele permite comparar o Brasil com outros mercados e embasar decisões de investimento e políticas públicas”, acrescenta.

As análises integram o Cela Research – Módulo H2V, plataforma de inteligência de mercado lançada em outubro pela consultoria. A ferramenta reúne três componentes principais: o Índice LCOX Brasil, o Mapa de Projetos de H2V, que detalha o status e as aplicações dos empreendimentos, e a Calculadora RFNBO-EU H2V, que estima o grau de conformidade de projetos com os critérios de certificação europeia para combustíveis renováveis. O levantamento identificou 113 projetos de hidrogênio verde, amônia, e-metanol e aço verde, distribuídos por 16 estados brasileiros. Juntos, eles somam R$ 469,2 bilhões em investimentos anunciados e cerca de 90 GW de nova capacidade instalada de energia renovável. Mais da metade (53%) dos projetos tem foco no mercado doméstico, especialmente nos segmentos de siderurgia, fertilizantes e transportes.

“Mesmo com a elevação recente de custos, o Brasil continua entre os mercados mais competitivos do mundo para a produção de hidrogênio e derivados, graças ao baixo custo e à ampla disponibilidade de energia renovável”, avaliou Marília Rabassa, diretora de consultoria e sócia da Cela.

FIEC, Senai e GoodWe criam centro de treinamento solar no Ceará

AFederação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o Senai Ceará e a multinacional chinesa GoodWe firmaram um acordo de cooperação tecnológica para a implantação de um centro de treinamento em energia solar e armazenamento. O anúncio foi feito dia 20 de outubro durante visita da delegação brasileira à sede da GoodWe, em Suzhou, na China.

O projeto prevê a criação de um laboratório tecnológico no Senai Ceará, voltado à capacitação de técnicos e engenheiros nas novas tendências do setor fotovoltaico, com foco em sistemas híbridos e soluções de armazenamento.

O espaço contará com equipamentos completos fornecidos pela GoodWe, incluindo inversores on-grid e híbridos, sistemas de armazenamento e um carport com módulos solares BIPV (Building Integrated Photovoltaics).

“Agradeço à GoodWe por essa importante parceria, pois acreditamos que, ao lado de grandes empresas, conseguimos qualificar profissionais aptos a lidar com as novas tendências de mercado”, afirmou Ricardo Cavalcante, presidente da FIEC.

Para Fábio Mendes, vice-presidente da GoodWe na América do Sul, a iniciativa representa um marco na integração entre educação e tecnologia. “Ao unir nossa expertise em sistemas solares e armazenamento com a tradição educativa do Senai, criamos um ambiente onde teoria e prática

Hidrogênio verde: índice LCOX Brasil mostra custo de produção entre US$ 2,94 e US$ 7,38 por quilo
Paulo André Holanda, diretor regional do Senai Ceará, e Lucas Lu, diretor da GoodWe Solar Academy, assinam o acordo: laboratório voltado à energia solar e armazenamento

convergem para formar profissionais prontos para os desafios do mercado”, destacou.

O diretor regional do Senai Ceará, Paulo André Holanda, ressaltou que a parceria eleva o nível do ensino técnico no estado. “Esse espaço oferecerá experiências práticas que simulam situações reais do setor e fortalecerá o ecossistema regional de energia solar”, afirmou.

O projeto executivo do laboratório está sendo desenvolvido no Centro de Excelência para Transição Energética Prof. Jurandir Picanço, localizado no Senai Barra do Ceará, com início das atividades previsto ainda para 2025. A expectativa é que o espaço se torne referência em capacitação solar no Nordeste, oferecendo cursos técnicos, workshops e programas voltados à inovação e à sustentabilidade.

Axial inicia montagem de trackerspara a Minuano no Maranhão

AAxial Brasil, especializada em projetos e na fabricação de trackers solares, anunciou o início da fase de montagem de equipamentos na Usina Fotovoltaica de Peritoró, no Maranhão. Segundo a empresa, o empreendimento de geração distribuída, com capacidade de mais de 7 MWp, é resultado

de uma parceria estratégica firmada com a Minuano Participações (empresa com expertise de execução de mais de 100 MWp) durante a Intersolar South America 2025, realizada em agosto em São Paulo.

No total, a Axial Brasil fornecerá à Minuano equipamentos para, ao menos, seis usinas, distribuídas no Maranhão, Piauí e na Bahia, totalizando mais de 30 MWp. A instalação em Peritoró utilizará o modelo Axial TrackerTwin, projetado para oferecer alta performance e durabilidade, mesmo em condições climáticas desafiadoras, afirma a fornecedora o aumento na produção de eletricidade em comparação com estruturas fixas pode chegar a 30%, diz a empresa.

De acordo com comunicado, as parcerias recentes da Axial fazem parte de um movimento de expansão da empresa no País, rumo à entrada no mercado de geração centralizada (GC). Durante a Intersolar South America, o CEO global da espanhola Axial Structural Solutions, José Luis Fayos, comentou sobre esse objetivo da companhia no Brasil. “Alguns dos nossos melhores clientes do mundo estão aqui e, de certa maneira, isso também nos impulsiona a entrar neste mercado (GC), ao qual já estamos acostumados no resto do mundo. Estamos confiantes de que ainda este ano vamos fechar projetos em GC para seguir contribuindo com o mercado de energia limpa no Brasil”, enfatizou Fayos. A Axial já vem participando de concorrências de projetos de geração centralizada.

Aneel aperta regras para desconto em TUST e TUSD

AAneel aprovou e publicou no dia 10 de outubro a Resolução nº 1134/ 2025, que estabelece novos critérios para concessão de descontos nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD) a empreendimentos de geração. A medida res-

tringe o benefício a usinas com potência de até 300 MW e cria o conceito de complexo de geração, para evitar que projetos de grande porte sejam artificialmente divididos com o objetivo de obter o incentivo.

A regulamentação foi elaborada em atendimento a uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou distorções no uso do benefício tarifário, especialmente pela prática de fracionar empreendimentos em unidades menores para burlar o limite legal. A consulta pública que embasou a decisão, CP 13/2024, recebeu 110 contribuições de 28 empresas e instituições entre 22 de maio e 5 de julho de 2024.

O novo regulamento também define procedimentos específicos para pedidos de outorga ou de ampliação que tenham sido objeto de Termo de Declaração de Prosseguimento da Autorização (TDPA) e de Termo de Declaração de Suspensão da Autorização (TDSA). Nesses casos, os empreendedores deverão solicitar formalmente o enquadramento no desconto tarifário à Aneel, sujeito à análise conforme os novos critérios.

Segundo a Aneel, a classificação como “complexo de geração” considerará fatores como o compartilhamento de ponto de conexão, de infraestrutura, de tecnologia de geração e de controle societário. A CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica será responsável por avaliar a potência injetada pelo conjunto, e o resultado será utilizado pelo ONS - Operador Nacional do Sistema para cálculo dos encargos de uso.

A resolução não tem efeito retroativo, assegurando a manutenção dos direitos já adquiridos por usinas com outorga emitida antes de 22 de novembro de 2023. A agência afirma que buscou conciliar segurança jurídica e correção de distorções, garantindo que os benefícios tarifários sejam concedidos “de forma justa e alinhada às diretrizes legais e do TCU”.

Instalação dos trackers em Peritoró – Empresa mira agora o mercado de geração centralizada

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No caso dos pedidos com TDSA pendentes, os responsáveis deverão reafirmar interesse na continuidade do processo de outorga e apresentar documentação atualizada. O não atendimento implicará arquivamento do pedido.

Alemanha ativa primeiro sistema solar flutuante vertical do mundo

Em 10 de outubro, a Alemanha colocou em operação o primeiro sistema fotovoltaico flutuante vertical do mundo, instalado no reservatório de cascalho de Jais, no distrito de Starnberg, Baviera. Desenvolvido pela SINN Power GmbH, o projeto inaugura uma nova configuração estrutural para geração solar sobre água, com módulos bifaciais montados verticalmente.

O sistema, denominado SKipp-Float, adota módulos em orientação lesteoeste, separados por corredores aquáticos de ao menos quatro metros. Essa disposição reduz o sombreamento e permite uma produção mais uniforme ao longo do dia, além de ampliar o aproveitamento energético em horários de menor irradiação solar.

A planta tem 1,87 MW de capacidade instalada e expectativa de gerar cerca de 2 GWh por ano, ocupando apenas 4,65 % da área do lago, bem abaixo do limite de 15 % previsto pela Lei de Recursos Hídricos alemã (Wasserhaushaltsgesetz – WHG). A conexão elétrica é feita por meio de cabos flutuantes que convergem a um ponto de alimentação central na margem.

A estrutura utiliza sub-bases em formato de quilha, com até 1,60 m de profundidade, que mantêm os módulos fixos e permitem movimentos controlados sob ação do vento. Essa solução reduz tensões mecânicas e garante estabilidade mesmo com variações do nível da água.

Nos primeiros dias de operação, o sistema demonstrou o comportamento projetado: reagiu adequadamente às cargas de vento e às oscilações do reservatório, permitindo que a usina de cascalho reduzisse em cerca de 60% o consumo de energia da rede. A expectativa é alcançar até 70% de redução ao longo do ano, sem necessidade de armazenamento adicional.

O SKipp-Float também foi projetado para minimizar impactos ambientais. A construção permite a troca natural de oxigênio e a penetração de luz solar na lâmina d’água, favorecendo a circulação térmica e biológica. Observações iniciais indicam até melhoria na qualidade da água e formação de novos habitats, com aves aquáticas nidificando nos flutuadores e cardumes se concentrando junto aos contrapesos em forma de quilha.

Uma segunda fase de expansão, já prevista no projeto, adicionará 1,7 MW de capacidade mantendo a ocupação total abaixo de 10% da superfície do lago. A SINN Power pretende ainda adaptar a tecnologia para uso marítimo, explorando o potencial da estrutura vertical em condições oceânicas.

Indicada para lagos de pedreiras, reservatórios industriais e corpos d’água artificiais com mais de 1,6 m de profundidade, a tecnologia SKipp, destaca-se por seu perfil de geração estável e compatível com redes locais. Segundo a empresa, o conceito amplia o campo de aplicação das usinas solares flutuantes, combinando densidade energética elevada, baixo impacto ambiental e potencial de replicação em diversos mercados.

Usina SKipp-Float da SINN Power, de 1,87 MW, combina arranjo bifacial leste-oeste e baixa ocupação aquática SINN Power

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Aneel orienta instalação de sistemas de armazenamento em usinas

AAneel publicou novas orientações para os empreendedores interessados em instalar sistemas de armazenamento de energia colocalizados em centrais geradoras já outorgadas. A iniciativa busca padronizar os procedimentos e reforçar as exigências técnicas e regulatórias aplicáveis à incorporação de baterias e outras tecnologias de armazenamento ao parque gerador nacional.

De acordo com as diretrizes, os interessados deverão apresentar um arranjo geral do empreendimento, com a delimitação da poligonal do sistema de armazenamento e da rede de interesse restrito, desde a subestação coletora até o ponto de conexão. O modelo de referência está disponível no site da Aneel.

Também será exigido um estudo técnico detalhado, contendo estimativas de injeção anual de energia, perfil de operação previsto, eficiência global do sistema, potência de descarga, capacidade de armazenamento e descrição da tecnologia empregada. Esses dados permitirão à agência avaliar a viabilidade e o impacto dos projetos no sistema elétrico.

Entre os documentos obrigatórios estão ainda a licença ambiental compatível com as características do projeto e os contratos de uso dos sistemas de transmissão e distribuição (CUST e CUSD), acompanhados do parecer de acesso ou documento equivalente, conforme o caso.

O pedido deve ser acompanhado de uma declaração formal do empreendedor, atestando a propriedade ou posse das áreas necessárias à implantação do sistema, a veracidade das informações técnicas e o cumprimento das normas estabelecidas pela Aneel. O documento deve ser assinado pelo representante legal da empresa, com responsabilidade civil, penal e administrativa pelas informações prestadas.

A declaração também exige que o requerente reconheça as restrições previstas em normas recentes da agência, como a Resolução Normativa nº 1071/2023, que trata da individualização de empreendimentos adjacentes, e a Resolução nº 1055/2022, que veda a instalação de sistemas de geração ou armazenamento na área de desenvolvimento de subestações.

Empreendedores deverão apresentar à Aneel estudos técnicos, licenças e contratos de acesso
Shuttestock

As novas orientações reforçam que alterações técnicas realizadas pelos agentes são de responsabilidade exclusiva do empreendedor e devem ser validadas pela Aneel até 90 dias antes da solicitação de entrada em operação em teste. A Agência ressalta que modificações feitas sem observância desses prazos não geram direito a excludente de responsabilidade nem a pleitos compensatórios.

Notas

Busca por módulos - As pesquisas na internet por módulos solares e sistemas fotovoltaicos registraram forte crescimento entre junho e agosto de 2025, segundo levantamento da Descarbonize Soluções. O estudo mostrou que o interesse dos brasileiros pela energia solar aumentou 22% no período, em meio ao acionamento contínuo da bandeira vermelha nas contas de energia elétrica. A análise, baseada em dados do Google, também identificou aumento expressivo em outros termos relacionados. As buscas por “painéis solares fotovoltaicos” cresceram 260%, por “módulo de sistema solar” subiram 100% e por “valor módulos solares para casas” avançaram 267%. Já o termo “valor do módulo solar” teve alta de 21% no mesmo período.

Captação em CRIs - A Solfácil anunciou uma nova captação de R$ 450 milhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) para financiar aproximadamente 25 mil projetos de geração distribuída em todo o País. A operação foi coordenada por Itaú, XP e Bradesco e marca mais um passo da empresa na ampliação de sua base de financiamento para energia solar, segundo comunicado. A captação foi estruturada em duas fases, com liquidações em 30 de setembro e 15 de novembro, e representa a quarta operação da companhia com CRIs. Em julho, a Solfácil já havia captado R$ 750 milhões para o mesmo fim. Desde que passou a acessar o mercado de dívida, em 2020, a empresa acumula mais de R$ 7 bilhões levantados em 13 operações.

Autoprodução - A varejista de alimentos Assaí anunciou sua entrada no modelo de autoprodução de energia em parceria com a Auren Energia. Por meio do acordo, a rede busca reforçar o foco em fontes de energias limpas para o abastecimento de suas lojas e para isso foram arrendadas três usinas solares no município de Jaíba (MG), que serão responsáveis pelo abastecimento de diversas lojas nos estados do Acre, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo, além do Distrito Federal, com estimativa de chegar a cerca de um terço do parque atual de unidades. O formato do contrato é de consórcio por arrendamento e terá duração de cinco anos. As três usinas, juntas, têm uma capacidade de produção de 36 MW médios.

A nova era do sistema elétrico brasileiro

Aenergia solar tem crescido em ritmo exponencial no mundo. No Brasil, as projeções apontam acréscimo de 500 megawatts por mês até 2029. Por sua vez, a fatia das hidrelétricas tem registrado redução significativa ao longo das últimas duas décadas: de mais de 80% para pouco mais de 50%. Essa mudança vem acompanhada de um efeito colateral importante: o enfraquecimento da flexibilidade do sistema elétrico. O que antes era um modelo previsível, baseado em grandes usinas despacháveis, tem se tornado um cenário cada vez mais desafiador, exigindo novas soluções para equilibrar geração e consumo em tempo real. A chamada “curva do pato”, curtailment, avanço da geração distribuída (GD) e eletrificação da mobilidade impõem desafios inéditos à operação, ao planejamento e à regulação do setor. Tais temas foram amplamente discutidos na edição regional Sul da Intersolar Brasil, realizada em Porto Alegre, RS, em outubro. Durante o debate, especialistas apontaram que o sistema elétrico nacional precisará passar por uma profunda adaptação tecnológica e

A matriz elétrica brasileira passa por uma transformação profunda. A queda da participação hidrelétrica e o avanço acelerado da geração solar estão impondo desafios operacionais e exigindo novas soluções. Inversores grid forming , microrredes e sistemas zero grid surgem como alternativas emergenciais para garantir flexibilidade ao sistema.

regulatória para acompanhar essa transição. No horizonte, desponta uma nova fronteira tecnológica: os inversores grid forming, as microrredes inteligentes e sistemas grid zero, que prometem trazer estabilidade a sistemas dominados por eletrônica de potência, mas que também exigem rigor técnico, fiscalização e uma nova cultura de operação.

Leandro Michels, professor associado da UFSM - Universidade Federal de Santa Maria, alerta que, sem uma nova estrutura de preços e de operação do sistema, o país poderá enfrentar diferenças extremas entre os picos e vales de consumo. Diante disso, existem dois caminhos possíveis: investir rapidamente em infraestrutura robusta ou mudar a forma como se consome e se gerencia energia dentro das unidades consumidoras.

Ainda segundo ele, a massificação dos veículos elétricos tende a agravar o problema, já que a recarga noturna ocorre justamente no horário de maior uso de energia, no fim da tarde/início da noite. “Com a expansão simultânea da geração distribuída e dos veículos elétricos, o formato atual do setor elétrico não se sustentará”, afirma Michels. “Será preciso introduzir sinais de preço que reflitam a disponibilidade de energia, tornando-a mais barata ao meio-dia e mais cara no final da tarde, para incentivar o armazenamento e o deslocamento de cargas”.

Leandro Michels (UFSM): “Com a expansão simultânea da geração distribuída e dos veículos elétricos, o formato atual do setor elétrico não se sustentará”

Dentre as soluções já em uso no País estão a limitação de injeção e zero grid, que impede a exportação de energia para a rede, promovendo o consumo local e o controle da potência gerada. “É uma forma básica de gestão de energia, mas o futuro aponta para sistemas que integrem fotovoltaica, baterias (BESS) e cargas despacháveis, como os veículos elétricos”, explica Michels.

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Ele acrescenta que outros mecanis mos regulatórios precisarão ser adota dos. Um deles é a extensão da penaliza‑ ção por ultrapassagem de demanda — hoje aplicada apenas a grandes con sumidores — também para a baixa tensão, criando incentivos para o uso racional da energia. “Não se trata de obrigatoriedade, mas de criar sinais econômicos que estimulem o gerencia mento inteligente das cargas”, diz.

No horizonte, ele vislumbra um sis tema interativo e digitalizado, no qual medidores inteligentes e interfaces de comunicação bidirecionais transmitam dados em tempo real ao operador do sistema. Este, por sua vez, poderá enviar sinais de potência, suporte de reativos e serviços ancilares, coorde nando o funcionamento de milhares de pequenas unidades geradoras e consumidoras.

“O zero grid é apenas a ponta do iceberg. Ele marca o início de uma transformação inevitável que tornará nossa matriz elétrica mais verde, mais inteligente e mais renovável”, aposta.

Zero grid

Por sua vez, Ricardo Bortolini, gerente de projetos de PD&I da Uni versidade Federal de Santa Maria, observa que o conceito de zero grid não representa a solução definitiva ou ide al para os desafios da geração distri buída, mas é uma alternativa prática e imediata. “É atualmente a mais rápida e fácil para amenizar os impactos do excesso de geração em alguns momen tos do dia, e pode dar um pouco mais de tempo para resolver os problemas de forma mais estrutural, através de armazenamento de energia e outras técnicas que terão reflexos mais consi deráveis e permanentes”, explica. Entre as principais vantagens desse tipo de sistema está a dispensa de aná lises de inversão de fluxo, o que facili ta sua implementação, aponta o geren te. “Do ponto de vista do sistema de

potência, ele é considerado como um gerador de menor porte, ou continua sendo uma carga”, ressalta Bortolini. Por outro lado, há limitações: o sistema impede o acúmulo de créditos de energia para com pensação noturna ou em períodos sem geração. “Esse tipo de sistema não fun ciona para todos os clientes. É necessário que o consumo de energia esteja con centrado nas horas de maior incidência solar”, acrescenta.

Ricardo Bortolini (UFSM):

“O grid zero pode amenizar impactos do excesso de geração em alguns momentos do dia e dar um pouco mais de tempo para resolver os problemas de forma mais estrutural, através de técnicas com reflexos mais consideráveis e permanentes”

Segundo ele, esse mecanismo, além de equilibrar a operação local, também pode auxiliar na expansão da GD em regiões onde as redes de distribuição já estão saturadas. “Diversas conces sionárias têm negado a conexão de novos sistemas devido a problemas de inversão de fluxo. O uso de soluções zero grid pode resolver ou, pelo menos, atenuar essas restrições”, destaca Bor tolini.

Regulação – A solução também carece de regulação, segundo os especialistas. Bortolini informa que o setor tem tra balhado em conjunto com concessioná rias, ABNT, Absolar e outras entidades para buscar a padronização das exi gências técnicas. Segundo ele, a CPFL criou uma diretriz interna para lidar com o tema, mas que não se aplica às demais distribuidoras. “O desafio é que outras empresas podem, no futuro, adotar regras próprias, o que geraria desorganização no mercado. O objetivo é transformar essa norma em padrão nacional, garantindo uniformidade e clareza para todos os agentes do setor”, explica.

Entre as diretrizes da norma, estão o tempo de resposta de 15 segundos, três vezes maior que o praticado em outros

países, e a necessidade de instalação de um relé com função ANSI32, que monitora se há envio de potência para a rede elétrica e, caso o limite seja ultrapassado, abre o circuito e desconecta o consumidor. Borto lini esclarece que a CPFL permite que essa função seja executada pelo próprio inversor, desde que haja comprovação técnica da capa cidade do equipamento.

Outro desafio regulatório – e também técnico – para as insta lações com zero grid envolve a potência reativa. Ele explica que consumidores do Grupo A com fator de potência inferior a 0,92 estão sujeitos à cobrança de mul ta, calculada com base na relação entre a energia ativa e reativa que entra na instalação. Quando o inversor opera com fator de potência igual a 1, ele fornece apenas potência ativa, compensando o consumo, mas as cargas — que geralmente operam em torno de 0,9 ou 0,8 — continuam demandando potência reativa da rede.

Se o inversor não reproduzir o mesmo fator de potência das cargas, a concessionária interpreta o consu mo como de baixo fator de potência, resultando em multas por excesso de energia reativa, mesmo que o consu mo total não tenha aumentado. “An tes, energia ativa e reativa vinham da rede, e o fator de potência ficava acima de 0,92. Agora, com a geração local, ele cai”, explica Bortolini. Para contornar o problema, os fabricantes de inversores grid zero precisarão desenvolver soluções que compensem o fator de potência local mente, ou as concessionárias terão de reavaliar a aplicação de penalidades por potência reativa e baixo fator de potência.

Frederico Boschin, diretor executi vo da Noale Energia, também destaca a urgência de ajustes regulatórios no Brasil face à mudança do sistema de

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potência tradicional, baseado em máquinas síncronas com muita inércia e fluxo unidirecional, para um modelo de eletrônica de potência, com inversores comunicando-se com a rede, equipamentos realizando gerenciamento inteligente de cargas e estabelecendo protocolos. “A tecnologia existe, mas o Brasil ainda apresenta uma deficiência regulatória”, afirma.

Boschin observa que o país começa a se aproximar de modelos internacionais de gestão de energia, apostando na adoção de um agente regulador capaz de administrar o consumo de forma isonômica, um DSO (Distribution System Operator), com critérios técnicos claros e auditáveis.

Para ilustrar como outros países têm enfrentado desafios semelhantes, ele cita a experiência da Califórnia, onde em 2024 o atendimento do pico de demanda contou com 6 GWh de baterias, além de um DSO atuando na supervisão da rede. Em 2025, esse volume aumentou para 10 GWh, refletindo a adoção crescente da tecnologia de armazenamento.

Na Austrália, incentivos à instalação de baterias levaram a recordes de capacidade em julho de 2025, permitindo não apenas gerenciar cargas, mas também apoiar subestações e ofe-

recer resposta eficiente à variabilidade da rede.

Hoje, segundo o diretor, os custos de baterias já caíram globalmente, tornando a tecnologia acessível e pronta para aplicação. “O que ainda falta no Brasil são ajustes regulatórios e a implementação de sistemas que integrem de forma eficiente consumidores, geração distribuída e rede”, conclui.

Boschin ressalta que a estrutura do setor elétrico brasileiro baseada em contratos de longo prazo — muitos com vigência de 25 anos — dificulta revisões técnicas ou regulatórias, tornando o processo demorado e repleto de resistências. “Enquanto o mundo avança para modelos com preços de energia variáveis ao longo do dia, o Brasil permanece preso a tarifas fixas, reflexo direto desses contratos longos. Essa rigidez inviabiliza a adoção de soluções como o armazenamento em baterias, que dependem justamente da variação tarifária para

se tornarem economicamente viáveis”, completa.

Apesar das barreiras, o diretor reconhece que, haja vista que a tecnologia avança mais rápido que a regulação, há um novo comportamento entre consumidores: “O cenário atual envia um sinal claro: quem pode, busca autonomia energética. Cada vez mais, residências e empresas optam por gerar, armazenar e gerenciar sua própria energia, transformando a rede elétrica em um suporte secundário, um respaldo para momentos específicos”.

Boschin (Noale Energia): “O Brasil permanece preso a tarifas fixas, reflexo de contratos longos, inviabilizando a adoção de soluções como o armazenamento, que dependem justamente da variação tarifária para serem economicamente viáveis”

Bortolini, por sua vez, acredita que falta justamente uma visão integrada. “Cada agente busca resolver apenas a sua parte, sem considerar o conjunto. E, no fim das contas, o sistema de potência é um só, interdependente, onde qualquer decisão isolada repercute em toda a rede”.

Grid forming

Para Leandro Michels, com a transição para fontes renováveis não despacháveis, o sistema elétrico brasileiro precisa se transformar completamente. “Antes, as grandes usinas operavam com geradores síncronos, que confe-

Frederico
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riam ao sistema uma elevada inércia, elemento essencial para a estabilidade da rede. Agora, a geração passa a ser mediada por equipamentos de eletrônica de potência, que, por natureza, não possuem inércia nem capacidade de armazenamento”. Segundo ele, hoje, o avanço das tecnologias de baterias e o controle mais sofisticado dos inversores já permitem emular o comportamento das antigas máquinas, criando a chamada “inércia sintética”

Ele explica que os novos inversores grid forming atuam como verdadeiras máquinas virtuais, programáveis para reproduzir diferentes respostas dinâmicas. Com o dimensionamento e controle adequados, podem operar de forma semelhante aos geradores síncronos, oferecendo suporte de tensão, estabilidade e equilíbrio à rede elétrica.

Segundo ele, essa transformação já está em curso em diversos países. Na Califórnia, foram instalados cerca de 250 MW em projetos grid forming Na Alemanha, iniciativas conectam o Norte e o Sul por meio de sistemas de armazenamento que reforçam a estabilidade do sistema. A China, por sua vez, avança rapidamente, integrando a tecnologia à sua ampla matriz elétrica.

No caso do Brasil, Michels ressalta que será inevitável seguir esse caminho para aproveitar plenamente o potencial solar e eólico do Nordeste. A adoção de sistemas de armazenamento e inversores grid forming será fundamental para a confiabilidade do sistema. “A tecnologia já está madura, e o custo adicional em relação aos inversores convencionais não é tão alto, e exige apenas um leve sobredimensionamento para lidar com as transições de energia”, explica.

Para ele, mais do que um desafio tecnológico, trata-se de um desafio regulatório. “O país precisa adaptar seu marco legal e operacional para permitir uma transição gradual, segura e compatível com o novo paradigma:

um sistema cada vez mais renovável, digital e descentralizado”.

Microrredes

No Brasil, outro conceito que começa a se consolidar como uma alternativa viável para reduzir a dependência do sistema elétrico convencional são as microrredes. “Hoje, já é possível observar consumidores — como fazendas, indústrias e shopping centers buscando soluções que combinem geração fotovoltaica, baterias e inversores com tecnologia grid forming”, explica Bortolini. Esses sistemas permitem operar de maneira quase independente da rede, garantindo estabilidade e suprimento mesmo em casos de falhas no fornecimento convencional.

As aplicações, segundo ele, vão além do autoconsumo. Em comunidades isoladas, especialmente na Amazônia Legal, as microrredes têm substituído geradores a diesel por sistemas híbridos que integram painéis solares e inversores inteligentes. Outro campo promissor são as cargas críticas, como data centers e grandes complexos comerciais, que exigem energia firme e de alta qualidade. Nesses casos, as microrredes armazenam o excedente fotovoltaico em baterias e compensam variações de carga, reduzindo a pressão sobre o sistema elétrico central e assegurando um fornecimento estável para operações sensíveis.

Segundo Bortolini, as microrredes podem operar de forma isolada ou integradas à rede principal, realizando funções como peak shaving — absorvendo excedentes de geração e liberando energia nos momentos de pico de demanda. “O desafio agora é criar um ambiente regulatório que incentive sua adoção e assegure uma integração eficiente com o sistema elétrico nacional”, observa. Isso porque, segundo ele, diferentemente de uma usina tradicional, que se mantém estável por alguns segundos mesmo

após a queda da rede, os inversores fotovoltaicos podem apresentar comportamentos imprevisíveis se não forem devidamente projetados e programados. “Será inevitável avançarmos em uma regulação mais rígida, que garanta produtos tecnicamente avaliados e certificados antes de entrarem no mercado”, alerta.

Bortolini reconhece que a regulação de produtos ainda é deficitária no Brasil e que o mercado fotovoltaico, em rápido crescimento, ainda é muito guiado pelo preço. Equipamentos de baixo custo tendem a inundar o mercado, muitas vezes em detrimento da qualidade. “Mas o País também conta com bons fabricantes, distribuidores de ponta e equipamentos tier 1”. Segundo ele, com um dos maiores sistemas de potência do mundo e grande penetração de renováveis, o Brasil tem sido observado de perto por especialistas e fabricantes internacionais. “Poucos países enfrentam desafios elétricos de tamanha escala e complexidade. O Brasil é hoje um verdadeiro laboratório global de inovação”, afirma.

Ainda de acordo com o gerente, o País está entrando em uma fase em que não se trata apenas de gerar energia, mas de gerenciá-la com inteligência. Nesse novo cenário, ele destaca que o integrador tem papel central, uma vez que o mercado está migrando de um modelo baseado apenas na venda de equipamentos para outro orientado a serviços, manutenção e atualização contínua. “É preciso confiar mais nos produtos que colocamos no mercado, especializar-se em tecnologias específicas e cultivar relacionamentos de longo prazo, tanto com os clientes quanto com os próprios equipamentos”, conclui.

Nota: sobre zero grid, veja também o artigo “A geração distribuída de energia sem injeção na rede” , de Rui Esteves, na página 32 desta edição.

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Capacidade de interrupção (Icc) (kA)

Grau de proteção IP

Utilizadas para conexão e desconexão segura da parte de corrente contínua de sistemas fotovoltaicos, as seccionadoras de c.c. garantem o isolamento elétrico durante manutenções ou emergências, evitando riscos de choque elétrico e de incêndio provocados por arco voltaico no momento da interrupção.

Suportam altas correntes e tensões contínuas para assegurar durabilidade e con abilidade.

Mecânica (manobras)

Elétrica (manobras) Em trilho DIN Em chapa de fundo Em caixa/painel, com acionamento externo

Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 20 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Fotovolt, novembro de 2025 Este e muitos outros guias estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse https://www.arandanet.com.br/revista/fotovolt/guias e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias. Basta preencher o formulário em www.arandanet.com.br/revista/fotovolt/guia/inserir/

Norma IEC 60947-3

Vida útil Tipo de montagem

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

Condutores 2,5mm2 a 6mm2

Diâmetro externo condutor 4,7 a 7mm

Faixa de Temperatura Ambiente -40°C a +85°C

Temperatura Máxima Limite 120°C

Grau de Proteção (IP) IP68

Classe de Proteção/Segurança II

Classe de Sobretensão III

Tipo de Conexão Crimpagem

Material de contato Cobre Estanhado

Material de isolamento PA

Tensão nominal (Vdc) 1500V

Corrente Nominal 2,5/4/6mm2 25A/35A/45A

Classe de chamas (flamabilidade) UL94: V-0

O conector KSE K4 é usado para conexão serial segura e simples de módulos solares fotovoltaicos, em uma única solução atende condutores de 2,5 a 6mm2. Por possuir moderna tecnologia de produção, sistema de conexão multicontato, componentes e matéria-prima de alta qualidade, oferta alta estabilidade e segurança nas conexões para todo o sistema.

A geração distribuída de energia sem injeção na rede

OBrasil é privilegiado em recursos naturais que favorecem a geração de energia limpa, desde o potencial hídrico, passando pela abundância de luz solar até ventos constantes em algumas regiões. Esse cenário impulsiona a busca por alternativas sustentáveis e econômicas, como a geração distribuída.

A partir da publicação da Resolução Normativa (REN) nº 482/2012 [1] pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), consumidores puderam começar a gerar sua própria energia e compensar excedentes na rede, através do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE).

Com a descentralização da geração de energia, reduziu-se as perdas em transmissão dessa energia, pois a geração passou a estar mais próxima dos centros de consumo.

Muitos consumidores enfrentam desafios para conectar seus sistemas às redes elétricas, especialmente em locais com risco de sobrecarga ou fluxo reverso. Além disso, quem está no Ambiente de Contratação Livre não pode utilizar o sistema de compensação de energia. A solução zero-grid, ou seja, geração de energia sem injeção na rede, é aqui descrita, com os cuidados para instalação, as exigências normativas e a apresentação de casos reais.

Porém, nem todos conseguem se beneficiar desse modelo. Consumidores do Ambiente de Contratação Livre (ACL) são impedidos de aderir ao SCEE. Além disso, em muitas regiões a rede já opera no limite, inviabilizando projetos fotovoltaicos que poderiam gerar mais do que consomem, devido ao risco de fluxo reverso. Este artigo explora como a arquitetura zero-grid surge como uma alternativa eficiente para esses casos, permitindo geração local sem exportação de energia, mantendo a operação segura, legal e financeiramente viável.

Fluxo reverso

A geração distribuída cresceu de forma exponencial no Brasil após 2012. Para se ter uma ideia, em sete anos (20122019) crescemos 1 GW, e dois anos depois (2020-2021) tínhamos crescido mais

9 GW. No final de 2024 tínhamos mais de 36 GW instalados [2].

Apesar dos benefícios, esse crescimento trouxe desafios técnicos por se tratar de uma fonte de energia não despachável (central geradora que não pode ser despachada por meio de um controlador local ou remoto, conforme o artigo 2º da REN 1.000 de 2021 [3]). A geração de energia, especialmente solar, nem sempre coincide com os picos de consumo. Assim, em certos momentos, há excesso de geração que provoca a reversão do fluxo de energia nas redes, ou seja, a energia começa a ser devolvida para a rede, que nem sempre está preparada para isso.

A infraestrutura de transmissão e distribuição já atingiu, em diversas regiões, a sua capacidade máxima de absorção da geração distribuída. Essa

Fotos: TTS Energia
Sistemas fotovoltaicos instalados nas empresas Jacto e Veiling, que adotaram a solução zero-grid

reversão, nestas redes sobrecarregadas, gera aumento de tensão, flutuação na frequência e outros problemas que afetam a qualidade da energia. Para fazer frente a esses desafios, a Aneel incluiu um artigo (o de número 73) na sua Resolução Normativa (REN) 1.000/2021 [3] (a qual estabelece as regras da prestação do serviço de distribuição). Nesse artigo, exige que cada distribuidora faça estudos de impacto das fontes de geração na qualidade de energia sempre que seja necessário. Posteriormente, complementou esses requisitos com a REN 1.059/2023 [4], detalhando formas de avaliar esses riscos, soluções alternativas como conexão em redes de distribuição alternativas (frequentemente em níveis de tensão superior) e redução ou eliminação da energia injetável de forma permanente ou limitada a certos períodos do dia.

Simultaneamente, a Aneel incluiu exceções (artigo 73-A da REN 1.098/2024 [5]) para sistemas de geração que não injetem energia na rede (zero-grid), microgeração que se enquadre nos critérios de gratuidade (artigo 104 da REN 1.000), ou microgeração de até 7,5 kW na modalidade de autoconsumo local.

Paralelismo sem exportação

O zero-grid permite que o consumidor gere sua própria energia, mas sem enviar nenhum excedente para a rede da distribuidora.

Diferentemente de um sistema isolado (off-grid), ele continua conectado à rede, garantindo fornecimento contínuo caso a geração própria não seja suficiente. Porém, possui mecanismos inteligentes que limitam automaticamente a geração para que ela nunca ultrapasse o consumo instantâneo.

Essa solução é válida tanto para consumidores do ACL, que por regra não podem injetar energia na rede,

quanto para consumidores do mercado cativo, especialmente em locais onde a distribuidora limita a geração por risco de fluxo reverso.

Arquitetura de um sistema zero-grid

Um sistema zero-grid é formado por cinco elementos fundamentais que trabalham de forma integrada para garantir sua eficiência e segurança:

• Medidor – É o responsável por monitorar tanto a quantidade quanto a direção do fluxo de energia elétrica na entrada da unidade consumidora. Esse equipamento utiliza transformadores de corrente (TC), que medem a intensidade da corrente, e transformadores de potencial (TP), que monitoram os níveis de tensão. A partir desses dados combinados, o medidor informa a potência instantânea e identifica se há consumo da rede ou exportação de energia para ela.

• Controlador – Atua como o cérebro do sistema. Recebe as informações do medidor e, com base nelas, toma decisões e envia comandos tanto para os geradores quanto para os sistemas de proteção elétrica. Dependendo do modelo, pode ser configurável ou programável, capaz de realizar desde ações simples até decisões mais complexas, como priorizar o uso da fonte de energia mais barata quando há variação nas tarifas ao longo do dia.

• Geradores de Energia – São os responsáveis por atender à demanda de energia da unidade, ajustando sua produção de acordo com os comandos do controlador. É essencial que haja compatibilidade entre o controlador e os geradores. Também é importante que os seus tempos de resposta para reduzir a potência (ramp down) ou para aumentar a potência (ramp up) sejam suficientemente curtos para se adaptarem às flutuações de consumo do cliente que, em algumas situações, podem ser bem significativas e dinâmicas.

• Sistemas de Proteção – São indispensáveis para garantir a segurança da operação. Eles evitam que, em caso de falha no controle, o sistema zero-grid injete energia na rede da distribuidora. Embora algumas proteções em quadros parciais possam ser acionadas diretamente pelo controlador, a proteção principal, localizada na entrada de energia, precisa ser autônoma, realizando sua própria leitura de potência e sentido de fluxo. Ela funciona como uma barreira final, desligando o sistema sempre que for necessário para impedir a exportação de energia.

• Sistema de Comunicação – É o que garante que todos os componentes estejam sincronizados e funcionando de forma integrada. Por questões de confiabilidade, não se pode utilizar redes sem fio (como wi-fi ou Zigbee), que são mais suscetíveis a interferências. Em distâncias maiores, a comunicação é feita por meio de cabos de fibra óptica. São adotados protocolos de comunicação padrão, como Modbus ou CAN, mas também é possível utilizar protocolos proprietários quando todos os equipamentos pertencem ao mesmo fabricante e não há previsão de expansão com dispositivos de outros fabricantes.

Sistemas híbridos

Sistemas de geração que utilizam fontes renováveis, como a radiação solar e a força dos ventos, possuem uma limitação natural: a dependência das condições climáticas, que são imprevisíveis. No caso dos sistemas fotovoltaicos, a geração de energia diminui significativamente em dias nublados e simplesmente cessa após o pôr do sol. Da mesma forma, os sistemas eólicos estão sujeitos à variação da intensidade dos ventos, que nem sempre são constantes.

Para contornar essa limitação e garantir o fornecimento contínuo de ener-

SOLUÇÕES INTELIGENTES

gia, é cada vez mais comum a utilização de bancos de baterias — conhecidos como BESS (do inglês Battery Energy Storage System). Esses sistemas de armazenamento funcionam como uma reserva estratégica de energia.

Sempre que a geração excede o consumo da unidade, o controlador do sistema direciona automaticamente esse excedente para carregar as baterias, em vez de simplesmente reduzir a geração. Por outro lado, quando o consumo ultrapassa a energia instantaneamente gerada, o controlador aciona o BESS, liberando a energia armazenada. Isso evita a necessidade de recorrer à rede da distribuidora, cujo custo costuma ser mais elevado.

Além disso, muitos consumidores já contam com grupos motogeradores (GMG) que entram em operação para complementar a energia fornecida pela concessionária em momentos de maior demanda. Esses equipamentos podem operar em conjunto com o sistema zero-grid, desde que seus controladores estejam integrados ao controlador central do zero-grid. Nesse arranjo, o controlador do zero-grid assume o papel de “master”, coordenando as decisões e garantindo que os demais controladores — incluindo os dos GMGs — sigam suas instruções, assegurando assim o funcionamento eficiente e harmônico de todo o sistema.

Método de dimensionamento

O dimensionamento começa com a análise do histórico de consumo (como o perfil da memória de massa para clientes do grupo A). A geração deve ser planejada para atender ao consumo médio durante os períodos de maior geração (geralmente no horário solar). Se houver baterias, é possível armazenar excedentes para uso em outros horários. Além disso, é fundamental um monitoramento con-

tínuo, que permita ajustes conforme mudanças no perfil de consumo ou de geração.

Tratativas com a distribuidora

A Resolução Normativa nº 956/2021 da Aneel [6], em seu Anexo VIII, estabelece os padrões de qualidade de energia elétrica no Brasil. De acordo com essa norma, cabe não só às distribuidoras, mas também aos consumidores e geradores, a responsabilidade por garantir que a qualidade da energia seja mantida dentro dos parâmetros exigidos.

Por esse motivo, é absolutamente natural que a distribuidora à qual se pretende conectar um sistema zero-grid exija garantias de que esse sistema não trará riscos operacionais ou impactos negativos à rede elétrica. Essa exigência não é apenas uma formalidade, mas uma medida essencial para assegurar a estabilidade e segurança do sistema elétrico.

Além disso, conforme determina o artigo 29 da REN nº 1.000/2021 da Aneel [3], é obrigatório que qualquer instalação observe rigorosamente as normas e os padrões técnicos da distribuidora local. Isso torna indispensável analisar detalhadamente os requisitos específicos da concessionária antes da implementação do sistema zero-grid, bem como submeter o projeto para avaliação e aprovação formal.

Vale ressaltar que nem todas as distribuidoras possuem normativas específicas direcionadas aos sistemas zero-grid. Nesses casos, aplicam-se as regras existentes para sistemas de geração conectados em paralelo com a rede elétrica.

Por outro lado, algumas distribuidoras já dispõem de normativas bem definidas e detalhadas, contemplando tanto a arquitetura quanto os critérios de parametrização desses sistemas. Entre os exemplos, destacam-se a GED 33 da

CPFL [7], a NT.00009.EQTL da Equatorial Energia [8] e a DIS-NOR-033 da Neoenergia [9], que servem como referência para o correto dimensionamento e operação de sistemas zero-grid dentro de suas áreas de concessão.

Casos-exemplos

O zero-grid tem se mostrado uma solução prática e eficiente em diversos cenários. Os projetos que elaboramos e implementamos em zero-grid resolveram problemas diferentes para cada um dos clientes, mas sempre com grandes vantagens econômicas:

• Caso 1: Um cliente precisava instalar 1,12 MW em energia fotovoltaica, mas a distribuidora informou que as obras de reforço na rede levariam quatro anos. Com o zero-grid, ele pôde operar imediatamente, reduzindo custos até que as obras fossem concluídas e, então, migrou para o modelo on-grid.

• Caso 2: Um complexo logístico não tinha acesso à rede, pois havia entraves no processo de desapropriação de terrenos para a rede de distribuição. Implementou-se um sistema híbrido off-grid com geradores a diesel e 2,5 MW em geração fotovoltaica. Posteriormente, ao se conectar à rede, o projeto foi convertido em zero-grid, otimizando o uso de energia limpa. • Caso 3: Diversos consumidores no ACL, com projetos variando entre 150 kW e 4,58 MW, implantaram sistemas zero-grid. Todos conseguiram reduzir, no mínimo, 20% da demanda contratada, sem depender da compensação de energia da rede.

Conclusões

O zero-grid se consolidou como uma alternativa extremamente viável e segura, principalmente para consumidores que enfrentam restrições na rede ou estão no mercado livre de energia.

Além de proporcionar redução de custos e mais autonomia energética, essa solução não compromete a qualidade da rede elétrica e permite que a transição para uma matriz energética mais limpa continue avançando, mesmo em regiões onde a infraestrutura não comporta mais geração distribuída convencional.

Seja como solução temporária ou definitiva, o zero-grid garante flexibilidade, sustentabilidade e viabilidade econômica.

Referências bibliográficas

[1] Aneel: Resolução Normativa Nº 482, de 17 de Abril de 2012, [online]. Available: https:// www2.Aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf. [Acesso em 18.05.2025].

[2] Empresa de Pesquisa Energética – EPE: Painel de Dados de Micro e Minigeração Distribuída, [online]. Available: https://dashboard. epe.gov.br/apps/pdgd/#. [Acesso em 18.05.2025].

[3] Aneel: Resolução Normativa nº 1.000, de 7 de Dezembro de 2021, [online]. Available: https://www2.Aneel.gov.br/decod/ ren20211000.pdf. [Acesso em 18.05.2025].

[4] Aneel: Resolução Normativa n° 1.059, de 7 de Fevereiro de 2023, [online]. Available: https://www2.Aneel.gov.br/cedoc/ ren20231059.pdf. [Acesso em 18.05.2025].

[5] Aneel: Resolução Normativa n° 1.098, de 23 de Julho de 2024, [online]. Available: https:// www2.Aneel.gov.br/cedoc/ren20241098. pdf. [Acesso em 18.05.2025].

[6] Aneel: Resolução Normativa n° 956, de 7 de Dezembro de 2021, [online]. Available: https://www2.Aneel.gov.br/cedoc/ ren2021956.pdf. [Acesso em 18.05.2025].

[7] CPFL: Ligação de Autoprodutores em Paralelo com o Sistema de Distribuição da CPFL, [online]. Available: https://sites.cpfl.com.br/ documentos-tecnicos/GED-33.pdf. [Acesso em 18.05.2025].

[8] Equatorial Energia: Conexão de Geradores Particulares ao Sistema Elétrico da Equatorial [online]. Available: https://ma.equatorialenergia. com.br/wp-content/uploads/2024/09/ NT.00009.EQTL-03-Conexao-de-Geradores-Particulares-ao-Sistema-Eletrico-da-Equatorial.pdf. [Acesso em 18.05.2025].

[9] Neoenergia: DIS-NOR-033 – Conexão de Geradores em Paralelo com o Sistema de Distribuição de Média Tensão – REV 03, [online]. Available: https://www.neoenergia.com/ documents/d/sp/dis-nor-033-03-conexao-de-geradores-em-paralelo-e-minigeracao-distribuida-com-o-sistema-de-distribuicao-de-media-tensao-pdf?download=true. [Acesso em 18.05.2025].

Este trabalho foi apresentado originalmente no congresso “Eletrotec+EM-Power 2025”, realizado de 26 a 28 de agosto de 2025 em São Paulo. Publicado por FotoVolt sob autorização do autor e dos organizadores, com adaptações da Redação de FotoVolt.

Sul confirma potencial de expansão do mercado solar

OIntersolar Summit

Brasil Sul 2025, realizado em 28 e 29 de outubro no Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre, RS, demonstrou a evolução e as perspectivas do mercado solar na região Sul. Organizado pela empresa alemã Solar Promotion International GmbH em parceria com a Aranda Eventos, a edição regional voltou a Porto Alegre após o cancelamento da edição de 2024, impactada pela enchente histórica no Estado.

O evento reuniu especialistas, empresários e pesquisadores para debater o atual cenário da geração distribuída (GD) no País, os gargalos do setor e as oportunidades que emergem em áreas como armazenamento de energia, hidrogênio verde e sistemas agrivoltaicos. A programação também contou com minicursos, que ofereceram aprendizado prático e conhecimento exclusivo de tendências que transformam o setor solar e área correlatas, ministrados por renomados especialistas.

Durante o painel de abertura, o presidente executivo da Absolar - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, apresentou dados que colocam o Sul do Brasil entre as regiões mais relevantes na

Realizado em Porto Alegre, RS, o Intersolar Summit Brasil Sul 2025 con rmou o dinamismo do segmento fotovoltaico na região. Especialistas debateram desa os e oportunidades em geração distribuída, armazenamento, hidrogênio verde e sistemas agrivoltaicos, enquanto a feira apresentou inovações e tecnologias do setor.

geração solar: são 9 GW instalados, R$ 43 bilhões investidos e 270 mil empregos criados. O Paraná lidera com 3,8 GW, seguido do Rio Grande do Sul (3,5 GW) e Santa Catarina (1,5 GW). A maior parte da potência regional vem de telhados residenciais (45%), seguidos por comércios (22%), propriedades rurais (21%) e indústrias (10%). Em nível nacional, a matriz elétrica conta com 61,8 gigawatts de potência solar fotovoltaica, equivalentes a 24% do total nacional, consolidando a fonte como segunda maior do País, atrás apenas das hidrelétricas. O setor já atraiu R$ 277 bilhões em investimentos e 1,8 milhão de empregos nos últimos 13 anos.

competitivo entre pequenos e grandes empreendimentos e da efetiva implementação do cálculo de benefícios e custos da GD pela Aneel, previsto em lei”, afirmou. Ele também destacou os desafios impostos pelos cortes de geração em usinas de grande porte.

Sauaia citou, no entanto, entraves que ainda comprometem a expansão do setor, como a inversão de fluxo de potência no caso da geração distribuída. “Precisamos de mais fiscalização sobre as distribuidoras, de equilíbrio

O diretor-geral da NewCharge, Markus Vlasits, reforçou a urgência de repensar o modelo elétrico brasileiro diante da rápida penetração das fontes renováveis. “O Brasil não está preparado para o montante de

energia renovável que somos capazes de gerar. Corremos risco de colapso físico e financeiro nos próximos anos se não houver mudança estrutural”, advertiu. Mesmo diante dos desafios, Vlasits acredita que o País conta com soluções e capacidade de inovar.

Armazenamento e sistemas isolados

Um dos painéis do evento discutiu o papel do armazenamento com baterias (BESS) para dar estabilidade ao sistema e autonomia a comunidades remotas. “O armazenamento é fundamental para garantir funcionamento contínuo, especialmente à noite ou em dias nublados”, afirmou Vlasits, citando a crescente demanda por soluções off-grid no meio rural.

O executivo destacou que o maior uso de armazenamento no Brasil dependerá, especialmente, de políticas públicas adequadas, a exemplo do marco legal e marco regulatório, tratamento tributário adequado, contratação competitiva de BESS para prestação de serviços públicos e precificação da energia.

Por sua vez, o professor Leandro Michels, da Universidade Federal de Santa Maria, destacou que a energia solar precisa avançar tecnologicamente para contribuir com flexibilidade e controle de potência. Michels abordou sistemas de armazenamento a bateria com tecnologia grid-forming, que podem substituir grande parte da geração térmica e de compensadores síncronos, com o mesmo equipamen-

to que atua como reserva de energia, para prover serviços importantes como suporte de reativos, redução de rampa de potência e inércia sintética. Paulo Faria, da EDP Brasil, também afirmou que a matriz energética brasileira está sujeita a limitações de flexibilidade e intermitência, que gera imprevisibilidade para o controle do equilíbrio geração-demanda. “Com cerca de 20% da capacidade instalada total de geração, a MMGD não é controlada pelo ONS atualmente”, explicou.

Hidrogênio verde

A programação também contou com um painel sobre hidrogênio verde (H2V). O engenheiro Paulo Schneider, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresentou o Programa ProClima 2050, focado na descabornização do estado do Rio Grande do Sul e alinhado ao Plano Rio Grande — iniciativa que busca tornar o Estado mais resiliente após os eventos climáticos de 2024. “O edital do hidrogênio verde reúne dezenas de projetos e agrega esforços para reduzir emissões e ampliar o uso de energia limpa”, explicou.

Os projetos selecionados podem receber subvenção de até R$ 30 milhões, com contrapartida mínima de 30% da empresa. Entre as empresas habilitadas estão Tramontina, Refinaria Riograndense, Begreen Bioenergia e Fertilizantes Sustentáveis e Âmbar Sul Energia.

Para Jurandir Picanço, consultor da Fiec – Federação das Indústrias do Es-

A feira do Intersolar Summit Sul 2025

Paralelamente ao congresso, a feira reuniu mais de 30 grandes empresas do setor solar fotovoltaico, com atuação regional, nacional e internacional. Em uma área de aproximadamente 4 mil m², os visitantes puderam conhecer de perto tecnologias, soluções e serviços que refletem o atual estágio de inovação do segmento. A seguir, alguns dos principais destaques expostos no evento.

tado do Ceará, o potencial brasileiro é imenso, mas o avanço depende de “políticas públicas consistentes e marco regulatório claro”. Já Ricardo Rüther, diretor do Laboratório de Energia Solar Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina, projetou que, até 2050, o Brasil produzirá o hidrogênio verde mais barato do mundo, a US$ 0,50 por quilo. “Cerca de 70% do custo do H2V vem da energia e baratear a produção é muito importante”, projeta.

Sistemas agrivoltaicos

No debate sobre o tema, especialistas comentaram que a combinação de produção de energia solar com o cultivo agrícola no mesmo ambiente já tem mostrado resultados expressivos em países como Alemanha, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão e França. O Brasil, por sua vez, desponta como um terreno fértil para expandir essa tecnologia.

A gerente de Novos Negócios da SunR Reciclagem Fotovoltaica, Laís Cassanta Vidotto, no entanto, salientou que a falta de diretrizes e regulação nacional, aliada aos problemas de custo de investimento e manutenção, especialmente para agricultura familiar, pode ser um entrave para o desenvolvimento do sistema no País. “O baixo poder de investimento dos pequenos produtores rurais, aliado ao nível de instrução no campo é um desafio. Faltam normas específicas, além de profissionais especializados para auxiliar com dados sobre cultura agrícola e de animais”.

Microinversor e inversor híbrido

A Sungrow apresentou na feira novos inversores, soluções híbridas e sistemas de armazenamento de energia. Entre as novidades, o destaque foi o microinversor S2500S-L, com 2,5 kW, quatro MPPTs independentes e corrente de

18 A, indicado para aplicações residenciais e comerciais. O equipamento oferece configuração simplificada via aplicativo iSolarCloud, operação estável até 80°C sem redução de potência e transmissão contínua de dados 24h, com sinal de comunicação ampliado. A empresa também expôs a linha de inversores híbridos MGRL, que compreende equipamentos monofásicos de 5 a 10 kW, desenvolvidos para maximizar o autoconsumo e garantir backup automático em caso de interrupção de energia em instalações residenciais e comerciais. Os inversores são compatíveis com baterias de chumboácido e lítio, e possibilitam operação off-grid, com tempo de comutação inferior a 4 ms.

www.sungrowpower.com

Módulos, inversores, estruturas

A divisão Energia Solar da Tramontina apresentou na Intersolar Brasil Sul sua nova linha voltada à geração fotovoltaica, com módulos solares, inversores, além de estruturas de fixação, cabos e conectores compatíveis com diferentes tipos

de instalação. Os sistemas podem ser acompanhados pelos aplicativos T Smart, que permite ao usuário visualizar em tempo real a geração de energia, e Solar Tramontina, destinado a integradores e instaladores, com monitoramento remoto. www.tramontina.com.br

Carregamento veicular

A Powercom Brasil destacou na feira suas soluções de mobilidade elétrica: carregadores Wallbox AC e rápidos DC. A empresa também apresentou uma linha de estações de carregamento DC, com potências de 20 até 360 kW. Durante o evento, os visitantes tiveram acesso ao aplicativo Powercom EV Charge e ferra-

mentas como mapa interativo de eletropostos, ativação e acompanhamento da recarga e pagamento via PIX ou cartão de crédito.

www.powercombrasil.com.br

Controlador grid zero

A Sultech apresentou na Intersolar Brasil Sul seu controlador grid zero modelo ST8700C. O equipamento mede tensão e corrente no ponto de entrega do sistema FV e comanda o conjunto de inversores para produzir a energia

permitida para o momento. Permite definir a cada hora do dia a potência de exportação, diferenciando dias úteis, sábados e domingos. Capaz de gerenciar marcas e modelos diferentes ao mesmo tempo, o ST8700C pode ter uma rede de até 32 inversores. Seu sistema de medição é capaz de receber tensão e corrente de TP e TC ligados na média e na baixa tensão. As interfaces wifi e Ethernet são usadas para publicação de dados na nuvem, oferecendo ao usuário telemetria do sistema. https://sultech.com.br/st8700c-controladorgrid-zero/

Proteção de média tensão

A JCN Industrial marcou presença na exposição apresentando soluções para a proteção de subestações de média tensão em usinas fotovoltaicas. Em parceria com as marcas Siemens e CMuller, a empresa destacou seus disjuntores e também mostrou sua nova cabine de uso ao tempo para medição e proteção, desenvolvida especialmente para usinas de médio e grande porte. jcnindustrial.com.br

Locação e FV por assinatura

A Avant Solar, que atua na locação de usinas fotovoltaicas, mostrou em seu estande o modelo de atuação em energia solar por assinatura, que conecta usinas a empresas consumidoras (b2b). Segundo a empresa, a parceria oferece aos clientes energia segura, sustentável e de longo prazo.

http://avantsolar.com.br

Distribuição de equipamentos

A Dynamis reforçou durante sua participação na feira as parcerias que possui com marcas de referência mundial, como LONGi, SolarEdge, Enphase, Sungrow, Huawei  e a recém-chegada SolaX. Segundo a empresa, seu portfólio é completo e atende às normativas do setor, garantindo desempenho e confiabilidade aos projetos. www.dynamisimportadora.com.br

Confira a programação e se inscreva:

Estruturas metálicas

A CCM Estruturas Metálicas destacou na feira o carport com calha patenteada, que, de acordo com a empresa, elimina o uso de borrachas e garante

vedação contra infiltrações. A empresa também lançou uma linha de usinas em aço galvanizado a fogo, com maior vão entre pilares e redução de custos civis, otimizando a execução dos projetos.

https://ccmsolar.com.br

Distribuição

A distribuidora Serrana Solar levou ao público da Intersolar Brasil Sul novidades em produtos e condições comerciais. Durante o evento, foram divulgadas as parcerias realizadas pela empresa com as marcas globais

potencial de geração do terreno, desenvolvimento de projetos e obtenção de pareceres de acesso junto às concessionárias de energia, desenvolvimento de projetos executivos e estudos elétricos específicos.

www.sinergiaconsultoria.com.br

Inversores

A Solplanet expôs na feira diversos modelos de inversores: monofásicos, trifásicos, híbridos e split phase, além de carregadores elétricos e sistemas de monitoramento e gerenciamento de energia.

Os inversores monofásicos da série

Chint Power e a EGing PV. A empresa também apresentou diversas vantagens comerciais, com destaque para o cashback em dobro, as novas faixas de desconto progressivo e o frete gratuito. Entre os produtos, o destaque foi o Driver Solar, voltado ao segmento agrivoltaico. www.serranasolar.com.br

Consultoria

ASW SS contam com modelos de 2 a 2,25 kW. Já linha ASW S compreende de 6 a 10 kW; e a ASW S-G2, de 1 a 6 kW. Por sua vez, os inversores trifásicos estão divididos em linhas que compreendem modelos de 12-50 kW, 15-75 kW, 27-60 kW, 75-125 kW e 250-350 kW. www.solplanet.net

Kits FV

A Sinergia Consultoria destacou os serviços oferecidos para o segmento solar, como projetos e consultoria, comissionamento, além de projeto de subestações e mobilidade elétrica. A empresa oferece a investidores e empresas de energia solar análise econômica e financeira, avaliação do

A Vector Energia mostrou na exposição os kits para geração de energia solar que fornece, compostos por painéis fotovoltaicos, inversor e serviços. A empresa realiza visita técnica inicial para avaliação do local de instalação, seleção de equipamentos, instalação e homologação junto à distribuidora de energia.

www.vectorenergia.com.br

Condutores

O destaque da CS na feira foram os condutores elétricos para ligações de painéis fotovoltaicos, fabricados com

fio de cobre estanhado, encordoamento flexível classe 5, e fornecido nas cores preta e vermelha. Os equipamentos contam com tensão de isolamento em corrente contínua de 1,8 kV, tensão de isolamento em corrente alternada de 0,6/1 kV e temperatura ambiente de – 15 a 90°C. Fornecidos em rolos ou bobinas.

www.cscondutores.com.br

Trackers

A Metallight destacou o Robust Tracker 2L, que conta com eixo único horizontal de linha dupla, atuador eletromecânico rotativo e autoalimentação pela rede. O equipamento apresenta consumo de 51,84 kWh/mês e potência do motor de 144 W. A estrutura é fabricada em aço A572 grau 50 e aço A36. Apresenta faixa de movimento de 110 graus e inclinação máxima permitida de até 15% N/S ou E/W. Conta ainda com sistema de controle de rastreamento, gerenciamento de sombras e protocolo de comunicações.

www.metallightsolar.com

Integrador

Na feira, a Valencia Energia Sustentável divulgou suas áreas de atuação, que incluem: elaboração de projetos, consultoria e instalação de sistemas de energia solar fotovoltaica; consultoria e acompanhamento da execução de projetos de eficiência energética; projetos elétricos para redes de distribuição, residenciais, comerciais, industriais, subestações e SPDA; e dimensionamento e instalação de postos de carregamento para veículos elétricos.

www.valenciaenergia.com.br

Baterias

A Pecron x JH Power destacou a estação de energia portátil E2400LFP. O equipamento conta com ajuste de tensão (110/220 V) com um botão, carregamento solar rápido de 1000 W, potência de saída de 2400 W, capacidade de 2048 Wh, expansível até 8193 Wh. Também possui célula de LPF com ciclos 3500+, BMS inteligente integrado, estrutura resistente a quedas, controle remoto baseado em aplicativo, funcionalidade UPS, resfriamento inteligente e operação < 50 dB. https://jhpower.com.br

Certificadores de dados solarimétricos para usinas fotovoltaicas

Fundamental em todo projeto de usina FV , a certi cação de dados solarimétricos é empregada para embasar tanto dimensionamentos precisos e otimizações quanto solicitação de cadastramento e habilitação técnica de empreendimentos de energia solar. O guia lista empresas especializadas e seu portfólio de serviços.

Aplicações Tipo de usina Estação solarimétrica Tipo de aquisição de dados Outros serviços

Empresa/Telefone/E-mail

Fotovoltec (43) 99976-0654 comercial@fotovoltec.com.br

Hukseflux (12) 3042-1503 vendas@huksefluxbrasil.com.br

Imersol (31) 99222-2299 contato@imersol.com.br

LAME/PUC-Rio (21) 98193-0300 afo@puc-rio.br

Megajoule (85) 99610-6718 lucaslobo@megajoule.pt

Solcity (38) 3015-1556 contato@solcity.com.br

Way2 Technology (48) 99188-5604 negocios@way2.com.br

Avaliação da produção de energia para investidores

Avaliação da produção de energia para leilão Otimização da produção de energia para UFV existentes

Comerciais para modelagem Série temporal histórica Longo prazo medidos em solo Conformidade com os padrões da EPE Com módulos fixos Com rastreadores

Estudos para localização de UFV Supervisão remota de UFV Gestão de energia de GD Fornecimento/instalação da estação Serviços de transmissão de dados

Análise e validação de dados

Manutenção e assistência técnica

Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 39 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Fotovolt, novembro de 2025 Este e muitos outros guias estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse https://www.arandanet.com.br/revista/fotovolt/guias e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias. Basta preencher o formulário em www.arandanet.com.br/revista/fotovolt/guia/inserir/

I N TERS O LA R SOUT H AME R I C A

A

maior feira & congresso da América Latina para o setor solar

A Intersolar South America, a maior feira & congresso da América Latina para o setor solar, enfoca os ramos de fotovoltaica, produção FV e tecnologias termossolares. O evento reúne fabricantes, fornecedoras, distribuidoras, prestadoras de serviços e parceiras do setor solar, incentivando um meio ambiente mais limpo, acesso universal à energia e redução

de preços. Solidamente enraizada na América Latina, a feira destaca seu expressivo potencial solar. A Intersolar South America será realizada de 25 a 27 de agosto de 2026 no moderno e bem localizado Expo Center Norte, em São Paulo, dentro do evento The smarter E South America, a maior aliança de eventos para o setor energético da América Latina.

EE S SOUT H AMERIC A

O evento essencial para baterias e sistemas de armazenamento de energia na América Latina

A ees South America, o evento essencial para baterias e sistemas de armazenamento de energia na América Latina, enfoca soluções de armazenamento de energia que apoiam e complementam sistemas energéticos com número crescente de fontes renováveis de energia, integrando prossumidores e veículos elétricos. Com presença consolidada na região, o evento reflete a crescente importância da

integração entre eletricidade, calor e transportes. A mostra especial Element1, integrada à ees, destaca especificamente o alto potencial do hidrogênio verde no Brasil. A ees South America será realizada de 25 a 27 de agosto de 2026 no moderno e bem localizado Expo Center Norte, em São Paulo, dentro do evento The smarter E South America, a maior aliança de eventos para o setor energético da América Latina.

ELETR OT EC+E M-POWE R S O UT H AMERIC A

A feira de infraestrutura elétrica e gestão de energia

A E l e t ro t ec +EM - P o w er Sou t h A me ri ca é o eve n t o de i n fr ae str utura el é t r i ca e ges t ão d e ene rg i a na A m ér i ca La t ina. A fei r a des t aca a s t ecn o l o gia s de d is tr i buiçã o de ene r gia el é t r ica , be m c omo s e r vi ç o s e s olu ç ões de i n formátic a p a r a ge s tã o de ene r gia em rede, de s e r v i ç o s p úbl i c os e de ed if ica ç õ e s . S o l i dame n t e es t abelec i da n o c o n t ine n t e, a fei r a c o nect a

p rof i s s i o na i s e em p resa s da s á reas de p roj e t o , ins t alação e m anutençã o – da geraçã o d i s t ribu í da a t é a di s t r ibu i ção de ene rgia p o r rede s aé reas e su b ter r âneas. Se r á realizada d e 2 5 a 2 7 de ag o st o de 2 0 2 6 de n t ro do eve n t o

The smar t e r E South Amer i ca, a m aior alianç a de eve n t os para o s e t or ene r g é ti c o da A m éric a Lat i na .

P OW E R2DRIV E SOUT H AMER I C A

A feira e congresso fundamental para infraestrutura de recarga e eletromobilidade na América Latina

Power2Drive South America: a feira & congresso fundamental para infraestrutura de recarga e eletromobilidade na América Latina. Solidamente estabelecido no continente, o evento evidencia a importância do veículo elétrico para um futuro sustentável de transporte e para sua crescente contribuição na matriz energética. A feira

reúne fabricantes, fornecedoras, instaladoras, distribuidoras, administradoras de frotas e de energia, fornecedoras e eletromobilidade e novas empresas. Será realizada em São Paulo, dentro do evento The smarter E South America, a maior aliança de eventos para o setor energético da América Latina.

Usinas MMGD de investimento –É bom negócio? ( parte 7 – final )

Ayrão*

“ Com 25% de desconto/gestão, a TIR em 5 anos é de 3% a.a. em um momento em que a taxa Selic está em 15%.

Nessa situação, a remuneração [da usina de locação] é inferior à in ação, e isso num cenário otimista”

Até agora trabalhamos com a hipótese de que o dono do ativo seria o beneficiário da energia. De forma prática, a remuneração do investimento é o valor de energia economizado.

Mas, muitas empresas oferecem usinas solares como investimento. Qual essa lógica?

Entendendo o negócio

No modelo de usina de investimento, o dono do ativo constrói e aluga a usina para outra pessoa/empresa que usufruirá da energia.

Para que essa locação faça sentido na ótica do locatário, o valor de locação deverá ser inferior à redução de custos que a energia gerada trará.

Para o investidor, a receita auferida será o valor da locação subtraída de todos os custos.

Os custos serão semelhantes aos de uma usina própria, mas temos uma mudança em relação ao modelo anterior.

O modelo de geração compartilhada

O ideal das usinas de investimentos é que elas sejam de autoconsumo remoto, ou locadas para apenas um único consumidor (podendo atender a mais de uma unidade consumidora do mesmo consumidor).

No entanto, é mais simples alugar uma usina para múltiplos consumidores do que para apenas um único consumidor.

Em contrapartida, a gestão desses créditos se torna mais complexa. Aumenta o risco de inadimplência, erros de faturamento de concessionárias e sempre há saída e entrada de novos consumidores, sendo necessário estratégias comerciais para que a usina não tenha energia gerada sem clientes.

Novos custos

Com isso, além do desconto a ser oferecido ao cliente, é indicado ter empresas que façam a captação de novos clientes, o controle de cobrança e faturas. Essas empresas cobram um percentual do valor de locação da usina.

O valor do desconto fornecido ao cliente juntamente com o valor de remuneração do serviço de gestão e cobrança é o que mais vai impactar os índices financeiros.

Riscos do investimento

Visando evitar uma complexidade que foge ao objetivo dessa coluna, não incluirei na análise financeira alguns riscos que são oriundos a esse tipo de investimento.

Infelizmente, seja por desconhecimento, seja por estratégia de vendas,

alguns riscos não são informados, sendo transmitida a ideia de que uma usina de investimento é uma renda fixa, praticamente garantida. Apesar de ter uma excelente remuneração e um risco relativamente baixo quando comparado com outros investimentos, é falácia afirmar que não tem riscos.

1) Risco regulatório – Como visto nesta coluna em edições anteriores de FotoVolt, as regras de compensação após 2029 não estão definidas, obrigando a que se desenhem cenários diversos para verificar o impacto. Recentemente, no transcorrer da discussão da MP 1304, houve a tentativa de criar uma taxa de R$ 20,00 a cada 100 kWh de energia injetada, o que inviabilizaria praticamente usinas de energia solar em várias (se não todas) as regiões do País.

2) Excesso de ofertas de energia por assinatura – Algumas regiões podem ter excesso de oferta de energia por assinatura, o que pode levar a uma guerra de preços, aumentando o valor do desconto, ou a que a usina tenha momentos com excedente de energia (sem clientes).

As modelagens financeiras levam em conta, normalmente, um percentual de vacância e inadimplência, mas considerando médias do que já ocorreu e não um cenário de excesso de oferta.

3) Abertura do ACL para todos os consumidores – A abertura do mercado livre de energia para todos os clientes, aprovada no texto da MP 1304, cria um concorrente natural para as usinas de energia por assinatura.

No momento, não sabemos como se dará essa abertura e qual será o desconto percebido pelos clientes, mas os

ofertantes serão players grandes, com estruturas de capital distintas da maioria dos investidores em energia por assinatura.

4) Riscos de engenharia – Esse é um item pouco ou nada exposto. Normalmente, quem desenvolve a tese do investimento em usinas é o próprio integrador que será remunerado, que propõe as usinas por assinatura.

Não podemos generalizar, mas não há uma verificação e fiscalização independente da qualidade dessa execução, dos materiais e nem da saúde financeira dessas empresas.

Produção de energia abaixo do prometido, falha em equipamentos, ausência de manutenção ou manutenção de má qualidade são itens que vão afetar os investimentos.

Usinas com queima de inversores, módulos que voam, sombreamento excessivo, cabos subdimensionados, etc. são exemplos de problemas que temos encontrado em nossas inspeções.

Novas análises

O custo de gestão tem sido de 10 a 12%, dependendo do fornecedor, e o desconto médio oferecido na área de concessão da Light tem sido entre 10 e 15%. A fim de evitar uma vacância nas usinas, vamos considerar que o investidor perderá 25% da receita de geração entre desconto e gestão, mantendo as demais premissas das análises anteriores.

Dessa forma, o fluxo de caixa ficará:

Chegamos onde eu queria

Investimento em gerar energia para uso próprio, mesmo que a rentabilidade não seja a esperada em cenários otimistas, tem uma série de vantagens e é uma decisão mais simples de se tomar.

Nos casos em que é necessário financiamento de terceiros, financiamentos em até 48 meses, com cuidados na modelagem financeira e dispondo de alguma reserva emergencial para casos em que a economia eventualmente não seja superior à parcela, permitem realizar esse tipo de investimento com razoável grau de segurança.

Mas, se essa mesma usina for para locação, 25% de desconto/gestão afeta e muito os índices financeiros.

Com 25% de desconto/gestão, a TIR em 5 anos é de 3% a.a. em um momento em que a taxa Selic está em 15%. Nessa situação, a remuneração é inferior à inflação, e isso calculando-se em um cenário com um viés otimista.

Para tempos superiores a 10 anos, os valores de TIR passam a ser interessantes, porém, o investimento estará mais exposto aos riscos citados anteriormente.

Se reduzirmos os 25% de desconto/ gestão para 20%, teríamos as seguintes

TIR:

• Em 5 anos: 8% a.a;

• Em 10 anos: 24% a.a;

• Em 25 anos: 29% a.a.

Podemos ver que o resultado é bastante afetado pelas taxas de desconto e gestão aplicadas.

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Receita 105 666 107 836 109 830 117 122 124 899 133 192 142 035 151 466 161 524

Ano 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Receita 172 249 183 686 195 883 208 889 222 759 237 550 253 324 270 145 288 083

Ano 19 20 21 22 23 24 25

Receita 307 212 327 610 349 363 372 561 397 300 423 682 451 813

Esse fluxo de caixa nos dará as seguintes TIR:

• Em 5 anos: 3% a.a;

• Em 10 anos: 20% a.a;

• Em 25 anos: 26% a.a.

mais descontos para ter mais vendas e com isso maior remuneração, e com isso asfixia o investidor.

A abertura do mercado livre para a baixa tensão ainda é uma incógnita no que diz respeito a como será e qual será a economia percebida pelo cliente. Mas, podemos considerar que o desconto que for ofertado no ACL será o piso do desconto necessário para as empresas de energia por assinatura.

Na abertura do mercado livre para todos os clientes do grupo A, havia comercializadoras que ofereciam quase 30% desconto, ou seja, o risco da queda de rentabilidade após a abertura do mercado livre de energia não é desprezível.

Disclaimer e conclusões

O assunto é complexo, envolvendo aspectos regulatórios de energia, politicas públicas e análise de investimentos. Não era o objetivo aqui dirimir todas as dúvidas, nem fornecer uma resposta se investir em cota de uma usina solar é ou não um bom negócio. Meu objetivo é levar as empresas de engenharia a verificarem se possuem o conhecimento necessário nessa modelagem antes de fazer promessas ao mercado.

Ressalto que aqui as premissas todas estão em um cenário otimista. Até a próxima edição.

Análise do mercado

As empresas que fazem a gestão são, de forma geral, empresas de tecnologia e vendas, que precisam escalar em quantidade de usinas e clientes para poderem ser lucrativas, e precisam manter uma carteira de clientes na fila para alugar usinas. Elas tendem a oferecer

* Engenheiro eletricista da Sinergia Consultoria, com grande experiência em instalações fotovoltaicas, instalações de MT e BT e entradas de energia, conselheiro da ABGD - Associação Brasileira de Geração Distribuída e diretor técnico do Sindistal RJ - Sindicato da Indústria de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Rio de Janeiro, Vinícius Ayrão apresenta e discute nesta coluna aspectos técnicos de projeto e execução das instalações fotovoltaicas. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões pelo e-mail: fv_projetoinstalacao@arandaeditora.com.br, mencionando em “assunto” “Coluna Projeto e Instalação”.

Tab. III – Fluxos de caixa

A conta da recarga: o desafio de tornar a

mobilidade

elétrica rentável

“ Entre custos de energia, impostos, taxas de pagamento e ausência de modelos tarifários especí cos, o setor ainda busca o ponto de equilíbrio entre atratividade e sustentabilidade”

A ilusão da energia barata

A mobilidade elétrica tem crescido rapidamente no Brasil e despertado o interesse de consumidores e investidores. A queda no preço das baterias, o aumento da autonomia e a expansão da infraestrutura de recarga tornam os veículos elétricos cada vez mais atraentes. No entanto, à medida que o setor amadurece, surge uma pergunta inevitável: quem paga a conta da recarga e como tornar esse serviço rentável?

Nos últimos anos, consolidou-se um discurso popular de que carregar é barato. De fato, quando o veículo é recarregado em casa, com tarifa residencial e sem demanda contratada, o custo por quilômetro rodado é significativamente inferior ao de um veículo a combustão. Essa é uma das grandes vantagens percebidas pelo consumidor. Contudo, essa comparação simples não reflete a realidade das recargas públicas, especialmente as rápidas, onde os custos operacionais são muito mais elevados.

Por trás da experiência aparentemente simples de conectar o veículo e acompanhar a recarga pelo aplicativo, existe uma estrutura complexa e cara.

Operadores de pontos de recarga (CPOs, de charging points operators) precisam lidar com energia mais cara,

demanda contratada, impostos, taxas de pagamento, manutenção, sistemas de monitoramento e ainda oferecer o serviço em um ambiente competitivo e em expansão. O desafio é equilibrar tudo isso em um modelo que seja sustentável no longo prazo.

Atualmente, boa parte do mercado busca rentabilizar as operações desde já, mas com uma visão estratégica de longo prazo, aproveitando o momento para marcar presença, fortalecer o nome e assumir protagonismo em um setor que ainda é pequeno, mas com muito potencial. A ausência de um modelo tarifário específico para recarga de veículos elétricos no Brasil, algo já consolidado em outros mercados, obriga cada empresa a desenvolver suas próprias estratégias e mecanismos para se manter competitiva e, principalmente, rentável.

O que realmente compõe o custo de uma recarga

O preço da energia (o kWh) representa apenas uma fração do custo total de operação. O valor final inclui uma série de componentes que muitas vezes passam despercebidos, mas que impactam diretamente o equilíbrio financeiro do operador.

Há o custo da demanda contratada, que penaliza fortemente carregadores rápidos, mesmo que sejam utilizados poucas horas por dia. Soma-se a isso a manutenção preventiva e corretiva, o custo de comunicação OCPP e conectividade permanente, o licenciamento de software de gestão e monitoramento, e a depreciação do equipamento.

Além disso, existe o custo fiscal e tributário. Cada recarga é uma prestação de serviço, isso exige emissão de nota fiscal, recolhimento de ISS, além de enquadramento contábil e fiscal específico. Até o momento, não há um consenso jurídico tributário sobre a recarga ser classificada como serviço ou como venda de produto, o que define a incidência de ISS ou ICMS. Na prática, a modalidade de serviços é a mais adotada, e ainda não existe um código fiscal unificado para o serviço de recarga.

Esses custos são inevitáveis, mas essenciais. A formalização fiscal é o que dá legitimidade ao mercado e garante que o setor evolua de forma sustentável e transparente.

Os custos invisíveis das transações

Outro fator pouco considerado na formação de preço são as taxas associadas aos sistemas de pagamento. Cada recarga passa por uma cadeia de intermediários: gateway de pagamento,

adquirente de cartão, processador e, em alguns casos, o sistema de split de pagamento, que divide automaticamente a receita entre o CPO e o proprietário do ponto.

Esses serviços têm custo. As taxas de cartão de crédito e de gateway de pagamento variam entre 2% e 6%, somadas às tarifas fixas por transação, aos custos de conciliação e aos prazos de liquidação. Em uma transação de R$ 30, o operador pode receber apenas R$ 28,50 após as deduções. O problema é que muitos operadores não consideram essas taxas na precificação, o que corrói as margens de forma silenciosa e constante.

O resultado é um modelo em que mesmo redes com bom volume de recargas dificilmente alcançam lucro líquido consistente, especialmente quando os pontos de recarga estão em locais com baixa rotatividade ou alto custo de energia.

O impasse da precificação

Diante desse cenário, surge o grande desafio: como precificar a recarga de forma justa, competitiva e sustentável?

Modelos que cobram apenas pelo kWh entregue são práticos, mas ignoram o tempo de ocupação da vaga, o custo da infraestrutura e a variação da demanda elétrica. Por isso, têm ganhado espaço outros formatos, como:

• Tarifas por tempo (R$/min), comuns em redes europeias;

• Modelos híbridos (R$/kWh + R$/ min), que refletem melhor o uso do ativo;

• Taxas fixas por sessão e idle fees (taxas por ociosidade), que incentivam o rodízio e melhoram a rotatividade.

As grandes redes internacionais, como Tesla Supercharger, Ionity e Allego, já utilizam algoritmos de precificação dinâmica, ajustando o valor da recarga conforme horário,

demanda e perfil de uso. No Brasil, essa prática ainda é rara, mas tende a se tornar inevitável à medida que o mercado amadurece.

Novas fontes de receita e o papel da inteligência tarifária

A rentabilidade das redes de recarga dificilmente virá apenas da energia vendida. O futuro está em modelos híbridos de receita, que combinem energia, serviço e dados. Entre as oportunidades:

• Parcerias com estabelecimentos comerciais, em que a recarga gera fluxo e visibilidade para o local;

• Publicidade digital e interação via aplicativo;

• Programas de fidelidade e cashback;

• Gestão de dados de uso e comportamento dos motoristas;

• Smart pricing, com tarifas dinâmicas que maximizam receita em horários de pico e incentivam recarga em horários de menor demanda.

A tecnologia do monitoramento já permite isso. Integra precificação por período, tipo de usuário e horário, além de relatórios detalhados de rentabilidade por ponto, algo que há poucos anos era inviável até para redes de pequeno porte.

Entre incentivo e sustentabilidade

A recarga gratuita teve papel importante na fase inicial da mobilidade elétrica. Foi ela que permitiu atrair usuários, educar o público e gerar confiança. Porém, esse modelo não é sustentável.

É preciso que o motorista entenda que pagar pela recarga é pagar pela infraestrutura, não apenas pela energia. Assim como o combustível financia toda a cadeia logística dos postos, a tarifa de recarga precisa remunerar quem investe, opera, mantém e emite nota fiscal.

As redes que já perceberam isso, como parcerias entre CPOs e redes de conveniência, demonstram que é possível manter a atratividade enquanto se constrói um modelo financeiramente saudável. Uma das alternativas buscadas pelos CPOs é exatamente a redução do preço da energia, contando com energia solar, seja com produção própria ou utilização de consumo remoto por meio de comercializadoras, tornando a energia mais barata e melhorando a margem final.

O preço certo da maturidade

A precificação correta da recarga é mais do que uma questão financeira, é um sinal de maturidade do setor. Ela exige compreender o custo total da operação, incluir os impostos e taxas de pagamento na fórmula e reconhecer que a rentabilidade virá do equilíbrio entre energia, serviço e valor agregado.

O mercado brasileiro de mobilidade elétrica tem avançado rapidamente, mas sua sustentabilidade dependerá da capacidade de precificar com inteligência e transparência.

O verdadeiro custo da recarga não está apenas no kWh entregue, mas em toda a cadeia que sustenta o serviço, a energia, a infraestrutura, o suporte e a confiança de que o carro estará pronto para seguir viagem sempre que o motorista precisar.

* Rafael Cunha é engenheiro eletricista e COO da startup movE Eletromobilidade. Nesta coluna, discute aspectos da mobilidade elétrica: mercado, estrutura, regulamentos, tecnologias, afinidades entre veículos elétricos e geração solar fotovoltaica. E-mail: veletricos@arandaeditora.com.br, mencionando no assunto “Coluna Veículos Elétricos”.

No Brasil

SNEC – A SNEC PV & ES Latam vai ser realizada de 24 a 26 de março, no Distrito Anhembi, em São Paulo, SP. A edição latino-americana da feira, que ocorre anualmente em Xangai, reunirá empresas, investidores e especialistas. O evento será organizado pela NürnbergMesse Brasil em parceria com a Oakstream, que atua na comercialização e serviços de energia renovável. Informações: https://sneclatambr.com.br.

Intersolar Brasil Nordeste – O Intersolar Brasil Nordeste acontecerá no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, em 28 e 29 de abril. Constituído de congresso e feira, o evento enfocará energia solar, armazenamento de energia, H2V e outros assuntos. Realização: Solar Promotion, FMMI e Aranda Eventos. Informações: www.intersolar-brasil.com/nl/nordeste.

Hidrogênio – A primeira edição brasileira do Hyvolution, evento dedicado ao hidrogênio e descarbonização, vai ser realizada nos dias 16 e 17 de junho, no Centro de Convenções do Distrito Anhembi, em São Paulo. A expectativa é receber cerca de 6 mil visitantes, mais de 800 congressistas e pelo menos 100 marcas expositoras. Entre o públicoalvo estão executivos de empresas, especialistas, investidores e representantes do poder público. O objetivo é impulsionar empreendimentos e políticas sustentáveis voltadas à transição energética e reforçar a importância do tema em âmbito nacional e internacional. Mais informações disponíveis no site https://www.hyvolution.com.

The smarter E – O The smarter E South America 2026 acontecerá de 25 a 27 de agosto no Expo Center Norte, em São Paulo, congregando os eventos: Intersolar South America - A maior feira & congresso para o setor solar da América do Sul; ees South America - Feira de baterias e sistemas de armazenamento de energia; Eletrotec+EM-Power South AmericaFeira de infraestrutura elétrica e gestão

de energia; e Power to Drive South America - Feira de produtos e serviços para eletromobilidade. Organização de Solar Promotion International GmbH, Freiburg Management and Marketing International e Aranda Eventos & Congressos. Mais informações em www.thesmartere.com.br.

Cursos

Gestão em energias renováveis –A AHK Rio oferece o curso de Gestão em Energias Renováveis (GENRE), que tem o objetivo de formar profissionais com visão ampla em geração de energias renováveis no Brasil, com ênfase nas tecnologias solar, eólica, biomassa e outras. O conteúdo é desenvolvido a partir da expertise alemã e adaptado à realidade brasileira por especialistas da Coppe/UFRJ. Composto de módulos gerenciais e técnicos, o curso é oferecido em formato online e combina conteúdos assíncrono (12 blocos de aulas + 12 quizzes de fixação; 24h de aulas com especialistas e exercícios práticos); e síncrono (2 horas de encontro ao vivo após cada bloco da disciplina; aulas quinzenais, workshops e palestras). Os blocos abordam temas como: Fundamentos da energia; Mercado de energia elétrica; Gestão de projetos e rentabilidade; Gestão energética e ISO 50.001; Mudança de clima e comércio de emissões; Programa de Eficiência Energética da Aneel (PEE); Energia solar; Energia eólica; Biomassa e biogás; Outras energias renováveis; Geração distribuída e smart grid; e Microrredes elétricas. Mais informações: https://brasilien. rio.ahk.de/pt/cursos/genre?utm_ campaign=genre 0205&utm medium= email&utm_source=RD+Station

Sistemas híbridos – Com o intuito de oferecer aos integradores solares conhecimento acerca do mercado e das principais inovações tecnológicas de sistemas híbridos de energia solar, a multinacional SolaX Power vai promover uma edição de seu roadshow no dia 10 de

dezembro, em Fortaleza, CE. Informações: https://kb.solaxpower.com.

Comissionamento – O treinamento MiniGD - Comissionamento e O&M (1 MW a 5 MW), oferecido pela Sungrow, destaca a importância da operação e manutenção (O&M) eficiente das usinas fotovoltaicas para maximizar o desempenho e a durabilidade dos sistemas de energia solar. Conta com módulos teóricos e práticos e aborda assuntos desde a instalação e comissionamento da usina, destacando as práticas e testes necessários além de documentações e questões normativas, até as atividades de O&M, passando por monitoramento, integrações do sistema Sungrow com medidores de energia e estações solarimétricas, e ainda manutenção preventiva e solução de problemas. Os cursos podem ser realizados tanto nas instalações do cliente quanto no Service Center da empresa, localizado em Osasco, SP. Informações pelo telefone: (11) 98821-9545.

No exterior

Sustainable Solar Europe – Abordando a sustentabilidade no setor de energia solar fotovoltaica, a Sustainable Solar Europe 2025 vai acontecer em 3 de dezembro, em Bruxelas. Considerado ponto de encontro de líderes do setor solar e formuladores de políticas da União Europeia, o evento vai discutir o rumo das políticas de sustentabilidade sob a nova agenda do EU Clean Industrial Deal. Entre os temas a serem discutidos estão: evolução das regras de relatórios ESG; regras de Ecodesign para energia solar fotovoltaica; estratégias de aquisição corporativa; panorama regulatório atual sobre licenciamento, proteção da natureza e engajamento comunitário em projetos solares, entre outros. Mais informações disponíveis no site www.sustainable-solar-europe.com.

A convergência estratégica: comercializadoras varejistas e o novo horizonte da energia solar distribuída

“ O diferencial das empresas solares está na sinergia entre geração distribuída e mercado livre, aproveitando sua base de clientes e o conhecimento de consumo para se tornarem gestoras energéticas completas”

Atransição energética no Brasil avança com rapidez, impulsionada pela abertura do Mercado Livre de Energia e pela expansão da geração solar distribuída. Nesse contexto, a Comercializadora Varejista de Energia surge como elo entre inovação regulatória e oportunidade de negócio, conectando consumidores de pequeno porte ao novo horizonte do setor elétrico.

Tradicionalmente restrito a grandes consumidores, o mercado livre caminha para uma democratização completa. A partir de 2026, empresas do Grupo B poderão migrar; em 2028, todos os consumidores, inclusive residenciais, terão liberdade de escolher seu fornecedor. Essa abertura cria terreno fértil para empresas com experiência em varejo e, sobretudo, para aquelas já inseridas na cadeia solar. A comercializadora varejista simplifica a migração e viabiliza a participação de novos perfis no ambiente livre.

Para o setor solar, a comercialização varejista é a peça que faltava para oferecer soluções completas, combinando geração, gestão e consumo. Ingressar nesse segmento, porém, requer estrutura técnica e solidez financeira. A adesão à CCEE, regida pela Resolução Aneel nº 1.011/2022, exige patrimônio líquido

mínimo (R$ 11,1 milhões), limite operacional bancário (R$ 1,68 milhão) e estrutura compatível com a atividade. Esses valores, atualizados anualmente, garantem estabilidade ao sistema e filtram a entrada de agentes despreparados. Nesse cenário, consultorias especializadas tornam-se essenciais para estruturar o negócio, definir políticas de risco, integrar sistemas e treinar equipes. O diferencial das empresas solares está na sinergia entre geração distribuída e mercado livre, aproveitando sua base de clientes e o conhecimento de consumo para se tornarem gestoras energéticas completas, com novas fontes de receita e fidelização.

A evolução regulatória, contudo, adiciona desafios. O relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) à MP 1304/2025(1) propõe uma ampla modernização do setor elétrico brasileiro. O texto estabelece um teto para a CDE, cria o Encargo de Complemento de Recursos (ECR) para custear subsídios excedentes, regulamenta o armazenamento de energia e oferece incentivos fiscais a sistemas de baterias (BESS). Também consolida as diretrizes para ampliação do mercado livre, definindo regras para consumidores de baixa tensão e o suprimento de última instância.

O projeto revisa ainda dispositivos da Lei 14 182/2021 (Eletrobras), reduzindo obrigações térmicas e reforçando o papel das fontes renováveis. Embora positivas, tais medidas ampliam a incerteza jurídica para agentes de GD e comercialização varejista, exigindo governança e monitoramento regulatório contínuos. Mudanças na legislação podem afetar projeções de receita e equilíbrio econômico dos contratos, tornando prudente adotar mecanismos de mitigação e análise de cenários.

O modelo varejista combina alto potencial de escala com complexidade operacional. A volatilidade de preços, a necessidade de garantias financeiras e o desafio de fidelizar consumidores demandam gestão de risco e digitalização. Plataformas integradas de medição, billing e relacionamento serão decisivas para competir em larga escala.

O futuro do setor elétrico brasileiro não será apenas livre: será inteligente, competitivo e integrado. A convergência entre solar e comercialização varejista representa mais que uma tendência, é um caminho estratégico para acelerar a transição energética, ampliar o protagonismo das fontes renováveis e consolidar um novo padrão de eficiência no mercado de energia.

(1) Este artigo foi enviado à redação de FotoVolt antes da aprovação da MP 1304/2025 pelo Congresso Nacional.

* Marcelo Gregol e João Bortotti são sócios na Dínamo Energia; Carlos Dornellas é diretor da Alma Solar Energia

Marcelo Gregol, João Bortotti e Carlos Dornellas*

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Estruturas fixas

Monitoramento

As estruturas fixas desenvolvidas pela Enertrack contam com sistemas de suporte flexíveis que permitem vãos de mais de 60 metros, resistência a ventos de força 15 e zero deflexão durante a instalação dos módulos. Segundo a empresa, as estruturas são adaptáveis a terrenos com inclinações de até 30° e ângulos abruptos, o que possibilita aumentar em mais de 20% a capacidade instalada em áreas complexas. Além disso, de acordo com a companhia, o sistema permite instalações contínuas de até 1000 metros, reduzindo em até 50% os custos com fundações e aço, e acelerando as obras. Já os trackers solares inteligentes da empresa são equipados com algoritmo patenteado de rastreamento solar, que tem o objetivo de garantir eficiência, confiabilidade e rentabilidade, mesmo em ambientes como montanhas, desertos e terrenos inclinados.

www.enertrack.cn

Comutação e gerenciamento

A SolaX Power fornece o Nexus Zero, um gabinete de comutação e gerenciamento de energia com tempo de transferência 0 ms, indicado para aplicações em comércios, indústrias, condomínios, data centers, instalações de saúde e agronegócio. Segundo a empresa, o equipamento garante a continuidade no fornecimento de energia sem pausa em caso de interrupção no suprimento pela concessionária.

de energia, pois gerencia a carga e descarga das baterias. Está disponível em modelos de até 1,25 MW (operação em paralelo). Conta com IP55, sendo indicado para ambientes severos. Possui ainda dispositivo de proteção contra picos de tensão, monitoramento ambiental e lógica de microrrede. https://br.solaxpower.com

Disjuntor

Para a indústria solar, a Schneider desenvolveu o EasyPact Solar MCCB. Trata-se de um disjuntor para aplicações fotovoltaicas de até 800 V AC. Possui faixa de corrente de 125 A a 800 A, capacidade de interrupção de até 50 kA e design compacto.

A solução possui sistema EMS (Sistema de Gerenciamento de Energia) integrado, voltado ao controle e otimização do fluxo

ERP solar

www.se.com/br

A Solfácil lançou recentemente a linha Solfácil Smart, que reúne dispositivos que integram inteligência artificial e hardware para monitorar e fornecer dados em tempo real sobre geração, consumo e economia de energia em sistemas solares residenciais (Smart Home) e empresariais (Smart Pro). O Smart Home funciona como painel de controle móvel, identificando problemas como painéis sujos, falhas técnicas ou aumento inesperado no consumo. Já o Smart Pro oferece monitoramento detalhado do consumo, possibilitando identificar picos fora do horário de produção, ajustar processos, reduzir desperdícios e custos. Para os integradores, a solução oferece monitoramento remoto, prevenção de falhas, comprovação da qualidade da instalação e geração de receitas recorrentes. https://solfacil.com.br

A Everflow criou um ERP totalmente voltado para energia solar. A solução integra funções específicas de rotina, como gestão das agendas, controle de ordens de serviço, comunicação com clientes, registro digital de atividades e integração com CRMs e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp. Segundo a empresa, o sistema cobre desde o orçamento e contratos até o fechamento financeiro

Desligamento rápido

da obra, passando pela gestão de estoques, checklists personalizados, assinaturas digitais e geração de relatórios em painéis interativos. O aplicativo para técnicos exige o registro fotográfico de instalações, checklists para cada fase e assinaturas digitais. Há ainda um recurso de geolocalização, que rastreia deslocamentos e tem a função de reduzir custos logísticos.

https://everflow.com.br/

A GoodWe desenvolveu o RSD 2.0, um sistema de desligamento rápido a nível de módulo, que garante a redução da tensão dos painéis a níveis seguros em até 7 segundos após o acionamento do desligamento de emergência. A solução conta com receptores instalados nos painéis, que recebem sinais de comunicação de um transmissor via tecnologia PLC (comunicação por linha de energia). Quando ocorre o desligamento da energia ou quando o botão de emergência do RSD é acionado, o sinal é interrompido, ativando automaticamente o desligamento rápido dos módulos. Além do RSD, os inversores G4 da GoodWe possuem proteção AFCI 3.0 baseada em IA para detecção e interrupção de arcos elétricos, proteção contra surtos tipo II (AC/DC), e classificação IP66 para resistência à poeira e água.  br.goodwe.com

Mercado global de módulos e inversores ‑ O rela tório Solar PV Modules and Inverters Market Size, Share and Trends Analysis by Technology, Installed Capacity, Generation, Key Players and Forecast, 2024–2030, divulgado pela GlobalData, projeta que o mercado global de módulos e inversores solares fotovol taicos (FV) alcançará, respec tivamente, US$ 80,7 bilhões e US$ 35 bilhões até 2030, impulsionado principalmen te pela região Ásia‑Pacífico (APAC). Somente o mercado

de módulos solares da região APAC foi de US$ 38,8 bilhões em 2024 e deve chegar a US$ 46,2 bilhões em 2030. De acordo com o estudo, mudanças recentes nas polí ticas comerciais — incluindo tarifas dos EUA — estão reestruturando as cadeias de suprimento e acelerando esforços de localização em

toda a região APAC. Por sua vez, o relatório mostra que o mercado global de inversores solares fotovoltaicos está evo luindo rapidamente, impul sionado pela demanda cres cente por projetos em escala utilitária, sistemas híbridos (solar/armazenamento) e regulamentações mais rígidas de conformidade com redes e cibersegurança, especial mente na Europa e nos EUA. A região APAC permanece como principal polo de pro dução, enquanto o Oriente Médio e a África despontam como novas áreas de crescimento, com de manda por inversores de alta capacidade e preparados para arma zenamento, adequados à integração em redes frágeis. O valor do mercado global de in versores solares é lide rado pela APAC (US$ 19,8 bilhões), seguida pelas Américas (US$ 7,7 bilhões) e pela EMEA (US$ 7,6 bilhões). Mais informações sobre o estudo estão disponíveis em https://www.globaldata. com/media

Soluções sustentáveis de energia ‑ Um estudo produ zido pela EY, intitulado How

can soaring energy demand drive lasting prosperity?, iden tificou que soluções limpas e sustentáveis, fornecimento consistente e custo acessível são as três prioridades das empresas em energia. Mais de seis em cada dez (63%) entrevistados consideram o fornecimento confiável como o principal tópico da lista de necessidades ligadas ao suprimento energético. Na sequência, com 56% das respostas, aparece o custo acessível, já que o preço pago pela energia pode onerar bastante a atividade produ‑ tiva. Na terceira posição, tem‑se a preocupação com a sustentabilidade, por meio do desejo por soluções de energia limpas e sustentáveis que possam contribuir para o atingimento das metas de sustentabilidade das orga nizações. Ainda segundo o estudo, as empresas estão interessadas em investir no próprio suprimento de ener gia, incluindo baterias para armazenamento do exceden te. Duas em cada dez (20%) já estão investindo nessas soluções, e dois terços plane jam fazer isso nos próximos três anos. As motivações são, principalmente, a busca pela autossuficiência; redução das

emissões de carbono; dimi nuição de custos; e criação de oportunidades de negócio, com venda de excedentes. A tecnologia é considerada fundamental nesse processo: 99% dos entrevistados espe ram que seus fornecedores de energia disponibilizem ferra mentas digitais mais avança das para controlar melhor e automatizar o uso de energia. Além disso, mais de sete em cada dez (71%) desejam que a IA entregue recomendações de energia, incluindo novas possibilidades de produção e de otimização voltadas para a sustentabilidade. No total, foram entrevistados quase 2,5 mil líderes de energia de empresas médias e grandes provenientes de oito países (Austrália, Alemanha, Malá sia, Canadá, Irlanda, Suécia, Reino Unido e EUA) de diversos setores: construção civil; governo, educação e saúde; TI; manufatura; re cursos naturais e mineração; varejo e transporte; e serviços diversos, como financeiros, imobiliários e voltados para entretenimento. O estudo pode ser acessado no site https://www.ey.com/pt_br/ newsroom/2025/10/empre sas‑desejam‑solucoes‑limpas‑ sustentaveis‑energia

Lean construction: a engenharia do futuro para projetos renováveis

“ Planejar de forma “lean” é transformar complexidade em uxo e decisão ágil baseada em evidências. Isso permite garantir previsibilidade, reduzir desperdícios e responder com mais rapidez às necessidades do mercado gerador”

Aexpansão das fontes renováveis no Brasil, sobretudo dos empreendimentos fotovoltaicos de grande porte, tem exigido novas formas de construir, mais e cientes, colaborativas, inclusivas e sustentáveis. Nesse cenário, em que prazos, Capex e metas de descarbonização ditam o ritmo das obras, um novo conceito aplicado à engenharia de projetos solares tem se mostrado um divisor de águas e desponta como a grande tendência para os próximos anos: o chamado “lean construction“.

Mais do que um método, ele representa uma mudança cultural que conecta planejamento inteligente, qualidade e geração de valor ao cliente. Atuar dentro do conceito lean construction signi ca entregar projetos renováveis de engenharia com agilidade, e ciência e qualidade técnica.

Planejar de forma “lean” é transformar complexidade em uxo e decisão ágil baseada em evidências. Isso permite garantir previsibilidade, reduzir desperdícios e responder com mais rapidez às necessidades do mercado gerador. Inspirado no reconhecido Sistema Toyota e adaptado à engenharia, o lean construction busca eliminar desperdícios e maximizar valor. Na prática, isso se

traduz em processos mais conectados, comunicação clara e decisões orientadas por dados reais do canteiro.

Esta nova engenharia agrega ferramentas como o “Last Planner System”, a “Gestão Visual” e o conceito de “Takt Time”, que tornam o planejamento colaborativo e sincronizam ritmo e produtividade entre equipes, fornecedores e rotinas nos canteiros de obra. Tais práticas devem ser aplicadas desde o início de cada contrato, integrando campo e gestão, para assegurar a entrega de soluções de engenharia com alto padrão de qualidade e menor variabilidade de prazo.

Ao reduzir desperdícios e deslocamentos desnecessários, o lean construction também amplia os resultados ESG das obras. Processos estáveis signicam menos resíduos, canteiros mais organizados e seguros e uma pegada de carbono reduzida.

Vale destacar, ainda, que essas práticas não se sustentam apenas na técnica, mas também em uma cultura que valoriza as pessoas. Nenhuma metodologia prospera sem engajamento humano. Por isso, é necessário investi-

mento constante em treinamentos e processos de integração que estimulam corresponsabilidade e aprendizado contínuo.

Iniciativas como os check-ins e o compartilhamento de feedbacks fortalecem a autonomia das equipes e fazem com que cada colaborador entenda o impacto de sua atuação no desempenho coletivo. O futuro da engenharia passa por e ciência, inovação e propósito. E é com essa visão que os projetos renováveis continuarão na rota de crescimento e desenvolvimento: unindo técnica, agilidade e compromisso humano, para entregar energia limpa, competitiva e desenvolvimento social, econômico e ambiental ao Brasil.

* Adam Cavalcante é CEO da Cosampa Construção; Rodrigo Sauaia é CEO da Absolar – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica; e Ronaldo Koloszuk é Presidente do Conselho de Administração da Absolar.
Adam Cavalcante, Rodrigo Sauaia e Ronaldo Koloszuk*
Alexgo Photography (Shutterstock)

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