FotoVolt Março 2024

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Projeto

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FotoVolt - Março - 2024

Influência das condições de contorno na compatibilidade módulo - inversor Vanessa Gonçalves e Guilherme Carvalho, da Connectoway Solar

À

medida que o setor solar avança, observa-se uma tendência, particularmente no contexto brasileiro, em direção à adoção de módulos de maior potência. Os módulos de 300 W perderam espaço em 2020 para os de 500 W, e a atual transição para a linha de 600 W já está em curso em grandes usinas. Como evidenciado empiricamente, a tecnologia dos módulos progride a uma taxa superior à dos inversores, tornando imperativo que os fabricantes de inversores se ajustem a essas mudanças. Tais transformações, embora mantenham a eficiência estagnada e aumentem a área do painel, resultam na redução dos custos associados às estruturas fixas devido à menor quantidade de módulos, gerando, consequentemente, uma diminuição do Custo Nivelado de Energia (LCOE, na sigla em inglês). A corrente de curto-circuito do inversor é uma especificação crítica que não deve ser ultrapassada, para não ocorrerem danos à máquina e a perda de garantia. A compatibilidade entre módulos e inversores é avaliada mediante a análise da corrente de curto-

circuito, sendo considerado incompatível o conjunto no qual a corrente de curto-circuito do módulo excede a do inversor. Um exemplo prático pode ser observado na comparação entre o módulo Trina TSM-DEG21C.20 660 Wp e os inversores Huawei Comercial da linha M5. Apesar de uma primeira análise, baseada apenas nos datasheets e considerando a utilização de todas as entradas do inversor, sugerir a compatibilidade, na prática, a situação é diferente. Deve-se analisar que as especificações técnicas das folhas de dados dos módulos são para condições de teste padrões em laboratórios, conhecidas como Standard Test Conditions (STC), que consideram irradiância de

Para a adequada alocação de módulos por MPPT, não é conveniente olhar apenas para as folhas de dados de módulos e inversores. É preciso levar em conta também os coeficientes de temperatura pertinentes, o albedo do solo e os fatores de sobreirradiância, os quais dependem da localização do projeto, como demonstra este artigo.

1000 W/m2, temperatura de célula de 25 °C e espectro da radiação luminosa para massa de ar de 1,5(AM1,5). Na prática, é imprescindível considerar as condições de contorno específicas de cada projeto. A corrente de curtocircuito deve ser ajustada conforme os coeficientes de temperatura pertinentes, o albedo do solo para módulos bifaciais e os fatores de sobreirradiância, que dependem da localização do projeto. A corrente dos módulos fotovoltaicos varia de forma diretamente proporcional à temperatura, sendo maior em ambientes mais quentes. O coeficiente de temperatura Isc, indicado no datasheet, reflete essa variação, como é o caso do Trina 660 Wp com um valor de 0,04 %/(°C). O albedo do solo, que representa a relação entre a quantidade de luz refletida pela superfície e a quantidade recebida, exige uma análise específica do solo ou do material que cobre o solo para correções precisas. Os fatores de sobreirradiância, necessários devido aos efeitos de


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