FotoVolt Março 2024

Page 42

Segurança

40

FotoVolt - Março - 2024

Proteção contra choques no combate a incêndio em sistemas fotovoltaicos Celso L P Mendes, consultor; André Luiz Gonçalves Scabbia, do IPT; e Marcos Rogério Chaves Silva, da Tecpro*

A

energia solar fotovoltaica já representa a segunda fonte na matriz elétrica brasileira, com uma potência instalada total de 37 GW e mais de 2,3 milhões de geradores em telhados e fachadas conectados à rede de distribuição; destes, cerca de 80% situam-se em unidades residenciais e 10% no comércio e serviços [1]. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), solar é a fonte energética que mais cresce mundialmente, podendo alcançar, no cenário de emissão zero, 6100 GW em 2030, ou 55% da potência instalada global [2]. Desde que observadas as normas técnicas e as boas práticas de projeto e instalação, sistemas fotovoltaicos (SFV) são equipamentos em geral seguros. No que tange à ocorrência de incêndios, o Brasil não dispõe de estatísticas oficiais consolidadas. A experiência dos países pioneiros na tecnologia fotovoltaica, como a Alemanha, mesmo no período mais crítico de crescimento acelerado (20092012), revela taxas de incêndio bastante baixas, da ordem de 0,26%/MW/ ano, com base na potência instalada,

Combate a incêndio em SFV (Foto: Bombeiros de Nenndorf) ou 0,0065%, pelo critério do número de sistemas instalados [3]. Naturalmente, para efeito de comparação, este parâmetro deve ser ajustado à realidade brasileira, considerando as consequências da escassez de mão de obra qualificada e o descaso habitual no País quanto à manutenção regular das instalações. Contudo, as características peculiares dos SFV os distinguem das instalações elétricas típicas de edifica-

Módulos fotovoltaicos geram energia enquanto expostos à irradiação solar. Esta característica requer medidas de proteção contra choque durante a instalação, as intervenções para manutenção, o descomissionamento e, em caso de incêndio, o combate ao fogo.

ções. Trata-se de sistemas de corrente contínua (c.c.) com tensões nominais de até 1500 V, que atuam como fonte principal no suprimento de energia para a instalação consumidora; arcos elétricos em c.c. são de difícil extinção, além de se sustentarem enquanto houver irradiação solar; um SFV possui centenas de conexões em série, cujas falhas, se não devidamente detectadas e interrompidas, são potenciais focos de incêndio; os componentes do SFV estão expostos aos esforços térmicos, mecânicos e dielétricos decorrentes das intempéries, bem como à ação de pássaros, insetos e roedores; os módulos FV, cabos de energia e materiais isolantes poliméricos representam uma carga de incêndio adicional para a edificação; e a negligência na manutenção periódica nestas aplicações pode ter consequências graves. Todos estes fatores contribuem para o aumento do risco de incêndio.

Normas de proteção contra choques SFV são equipamentos classe II, ou seja, todos os seus componentes,

(*) Os autores são, respectivamente, membro, coordenador e secretário da comissão de estudo CE 024 102 007 do CB-024 da ABNT, que em 2023 elaborou o projeto de norma de segurança contra incêndio em sistemas de energia solar fotovoltaica, comentado neste artigo.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.