Boletim informativo o alforge dez 2017

No Natal há sempre uma Estrela que brilha mais do que as outras. É o Amor. É a Vida! É Jesus Cristo que nasce em cada um de nós!

O Alforge deseja a todos os leitores e amigos SANTO e Feliz NATAL ...

Editorial

02 | O Alforge | dezembro 2017

A festa dos "zombies" adoradores de cones iluminados

Vivemos tempos estranhos. Passamos por uma época vazia de valores, vazia de sentido profundo, vazia de identidade e de raiz.

Privatizou-se tudo.

Valoriza-se apenas o que aparece e é visível aos olhos ou palpável de forma agradável aos sentidos.

Muito estranha se tornou a celebração do natal!

Sabemos que celebrar o natal é celebrar a festa da vida que se opõem de forma tão objetiva à cultura da morte que parece universalmente aceite e indiscutível. Enorme paradoxo este. Celebrar a festa da vida numa cultura

de morte.

Celebrar o nascimento de Jesus é ser grato pelo dom da vida que gratuitamente recebemos e que da melhor forma deveremos administrar. Para isso permiti-me que partilhe convosco este “decálogo” que neste Natal nos deveria interpelar para vivermos uma cultura de vida interior em abundância: 1- Para tudo na vida equilíbrio 2- Procurar a medida certa para todas as coisas 3- Mais do que a velocidade importa ritmo e a cadência como conduzimos a nossa vida.

4- Mais importante que as coisas materiais, importa desejar a Deus 5- Nunca olvidar de exercitar o corpo e o espírito 6- Deveremos ter atenção e fazer uma boa alimentação 7- Desejar apenas o que se tem, com simplicidade 8- Viver com o mínimo necessário 9- Sonhar e lutar pelos sonhos 10- Descansar o suficiente.

Celebrar o nascimento de Jesus; caminho, verdade e vida há-de trazer à nossa existência a luz para fugirmos à banalização da vida humana e à discussão fútil e tantas vezes tão mal fundamentada a respeito do seu inicio e fim.

Infelizmente transformámos o natal numa festa de “zombies” que deambulam de centro comercial em centro comercial, iluminados por muitas luzes exteriores que tentam disfarçar a falta de luz interior.

Transformámos o natal numa festa de cones iluminados, num carnaval fora de tempo cheio de figuras de cores garridas que nos querem levar a consumir e nos fazem desviar do encontro com a simplicidade de um Deus Menino que na máxima simplicidade e

pobreza quer fazer presépio no nosso coração.

Quem vive vazio por dentro acaba por esvaziar tudo o resto. Acontece isso com o Natal que progressivamente se vai esvaziando até culturalmente do seu sentido original.

O Natal deveria propiciar um renascimento do amor e do sentido profundo da vida no coração de todos. A “mornidão” espiritual em que vivemos no Natal deveria ser abalada pela fagulha e luz que nos vem da contemplação do presépio e deste amor eterno e divino que ganha corpo em Jesus.

O melhor presente é estar presente. Que consigamos acordar para a celebração da festa da vida e da certeza de que Deus quer estar presente. Nunca estamos sozinhos.

Então bom Natal. Façamos o presépio e esqueçamos o cone iluminado. Deixemos de ser “zombies” e não corramos da sua própria festa de aniversário o aniversariante.

Bom Natal com VERDADE. Paz, pão e saúde!

Pe. António Martins

Ficha Técnica Propriedade e Administração: Arciprestado de Seia / Zona Oeste Equipa Responsável: António Carlos (Pe.), João Barroso (Pe.), Paulo Caetano (Dr.), Rafael Neves (Pe.) Colaboradores nesta Edição: Equipas de Nossa Senhora - Tourais 1, Germana Perdigão (Ir.), Henrique Raposo (Dr.), Manuel Felício (D.), Paulo Caetano (Dr.), Rafael Neves (Pe.), Rita Saraiva (Dra.), Vitor Feytor Pinto (Pe.).

Revisão dos Textos: Anabela Jorge (Dra.), Cláudia Lopes (Dra.) e Olga Oliveira.

Morada para Correspondência: Av. Visconde Valongo, n. 11, 6270-486 Seia Contatos: p.caetano@mail.telepac.pt | www.oalforge.pt

Mensagem de Natal do nosso Bispo

03 | O Alforge | dezembro 2017

Natal de Jesus, Salvador Estamos no Natal.

Natal é a celebração do nascimento de um Menino, Jesus Cristo, que veio para salvar. Por isso, sendo Deus, assumiu a nossa condição de homens e mulheres, com todas as consequências de alegrias e esperanças, êxitos e fracassos, de sofrimento e de morte.

Essa é a mensagem do Presépio de Belém, mensagem de simplicidade, de pobreza e mesmo de alguma rejeição, que impressiona e confunde, que interpela as gentes de todos os tempos, idades e condições.

Ora, este gesto de Deus que sendo rico voluntariamente se faz pobre, sendo Senhor se faz pequenino e frágil para se tornar próximo de todos, sem excluir ninguém, é a grande interpelação dirigida aos poderes deste mundo. De facto, a lição do Presépio aponta os caminhos pelos quais se constrói o autêntico bemestar das pessoas e a saudável vida comunitária, que constitui direito de todos. É realmente de vida comunitária que as pessoas precisam e promovê-la é a principal obrigação de todos os constituídos em autoridade. A autêntica vida comunitária procura realizar a proximidade de todos a todos e a cada um, pede reconhecimento das capacidades e também dificuldades de cada pessoa e que lhe sejam criadas as necessárias condições para que as capacidades se desenvolvam e se coloquem ao serviço do próprio e do bem comum e as dificuldades possam ser

superadas.

Ora, nós acabámos de viver a experiência coletiva dos incêndios de outubro último e de junho passado, que foi um verdadeiro teste à nossa vida comunitária , sobretudo à capacidade de resposta de pessoas e instituições em situações emergentes como estas. Morreram pessoas em número e circunstâncias sem paralelo com situações anteriores. Muitas outras ficaram privadas de bens de primeira necessidade, como a habitação, mas também recursos dos quais depende a sua subsistência diária, como animais, agricultura e floresta. Perante este quadro de tristeza, sofrimento e algum desespero, alegra-nos a resposta pronta de pessoas e instituições que apareceram no terreno para acolher desalojados e prover às necessidades imediatas sobretudo de vestuário e alimentação a quantos perderam tudo.

Este é o caminho para construir a vida comunitária que todos desejamos.

Mas também vimos algum distanciamento dos poderes instituídos tentando responder com medidas gerais a situações muito díspares, que, por isso, precisavam de respostas diferentes. Dou um exemplo. Visitei, no dia imediato ao desastre dos incêndios, uma povoação com duas pessoas sepultadas nos escombros das suas casas consumidas pelo fogo e uma outra povoação vizinha onde morreu um casal que deixou duas crianças – uma de 2 anos e outro de 7. Ora, tratar por igual uma pessoa

que vivia sozinha em sua casa, por sinal bem relacionada com os vizinhos, cujos filhos estão emigrados no estrangeiro e o casal também vítima do mesmo incêndio, que deixou dois filhos menores, dando-lhes a mesma importância em dinheiro, sejam 70 sejam 70 vezes 7, como se a vida em alguma circunstância pudesse ser transacionável por valores materiais, é, no mínimo, um contra-senso. Por sua vez, ao lado, vivia uma outra família que perdeu dois tratores, o seu ganha pão.

Quem está mais habilitado para fazer a avaliação destas situações e dizer como podem ser devidamente resolvidas? A resposta só pode ser uma – pessoas e instituições que estão próximas e não o centralismo da administração pública, como aconteceu e está a acontecer.

Compreendemos, é certo, que se dê atenção prioritária às empresas afetadas pelos incêndios, das quais depende o emprego de muita gente.

Mas, em contrapartida, custa -nos a compreender que serviços estatais como os que operam na agropecuária e na floresta, continuem quase indiferentes aos dramas de muitas famílias que perderam tudo e agora ninguém lhes diz como fazer para poderem aproveitar o que restou dos incêndios e sobretudo reordenarem os seus territórios e programarem um futuro diferente. São horas como estas, queira Deus não voltem a repetir-se, que põem à prova a capacidade e operacionalidade dos serviços aos quais compete marcar presença, mas, na

hora da verdade, não estiveram lá. E a tutela respetiva parece também resignada à fatalidade acontecida sem nada, ou pouco, fazer para propor os novos caminhos que o dramatismo das situações de facto impõe.

O que se lhes pedia é que viessem para o terreno, colocar-se ao lado das pessoas, para as ajudar a salvar o que restou dos incêndios e a dar orientação sobre o futuro desejável para os nossos campos e as nossas florestas.

O Menino de Belém veio para salvar, abrindo caminhos de esperança nas relações entre as pessoas e destas com a natureza, para conseguirmos chegar à sociedade nova por todos ambicionada, mas ainda não conseguida.

A lição de Belém aí está e convida-nos para não desistir do esforço de procurar o que é mais importante, a saber: cuidar a boa relação de todos com todos para atingirmos patamares de vida comunitária verdadeiramente saudável.

+Manuel Rocha Felício, Bispo da Guarda

Especial: O Verdadeiro valor da Vida!

04 | O Alforge | dezembro 2017

NEM ATEU NEM FARISEU O presépio cheira mal

Henrique Raposo, RR Quando viciamos as nossas crianças nos presépios fofinhos, perfeitinhos e perfumados, estamos a negar-lhes a grande lição da manjedoura e do estábulo: Deus vem ao mundo num local miserável.

Quando estamos no campo e por acaso passamos junto de estábulos ou currais, faço sempre questão de alertar as minhas filhas para uma evidência bíblica que é difícil de entender na bolha asséptica da cidade: “Jesus nasce num sítio assim, com este cheiro e tudo”. Convém sempre recordar que o presépio não é um arranjo floral, é um curral que cheira mal. Jesus não nasce num spa de massagistas celestiais, nasce no meio do esterco nauseabundo de animais. Quando viciamos as nossas crianças nos presépios fofinhos, perfeitinhos e perfumados, estamos a negar-lhes a

grande lição da manjedoura e do estábulo: Deus vem ao mundo num local miserável. É esta a sua radical humildade. Quando permite o cruzamento entre a sua trajectória eterna e a nossa trajectória histórica, Deus escolhe para intersecção destas duas linhas temporais um local que é a negação das nossas lógicas de poder.

Deus todo-poderoso recusa nascer como príncipe num palácio, como mercador numa mansão ou como general num castelo. Ao nascer na periferia da periferia, entre os clandestinos dos clandestinos, Ele diz-nos logo à partida que o Reino não se rege pelas lógicas óbvias do poder e da natureza. O Reino não tem a gramática da natureza, até porque o homem não é um mero animal.

Esta revolução moral ainda hoje não é compreendida em absoluto até por nós, cristãos, tal é a magnitude da revelação. Mas então Deus nasce num estábulo?

Que jeito é que isso tem?

Então Ele nasce junto de pastores, num curral feito de madeira não trabalhada, rude, com lascas e farpas nada acolhedoras e com um chão composto por uma

pasta de lama, palha, esterco e urina? E aparece sozinho? Onde é que estão os exércitos celestiais de serafins e querubins que poderiam facilmente vencer as quadrigas dos corruptos e tiranos? Então o berço do Deus omnipresente e omnisciente é uma manjedoira onde os animais comem? A verdade é que Deus não quer saber do nosso escândalo incrédulo.

Ele entra na história no mais absoluto desprezo pelas regras da nossa verosimilhança. É um Deus inverosímil. A fonte da nossa fé é esta radical, bela e verdadeira inverosimilhança.

O desafio às nossas grelhas de leitura continua no perfil que Ele escolhe para si mesmo. Deus não vem ao mundo já formado, qual titã, qual Adamastor ou Golias; vem ao mundo na forma de um bebé indefeso. O Deus que criou as leis da física que sustentam os anéis de Saturno e que movimentam os gases de Andrómeda é o Deus que escolhe ser a criatura mais frágil e desprotegida de todo o universo, uma criatura que nasce sem garras ou carapaças e que demora anos até atingir um módico de independência, uma

criatura que pode ser destruída pelos homens, por um homem, por mim, por si, caro leitor. Mas que Deus omnipotente é este? O que está Ele a dizer? Está a dizernos que a gramática certa não é a acumulação vertical de poder, mas sim a partilha horizontal de misericórdia.

Não há senhores e súbditos, só irmãos. A salvação não depende da acumulação de dinheiro (poder material) ou de honrarias ou hierarquias snobes (poder social). Não vale a pena ter uma lógica snobe ou arrivista, porque a salvação não se joga na conquista vertical da pirâmide social. Logo no presépio, e mais tarde no lava pés, Jesus representa a suspensão das leis físicas, objectivas e mensuráveis do poder. Ou seja, Jesus é a suspensão das leis da natureza, a começar na predação. “Então o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o novilho e o leão comerão juntos, e um menino os conduzirá” (Is 11, 6). É uma ironia de Deus – mais uma - que esta suspensão das leis da natureza no seio dos homens seja consumada num local tão empestado pelos cheiros naturais.

Natal quer dizer espírito de amor... um tempo quando o amor de Deus e o amor dos seres humanos deveriam prevalecer acima de todo o ódio e amargura... um tempo em que os nossos pensamentos, as nossas ações e o espírito de entreajuda manifestem a presença de Deus.

Celebrar o Natal é crer na força do amor, é isto, que transforma o homem e o mundo. Santo e Feliz Natal!

Especial: O Verdadeiro valor da Vida!

05 | O Alforge | dezembro 2017

O valor da vida humana e da sua inviolabilidade O que é o homem? Qual o sentido e a finalidade da vida humana? Alguma vez pensaram que a vida não pode ser simplesmente viver um dia após o outro?

A vida é muito mais do que isso! Ela é sagrada e inviolável em todas as suas fases e situações. A vida é um bem indivisível e faz parte de um plano divino.

Deus preparou um plano maravilhoso para a sua vida e deseja que cada um seja feliz. Quando nos damos conta de que Deus tem um plano para nós, entendemos o motivo de vivermos. Deus quer que todos os seus filhos progridam e se tornem mais semelhantes a Ele. A vida humana tem em si mesma um valor inestimável, é sempre um bem, mas, infelizmente, a maioria das pessoas não consegue reconhecê-lo. É imprescindível, para que o homem conduza de forma correta a sua vida e a daqueles por quem é responsável, conhecer o valor da vida humana.

Existem alguns aspetos importantes que revelam a grandeza e o valor precioso da vida.

Só Deus é propriamente eterno, isto é, não tem princípio nem fim. Em Deus, não existe passado nem futuro, mas um presente imutável. Deus sempre existiu e a criação inteira é fruto do amor e da onipotência de Deus.

O autor da vida é Deus.

Só Ele pode dar a vida. Criar é uma prerrogativa só de Deus. Criar quer dizer “fazer que exista algo que antes não existia, tirando-o do nada”. Por si só, o homem não é capaz de dar a vida. O homem não pode criar; ele

pode modificar, por exemplo, o curso de um rio, ou fabricar um tecido, um carro, construir uma casa.

Deus criou o homem do nada: “Façamos o homem…”. Deus fez o homem do barro, com o trabalho das suas mãos, com grande atenção, cuidado e ternura.

Portanto, a origem do homem é Deus. O homem veio de Deus e o seu destino é Deus. A vida do homem é dom e é o maior talento que Deus lhe deu; ela encerra uma infinidade de graças e de potencialidades. A partir da vida, o homem pode desenvolver-se, crescer, experimentar as suas capacidades, contribuir para o crescimento da humanidade e do mundo.

Só pelo fato de a vida ser um dom de Deus já explica o valor inestimável da mesma.

Por esta razão, São João Paulo II exclamava que o homem tem de ter um olhar contemplativo diante da vida: “é o olhar de quem observa a vida em toda a sua profundidade, reconhecendo nela as dimensões de generosidade, beleza, apelo à liberdade e à responsabilidade. É o olhar de quem não pretende apoderar-se da realidade, mas a acolhe como um dom,

descobrindo em todas as coisas o reflexo do Criador e em cada pessoa a sua imagem viva”.

O homem não tem o poder de apropriar-se da vida e da morte para decidir sobre elas. O homem não pode reivindicar para si a mais completa autonomia moral de decisão sobre a vida e a morte; ele não pode dispor da própria vida nem da dos outros como quer, porque o valor da vida não é relativo, não é um “bem simplesmente relativo, confrontada e ponderada com outros bens, segundo uma lógica proporcionalista ou de puro cálculo”.

Muitas pessoas afirmam que são “donas” da sua própria vida, portanto, podem fazer dela o que quiserem. São João Paulo II afirma: “A vida do homem provém de Deus, é dom seu, é imagem e figura dele, participação do seu sopro vital. Desta vida, portanto, Deus é o único Senhor: o homem não pode dispor dela. Deus mesmo o confirma a Noé, depois do dilúvio: ‘Ao homem, pedirei contas da vida do homem, seu irmão’ (Gn 9,5). E o texto bíblico preocupa-se em sublinhar como a sacralidade da vida tem seu fundamento em Deus e na sua ação

criadora: ‘Porque Deus fez o homem à sua imagem’ (Gn 9,6) Portanto, a vida e a morte do homem estão nas mãos de Deus, em seu poder.”

Diante da sua própria vida e da dos seus irmãos, não raramente o homem se apossa da liberdade que Deus lhe deu para fazer da vida, independente de Deus, o que deseja. Mas a liberdade do homem só é autêntica se for baseada na verdade sobre o homem e sobre o mundo. Verdade esta que não pode ser aparente, portanto, Cristo continua a aparecer-nos como aquele que traz ao homem a liberdade baseada na verdade, como aquele que liberta o homem daquilo que limita, diminui e como que espedaça essa liberdade nas próprias raízes, na alma do homem, no seu coração e na sua consciência.

Ter a vida nas mãos de Deus jamais será um risco, como alguns pensam, porque Deus é “amor em atos”, ou seja, tudo o que realiza é por amor. Todas as ações de Deus são amor.

Deus age amando. Estar nas suas mãos, em seu poder, é estar em lugar seguro, porque Deus não exerce esse poder como arbítrio ameaçador, mas, sim, como cuidado e solicitude amorosa pelas criaturas.

Se é verdade que a vida do homem está nas mãos de Deus, não o é menos que estas são mãos amorosas como as de uma mãe que acolhe, nutre e toma conta do seu filho.

Germana Perdigão Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

Especial: O Verdadeiro valor da Vida!

06 | O Alforge | dezembro 2017

Onde está a dignidade?

O padre Luís Archer, Jesuíta que foi agraciado com o prémio nacional de Bioética em 2008, considera que o principal problema relacionado com a eutanásia está na noção errada de que a vida é algo de pouco importante. Este sacerdote que presidiu entre 1996 e 2001, ao Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e uma das pessoas com mais conhecimento sobre esta matéria, defendia que "se concebermos uma liberdade individual absoluta, completamente autónoma, de tudo à sua volta sim, a eutanásia faria sentido. Mas eu não sou dono de mim mesmo, não sou a razão de ser da minha existência, a minha vida é um dom, algo que me foi dado por Deus, se acredito em Deus, ou, se não acredito em Deus, pela natureza. É um benefício, uma situação privilegiada, porque vendo a vida pela vida podemos ter uma vivência das coisas muito maior do que os outros seres que não vivos.

Como dom, tem

de ser respeitada, não é qualquer coisa que se possa destruir, tenho responsabilidades de fazer qualquer coisas útil disso".

O jesuíta considera que é importante esclarecer as pessoas sobre o que é a eutanásia e o que são outros conceitos que aparecem colados a este, mas que na verdade não o são. "Distinguimos a eutanásia pela sua natureza e intenções", refere, para salientar que todos os conceitos de eutanásia que não pressupõe o consentimento do doente são homicídio, e não eutanásia. Noutro sentido, o jesuíta considera ser importante que as pessoas percebam que a Ética não justifica uma utilização excessiva dos meios terapêuticos ao dispor.

"Quando a pessoa está no final da sua vida, com uma doença incurável, sem

tratamento, não há necessidade de prolongar a vida a todo o custo, e isso não é eutanásia. Os médicos têm de ter coragem, e as famílias também, de conseguirem aceitar que é tempo de deixar ir. Há analgésicos que, apesar de diminuírem o tempo de vida, minoram as dores e tornam o final da vida mais digno e sustentável. Isso não é eutanásia, porque a intenção não é matar, mas sim diminuir as dores, logo não é reprovável", explica o padre Luís que considera que, para todos os casos das pessoas que sofrem de doenças, a primeira resposta é sempre o tratamento médico "com todas as suas

possibilidades".

O Pe. Luís Archer recorda um episódio que ilustra estas situações: "Lembro-me de ver um filme de um desses centros de cuidados paliativos. Era um grupo onde as pessoas falavam, discutiam, contavam coisas, havia uma boa disposição geral. Quem me mostrou o filme dizia-me, apontando para duas ou três pessoas daquele grupo, que elas tinham falecido dez a quinze minutos depois daquela gravação. Conseguiram ter uma atitude positiva mesmo até ao fim", conta o sacerdote, para quem este é um exemplo do bem que os cuidados paliativos podem fazer a uma pessoa.

Especial: O Verdadeiro valor da Vida!

07 | O Alforge | dezembro 2017

A Vida é sempre um valor (a propósito da anunciada lei sobre a Eutanásia e o suicídio assistido) 1_ A vida é o primeiro de todos os valores do ser humano. Por isso deve ser sempre defendida e promovida com qualidade.

Esta máxima está consagrada nos códigos éticos de todo os tempos. É afirmada pelo código de Hamurabi, 2500 anos a.C.; é garantida pelo Juramento de Hipócrates, 500 anos a.C. e está consagrada em todos os códigos éticos. Como se diz recentemente, no movimento das “cidades pela vida”: a justiça é impossível sem a vida.

O art.º 3º dos Direitos Humanos diz: “todo o ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança da sua pessoa”.

A Constituição da República Portuguesa, no Artº 41, §1. diz expressamente que “ a vida humana é inviolável”.

Os códigos de ética, em medicina e em enfermagem, consagram o serviço à vida, sempre e em qualquer circunstância.

Assim sendo, a vida é inalienável, inviolável e indisponível. Nada e ninguém pode destruir a vida humana, seja por que motivo for.

2_ Defender e promover a vida não é um princípio religioso, é uma norma cívica e nasce da relação normal e do convívio entre as pessoas. Acontece, porém, que a partir das ideologias fraturantes, se permitiu legislar, defendendo o direito a destruir a vida de uma pessoa em idade avançada, com doenças irreversíveis ou com deficiências profundas.

Enumeram-se razões várias para admitir a destruição da vida de um ser humano: o sofrimento da pessoa doente, o grande incómodo da família ou dos cuidadores, os encargos do estado ou da família já muito vulnerável, com a presença daquela pessoa em situação terminal. Pretendese levar a sociedade a aceitar a eutanásia. Vale a pena precisar os conceitos.

A Eutanásia consiste na precipitação da morte, no caso de um doente em situação terminal irreversível e com o apoio da assistência médica, no processo de morte.

Ao contrário, a distanásia também chamada obstinação terapêutica consiste no prolongamento exagerado da vida, por meios inúteis, fúteis, despropositados e extraordinários.

O suicídio assistido acontece quando a pessoa doente pede a outra pessoa para a ajudar a destruir a própria vida, provocando-lhe a morte.

Como facilmente se compreende, do ponto de vista ético, as três situações são inadmissíveis. A Eutanásia e o suicido

assistido porque têm como objectivo provocar a morte.

A distanásia ou obstinação terapêutica, porque se pretende adiar a morte natural, por motivos secundários e alheios à vida do doente terminal.

3_ Para fundamentar a recusa da morte precipitada, qualquer que seja a razão, importa compreender o que está em causa.

A missão do médico e do enfermeiro é sempre o serviço da vida, para curar ou mesmo para cuidar. Por isso, os profissionais da saúde não podem nunca provocar a eutanásia.

Os tratamentos inúteis, fúteis e despropositados nunca podem ser oferecidos ao doente em fase terminal.

Fazê-lo por motivos afectivos, económicos, sociais ou, até, políticos é manipulação da pessoa doente, o que se não pode admitir.

A justificação que se dá para a eutanásia, é o acabar com o sofrimento. Acontece, porém, que o sofrimento e a dor são coisas diferentes.

Para a dor há os cuidados paliativos de natureza química, para o sofrimento só o conforto do acompanhamento feito pelos profissionais pelos familiares e pelos amigos confere o alivo necessário. A relação afectiva é também um cuidado paliativo.

A precipitação da morte ou o seu deferimento são eticamente negativos. A pessoa tem direito a morrer com dignidade e a morte digna é a morte assistida clinicamente, afectivamente e mesmo religiosamente.

Monsenhor Victor Francisco Xavier Feytor Pinto nasceu em 6 de Março de 1932, na freguesia de Sto António dos Olivais, em Coimbra. Foi ordenado sacerdote em 10 de Julho de 1955.

Em Novembro de 2005 o Santo Padre, o Papa Bento XVI admitiu -o entre os membros da Família Pontifícia, nomeando-o seu capelão, com o título de Monsenhor. É Administrador Paroquial do Campo Grande, com responsabilidade: •Assistente Diocesano dos Médicos Católicos e da Associação Mundial da Federação dos Médicos Católicos.

•Assistente Nacional e Diocesano da ACEPS. •Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde.

•Membro do Conselho Pontifício para os Profissionais da Saúde.

•Membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

Especial: O Verdadeiro valor da Vida!

08 | O Alforge | dezembro 2017

Para valorizar a Vida, sendo livre!

Aprender a valorizar a vida é uma das tarefas mais difíceis nos tempos que correm, onde se valoriza muito mais os bens materiais, em detrimento dos bens morais e sentimentais. A vida é tão rápida, que parece a areia numa ampulheta e nem nos damos conta como ela percorre entre os nossos dedos.

O pior é que, quando nos percebemos desta realidade, já se passaram 40, 50 ou 60 anos e não vivemos verdadeiramente, apenas acordamos, tomamos o café da manhã, saímos para o trabalho, almoçamos, jantamos, dormimos e… assim foi. Sem que realmente percebessemos o quanto a vida é bonita e saborosa.

O sabor da vida está em rir sem ter motivos, em observar a beleza das flores, ouvir o canto dos pássaros, observar as crianças brincando e saber que elas são felizes apenas por brincarem umas com as outras, sem a necessidade de dinheiro para isso.

Aprender isso não é fácil.

Valorizar a vida é valorizar

o que há de melhor em nós e ainda em quem nos rodeia: nos amigos, na família, nos companheiros de trabalho e até naquelas pessoas que cruzamos pelo caminho. Valorizar significa dar valor!

Por isso, nesta altura do Natal, aqui fica o conselho: valorize aquilo que ama ou a quem ama, enquanto ainda estão por perto. Pois bem sabemos que haverá um tempo, que pode estar distante ou não, que não encontraremos mais a beleza do sorriso e nem o calor do afago.

Neste Natal, dê valor ao bem, ao amor, e até ao sonho que ainda não se realizou. Procure conquistar aquilo que o faz mais feliz e deixe de lado as tristezas da rotina, as fofocas que não

levam a nada, o ganhar mais dinheiro, que pode até te comprar mais conforto, mas não te traz paz de espírito.

Ser livre…

Dizem os sábios que não devemos duvidar do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, enfim, de tudo o que faz a vida florescer. Mas, duvide de tudo o que a compromete, nomeadamente duvidemos de tudo o que nos leva ao egoísmo, à miséria, à ansiedade, à intolerância e ao fanatismo.

Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; mas quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável. Sábio é o

ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer os seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas sementes no terreno da sua inteligência.

Augusto Cury dizia que ser livre é não ser escravo das culpas do passado nem das preocupações do amanhã. Ser livre é ter tempo para as coisas que se amam. É abraçar, entregarse, sonhar e recomeçar tudo de novo. É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção. Mas, acima de tudo, ser livre é ter um caso de amor com a própria existência e desvendar os seus próprios mistérios.

E concluía referindo que se os seus sonhos são pequenos, a sua visão será pequena, as suas metas serão limitadas, os seus objectivos serão diminutos, a sua estrada será estreita, a sua capacidade de suportar as tempestades será frágil.

Depois disto tudo, só os sonhos regam a existência com verdadeiro sentido.

Santo e Feliz Natal!

AMJA

Opinião - Assembleia Diocesana 09 | O Alforge | dezembro 2017

Nota pastoral para a Diocese da Guarda Ano 2017-2018

Tempo de Receção para os Resultados da Assembleia Diocesana Durante quatro anos, quisemos preparar, da melhor maneira, a nossa assembleia diocesana, que se realizou, em três sessões, ao encerrar o último ano pastoral. À nossa frente está agora a tarefa de acolhermos, da melhor maneira, as 89 proposições nela aprovadas como propostas para definir os caminhos do futuro da nossa Diocese.

Este ano 2017-18 pretendemos que seja principalmente tempo para levar a cada uma das nossas comunidades a preocupação e o desejo de acolher, segundo a sua própria medida, as propostas feitas nas 89 proposições. Procuraremos que este acolhimento seja realizado em clima de oração, na certeza de que “se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores”. Por isso, cada conjunto de paróquias e cada um dos atuais arciprestados serão chamados a participar neste esforço. E desse esforço conjunto surgirão certamente mais alguns indicadores para as opções pastorais que, em

documento próprio, a apresentar no fim deste ano pastoral, o Bispo Diocesano apontará à Diocese.

Pede-se por isso, a melhor participação das comunidades e conjuntos de comunidades e de todas as estruturas diocesanas neste esforço de receção aos resultados da nossa assembleia. Oportunamente será apresentado o calendário das iniciativas que levarão o Bispo Diocesano ao encontro de cada pároco e do conjunto pastoral que lhe está confiado e também ao encontro de cada um dos atuais arciprestados e seu conselho pastoral arciprestal

para que as mesmas preocupações sejam refletidas, assumidas e transformadas em oração, pois o nosso futuro pastoral depende essencialmente da abertura ao Espírito Santo.

Desta reflexão e oração não vão estar ausentes as grandes preocupações da Igreja universal, sobretudo a preocupação com os jovens, a Fé e o discernimento vocacional, objeto do próximo Sínodo dos Bispos marcado para outubro de 2018. Por isso a oração pelas vocações estará sempre presente em cada um dos nossos encontros.

Simultaneamente queremos adiantar o esforço de reorganização pastoral da Diocese, expressamente pedido logo na primeira sessão da assembleia. Por isso, a comissão nomeada para o efeito trabalhará, ao longo deste ano, com vista a fazer as suas propostas, conforme lhe está pedido.

Vamos todos abrir o coração à passagem de Deus pela nossa vida pessoal e comunitária para que os resultados da assembleia diocesana se cumpram da melhor maneira. + Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda

Família e Fé...

10 | O Alforge | dezembro 2017

Novo Santuário mariano totalmente dedicado às famílias

Vem Maria !!

Vem Maria... Mãe de Jesus!

Vem Maria, acenda a minha luz; Vem Maria, enchei o meu coração.

Eu rezo todas as noites esta oração: Maria, Tira esta lança que atravessou o meu coração pois em ti, tenho muita devoção.

Maria, em ti eu confio todo o meu ser!

Maria, sem ti eu não sei viver!

Vem, vem, vem… Maria mãe de Jesus!

A partir do final deste ano de 2017, a Igreja Paroquial de Solesmes, em França, será um santuário mariano dedicado às famílias.

Ali, cada membro do agregado familiar poderá confiar a Nossa Senhora os momentos difíceis das suas vidas e também agradecer-Lhe a Sua proteção.

Será consagrada uma estátua inédita de Nossa Senhora, com a designação “Maria que cura os casais” (Marie qui guérit les couples). Terá 2,2 metros de altura.

O santuário fica a alguns metros da célebre abadia beneditina, em Solesmes, memorável local de orações e célebre pela formação dos casais.

O novo santuário é um projeto do Instituto para a Família na Europa (LIFE – The European Institute for Family - https://www.lifeeurope.fr), que foi criado para transmitir a mensagem do Evangelho sobre o casamento e a família. Não é um sonho nem um ideal. É a resposta a um chamamento, é um dizer presente no mais profundo do coração dos homens.

Com o meu coração em contrito, Muitas tristezas eu passei.

Só tu, oh! Mãe, tira este conflito.

Muitas vezes eu chorei Desesperado em mim, fiquei E tu em minha vida, eu te encontrei!

Vem, vem, vem… Maria mãe de Jesus!

Maria, Só tu me destes o calor… Maria Só em ti, tenho imenso amor Amo-te por toda a minha eternidade.

No meu existir, sinto o teu doce cheiro.

Vem, vem, vem, Maria dá-me liberdade!

Tens o coração, que abarca o mundo inteiro Vem, vem, vem, Maria mãe de Jesus!

Cobre-me com o teu manto sagrado, oh! Maria!

E que reine dentro de mim, a tua paz!

Que afastes de mim a dor e maus pensamentos.

Sei que contigo em mim sou capaz.

Vem, vem, vem, Maria mãe de Jesus!

Encontro Nacional das Equipas de Nossa Senhora...

11 | O Alforge | dezembro 2017

Famílias reunem em Fátima a ser preparado o próximo Encontro Internacional das ENS, que terá lugar em Fátima, em Julho de 2018.

A nossa participação em mais um Encontro Nacional ENS decorreu em espírito de alegria e permitiu-nos momentos únicos de partilha e vivência, sempre com Maria no nosso caminho.

Equipa de Nossa Senhora – TOURAIS 1

“Maria: Companheira no Caminho” foi o tema de mais um Encontro Nacional da ENS – Equipas de Nossa Senhora, que decorreu em Fátima nos dias 18 e 19 de Novembro.

Tendo como ponto de partida a proposta de oração Trezes de Fátima, foi sugerido a todos os casais e equipas, neste ano de celebração dos 100 anos das aparições de Nossa Senhora aos 3 Pastorinhos: Lúcia, Jacinta e Francisco, um percurso de aperfeiçoamento e de renovação. Este percurso culminou neste Encontro Nacional, sempre com Maria como nossa companheira, que nos aponta o caminho

para chegar a Deus.

Por este papel especial que Maria tem para todos e para cada um de nós, casais da ENS, no 1.º painel – “O lugar de Maria nas ENS” – ouvimos uma maravilhosa mensagem do Padre Feytor Pinto e a visão de um casal sobre o lugar de Maria na vida dos casais e do Movimento das ENS. No 2.º painel escutámos a partilha de dois casais sobre a influência de “Maria na vida do casal”, sempre na perspectiva de um caminho de santificação.

O 3.º painel presenteounos com a intervenção da Irmã Ângela Coelho, que partilhou connosco o modo como “Fátima” influencia a

vida da família cristã nos dias de hoje.

Neste Encontro foi também feito o Lançamento do novo livro do Padre Henri Caffarel intitulado “Sobre o Amor e Graça”.

Houve ainda um momento para ouvirmos como está

Santo Agostinho dizia que há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio desonesto; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade.

E acrescenta: Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.

Não é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a nossa bondade.

O Boletim Informativo O Alforge deseja a todos Santo e Feliz Natal.

Aconteceu na Nossa Ter ra 12 | O Alforge | dezembro 2017

Orfeão de Seia comemora 40 anos O Orfeão de Seia é uma Associação Cultural que, para além do convívio entre os seus componentes, tem vindo a desenvolver o interesse pela música na região de Seia, sendo seu embaixador no país e no estrangeiro.

Fundado a 7 de Outubro de 1977, é um grupo misto com uma média de 35 elementos, sediado em Seia.

Constituiu-se como Associação Cultural e Recreativa por escritura pública em 30 de Dezembro de 1980, nascendo numa altura em que surgem por todo o país grupos corais organizados. Preencheu uma lacuna importante no panorama musical do concelho de Seia e veio reavivar uma tradição musical de que Seia se orgulha como terra de grandes bandas filarmónicas centenárias, bandas musicais, grupos de cantares e grandes músicos, dos quais o Maestro Silva Pereira é o expoente máximo.

No passado dia 8 de dezembro, o Orfeão de Seia comemorou o seu 40º aniversário. Foi um dia intenso de actividades, que começou com a Eucaristia na Igreja Nossa Senhora do Rosário, cantada pelo Coral Lopes Morago de Viseu Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Viseu, seguida da Romagem ao Cemitério e de um Almoço de Aniversário.

Da parte da tarde foi feita uma Homenagem aos Coralistas Fundadores no Auditório das Magnólias da Casa Municipal da Cultura, seguida de um Concerto no mesmo Auditório, com a participação do Coral Lopes

Morago, de Viseu e o do Orfeão de Seia.

Ao Orfeão de Seia, O Alforge deseja muitas sucesso e glórias.

Historial do Orfeão de Seia Ao longo dos seus 36 anos de existência, atuou regularmente de norte a sul do país e ilhas da Madeira e dos Açores, tanto a solo como em encontros de coros, tendo participado em mais de 1.000 concertos, sempre com sucesso, realçado quer pelo público quer pela crítica.

Efetuou diversas digressões pelo estrangeiro para concertos a solo e em conjunto, nomeadamente em Espanha, França, Itália e República Checa.

Em Seia e no Concelho organizou jornadas de índole cultural, exposições de pintura, artesanato, colecionismo, editou obras de arte, homenageou figuras da cultura local. Levou a efeito inúmeros concertos a solo e em conjunto com

outros coros convidados.

Participou ainda em cerimónias, festividades, missas de casamento, etc…

Organizou nove Festivais da Canção Jovem, iniciados em 1986, e são incontáveis os Recitais de Natal em Seia, no Concelho e no país. É sócio fundador do “Collegium Musicum” Associação de Desenvolvimento Cultural e Artístico de Seia – Conservatório de Seia.

O repertório é norteado por uma permanente preocupação de qualidade, possuindo, porém, uma grande versatilidade que vai desde o gregoriano, temas da renascença, do barroco, do romântico, do clássico, do popular e ligeiro, português e estrangeiro, ao religioso, litúrgico e de Natal, de forma a ir ao encontro dos diferentes públicos e festividades.

Em Outubro de 1996, participou na gravação de um CD - “Os Melhores Coros Amadores da Região Centro” - integrado na coletânea dos

“Melhores Coros Amadores de Portugal”. Em maio de 2000, grava o seu primeiro CD a solo, a que deu o nome de “Ecos da Montanha” e em 2008 edita um DVD, comemorativo dos seus trinta anos.

Em Outubro de 2000, toma a iniciativa e realiza o I Congresso Nacional de Coros em Portugal, juntando em Seia cerca de 220 Presidentes e Maestros, de todo o país, incluindo Madeira e Açores.

Aconselhamos uma leitura do livro “MOMENTOS DE CULTURA, com Orfeão de Seia”, uma obra de Fernando Béco, com mais 400 páginas e 150 fotos, onde poderá encontrar inúmeros concertos descritos ao pormenor, sentindo ou revivendo as sensações de ser coralista.

O Orfeão de Seia tem como Presidente a Engª Paula Teixeira e como Maestro o Prof.º Ricardo Almeida.

Acontecimentos...

13 | O Alforge | dezembro 2017

Diocese - formação para ministros extraordinários da comunhão O Secretariado da Liturgia da Diocese da Guarda vai promover formação para Ministros Extraordinários da Comunhão na Covilhã, em Gouveia e Guarda.

A primeira formação será na Covilhã, no Centro Cultural, no dia 2 Dezembro, entre as 10.00 e as 16.00 horas.

Esta actividade tem em vista a formação permanente de Ministros Extraordinários da Comunhão.

Em Janeiro de 2018, no dia 13 a formação permanente de Ministros Extraordinários da Comunhão, será em Gouveia, na Casa Rainha do Mundo e no dia 27 na Guarda, no Seminário Maior.

Para os dias 3 e 10 de Fevereiro, na Covilhã, está marcado um Curso para Novos Ministros Extraordinários da Comunhão.

Glossário a reter...

Cuidados paliativos. Cuidados dirigidos aos doentes com doenças crónicas avanças e progressivas sem hipótese de cura ou tratamento. Permite ver os doentes como pessoas e não apenas como corpo doente, integrando-os no seu meio, colaborando nos aspetos físicos, psicológicos, sociais, tornando a sua vida tão ativa quanto possível. Apoia também a família durante a doença e até na fase do luto.

Distanásia ou obstinação terapêutica. Processo que prolonga a vida mais do que seria natural, com a utilização de meios desproporcionais a real situação médica e terminal do doente. É outro extremo da eutanásia.

Eutanásia (ou eutanásia ativa). Terminação deliberada e indolor da vida de uma pessoa com uma doença incurável, avançada e progressiva que levará inexoravelmente à morte, a seu pedido explícito, repetido, inflado e bem refletido, pela administração de um ou mais fármacos em doses letais. Para a Igreja Católica é a "acção ou omissão que, de per si ou na intenção cause a morte com o fim de suprimir o sofrimento".

Eutanásia não voluntária e involuntária. Eutanásia realizada em situações em que o doente não pode consentir por estar inconsciente ou em situações, em que o doente está cognitivamente competente, mas não se conhece a sua vontade. Uma vez que não se conhece a vontade expressa do doente, não é eutanásia, mas homicídio.

Eutanásia passiva. Aplica-se a situações em que se pretende decidir iniciar um tratamento destinado a prolongar a vida ou termina-la, podendo as consequências de ambos os atos ser a morte. Não há vontade expressa do doente, logo falamos em homicídio, não eutanásia.

Ortotanásia. É a morte correta, sem sofrimento nem obstinação terapêutica, é a arte de bem morrer, com dignidade.

Suicídio Assistido. Ocorre quando o doente não tem capacidades para terminar ele próprio com a sua vida e pede auxílio a uma segunda pessoa que, não executando o ato, dá ao doente todas as condições para que ele possa ter sucesso na sua intenção de se suicidar.

Testamento Vital. Ferramenta jurídica que permite aos cidadãos indicarem quais os tratamentos que, em caso de incapacidade, não querem que lhes seja ministrados ou nomear um procurador que possa decidir pelo doente. O testamento vital não pode obrigar os médicos a tomarem medidas que vão contra o seu juramento.

Igreja do mês...

14 | O Alforge | dezembro 2017

Igreja Matriz de Pinhanços - Mártir Santa Luzia

Época de Construção – Século XVIII Estilo Arquitetónico – Barroco Categoria/Tipologia – Arquitetura Religiosa - Igreja Materiais - Cantaria de granito na caixa murária, no pavimento; ferro e madeira na porta, madeira na cobertura interna, altares; betão na cobertura externa; telha.

Cronologia - 1320 / 1321 pertencia ao arcediagado de Seia; Séc. XV - Pinhanços foi doada ao Infante D. Fernando; Séc. XVI pertencia à freguesia de Seia; 1916 - D. João Alves Matoso, bispo da Guarda, criou o arciprestado de Vila Nova de Tazém, sendo o primeiro arcipreste o Padre Dr. João Homem de Figueiredo. O arciprestado integra as freguesias de Cativelos, Girabolhos, Lagarinhos, Lajes, Pinhanços, Rio Torto e Vila Nova de Tazem.

13 de Dezembro – Dia de Santa Luzia Santa Luzia é uma santa mártir nascida no ano de 283, e falecida a 13 de dezembro de 304, em

Siracusa.

A história de Santa Luzia está carregada de devoção e de sofrimento.

Perdendo o pai ainda em criança e tendo a mãe doente, Luzia dedicou a sua vida a Cristo, e legou todos os bens da sua família aos necessitados.

Um abastado jovem pagão, que por ela era apaixonado, denunciou a sua fé ao imperador,

acabando a virgem santa por sofrer martírios, por recusar negar a sua religião.

A santa foi atirada ao fogo, mas dele saiu sem mazelas.

Um soldado tiroulhe os olhos e entregou-os num prato à santa, mas milagrosamente nasceram uns novos olhos no seu rosto.

Após os vários martírios falhados, a santa foi degolada, a 13 de dezembro do ano de 304.

Santa Luzia é assim a santa da visão, a padroeira dos oftalmologistas e das pessoas com problemas visuais Foi uma das santas mais populares da Antiguidade, com 20 templos em Roma.

No concelho de Seia é venerada na paróquia de Pinhanços, tendo o seu orago na Igreja Matriz daquela povoação.

Bibliografia: http://www.monumentos.gov.pt/ Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx? id=16009 Fotografias: Pedro Ribeiro Rita Saraiva - Espaço Museológico da Misericórdia de Seia

Sugestões de Leitura 15 | O Alforge | dezembro 2017

Sugestões da Galeria Paz de Espírito