Diário de uma Professora Feliz (Degustação)

YNAH DE SOUZA NASCIMENTO

diรกrio de uma

Professora Feliz O aluno desarrumado e outras histรณrias

DIÁRIO DE UMA PROFESSORA FELIZ O ALUNO DESARRUMADO E OUTRAS HISTÓRIAS

YNAH DE SOUZA NASCIMENTO

DIÁRIO DE UMA PROFESSORA FELIZ O ALUNO DESARRUMADO E OUTRAS HISTÓRIAS

Recife 2020

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300 p. : il.

ISBN 000-00-000-0000-0 1. Dl kj salkj lkjlkjhjh asdhask. 2. LAKs j;alksj dasfpqiwu dqwp 3. al;skjf a;lskjfpoqiwsfj as. 4. akjsh lajksdlkajsh lfkjah slfkjas dqpw9uid. IV. Título.

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Nome do bibliotecário com regiatro

Para Jorge Simas,

que chegou com a cara e coragem, com malas, viagens pra dentro de mim.

Para Rachel e Bernardo, que a vida continua...

Quem da palavra faz a chave Para abrir os corações Amarra tudo feito clave No início das canções “Pela palavra”, Jorge Simas

Depoimentos!

Falar sobre Yn tempo. Mas co ah é uma tarefa simples e difícil ao m mo pode isso? esmo do coração; di Simples, pois as palavras br fícil, porque tu otam do que se escrev Na voz de Yn er ainda é po ah existe um a doçura que uco. professora ún sempre fez de ica, que íamos la uma buscar na sala começar logo dos professo a aula. res para Sua forma de um registro de ensinar e conviver conosc o deixou na amor e de qu gente e aprender o natural. português é uma coisa Pois bem, qu anto ao port quando cheg uguês, lembr amos ao 3° an o como hoje o do ensino que tocado em um médio não ha a gramática víamos sequer e está com o vestib vamos desesp ular. erados E Ynah nos di sse: “Vocês sa bem todas as leram e escrev regras da norm eram muito, a, pois com isso sabe Uma grande m todo o port verdade, com uguês”. vestibulares tranquilidade e trajetória pr tivemos êxito ofissional. nos Ag or a, qu an to ao am or, divisor de ág noss as vi da s pass ar am uas após a su po r um a chegada. Ti ter aprendid vemos o priv o e continua ilégio de r aprendendo a genial prof a crescer e se essora e amig r feliz com a: Ynah.

Barbara Estolano - 47 anos Colégio de Aplicação da UFPE.

e sim foi s o r te ia qu e Yn a h c o m o ir d o ã N ter po iv il é g io se tem u m p r r a . C o m o e s q u e fo i e so p r o fe s á p id o, p a r e c r a m 3 5 r fo p a s s o u a d o e lá s e e r e lh e ss ec a d p a r o g n a a o cê p osso ó rendi v a S p . a s ano o qu e erç d c li tu a e e u u dizer q omo o tijolo q uito M . c m e e fez part o e aprendizag çã ah a forma Professora Yn o obrigad

Alexandre Borges - 47 anos Colégio de Aplicação da UFPE.

Capa | Sumário | 6

É uma missão difícil escrever que domina co algo para algu ém m maestria a ar te das letras serei breve pa ... mas ra que não m e perca em m tantos adjetiv eio à os que aqui po deria declinar M es tr a e am : ig a, co mpree os momento nsiv a em to s sem deixar dos de cobrar de justa e firme forma por nossa at enção e empe po ucos fo ra nho... m os m om en tos pr es en ci que podemos ais em compartilhar , mas serão se presentes em mpre nossas lembr anças. Como que subitam uma flor ente fora cort ada do nosso não mais a te jardim, remos ao alca nce de nossa mas que sem visão, pre estará em nossos coraçõ O br ig ad o, pr es. of es so ra Yn abençoe sem ah , qu e D eu pre... sa

Silvio Neri Reis

iosa... armon t ic a h , e c o rá ira… d a m in h a p ças d gu e r re an For te, m o m e nto s te, as lembr m o en co io s s lm r e a á t u t v n Em ssora a ze m p res e o dolo gia fe o r p t como s se fa ua me u c o m a as aula gulares: s lo g o social, d e su in ia s d s e pr ncia ão referê u a r d a s e m omo interaç go nas c ng pa d e v a ão de língua ardo e pro retudo u ç b g p o e e s c u s n co es to q ; ma u dant dimen a çõ e s enten palavras e co m o s e s t aço de p s a s minha ç ã o inte n s cola é um e s la . su a r e laro que a e a e proativa c iv deixou mação posit r transfo

Adriana Letícia Torres da Rosa, doutora em Linguística pela UFPE e professora do Colégio de Aplicação da UFPE.

a r á , um p re s e s s o r a m e s profe im é, e P a r a m s o b r e e s s a e n te o u . r e la r a f p s la h o n r a e D e us n os , Y n a h , p e u q c r o a v ê e it o p a r t e a ímp o ã f s G r a t i d ade de ter ue no iais q e r a n id c u t e r p o s op s e exerc ar ojeto d e p r r c i o n a r a m volver o olh n o e s p e o d r a p e idade tê - la criativ s por . o g ia d o e m u it a s e il iv crític r e sp S o m o d ia s ! S a ú d ssos o n . em js .. a d e s! B felicid

Taciana Paranhos Capa | Sumário | 7

A pa la vr a q de fi ne vo cê minha m es tr a Ynah é am or e dedicação!

A pr en di a us ar al ém do s liv ro s a m ag ia de pe ns ar ,e compreender com criativid ade e um a im ag in aç ão fo ra do comum.

Gratidão

Ana Paula Pereira dos Santos.

ecer agrad u e r o e n di co m q e j Ho e a p r ofessora r do qu p o r t u a excelente p otivou m sm você;u , sempre no jeito de eu oa e pess endermos. S sforma r an p r a t a e par ico ma r é ún em u ensina d i z a g e m . a s n o e h a a p r cia maravil do n lo lin experiê b é n s p e Para o! b a tr alh

Magda Cassandra C C Miranda a. seria se prof ar quem eu in e ag qu im o o ig … minha vida Eu não cons passado em minha e à ss o ve ad ti cl o es Ynah nã está tão m sou porcionou ar como eu ela nos pro difícil separ a fic e qu amor ao e o a ad el lid a na o perso que dev ria ria, mas sei ximo e a aleg de como se eito ao pró ha sp in re m o , rá to a sempre se conhecimen pre juntos! El esafio intelectual m se r ui tr de cons tos de d na nos momen or que ensi inspiração um educad e qu e d a as para o ez lid rt só ce s ai ha in m em muito , ela finca bases a professora com amor, mais que um ava to is ui ec m i pr e fo o que a gent futuro. Ynah emplo! e irmã, tudo ex ãe eu m m a, a, ig foi am Obrigad momentos! l! em todos os substituíve in e el ív ec qu Você é ines

Rita de Cássia Carvalho Maia

Capa | Sumário | 8

inha vida u muito a m ação marco res, que lic o p A ss e fe d ro o colégi celentes p ex ve Estudar no Ti o. d un visão de m p esso a lha futura. e a minha a ( é) uma minha esco na am ar simp les, er ci jovem, em o, b i Ri influen o fo d d e Ynah m chegada ce re a er A qu es tão a el e a, lembro qu unos. ica. encantador cantava os al to carismát ui m e a it va bem e en para la e fa e, qu o nt muito bon re br taque dife leitura, lem a el p nha o ti , xã Tinha um so to ai p estudei mui u em mim a ações de seleção, tu e Ele desper to st en te ac , o a as , suas regr olégio tinh entrar no C o PORTUGÊS m livros novos e uma a a estudar ci co , ên ra st u si it re le a cert ndo a io incentiva e etc. Ela ve ra Cirinéia e m a Professo do. ica. co m nâ em di b a tr eu d ou bem ar ticula je sou sorte ela se dinâmico e Para minha io tr um epóca, ho o formand vem desta o com Inaldo, pela leitura com o mesm o os nh un te al s ue eu m os ar A paixão q at nto tr e História te a. professor d e recebi del qu to ei sp carinho e re Obrigado!!!!

Wilton Tercio Souza Trindade

Capa | Sumário | 9

Não me sequestre, sou professora!

Vou começar pelo começo. E, aqui desculpem o pleonasmo! Mas é isso mesmo. Quero começar pela pergunta (ou crítica?) que algumas pessoas me fazem vez ou outra ao longo da minha vida quando digo que sou professora feliz. “E professor pode lá ser feliz?” A profissão não é valorizada, o salário é pouco, os alunos desinteressados e até agressivos.

E as famílias então, um total desrespeito, às vezes até atitudes violentas.

E antes de responder, vale a pena voltar algumas décadas para refletir a respeito da autoestima. Lembro bem que, na década de 70, (é meu leitor, sou professora do tempo dos dinossauros!) algumas camisetas ficaram famosas: “Hei de vencer, mesmo sendo professor” ou “Não me sequestre, sou professor”. E, acreditem ou não, os professores tinham orgulho em vestir essas camisas... Ou faziam questão de colar essas mensagens nos para-brisas de seus carros.

Vivíamos ainda o tempo do governo militar, da censura, da repressão. Não podíamos nos organizar em sindicatos porque era proibido. Então, existia o CEP (Centro Estadual de Professores) com uma sede em São João de Meriti, onde ficava a Escola Estadual Caetano Belloni, meu primeiro local de trabalho. Não havia sindicato, mas o CEP liderava movimentos pela dignidade da nossa profissão, inclusive greves e piquetes. E tenho muito orgulho em saber que nunca me omiti diante dessas injustiças cometidas contra a nossa profissão.

Que professores usassem as tais camisas na década de 70, eu entendo. Talvez significasse, para eles, uma bandeira de luta pela melhoria salarial. Entretanto, essa estima baixa não ficou limitada

àquele período. Por diversas vezes, em muitos encontros de formação continuada de professores, pude conferir a revolta e o discurso inflamado de colegas contrários a tudo: profissão, governo, alunos e famílias que não respeitam mais a autoridade do professor. Tanta infelicidade que me faz pensar no sofrimento que esses profissionais terão de aguentar até chegar à época de se aposentar... Aliás, esse é o desejo declarado de muitos colegas: a aposentadoria. Tem gente que conta anos, meses, semanas e dias... Para ficar à toa, para não ter mais que corrigir provas, aturar alunos, familiares, coordenadores. Liberdade para não ser mais professor ou professora, como se nossa profissão fosse, para alguns, uma prisão perpétua.

Por várias vezes, quando digo que estou aposentada, a reação é imediata: você é feliz! Entretanto, quando digo que sempre fui feliz e que continuo trabalhando, as pessoas dizem que eu não devo ter juízo.

Tantas vezes vivi isso. Em momentos em que precisava preencher algum documento com a profissão. Ao declarar “professora”, lá vinha o comentário: “sofredora!”. Outra vez, em um aeroporto, enquanto aguardava meu voo, ouvia a conversa de dois jovens. Um deles perguntava ao outro se ele já havia decidido para que faculdade faria vestibular. Quando o amigo respondeu que iria fazer Letras, o outro acrescentou: “vais morrer de fome!”.

Entretanto, o episódio que mais me marcou foi o que aconteceu em Porto de Galinhas em uma jangada que nos levava, eu e meu marido, para as piscinas naturais. Nela estavam, também, duas senhoras. Uma delas nos perguntou se éramos turistas; respondemos que, a bem da verdade, não éramos, porque morávamos em Recife. A pergunta seguinte da senhora foi: qual a profissão de vocês? Diante da resposta “somos professores”, a reação foi imediata: “coitados, sofredores!”.

E, quando expliquei que não era bem assim, que éramos felizes na profissão, ela acrescentou: “eu sei que sofrem porque EU sou professora!”

Então, quatro décadas depois das camisetas “não me sequestre, sou professor”, ainda é tempo de afirmar com convicção: sou professora

e sou feliz. E bem-sucedida, graças a Deus. Não tenho conta em banco de paraíso fiscal, nem avião, nem dinheiro sobrando. (Também não fico preocupada de a Polícia Federal vai chegar com um mandato de busca e apreensão na minha casa!) Vivo com dignidade e durmo o sono dos justos. Continuo acreditando que o senso crítico – tão fundamental para mudar os rumos de qualquer nação – só se constrói mediante a intervenção de professores competentes. Por isso tenho orgulho em continuar a ser professora. E feliz!

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - ANTES QUE A CAMPAINHA TOQUE E A AULA COMECE...

CURSO ALMEIDA MELLO............................................. 17 UMA FOTO, UMA LEMBRANÇA VIVIDA..................... 21 A GUERRILHEIRA DO GIZ ESCOLAR........................... 22 MICHAEL JACKSON E EU.............................................. 27

CAPÍTULO 2 - A AULA COMEÇA ALÉM, MUITO ALÉM DO CARMELA DUTRA............... 31 A PROFESSORA INVENTADORA DE MODA...

(MARÇO DE 2004)......................................................... 34 ROBERTO CARLOS QUASE ATRAPALHOU MINHA CARREIRA COMO PROFESSORA................................. 36 ENTRE FRALDAS, MAMADEIRA E CONCURSO PÚBLICO................................................ 40 O ALUNO DESARRUMADO .......................................... 43 E OS ALUNOS GOSTAM DE LER E ESCREVER................. 47 EDUARDO COSTA.......................................................... 62 RITA MARI...................................................................... 63 TACIANA PARANHOS.................................................... 64 HUMBERTO ANDRADE.................................................. 65 Aline Gusmão ................................................................ 65

GISELE SENA.................................................................. 66 SONIA SENA................................................................... 66 PRÁTICA DE ENSINO: MORTE E VIDA DO ESTAGIÁRIO................................... 74 PROPOSTA POLÍTICA E ENSINO DE LEITURA.............. 76 LITERATURA INFANTIL E PODER.................................. 79 REFLEXÕES SOBRE O ATO DE ESCREVER / SER........... 82 AVALIAÇÃO: SALVE-SE QUEM QUISER (PUDER) MUDAR.......................................................................... 84 COMPREENSÃO DE TEXTOS: O REAL E O IMAGINÁRIO.................................................................. 88

CAPÍTULO 3 - E A PROFESSORA DE PORTUGUÊS CONHECEU O COMPUTADOR OS COMPUTADORES CHEGARAM. E AGORA, PROFESSOR?................................................................. 96 A ESCOLA MORREU! .................................................. 100 VIVA A INTERNET!....................................................... 100 ESCRITA ESCOLAR COM PROCESSADOR DE TEXTOS: LIMITES DE POSSIBILIDADES DE UM EXPERIMENTO............................................................ 103 PRODUÇÃO DE AULAS DIGITAIS DE LÍNGUA PORTUGUESA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS........ 126 PROJETO FINEP - ERROS E ACERTOS DE UMA ESTAGIÁRIA................................................................. 134

CAPÍTULO 4 - ESTA AULA ACABOU. E AGORA? POUSADA, CARTEIRA DE ESTUDANTE E BANDEJÃO ............................................................... 145 NA UNICAMP............................................................... 145 EU ME MOVIMENTO, E VOCÊ?................................... 147 DE ÔNIBUS NOVAMENTE........................................... 153 TUDO FLUI.................................................................. 160 É CAMINHANDO QUE SE FAZ O CAMINHO: TEMPO DE PLANTAR E TEMPO DE COLHER.......................... 162 A PROFESSORA “VIROU” VOVÓ DO BERNARDO... 165 BIBLIOGRAFIA............................................................. 171